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PRESIDENTE DO IBEJI POR DIEGO GOMES

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Academic year: 2021

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ENTREVISTA

PRESIDENTE DO IBEJI

M

uito se fala da

ne-cessidade de o Brasil criar um ambiente de segu-rança jurídica que garanta o cumprimento da integralidade dos contratos de prestação de serviços públicos e permita atrair capital privado de qua-lidade. No âmbito das obras e dos projetos de infraestrutura, tal dispositivo é indispensável para a correta execução daquilo que foi acordado e para garantir o retorno desejado tanto para a sociedade quanto para os in-vestidores. Sob essa premissa, a CNT Transporte Atual

conver-mês de junho, e estabelece dire-trizes gerais para prorrogação e relicitação de contratos de con-cessão nos setores rodoviário, ferroviário e aeroportuário.

De acordo com Valim, a falta de clareza no marco regulató-projetos aquém do desejado pelas empresas têm repelido os investidores. Além disso, considera imperativo melhorar a capacidade de planejamento estatal, ou seja, é indispensável investir mais na estruturação dos projetos de infraestrutura.

Ricardo Valim preside o conselho consultivo do IBDEE

dos principais problemas nas contratações públicas brasileiras”

POR DIEGO GOMES

sou com o presidente do Ibeji (Instituto Brasileiro de Estudos Jurídicos da Infraestrutura), Ra-fael Valim. Na visão dele, não há alternativa para reduzir os gar-galos de infraestrutura e atrair investimento privado senão con-solidar um arcabouço regulató-mantém uma lamentável cultura de desrespeito aos contratos ce-lebrados com particulares, o que encarece os projetos e prejudica, por consequência, todas as em-presas que pagam a ele elevados tributos”, adverte.

Valim, que também é profes-sor de direito administrativo da

PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), pondera que a atual crise política e eco-nômica compromete os negócios, especialmente para os projetos de infraestrutura, que requerem alto grau de segurança jurídica. “Nas crises, não se consegue pen-sar em longo prazo, as emergên-cias tomam conta da agenda.”

O professor faz críticas à re-cém-sancionada MP das Conces-sões, que, segundo ele, não pro-verá o almejado ambiente regu-latório favorável tanto aos novos contratos de concessões quanto aos já assinados. A medida pro-visória foi convertida em lei, no

RAFAEL VALIM

Segurança

jurídica é

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do indivíduo, fundada em normas jurídicas, sobre as consequências dos seus atos bem como sobre os comportamentos que pode espe-rar e pretender dos demais. É um pressuposto fundamental para a vida em sociedade. Podemos dizer que o Direito é, em última análise, um projeto para oferecer segurança às pessoas.

Por que se fala tanto, atualmen-te, no Brasil, em segurança jurí-dica? O país tem uma cultura de não respeitar seus contratos?

Hoje se fala muito em segu-rança jurídica porque, na práti-ca, ela nos falta. A conjuntura

brasileira atual é a antítese da segurança jurídica. Em maté-ria de infraestrutura, o Estado mantém uma lamentável cultura de desrespeito aos contratos celebrados com particulares, o que encarece os projetos e pre-judica, por consequência, todas as empresas que pagam eleva-dos tributos.

Sem segurança jurídica, não há investimento privado? Quais são os principais meca-nismos para assegurá-la? Os projetos básicos e executivos ainda estão entre os

princi-pais problemas encontrados nos contratos públicos?

A segurança jurídica é uma condição fundamental para o investimento privado. É previs-to respeitar o binômio previsi-bilidade e estaprevisi-bilidade. Ou seja, deve haver certeza quanto à solução que será adotada em determinado caso, de modo que as pessoas possam plane-jar suas ações, mas também é imprescindível que as ações do Estado sejam dotadas de -ciências nos projetos básicos e executivos constituem um dos principais problemas nas

con-“O Estado gasta

pouco tempo com

planejamento e

isso redunda em

contratações

malfeitas, que

geram desperdício

de recursos

públicos”

(Instituto Brasileiro de Direi-to e Ética Empresarial) e é integrante do IBDA (Instituto Brasileiro de Direito Adminis-trativo). Também é diretor--executivo da Red Iberoameri-cana de Contratación Pública (Espanha) e dirige a Revista Brasileira de Infraestrutura, publicada pela Editora Fórum.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Poderia conceituar, didatica-mente, o que é segurança jurídica?

Parece-me que segurança

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tratações públicas brasileiras. O Estado gasta pouco tempo com planejamento e isso re-dunda em contratações malfei-tas, que geram desperdício de recursos públicos, sobrepreço das obras e muitos aditamen-tos. Agora, com a contratação integrada, mecanismo previs-to no Regime Diferenciado de Contratações, vemos o reco-nhecimento da incapacidade do Estado de planejar.

O que deve ser feito para tor-nar os projetos de concessão e PPPs (parcerias público-pri-vadas) mais atrativos para os investidores privados?

Além de, obviamente,

recu-brasileiro, em todos os níveis da Federação, penso que é fun-damental melhorar a capacida-de capacida-de planejamento estatal, ou seja, é indispensável investir mais na estruturação dos pro-jetos de infraestrutura. De que maneira a crise polí-tica no Brasil compromete o ambiente de negócios?

A atual crise política é avas-saladora para os negócios, es-pecialmente para os negócios de infraestrutura, os quais re-querem alto grau de segurança jurídica. Nas crises não se con-segue pensar em longo prazo, as emergências tomam conta da

agenda. Nesse contexto, há um quadro de paralisia decisória e, quando se decide, geralmente é de maneira açodada, sem a

Em regra, contratos de in-fraestrutura são de longo

-culados a projetos políticos. Diante disso, é possível inves-tir em um ambiente incerto como o que vivemos no país atualmente?

Como eu disse anteriormen-te, o atual ambiente político é absolutamente incompatível com o desenvolvimento de projetos de infraestrutura. O povo brasileiro,

lamentavel-Estruturar melhor os projetos e investir em planejamento são medidas fundamentais para adequar a infraestrutura de transporte mente, será, mais uma vez, o grande prejudicado. Como avalia o intrincado

-sileiro, marcado por inú-meros órgãos de controle, tribunais de contas e insti-tuições públicas?

Vemos diferentes atores contratos, cada um deles com uma interpretação diferente da regra do jogo. Cada um vai ter uma interpretação distinta das leis. Precisamos buscar mais -tema de controle, cujo correto funcionamento é decisivo para a manutenção do nosso Estado

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Social de Direito. É praticamente impossível tocar um projeto de infraestrutura no Brasil sem ter alguma complicação com um desses órgãos.

Qual é a sua avaliação da MP das concessões? Pelo que está proposto, ela contribui para garantir mais segurança jurídica aos contratos de con-cessões?

Segundo me parece, a MP das concessões, agora con-vertida na Lei nº 13.448/2017, além de apresentar redação sofrível, não assegurará a al-mejada segurança jurídica dos contratos de concessão. Tra-ta-se de uma tentativa

conjun-Na sua avaliação, as soluções regulatórias embutidas na MP das concessões resolvem os principais entraves das rodo-vias já licitadas?

A simples “relicitação” dos projetos não resolverá os pro-blemas existentes no setor. Além disso, a proibição de

par-ticipação dos concessionários nas novas licitações e a

inde -ções emergentes do encerra-mento desses vínculos gerarão muitos questionamentos, o que se traduz, mais uma vez, em insegurança jurídica.

Para as próximas rodadas de concessões de infraestru-tura os investidores terão mais garantias de segurança e retorno?

Embora possa parecer pessimista, julgo que essas sucessivas e pontuais altera-ções na legislação relativas à infraestrutura, a título de oferecer segurança jurídica, agudizam o nosso quadro de insegurança. Se a isso soma-mos as graves crises política e econômica por que passa-mos, é pouco provável que as novas rodadas de concessões ofereçam mais garantias de segurança e retorno.

“A proibição de

participação dos

concessionários

nas novas licitações

gerará muitos

questionamentos,

em insegurança

jurídica”

ARQUIVO CNT CONCESSÕES O curso Especialização em Gestão de Negócios, uma ini-ciativa da CNT e do ITL, ofe-recido pelo SEST SENAT e mi-nistrado pela Fundação Dom Cabral, incluiu em sua grade curricular a disciplina Conces-sões e parcerias público-pri-vadas no setor de transporte. O objetivo é contribuir pa-ra que os gestores do tpa-rans-

trans-porte possam compreender de forma ampla o importante papel que a iniciativa privada pode desempenhar no desen-volvimento da infraestrutura do Brasil, se tornando o ator principal na construção de obras e na oferta de serviços que facilitem o escoamento da produção dos mais diver-sos setores da economia.

A disciplina aborda temas como a gestão de bens e serviços públicos e sua dele-gação ao setor privado; mar-cos regulatórios no Brasil; modelagem de concessões comuns e PPPs (parcerias público-privadas). Veja mais sobre o curso Especialização em Gestão de Negócios na página 60.

tural, apressada, sem visão de conjunto, para um problema extremamente complexo.

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