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A visibilidade da experiência transgênero: resistência e/ou espetacularização do exótico?

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Academic year: 2021

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Florianópolis, de 25 a 28 de agosto de 2008

A visibilidade da experiência transgênero: resistência e/ou espetacularização do “exótico”? Juliana Frota da Justa Coelho (UFC)

Gênero, sexualidade, corpo

ST 61- Sexualidades, corporalidade e transgêneros: narrativas fora de ordem.

1. Visibilidades em trânsito...

Atire a primeira pedra quem nunca riu do exagero de uma drag, tão engraçada com aqueles seios imensos, obviamente não naturais. Quem nunca ficou perplexo ao dar-se conta de que confundiu uma travesti ou um transformista com uma mulher, nem que fosse apenas por alguns minutos? Os transgêneros, termo polêmico, mas de certa forma ainda utilizado para se referir aqueles (as) que não se encaixam no padrão heterocentrado, costumam pôr os mais desavisados em situações constrangedoras, pois suas performances de gênero dificilmente resultam “digeríveis” para a etiqueta heteronormativa.

Ao referirem-se aos meios necessários para transformar seus corpos, travestis, transexuais, transformistas e drag queens utilizam o verbo/ação “montar” (JAYME, 2001). A maneira de “montar-se” abrange diversas configurações possíveis que levam em conta não apenas seu aspecto cronológico, mas também aspectos políticos e estéticos que fazem parte de culturas específicas que possuem seus valores e normas singulares. Tendo em vista que as culturas são múltiplas e estão constantemente se reconfigurando, faz-se necessário discutir e historicizar a visibilidade trans

1, com o intuito de desconstruir abordagens universalistas e naturalizantes que facilmente

desembocam em enfoques patológicos (JUSTA, 2006).

Por ora, para iniciarmos a discussão sobre as visibilidades, voltemos no tempo, em alguns séculos, na História do Brasil. Refutando a idéias de que o segmento trans é um fenômeno social recente, Santos (1997) nos diz que é possível encontrar referência a “representações teatrais” de travestis desde o período colonial. O “travestismo”, no entanto, era tolerado apenas nesses contextos, sendo rechaçado e alvo de sanções no cotidiano da esfera pública brasileira. Já no século XIX, no contexto do Brasil República, observa-se uma intervenção maior, por parte dos governantes, na forma considerada correta de se portar nas vias públicas. No referido século, a distinção entre o vestuário masculino e o feminino acentuou-se. Os “modos de homem” e “modas de mulher” foram cristalizados

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através de normas e padrões de vestimentas para cada um dos sexos, relegando a “inversão do vestuário” para o plano do desvio moral.

Na medida em que esses costumes eram implementados, cada vez com mais rigor, aumentava a repressão policial aos “travestidos”. Há que se considerar que, nessa época, não só o Brasil como outros países do mundo, sofriam a influência de países europeus, de seu modo de vida “burguês” e de sua ciência “moderna”. Este estilo de vida pressupunha maneiras mais discretas e higiênicas, inclusive no vestir, qualidades consideradas essenciais para a civilidade. Portanto, as transformações decorrentes do triunfo do capitalismo, da ascensão da burguesia e dos ideais individualistas-democráticos, além de estabelecerem uma polarização entre o público e o privado, redefiniram a “moral” e os “bons costumes” e, conseqüentemente, os trajes cotidianos. Esta “nova ordem” englobaria “a gestão das aparências (sexuada), a normatização do corpo (através da roupa ou da ornamentação corporal e da cosmética de uma forma geral) e a regulação de sua visibilidade (nos espaços público e privado)” (SANTOS, op. cit., p.146).

O final do século XIX, portanto, assinala um novo esforço para redefinir a norma sexual. Essa redefinição, no entanto, estava intrinsecamente ligada à definição do que constitui a anormalidade. Weeks (in: LOURO, 2001) relata que a tentativa de redefinir mais rigorosamente as características do “pervertido” (termos descritivos tais como “sado-masoquismo” e “travestismo” emergiram ao lado de termos como “homossexualismo” e “heterossexualidade” no final do referido século) foi um elemento importante do que chama de “institucionalização da heterossexualidade” (p.63) nos séculos XIX e XX. Um significativo marco desse novo olhar para os comportamentos sexuais foi a criação de uma disciplina específica, a Sexologia, que tinha como base o conhecimento psicológico, biológico, antropológico, bem como os saberes da história e da sociologia.

Esta nova e significativa disciplina, segundo relata Weeks (op. cit) tomou para si duas tarefas principais no final do século XIX: (1) tentar definir as características básicas do que constitui a masculinidade e a feminilidade normais, vistas como características biológicas distintas entre os homens e as mulheres; (2) catalogar a infinita variedade de práticas sexuais, produzindo uma hierarquia na qual o normal e o anormal poderiam ser distinguidos. Para a maioria dos sexólogos pioneiros, como Krafft-Ebing e Havelock Ellis, estes dois empreendimentos estavam diretamente ligados: a escolha do objeto heterossexual estava estreitamente ligada ao intercurso genital: “outras atividades sexuais ou eram aceitas como prazeres preliminares ou eram consideradas como aberração” (WEEKS in: LOURO, 2001, p.63). Nada mais escapava de um crivo científico que apartava o moralmente aceitável do inaceitável.

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2. Seres “exóticos”: humanos ou inumanos?

As pessoas que não se enquadram nos padrões de normalidade de sexo e gênero, ou seja, na chamada matriz heteronormativa, não conseguem emergir como seres culturalmente inteligíveis. Elas emergiriam como seres abjetos, cuja humanidade é questionada e cuja existência estaria circunscrita às zonas de inabitabilidade humana. Os seres abjetos, longe de serem descartáveis, são essenciais para circunscrever o domínio do humano, constituindo-se no que a autora chama de “exterior constitutivo” da delimitação do que é normal e viável (BUTLER, 2001).

Ao discorrer sobre o conceito de monstro, que de certa forma possui características semelhantes ao conceito de seres abjetos de Butler, Leite Júnior (s/d) e Bogdan (1994) afirmam que este sempre é dependente do período histórico e da cultura que o formula. Cada cultura criaria, alimentaria e sustentaria seus monstros, seja com medo ou deslumbramento, mas sempre lhes dando a devida atenção. O monstro fascina e aterroriza por simbolizar aquilo que estaria fora das normas conhecidas sendo, portanto, perigo iminente capaz de desestabilizar “certezas” construídas como naturais e universais.

Desde a antiguidade até pelo menos o século XVI, os monstros ocidentais também eram classificados entre as “maravilhas” ou “prodígios” do mundo e podiam evocar tanto o medo quanto a risada através de suas formas exageradas, assustadoras ou ridículas. O monstro podia ser considerado a imagem encarnada de um poder sempre além do entendimento dos homens. E como algo que “mostra” ou “revela”, o monstro se identificava pelo corpo. Portanto, era na estrutura física que se apresentava a distinção entre “homens” e “monstros”, não no caráter destes.

Já na Idade Média, o conceito de monstro é associado ao do demônio, passando a ser entendido como a encarnação de algo essencialmente destrutivo, ligando-se impreterivelmente ao maligno, mas mantendo ainda na corporeidade a medida de sua classificação como “monstruosidade”. A estranheza do fantástico, portanto, é substituída pelo temor do maligno. Quanto mais esse período chega ao fim, maior é a associação entre o mal e o monstro. Dessa forma, tanto figuras míticas quanto pessoas com corpos distintos, consideradas “deformadas” ou “aleijadas” comungam da idéia de “monstro”, “maravilha” e, cada vez mais, de “periculosidade maligna”.

Na Europa, durante o Renascimento, mas principalmente no século XIX, na América do Norte, as “apresentações de estranhezas humanas” causam grande comoção e curiosidade nos locais por onde passam. Com o sucesso causado por esses “fenômenos”, surge toda uma cultura de espetacularização do exótico e do anormal como um negócio extremamente lucrativo, que está na raiz da nascente cultura de massas. Nascem assim os freak shows, espetáculos em que são apresentados para apreciação pública

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todo o tipo de “coisa estranha, esquisita ou bizarra” (LEITE JÚNIOR, s/d). O grande sucesso desses eventos se deve às chamadas “anomalias” e “deformidades” humanas. Os mais variados e distintos físicos expõem-se à admiração como verdadeiros monstros e prodígios da natureza, e com isso ganham a vida, fazem carreira e alguns poucos até acumulam fortunas.

Aos poucos, as ditas “aberrações” orgânicas vão decrescendo em seus graus de relevância, motivadas principalmente pelo discurso científico do século XIX, que as compreende como doentes que devem ser tratados e não exibidos como mercadorias exóticas, dando lugar aos “problemas de personalidade”. As deformidades que passam a impressionar o público agora vêm da “mente desviante”: são os assassinos psicopatas, os masoquistas, os maníacos, e toda a enorme variedade de “estranhezas psíquicas”.

Os “monstros”, nesse mesmo século, tornaram-se público alvo de uma ciência recém-criada, a Teratologia2, que apregoa que os antigos monstros ou os atuais freaks não passam de erros da natureza frente a uma norma sadia. Contemporaneamente, a Psicologia e a Psiquiatria “tratam” seus “degenerados” e “anormais”, enquanto a criminologia estigmatiza a aparência do criminoso e da prostituta “natos”. Da mesma forma, no campo dos estudos sobre sexualidade, aparecem os conceitos de “perversões” ou “perversidades” sexuais, encarnados pelos recém criados freaks sexuais: a lésbica, o homossexual, o masoquista, a ninfomaníaca, o sádico, o zoófilo.

Durante a segunda metade do século XX e início do XXI, é possível observar que as lutas do movimento feminista contribuíram para uma nova significação de termos como “mulher” e “feminino”, diminuindo consideravelmente a concepção patológica que a elas cabia no século XIX. No entanto, a antiga “monstruosidade” feminina parece estar contemporaneamente encarnada nas pessoas pertencentes ao segmento trans, “que assustam e incomodam as bases conceituais sobre o que é ser homem e/ ou mulher, gerando desde a patologização científica à agressão social cotidiana e rotineira que muitas dessas pessoas vivem” (LEITE JÚNIOR, s/d). No entanto, antes de passarmos ao próximo tópico, é válido questionar: seria a visibilidade trans restrita ao enquadre do monstruoso e do aberrante? Que tipos de práticas têm sido feitas para a construção de uma visibilidade outra?

3. Resistências e ressemantizações: em busca de visibilidades outras.

A regulação da visibilidade das pessoas nos espaços, longe de ser algo estático, transforma-se segundo as contingências histórico-culturais. Por volta da segunda metade do século XX, segundo Silva (1993), os espetáculos envolvendo travestis já eram consagrados, porém convém novamente ressaltar que essa consagração não ultrapassava a fronteira das casas de shows. A partir da década de

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80, com o advento da redemocratização do país e da disseminação da epidemia do HIV/AIDS, é possível observar esforços direcionados à organização de movimentos sociais das ditas “minorias sexuais” (gays, lésbicas, travestis e transexuais) tanto no âmbito das ONG’s quanto das OG’s, por outras formas de visibilidade que não a do desvio e a da abjeção. É importante lembrar que a explosão e publicização da AIDS também surgiram nessa década, contribuindo para a construção de um olhar ambíguo. Esta epidemia possibilitou uma maior visibilidade dos que não seguiam os padrões de uma sexualidade “hetero” exatamente por considerá-los como os culpados pela sua disseminação pelo mundo. Os gays, travestis e outros “marginais” tornaram-se bodes expiatórios, monstros, provas cabais de que suas condutas aberrantes não poderiam escapar de uma espécie de castigo divino.

Estudos, principalmente na década de 80, apontavam as práticas homossexuais como principais propagadoras do vírus pelo mundo, fato que enquadrou, prioritariamente, gays, lésbicas e pessoas com condutas não heterossexuais como “grupos de risco” para a aquisição da referida doença. Weeks (in: LOURO, 2001) diz que a AIDS “tornou-se mais do que um conjunto de doenças: ela se tornou uma poderosa metáfora para nossa cultura sexual” (p.37). A metáfora, portanto, veicula a mensagem de que os efeitos de uma luta pela diversidade sexual são perversos e uma imagem do destino traçado que espera aqueles que ousam transgredir a norma: “os olhos afundados, os corpos macilentos, a coragem aparentemente arruinada das pessoas com AIDS” (WEEKS, op. cit, p.37).

Contemporaneamente ao enquadramento em grupos de risco que tentavam delimitar aquelas pessoas mais “suscetíveis” à propagação dessa doença, nota-se a inserção dessas pessoas em organizações que as representam e que atuam na prevenção do HIV/AIDS e na garantia e promoção de direitos. No contexto fortalezense, em 1989 foi criada a primeira ONG de promoção e defesa dos direitos de pessoas que sofrem discriminação por conta de sua orientação sexual, o Grupo de Resistência Asa Branca (GRAB). Em 2001, a Associação de Travestis do Ceará (ATRAC), primeira ONG do Estado a voltar-se para este público específico, abriu suas portas. Apesar dos esforços empreendidos por esse movimento social, creio ser possível considerar que ainda há um grande desconhecimento e confusão em relação ao segmento “trans”.

Não há como negar que esforços estão sendo feitos, principalmente na esfera do movimento social organizado, em direção a uma visibilidade outra. No entanto, seria ingenuidade considerar que esse percurso não encontra dificuldades com outras esferas da sociedade e mesmo dentro de seu próprio escopo. Enquanto alguns comemoram o fato de o segmento trans começar a ser contemplado (principalmente nesse século) com políticas e programas do governo nos âmbitos Federal, Estadual e Municipal, outras lamentam o fato de as verbas, em sua grande maioria, serem destinadas à área da Saúde, focando em campanhas de prevenção de DST/AIDS. Essa ênfase no controle social e

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sexual acabaria por ratificar a imagem que o próprio movimento social LGBTT tenta desconstruir: a de que são pessoas que possuem uma sexualidade desregrada, resumindo-se a esse fato e deixando de lado aspectos tão importantes como acesso a emprego, lazer e educação.

Portanto, não é possível falar de visibilidade, mas sim de visibilidades. Pudemos notar, no decorrer deste artigo, que concepções de séculos atrás não podem ser consideradas obsoletas, pois ainda convivem com as mais “recentes”. Prever que rumo irão tomar é tarefa das mais difíceis, quiçá impossível, já que não há um apenas um único discurso sobre a visibilidade do segmento trans, mas sim diversas interpretações polifônicas que cotidianamente ratificam, destroem e/ou reconstroem as subseqüentes.

Referências Bibliográficas

BOGDAN, Robert. Lê commerce des monstres. Acte de la Recherche em Sciences Sociales, n°104, pp.34-46, 1984.

BUTLER, Judith. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do sexo. In: LOURO, Guacira Lopes (org). O corpo Educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2001. p. 151-172.

JAYME, Juliana Gonzaga. Travestis, Transformistas, Transexuais e Drag –Queens: personagens e máscaras no cotidiano de Belo Horizonte e Lisboa. 2001. 270 p. Tese (Doutorado) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, 2001.

JUSTA, Juliana Frota da. “‘Justo quando a lagarta achava que o mundo tinha acabado, ela virou uma

borboleta’: uma compreensão fenomenológica da travestilidade, a partir de narrativas”. 2006. 108p.

Monografia de conclusão do Curso de Psicologia, Universidade Federal do Ceará, 2006.

LEITE JÚNIOR, Jorge. O que é um monstro? Com Ciência: revista eletrônica de jornalismo científico. Disponível em http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=29&id=340. acesso em 12/04/08.

SANTOS, Jocélio Teles dos. “Incorrigíveis, afeminados, desenfreiados”: indumentária e travestismo na Bahia do século XIX. Revista de Antropologia, São Paulo, USP, v.40, nº 2, p. 145-182, 1997.

SILVA Hélio R. S. Travesti: a invenção do feminino. Rio de Janeiro: Editora Relume-Dumará: ISER, 1993.

WEEKS, Jeffrey. O Corpo e a Sexualidade. In: LOURO, Guacira Lopes (org). O Corpo Educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2001. p. 35-82.

1 Daqui por diante opto por englobar travestis, transformistas, drag queens e transexuais na categoria “trans” por ser a

forma de referenciá-las mais aceita consensualmente. Também levo em conta a polêmica do conceito transgênero, que inicialmente tinha essa função no final dos anos 90 e começo desse século. No entanto, travestis e transexuais não se sentiam contempladas em fazer parte do segmento transgênero exigindo, através do movimento social que as representa, que fossem retiradas de seu escopo. Transgênero passaria a englobar apenas transformistas, drag queens e cross dressers. Atualmente, o movimento social utiliza a sigla LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). O terceiro T, referente a transgênero, foi surpimido.

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