EDUCAÇÃO INFANTIL
5 ANOS
Direção-geral Caio Lo Bianco Gerência pedagógica Joana London Direção editorial Rachel Nogueira Gerência editorial Elvira Cardoso Gerência de criação Erika Scheiner Coordenação pedagógica Renata Ishida Supervisão editorial Andressa Fontes Supervisão de criação Felipe Grisolia Design TUUT Iconografia
Mariana Baptista e Tatiana Siqueira Diagramação
Felipe Cabral, Paula Samico e Rafael Abreu Revisão
Caíque Pereira, Karen Bandeira, Luciana Cafasso e Thayane Vieira Autoria
Bianca Pinnola, Caio Lo Bianco e Joana London Colaboradores
Cristiane Forny, Isabella Sá, Lais Fontenelle, Paula Salaverry e Raul Spitz ISBN
Infantil 5 Anos
MATERIAL DA FAMÍLIA
Direção-geral Caio Lo Bianco Gerência pedagógica Joana London Direção editorial Rachel Nogueira Gerência editorial Elvira Cardoso Gerência de criação Erika Scheiner Coordenação pedagógica Renata Ishida Supervisão editorial Andressa Fontes Supervisão de criação Felipe Grisolia Design TUUT Iconografia
Mariana Baptista e Tatiana Siqueira Diagramação
Felipe Cabral, Paula Samico e Rafael Abreu Revisão
Caíque Pereira, Karen Bandeira, Luciana Cafasso e Thayane Vieira Autoria
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Índice
4
Apresentação
6
O LIV
14
Tecnologia: aliada ou vilã
da educação contemporânea?
22
A importância do brincar
28
A importância do limite no
desenvolvimento das crianças
Educar uma criança não é tarefa simples. Os pequenos chegam sem manual de instruções, e, à medida que crescem, apresentam novas demandas, convidando os adultos a se rein- -ventarem. Esse encontro com um ser novo, único
e potente pode ser desafiador e, por vezes, cansativo. No entanto, também é repleto de encantos e delicadezas. Procure olhar, despido de conceitos predeterminados, para o que aqueles dedos miúdos apontam e, talvez, você descubra algo fascinante e admirável nas coisas mais simples e cotidianas. Sim, toda fase tem suas adversidades e suas maravilhas. E, pela frente, ainda existe uma longa estrada a ser percorrida.
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Neste material, não propomos apresentar um caminho perfeito ou um roteiro mágico de como cuidar dos mais novos. Apresentaremos alguns temas que consideramos relevantes para a reflexão acerca da fase de vida atual dos seus filhos. Os textos aqui publicados foram escritos exclusivamente para este material. Então, desfrutem, examinem, façam suas anotações e, principalmente, entendam que vocês não estão sozinhos nessa aventura.
O programa LIV – Laboratório Inteligência de Vida – é completo, da Educação Infantil até o Ensino Médio. Nesta primeira fase, a linguagem escolhida para nos comunicarmos com os estudantes foi pensada de forma muito cuidadosa para conseguirmos
encantá-los, tanto com relação às ferramentas usadas (fantoche, história, músicas e jogos) quanto com relação aos temas que serão abordados. Isso porque sabemos que essas escolhas farão com que as crianças se envolvam e se engajem no projeto, nas discussões e nas reflexões propostas.
Sabemos que o mundo está muito preocupado com as habilidades cognitivas. Viemos mostrar também a importância das habilidades socioemocionais, que, inclusive, complementam as cognitivas. Essas
habilidades se desdobram em atitudes, valores e comportamentos que podem ser aprendidos e
experimentados na relação com o outro e com o espaço, seja na escola, na cidade ou na família. A partir do desenvolvimento delas, o ser humano se encontra mais preparado para enfrentar os desafios da vida, por meio do seu olhar empático e do autoconhecimento.
A importância de saber lidar com as emoções está cada vez mais evidente, pois, a cada dia, nos relacionamos mais com pessoas diferentes de nós. Isso torna ainda mais imprescindível
É fundamental explicitar que o nosso programa não tem como objetivo definir sentimentos bons ou ruins, pois, definitivamente, não acreditamos nisso. Tudo o que sentimos é necessário para nos formarmos como indivíduos. Se for necessário classificar os sentimentos, preferimos usar conceitos como agradáveis e desagradáveis. Além disso, não temos o intuito de evitar
nenhuma emoção nas crianças, pois achamos importante que elas vivenciem os seus sentimentos; o nosso propósito é ajudá-las a aprenderem a lidar com o que sentem.
Como trabalhamos tudo isso com crianças tão pequenas?
Sempre da forma mais lúdica. Cada material nosso foi pensado com base na idade para a qual seria desenvolvido. Na Educação Infantil, ajudaremos as crianças a nomearem e a reconhecerem as emoções. Utilizaremos como material didático o livro Mel e o Livro Dourado, da autora Mirna Brasil Portella e do ilustrador Laurent Cardon. Nessa história, dez filhotes vão estudar na Casa Amarela e, lá, ficam por um ano, sem seus pais, vivendo grandes aventuras. Mas, nesse ambiente, existem dois adultos que cumprem as funções materna e paterna.
A personagem principal desse livro, a Mel, vai se transformar em um fantoche que dará voz a essa história e à conversa com as crianças. Além das histórias, também contaremos com as músicas, compostas pela Maíra Martins, e com as atividades lúdicas. Para ouvir as músicas do nosso projeto, acesse: goo.gl/j34JZd. Na Educação Infantil, serão trabalhadas as emoções básicas propostas pelo psicólogo americano Paul Ekman: alegria, tristeza, raiva, medo e nojo. Optamos por não dar ao nojo a mesma ênfase que daremos às outras emoções e, também, por acrescentar a essa lista o amor, pois, inspirados em estudos da psicanálise, principalmente no autor Donald W. Winnicott, acreditamos que, em uma relação saudável, a primeira emoção com a qual temos contato é o amor materno, que, especialmente nessa idade, está em evidência.
O livro é a base, presente durante todo o ano, mas as leituras são intercaladas com discussões sobre a história, as músicas e os jogos lúdicos, sempre com o fantoche sendo o interlocutor entre as crianças e o professor, ajudando a envolvê-las no projeto. Nesse livro, as emoções não aparecem sozinhas. Em todos os capítulos, mais de uma emoção é marcada na história, também para mostrar que, às vezes, as pessoas podem ter sentimentos diferentes diante de uma mesma situação.
Esse será o material apresentado em sala de aula. Em paralelo, o trabalho continuará em casa, não apenas com a curiosidade e o envolvimento familiar, mas também com o uso de um material específico da família – o álbum de figurinhas –, que, ao longo
do ano, unirá os conceitos assimilados em ambos os ambientes no processo de autoconhecimento.
Os alunos também receberão o próprio material, que consistirá em dedoches do Lupe e da Mel, com o qual poderão criar diversas narrativas, conectando suas vivências com o que foi adquirido em sala de aula.
Esperamos que a nova disciplina seja estimulante tanto para os alunos quanto para os professores e para as famílias. Temos a grande oportunidade de orientar e ajudar essas crianças tão pequenas – e, mesmo assim, tão complexas – em seu caminho para o autoconhecimento. O percurso é longo, sem dúvida; entretanto, com a ajuda dos professores, dos coordenadores, dos funcionários da escola e das famílias, asseguramos que será um caminho muito rico.
TECNOLOGIA: ALIADA
OU VILÃ DA EDUCAÇÃO
CONTEMPORÂNEA?
// Por Lais Fontenelle, psicóloga
On-line sempre. Status: disponível.
Perfil: público. É assim que a maioria das pessoas se apresenta ao mundo hoje, e nossas crianças e adolescentes não ficam fora dessa cena. Vivemos conectados à internet e às redes sociais, trocando informações, opiniões, vídeos, fotos, intimidades – desde a hora em que acordamos até a hora de dormir.
A “quase” dependência que as pessoas, principalmente as crianças e os jovens, têm demonstrado em relação aos aparatos tecnológicos é de causar preocupação. São outros tempos, em que a conectividade e o consumo pautam nossa socialização e interferem na formação de nossa identidade. Daí que a relação das crianças com a tecnologia tem tomado dimensões públicas que merecem atenção. Contudo,
devemos nos lembrar de que somos os primeiros a oferecer a tecnologia aos nossos filhos quando precisamos de um
Não podemos negar que os inúmeros avanços tecnológicos alcançados por nós, humanos, trouxeram muitos benefícios, como a agilidade na troca de informações, a possibilidade de conexão com o mundo e muito mais. Mas isso não quer dizer que não devamos repensar a forma como temos nos relacionado com esses aparatos e espaços virtuais. Tudo deve ser compartilhado e curtido instantaneamente? Preciso mesmo comentar esse post? Aceito essa solicitação de amizade de imediato? Meu filho está pronto para ter um perfil no Instagram? Esse post deve mesmo ser público? Reflexões precisam, sem dúvida, começar em nós, adultos, para reverberar nos mais novos.
Parece que, muitas vezes, protegemos demais nossas crianças e jovens do mundo real, devido ao aumento da violência urbana, e os deixamos sozinhos na relação com a tecnologia ou no espaço virtual.
Como já disse a educadora Rosely Sayão, hoje, nossos filhos estão presos no mundo e soltos na rede. De fato, somos pais estrangeiros de filhos nativos digitais, mas isso não significa que crianças e adolescentes, pelo maior domínio da tecnologia, não precisem ser educados para essa
ambiência digital – assim como, muitas vezes, protegidos do espaço virtual – da mesma forma como o são com relação a outros espaços públicos. As
crianças e os jovens precisam ser preparados para lidar com as relações que ali vão se estabelecer – o que ocorre de forma muito mais imediata, intensa e em larga escala. Uma vez na rede, sempre na rede.
Por isso, preocupa a forma como temos narrado incessantemente nossas vidas nas redes sociais – compartilhando o que comemos, o filme a que assistimos, nossos sentimentos pelo aniversariante do dia – e,
principalmente, como temos exposto crianças com fotos de cada passo delas e a reprodução de diálogos privados que compartilhamos com elas. Será que as crianças, se pudessem opinar, gostariam do que temos feito com suas
Crianças e jovens estão numa fase especial de construção de identidade e sentem-se violados quando
expostos. Quem nunca viu uma criança constrangida, ou, no mínimo, envergonhada, quando contamos a familiares seu novo feito ou conquista? Por isso a importância de revermos a exposição experimentada por nós, adultos, já que os mais jovens nos têm como exemplo. Com a falta de conhecimento dos códigos de comportamento nas redes sociais, crianças e jovens, embora “nativas digitais”, ainda precisam de mediação dos adultos no uso das tecnologias e dessas redes, além de bons modelos para seguir.
Sem dúvida, a destreza com que essas crianças dominam os aparatos tecnológicos é capaz de nos impressionar; parecem já nascer com dedos touch screen, mas, como estão em uma fase especial de desenvolvimento, ainda não têm formada a capacidade de abstração de pensamento, nem introjetada a regra social. A internet, hoje entendida como ambiente social, é também – assim como a praça, a cidade ou a escola – um espaço de exercício de cidadania; portanto, os limites e as dimensões de liberdade e segurança nos meios digitais devem ser muito bem conduzidos com os mais novos.
Precisamos nos desconectar para ter mais tempo de concentração no que é urgente e importante – mais tempo de escuta, de reflexão, encontro e mediação com crianças e jovens. Curtir, compartilhar e comentar tudo, 24 horas por dia, não é uma obrigação a ser seguida. Já educar nossos filhos, nativos digitais, para que desenvolvam uma relação saudável com a tecnologia é nossa responsabilidade, em parceria com as escolas. O amadurecimento emocional e o desenvolvimento da consciência crítica são de suma importância para um bom comportamento on-line. Portanto, se hoje não há como evitar a relação das crianças com a tecnologia, já que a proibição não é a melhor solução, que possamos, juntos, buscar regras claras para que se faça uso adequado desses aparatos.
Porém, é necessário lembrar que as crianças se expressam e se realizam por meio de suas brincadeiras livres. Ao brincarem, desenvolvem seu lado emocional e afetivo, bem como muitas aptidões cognitivas. Suas brincadeiras são como nossas palavras. Mais do que um passatempo, o brincar é uma forma de comunicação
das crianças com seus pares, com adultos e, em última instância, uma forma de criação de cultura. É possível dizer que as crianças que brincam de forma livre e espontânea, e no seu tempo, serão melhores adultos, pois a brincadeira dá a elas recursos para que apliquem na vida: ajuda-as a buscar soluções criativas para contratempos e desafios, a
socializar e a trabalhar melhor em equipe, além de reconectá-las com a natureza. Portanto, tentemos dosar o brincar livre e a relação com a tecnologia. É somente na relação com a natureza que a