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Laboratórios de ciências/biologia nas escolas públicas do estado do Ceará (1997-2017): realizações e desafios

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

MARIA DANIELLE ARAÚJO MOTA

LABORATÓRIOS DE CIÊNCIAS/BIOLOGIA NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO ESTADO DO CEARÁ (1997 - 2017): REALIZAÇÕES E DESAFIOS

FORTALEZA 2019

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LABORATÓRIOS DE CIÊNCIAS/BIOLOGIA NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO ESTADO DO CEARÁ (1997 - 2017): REALIZAÇÕES E DESAFIOS

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Educação.

Área de concentração: Educação Brasileira Linha de Pesquisa: Educação, Currículo e Ensino Eixo Temático: Ensino de Ciências

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Raquel Crosara Maia Leite

FORTALEZA 2019

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca Universitária

Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a) M871l Mota, Maria Danielle Araújo.

Laboratórios de Ciências/Biologia nas escolas públicas do Estado do Ceará (1997 - 2017): realizações e desafios / Maria Danielle Araújo Mota. – 2019.

194 f.: il. color.

Tese (doutorado) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Fortaleza, 2019.

Orientação: Profa. Dra. Raquel Crosara Maia Leite.

Coorientação: Profa. Dra. Claudia Christina Bravo e Sá Carneiro.

1. Educação Básica. 2. Laboratório de Ciências/Biologia. 3. Ensino de Ciências/Biologia. 4. Formação de professores. 5. Políticas públicas. I. Título.

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DO ESTADO DO CEARÁ (1997- 2017): REALIZAÇÕES E DESAFIOS

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Educação.

Área de concentração: Educação Brasileira Linha de Pesquisa: Educação, Currículo e Ensino Eixo Temático: Ensino de Ciências

Aprovada em: 02 / 08 / 2019

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________ Prof.ª Dr.ª Raquel Crosara Maia Leite (Orientadora)

Universidade Federal do Ceará – UFC

____________________________________

Prof.ª Dr.ª Claudia Christina Bravo e Sá Carneiro (Coorientadora) Universidade Federal do Ceará – UFC

____________________________________ Prof. Dr. Raphael Alves Feitosa

Universidade Federal do Ceará – UFC

____________________________________ Prof.ª Dr.ª Lia Machado Fiuza Fialho Universidade Estadual do Ceará – UECE

____________________________________ Prof.ª Dr.ª Marcia Serra Ferreira

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À minha mãe e minha tia Maria, pelo apoio, amor, carinho, pelos conselhos, pelas palavras de incentivo e por me educarem, me ensinando desde cedo a importância de lutar pelo que acredito.

À minha família Camila, Denis, Djalma, Walisson, Alessandra, Beatrice, Letícia, Pedro, Maria Luísa, e em especial minha filha Laila, pelo dom da vida e amor incondicional. Gratidão pela compreensão e incentivo durante toda essa trajetória. Essa conquista é nossa!

À professora e orientadora Dra. Raquel Crosara Maia Leite, que mais do que uma orientadora, é uma amiga. Muito obrigada! Minha eterna gratidão pela sua dedicação, paciência, leveza e profissionalismo nas orientações precisas, que me tornaram mais confiante diante do desafio e que, graças às suas intensas intervenções, contribuindo e reconstruindo, este trabalho foi escrito.

À professora e coorientadora Dra. Cláudia Christina Bravo e Sá Carneiro, que me acompanhou desde o mestrado, participou de todas as minhas Bancas de Qualificação, me ajudou a entender a importância de ser pesquisadora e pelas enriquecedoras contribuições para a realização desta Tese.

À professora Dra. Márcia Serra Ferreira, pela oportunidade que tive de conhecê-la e por todas as contribuições, participando das bancas de Defesa de Mestrado e de Doutorado.

Aos professores Dr. Raphael Alves Feitosa e Dra. Lia Machado Fiuza Fialho, que gentilmente disponibilizaram tempo, carinho e atenção em contribuir com este trabalho mediante significativas contribuições para chegar a este texto de Tese.

Aos amigos Lorenzetti, Wanderson, Rosemeire e Rafael pela imensurável ajuda nesta reta final, principalmente pela amizade e pelas sábias contribuições.

Ao meu querido Paulo, por ter vivenciado comigo minhas angústias, como também essa experiência e por se interessar por tudo que me traga alegria ou dor, por tomar para si o papel de ombro amigo para todas as horas.

A Raquelzinha, Lucas, Rodrigo, Elba, Magérbio, Marcôncio e Rose, pela amizade firmada, pelas conversas e risadas durante o tempo do Mestrado e Doutorado, que ajudaram a tornar mais leve o processo e, entre um bate papo e outro, incentivaram a realização da pesquisa.

Aos meus queridos monitores e ex-monitores, em especial, Alexandre e Welligton, pela ajuda, paciência e carinho durante esse processo de escrita.

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Às amigas-irmãs da vida, Analice, Cris, Jaqueline, Evanilce, Elis, Adriana, Aratrícia, Giordana e Nely: obrigada pela amizade e carinho de sempre.

Aos amigos do Setor de Práticas Pedagógicas da UFAL Saulo, Giana, Lilian, Aleilson e, em especial, Sineide: esta sua garra de viver nos inspira a fazer sempre o bem.

Aos amigos da Secretaria da Educação do Ceará, em especial, Ricardo Léo, Carol, Hilcélia, Ediana, Rogers e Mônica, que estiveram presentes e acompanharam de perto esses momentos da pesquisa, sempre me incentivando com palavras encorajadoras e ajudando no que foi preciso.

Aos diretores e professores das escolas pesquisadas, que me permitiram a presença no cotidiano escolar e ainda disponibilizaram tempo para dialogar sobre as questões da pesquisa. Aos funcionários do PPGE da FACED/UFC, em especial, Ariadna e Sérgio, pela atenção, disponibilidade e agilidade sempre que precisei.

Aos funcionários da Max Cópia, especialmente Claudio e Moana, pelos serviços prestados durante a minha Pós-Graduação e o atendimento sempre cortês.

Meu agradecimento também a todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho. São tantos que não é possível citar todos aqui.

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Eu quero uma escola

Que lhes ensine tudo sobre a natureza, O ar,

A matéria, As plantas, Os animais, Seu próprio corpo, Deus

Mas que ensine primeiro pela observação, Pela descoberta,

Pela experimentação.

E que dessas coisas ensine não só a conhecer, como também a aceitar,

Amar E preservar. [...]

Eu quero uma escola

Que ensine vocês a conviver, A cooperar,

A respeitar, A esperar,

A saber viver numa comunidade Em união.

Uma escola em que eu também possa ir com seu pai, com outros pais e professores, para aprender e para participar com vocês

No seu processo de crescimento, Aprendizagem

E humanização.”

(Adaptação minha do poema “Eu queria uma escola”, de Maria Teresa Del Prete Panciera)

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desenvolvimento dos Laboratórios de Ciências nas escolas públicas do Estado do Ceará, assim como as implicações desta política educacional para a ação docente dos professores que atuam nos Laboratórios de Ciências/Biologia. O estudo é de natureza qualitativa, identificado como estudo de caso e elege como objetivo geral analisar a implantação e o desenvolvimento dos Laboratórios de Ciências nas escolas públicas do Estado do Ceará no período de 1997 a 2017, bem como as suas implicações na atualidade. São esses os objetivos específicos: analisar os documentos legais que regulamentaram a implantação e o desenvolvimento dos Laboratórios de Ciências nas escolas públicas do Estado do Ceará; identificar a realidade do Laboratório e sua articulação com o Ensino de Ciências/Biologia; e discutir as relações estabelecidas entre a Secretaria de Educação do Estado do Ceará e as escolas de Educação Básica no âmbito da articulação teoria e prática. Para o alcance dos objetivos, o processo investigativo partiu da seguinte questão: como ocorreu a implantação e o desenvolvimento dos Laboratórios de Ciências nas escolas públicas do Estado do Ceará no período de 1997 a 2017? As informações, obtidas através de observações e entrevistas individuais, foram analisadas segundo as orientações da Análise Textual Discursiva – ATD. Participaram da pesquisa 5 (cinco) professores que estiveram envolvidos na implantação dos Laboratórios e 6 (seis) professores lotados atualmente nos Laboratórios nas três escolas pesquisadas. Após análises de documentos e das narrativas dos sujeitos, constatou-se que a implantação dos Laboratórios aconteceu no período 1997–2000, com a participação da SECITECE, SEDUC e professores da área de Ciências/Biologia, e foi marcada por desafios de ordem financeira e estrutural, mas foi possível concluir a compras de materiais e a formação para professores do Estado do Ceará através dos CVT e instalação dos Laboratórios nos Liceus. No período do desenvolvimento, de 2001 a 2007, políticas viabilizaram o processo de revitalização e construções de novos Laboratórios — recursos financeiros e as Portarias que organizaram a lotação de professores — evidenciando a importância da gestão escolar em monitorar as ações do docente no Laboratório de Ciências/Biologia. No entanto, ao analisar o período 2008-2017, nomeado de atualidade, constatou-se que, embora exista a Portaria de Lotação de professores, o espaço e o horário na escola, o uso do Laboratório de Ciências/Biologia é pontual para muitos dos sujeitos pesquisados. Concluiu-se que os gestores dessas escolas tiveram um papel fundamental no acompanhamento pedagógico e monitoramento das atividades realizadas, uma vez que eles podem contribuir com a ação docente no Laboratório, pois, através dos

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sua função, contribuindo para aprendizagem dos estudantes, superando a fragmentação entre teoria e prática, propiciando um entendimento mais adequado sobre a Ciência e seus conteúdos (superando a perspectiva positivista), é necessária a integração de três elementos pedagógicos: a gestão escolar, a formação continuada docente e a participação ativa dos estudantes.

Palavras-Chave: Educação Básica. Laboratório de Ciências/Biologia. Ensino de

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of the Science Laboratories in the public schools of the State of Ceará, as well as the implications of this educational policy for the teaching action of the teachers who work in the Sciences/Biology Laboratories. The study is of a qualitative nature, identified as a case study and is chosen as a general objective to analyze the implantation and development of the Science Laboratories in the public schools of the State of Ceará from 1997 to 2017, as well as their implications at the present time. These are the specific objectives: to analyze the legal documents that regulate the implantation and development of the Science Laboratories in the public schools of the State of Ceará; identify the accomplishment of the Laboratory and its articulation with the Teaching of Sciences/Biology; to discuss the relations established between the Education Department of the State of Ceará and the schools of Basic Education within the articulation theory and practice. In order to reach the objectives, the investigative process started with the following question: how was the implantation and development of the Science Laboratories in the public schools of the State of Ceará between 1997 and? The information, obtained through observations and individual interviews, was analyzed according to the guidelines of the Discursive Textual Analysis - ATD. Five (5) teachers who were involved in the implantation of the Laboratories and 6 (six) teachers currently in the Laboratories participated in the three schools surveyed. After analysis of documents and the subjects' narratives, it was verified that the implementation of the Laboratories took place in the period 1997-2000, with the participation of SECITECE, SEDUC and professors in the area of Sciences/Biology, and was marked by financial and but it was possible to complete the purchase of materials and training for teachers in the State of Ceará through the CVT and installation of Laboratories in the Lyceums. During the development period, from 2001 to 2007, policies made possible the revitalization and construction of new Laboratories - financial resources and the Ordinances that organized the teaching staff - demonstrating the importance of school management in monitoring the actions of the teacher in the Science/Biology Laboratory. However, when analyzing the period 2008-2017, named current, it was found that, although there is the Teacher Loan Ordinance, space and time in school, the use of the Laboratory of Sciences/Biology is timely for many of the subjects. It was concluded that the managers of these schools had a fundamental role in the pedagogical monitoring and monitoring of the activities carried out, since they can contribute with the teaching action in the Laboratory, because, through the pedagogical plans, the teachers are

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environments for students to participate, share and experience practices, and that school management believes that it is possible to improve teaching and learning processes. learning, motivating the teachers, through continuing education, to re-signify the space of the Science/Biology Laboratory in the school.

Keywords: Basic education. Laboratory of Sciences/Biology. Teaching Science/Biology.

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Fotografia 01 – Laboratório de Biologia do CFI ... 113

Fotografia 02 – Fachada do Laboratório de Ciências da E1 ... 115

Fotografia 03 – Laboratório de Ciências da E1 ... 116

Fotografia 04 – Laboratório de Ciências da E1 ... 116

Fotografia 05 – Fachada do Laboratório de Biologia da E2 ... 117

Fotografia 06 – Laboratório de Biologia da E2 ... 118

Fotografia 07 – Laboratório de Biologia da E2 ... 118

Fotografia 08 – Atividades realizadas no Laboratório de Ciências da E3 ... 119

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Dissertações – BDTD ... 22

Quadro 02 – Principais características das atividades experimentais ... 70

Quadro 03 – Dimensões do Letramento Científico conforme B. J. Ogunkola (2013) ... 80

Quadro 04 – Proposta de Shamos (1995) para definições de Letramento Científico ... 81

Quadro 05 – Habilidades de um indivíduo cientificamente letrado ... 81

Quadro 06 – Definição de Letramento Científico ... 83

Quadro 07 – Sujeitos participantes da pesquisa ... 104

Quadro 08 – Etapas de coleta de dados ... 105

Quadro 09 – Eventos da História do Laboratório de Ciências nas escolas públicas do Estado do Ceará ... 122

Quadro 10 – O Laboratório que tinha e que tenho na perspectiva dos sujeitos da pesquisa 139 Quadro 11 – Portarias de Lotação de Professores no Laboratório de Ciências (2008-2017) . 148 Quadro 12 – Atribuições, ações e atividades do professor coordenador do Laboratório de Ciências – PCLEC ... 154

Quadro 13 – A concepção de aula prática nos Laboratórios de Ciências conforme os sujeitos da pesquisa ... 159

Quadro 14 – A importância da Formação continuada, Gestão escolar e Educação Científica conforme os sujeitos da pesquisa ... 164

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BDTD Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior CENTEC Centro de Ensino Tecnológico

CFI Centro de Formação de Instrutores

CVT Centro Vocacional Tecnológico

DCNEM Diretrizes Curriculares do Ensino Médio EEEP Escola Estadual de Educação Profissional ENEBIO Encontro Nacional de Ensino de Biologia

ENPEC Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências

EQ Estado da Questão

FUMBEC Fundação Brasileira para o Desenvolvimento do Ensino de Ciências IBEEC Instituto Brasileiro de Ciência e Cultura

LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC Ministério da Educação

PADACT Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico PCLEC Professor Coordenador do Laboratório de Ciências

PCN Parâmetros Curriculares Nacionais

PREMEN Programa de Expansão e Melhoria do Ensino SBEnBIO Associação Brasileira de Ensino de Biologia

SECITECE Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Ceará SEDUC Secretaria da Educação do Ceará

SEFOR Superintendência das Escolas Estaduais de Fortaleza SPEC Subprograma Educação para a Ciência e Matemática

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1 INTRODUÇÃO ... 17

2 O ENSINO DE CIÊNCIAS QUE VIVI: MEMÓRIAS E APRENDIZADOS ... 29

2.1 Educação Infantil (1983-1987) ... 29

2.2 1º Grau/Ensino Fundamental (1988-1996) ... 30

2.3 2º Grau/Ensino Médio (1997-1999) ... 31

2.4 Professora da Educação de Jovens e Adultos (2000) ... 32

2.5 Estudante da Educação Superior: Licenciatura em Ciências Biológicas – FACEDI/UECE (2002-2007) ... 32

2.6 Professora da Educação Básica (2008-2009) ... 34

2.7 Professora substituta da FACEDI/UECE (2010) ... 35

2.8 O Mestrado em Educação na UFC (2011-2013) ... 36

2.9 O Doutorado em Educação na UFC (2015-atual) ... 37

2.10 Professora efetiva de Universidade Pública Federal (2015-atual) ... 37

3 ENSINO DE CIÊNCIAS NA SALA DE AULA ... 41

3.1 O Ensino de Ciências na escola ... 41

3.2 As aulas práticas e outros recursos didáticos do/no espaço escolar como elementos integrantes do ensino e da aprendizagem ... 47

4 ENSINO DE CIÊNCIAS NO LABORATÓRIO ... 58

4.1 Laboratório e seus múltiplos espaços ... 58

4.2 A História do Laboratório de Ciências no Brasil ... 62

4.3 A experimentação nos Laboratórios das escolas ... 67

4.4 Contribuições do Laboratório de Ciências/Biologia para o ensino e a aprendizagem ... 74

5 ENSINO DE CIÊNCIAS E ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA ... 79

5.1 Letramento científico: influências no ensino e na aprendizagem de Ciências .. 79

5.2 Laboratório de Ciências/Biologia nas escolas: uma questão em aberto ... 86

5.4 Desafios para o uso do Laboratório de Ciências/Biologia na escola ... 90

6 METODOLOGIA ... 95 6.1 Tipo de Pesquisa ... 95 6.2 Locais da pesquisa ... 98 6.2.1 E1 (SEFOR 1) ... 99 6.2.2 E2 (SEFOR 2) ... 101 6.2.3 E1 (SEFOR 3) ... 102 6.3 Sujeitos da pesquisa ... 104

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6.5.2 Etapa 2 – Observação ... 106

6.5.3 Etapas 3 e 4 – Entrevistas semiestruturadas ... 108

6.6 Metodologia de Análise ... 109

6.7 Aspectos éticos e legais da pesquisa ... 110

7 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 112

7.1 Observação ... 112

7.2 Histórico das aquisições de Laboratórios de Ciências pela SEDUC e Implementação dos Laboratórios de Ciências no Liceu e no CFI (1997-2000) .. 121

7.3 Desenvolvimento dos Laboratórios de Ciências no Estado do Ceará (2001-2007) ... 132

7.4 Atualidade dos Laboratórios de Ciências no Estado do Ceará (2008-2017) ... 139

7.5 Olhando para a pesquisa ... 169

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 172

REFERÊNCIAS ... 178

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) ... 189

APÊNDICE B – ROTEIRO DA ENTREVISTA COM O DIRETOR ... 191

APÊNDICE C – ROTEIRO DA ENTREVISTA COM OS PROFESSORES ... 192

APÊNDICE D – TERMO DE AUTORIZAÇÃO DO FIEL DEPOSITÁRIO ... 193

APÊNDICE E – AUTORIZAÇÃO INSTITUCIONAL À REALIZAÇÃO DE PROJETO DE PESQUISA ... 194

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho de Doutorado traz como campo de pesquisa a articulação entre a implantação e o desenvolvimento dos Laboratórios de Ciências/Biologia no Estado do Ceará e as implicações dessa implantação para a ação docente dos professores que atuam nesses ambientes educacionais.

A produção acadêmica envolvendo a implantação e o desenvolvimento dos Laboratórios de Ciências no Brasil se configura como um campo de pesquisa em expansão. Watanabe (2012) aponta que o papel dos Laboratórios de Ciências consiste em promover o diálogo com a sociedade por meio da interação com as instituições que formam o mundo exterior e com as quais interage. Nesse sentido, a autora propõe que (re)constituir as origens, a constituição e o desenvolvimento dos Laboratórios de Ciências seria buscar estabelecer um caminho necessário para a construção de um olhar amplo do uso do Laboratório para a ciência, para os estudantes e para escola.

No campo da Educação em Ciências, Vianna (1998) apresenta sua percepção do Laboratório de Ensino. Para essa autora, o Laboratório busca superar a postura tradicional do ensino e a visão positivista, impulsionando a utilização de atividades diferenciadas com maior envolvimento e participação dos estudantes.

Tradicionalmente, o Ensino de Ciências tem se limitado à simples transmissão do conhecimento já elaborado por teorias definidas, favorecendo a passividade dos estudantes e o desinteresse pelas disciplinas científicas. No bojo dessa questão, acredita-se que as Ciências são detentoras de verdades absolutas construídas por cientistas, dentro de uma racionalidade técnica proveniente do positivismo, perdurando até a contemporaneidade, o que estimula a mera memorização de conceitos. Muito embora seja contestada, as Ciências ainda se fazem muito presentes na realidade das salas de aula e na proposta pedagógica das escolas e dos professores.

Os avanços no conhecimento das áreas pelas descobertas da Física, Química e Biologia não foram suficientes para serem implantados nos currículos escolares. (KRASILCHIK, 2000). As mudanças esperadas pelo ensino de Ciências que objetivem minimizar o uso do método expositivo, substituindo-o por métodos mais dinâmicos e provocativos pelos quais o estudante aprenda fazendo, ainda são incipientes.

As mudanças no Ensino de Ciências no século passado se caracterizam em alguns períodos como um momento de transformação da percepção do comportamento do professor em relação ao estudante, no qual o processo de ensino passou a ser pensado pela

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experimentação e pela proposição de problemas científicos para serem solucionados pela simulação do “método científico” aumentando, com isso, a carga horária da disciplina Ciências no currículo escolar.

Ensinar e aprender Ciências na escola têm sido um grande desafio, pois a maneira de ensinar também passou décadas apoiada na reprodução dos mesmos padrões. Acreditava-se que os fenômenos naturais poderiam ser compreendidos com base apenas na observação e no raciocínio, bastando para isso que os estudantes fossem levados a conhecer todo o conteúdo científico produzido até então e a memorizar conceitos. A metodologia que o professor tem e o livro didático como o centro da transmissão de saberes ficou conhecida como tradicional ou conteudista e ainda hoje está presente nas salas de aula (SANTOMAURO, 2009).

Consideramos um erro reduzir os aprendizados de Ciências/Biologia a apenas uma lista de enunciados/conteúdos a serem decorados, ainda que a memorização às vezes seja importante depois de entender os conteúdos, pois nem toda terminologia/conceito deve ser abandonada. Os conceitos terminológicos podem ter sentido e devem ser valorizadas por meio de objetivos claros planejados pelo professor e que tenham sentido para a vida do estudante.

O ensino de Ciências/Biologia precisa ser visto como uma construção humana, pois a eles estão integrados temas como tecnologia, meio ambiente e saúde. Ainda precisamos superar algumas metodologias consideradas tradicionais, como as aulas expositivas, em que o professor e o livro didático são as únicas fontes de informação, havendo o incentivo à memorização de definições e à experimentação em laboratório servindo para comprovar a teoria, o que não significa que eles não sejam importantes, já que têm pontos fortes e limitações em todas as modalidades didáticas.

Já a metodologia investigativa coloca o estudante no centro do aprendizado com foco na resolução de problemas que exigem levantamento de hipóteses, observação, investigação, pesquisa em diversas fontes e registros ao longo de todo o processo de aprendizagem (SANTOMAURO, 2009). Exige do professor estratégias de ensino diferenciadas como a apresentação de situação-problema para que o estudante possa mobilizar seus conhecimentos e ir em busca de outros saberes para resolvê-la, principalmente disponibilizando de várias fontes de pesquisa.

Com a metodologia investigativa, os espaços das escolas — entre eles os Laboratório de Ciências/Biologia —, podem fazer parte do processo de aprendizagem do estudante e do redirecionamento do planejamento do professor; mais do que verificar se os conteúdos foram estudados, ela pode contribuir na identificação das dificuldades e no trabalho de aperfeiçoamento dos procedimentos de ensino. Com material alternativo e de baixo custo

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também é possível produzir experimentos que levem à construção de conceitos de Biologia pelos estudantes e, também, as observações de fenômenos podem ser feitas na quadra da escola ou fora dela (SANTOMAURO, 2009).

Acreditamos que a educação e a Ciência precisam estar unidas para a construção de um novo olhar para o mundo e para a sociedade brasileira conduzido pelo encantamento, pela curiosidade e pelo desejo de conhecimento e de transformação. Para que isso venha a ocorrer, necessitamos redimensionar o sistema de ensino de maneira a fortalecer a Alfabetização Científica na formação dos estudantes em substituição às práticas pedagógicas que valorizem a memorização dos conteúdos de forma descontextualizada.

A Alfabetização Científica de nossos estudantes ainda tem sido postergada na Educação Básica, pois ainda há deficiências largamente conhecidas na aprendizagem deles, as quais podem estar relacionadas a diversos fatores, dentre eles a formação docente. Há uma considerável demanda para a renovação de currículos e intencionalidades de forma a corresponder às necessidades dos novos tempos. A principal mensagem talvez seja a necessidade de se colocar a Ciências/Biologia também como prioridade, além de Português e Matemática na Educação Básica.

Nesse contexto, o levantamento de estudos publicados no cenário local e nacional acerca da temática proposta neste trabalho e a possível contribuição desse estudo para o campo de pesquisa sobre o Laboratório de Ciências foi realizado por intermédio do Estado da Questão (EQ) que se constitui em uma busca seletiva e crítica de estudos realizados sobre a temática investigada.

O EQ também contribui para a construção e aprofundamento desse objeto, pois por meio do EQ o exercício de envolvimento e leitura de outras pesquisas possibilita ao pesquisador amadurecer seu objeto, ou seja, permite ter maior clareza sobre o objeto a ser investigado e descobrir o que nele há de “novo”. Assim, de acordo com Nóbrega-Therrien e Therrien (2004, p. 07), o EQ tem por finalidade

[...] levar o pesquisador a registrar, a partir de um rigoroso levantamento bibliográfico, como se encontra o tema ou o objeto de sua investigação no estado atual da ciência ao seu alcance. Trata-se do momento por excelência que resulta na definição do objeto específico da investigação, dos objetivos da pesquisa, em suma, da delimitação do problema específico de pesquisa.

Para iniciar a caminhada pelo EQ, tomamos como elementos os descritores selecionados a partir do objeto apresentado, sendo eles: “Laboratório de Ciências and História”, “Laboratório de Ciências and Ensino Básico”, “Laboratório de Ciências and Aulas

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práticas”, “Experimentação and Laboratório de Ciências”, “Experimentação and História” e “Experimentação and Ensino básico”.

O período pesquisado compreendeu os anos de 1997 a 2017. No início, a pesquisa seria de 1997 a 2007 — a chamada década da educação —, mas por se tratar de uma pesquisa no Estado do Ceará, o acompanhamento e a implantação de laboratórios aconteceram somente após 1997 e só em 2008 começaram a aparecer políticas mais efetivas sobre essa temática. A definição desse intervalo de tempo está vinculada à temática desta pesquisa — investigar a implantação e o desenvolvimento dos Laboratórios de Ciências no Estado do Ceará —, pois é nesse momento, após a LDBEN/96, que se iniciam as discussões sobre a temática.

Definidos os descritores e o período a ser pesquisado, o próximo passo foi determinar os locais de buscas. De acordo com Nóbrega-Therrien e Therrien (2010, p. 49),

O processo de construção do EQ produz igualmente, pela essência de sua dinâmica, momentos de complexidade e incertezas ante a pluralidade explicativa e compreensiva encontrada neste percurso do diálogo com os mais diversos autores/pesquisadores encontrados no caminho, em particular no campo das Ciências Humanas.

Para o levantamento das pesquisas no cenário nacional, as fontes de busca utilizadas foram a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações – BDTD, o Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior – CAPES e dois eventos científicos: o Encontro Nacional de Ensino de Biologia – ENEBIO e o Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – ENPEC.

A busca de Teses e Dissertações nacionais se efetivou por meio da BDTD porque além de ser uma ferramenta de fácil acesso e manuseio, esta biblioteca reúne as produções dessas categorias defendidas em todo o país e por pesquisadores brasileiros que cursaram mestrado e doutorado em instituições localizadas no exterior. Já utilização do Portal de Periódicos da CAPES se justifica pela possibilidade de acesso a textos completos, indexados em várias bases de dados e divulgados por mais de 37 mil publicações periódicas internacionais e nacionais.

As buscas em eventos da área se justificam pela sua credibilidade, pois já apresentam várias edições realizadas e são vinculados a associações científicas consagradas no Brasil. Promovido pela Associação Brasileira de Ensino de Biologia – SBEnBio, o ENEBIO é um evento da área de Ensino de Biologia que ocorre a cada dois anos, tendo sido já realizadas cinco edições. O ENPEC é organizado pela Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências – ABRAPEC, sendo um evento consolidado na área de Educação em Ciências, pois, mesmo sendo realizado a cada dois anos, já aconteceu a décima terceira edição.

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Definido o trajeto, chegamos ao momento de pesquisar para, assim, encontrar trabalhos sobre nossa questão nas produções nacionais. Todas essas buscas foram realizadas no segundo semestre de 2016. As pesquisas no portal do BDTD foram realizadas a partir de uma ferramenta de busca avançada e, após a procura pelas combinações de descritores, foram encontrados 651 trabalhos, dos quais apenas 17 trabalhos estavam relacionados à temática estudada.

Percebe-se, a partir da Tabela 01, que as teses e dissertações de âmbito nacional pouco têm retratado pesquisas a respeito da constituição, a implantação e o desenvolvimento dos Laboratórios de Ciências.

Tabela 01 – Teses e dissertações relacionadas à temática de investigação, encontradas na BDTD no período de 1997 a 2017

Combinação dos descritores Trabalhos

encontrados

Trabalhos relacionados com a temática

Laboratório de Ciências and História 164 00

Laboratório de Ciências and Ensino básico 26 01

Laboratório de Ciências and Aulas práticas 118 10

Experimentação and Laboratório de Ciências 96 04

Experimentação and História 223 02

Experimentação and Ensino Básico 24 00

TOTAL 651 17

Fonte: Elaborada pela autora.

Para compor o cenário das pesquisas de âmbito nacional, recorreu-se aos artigos de periódicos indexados nos Qualis A-1 a B-2 (Área de Educação) do Portal de Periódicos CAPES. Nessas buscas não foram especificados bancos de dados nem outros filtros, já que os resultados de 1997 a 2017 não se apresentaram de forma muito numerosa. Foram encontrados artigos sobre aulas práticas e experimentação, mas nenhum apresentava temática relacionada ao interesse desta pesquisa e, por isso, foram todos excluídos da seleção.

Após pesquisar pelos cenários das pesquisas locais e nacionais, foram selecionadas apenas dezessete produções que apresentavam temática relacionada com o objeto desta investigação, sendo todos eles frutos de pesquisas desenvolvidas no âmbito de programas de pós-graduação stricto sensu. Dentre os dezessete, tivemos acesso a apenas treze, pois quatro apresentaram falha no carregamento da página do evento (Quadro 01).

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Quadro 01 – Síntese do mapeamento realizado Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações – BDTD TÍTULO TIPO DE TRABALHO/ ANO AUTOR PROGRAMA/ UNIVERSIDADE Os propósitos de atividades práticas na visão de alunos e

professores Dissertação/ 2003 Eliane Ferreira de Sá Programa de Pós-Graduação em Educação/

Universidade Federal de Minas Gerais A importância dos laboratórios de

ciências para alunos da terceira série do ensino fundamental

Dissertação/ 2005

Lícia Zimmermann

Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática/ Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Laboratório de ensino de matemática e laboratório de ensino

de ciências: uma comparação

Dissertação/ 2006 Marli Balzan Cavalaro Benini Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática/

Universidade Estadual de Londrina A história da ciência e a experimentação no ensino de Química orgânica Dissertação/ 2008 Claudio Luiz Nóbrega Pereira Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências/ Universidade de Brasília A história da ciência e a experimentação na constituição do conhecimento escolar: a Química e

as especiarias Dissertação/ 2009 Ronaldo da Silva Rodrigues Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências/ Universidade de Brasília Atividades de experimentação

investigativas lúdicas no ensino de química: um estudo de caso

Tese/ 2009 Noé de oliveira Programa de Pós-Graduação em Química/

Universidade Federal de Goiás Promovendo a construção do

conhecimento pedagógico de conteúdo em um curso de licenciatura de ciências biológicas:

uma caracterização da prática do professor-formador em uma disciplina de laboratório de ensino

Dissertação/ 2009 Letícia Maria Ramos Martins Calab Programa de Pós-Graduação em Educação/

Universidade Federal de Minas Gerais

Atividades experimentais no ensino de biologia em escolas públicas do

estado do rio grande do Norte, Brasil: caracterização geral e

concepção de professores Dissertação/ 2010 Kelvin Barbosa de Oliveira

Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática/ Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Desenvolvimento de atividades práticas experimentais no ensino de

biologia-um estudo de caso

Dissertação/ 2010 Júlio de Fátimo Rodrigues de Melo Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências/ Universidade de Brasília Uma abordagem dialógica para

utilização de atividades experimentais em sala de aula

Dissertação/ 2010

Jose Ferreira da Silva Júnior

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática/ Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Utilização e gestão de laboratórios escolares Dissertação/ 2011 Salete de Lourdes Cardoso Santana Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências: Química da vida e saúde/

Universidade Federal de Santa Maria Atividades experimentais:

implicações no Ensino de Biologia

Dissertação/ 2015

Vânia Cardoso da Silva Morais

Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática/

Universidade Federal de Uberlândia Relevância dos laboratórios de

aulas práticas na formação inicial de professores de ciências e biologia Dissertação/ 2015 Maria do Socorro Cecílio Sobral Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências/

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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Em todos os trabalhos encontrados, entre uma tese e doze dissertações, foi possível observar que a maioria dos trabalhos encontrados pertence aos Programas de Pós-Graduação stricto sensu em Ensino de Ciências e Matemática, e que a maioria traz em um dos seus capítulos elementos sobre atividades experimentais; implicações no ensino de Biologia; reflexões sobre o uso de experimentação no ensino de Ciências e Biologia o laboratório de ciência em quanto campo de formação; uma visão da literatura atual sobre o papel do laboratório no ensino de Ciências; documentos oficiais e o pensamento docente sobre as atividades experimentais no ensino médio; a experimentação suas origens e aplicação no ensino de biologia; laboratórios escolares e atividades experimentais; as atividades de experimentação e o lúdico; os laboratórios de ciências; histórico: laboratório de ciências; e o papel da experimentação no ensino de Ciências.

Dos trabalhos analisados, percebemos um grande número que aborda a temática experimentação e/ou Laboratório de Ciências. Um desses trabalhos traz um histórico do laboratório de Ciências desde o século XVIII em algumas universidades europeias, fato que influenciou a disseminação dessas práticas nos colégios. Como pode ser observado, poucos trabalhos estão relacionados à pesquisa.

Sobre a metodologia dos trabalhos encontrados, verificou-se que estes apresentam abordagem qualitativa, em sua grande maioria. Foi percebido, também, que grande parte deles traz questionário e entrevista como elementos básicos para se obter os resultados esperados. Por meio dessas observações foi possível verificar que a maioria das produções abordando experimentação e laboratório de Ciências/ensino também discute sobre a importância das aulas práticas sem, no entanto, mencionar a implantação e o desenvolvimento dos Laboratórios de Ciências nos aspectos didático-pedagógico e social, bem como as suas implicações na atualidade.

Após a leitura e análise dos trabalhos, foi possível observar que as temáticas experimentação e Laboratório de Ciências ocorrem de forma rápida e diversificada conforme cada contexto (SÁ, 2003; PEREIRA, 2008; RODRIGUES, 2009; OLIVEIRA, 2009). A partir dessa observação, evidencia-se que esses achados apontam o quanto é necessária a busca por mais informações acerca da temática dessa pesquisa para que a mesma possa colaborar com o Ensino de Ciências e Biologia no Estado do Ceará.

A análise dos trabalhos publicados em eventos demandou mais tempo, pois cada edição do evento, frequentemente, estava em um site diferente e as páginas oficiais na internet de algumas edições não se encontravam mais disponíveis para consulta. Foram analisadas várias edições do ENEBIO e ENPEC.

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O primeiro evento analisado foi o ENEBIO. Devido à não disponibilização online das publicações de algumas edições, só foi possível ter acesso aos três últimos eventos que, coincidentemente, foram publicadas na Revista da Associação Brasileira de Ensino de Biologia – SBEnBIO. Partindo-se das leituras dos títulos dos trabalhos selecionados e posterior leitura dos artigos — já que não havia ferramentas que possibilitassem fazer a busca por meio de descritores —, foram encontrados 627 trabalhos publicados nas oito edições da revista.

A princípio, foram encontrados apenas cinco trabalhos que, após realizada a leitura, apresentavam temática relacionada a esta investigação. Nesse contexto, foi necessário fazer a busca no CD do evento para que pudéssemos ter acesso a mais informações na área e, assim, encontrar trabalhos que pudessem contribuir com a escrita desse trabalho.

O segundo evento pesquisado foi o ENPEC, do qual foram analisadas as cinco edições realizadas no período pesquisado (2007 a 2015) no site da ABRAPEC. Nesses cincos últimos eventos, dois ENPECs, VI e o VII, apresentaram problemas de acesso aos trabalhos aprovados, pois o site do evento exigiu fazer download para acessar um arquivo específico e o mesmo não foi possível. Por outro lado, os ENPECs VIII, IX e X apresentaram ferramentas de busca, que nos permitiu usar palavras-chave e, assim, procurar trabalhos publicados.

Foram analisados os trabalhos apresentados nas modalidades de comunicação oral e de painel que, nos cinco últimos eventos, chegam a 5.921. Seguindo a pesquisa por meio dos descritores indicados anteriormente, não foram encontrados trabalhos sobre a temática desta Tese a partir da leitura dos títulos das três últimas edições, indicando uma grande carência de estudos sobre o objeto de estudo desta pesquisa.

Ao finalizar o percurso de construção desse EQ, foi possível enumerar alguns pontos importantes para obter mais informações para a escrita deste trabalho. Acreditamos que essa pesquisa poderá preencher uma lacuna que existe nos estudos sobre a implantação e o desenvolvimento dos Laboratórios de Ciências/Biologia na década de 1997 a 2017, nos aspectos didático-pedagógicos e suas implicações nos processos de ensino e de aprendizagem. Esta investigação também poderá contribuir com os Programas de Pós-Graduação das Instituições de Educação Superior localizadas no Ceará e em toda a Região Nordeste.

Apesar do cuidado na busca de fontes, não descartamos a existência de trabalhos sobre essa temática em outros lugares ou em períodos diferentes do escolhido nessa pesquisa. Fica evidente que os trabalhos encontrados discutem sobre a importância da experimentação e das aulas práticas, mas poucos discorrem sobre a implantação do laboratório — embora dialoguem com esta pesquisa quando trazem o laboratório como espaço de aprendizagem.

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Consideramos a importância da realização dessa “viagem” pelo EQ para trazer luz ao trabalho de investigação, uma vez que uma tese de pesquisa se constitui um trabalho original que deve representar um avanço nos estudos da área que se pretende abordar e, com isso, tentar somar esforços no sentido de contribuir para o registro e desenvolvimento dessa temática, além de fortalecer o Ensino de Ciências e Biologia.

Dessa forma, percebe-se a necessidade de um estudo criterioso com a intenção de registrar a história do Laboratório de Ciências no Estado do Ceará e, assim, poder contribuir para o ensino de Ciências e Biologia por meio da utilização desse espaço. Nessa perspectiva, a pesquisa poderá colaborar com os debates para a melhoria da qualidade do ensino de Ciências e Biologia e, acima de tudo, para o registro da história dos laboratórios nessa área, bem como fomentar a discussão e a pesquisa sobre a utilização das atividades experimentais no ensino de conteúdos de Ciências nas escolas estaduais.

Vale destacar que uma atividade prática não carrega em si todos os conteúdos que se quer ensinar, assim como ela não é necessariamente o procedimento principal ou obrigatório no ensino de Ciências. As aulas em laboratório devem fazer parte de uma sequência didática que envolva exposições teóricas, registros dos estudantes e confrontações de ideias. Desse modo, justifica-se tal estudo por tratar-se de uma problemática bastante pertinente, haja vista que essa discussão é fundamental para vislumbrar respostas aos problemas que a Educação em Ciências enfrenta hoje, além de buscar alternativas para melhorar os Laboratórios de Ciências e, também, narrar a história de como foi a sua implantação nas escolas públicas do Estado do Ceará.

Contrapondo essa realidade, Vianna e Carvalho (2001) apontam em suas pesquisas que o Laboratório de Ciências deve ser compreendido como sendo um sistema de inscrição literária onde o auge é sensibilizar que um enunciado é um fato e que essa construção se dá de forma tal que, ao final, não pode ser ocultada a questão sócio-histórica. Nesse sentido, expõem as autoras, apesar das infinitas discussões sobre os Laboratórios de Ciências, sua constituição, implantação, desenvolvimento e significação para a ação docente, já que pouco se sabe a respeito desses processos ou ainda como se efetivou o desenvolvimento das práticas realizadas nos laboratórios nas escolas de Educação Básica.

De acordo com Maldaner (2006, p. 103),

[...] é difícil romper com a ideia positivista, sempre presente no meio educacional, principalmente no âmbito da educação científica, segundo a qual o conhecimento científico consiste na descrição positiva dos fenômenos da natureza e que esta descrição é objetiva e independente das crenças de quem a faz.

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Desde o final do século passado, os Laboratórios têm sido considerados um importante meio instrucional no ensino de Ciências. Como exemplo disso, podemos citar as atividades de Laboratório nos estudos desenvolvidos na área de Química, na década de 1880 (FAY, 1931). De acordo com Moyer (1976), a Universidade de Harvard publicou uma lista de experimentos que deveriam ser incluídos nas aulas de Física para alunos que desejassem estudar nesta instituição. Nesse sentido, observamos que o ensino de Laboratório era considerado essencial porque proveria o treinamento em observação, forneceria informações detalhadas e estimularia o interesse dos estudantes na época dos grandes projetos.

Por esse motivo, afirma Watanabe (2012) que cada laboratório é um laboratório singular com sujeitos únicos, momentos específicos em ambientes sociais e culturais também particulares, por isto histórico. Nessa perspectiva, levando-se em consideração os avanços nas pesquisas científicas, bem como as experiências docentes realizadas no campo do Ensino de Ciências, questiona-se: como ocorreu a implantação e o desenvolvimento dos Laboratórios de Ciências/Biologia nas escolas públicas do Estado do Ceará no período de 1997 a 2017?

A partir dessa indagação, outros questionamentos surgem: Como se efetivaram as orientações para a implantação do Laboratório de Ciências/Biologia nas escolas? Como se caracterizaram na ação docente dos professores no Laboratório de Ciências/Biologia? Como se estabeleceram as relações políticas entre as determinações prescritas pela Secretaria da Educação do Estado do Ceará e as escolas de Educação Básica no âmbito da articulação teoria e prática? Essas questões ajudaram a inferir sobre a história dos Laboratórios de Ciências, os contextos educacionais ocorridos durante a constituição e o desenvolvimento dos mesmos, os documentos de criação e as implicações na atualidade.

Através das aulas práticas no espaço do Laboratório, o professor pode fazer com que os estudantes despertem interesse pelo conhecimento científico. Com esse tipo de atividade é possível desenvolver diversos pontos importantes como, por exemplo, a construção de objetos e a manipulação de experimentos com o auxílio do professor ou por meio da visualização. Aulas práticas, quando bem elaboradas, atuam como contraponto às aulas teóricas e aceleram o processo de aquisição de novos conhecimentos.

A realização de experimentos pode auxiliar o estudante a compreender melhor a teoria envolvida, bem como tornar o conteúdo mais significativo para ele. O Laboratório é o espaço mais adequado para que isso aconteça, embora também seja possível realizar alguns momentos em outros espaços, inclusive na sala de aula. O importante é que o estudante crie hipóteses, manipule os materiais, produza algo ou mesmo observe por si próprio um fenômeno, uma experiência, e não que o professor leve tudo pronto para o estudante.

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A aula reflete características da atividade científica pelo tratamento das ideias dos estudantes como hipóteses porque estas favorecerem a construção de planejamentos pelo trabalho em grupo e pelo incentivo aos grupos ao compartilharem suas “experiências” na tentativa de juntos proporem a solução para o problema que desencadeou a investigação. Nesse sentido, vale destacar que diante das possíveis respostas e, talvez, dos silêncios às questões anteriormente apresentadas, as análises que serão realizadas auxiliarão na abordagem histórica do campo do Ensino de Ciências/Biologia no Estado do Ceará.

Esta pesquisa de doutoramento é de natureza qualitativa, identificada como estudo de caso, e elege como objetivo geral analisar a implantação e o desenvolvimento dos Laboratórios de Ciências/Biologia nas escolas públicas do Estado do Ceará no período de 1997 a 2017, bem como suas implicações na atualidade. Especificamente objetivamos a) analisar os documentos legais que regulamentaram a implantação e o desenvolvimento dos Laboratórios de Ciências/Biologia nas escolas públicas do Estado do Ceará; b) identificar a realidade do Laboratório e sua articulação com o Ensino de Ciências/Biologia; e c) discutir as relações estabelecidas entre a Secretaria de Educação do Estado do Ceará – SEDUC e as escolas de Educação Básica no âmbito da articulação teoria e prática.

Urge, portanto, a construção da história de como os Laboratórios foram implantados nas escolas estaduais a fim de gerar registro para que futuras pesquisas possam ser realizadas visando contribuir ainda mais para esse debate. Por isso, nesse trabalho de doutoramento, iremos abordar e defender a seguinte tese: para que o Laboratório de Ciências/Biologia possa cumprir efetivamente sua função, contribuindo para aprendizagem dos estudantes, superando a fragmentação entre teoria e prática, propiciando um entendimento mais adequado sobre a Ciência e seus conteúdos (superando a perspectiva positivista), é necessária a integração de três elementos pedagógicos: a gestão escolar, a formação continuada docente e a participação ativa dos estudantes.

O texto foi organizado em oito capítulos, sendo o primeiro deles esta Introdução. No capítulo 2 trazemos um Memorial (O Ensino de Ciências que Vivi: Memórias e Aprendizados), no qual relatamos alguns momentos da minha trajetória estudantil e profissional, tendo como pano de fundo o Ensino de Ciências e a temática desta Tese: o Laboratório de Ciências/Biologia.

Em seguida, falamos sobre o Ensino de Ciências na Sala de Aula, que tem como propósito apresentar como o Ensino de Ciência começa a fazer parte do currículo escolar brasileiro, bem como a importância dos recursos didáticos para os processos de ensino e de aprendizagem, além de suas influências nesses. Inicialmente, apresentamos o ensino de

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Ciências no currículo brasileiro, a legislação e os movimentos científicos que contribuíram com as discussões sobre o ensino de Ciências. Depois, refletimos sobre a importância dos recursos didáticos no Ensino de Ciências e, por fim, expomos o conceito de aulas práticas e a importância dos espaços da escola para os processos de ensino e de aprendizagem de Ciências.

No quarto capítulo, Ensino de Ciências no Laboratório, inicialmente apresentamos o Laboratório e seus múltiplos espaços. Em seguida, discorremos sobre a história do Laboratório de Ciências no Brasil e a experimentação nos Laboratórios escolares e, por fim, apresentamos as contribuições do Laboratório de Ciências, particularmente daquele voltado para o Ensino de Biologia.

O capítulo cinco, Ensino de Ciências e Alfabetização Científica, tem como objetivo refletir sobre o Ensino de Ciências e o Letramento Científico e os desafios em atender as demandas dos estudantes do século XXI. Inicialmente, apresentamos algumas reflexões sobre laboratório e sala de aula no ensino e na aprendizagem de Ciências. Em seguida, discorremos sobre questões em aberto do Laboratório de Ciências/Biologia nas escolas. Por fim, trazemos os desafios para o uso do Laboratório de Ciências/Biologia na escola.

No capítulo seis, Metodologia, situaremos o percurso metodológico e os locais pelos quais passamos e registramos de modo a potencializar um encontro entre as indagações realizadas e o contexto vivido. Para tanto, foi necessário fundamentar, descrever e organizar a metodologia utilizada na realização da presente pesquisa e, assim, organizar as ideias para as discussões, reflexões e contribuições para o Ensino e a Aprendizagem de Biologia.

Nos Resultados e Discussões, apresentamos as discussões das categorias a priori — implementação, desenvolvimento e atualidade — sobre o Laboratório de Ciências/Biologia no Estado do Ceará, e os achados das pesquisas e suas relações com os referenciais teóricos. No primeiro momento, dissertamos sobre os dados colhidos durante as observações nas visitas à SEDUC e às escolas. Em seguida, analisamos as entrevistas realizadas com os professores.

Nas Considerações Finais, avaliamos o percurso da construção desta Tese, suas contribuições e possibilidades de outras investigações, uma vez que esta pesquisa pretende contribuir para melhor compreender a História do Laboratório de Ciências/Biologia no estado do Ceará. Ambicionamos dar possibilidade para que a SEDUC, gestão escolar e professores possam fortalecer o desenvolvimento dos Laboratórios de Ciências/Biologia. Não obstante, através da divulgação do estudo, será possível ampliar a discussão sobre o uso do Laboratório de Ciências nas escolas e que seu uso possa ser efetivado no currículo e na rotina escolar.

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2 O ENSINO DE CIÊNCIAS QUE VIVI: MEMÓRIAS E APRENDIZADOS

“O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”

(João Guimarães Rosa).

Como diz o poeta, a vida quer da gente coragem: coragem de mudar, vencer... aprender! A lembrança da vida da gente, do passado, é necessária para compreender de onde vim, para onde posso ou não ir. Dias (1997, p. 10) afirma que

[...] as histórias de vida têm o potencial de humanizar e de dar pistas mais claras, diretas e profundas para o trabalho do educador, uma vez que conseguem de maneira mais simples, através de parábolas singulares, iluminar aspectos importantes da vida diária com crianças.

A motivação pela compreensão dos desafios inerentes ao ensino e a aprendizagem de Ciências surgiu a partir da minha trajetória escolar e profissional. Descreverei1, a seguir, algumas vivências e aprendizados que trago da minha infância até minha formação profissional que, de alguma forma, me constituíram, deixaram marcas em mim e me transformaram em professora do Magistério Superior, criando minhas experiências sobre o ensino e a aprendizagem de Ciências.

Para cada período da minha vida escrevi uma seção neste capítulo, os quais serão apresentados a seguir.

2.1 Educação Infantil (1983-1987)

No período compreendido entre 1983 a 1987, tempo formal para eu ter vivenciado a Educação Infantil, frequentei um espaço diferenciado para aprender a ler e escrever. Destaco as visitas a uma tia que morava no interior do estado do Ceará, na zona rural, e a alegria em acompanhar meus primos, alguns da minha idade e outros mais velhos que iam para a escolinha da Dona Carminha, uma senhora que era agente comunitária de saúde e dava aulas com a cartilha do João e da Maria embaixo do alpendre de sua casa. Nesse pouco tempo tive a oportunidade de acompanhar as aulas da tia Carminha e lá comecei a conhecer algumas letras.

1 Peço licença para escrever na 1ª pessoa do singular nesse capítulo, já que o mesmo trata de aspectos pessoais e

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Ainda me lembro do meu primeiro caderno com lápis e borracha que ganhei de presente. Ficava feliz e tudo me fascinava, pois queria estudar...

2.2 1º Grau/Ensino Fundamental (1988-1996)

Aos 7 anos de idade tive a festa do ABC, chamada festa da Alfabetização, um dia lindo. Lá estava eu com meu vestido amarelo dançando a valsa: era a minha festa dos doutores do ABC. Nesse período, não me recordo de nenhum contato com o Ensino de Ciências na sala de aula, a não ser os dias em que os “homens de branco” traziam flúor e nos ensinavam a escovar os dentes.

Em seguida, comecei o 1º grau2. As aulas de Ciências sempre foram pautadas em explicações e cópias do que a professora escrevia no quadro de giz, cujas cores do mesmo eu adorava. Fui estudante de escola pública durante toda a minha vida acadêmica. Vivenciei na década de 1990 um ensino de Ciências totalmente tradicional, descontextualizado, baseado na exposição do conteúdo, numa via de mão única: do professor para o estudante.

Na 6ª série, tive a oportunidade de ter aula pelo Telensino. O mais importante para mim era o intervalo entre uma aula e outra porque era a hora do desenho animado, sendo o Castelo Rá-Tim-Bum o mais esperado. A professora presencial era polivalente e pedia a leitura do texto que tinha acabado de ser explicado pelos professores da TV para poder realizar a atividade que estava no manual de apoio e depois esperar a próxima aula. As aulas que predominavam nessa época eram as de Matemática e Português, havendo aulas de Ciências apenas uma vez na semana.

Nas aulas de Ciências eu ficava esperando os experimentos e as curiosidades que eles explicavam na TV. Infelizmente, a professora polivalente não trazia atividades que pudessem me ajudar a compreender a importância de se estudar Ciências e sua relação com o meu dia a dia. Os métodos utilizados nas aulas de Ciências eram apenas copiar a pergunta e a resposta de um questionário feito por ela ou resumos feitos no quadro. Na 7ª e 8ª série não foi diferente, pois vivenciei uma aprendizagem pautada na memorização, transmissão e recepção sem a relação com o contexto dos estudantes e pouca significação do conhecimento científico. No 1º grau não tive contato com atividades práticas, tampouco havia espaço para questionamentos junto aos professores.

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Essa realidade tornou o Ensino de Ciências, além de descontextualizado e sem sentido, abstrato demais, isto é, aquém da compreensão da maioria dos estudantes.

2.3 2º Grau/Ensino Médio (1997-1999)

Cursei o 1º ano do Ensino Médio, antigo 2º Grau, em uma escola particular em Itapipoca. As aulas de Biologia eram expositivas e, usando apenas o livro didático, o professor deixava claro que o objetivo de suas aulas era a aprovação no vestibular. Nesse período não tinha dimensão do que seria uma aula prática e só falava em estudar para entrar na faculdade.

Vir morar na capital do estado, Fortaleza, para estudar foi uma das melhores sensações que tive na minha vida. Era comum famílias do interior, que tinham condições financeiras, mandarem seus filhos para estudarem em grandes escolas, o que não era o meu caso: fui para Fortaleza por problemas familiares e acabei sendo acolhida pela tia Maria, que me deu oportunidades de experimentar e aprender o que uma cidade grande poderia me proporcionar.

Foi quando surgiu a possibilidade de concorrer a uma vaga no Liceu do Ceará. Depois de várias tentativas, para minha felicidade, consegui uma vaga. Sempre ouvia esse nome e, por isso, queria muito estudar na escola mais procurada na época. Logo, comecei a fazer amigos e a jogar handball.

Foram muitas experiências positivas e negativas, entre elas o fato de a escola ser umas das maiores, mas a falta de professores era algo absurdo e quase todos os dias saíamos cedo, íamos para praça e/ou jogar devido à ausência dos mesmos. Apesar de todos os problemas de drogas e falta de professores, uma oportunidade me chamou atenção. No 2º ano do Ensino Médio houve a seleção para monitoria do Laboratório de Biologia, na qual fui selecionada.

Fiquei encantada com tantos equipamentos e vislumbrei a oportunidade de realizar algumas práticas porque, até então, não tinha realizado nenhuma. Foram momentos ricos ao ter que aprender o nome das vidrarias e a ansiedade pelas aulas práticas. No entanto, foram poucas as atividades realizadas, pois o professor não tinha muito tempo para trabalhar com os estudantes no Laboratório, além de não fazia parte do horário da escola, já que o mesmo dizia que o foco era o vestibular.

Conclui o 2º Grau e o pouco que pude aprender de Ciências e Biologia para o vestibular, como eles diziam, foi importante porque tudo isso se deu pela colaboração de um professor de Biologia que me apresentou o Laboratório de Ciências e me disse que seria possível entender a ciência cotidiana. O pouco que vi e participei me encheu de orgulho, pois quando eu usava o jaleco me sentia uma cientista.

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2.4 Professora da Educação de Jovens e Adultos (2000)

Logo que concluí a Educação Básica, não sabia o que fazer da minha vida. Não pude fazer o vestibular e já que ia fazer 18 anos precisava trabalhar ou passar na faculdade. Nesse contexto fui chamada para substituir minha prima que dava aula na zona rural do interior do Estado para jovens e adultos. Fiquei animada e aceitei o desafio de começar a ensinar agricultores e donas de casa.

Ao chegar na comunidade fui recebida por uma senhora que era responsável pela sala, uma estrutura da associação sem energia e sem a mínima condição de trabalho. No primeiro momento tentei seguir o planejamento que já tinha sido feito por minha prima, mas não dava certo porque a turma não acompanhava e por isso faltava às aulas. As aulas tinham que ser apenas Português e Matemática, como se só essas áreas fizessem parte da vida daqueles estudantes. Naquela época ganhávamos por estudante; logo, se algum faltasse o dinheiro viria reduzido ou então a turma era fechada. Ao me deparar com a possibilidade de perder a oportunidade de ganhar meu dinheiro, comecei a procurar estratégias e chamar atenção dos estudantes.

Ensino de Ciências nem pensar porque o planejamento já vinha pronto da Secretaria de Educação, mas as discussões sobre Ciências aconteciam no intervalo com histórias de vida contadas pelos agricultores e donas de casa. Comecei a trabalhar com exemplos da realidade deles: “Dona Maria tinha 10 galinhas e vendeu 3 para dona Regina. Com quantas galinha dona Maria ficou?”. E foi assim que os estudantes começaram a voltar e expressavam que estavam felizes em conseguir escrever. Lembro-me do seu João, que começou a ler e disse que queria ser advogado. Eu não tinha dimensão do que tudo aquilo representava, mas fui feliz. Infelizmente, a licença da minha prima acabou e precisei devolver a turma para ela.

Em seguida, fui chamada para outras experiências na cidade e substituições de professores mesmo sem ainda ter feito uma faculdade. Meu sonho era ser formada, mas não sabia como fazer nem se seria professora.

2.5 Estudante da Educação Superior: Licenciatura em Ciências Biológicas – FACEDI/UECE (2002-2007)

Minhas inquietações aumentavam cada vez que eu era chamada para substituir professores, pois não era formada e não sabia como resolver problemas e inquietações da docência. Dessa forma, resolvi tentar o vestibular, quando então fui aprovada na Universidade

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Estadual do Ceará (UECE) para o curso de Licenciatura em Ciências Biológicas no campus da Faculdade de Educação de Itapipoca (FACEDI).

Na Universidade, as disciplinas biológicas não eram muito diferentes do que eu havia vivenciado até então: continuava o ensino livresco e tradicional. No âmbito de sua complexidade, tínhamos problemas de ordem técnica, conjuntural e de infraestrutura, pois sequer tínhamos reagentes ou aparelhos como microscópios e estufas para realizar as atividades práticas. Tínhamos períodos de discussões e reflexões sobre os problemas do ensino e o que representava estar fazendo um curso recém implementado que não tinha equipamento nem laboratórios. Além disso, alguns professores eram bacharéis e com dificuldades para atuar em um curso de formação para a docência.

Com o passar dos semestres um grupo pequeno de graduandos dos cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas e Pedagogia resolveu criar um Projeto para preparar os estudantes para o vestibular: FACIVEST - FACEDI incentivando o vestibular. Foi um período de grandes desafios, pois não tínhamos o apoio da gestão e, algumas vezes, nos faltava formação para tamanho desafio que era passar nas escolas públicas e convidar os estudantes para participarem das aulas ministradas pelos graduandos. Tínhamos, porém, apoio dos diretores e de alguns professores das escolas.

Antes mesmo de concluir a graduação, continuei as experiências de lecionar, mas agora com as disciplinas de Ciências e Biologia no Ensino Fundamental e Médio em uma escola pública e em uma escola particular no município de Itapipoca, evidenciando a falta de profissionais na área e o não cumprimento da legislação do magistério. Com o meu ingresso nas escolas da Educação Básica, comecei a me dedicar mais ao ensino de Ciências e Biologia procurando alternativas que tornassem as aulas mais atraentes e que pudessem direcionar a curiosidade dos estudantes para as disciplinas científicas.

As dificuldades eram muitas, pois eu precisava superar aquele ensino descontextualizado e tradicional, porém minha formação não havia sido nesta perspectiva e, cada vez mais, eu percebia a necessidade de aprofundar meu conhecimento sobre as disciplinas de Ciências e Biologia para buscar estratégias visando melhor trabalhar os conteúdos em sala de aula e no Laboratório de Ciências, mesmo com condições mínimas de execução.

No ano 2007 conclui o curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e comecei a minha jornada como professora formada.

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2.6 Professora da Educação Básica (2008-2009)

Em 2008 e 2009 trabalhei em uma escola estadual de educação profissional e em duas escolas particulares da educação básica. Nessas três experiências pude trabalhar realidades diferentes. Na escola profissional tinha Laboratório de Biologia com todo equipamento e materiais que eu quisesse usar para oportunizar aulas práticas e demonstrações com os estudantes.

Esses momentos aconteciam porque faziam parte do meu planejamento. Nessa escola tinha outra professora de Biologia que, diferente de mim, trabalhava apenas em sala de aula. Apesar de saber da importância desse espaço, pouco era discutido em planejamento o motivo dela não usar.

Participei com os meus estudantes de feiras regionais de ciências e apresentei o trabalho realizado em sala de aula e no Laboratório da escola, como extração de DNA, coleta seletiva de lixo, microscopia, dentre outros. As aulas que eu ministrava em sala eram com materiais de baixo custo e, sempre que possível, levava os estudantes para aula de campo e atividades em outros espaços da escola, como jardim e quadra de esportes.

Já nas duas escolas particulares não tinha estrutura, mas logo que entrei solicitei à gestão das duas escolas uma sala para montar o Laboratório de Ciências. No mesmo ano, em uma delas, foram comprados modelos anatômicos, microscópios, vidrarias, reagente e a coleção didática para as aulas de Ciências e Biologia. Foram aulas de microscopia e uso de modelos referente à Anatomia e Fisiologia. Na outra escola, o laboratório ficou apenas na promessa.

As aulas nessas três escolas eram dinâmicas e participativas. Sempre fui uma professora querida pela turma. As aulas, em sua maioria, eram teórico-práticas com atividades em sala e/ou laboratório. Lecionava Biologia na escola profissional para alunos do 2º e 3º ano do Ensino Médio, e nas duas escolas particulares lecionava Ciências para os estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental e Biologia no Ensino Médio. Os estudantes sempre relataram que as melhores aulas eram de Ciências e Biologia, porque eles associavam sua vida ao cotidiano. Isso era possível ser acompanhado nas avaliações mensais, bimestrais e nos conselhos de classe.

Na escola pública tive todo cenário para fazer um trabalho com responsabilidade, pois tinha tempo de planejamento, Laboratório de Biologia e outros espaços como Laboratório de Informática e um grupo de estudantes que passava o dia todo na escola com os mesmos professores, mesmo presenciando professores acomodados e desmotivados. Nas escolas

Referências

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