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Proposta de framework para avaliar o desempenho de organizações do terceiro setor

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Academic year: 2021

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(1)1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CONTABILIDADE. MARCELO MEDEIROS DA ROSA. PROPOSTA DE FRAMEWORK PARA AVALIAR O DESEMPENHO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO. Florianópolis 2018.

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(3) 1. Marcelo Medeiros da Rosa. PROPOSTA DE FRAMEWORK PARA AVALIAR O DESEMPENHO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Contabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Contabilidade.. Orientador: Prof. Sérgio Murilo Petri, Dr.. Florianópolis 2018.

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(5) 3. MARCELO MEDEIROS DA ROSA. PROPOSTA DE FRAMEWORK PARA AVALIAR O DESEMPENHO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Contabilidade e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Contabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 28 de março de 2018.. _________________________________ Profa. Ilse Maria Beuren, Dra. Coordenadora do Curso Banca Examinadora: _________________________________ Prof. Sérgio Murilo Petri, Dr. Orientador Universidade Federal de Santa Catarina. _________________________________ Profa. Fabricia Silva da Rosa, Dra. Universidade Federal de Santa Catarina. _________________________________ Prof. Luiz Alberton, Dr. Universidade Federal de Santa Catarina. _________________________________ Prof. Jacir Leonir Casagrande, Dr. Universidade do Sul de Santa Catarina.

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(7) 5. Para Patrícia. Teresinha, Marcos, Volnei e Dilma, apoiadores incondicionais de todos os dias, todos os tempos, nesta e em outras dimensões..

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(9) 7. AGRADECIMENTOS. Agradecer a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização desta pesquisa em uma única página é uma tarefa tão difícil quanto cumprir os requisitos do Mestrado, mas vamos lá: Obrigado mãe e mano pelo exemplo de retidão e resiliência que alicerçaram minha caminhada profissional e acadêmica; À Patrícia, pela paciência e apoio. Muitas vezes sua força e crença foram maiores que as minhas. Você, mais do que ninguém, acreditou que a realização deste sonho era possível; Ao Prof. Petri, pelo apoio e pela paciência durante os anos de orientação e parceria, iniciadas na época da especialização feita em 2011; Aos amigos Fabiano Bernardo, parceiro de pesquisas e grande incentivador desta caminhada, e Vinícius Dezem, pelos materiais e suporte metodológico, em especial, no que diz respeito aos instrumentos aqui utilizados; Aos colegas de turma pela troca de experiências e apoio total durante as disciplinas - em especial, às futuras Doutoras Manu e Fabi; A todos os amigos e colegas de trabalho, em especial ao Marcelo, Arieni, Alziro, Bruna, Caco, Daniel, Gisele e Marília, que incentivaram e entenderam os momentos de ausência (inclusive as de espírito) necessários para que este caminho fosse trilhado; Ao Prof. Felipe Cantório, do IFSC, e aos amigos Aline Nunes e Evandro Badin por contribuírem para que esta pesquisa fosse feita; Aos professores do PPGC, em especial os professores Altair e Alonso, e aos membros da banca, agradeço pela dedicação, disponibilidade e pelo conhecimento transmitido durante as disciplinas; A todos os amigos e familiares que entenderam as ausências que esta longa caminhada exige, incluindo difíceis negativas aos convites para as degustações de cachaça artesanal e rodas de samba e chorinho, muitíssimo obrigado!.

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(11) 9. “...How I wish How I wish you were here We're just two lost souls Swimming in a fish bowl Year after year Running over the same old ground What have we found? The same old fears Wish you were here” (David Gilmour e Roger Waters).

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(13) 11. RESUMO. As mudanças organizacionais, decorrentes da globalização e constante evolução tecnológica, exigem maior dinamismo, responsabilidade e adaptabilidade das organizações na tentativa de se manterem ativas e operando. Tais mudanças, iniciadas no século XX, somados a deficiência do Estado no atendimento de seus governados e o aumento da participação da sociedade civil nas demandas sociais, proporcionaram o crescimento das organizações do terceiro setor. Estas organizações, dotadas de importância significativa para a sociedade e a economia contemporânea, têm sido pressionadas a mudar sua cultura, muitas vezes associadas a iniciativas de autogestão e de pouca sofisticação em termos gerenciais para demonstrar o resultado, ou seja, a avaliar o seu desempenho e a eficácia de suas ações. O objetivo deste estudo é construir uma proposta de framework para avaliar o desempenho das organizações do terceiro setor. Em termos metodológicos, a pesquisa que é classificada como qualitativa, de lógica dedutiva, aplicada quanto aos resultados de pesquisa e a fonte de dados utilizada foi a secundárias. É apresentada a proposta de framework para avaliar o desempenho de organizações do terceiro setor estabelecida em quatro fases (contextualização, estruturação, avaliação e propor aperfeiçoamentos). A proposta elaborada visa permitir as organizações deste setor compreendam os impactos mais amplos da prestação de serviços a partir do ponto de vista das partes interessadas. Ela buscou integrar a missão, os stakeholders e estratégias com os elementos de avaliação do desempenho organizacional no terceiro setor, além de incorporar aspectos de outras metodologias de avaliação de desempenho, tais como (i) o envolvimento dos stakeholders; (ii) a indicação das perspectivas a serem utilizadas; (iii) a inclusão de aspectos relacionados às capacidades da organização; e (iv) a possibilidade da proposta de modelo ser útil para monitorar e melhorar o desempenho. Outrossim, a proposta de framework propõe o uso de escalas cardinais de intervalo na avaliação do desempenho, que agregam a quantificação da diferença entre os níveis da escala, situação que eleva o nível de conhecimento gerado e torna o processo de tomada de decisão das organizações do Terceiro setor fundamentado em informações verossímeis. Palavras-chave: Avaliação de Desempenho, Terceiro Setor, Tomada de Decisão..

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(15) 13. ABSTRACT. Organizational changes, resulting from globalization and constant technological evolution, require greater dynamism, responsibility and adaptability of organizations in an attempt to remain active and operating. These changes, which began in the twentieth century, added to the deficiency of the State in serving its governed and increasing the participation of civil society in social demands, provided the growth of third sector organizations. These organizations, which are of significant importance to society and the contemporary economy, have been pressured to change their culture, often associated with self-management initiatives and little managerial sophistication to demonstrate the outcome, ie to evaluate their performance and the effectiveness of their actions. The objective of this study is to build a framework proposal to evaluate the performance of third sector organizations. In methodological terms, the research that is classified as qualitative, of deductive logic, applied to the research results and the data source used was secondary. The proposed framework for evaluating the performance of third sector organizations established in four phases (contextualization, structuring, evaluation and proposing improvements) is presented. The proposal is intended to enable organizations in this sector to understand the broader impacts of service delivery from the point of view of stakeholders. It sought to integrate the mission, stakeholders and strategies with the organizational performance evaluation elements in the third sector, as well as to incorporate aspects of other performance evaluation methodologies such as (i) stakeholder involvement; (ii) indication of the perspectives to be used; (iii) the inclusion of aspects related to the organization's capabilities; and (iv) the possibility of the model proposal being useful for monitoring and improving performance. In addition, the framework proposal proposes the use of cardinal interval scales in the performance evaluation, which aggregate the quantification of the difference between the levels of the scale, a situation that raises the level of knowledge generated and makes the decision-making process of the organizations of the Third sector based on credible information. Keywords: Performance Evaluation, Third Sector, Decision Making..

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(17) 15. LISTA DE FIGURAS. Figura 1 - Terceiro Setor ....................................................................... 34 Figura 2 - Critérios da eficácia das organizações do Terceiro Setor ..... 47 Figura 3 - Evolução da abordagem do Balanced Scorecard ................. 61 Figura 4 - Perspectivas do Balanced Scorecard ................................... 63 Figura 5 - BSC organizações privadas x sem fins lucrativos. ............... 68 Figura 6 - As Cinco Faces da Performance Prism ................................ 72 Figura 7 - Framework do Modelo de Excelência EFQM ...................... 73 Figura 8 -Estrutura da CVF ................................................................... 77 Figura 9 - Fases do Processo de Operacionalização do ProKnow-C ... 89 Figura 10 - Operacionalização da Coleta dos Dados............................. 91 Figura 11 -Estrutura do Balanced Scorecard Aperfeiçoada. ................. 95 Figura 12 - Construção da escala cardinal usando o MACBETH ........ 100 Figura 13 - Design da Proposta de Framework de Avaliação do Desempenho de Organizações do Terceiro Setor ................................ 109 Figura 14 - Fase de Contextualização ................................................. 110 Figura 15 - Fase de Estruturação ......................................................... 113 Figura 16 - Mapa Estratégico para Organizações do Terceiro Setor ... 114 Figura 17 - Framework de Estrutura Arborescente ............................. 115 Figura 18 - Fase de Avaliação ............................................................. 117 Figura 19 - Fase de Propor Aperfeiçoamentos .................................... 120 Figura 20 - Proposta de Modelo Estruturado ...................................... 121.

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(19) 17. LISTA DE QUADROS. Quadro 1 - Principais Abordagens de Avaliação de Desempenho Organizacional entre as décadas de 1930 e 1970; ................................. 50 Quadro 2 - Abordagens criadas a partir da década de 1980 .................. 52 Quadro 3 -Abordagens mais utilizadas em 2013 e 2015. ...................... 57 Quadro 4 -Potencialidades e Aplicações no Terceiro Setor .................. 78 Quadro 5 -Técnicas de pesquisa qualitativa e suas características ........ 85 Quadro 6 - Eixos de Pesquisa e Base de Dados utilizados .................... 92 Quadro 7 - Portfólio Bibliográfico ........................................................ 93.

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(21) 19. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS. ABONG AD AHP APL BSC CAPES CBA CEMPRE CEVITA CF CPMF CVF DEA EFQM EVA FAHP FASFIL GIFE IBGE IDIS IPEA LabMCDA MACBETH MCDA-C MDEA MIMNOE ONG OSCIP PB. Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais Avaliação de Desempenho Analytic Hierarchy Process Action-Profit Linkage Balanced Scorecard Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Cost-Benefit Analysis Cadastro Central de Empresa Capability Economic Value of Intangible and Tangible Assets Model Constituição Federal Cambridge Performance Measurement Framework Competing Values Framework Data Envelopment Analysis (Análise Envoltória de Dados) European Foundation for Quality Management Economic Value Added Fuzzy Analytical Hierarchy Process Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil Grupo de Institutos Fundações e Empresas Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Laboratório de Metodologias Multicritério em Apoio à Decisão Measuring Attractiveness by a Categorical Based Evaluation Technique Metodologia de Apoio à Decisão - Construtivista Multiperiod Data Envelopment Analysis Multidimensional and Integrated Model of Nonprofit Organizational Effectiveness Organização Não Governamental Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Portfólio Bibliográfico.

(22) 20. PDGBS ProKnow-C ROQ SMART SROI TQC. Performance, Development, Growth Benchmarking System Knowledge Development Process – Constructivist eturno n Quality Approach Strategic Measurement and Reporting Technique Social Return On Investment Total Quality Control.

(23) 21. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 23 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA .................................. 23 1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ......................................................... 24 1.3 OBJETIVOS.................................................................................... 25 1.3.1 Objetivo geral ............................................................................. 25 1.3.2 Objetivos específicos .................................................................. 25 1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................ 26 1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ................................................... 28 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................... 28 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................... 31 2.1 O TERCEIRO SETOR .................................................................... 31 2.1.1 Conceito e características .......................................................... 32 2.1.2 Aspectos legais ............................................................................ 37 2.2 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO (AD) ...................................... 40 2.2.1 Conceito e terminologia ............................................................. 40 2.2.2 Aspectos históricos ..................................................................... 43 2.3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR ....................................................................... 45 2.4 ABORDAGENS DE AVALIÇÃO DE DESEMPENHO ORGANIZACIONAL ........................................................................... 48 2.4.1 Modelos utilizados no Terceiro Setor ....................................... 58 2.4.1.1 Social Return on Investment (SROI).......................................... 58 2.4.1.1.1 Princípios e Estágios .............................................................. 59 2.4.1.2 Balanced Scorecard (BSC)........................................................ 60 2.4.1.2.1 O BSC em Organizações do Terceiro Setor ........................... 66 2.4.1.3 Benchmarking............................................................................ 69 2.4.1.4 Performance Prism ................................................................... 71 2.4.1.5 Modelo de Excelência EFQM ................................................... 73 2.4.1.6 Multidimensional and Integrated Model of Nonprofit Organizational Effectiveness (MIMNOE) ............................................ 74 2.4.1.7 Competing Values Framework (CVF)....................................... 75 2.5 POTENCIALIDADES DAS ABORDAGENS PARA O TERCEIRO SETOR.............................................................................. 78 3 MÉTODO E PROCEDIMENTOS DE PESQUISA ...................... 83 3.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO.................................... 83 3.1.1 Lógica da pesquisa ..................................................................... 86 3.1.2 Procedimentos de pesquisa ........................................................ 86 3.1.3 Coleta de dados ........................................................................... 87.

(24) 22. 3.1.4 Resultados da pesquisa .............................................................. 88 3.2 INSTRUMENTOS DE PESQUISA ................................................ 88 3.2.1 Knowledge Development Process-Constructivist (ProKnow-C) ........................................................................................ 88 3.2.2 Procedimento para coleta de dados .......................................... 89 3.4 PROCEDIMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DO MODELO .... 94 3.4.1 Etapa de contextualização ......................................................... 97 3.4.2 Etapa de estruturação ................................................................ 98 3.4.3 Etapa de avaliação ..................................................................... 98 3.4.4 Etapas de aprimoramentos efetividade e proatividade e flexibilidade e operacionalidade ...................................................... 101 4 RESULTADOS .............................................................................. 103 4.1 ANÁLISE DOS ARTIGOS QUE COMPOEM O PORTFÓLIO BRUTO ........................................................................ 103 4.2.1 Fase de contextualização ......................................................... 110 4.2.2 Fase de estruturação ................................................................ 113 4.2.3 Fase de avaliação ...................................................................... 116 4.2.4 Fase de propor aperfeiçoamentos ........................................... 118 4.3 LIMITAÇÕES DA PROPOSTA ................................................... 122 4.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................. 122 5 CONCLUSÃO ................................................................................ 125 5. 1 O PROBLEMA DE PESQUISA E OS OBJETIVOS ................... 125 5.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA .................................................... 127 5.3 RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ............... 128 REFERÊNCIAS ................................................................................ 129.

(25) 23. 1 INTRODUÇÃO. Neste capítulo, objetiva-se apresentar as questões introdutórias do estudo, com a contextualização do tema investigado e o problema de pesquisa. Em seguida, têm-se os objetivos geral e específicos, que auxiliaram na resolução do problema de pesquisa, bem como a justificativa, que pretende explicitar as circunstâncias, proposições e relevância desta pesquisa. Por fim, as delimitações de escopo e a estrutura do trabalho são apresentadas. 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA As frequentes mudanças no ambiente organizacional, em virtude da globalização e do aumento da competitividade, tornam as tarefas e as relações empresariais cada vez mais complexas e oportunizam novos arranjos institucionais. Este cenário tem exigido maior dinamismo, responsabilidade e adaptabilidade na construção de um diferencial competitivo sustentável. Esta vantagem impulsiona as organizações na tentativa de se manterem no mercado por um maior período de tempo possível. À medida que o século XXI avança, cresce também a convicção de que o mundo está mudando. Questões como o aquecimento global e sustentabilidade do planeta estão se tornando preocupações fundamentais para todos, de cidadãos, empresas multinacionais, a servidores públicos e agentes políticos (BITITCI et al. 2012). Somados a esses fatores, a deficiência do Estado na promoção de serviços públicos e o novo papel exercido pela sociedade, de corresponsável pelas demandas sociais, são fatores que contribuíram para o crescimento e fortalecimento de organizações do terceiro setor que surgiram como parte da solução dos problemas sociais. (MOXHAM, 2009; PAULA et al. 2009; QUINTAIROS et al. 2010; HELMIG; INGERFURTH; PINZ, 2014; ARENA; AZZONE; BENGO, 2015; ROSA et al. 2016). Na medida em que as organizações vinculadas ao terceiro setor têm uma importância significativa na sociedade e na economia contemporânea, cresce também a exigência por demonstrar a sua eficácia. Para Lebarcky et al. (2009), graças às origens e objetivos, muitas vezes associadas a iniciativas de autogestão e a movimentos voltados a questões sociais, as organizações deste setor desenvolveram.

(26) 24. resistência à adoção de práticas de gestão, vistas como ferramentas do setor privado. Esse cenário faz com que os gestores dessas organizações necessitem avaliar o seu desempenho. Entretanto, apenas medidas financeiras, ou medidas que sejam complementadas com uma coleção de medidas não-financeiras aleatórias ou copiadas de modelos utilizados por empresas com fins lucrativos, não são suficientes para motivar e avaliar o cumprimento da missão. Mesmo as empresas com fins lucrativos reconheceram recentemente que uma abordagem (ou metodologia) de avaliação do desempenho que utiliza apenas medidas financeiras é inadequado para medir o desempenho organizacional. Demonstrações contábeis medem desempenho passado e pouco comunicam sobre a criação de valor no longo prazo (KAPLAN, 2001; LIMA; SOARES; LIMA, 2011). Para remediar esta lacuna, abordagens e metodologias originadas do setor privado foram adaptadas para a realidade das organizações do terceiro setor. Entretanto, poucas abordagens integram diferentes medidas de desempenho relevantes, que incorporem múltiplas dimensões para entidades sem fins lucrativos, embora iniciativas de avaliação de programas tenham sido lançadas (MEDINA-BORJA; TRIANTIS, 2007). 1.2 PROBLEMA DE PESQUISA A definição do problema de pesquisa é parte fundamental do processo de investigação científica. Ao desenvolvê-lo é necessário preocupar-se com a originalidade do questionamento, de modo que o estudo promova a inclusão de novos conhecimentos em relação a assuntos e situações que se pretende investigar (RICHARDSON, 2008). Desde a Carta Magna de 1988, o Estado deixou de ser o único responsável pelo desenvolvimento social. De acordo com Laurindo (2006), à sociedade foi incumbido o dever de exercer cidadania e assumir a responsabilidade atribuída pela Constituição por meio do terceiro setor, passando a atribuir crescente importância à cidadania, à educação, à segurança, ao meio ambiente e ao bem-estar social. Dada a incapacidade dos governos em atender aos anseios de seus governados, as organizações sem fins lucrativos assumiram importante papel para a sociedade, agindo como parte da solução dos problemas sociais – problemas estes que o Estado, muitas vezes, se mostra incapaz de atuar de modo eficientemente e com efetividade..

(27) 25. Em conjunto, a atual instabilidade econômica teve um efeito adverso sobre o volume de doações públicas e privadas feitas para o terceiro setor. Como resultado, a necessidade das organizações serem transparentes, eficientes e conseguirem mostrar o seu valor para a sociedade e para os stakeholders, de forma a garantir a manutenção de recursos, levou a temática da avaliação de desempenho à discussão. Observadas as peculiaridades dessas entidades, o problema de investigação proposta é: Quais as etapas para a construção de uma proposta framework para a avaliação do desempenho das organizações do Terceiro setor? 1.3 OBJETIVOS O objetivo geral e os respectivos objetivos específicos foram elaborados a partir do problema de pesquisa apresentado. Cabe salientar que o objetivo geral, por definição, é a declaração expressa daquilo que se pretende alcançar com a realização da pesquisa. Os objetivos específicos permitem definir os aspectos específicos que serão abordados e que permitirá alcançar o objetivo geral e em consequência responder ao problema investigado (RICHARDSON, 2008). 1.3.1 Objetivo geral Construir uma proposta de framework para avaliar o desempenho das organizações do Terceiro setor. 1.3.2 Objetivos específicos O objetivo geral desta pesquisa será atendido com o alcance dos seguintes objetivos específicos: a) Estabelecer as fases de uma proposta estruturada para avaliar o desempenho das organizações do terceiro setor; b) Apresentar os componentes de cada fase da proposta de framework para avaliar o desempenho das organizações que compõem o referido setor. c) Evidenciar a operacionalização da proposta de framework para avaliar o desempenho de organizações do terceiro setor..

(28) 26. 1.4 JUSTIFICATIVA Este estudo se justificativa pela relevância do terceiro setor, que é composto pelo conjunto de iniciativas particulares, com foco social, nas as áreas de educação, saúde, cultura, meio ambiente, esporte e lazer. O crescimento do número de organizações sem fins lucrativos, nos últimos anos, deve-se à latente incapacidade dos governos em atender às novas demandas sociais (LEROUX; WRIGHT, 2010). O ambiente em que as desse setor atua está permeado por "expectativas de avaliação". As pressões para a melhoria do desempenho e os padrões de como avaliar a efetividade de suas ações são provenientes de várias fontes - financiadores, público atendido, governo, etc. e, em muitos casos, focados exclusivamente em um conjunto restritos de indicadores financeiros que visam apurar a acurácia da gestão orçamentária (CAIRNS et al, 2015). Para Eydi (2015), semelhante a organizações públicas e com as que visam lucro, as organizações sem fins lucrativos estão sob pressão contínua para desenvolver estratégias e práticas de gestão que asseguram efetividade organizacional. Isto se dá pelo fato que muitas organizações do terceiro setor dependem do financiamento público para sobreviver e fornecer serviços sociais. Neste sentido, a avaliação de desempenho tem se configurado como uma importante ferramenta para o monitoramento dessas organizações e, por isso, precisa ser desenvolvida e aprofundada. Nos últimos anos, o foco dos acadêmicos foi, principalmente, defender e desenvolver estruturas de desempenho organizacional mais abrangentes e multidimensionais, dando ênfase a a percepção que um tema complexo como o desempenho organizacional pode ser melhor percebido por meio de uma estrutura multidimensional do que originada de um único construto (EYDI, 2015). A literatura acadêmica existente sobre o tema é, predominantemente, composta por pesquisas empíricas isoladas e estudos quantitativos, o que denota a necessidade de estudos que se proponham a avaliar de forma multidimensional as organizações deste tipo (ROJAS, 2000; CAMPBELL, 2002; HOEFER, 2000; ZIMMERMANN; STEVENS, 2006; MOXHAM; BOADEN, 2007; CORDERY; SINCLAIR, 2013; LEE; NOWELL, 2015). Embora o setor tenha sido descrito como único em comparação com os setores público e privado (MOXHAM, 2009), a literatura apresenta drivers semelhantes para avaliar o desempenho nos três setores. Para avaliar organizações dos setores privado e público,.

(29) 27. pesquisadores enfatizam que os elementos de avaliação devem ser relevantes, integrados, equilibrados, estratégicos e orientados para a melhoria. No entanto, quando aplicado em organizações do terceiro setor, as abordagens (ou metodologias) de avaliação são sem foco e não dão suporte à melhoria contínua. Neste sentido, Rojas (2000) complementa: as organizações desse setor estão adotando medidas avaliação do desempenho de forma aleatória. Apesar de o tema ser objeto de muitas pesquisas empíricas, poucos estudos objetivaram melhorar o desempenho global das entidades (MICHELI; KENNERLEY, 2005). Kaplan (2001), por sua vez, afirma que essas organizações, embora tenham, em sua maioria, declarações claras de missão, quase nunca desenvolvem modelos de avaliação do desempenho capazes de revelar se a organização conseguiu cumprir sua missão. Ademais, segundo o autor, as entidades têm dificuldades consideráveis de desdobrar a missão em objetivos estratégicos claros e atingíveis em virtude de suas particularidades. Além disso, as pesquisas têm se concentrado em aspectos mais formais com relação à mensuração do desempenho, ao invés de aprofundar-se no processo de mensuração, que abrange a forma como os dados são obtidos, analisados, interpretados, comunicados e qual o impacto deste processo no próprio desempenho organizacional (BOURNE; KENNERLEY; FRANCO-SANTOS, 2005). Neste sentido, percebe-se a carência de estudos que proponham modelos de avaliação em que a realização da missão seja uma variável dependente (HELMIG; INGERFURTH; PINZ, 2014), e busquem avaliar a organização como um todo, de forma estruturada e equilibrada (MILLAR; HALL, 2013). Com base nos gaps apresentados, é possível concluir que apesar dos estudos contribuírem de diversas formas para o tema de avaliação do desempenho de organizações do terceiro setor, nenhum aborda o assunto de maneira completa, ou seja, não contemplam as necessidades e expectativas dos seus stakeholders, não são multidimensionais, integrados e decorrentes da missão da organização. Logo, os indicadores tornam-se desconexos e não informam o status quo do desempenho, focando, em sua maioria, em fatores exclusivamente financeiros tal qual se faz para avaliar organizações de outros setores. Assim sendo, este estudo buscou elaborar uma proposta de framework de avaliação do desempenho de organizações do terceiro setor, utilizando ferramentas reconhecidas no mercado e na literatura e.

(30) 28. com foco em proporcionar a compreensão e controle necessários para sua aplicação. 1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA Com objetivo de evitar expectativas além daquelas que constituem objeto de pesquisa, vale ressaltar as delimitações desta pesquisa, ou seja, esclarecer aquilo que será tratado no decorrer do estudo. No que se refere à delimitação, por se tratar de um estudo bibliográfico de caráter teórico, a proposta de modelo de avaliação do desempenho apresentada deve ser aplicada somente em organizações do terceiro setor, não sendo aconselhável a replicação em organizações públicas ou privadas sem a devida adaptação e validação científica. 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO Este estudo está organizado em cinco capítulos, de forma a facilitar a compreensão dos assuntos aqui tratados. No primeiro apresenta-se a introdução com uma breve contextualização daquilo que é pretendido na pesquisa e alguns destaques do que se pretende explorar com maior ênfase na fundamentação teórica. O problema da pesquisa, os objetivos geral e específicos, a justificativa, as delimitações e a estrutura do trabalho também estão descritas no capítulo 1. No capítulo 2, tem-se a revisão da literatura. Apresenta-se inicialmente visão adotada sobre o terceiro setor, seu histórico e principais características – que, fundamentalmente, as diferem das organizações privadas com fins econômicos. Na sequência, o tema é a avaliação de desempenho de organizações, sua terminologia de desempenho, e a avaliação de desempenho aplicada no terceiro setor. Por fim, apresentam-se as metodologias utilizadas por entidades sem fins lucrativos que são mencionadas pelos pesquisadores que compõem o Portfólio Bibliográfico. No terceiro capitulo, descrevem-se os aspectos do delineamento da pesquisa, definição o objeto de estudo, constructo da pesquisa, instrumento de intervenção e finalmente a exposição das técnicas de análise e interpretação dos dados. O capítulo 4 é reservado à análise dos dados, cujo objetivo é responder a questão de pesquisa deste trabalho. Nele é apresentada a proposta de framework para avaliar o desempenho de organizações do.

(31) 29. terceiro setor, as limitações da proposta e as contribuições científicas geradas. No capítulo cinco expõem-se as conclusões e recomendações de futuros estudos sobre o tema investigado..

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(33) 31. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. Nesta seção, objetiva-se contextualizar a área do conhecimento relacionada ao terceiro setor e avaliação de desempenho, incluindo a interação entre os temas. Para tanto, faz-se a apresentação do contexto histórico sobre os temas e conceitos extraídos da literatura científica, que compõe a base teórica necessária à compreensão do tema deste estudo, e de relevância para o alcance dos objetivos deste estudo. 2.1 O TERCEIRO SETOR Embora grupos organizados que atuam na prestação de serviços sociais e assistenciais existam há milhares de anos, como a Igreja Católica, foi apenas a partir da década de 1950 que passaram a ter reconhecimento da sociedade com a criação do “Nonprofit Sector”, ou Setor Sem Fins Lucrativos. Este setor se caracterizava por ações de caridade, financiadas por doações voluntárias e com estreitas relações com os ideais da livre iniciativa, do filantropismo e do associativismo da população norte-americana (HALL, 1994). Após a II Guerra Mundial, a ideia de responsabilidade pública pelo bem-estar social ganhou amplo e forte apoio político na maior parte da Europa Ocidental, mas só na década de 1970, no entanto, as dúvidas quanto ao crescimento e o caráter do Welfare State do Setor Público começaram a ser debatidas. O Primeiro setor abraçou muitas áreas da vida humana e foi visto como muito caro, ineficiente e excessivamente regulado (SAWHIL; WILLIAMSON, 2001). Esse tipo de atividade não estatal, criada a partir da impossibilidade do Estado em solucionar os problemas que se agravaram a partir das mudanças dos contextos social e econômico ocorridas desde a Revolução Industrial, como a recessão de escala mundial enfrentada países decorrência da crise no petróleo em 1973, recebeu a terminologia de “Third Sector”, ou Terceiro Setor, pois não se encaixavam nas características jurídicas, econômicas e de atuação dos entes estatal, tampouco do mercado. No Brasil, as primeiras discussões sobre o tema surgiram na época do regime militar, período em que as instituições de caráter filantrópico e assistencial uniram-se aos movimentos sociais e, com o apoio das Comunidades Eclesiais de Base, passam a atuar em situações de repressão e perseguição política e desigualdade e injustiça social..

(34) 32. De acordo com Lebarcky et al. (2009), até o final da década de 1980, o trabalho das organizações do terceiro setor consistia em ações isoladas, de caráter assistencialista e sem grandes pretensões, que ganharam relevância pela formalização e pelo reconhecimento que seus atos impactam diretamente em aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos na sociedade, representando, na visão de Tenório (1999), Lindgren (2001) e Smith (2005), a vitalidade e a saúde das sociedades democráticas, constituindo-se como uma arena importante para a comunicação humana, onde as diferentes opiniões são alinhadas entre si (TENÓRIO, 1999; LINDGREN; 2001; SMITH, 2005). Segundo Salamon e Anheier (1997), o estudo sobre o terceiro setor e países em desenvolvimento foi suprimido pela falta de teoria adequada. Grande parte dos materiais disponíveis sobre instituições sem fins lucrativos surgiu no contexto de sociedades ocidentais avançadas. Logo, este campo tomou para si como características muitas vezes em falta a países pouco desenvolvidos, como economias de mercado e sistemas políticos democráticos. Importante destacar também que é comum também o uso do termo sociedade civil como alternativo a terceiro setor, mas de difícil definição (BUNYAN, 2014). Edwards (2000) propõe que o termo Sociedade Civil inclui todas as associações e redes entre a família e o Estado. Muukkonen (2009) complementa, incluindo a Igreja e o mercado. Steinhoff (2014) propõe ainda uma diferença entre a sociedade civil e o terceiro setor, afirmando que a primeira é composta por atividades que necessariamente promovem a democracia. Apesar de sua controvérsia conceitual, estes estudos perpassam vários temas, como caridade, voluntariado, economia social e entre outros. Posto tal dicotomia, faz-se necessária a apresentação da visão dos pesquisadores sobre o terceiro setor e suas características. 2.1.1 Conceito e características Corry (2010) divide as definições e teorias existentes sobre o tema em duas categorias principais. A primeira coloca a ênfase nas definições, enquanto a segunda compreende abordagens: (i) na primeira encontram-se aqueles que pretendem definir o terceiro setor procuram compreendê-lo como certo tipo de instituição (ou grupo de atores) com características específicas do "Nonprofit Sector" - estas definições ontológicas oferecem visões diferentes sobre o que faz parte e o que está excluído desta categoria; e (ii) a segunda concebe o terceiro setor não.

(35) 33. como um objeto esperando para ser definido de forma autoritária, mas como um tipo de processo societal. Essas abordagens "epistemológicas" (assim chamadas, porque consideram os tipos de conhecimento de que dependem) incluem também uma variedade de perspectivas - uma visão de Teoria de Sistemas vê o setor como uma forma particular de comunicação entre diferentes sistemas sociais que facilitam certas atividades enquanto obstruem outras, enquanto uma visão crítica da sociedade civil o vê como uma zona de diálogo ou luta entre diversos atores e detentores de poder institucional. De acordo com Pereira et al. (2013), a definição de terceiro setor é controversa. Tido muitas vezes por pesquisadores como um setor homogêneo, com pequena diversidade e qualidade de estudos sobre o tema, tem sua atuação, na verdade, heterogênea. Neste sentido, Etzioni (1973), entende o terceiro setor como um setor alternativo separado e equilibrado do Estado e do Mercado, em que as proprias organizações de cunho filantrópico e social se reconheciam como setores separados. Se algo não é governado principalmente pela lógica do mercado nem por uma cadeia de comando burocrática, deve fazer parte do "terceiro" setor. Ainda de acordo com o autor, o terceiro setor é uma maneira de reduzir o governo em todos os níveis e uma maneira de envolver o setor privado em questões de cunho social, sendo significativamente mais eficaz do que as deixando a cargado do Mercado. Esta categoria pode ser subdividida em uma visão americana, que, segundo Laville et al. (1999) é o modelo internacional dominante para o termo, e a europeia. A primeira vê o terceiro setor como um setor discreto caracterizado por certas qualidades como a civilidade; já os teóricos europeus tendem a ter uma visão híbrida, que considera as organizações do setor essencialmente como misturas de outros tipos de organização, como privadas e públicas, tendo limitações à distribuição de lucros e buscando um benefício comunitário, incluindo organizações como empresas sociais e cooperativas (DEFOURNY; NYSSENS, 2010). A Figura 1 busca, de forma resumida, esclarecer esse entendimento:.

(36) 34. Figura 1 - Terceiro Setor. Fonte: Adaptado de Laville et al. (1999).. No primeiro setor, o Estado exerce, por meio de seus órgãos e entidades, suas múltiplas atividades – inclusive as de cunho social. Já no segundo setor, têm-se as organizações privadas, que atuam em busca de resultados financeiros por meio da troca de bens e serviços em benefício de seus sócios e investidores. Por fim, no terceiro setor estão as organizações privadas sem fins lucrativos que, por essência, existem por conta da ineficiência do Estado e dos objetivos inerentes ao capitalismo seguido pelo Mercado. A maioria dos autores nacionais entende que o terceiro setor corresponde ao conjunto de entidades privadas sem fins lucrativos que prestam serviços de interesse público, razão pela qual são conhecidos como entes de cooperação ou entidades paraestatais (BRASIL, 2016). Para Corry (2010), este setor, por sua distinção com o Estado e do Mercado, se caracteriza por não distribuir de lucros, pelo caráter independente de suas organizações e pela atuação e participação voluntária de seus participantes e apoiadores. Embora não representem perfeitamente a realidade social, estes conceitos incorporam organizações voluntárias, sem fins lucrativos, não governamentais (ONG), comunitárias, populares (HASAN; LYONS; ONYX, 2008), cujos conceitos variam, inclusive de acordo com o conceito de terceiro setor adotado..

(37) 35. De acordo com Olak e Nascimento (2006) complementam, afirmando que essas entidades, de cunho social, são denominadas genericamente das mais diversas formas, como terceiro setor, Entidades sem Fins Lucrativos, Organizações Filantrópicas, beneficentes e de caridade e Organizações Não Governamentais (ONG). Podem ainda ser fundações, institutos, associações comunitárias, entidades assistenciais e filantrópicas estabelecidas com finalidade pública, criadas por pessoas com o ideal de oferecer melhoria para a sociedade; concentram-se principalmente em ações voltadas para as áreas de educação, saúde, cultura, serviço social, religião, defesa de direitos, meio ambiente e associações profissionais, com grande número de colaboradores não remunerado, embora se observe um processo crescente de profissionalização nas mesmas (PEREIRA et al. 2013). A essência dessas entidades é, em seu objetivo maior, servir a sociedade como forma de apoio aos outros dois primeiros setores (MARQUES et al. 2015). Procuram atender às necessidades sociais não supridas nem pelo Estado, nem pelas empresas. As organizações desse segmento possuem aspectos estruturais e operacionais distintos, se comparados ao primeiro e ao segundo setor. As organizações que compõe o terceiro setor assumem diversas configurações e, de certa forma, procuram resolver problemas que o Estado não consegue ou não tem interesse de atender. Entretanto, uma característica comum está relacionada ao seu objetivo, que não converge para obtenção de lucro, e sim para o reinvestimento em recursos que ampliem sua capacidade de atuação e agregação de pessoas, legitimando sua existência (TENÓRIO, 2005; BERNARDES; CASAGRANDE, 2017). As organizações sem fins lucrativos devem possuir algumas características, que, de acordo com Gomes e Liddle (2009), são: (i) não há distribuição de lucro; (ii) possuem natureza jurídica privada; (iii) presença de um acordo formal e um estatuto entre as pessoas associadas; (iv) oportunidade de utilização de trabalho voluntário; e (v) princípios democráticos de funcionamento (por exemplo, na eleição dos órgãos representativos e na participação das pessoas associadas). Os critérios acima respaldam o estudo intitulado “As Fundações Privadas e as Associações Sem Fins Lucrativos no Brasil: 2002 – FASFIL”, realizado pelo IBGE e pelo IPEA, em parceria com a ABONG e o GIFE, que objetivaram dimensionar – mensurar e classificar – o Terceiro Setor no Brasil. Neste estudo, para serem consideradas entidades deste setor, as organizações deveriam ter pelo menos três das cinco características supracitadas..

(38) 36. Para Muukkonen (2009), o termo organização não governamental é amplamente utilizado pelas Nações Unidas e com um sentido próximo ao americano, que define organizações sem fins lucrativos pelo seu status de isenção fiscal, com algumas exceções, como sindicatos, cooperativas de consumidores ou trabalhadores, organizações para veteranos ou partidos políticos (DIMAGGIO; ANHEIER, 1990; VAKIL, 1997). Já o Banco Mundial (1989) definiu ONG como organizações privadas que desempenham ações para aliviar o sofrimento, promover os interesses dos pobres, proteger o ambiente, prover serviços sociais básicos ou buscar desenvolvimento comunitário. Esta definição estreita o escopo de tais organizações, focando em sua função humanitária, e retira a questão da não lucratividade (GRANDO, 2018). Embora seja crescente o uso de organizações desse setor como serviço alternativo para as demandas sociais, estas entidades não devem ser vistas apenas como um meio para os governos financiar a política social e reduzir as despesas; há razões idealistas também. Segundo Sawhil e Williamson (2001), muitos políticos têm uma visão quase mítica do que são e de o que elas podem fazer. Acima de tudo, são celebradas como uma importante força de democratização, constitui-se uma arena importante para a comunicação humana, que ajuda a promover condições desejáveis de interação e de confiança entre os cidadãos, assim como o compromisso, a participação e a renovação da comunidade. Se o objetivo final de uma organização do terceiro setor é a maximização da criação de valor para o público atendido e para a sociedade, sua história de sucesso é contada pela "combinação de desempenhos sociais e financeiros" (ARENA; AZZONE; BENGO, 2015). Comparado com empresas “com fins lucrativos”, as organizações sem fins lucrativos devem garantir sua sustentabilidade econômica por meio da sua atuação no mercado. Estas entidades geralmente se concentram na obtenção dos resultados de uma perspectiva social, sem o objetivo de competir e lucrar no mercado, dependendo em grande parte (embora não só) de doações e contribuições para financiar suas atividades. Seu tamanho e alcance tem sido objeto de um enfoque transnacional e recebido cada vez mais atenção, uma vez que os estudiosos procuraram explicar o surgimento histórico, o papel contemporâneo do setor em diferentes sociedades e contextos culturais e legais..

(39) 37. Até a segunda metade do século XX, tais organizações atuavam com foco na assistência social - basicamente no atendimento das necessidades básicas de comunidades pobres, minorias ou de atingidos por catástrofes naturais. Com o passar das décadas e as mudanças das demandas sociais, estas organizações precisaram alterar sua atuação da lógica imediatista para a de longo prazo, focada em formação, protagonismo e sustentabilidade do público atendido (SOUZA; SOUZA, 2011), fato percebido por meio das mudanças legais ocorridas na legislação brasileira nos últimos 30 anos. Para este trabalho, utilizou-se o entendimento de terceiro setor dentro da linha americana, em cujas organizações apresentam as características propostas por Corry (2010), em vista de sua clareza e limites bem definidos. 2.1.2 Aspectos legais Diversos são os dispositivos legais que regulamentam e caracterizam o terceiro setor. A começar pela Constituição Federal de 1988, que marcou o processo de redemocratização do país e buscou assegurar diversas garantias constitucionais, e o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, Lei 13.019/2014, existem mais de 30 dispositivos constitucionais, leis e decretos que apresentam os tipos, as características, os deveres e obrigações das entidades do terceiro setor (BRASIL, 2016). A começar pelos tipos de entidade, a partir dos seus art. 5º e 8º, a Carta Magna de 1988 identifica e denomina de forma específica as seguintes organizações do terceiro setor: (i) Associações (art. 5º, XVIII e XIX); (ii) Fundações: públicas (art. 37, XIX) e privadas (art. 150, VI, “c”); (iii) Sindicatos (art. 8º, incisos I à VIII, e art. 150, VI, “c”); (iv) Partidos Políticos (art. 17 e art. 150, VI, “c”); (v) Cultos Religiosos e Igrejas (art. 19, I, e art. 150, VI, “b”); (vi) Serviço Social Autônomo (art. 240); (vii) Cooperativas (art. 5º, XVIII, e art. 174, § 2º). Cabe ressaltar que o IBGE e IPEA, em estudo realizado em 2012, excluíram da lista algumas entidades pertencentes ao terceiro setor, com base nas informações do CEMPRE. As organizações excluídas e os respectivos motivos são: (a) Cooperativas, previamente excluídas, por terem um objetivo de caráter econômico, visando à partilha dos resultados aos membros cooperados. Observe-se, ainda, que elas estão.

(40) 38. classificadas no CEMPRE como “Entidades Empresariais”; (b) Entidades de Mediação e Arbitragem, que são de cunho mercantil; (c) Caixas Escolares e Similares, cemitérios, cartório, conselhos, consórcios, e Fundos Municipais, que são reguladas pelo Estado; (d) Partidos políticos, sindicatos e entidades do Sistema “S”, que são gerenciadas e financiadas a partir de um arcabouço jurídico específico, não sendo, portanto, facultada livremente a qualquer organização o desempenho dessas atividades. Em relação às entidades mencionadas na seção “d”, o mesmo estudo elucida que as entidades não deixam de serem entidades sem fins lucrativos. Deixam, sim, de integrar o terceiro setor, e isto levando em conta o critério adotado pelos institutos. Em termos de representatividade, os dados mais recentes são de 2010, época que existiam mais de 290 mil Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos. Sua importância é revelada pelo fato de este grupo de instituições representar mais da metade (52,2%) do total de 556,8 mil entidades sem fins lucrativos e uma parcela significativa (5,2%) do total de 5,6 milhões de entidades públicas e privadas, lucrativas e não lucrativas, que compunham o CEMPRE do IBGE no mesmo ano (IBGE; IPEA, 2012). Tais entidades recebem, por meio do art. 150, VI, c, da CF, apoio do Estado por meio de benefícios fiscais, entre os quais se destaca a não incidência de impostos (federais, estaduais, distritais e municipais) sobre o patrimônio, as rendas e os serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e assistência social, desde que esses impostos estejam relacionados às atividades essenciais das entidades. (BRASIL, 1988). Além disso, o Poder Público pode conceder alguns benefícios para as organizações visando incentivar a criação de novas associações e fundações e possibilitar o incremento no repasse de recursos públicos e de empresas privadas, como as qualificações da entidade como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), regido pelas Leis 9.790/1999 e 13.019/2014, ou como uma Organização Social (OS), exposto pela Lei 9.637/1998 e a concessão de título de utilidade pública. Se por um lado o Estado passa a regulamentar e a conceder benefícios e incentivos às organizações do terceiro setor, do outro, desenvolve mecanismos de monitoramento e avaliação dos recursos cedidos. A Lei 13.019/2014 considerada como o Marco Regulatório das Parcerias entre a Administração Pública e as Organizações da Sociedade.

(41) 39. Civil, em seu Art.59, cuja redação foi alterada pela Lei 13.204/2015, determina que: A Administração Pública emitirá relatório técnico de monitoramento e avaliação de parceria celebrada mediante termo de colaboração ou termo de fomento e o submeterá à comissão de monitoramento e avaliação designada, que o homologará, independentemente da obrigatoriedade de apresentação da prestação de contas devida pela organização da sociedade civil. § 1o O relatório técnico de monitoramento e avaliação da parceria, sem prejuízo de outros elementos, deverá conter: I – descrição sumária das atividades e metas estabelecidas; II – análise das atividades realizadas, do cumprimento das metas e do impacto do benefício social obtido em razão da execução do objeto até o período, com base nos indicadores estabelecidos e aprovados no plano de trabalho; III – valores efetivamente transferidos pela administração pública; IV – revogado pela Lei 13.204/2015; V – análise dos documentos comprobatórios das despesas apresentados pela organização da sociedade civil na prestação de contas, quando não for comprovado o alcance das metas e resultados estabelecidos no respectivo termo de colaboração ou de fomento; VI – análise de eventuais auditorias realizadas pelos controles interno e externo, no âmbito da fiscalização preventiva, bem como de suas conclusões e das medidas que tomaram em decorrência dessas auditorias.. Como mencionado anteriormente, as organizações do terceiro setor contam com financiamento e doações para entregar seus serviços. Via de regra, valorizam a manutenção da confiança do público. Esta confiança deve, num contexto econômico em que o financiamento de projetos sociais se torna escasso ou regulamentado, ser sustentada pela medição de resultados intangíveis a partir dos requisitos das partes interessadas, além de precisar comprovar sua eficácia e capacidade de gestão conforme estabelecido pela Lei 13.019/2014..

(42) 40. 2.2 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO (AD) Com base na literatura, o termo desempenho é sujeito a inúmeras variações semânticas e conceituais, embora existam consensos em torno de uma definição. Para pesquisadores de diferentes áreas e formações, de forma mais abrangente, o desempenho pode ser compreendido como esforços empreendidos na direção de resultados a serem alcançados e um conceito peculiar para cada contexto. 2.2.1 Conceito e terminologia Segundo Melnyk et al. (2014), o uso de medidas para avaliar o desempenho permitem identificar os níveis de desempenho e a comparação entre os níveis desejados e os atingidos no momento da avaliação. Já Neely (1995) afirma que tais medidas contribuem para evidenciar a necessidade de intervenção e de direcionamento de esforços que possam gerar benefícios para a organização, sendo suporte ao processo de decisório dos gestores. Embora amplamente utilizado, os termos-chave usados utilizados por pesquisadores geralmente não são bem definidos (NEELY et al. 1995; FRANCO-SANTOS et al, 2007). Por isso, faz-se necessário fornecer as definições operacionais existentes na literatura e que nortearam este trabalho. Mensurar, de acordo com Dutra (2003), consiste na identificação das diferenças de atratividade entre os níveis de uma escala; Avaliar é, para o mesmo autor, uma função abrangente destinada a associar um número à performance de um determinado critério, visando identificar o seu desempenho. Por medidas de desempenho, Melnyk et al (2014) entende que são as métricas usadas para quantificar a eficiência e/ou efetividade da ação, sendo possível de quantificá-las e verifica-las. As medidas de desempenho no ambiente organizacional possibilitam (a) identificar o estágio atual da empresa em relação aos objetivos que se pretende atingir; (b) avaliar a necessidade de mudanças, em decorrência de uma possível divergência entre o planejado e o executado; (c) priorizar aquelas mudanças capazes de causar impacto positivo na organização, e; (d) rever cronogramas e prazos, bem como os rumos de ação. Neste sentido, Bana e Costa et al (1999) afirmam que as medidas de desempenho, denominadas também de indicadores ou descritores, representam um conjunto de níveis de impacto que serve como base para descrever as performances das ações potenciais.

(43) 41. Métrica corresponde a mais do que uma medida de desempenho, pois atende a três características: (i) uma medida de desempenho que quantifica o que está acontecendo; (ii) um padrão de desempenho que indica o que é considerado bom ou ruim, servindo de guia ou orientador em direção ao nível adequado para a organização, e; (iii) identifica consequências relativas em estar abaixo ou acima do padrão de desempenho. Por conjuntos métricos, entende-se o agrupamento de métricas usadas para orientar e influenciar as ações de pessoas, grupos, equipes, funções ou organizações; por monitoramento, entende-se que corresponde à prática formal usada para monitorar e coordenar a execução dos planos e alcance das metas organizacionais (HOURNEAUX JUNIOR; CUNHA, 2013). Outro termo muito recorrente nos estudos sobre AD são os Sistemas de Mensuração e Gestão de Desempenho. O primeiro corresponde à conjuntos métricos formados pelo sistema de mensuração formal e pela avaliação de desempenho. Este sistema abrange os processos para a configuração das metas, desenvolvendo o conjunto de métricas, e a análise dos dados de desempenho. Já o sistema de gestão de desempenho engloba o processo (ou processos) de avaliar as diferenças entre os resultados reais e desejados, identificar e sinalizar essas diferenças, compreendendo se e porque desvios de rota tenham ocorrido e, quando necessário, introduzir e monitorar ações corretivas para minimizar as lacunas de desempenho (MELNYK et al. 2014). Avaliar o desempenho permite maior controle sobre determinado objeto e uma forma dos gestores terem uma ferramenta para monitorar o progresso das ações executadas. Portanto, segundo Hourneaux Junior e Cunha (2013), é de grande aceitação que a avaliação de desempenho auxilia no controle da organização, na proposição de aperfeiçoamentos para o negócio e para os processos, além do atingimento dos objetivos propostos. Em termos conceituais, a avaliação de desempenho pode ser considerada um exercício cognitivo de tradução as necessidades dos clientes e dos stakeholders em objetivos do negócio e medidas de desempenho apropriadas (BOURNE et al.2000); ou um conjunto de métricas usadas para quantificar a eficiência e a efetividade das ações. (ARENA; AZZONE; BENGO, 2014). Noutro conceito, tem-se que a AD corresponde a um sistema balanceado e dinâmico habilitado a sustentar o processo decisório ao coletar, elaborar e analisar informações, correspondendo ao entendimento do que está acontecendo dentro da organização e de como.

(44) 42. introduzir aperfeiçoamentos. (NEELY; POWEL, 2004; GARENGO; BIAZZO; BITICI, 2005). Ao avaliar o desempenho torna-se possível que planos e ações sejam traçados baseados em informações, e qualifica a tomada de decisão, visto que quantificam a eficiência e eficácia de ações passadas, de tal forma a traduzir a estratégia em um conjunto de medidas de desempenho. Dutra (2005) complementa que a avaliação do desempenho corresponde a um processo onde avaliar é atribuir valor àquilo que se considera relevante, em face de determinados objetivos, identificando em qual nível de desempenho se encontra para a promoção de ações de melhoria. A multiplicidade de definições para avaliação de desempenho, fez com que Ensslin et al. (2010) propusessem a AD como um instrumento de apoio à decisão, capaz de construir conhecimento no tomador de decisão, a respeito do contexto específico que se propõe avaliar, com base nos valores, premissas e necessidades de avaliação do próprio gestor, por meio de atividades que identificam, organizam, mensuram ordinalmente e cardinalmente, integram e permitem visualizar o impacto das ações e seu gerenciamento. Nesta visão, o tema é entendido como um instrumento utilizado para construir, fixar e disseminar conhecimento de formas a permitir monitorar e aperfeiçoar o contexto que o tomador de decisão deseja. Este é o entendimento proposto para gestão no presente trabalho. Portanto, um sistema de avaliação de desempenho organizacional deve estabelecer uma análise da organização de forma global, de maneira a integrar todas as perspectivas relevantes da organização. Nesse sentido, Neely (1999) apresenta as evidências que indicam a razão pela qual é crescente o número de pesquisadores interessados no tema e elas são alicerçadas por sete razões principais: (i) natureza mutável do trabalho; (ii) aumento da concorrência; (iii) iniciativas de melhoria específicas; (iv) prêmios nacionais e internacionais; (v) mudança de papéis organizacionais; (vi) mudanças nas demandas externas; e, (vii) Tecnologia da Informação. De acordo com o autor, a utilização de medidas de desempenho visa testar a teoria que fundamenta o negócio (DRUCKER, 1990; ECCLES; PYBURN, 1992), ou para facilitar o aprendizado estratégico (KAPLAN; NORTON, 1996). Para reconquistar a vantagem competitiva as empresas não só transferiram suas prioridades estratégicas de produção, mas programaram também novas formas e tecnologias de gestão de.

(45) 43. produção, que proporcionaram a evidenciação de que as medidas de desempenho tradicionais têm muitas limitações e o desenvolvimento de novos sistemas de indicadores de desempenho é necessário para o sucesso (GHALAYINI; NOBLE, 1996). No entanto, de acordo com Melnyk et al. (2014), embora medir o desempenho seja importante, não é suficiente para gerir uma empresa. Segundo os autores, é necessária a criação de um sistema de gestão do desempenho que englobe a forma de avaliar as diferenças entre os resultados reais e desejados, identificar aquelas diferenças que são críticas, e a compreensão do motivo pelo qual saiu do escopo planejado, além de introduzir e acompanhar as ações corretivas destinadas a colmatar as lacunas significativas de desempenho. Segundo Srimani et al. (2011, apud DUTRA et al. 2015), o enfoque daqueles que se interessam pelo tema como objeto de pesquisa deve ser feito com base em quatro pontos de vista. Estes podem, também, representar a evolução do tema ao longo do tempo e são eles: (i) transição do foco exclusivamente operacional da AD para a visão integrada com a estratégia da empresa; (ii) transição da AD utilizada apenas para desenvolvimento de métricas para a gestão estratégica organizacional; (iii) transição da AD como um painel de indicadores estáticos para indicadores alinhados aos objetivos organizacionais e flexíveis; e, (iv) transição da AD como forma de atender exclusivamente aos interesses internos dos acionistas para a AD como forma mais ampla, atendendo a todos os stakeholders. Franco et al. (2012) e Neely (1999) afirmam que, a Avaliação de Desempenho, tida como atividade de medição e monitoramento do desempenho e como a coordenação das iniciativas a fim de conduzir o desempenho da organização ao padrão de desempenho previamente estabelecido, tem grande influência no desempenho dos indivíduos e na performance organizacional. Para os autores, o tema deve ser considerado como um sistema, amplo, integrado e congruente aos objetivos da empresa, que proporciona o aprendizado organizacional e a geração de melhorias em termos de processos e de gestão. 2.2.2 Aspectos históricos A partir da Revolução Industrial no século XVIII e os trabalhos de Francis Bacon, o conhecimento científico evoluiu e a avalição desempenho passou a apoiar os processos produtivos e criar melhores condições competitivas. Com o passar do tempo, este tema teve sua evolução ligada à otimização e as inovações dos modelos de gestão.

(46) 44. organizacional (DUTRA, 2005). No entanto, a avaliação não era integrada. De acordo com Corrêa (1986), a maioria dos estudos sobre a performance das empresas concentrava-se em alguns temas ou áreas, sem preocupação com aspectos globais da organização. Seguindo esta linha, entre o final do século XIX e primeira metade do século XX, diante de um modelo de gestão que entendia as organizações por uma perspectiva mecanicista, isolada do contexto externo e carente de competição, a avaliação de desempenho segue sendo utilizada como um instrumento destinado, exclusivamente, a mensurar os ganhos de lucratividade, com critérios de avaliação centrados na dimensão financeira (DUTRA 2005). O cenário econômico foi influenciado pela II Guerra Mundial, com o significativo aumento da produção, da competitividade entre as empresas e de uma verdadeira “revolução” nas relações de trabalho, ensejaram uma revisão no processo de gestão das organizações e dos mecanismos de avaliação de desempenho (NEELY, 1999). Lebarcky et al. (2009) afirmam que o único aspecto analisado até então era o financeiro, com base no retorno proporcionado aos seus sócios. A partir de 1950, outros critérios de avaliação de desempenho ganharam importância, como os que envolvessem aspectos relacionados aos clientes, à sociedade, aos funcionários, à estrutura e tecnologia proporcionando a criação de modelos avaliativos que abrangessem estes aspectos. Epstein (1997) e Atkinson e Epstein (2000) corroboram com esse entendimento, afirmando que a construção de metodologias de gestão ganhou pujança depois na mesma época citada por Lebarcky et al. (2009), onde foram desenvolvidas ferramentas de mensuração desempenho – nos Estados Unidos, criou-se um método semelhante ao BSC na Ford e na General Eletric. Na Europa, empresas francesas desenvolveram o Tableau de Bord. A discussão sobre avaliação do desempenho organizacional, seus fatores, critérios e abrangência de escopo, não é recente. De acordo Bititci et al. (2012), desde que Johnson e Kaplan publicaram o livro intitulado Relevance Lost – The Rise and Fall of Management Accounting, em 1987, a o tema ganhou crescente popularidade em tanto no meio empresarial quanto acadêmico - entre 1994 e 1996 foram publicados 3600 artigos sobre medidas de desempenho, período denominado por Neely (1999) como "revolução da avaliação da performance". Quando se trata de sobre avaliação de desempenho em organizações do terceiro setor, cabe destacar o entendimento de Grando.

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