Curso
de
Jornalismo
completa
25
anos.
E promove dois
eventos
nacionais
(
••••••••
Florianópolis
15 de
abril
de 2004
Ano
XIX
-N° 3
Instituto Livre
de
Jornalismo
surge pra
sacudir
debates
sobre
a
profissão
Pressões
fazem
governo
ceder
R$
4 bilhões
para
grandes
grupos
de mídia
, I
DEPENDENTE
,
..,
PRIVilEGIO
DE R 4
BllUoES
Otimismo
exagerado
e
investimentos
errados
geram
dívida
de
R$
10
bilhões
para
os
principais
grupos
de mídia
Carlos
Lessa,
presidente
doBancode DesenvolvimentoEconômicoeSocial
(Bndes),
anunciouacriação
deumalinhadefinanciamentoparasocorrer
alguns
gruposda mídianacional. Ofinanciamentoseriautilizadoparaacompradepapel
deimprensa e para a
substituição
das dívidas que o setorpossui
com osbancosemercados
capitais
noexterior enoBrasil. Opedido
deajuda
feitopela
Associação
Nacional deJornais
(ANJ)
,pela
Associação
Brasileira deEmissorasde Rádio eTelevisão(Abert)
epela
Associação
Nacional dasEditoras de Revistas(ANER)
aobanco estatalemoutubrode2003provocoudivergências
entreas empresas decomunicação
dopaís.
A
ajuda
aosetorédefendidaporLessa,
noentanto,elerevela queo
tipo
deempréstimo
quepoderá
serfeitonãoéoque aempresagosta
defazer.Paraopresidente
doBndes,
ofinanciamento paraa comprade
papel
é umaoperação
típica
decapital
degiro
equeobanco nãogostadefazer,
alémdisso,
asempresas de
comunicação
têmcapital
fechado e um"peso
muito
grande
daspersonalidades
queasdirigem".
Lessaaindaressaltou que,caso o
pedido
fosseatendido,
ovalor queobancoteriaque desembolsar émuitoaltoequeoidealseriaatendê-loemparte.
O
projeto
apresentado pelaANJ, pelaAbert
epelaANER
nofinal de2003constavadeumestudo com aestimativade endividamento total do setor estimadoem
R$
10bilhões. Nocasodo crédito paraacompra de
papel,
asassociações
pediram R$
1,2
bilhão,
oequiva
lente a um ano de consumo das empresas de
jornais
e revistas. O pagamento seria emmédioprazo, trêsanos,comdoisanosdecarênciae
pagamento
semestral dejuros.
Lessa reconhece queamídiaimpressa
foiumadasmaisprejudicadas,
pois,
além detersofridocom a
desvalorização
cambiale ofrustrado crescimentoeconômico,
como aumentodorisco
Brasil,
reduziram-se oscréditosparao financiamento daimportação
dopapel
e asempresas tiveramdecomprar à vista.
Cercade
R$
5bilhões,
foram solicitadosaoBndes paraarecomposição
das dívidas dasempresas. O valor
corresponde
a50%dasdívidasexistentesem31dedezembrode 2002. O prazo depagamento
seriade10anos.Lessadiz queo bancoéafavor doauxílio,
mas oassunto
foge
àalçada
da estataleexige
decisãodapresidência
daRepública
porsetratardeuma
situação
"muitoespecial,
muitograve".
"Um programa dessetipo (financiamento)
tem de sermuito bem
desenhado,
para que nãoseja
instrumentodeinterferênciaede
manipulação.
Nãopodemos
construirnada que
seja
interpretado
comofavorecimentoagrupo,gruposou
segmento
do setor".O
pedido
das três entidades está sendo alvo de críticas porsegmentos
dopróprio
setor.Unsconsideram queoempréstimo
vaiafetara
independência
dasempresaseoutrosacham quevairepresentar
umprivilégio
aosetor. O que todos concordamé que há poucatransparência
nahora dasempresas de comunicação
divulgarem
seuspróprios
números,
e ,poderia
gerardúvidas no momento da
partilha
doempréstimo.
Em entrevista à Folha de SãoPaulo, Jorge
Nóbrega,
diretordeplanejamento
econtrole da
Globopar,
concordacom o financiamento: "Acha mos oempréstimo
importante.
Asempresasseendividaramemdólar. O câmbio
triplicou,
e areceitadosetorcaiu,
porcausadaredução
da atividade econômica. Não queremossubsídio,
mas oalongamento
dadívida.Seoprojeto
foraprovado,
éclaroqueascondições
dos créditos serão de conhecimentopúblico".
Dennis
Munhoz,
presidente
daredeRecord,
pediu
demissão davice-presidência
da Abert emfevereiro de 2004alegando
ser contrário aliberação
de crédito do banco de fomento estatal para financiar dívidas da mídia.Umcomunicado da empresadefendeque umapossível
linha de financiamento do Bndes deva ser utilizada parainvestimento nopróprio
negócio,
com aumento dacapacidade
deprodução
e uso de novastecnologias.
"Casoo
projeto seja
aprovado
comoestá,
odinheiropúblico
irá pagar porfalhase errosdegestão,
em vezdeserrevertidoembenefícios diretosouindiretosàsociedade",
protesta.OBndes estáreticentesobreo
empréstimo
quepoderá
salvaramídia.Sefosse analisar ohistórico dobanco,
o setorpoderia perder
as esperanças comrelação
a umapossível
ajuda.
Isso porquedurantequase40anosaspolíticas
operacionais
daempresaproibiam
qualquer
tipo
de financiamento àmídia. Em1990,
o banco estatal passou a admitir ofornecimento de créditosaosetormasapenas paraacompra de
equipamentos
fabricados nopaís,
sendo queamaioriadosveículosdeinformação dependiam
deequipmentos
importados.
Foiapartir
de 1997queasdecisões doBndescomrelação
aosetormudaram. Dejaneiro
de 1998 asetembro de2003,
obancoemprestou
R$ 111,6
milhões aosetor.(GT)
Precipitação
em
telefonia,
Internet
e
TV
paga
criaram
o
rombo
Ras
Nosúltimos 10anos asdívidas de
alguns
dos maiores grupos decomunicação
noBrasilchega
ram a
R$
10bilhões.InvestimentosemTV porassinatura,telefonia,
internet,novosparquesgráficos
eampliação
de mercado forammotivosque fizeramcomquemuitosentrassememcrise.Osetorapostounaestabilidadedo
câmbio,
noconstantecrescimentodaeconomiae nasprevisões
sobreomercado
futuro,
oque de fato nãoaconteceu.Empresascomo aGloboComunicações
eParticipa ções(Globopar),
oGrupo Abril,oGrupoFolhae aRBSestãonotopodas quemaisdevem.A
Globopar
-holding
dasorganizaçõesGlobo-possui
R$ 5,6
bilhõesemdividas,
amaiorentreempresas de mídianoBrasil,cerca
de60%do total.
�sse
valor.não
i?clui
asdividasO ESTADO DE S PAULO
da
Infoglobo
- editorados jornaisO
Globo,
Ex- '.tra,Diário de SãoPaulo, do Valor Econômico(
jornal
feitoemparceriacom oGrupo Folha)-edasrádios,que não fazemparteda
Globopar.
O
principal negócio
que fezcomqueaGlobopar
seendividassefoioinvestimentoemTV porassinatura (Net Serviços,TV por satéliteeGlobosat)que durou até 1998.A
holding
poderia
estaremsituação pior,senão tivessedesistido decomprar duas empresas de telefonia celular(TeleCelular SuleTele NordesteCelular)em
julho
de98.Ogrupoteveumprejuízo
deUS$
547,5
milhõesem2001devidoaforteretração
domercadopublicitário
e aperdas
financei ras.ATVGlobo,
quepossuidireitos exclusivos de transmissão daCopaaté2006,
tambémteveprejuízo
deUS$
30 milhões por nãoconseguirrevenderosdireitoaoutrasemissoras.O
Grupo
Abril tambémtevecomoprincipal
motivode endividamentooinvestimentoemTV por assinatura. O valor da divida da empresa é de
R$
926milhões. RobertoCivita,presiden
tedo
Grupo,
garanteque aquantidade
investidanosetorfoibem maior do queadividadaempresa. "Fizum
esforço
para esqueceroquantoinvestimosnessaárea".AAbril éacionistamajoritária
da TVA(sistemade TV paga transmitidaviacaboemicroondas)efoi acionista daDirecTV
-ex-parceriacomsóciosestrangeíros.
O
Grupo
Estadoendividou-se,entre outrascoisas,devidoaapostaemtelefonia.Ogrupofoiacionistaminoritário da empresa detelefoniacelularBCp,queacabou vendidaaogrupo
mexicanoIelmex,em2003,
após
passar porlonga
crise. CercadeUS$
120milhões foram tomados deempréstimos
noexteriorparainvestirnoparquegráfico
e naBCP. Ototal da dividachega
aR$
384milhõesA RBSdeclarater
R$
370milhõesemdividas.FOLHA
DE
S
.ell.
ni
'ULO
da TV por assinaturaFoiaprimeiraempresa de mídia(Net Sul)e emaentrartelefonia,
no ramosegundo
NelsonSirotsky,
presidente
do grupo. Ove-ículo foiacionistadatelefônicaCRT
(Companhia
Riograndense
deTelecomunicações)
eda empresa de telefonia celularBCp,masvendeu suapartenastelesem98epassouocontrole daNetSul paraaGloboCaboem2001para reduzir
dividas. Alémdisso,
lançou US$
175milhõesemtítulos dedividanoexterior.O
Grupo
Folhaperdeu
dinheiro investindonosjornaisAgora
eValorEconômico.Estima-sequeaempresadeva
R$
290 milhões.Em1995,oGrupoinvestiunainauguraçãodoseu novoparquegráfico
quecustoucercadeUS$
120milhões,
investimento pagonaépoca
com recursospróprios.
Em96, lançou
oUOL(UniversoOnline),
provedor
deacessoàinternete a Plural,gráfica
comercialemparceriacom aeditoraamericanaQuad
Graphics.
Em1999,o GrupoFolhalançou
ojornalAgora
e,em2000,associou-seàsOrganizações
Globo parapubli
car oValor Econômico.
Textos: Giselle Tiscoski
ZERO
ANO XIX- Nº
3- ABRIL2004- CURSO DE
JORNALISMO- CCE- JOR- UFSC
jornal-laboratório
do Curso dejornalismo
da UniversidadeFederal deSanta Catarina Arte:AlexandreBrandãoApoio:
Labfoto,
LabInfografia,
LabRádioColaboração: Apufsc,
Professor LúcioBaggio,
Professora HeloizaHerscovitz, Radiobras,RooseveltPinheiro,Copy-writer:
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TadeuMartins, UpiaraBoschi
Direção
de Artee deRedação: jornalista
eprofessor
RicardoBarretoSecretaria deRedação:
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Brasil,Agência
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doBrasil,
LosAngeles
Times,MiamiHerald, Mirante,Newswee,k,
NationalGeographic,
ObservatóriodaImprensa,OEstadode SãoPaulo,O
Globo, Slate,
TelaViva,TheDaily
News,TheWashington
Post,USAToday Edição:
AlexandreBrandão,TadeuMartins, UpiaraBoschi(Sêniors),
CamilleBropp,
FernandoAngeoletto,
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Editoração
eletrônica,produção
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ecirculação:
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Wladimir D'Andrade Laboratório
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GiselleTiscoski,MarianaDauwe,MarianaHinkel,
NaianaOscar,VanessaClasen,TadeuMartins,
Wellington
deCamposImpressão:
Diário CatarinenseRedação:
Cursodejornalismo
(UFSC-CCE-jOR),
Trindade,
CEP88040-900,
Florianópolis,
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Jornal-laboratóriodo Brasil Expocom94..
Melhorjornal-laboratório 1PrêmioFoca,'r
DEPENDENTE
I/fIIIIII
,CIDADAO
E
UE
PAGA
Diante
de
17
mil demissões
em
dois
anos,
governo
tenta
salvar 500 mil
outros
empregos
AmídianoBrasil está
chegando
aofundo dopoço. Comumadívidade
aproximadamente R$
10bilhões,
asprincipais
empresas dosetortentamsevirarcomo
podem
para burlaroscredoresetentarprorrogarosprazos paraospagamentos.Em ape nasdoisanos, conforme dados do Ministério do
Trabalho,
17 mil vagas foram cortadaspelos
veícu los decomunicação
dosprincipais
grupos.Nomes moperíodo,
acirculação
dejornais
caiude 7,9milhões de
exemplares/dia
para7milhões e aderevistas caiude17,1milhões para
16,2
milhões deexemplares/ano.
A crisepreocupaogoverno que semostradisposto
acriarumalinha definanciamentoparasocorrer osetor.
Oerrodemuitas empresasde
comunicação
foiter
apostado
noconstantecrescimentodaeconomiae naestabilidade do câmbiodesde meados dos anos90.Aeuforia da fase do Real fezcomqueos
veículosseendividassememdólar para
ampliar
seuleque
denegócios
eaumentara suacapacidade
deprodução.
Comadesvalorização
cambial de1999,devidoacrise
asiática,
grande
parteda dívidacres ceu. Relatório do setor encaminhado ao BancoNacional de Desenvolvimento EconômicoeSocial
(Bndes),
garanteque 80%dovalor das dívidassãoemdólare
83,5%
temvencimentoemcurtoprazo.O investimentoem novos
negócios
comoTVpor assinatura,telefonia,
interneteampliações
lideraoranking
das dívidas.Muitosveículos decomunicação imaginavam
quehaveriaumarápida
transformação
da mídia tradicionaleapostavamna convergência
com astelecomunicações.
Umexemplo
foi o que ocorreu com a
Glopopar, holding
dasOrganizações
Globo,
que apresentaumdívida deR$ 5,6 bilhões,
cercade60%do total nacional.Oendividamento da Globovemdosinvestimentosfei
tosdesde1995emTVpaga. Mea
culpa
- Tantoasempresas quearris
caraminvestirnosetor,ogoverno, os
bancos,
osconsultores,
osinvestidorese elaspróprias
superestimaram
opotencial
do mercadonacional.A
própria Agência
Nacional de Telecomunicações
(Anatel),
errou aos estimar que em2003 haveria10,1 milhões deassinantesdeTV
porassinatura,sendo queonúmeroreal foi de
3,5milhões.
RobertoCivita,
presidente
doGrupo Abril,
outraempresaquesedeu malcom osetordeTV por
assinatura,diz queoendividamentosedeveaocusto
do
capital
noBrasil,
enãoa errosestratégicos.
AAbril fechouo
balanço
financeiro de2002com umadívida de
R$ 926
milhões.É
acionistamajoritária
daTVA
(sistema
deTVpagacomtransmíssãoporcabo epor
microondas)
efoiacionistadaDirecTV,viasatélite.
O otimismotambémcontaminouomercado da
mídia
impressa
noBrasil.Emdezanosforam gastoscercade
R$
700 milhõesnacompra derotativas e na
ampliação
de parquegráfico
- FSPeGlo bo.FranciscoMesquita
Neto, opresidente
daAssociação
Nacionalde]ornais
(AN])
edo conselhode
Administração
doGrupo
OEstado deSãoPaulo diz que "todososjornais
investiramnainformatização
dasredações
e nacompra deimpressoras
paraaumentara
tiragem
eteredições
coloridas".O
Grupo
Folha,
apesar deterinvestidoeminternete
gráfica
comercial,
acredita queogrosso dadívi-da dívi-da empresaédevidoaosinvestimentosfeitosnos
jornaisAgora
eValor Econômico.Aempresa deveR$
290milhões.Outrofator que contribuiuparaacrisedamí
diafoioinvestimentoemtelefonia.Comaonda de
privatizações
e aidéia dequeosetoririadominaromercado das
comunicações
noBrasil,
empresas comoogrupoOEstado deSãoPauloeRBSsupe restimaram os investimentos. ARBS foiacionistadatelefônicaCRT
(Cia.
Riograndense
de Telecomunicações)
eda empresa de telefonia celularBCP. Osgastoscom acompra deações
das telescontribui paraoendividamento da empresa que declara
dever
R$
370 milhões.OGrupo Estado,
queapresentaumadívida de
R$
384milhões,
foiacionistaminoritário daempresadetelefonia celularBCP. O
ápice
dacrise dasempresasdecomunicação
foiem2002. Sónesse ano asempresasacumularam
prejuízos
deR$
7 bilhões.AGlobopar
apresentouamaiorpartedo
prejuízo
deR$
5 bi lhões.A receitalíquida
dosetorem2002foi20% menor,emvaloresreais(descontada
ainflação),
doqueem2000. O investimento
publicitário
tevequeda
deR$
400 milhõesentre2000e2002. Diantedacrise muitas empresastentamrenegociar
asdívidas.OGrupo
Estadoanunciounofi nal doanopassado
aconclusão darenegociação
da dívida da empresa.O
longo
processo resultounasaída dafamília
Mesquita
doconselhoexecutivoda empresa.A
Globopar
tentourenegociar
adívida comtrêsfundos deinvestimentosdos EstadosUnidos.Noentanto, emdezembro de 2003osfundos
entraramcom a
ação
naCortede Falências doDis trito Sul deNovaYork,
pedindo
aintervenção
daI
ustiça
americananoprocessoderenegociação
dasdívidascom a
holding.
Ogoverno brasileiro está
preocupado
com asituação
da mídianoPaís.Porisso,estádisposto
acriarlinhas de financiamento. O
problema
éque hámuitascontrovérsiasentreasempresas decomunicação
comrelação
a esseapoio
direto doEstado.Issoporque
poderia prejudicar
aimagem
daimprensa
noque dizrespeito
aisenção
das informações.
Para muitos representantes do setordecomunicação,
agarantia
deumaboa fatiapublici
tária
já poderia ajudar
asalvarasituação.
Pressão
e
polêmica
com
interesses
excusos
Record,
SBT
eRede
TV
questionam
ofinanciamento,
mas
Senado
aprova
e
compra
a
briga
Depoisdetanta
pressão,
oBndesvairepassar atéR$
4 bilhões paraalguns grandes
grupos de mídiapara
ajudá-los
asairdoburaco.AdecisãoanunciadaporDareCosta,
vice-presidente
dobanco,numa audiênciadaComissãode
Educação
do Senadorealiza danodia24 demarço, está criando muitapolêmica
entreasempresas dosetor(vertexto
lado).
Odebategiraemtomodepontos
polêmicos
como autilização
dosrecursosparaopagamentodedívidase afalta de
transparência
doprojetoapresentado
pelo
bancoestataldefomento.Alémdisso,
alguns
grupos defendem queaajuda
doBndespoderá
afetaraindependência
daimprensa.
Dare Costadeixou claronaaudiência queobanco cobrará maiscaro
pelas
linhas derefinanciamentodedívidaseque só quemapresentarumbomprojetoserá
beneficiado.Aproposta,que estásendochamada Pró
Mídia,
é criartrêslinhas de financiamentosendoumapara promoverodesenvolvimento,umaparaaaquisi
ção
depape1
eoutraparaareestruturaçãodas dívidas.Alinha definanciamentoparaodesenvolvimentoen
volve
questões
comoaquisição
deequipamentos,como nocasoda TVdigital.
Alinha para compradepapel
tem oobjetivo
de nacionalizaromaterialcomprado pelas
empresas.Nocasoda linha de refinanciamentodas dí
vidasoprocesso serámais
complicado,
pois
irá envolvercredores deestruturassocietáriasdiferentes.
Oscréditos serãodistribuídosàs empresasdeco
municação
porintermédiodeoutrosagentes financeiros. Deacordocom apropostadobanco,a
inicia-tivade utilizar
instituições
intermediáriasé paratornar as
transações
maistransparenteseindependen
tes.Aliás,
independência
das empresas éumdosassuntosque mais preocupamosgrupos decomunica
ção.
Issoporquecom aajuda
doBndesasempresastememque
haja
alguma contrapartida
envolvendoexigência
nasprogramações.
Noentanto,AlanFischler,gerente de
telecomunicações
daestatal, garanteque não serão
exigidos
determinadostiposde programações.
"Não cabe aoBndes, nemfaz parte de suaspolíticas,
definir,subjetivamente,
oque éounão maisadequado",
esclarece.Representantesda TVRecord,SBTeRedeTV,cri ticaramosexecutivosdobanco duranteaaudiência noSenado,
alegando
que elepoderia
terelaboradoo projetodeajuda
à mídia favorecendoalgumas
empresas que estãomuitoendividadascomo a
Globopar
eRede Bandeirantes."Éumabsurdoo usodo dinheirodo Bndes paraopagamento de
qualquer dívida",
criticouDennis
Munhoz,
presidente
daTVRecord. "O Bndes não recebepratofeito. Temosumcorpo técni coformadonobanco que é capaz desedebruçar
sobre
qualquer questão
quesejadeinteressenacionaleelaborarumapropostasobreotema",adverte Dare Costa. Além
disso,
ovice-presidente
da estatal enfati zouquetodosossetoresenvolvidos foram ouvidos.Odebateemtomodofinanciamento doBndes para
asempresas de
comunicação
revela que, por trásdetanta
polêmica,
comrelação
aorefinanciamento das dívidasseescondeumjogodeconcorrências.Osgru-pos contráriosaoprojeto
(Record,
SBT eRedeTV)nãoescondem quea
estratégia
éusar acrisefinanceirade
alguns
meios paracrescerem.EvandroGuimarães,
vice-presidente
derelações
institucionaisdaTVGlobo,
defendeque nãosepode
deixar queojogodeconcorrênciaentreosgrupos
atrapalhe
oprojetodoBndes deapoiarocrescimentoda indústria nacional. "Háum
jogo
depalavras
nessaquestão
de concorrência.Seumaempresatemdívidase
pretende
pagá-las,
certamentevaideixar de investir porumtempopara
poder
acertarcom seuscredores. Quemnãotemdívida,vai investirseulucroe comisso
pode
seaproxi mardequem élíder",
defende-seGuimarães.Johnny
Saad, presidente
do grupoBandeirantes,tambémrebateuascríticas das empresas contráriasaofinancia mento, insinuandoque
algumas
emissorasobtêmre cursosdeorigemdesconhecida.Paraossenadores queestavamnaaudiênciadaCo missãode
Educação,
oprojetodeajuda
das empresas decomunicação
temque sair. Osetoréconsideradoestratégico
eimportanteparaapreservaçãoda culturanacional. O senadorRobertoSatumino
(PTIRJ),
autordorequerimento
apresentado
paraodebate,disse que oimportanteé queofinanciamentosejafeito de formatransparenteejusta.Osenadore
jornalista
Hélio Costa (PMDBIMG)lembra queoimportanteésepreocupar com osquase 500 milprofissionais
queosetorempreganoBrasil.
Textos:
Giselle
TiscoskiRecord
ataca
empréstimo
para
a
Globo
"Éumabsurdooque estáprestesa
acontecer.O povo brasileiropoderá desembolsar atéR$4 bilhões para pagarasdívidas da Rede Globo queao longode décadasmonopolizamos
meiosdecomunicação,que estãona piorporcausada máadministração."A
reportagemda TVRecord,dojornalista RodolphoGamberini, quefoiao ar no
programaRepórterRecord do dia 1 de
abrilapresentouaRedeGlobocomo
vilãnanovela sobreofinanciamentodo
Bndes parasocorrer aalgumas grandes
empresas da mídia brasileira. Coma
reportagemintitulada Bndes: O ralo do dinheiropúblico,aemissora não
economizouacusaçõesaogoverno,ao
bancoeà concorrente.Oconteúdoe agressividadedoprogramalevouo
bancoaexigirdireito deresposta,
baseadonaLeideImprensade1967,
com mesmaduraçãoena mesmo
horárionoprazodeuma semana.
O programaAsacusaçõesvieram de
todasasformas. "Escândalo anunciado" ou"umavergonhanoar",assimo repórterdefiniuadecisão do banco
estatal de financiarasdívidas de empresas decomunicação.E não foi só isso.Durantetodooprograma não
faltaramexpressõescomo"(...)sãoos brasileirossofridosque pagam as
contasda RedeGlobo".Juntocom as acusaçõesapareceramimagensde
pessoaspobres, passandofome, chorando,sem casaenquantoo apresentadordizia "seráqueisso é
justo?".Ainda,foi feitaumacomparação
envolvendoosR$4 bilhõesque irão paraospagamentosde dívidas das
empresase oquepoderiaser feitopela
população."Comodinheiro dariapara resolverpartedosproblemasdoINSS,
comprar 35 milambulânciasou250mil
viaturas",emendava.
Asapelaçõestambémchegaramao
Senado.Isso porqueareportagem
criticouossenadoresqueparticiparam da audiência da Comissão deEducação
doSenadorealizada dia 24 demarço,
onde foiapresentadaapropostade ajudado governoàmídia. Opresidente
Lula também nãoescapou das acusações.Areportagemlembrava que
nogovernodeFernandoHenrique Cardosoosbancosforam favorecidos
com odinheiropúblicoequeagoracom
Lulaosbeneficiadossãoosempresári osda mídia.
Alémdisso,foram mostradosdepoimen
tosdosrepresentantesda rede Globoe
da rede Bandeirantes feitosdurantea
audiêncianoSenado. "Cadaumfaçao
quequiser,sequiserinvestir,pagar
dívidas,comprar canarinho...", provocou
JohnnySaad,presidenteda Bandeiran
tes sobreofinanciamento. Não faltaram críticas.
"Dinheiro
públicoparacomprar canarinho?Eassim queodinheirodo povoé tratado?". Nocasode EvandroGuimarães, representantedas OrganizaçõesGlobo,ascríticasvieram quandodisse queaempresanãoestá contandocom odinheirodaestatal. Conformeareportagem,aGlobojá
aceitou outrasajudasdo Bndescomo em
2002,quandorecebeuR$280 milhões paratentarsalvarasdívidasda
Globocabo.Ofinanciamento foi criticado
pelo TribunaldeContas da União que
notificounodia15 demarçosuaposição
contráriaaofinanciamento daGlobopar.
Nanota,oTCUpedequesetenha
cuidadoemaplicardinheiropúbliconas organizaçõesGlobo. Ocasoda TVTupi
edaManchete tambémfoi lembrado. "Por queestas empresastambémnão
foramajudadas pelo governo? Ninguém ofereceusocorro aelas".
..'I:....'l' •• ,
BERNARDO KUCINSKI
"Jornalistas
estão
mais
ligados
com
a
elite do
que
com
a
população"
De
pedra
avidraça.
Poucasvezes uma
frase
feita
pôde
serutilizadacomtanta
propriedade
quantono casode BernardoKucinski,professor
doDepartamento dejornalismo
eEditoração
daUSp, licen ciadoparatrabalharnaSecretariade Comunica
ção
de GovernoeGestão(Secom),
onde éassessorespecial
do ministrochefe
LuizGushiken. Serresponsável pela
comunicação
do governo Luladepois
deanosfazendo
crítica da mídia éo novo
desafio
dojornalista.
EmentrevistaaoZero,ele
analisaa
comunicação
institucional do governotuca no, dosEUA,daInglaterra
edo governo atual. Admiteaindaestar
aprendendo
comofunciona
opoder
pordentroecomentaas
falhas
norelacionamento da gestão
petista
com aimprensa
eos errosdosjornalistas.
Por
fim,
retomanovasabordagens
sobreaimprensa
alternatio«eacobertura de guerra.
Bernardo Kucinski
formou-se
emFísicanaUniversi dade de SãoPaulo,em1967,mas nunca exerceu aatividade. Com
participação
ativanaelaboração
dejornais
estudantis,desde cedomostrouque tinhavocação
paraojornalismo.
Começouacarreiranojornal
alternatioo Amanhã do Grêmio da Faculdade deFilosofia
daUSPeseguiu
como umdosprotagonistas
da
imprensa
nanicanoBrasil.Foi
correspondente
doOpinião
noperíodo
emqueestavaemexílio voluntárioemLondres.NoMovimen
to,trabalhoucomoeditor
especial
efoi
protagonist«
no"grande
racha" que desestruturouaequipe
dojornal,
emabril de 1977. Oincidente,que dividiuaequipe
foi
apublicação
distorcida deumartigo
de Kucinski.Poucotempodepois,
nodia]Odemaio,o grupodejornalistas
dissidentes de Movimentofundou
o
jornal
EmTempo.
Kucinski elaborouumprojeto
editorial ousadoparaa nova
publicação,
soboforma
tostandard,visandorompercom o
padrão
tablóide dominantenaimprensaaltematioa.O
jornalista
tambémsedestacounagrande
imprensa,
onde
foi
editor de CiênciaeVida Moderna daVeja,editorde cadernos
especiais
da revistaExame,correspondente
emLoudres daGazetaMercantil,
produtor
elocutordaBBCdeLoudres,além de
correspondente
noBrasil doinglês
The Guardianedo Latin AmericanWeekly
Report.Kucinski também
participou
daprodução
dodocumentárioTheconquest
of
theAmazon, paraaBBC.Como eternomilitante do Partido dos Trabalhado
res.foi
assessorde Luís Inácio Lula da Silvanaseleições presidenciais
de1998edo Instituto Cidadania,
organização
não-governamental
também vincula daaoPT.já
escreveuvários livros deeconomia,política
ecomunicação,
noBrasile noexterior.Entre eles,destacam-se Abertura: História deumacrise(1976),
Asíndrome daantenaparabólica:
Éticanojornalismo
brasileiro(1996)
eAscartasácidas dacampanha
de Lula de1998(2000).
Esseúltimo éumacompilação
de e-mails queojornalista
enviava diariamenteaLula duranteaeleição,
comentandoasnotícias dos
jornais
eTVeindicandooscaminhosa seremtomadospela campanha.
Em1991,publicou
suatesede doutorado sobotítulo
jornalistas
erevolucionários- Nos
temposda
imprensa
alternatiua,umapesquisa
que durou oitomeses,comaté 12 horas de trabalhopordiaeque virououtrodeseuslivros. Talvezomaiscomentadoeanalisado. "Saí delacom ascostas
quebradas
eumacompulsão pelo
teclado que nuncamais terminou",lembra.Kucinski diz que acorda todososdias às5h30 para
lerosprincipais
jornais
brasileiroseestrangeiros
e prepararumaanálise do noticiárioparaopresidente
Lula. Também
participa
de reuniões diáriasnoPaláciodo Planaltoemque são analisadasastendências da mídia, que resultamem umpaperparao
presidente.
ero- Comofoisairda
imprensa
di áriaedas aulasnaUSPeassumiraassessoria de
imprensa
do governofederal?
Bernardo Kuciski - Muda tudo. Primeiroparo deter contatocom os es
tudantes apesar deteraceitadoum con
vite para dar aulas em
Brasilia,
que não deu muito certo.Parotambémdeescrever na
imprensa.
Eutinhaumacoluna naInternetque estavasetornando muito
popular.
Essafoiaparteruim. A
parte
boa é que abriumcamponovodeaprendizado
paramim. Sãoaspectos novosdacomunicação
que nãoconhecia. Porexemplo,
como funcionaa comunicação
apartir
dopoder,
osproblemas
do governo para secomunicare oqueogoverno faz paratentarvendera suaimagem.
Estafoiaparteinteressante. Eudiria até quemaisinteressante que
isso,
foiumacertadessacralização
dapró
pria
idéiadopoder,
ouseja,
você descobrircomo opoder
funciona dentro dos corredores do Palácio. No fundo há
uma certa
decepção.
Vocêpercebe
que ascoisas sedecí-atarefade coordenareuni
ficara
publicidade
e apropaganda
do governo federal,
incluindo asverbas depropaganda
das empresasestatais, ou
seja,
a propaganda
institucional. Estetipo
depropaganda
está todocom aSecom. As empresas têmautonomiapara
fazerseus
planos
de propaganda,
mas procuram seguir
umaorientação
geral
da Secom em termos de
imagem
e de conceitosge rais que o governo querpassar.
Exemplo
disso é oPrograma
Fome Zero e ascontrapartidas
sociais. Essassãoidéias
gerais
queaSecomtentainduzirasempresas aseguirem.
E doponto
de vistaformal,
aSecomtem queaprovartodosos
planos
depropaganda
econtrapartida.
Issojá
eratarefaantiga
daSecom,
só queeravistodeummodo burocrático.Agora
não,
évistodeummodooperacional.
ASecomtambémtomou
algumas
iniciativas parauniformizarasassessoriasde
imprensa
doconjunto
dosistemaGoverno-umsistema
grande,
composto
por maisde100 assessorías.Nóstambémcriamosofórum dosassessores,uma
reu-Acomunicaçãodo governo FHeeratoda terceirizada. Não éa
fórmula adequada
paraumespírito
decomunicaçãodemocráticaniãomensal queserveparatrocar
idéias,
receberexperiên
cias e,
eventualmente,
distribuir manuais cominstruções
decomo
agir
emdeterminadassituações.
ASecomtambémtemfeitoum
serviço
deapoio
às assessoriasapartir
dereuniões diárias dosrepresentantes daSecomcom a assesso
riado
presidente
e com ogabinete
doporta-voz
dapresi
dência.A
partir
dessareunião,
nósdefinimosações
aconselháveisaosministrose ao
presidente.
ASecomtambémfazanálises da mídia.Anteseuescreviaumaanálise
diária,
quesetornou
popular
naSecom,
edurou seis meses. Mas ela en
frentou
problemas.
Acabousendo comentadade forma
negati
va
pela
mídia,
como se fosse umatentativadecercear e controlar a
imprensa.
Então euachei que não era
adequado
continuarmos
publicando.
Masa
Secom,
periodicamente,
faz uma análise de como a mídiaestá tratando oGoverno.
Z - A
comunicação
insti tucional dogoverno estárecebendo muitascríticas.O
jornalista
LuísClaudio Cunha criticouaSecom.Reclamouque até
hoje
nãoconseguiu
falarcom omi nistroJosé
Dirceu. Aque se devemessascríticas? Ogoverno estádificultandoo acessoà
informação?
BK
-Os
ministros,
especialmente
oJosé
Dirceu,
temumacarga de trabalho
impossível
deserlevadadojeito
queFalta
apuração.
Se
observar,
percebe
que
a
estrutura
das
reportagens
é
feita
a
partir
de
uma
única
fonte.
Jornalistas
conversam com uma
pessoa
e
tem
a
matéria.
Acho que
virou
uma
cultura
jornalística
demdeformamuito mais
simples
do que pensamos quandoestamosde fora. Z
-Quais
asprincipais
críticas que você fazia àcomunicação
institucional dos governos anteriores? BK - Antes não conhecia deperto como era feita a
comunicação
deumgoverno. Possofazerumacríticaaosgovernos anterioresa
partir
doque eupassei
aaprender
depois
quefuipara Brasília. Nós descobrimos queprati
camentetodaa
comunicação
do governoanteriorerater ceirizada. Isso é ruim porqueo
próprio
governo nãoacumula
conhecimentos,
não formaequipes,
nãoháplanos
decarreira e as
relações
se tornamumpouco
promíscuas
entrecomunicação
degoverno,agênci
asde
publicidade
eveículosdecomunicação.
Aterceirização
não é uma fórmula
adequada
parasecriarum
espírito
decomunicação
democráticanogo verno. Outroaspecto
que eutambém
fiquei
sabendodepois
é que tudoeravoltadopara afigura
dopresidente,
queera oreferencial absolutoparaas tarefasde
comunicação.
Oresto, cadaministroquesevire,
que cuidedesuacomunicação.
Z
-O que aSecretaria de
Comunicação
tem feito para mudaressesproblemas?
BK- AnovaSecomredefiniusuas
..��---�������--..---..��---..�---��--.----����--�-���--�
---��---BERNARDO KUCINSKI
mal-entendido.
Z- Recentemente você es tevenos Estados Unidose na
Inglaterra
para observar omodelo de
comunicação
destes
países. Qual
foia sua avaliação?
O quepodemos
copi
ar e o que não devemos to
marcomo
exemplo?
BK - Tanto
nos EstadosUni
dos como na
Inglaterra
o queagente
notaé queacomunicação
éconsideradaumaatividade
central,
umacomponente
essencial da atividade dogoverno. Nada é feitosemantesana
lisaro
aspecto
dacomunicação.
Hámuito investimentoemcomunicação,
vocêtempessoal
decarreira,
staff adequa
do, chefia, subchefia,
recursos. Osgovernos, tantonosEstados Unidosquantona
Inglaterra, acompanham
atentamentea
imprensa
pública.
Nosdoispaíses,
arelação
com asociedade civilsedá através dosmeiosde
comunicação,
daimprensacomo uma
instituição.
Vocêtemquaseumritual deencontros entreo governo e os
jornalistas.
Sãoencontrosdiáriosem
alguns lugares,
duasoutrêsvezespor semana,emoutros.Sãocoletivase
breafings
queasautoridades têmcom os
jornalistas.
É
através disso queasinformações
degoverno vão
chegar
atéa sociedade civil e gerar matériasjornalísticas.
Asdiferenças
entreacomunicação
dos gover nosdos Estados UnidosedaInglaterra
sãosutiseoriginári
asdediferentesregimes
políticos,
naInglaterra
oparlamen
....---�
e tarismoe nosEstados Unidoso
presidencialismo.
Além dis�
so,há tambémadiferença
estruturalentre ospaíses.
A In�
glaterra
éumpaís
onde hádiferenças
étnicasmuitoimpor
t; tantesentreas
regiões,
maséumpaís
pequeno,unificado,
J
sendo queosprincipais jornais
estãoemLondres.Os Estac, dos Unidos é
uma
federação
deestados,
muitogrande,
pa recida com oBrasil,
onde você tem estados com relativaindependência, grandes
cidades fora daregião
dacapital
eetc.Na
Inglaterra,
como oprimeiro
ministrovaitodasema na aoparlamento
epresta
contasistoé difundidopela
tele visão.Estaprestação
decontasde governo através damídiase dácom uma enorme
intensidade,
porque elaaconteceatravés do
parlamento.
NosEstados Unidosopresidente
nãovaiaocongresso,issosóacontece
excepcionalmente.
EntãoaCasa
Branca,
oDepartamento
de EstadoeatéoPentágono
organizam
encontrosdiárioscomjornalistas
onde eles prestamcontas,
respondem
perguntas,
dizemo queo governoestáfazendo e o
quê
vaifazer.Emnenhum desses doispaí
ses seutiliza dinheiro
público
parafazerpropaganda
de go verno. Eles fazempropaganda
dealgumas
operações
dasquais
ogovernoprecisa
deapoio,
como no casode enchentes,
vacinação,
mas nuncaparafazerpropaganda
dopró
prio
governo. Z-Em
agosto
de2003arevista Primeira Leiturapublicou
uma matéria com o título Comissário dopovo,
naqual
criticao seutrabalhonaSecom. Comoéconvivercom essascriticas?Eoque fazer paraman
terumrelacionamento
amigável
com aimprensa?
BK
-Quando
ojornalista
agedemáfé,
nãotemsolução.
Amelhorcoisaquesepode
fazer éseafastar dele.Eeste foi o caso dessa revista. Antes dessa
matéria,
achoque
publicada
emabril,
oMendonça
deBarrospublicou
outra, tambémnão muitopequena, sobre o boletimLei
turada
Mídia,
emque elecriticavaumaedição
e mecriticava,
discutindo inclusive minhapersonalidade.
Só que ele não tinha lido amatéria. Amatériatinha sido escritapelo
CláudioSerri,
excelentejornalista,
etinhaumafrasequeestavaemtomqueacho
inadequado
emrelação
a umaimprensa
degoverno.Amatériadiscutiaoboicote daimprensaao
Programa
Fome Zero.Achoqueo
Mendonça
de Barrosagiu
com umacertadisplicência
jornalística.
Ele não sabia que nãopodia
confiarem umareportagem
deoutrojornal.
Eleseba seou em umareportagem
doCorreio Braziliense. Cometeu
esse erro, e
depois
voltou com essa matéria do "comissário". Ele encomendou para uma repórter
deBrasília,
que disse quepediu
uma entrevista para mime eu
recusei,
mas naverdadenãohouve estepedido.
Depois
eudescobrique elatelefonouparaassessoriadeimprensa da
Secom,
quando
deveriaterentradoem contatocomigo.
Eu não tenho assessor deimprensa
na Secom.Todasaspessoas que queremfalar
comigo
telefonamparamim. Foiumamatériafeita demá
fé,
comafirmações
falsas,
distorções, descontextualizações.
Depois
eu mandeiestá. Dirceu está até
propondo
umadivisãoem suacargadetrabalho,
entãoelerealmente nãotemtempo
parareceberaspessoas, mas deveriaternaminha
opinião.
Deveriaseincutirnogoverno aidéia dequetempo dedicadoà mídia nãoé
tempo
perdido,
aocontrário,
étempo
ganho,
é investimento,
obrigação.
Eessacultura estáfaltandonogoverno.Alguns
ministrostêmessapercepção
epostura.
Masaoconjunto
do governo,faltaessaposição.
Eu admito serverdadeiraa
afirmação
deque émaisdifícil falarcomministrosnesse governo do que em governos anteriores porque
já
ouvi essa
reclamação
de mais deumjornalista.
Mesmosenãofosse
verdadeira,
ofatodessapercepção
estardisseminada,
já
éumacoisaruimparaogoverno.Z
-O governoFHC editou umalei que
restringe
o acesso adocumentospúblicos,
tornando-osconfídenciais.Pelotexto,eles
podem
setornar secretosinfinitamente. Existe
algum
projeto
para revogarestalei? BK-Acho que existe uma iniciativa do governo para
modificarestalei. Nãoseiseestão
pensando
em umamedi daprovisória,
ousealgum deputado
vaiapresentarumprojeto.
Eu seiqueexisteestainiciativa. Z-Recentemente,
ojornalista
Ricardo Kotschoreclamou que o governo vem investindo mais em
marketing
do queemassessoria deimprensa. Que
rumo o governo
pretende
dar àcomunicação
institucional?
BK
-O Kotscho tem
razão,
principalmente
no que serefereaos
primeiros
seismeses. Nesteperíodo,
nósdaSe-que
alguns jornalistas
cometeram,foi
interpretar
istocomo acriação
deumsistemaautoritário e decontroleda
imprensa,
quando
aocontrário,
sepreten
deesvaziaromáximo
possível
osistemaestatal de
comunicação
que sempre
existiu,
tirando deleocomponente
chapa
branca,
ouseja,
tornando-o mais autônomo,
independente,
eissoédemocratizar. Idealmente
poderí
amosaté pensarem umaRadiobrás
-apesar deserfinanciada
pelo
Estado-que não
obedeça
anenhuma desuasdiretrizes.Os
jornalistas
queescreverammatériasfalseandoapolítica
do governonessaárea,
prestaramumgrande desserviço
à democratização
dacomunicação.
Z
-Qual
é aidéiapara oprograma de rádio dopresidente?
BK- Os
primeiros
sempre são umpouco tentativas. Naverdade,
eunãogosto
de programas dessetipo.
Opresidente
já
secomunica muito com apopulação,
ele éumexcelente comunicador. Seesseprogramareiteraroaspectovertical dacomunicação
dopresidente,
ouseja,
ele falae aspessoasescutam,euacho quevaiserruim.Oidealseriaumprograma emqueo
presidente dialogasse
com apopulação.
Z
-Como
surgiu
aidéia deproduzir
o boletimLeituradaMídia?
Qual
era o seuobjetivo?
P/ta
como
se
houvesse
um
�oft$enso de que
o
Lula de
qualquer
maneira estaria
no
segundo
turno.
Na
disputa
pelo segundo lugar,
amídia
tinha
mais
inclinação
para
a
candidatura
do
José
Serra
Apessoaéchamadadebandidoeacusada,oque violaos
princípios
deJustiçaetransforma
amídiaemtribunal de linchamentocom,tínhamosatendência deprocurar
soluções
por viadapropaganda.
Masdepois
dealgumas
discussões nósdefinimosqueo
governo
nãodeve fazerpropaganda
stricto-sen su. O governodeve fazercampanhas
deesclarecimento,
eisso
implica
umamudança
deênfase,
ouseja,
um usomaiorde
operações
deesclarecimento,
dosrecursosdoJorna
lismoedas
Relações
Públicas,
e um uso menordetécnicasde
propaganda.
Umexemplo
dessanovamaneirade trabalhar com a
propaganda
é acampanha
de esclarecimento àopinião
pública
decomo usar omicrocrédito. Osrecursosjá
estãodisponíveis
e as pessoas não sabemusar porquenãofoifeitauma
campanha
deesclarecimento.Z
-Quais
asprincipais mudanças
implantadas
naRadiobrás
(Agência Brasil)
e noprograma de rádioAvozdoBrasil?
BK- Na
vozdo
Brasil,
houveumamudança
detimbre.Eladeixoudeserpomposae
formalística,
tornando-seumpoucomais
fluente,
comalinguagem
urnpoucomaisparecida
com a dasemissorascomuns.IssonapartedoExecutivo,
ado Con gresso nãomudouemnada.AAgência
Brasilsetornou maisativa. Passouacobrirumnúmero maiordeeventoseaconteci
mentosdasociedade
civil,
não apenasestritamenteaondevaiopresidente
e oqueaconteceucomele.Eles estãotambémbuscandourn
jornalismo público,
que nãoseja
chapa
branca. Essa éurnabuscacomplicada,
enão seioquanto
elesavançaram.Estáhavendourn
grande esforço
da Radiobrásporumprojeto
de televisão latino-americana. ARadiobrásestátambémaper
feiçoando
o seusistemadeclipagem
ederesenhas.Emgeral,
háurn
aprimoramento
e urnaprofissionalização.
Oequívoco
BK - Este
era o boletim em que eu faziauma análise diária do trabalho da
mídia,
o queacabou"pegando"
umpouco
mal,
fazendocomqueeudeixasse de fazê-lo.Aidéiaoriginal
erafazerumaanálisedosnossosprocedimentos
decomunicação,
umaautocríticadiária,
no sentido de aperfeiçoar
essesprocedimentos.
Mascom otempo
nóscomeçamosa
perceber
que parafazerautocríticadesses procedimentos,
vocêacaba,
emcertosentido,
dandomunição
paraqueamídia
critique
aindamaisprofundamente
oGoverno. Nós não devemosbloquear
otrabalho da
mídia,
mas também não devemoscom nosso
trabalho dar mais
munição
aeles. Desdeocomeço nóssem
pretomamosocuidado dees creverdeformaqueessestex
tos
-que sãode trabalhointer
no
-vazassem na
imprensa
semprejuízo
ao governo.Já
existiaumlimite decomotra
taras
questões.
Eu tratei maisdoserrosda mídia doquedos
dogoverno.
Aí,
aofalardoserrosdaimprensa
pega mal. Osjornalistas
nãogostam
desercriticados.Depois,
essesdocumentos continuaram
chegando
àmídia,
criando aindamais
polêmica.
Seestáprejudicando
ogoverno, é melhornãofazermais. Masestáfazendofalta.Aturmaestavaacos
tumadacom
aquelas
discussões. MasinfelizmentenoBrasilnãotemosespaço paraesse