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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DOMÉSTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CONSUMO COTIDIANO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL – PGCDS MESTRADO ACADÊMICO. MICHELINE CRISTINA RUFINO MACIEL. MOBILIDADE URBANA SOBRE DUAS RODAS: a cultura do consumo das cinquentinhas na contemporaneidade. RECIFE, 2016.

(2) MICHELINE CRISTINA RUFINO MACIEL. MOBILIDADE URBANA SOBRE DUAS RODAS: a cultura do consumo das cinquentinhas na contemporaneidade. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Consumo, Cotidiano e Desenvolvimento Social da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE, como parte dos requisitos para obtenção do título de mestre em Consumo, Cotidiano e Desenvolvimento Social. Orientadora: Laura Susana Duque-Arrazola. RECIFE, 2016.

(3) Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Sistema Integrado de Bibliotecas da UFRPE Biblioteca Central, Recife-PE, Brasil. M152m. Maciel, Micheline Cristina Rufino Mobilidade urbana sobre duas rodas: a cultura do consumo das cinquentinhas na contemporaneidade / Micheline Cristina Rufino Maciel. – 2016. 134 f.: il. Orientadora: Laura Susana Duque-Arrazola. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Programa de Pós-Graduação em Consumo, Cotidiano e Desenvolvimento Social, Recife, BR-PE, 2016. Inclui referências e apêndice(s). 1. Sociedade de consumo 2. Mobilidade urbana 3. Cinquentinha I. Duque-Arrazola, Laura Susana, orient. II. Título CDD 360.

(4) MICHELINE CRISTINA RUFINO MACIEL. MOBILIDADE URBANA SOBRE DUAS RODAS: a cultura do consumo das cinquentinhas na contemporaneidade. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Consumo, Cotidiano e Desenvolvimento Social da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE, requisito parcial para obtenção do grau de mestre no Programa de Pós-Graduação em Consumo, Cotidiano e Desenvolvimento Social do Departamento de Ciências Domésticas da Universidade Federal Rural de Pernambuco. APROVADA EM: 09 DE AGOSTO DE 2016 BANCA EXAMINADORA: _________________________________________________________ Profa. Dra. Laura Susana Duque-Arrazola Universidade Federal Rural de Pernambuco Departamento de Ciências Domésticas (Presidente e orientadora) __________________________________________________________ Profa. Dra. Maria Grazia Cribari Cardoso Universidade Federal Rural de Pernambuco Departamento de Ciências Sociais Membro titular externo __________________________________________________________ Profa. Dra. Rosa Maria de Aquino Universidade Federal Rural de Pernambuco Departamento de Ciências Sociais Membro titular externo _________________________________________________________ Profa. Dra. Maria Salett Tauk Santos Universidade Federal Rural de Pernambuco Departamento de Educação Examinadora interna.

(5) Dedico a todos aqueles (as) que contribuíram de modo direto e indireto para a concretização e a realização deste meu sonho!.

(6) AGRADECIMENTOS Esta dissertação é mais um “degrau” que subo da escada da vida e, sozinha, não conseguiria chegar até aqui. Quero expressar minha gratidão, em especial àquelas pessoas que tiveram, de alguma forma, uma importante contribuição para a realização e conclusão deste trabalho acadêmico. A DEUS, o meu porto seguro, minha fonte de vida. Agradeço por todas as oportunidades, desafios e bênçãos que ele tem me proporcionado no decorrer do percurso da minha vida. Sem sua proteção, força e bênção não conseguiria chegar até aqui. A ti, Deus, a minha gratidão por mais um sonho realizado. À minha Família (painho, mainha e irmã), meu apoio, minha sustentação, a base de tudo que sou hoje. Agradeço, de um modo especial, ao meu exemplo de vida, minha irmã Michelle Maciel, por sempre estar me incentivando, apoiando, ajudando e torcendo pelas minhas vitórias e concretização de sonhos. Agradeço, também de modo especial, ao meu cunhado, Marco Gonçalo, por todo apoio, força e ajuda, além de incentivo em todos os momentos da minha vida. Minha enorme gratidão à Laura Susana Duque-Arrazola, minha orientadora de longa jornada, pois, mais uma vez, pude contar com o seu apoio, ajuda, contribuição, dedicação, estímulo, parceria e amizade nesta etapa de minha vida. Agradeço pela riquíssima oportunidade de crescimento profissional e pessoal. Afinal, são mais de oito anos de convivência e parceria. Espero não parar de lhe “aperrear” tão cedo, pois em breve vem o doutorado. Aprendi muitíssimo com você! Ao. Programa. de. Pós-Graduação. em. Consumo,. Cotidiano. e. Desenvolvimento Social, por ter oferecido todo suporte, e ao corpo docente: Laura Susana. Duque-Arrazola. (coordenadora),. Maria. Alice. Rocha. (vice. -. coordenadora), Raquel Fernandes Uchoa, Maria Joseana Saraiva, Marcelo Machado Martins, Maria Neuza, Maria das Dores, Russell Parry Scott e Caroline Farias Leal Mendonça, por terem compartilhado seus conhecimentos e pelo valioso aprendizado. Assim como a rádio PGCDS, com a colaboração das repórteres Jaqueline Ferreira e Nathilucy Marinho, que sempre nos manteve informados a cada momento especial de qualificação e defesa dos mestrandos (as) de toda “família” do PCGDS. Em especial a Ana Engracia, pela paciência que teve para resolver as questões burocráticas ao longo da nossa permanência no mestrado. Foram muitas emoções, principalmente com a ATA final!.

(7) Às minhas amigas e amigos de turma, que estiveram sempre comigo ao longo do mestrado, pela amizade, cumplicidade, incentivo e torcida. Anny Barros, Cícero Tomaz, Gladstony Bezerra, João Paulo, Leonardo Rabelo, Tiago Monteiro, Mônica Silva, Ademir Oliveira, Wanessa Lima, por compartilharem comigo as angústias, anseios, e conquistas ao longo desta jornada. Especialmente à Ana Paula, Fátima Santiago, Jaqueline Ferreira, Nadilson Nunes e Nathilucy Marinho. Vocês foram, sem dúvida alguma, meu porto seguro e incentivo fundamental nesta “pequena” e exaustiva jornada. Às músicas que cantamos e ouvimos, ao longo de cada momento do mestrado, sob incentivo das repórteres acima citadas: “Não está sendo fácil, não está sendo fácil, não está sendo fácil viver assim a dissertação tá grudada em mim”. Hoje posso cantar assim: “Livre estou, livre estou...” Amém! À Maria Salet Tauk Santos, professora da disciplina de Comunicação e Culturas Populares, e ao professor Fábio Magnani, que me ajudaram a pensar a pesquisa de forma mais estruturada, com as riquíssimas contribuições no momento da minha qualificação. Às minhas amigas e companheiras de longa data de Rural, que estão lá pelas bandas do Tocantins, e que são meus exemplos de profissionais como Economistas Domésticas: Carina Géssika Irineu do Monte, Nailde Gonçalves e Silvana Luna. Mesmo de longe sei que posso contar com o apoio e incentivo de vocês. Obrigada pela torcida. Aos amigos, amigas e colegas de outras turmas, os quais tive a oportunidade de conhecer e conviver ao longo desta minha vivência no mestrado, como Cláudia Gomes, Silvia Cavadinha, Hortência Albuquerque, Mariama da Mata, André Paes, Tamires Marques, Bruno Silvestre, Sandra Costa. À minha segunda casa, o Departamento de Ciências Domésticas, que sempre me acolheu ao longo destes oito anos em que estive na Universidade Federal Rural de Pernambuco. Às professoras da minha graduação, as quais tiveram contribuição significativa para a minha inserção no mestrado, assim como as funcionárias do departamento, em especial a Gabriela e a Rose, pela ajuda e solução dos contratempos que surgiram ao longo da minha permanência na Rural. Às novas amizades para além dos muros da Universidade, que fiz ao longo do meu período no mestrado, com participações em eventos, em especial as pessoas que conheci no evento de Campina Grande no ano de 2015..

(8) À Sara Lima, Marília Nascimento (novas mestrandas), Nadja de Oliveira, Sis Felsan, Isabella Santana, Robson Guedes. Obrigada por todo apoio, carinho e incentivo. Sei que posso contar com cada um de vocês! Espero que a nossa amizade seja fortalecida cada vez mais com o passar do tempo. Tenho enorme gratidão às minhas amigas de longa data que sempre estiveram na torcida por cada conquista da minha vida: Michelly Lima (irmã de coração e mãe da princesa Larinha) e família, Jaqueline Celina e família, Ana Cláudia, Aline Oliveira, Maria Gabriela, Andreza Aquino e família, Wilka Macedo e família. Patrícia Miranda, uma amiga que Deus colocou na minha vida e que ele tem usado para me abençoar. Obrigada por todo apoio, incentivo e paciência, por ter aturado as minhas conversas sobre as cinquentinhas e por ter sido, em alguns momentos, minha assistente de pesquisa de campo, além de me ajudar no ar e no meu desespero nas transcrições de algumas entrevistas. Obrigada por ter me estimulado a chegar ao Phd. Em breve, se Deus quiser, você terá uma amiga com esse título. Muito obrigada por tudo. Rumo ao Phd! Ao Leomar Toscano, presidente da Associação Nacional de usuários de Ciclomotores (ANUC), pela disponibilidade, receptividade e pelas informações valiosas que contribuíram de modo ímpar para enriquecer a minha dissertação. Agradecimento. especial. aos. entrevistados/as,. as/os. usuários/as,. principalmente ao Daniel Silva, por todo apoio e contribuição, pela disponibilidade e pelo rico material disponibilizado para enriquecer a minha pesquisa. Agradeço à Isabella Santana, pois, mesmo com toda correria da vida, me levou até sua casa para realizar a entrevista com seu pai. E agradeço a tantas pessoas que apareceram no caminho e foram a ponte para chegar aos usuários/as. Aos vendedores, especialmente a Lana, instrumento para que eu chegasse até o presidente da ANUC. Registro aqui um agradecimento especial à banca examinadora, às professoras Maria Salett Tauk Santos, Rosa Maria de Aquino, Maria Grazia Cribari Cardoso, que gentilmente aceitaram o convite e, mesmo com tantos compromissos, disponibilizaram um pouco do seu tempo para fazer a leitura do meu trabalho e fazer parte da banca examinadora. Tenham certeza que vocês trouxeram grandes contribuições para enriquecer ainda mais esta dissertação..

(9) Às dispostas, minha turma de aeróbica, pelos momentos relaxantes e de descontração que foram fundamentais para “soar” e ter “gás” para escrever essa dissertação. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorCAPES, pelo suporte financeiro, a partir da metade do período do mestrado, o qual foi necessário para realização deste trabalho de dissertação. E por fim, a todos/as que contribuíram de forma direta e indiretamente para a concretização deste trabalho, minha ENORME e SINCERA gratidão!. Boa Leitura!.

(10) Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende Leonardo Da Vinci. Você não sabe o quanto caminhei pra chegar até aqui, percorri milhas e milhas antes de dormir (...) Cidade Negra.

(11) RESUMO A presente dissertação está embasada na pesquisa realizada durante o mestrado em Consumo, Cotidiano e Desenvolvimento Social/URFPE, o qual a problemática da mobilidade urbana e o uso/consumo de um modelo específico de motocicleta, conhecido popularmente como cinquentinha, que tem sido alvo de diversos debates e críticas na sociedade de consumo contemporânea. Desse modo, o objetivo geral desse presente estudo: identificar e analisar a cultura da cinquentinha, enquanto bem de consumo e alternativa de mobilidade. Especificamente, verificar os determinantes da cultura do consumo que contribuem para a compra e uso das cinquentinhas por pessoas da classe trabalhadora, assim como identificar e analisar os significados dados às cinquentinhas pelos/as usuários/as da classe trabalhadora, além disso, identificar as estratégias de pagamento das cinquentinhas pelos/as consumidores/as e captar a compreensão das pessoas que adquiriam as cinquentinhas sobre a problemática da mobilidade urbana na atualidade. Os referenciados objetivos serviram para responder o seguinte problema de pesquisa: de que modo a cultura do consumo transforma a cinquentinha em objeto de desejo em membros da classe trabalhadora?Este estudo exploratório apoiou-se em procedimentos metodológicos de caráter qualitativo e envolveu uma pesquisa bibliográfica de base socioantropológicas, em sobre o consumo, além da coleta de dados secundários, o trabalho de campo incluiu observação in lócus e a realização de entrevistas semi-estruturadas com a posterior análise dos dados obtidos em quatro municípios do Grande Recife, envolvendo um universo de pesquisa construído por três categorias de entrevistados/as: usuários/as (categoria I), profissionais vinculados à venda (categoria II), e motoristas, motociclistas e pedestres (categoria III). Agregado a isto, a metodologia se configurou em: coleta de dados secundários, realização das entrevistas e análise dos dados obtidos. Considerando este contexto, os resultados apontam que a cultura do consumo se revela como agente motivador para aquisição da cinquentinha no Grande Recife, na medida em que estimula a compra /uso/consumo através dos aspectos econômicos (preço e manutenção), funcionais (mobilidade, agilidade e liberdade), simbólicos (distinção, status e lazer). Outra revelação da pesquisa foi também que a ausência das exigências efetivas, tanto do emplacamento/regularização como da CNH na categoria A ou ACC, por muito tempo foi considerado um estímulo para aquisição e uso da cinquentinha pelas camadas mais empobrecidas da classe trabalhadora. No que se refere às formas de pagamento, a pesquisa revelou que tanto a compra à vista como a prazo foram os principais meios de aquisição das cinquentinhas. A questão da problemática da mobilidade urbana é entendida pela maioria dos entrevistados/as como falta de infraestrutura. A pesquisa e seus resultados permitiram desenvolver uma reflexão crítica sobre a problemática do consumo, suas práticas e sua materialização como cultura do consumo na sociedade contemporânea. Palavras-chave: Sociedade de consumo. Mobilidade urbana. Cinquentinha..

(12) ABSTRACT The present dissertation is based on research conducted during the master's in consumerism, daily life and Social Development/URFPE, which had the proposal to make the reflection on the problems of urban mobility and the use/consumption of a specific model of motorcycle, popularly known as cinquentinhas, and that has been the subject of various debates and criticisms in contemporary consumer society. Thus, the overall objective of this study was to identify and analyze the culture of cinquentinha, while commodity and alternative mobility. Specifically, checking the determinants of consumer culture contributing to the purchase and use of ciquentinhas by people of the working class, as well as identify and analyze the meanings given to cinquentinhas by the users of the working class, in addition, identify the strategies of payment of cinquentinhas by the consumers and capture the understanding of people who purchased the cinquentinhas on the issue of urban mobility today. The referenced goals served to answer the following research problem: how consumer culture turns cinquentinha object of desire in working-class members? To understand that context, the methodology used to conduct the survey was based on socioantropológicas theories, in particular on consumption, favoring its symbolic character and field work that was carried out in four municipalities in the greater Recife. This exploratory study of qualitative character involved three categories of interviewees/as: users (category I), professionals linked to the sale (category II), and motorists, bikers and pedestrians (category III), which correspond to the search universe. Added to this, the methodology if configured in: secondary data collection, carrying out the interviews and analysis of the data obtained. Considering this, the results indicate that the consumer culture reveals himself as a motivator for acquisition of cinquentinhas in the greater Recife, in that it stimulates the purchase/uso/consumo through the economic aspects (price and maintenance), functional (mobility, agility and freedom), symbolic (distinction, status and leisure). Another revelation of the research was that the absence of effective requirements of both the license plate/regularisation as CNH in category A or ACC, long was considered a stimulus for acquisition and use of cinquentinha in the layers of social class from the popular context. With regard to payment methods, the research revealed that both the purchase in sight as the term were the main means of acquisition of the cinquentinhas. The question of the issue of urban mobility is understood by most respondents as the lack of infrastructure. The research and its results have made it possible to develop a critical reflection on the problem of consumption, its practices and its materialization as consumer culture in contemporary society. Keywords: Consumer society. Urban mobility. Cinquentinha.

(13) LISTA DE QUADROS. Quadro 01 Entrevistados/as..................................................................................34 Quadro 02 Categorias classificatórias..................................................................36 Quadro 03 Categoria I perfil dos/as usuários/as entrevistados/a.........................76 Quadro 04. Categoria II- Perfil dos profissionais de venda..................................78. Quadro 05 Categoria III- Perfil dos motoristas, motociclistas e pedestres..........79.

(14) LISTA DE FIGURAS. Figura 01. A bicicleta Draisiana............................................................................60. Figura 02. Velocípede- Michauline.......................................................................61. Figura 03. Einspur................................................................................................63. Figura 04. Vespa-1960...............................................................................................65. Figura 05. Cinquentinha Jet 50............................................................................70. Figura 06. Cinquentinha Retrô 50........................................................................70.

(15) LISTA DE SIGLAS. ABRACICLO. Associação Brasileira dos Fabricantes de Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares. Motocicletas,. ACC. Autorização para Conduzir Ciclomotor. AD. Análise do Discurso. ANEF. Associação Nacional das Empresas Financeiras das montadoras. CC. Cilindrada. CEPAM. Comitê de Prevenção de Acidentes de Motos em Pernambuco. CNH. Carteira Nacional de Habilitação. CNPq. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. CTB. Código de Trânsito Brasileiro. DENATRAN. Departamento Nacional de Trânsito. DETRAN-PE. Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. UFRPE. Universidade Federal Rural de Pernambuco.

(16) SUMÁRIO. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................... 18 A Inspiração para a pesquisa .................................................................................... 21 CAMINHOS METODOLÓGICOS.............................................................................. 25 O percurso recorrido no desenvolvimento da pesquisa desta dissertação .............. 31 Primeiro momento: universo da pesquisa ................................................................. 31 Segundo momento: construção do marco teórico e coleta de dados ........................ 33 Terceiro momento da pesquisa: realização das entrevistas ...................................... 34 Quarto momento da pesquisa: análises dos dados................................................... 35 CAPITULO I – Sociedade de consumo .................................................................. 37 1.1 A produção de mercadorias e a importância do consumo na sociedade capitalista contemporânea ......................................................................................................... 38 1.2 A complexidade do consumo: consumo simbólico e a cultura do consumo ........ 42 1.3 A cultura do consumo ......................................................................................... 43 CAPÍTULO II – A mobilidade Urbana ..................................................................... 50 2.1 A problemática da mobilidade urbana ................................................................. 50 2.2 Fundamentos sobre a mobilidade urbana ........................................................... 51 2.3 Condicionantes históricos da mobilidade urbana: urbanização e motorização ... 53 2.4 Mobilidade sobre duas rodas: O fenômeno das motocicletas na sociedade de consumo contemporânea .......................................................................................... 59 2.5 Um pouco da história da motocicleta ................................................................. 59 2.6 O nascimento da motocicleta ............................................................................. 62 2.7 As motocicletas no Brasil ..................................................................................... 66 CAPÍTULO III -. A cultura do consumo das cinquentinhas na sociedade. contemporânea........................................................................................................ 69 3. Mobilidade sobre duas rodas: O fenômeno da cinquentinha na atualidade .......... 69 3.1 Cinquentinha no Grande Recife .......................................................................... 71 3.2 Algumas considerações sobre o perfil dos/das entrevistados/as ........................ 73 3.2.1 Categoria I- Usuários/as ................................................................................... 73 3.2.2 Categoria II - Os/as profissionais viculados à venda de cinquentinha .............. 76 3.2.3 Categoria III- Pedestres, motorista e motociclistas .......................................... 78 3.3 A cultura do consumo das cinquentinhas no discurso dos/as entrevistados/as 79.

(17) 3.3.1 Fatores da cultura do consumo que contribuem para compra/uso da cinquentinha no Grande Recife ................................................................................. 79 3.3 2 Questões econômica ........................................................................................ 80 3.3.4 Questões funcionais ......................................................................................... 85 3.3.5 Questão relacionada à Legislação ................................................................... 91 3.3.5.1 A legislação e a cinquentinha: a realidade atual ........................................... 93 3.3.6 O simbólico e Status na cinquentinha ......................................................... 104 3.7 Sobre as formas de pagamento ........................................................................ 108 3.8 Percepções dos entrevistados/as sobre a problemática da mobilidade urbana no Grande Recife ......................................................................................................... 111 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 117 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 124 APÊNDICE A – Roteiro de entrevista com os/as usuários/as- Roteiro 1 ................ 130 APÊNDICE B- Roteiro de entrevista com os/as vendedores/as de lojas – Roteiro 2 ................................................................................................................................ 132 APÊNDICE C- Roteiro de entrevista com pedestres, motoristas, ciclistas – Roteiro 3 ................................................................................................................................ 133 APÊNDICE D – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO ............. 134.

(18) 18. CONSIDERAÇÕES INICIAIS A cidade é palco de permanentes contradições econômicas, sociais e políticas. Essas contradições podem ser vistas nos espaços de circulação da cidade, onde há uma permanente disputa entre seus diferentes atores, que se apresentam como pedestres, condutores/as e usuários/as de veículos motorizados particulares ou coletivos. (DUARTE; SANCHEZ E LIBARDI, 2012, p.01).. Atreladas à realidade descrita acima por Fábio Duarte, Karina Sánchez e Rafaela Libardi (2012), crescem as inquietações da população em relação à problemática da mobilidade urbana, sobretudo nos centros urbanos. Sobre essa questão, estes autores chamam atenção para a notória e crescente utilização do transporte individual, como opção para a mobilidade urbana em detrimento das formas coletivas de deslocamento na atualidade. Dentre esses meios individuais de deslocamento, cada vez mais tem sido frequente o uso e usufruto (consumo) das motocicletas. A motocicleta tornou-se tão presente no cotidiano das pessoas de hoje em dia que é praticamente impossível sair às vias de acesso e circulação das cidades e seus entornos sem ver uma delas disputando espaço com outros tipos de veículos, sendo usadas para fins diversos. Eduardo Vasconcellos (2013) considera que as motos são usadas como veículo para transportar tanto mercadorias como pessoas, seja para deslocar-se ao trabalho, à escola, ao lazer e à volta para casa, dentre outros usos. No Brasil, a frota de veículos de duas rodas vem apresentando um crescimento ímpar se comparado aos demais tipos de veículos. Em 1998, segundo o Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN (2016), havia um total de 24.361.347 veículos circulando pelas ruas. Destes, 2.542.724 eram de duas rodas (motocicletas). Dez anos depois, em 2008, a frota mais que duplicou com o total de 54.506.661, sendo 11.045.686 de motocicleta.. Esse aumento também pode ser. visto na capital pernambucana, onde se percebe que o número de motocicletas aumentou de 33.381 em 1999 para 540.386 em 2009 (DETRAN – PE, 2016). Dados mais recentes do DENATRAN (2016) apontam que o Brasil conta com uma frota, no ano de 2016, estimada de 93.305.422 de veículos circulando nas ruas, destes, 20.821.872 são motocicletas. Em Pernambuco, apresenta-se uma frota de cerca de 2.840.737 veículos, dentre estes, 1.058.155 são motocicletas (DETRAN –.

(19) 19. PE, 2016).. Já no Grande Recife a frota chega a 1.298.373 veículos e destes. 312.157 são motocicletas (DETRAN – PE, 2016). De acordo com Eduardo Vasconcellos (2013), o aumento de motocicletas no Brasil é reflexo das ações de políticas públicas e de programas do governo que, desde a década de 1990, vêm incentivando a fabricação, a compra e o uso das mesmas no País. Além disso, vale salientar que o aumento da utilização deste modal na atualidade se deve também, conforme destacam Fábio Duarte, Karina Sánchez e Rafaela Libardi (2012), ao seu baixo custo frente aos automóveis e para compensar a ineficiência do transporte público coletivo, cuja qualidade deixa muito a desejar, o que se evidencia a superlotação dos ônibus, na falta de conforto e nos intervalos longos de espera entre um e outro transporte coletivo. Ademais, as motocicletas assumem o papel de redentoras, como diz Roberto Agresti (2004), capazes de salvar seus usuários/as das horas perdidas em congestionamentos enfrentados, principalmente em horários de pico, nos grandes centros urbanos brasileiros na atualidade. Apesar disso, o aumento do uso e do consumo das motocicletas pelos/as seus/suas usuários/as tenha gerado reflexos negativos, pois dentre tantos impactos deve-se destacar que as motocicletas são os veículos que mais causam acidentes de trânsito na atualidade, gerando uma epidemia de acidentes de trânsito, como sinaliza Juliana Colares (2014). Neste cenário, é válido ressaltar que percebemos a presença cada vez mais significativa da compra/consumo de um modelo específico de motocicleta, principalmente as de 50 cilindradas (50cc), popularmente conhecidas e apelidadas como cinquentinha1, foco do estudo da presente dissertação, que também ganha destaque na atualidade pelo crescimento de sua circulação cotidiana nos principais centros urbanos do Nordeste, a exemplo do Grande Recife. As cinquentinhas, como já foi dito, podem ser vistas como uma alternativa de deslocamento e solução dos problemas no trânsito com os engarrafamentos, dada sua agilidade na locomoção em função do tempo. Deste modo, pensando nos trabalhadores/as que a utilizam como ferramenta de trabalho, ao mesmo tempo que podem representar e simbolizar valores, também, podem estar associadas à: morte, incapacidade, aleijamento de jovens, como já está acontecendo, podendo ser vistas como um problema de saúde pública pelos acidentes, acamamentos prolongados e 1. Como uma forma de enfatizar o objeto de pesquisa da presente dissertação de mestrado, optou- se por utilizar o itálico todas as vezes que escrever o nome cinquentinha..

(20) 20. deficiências para o resto da vida. Atualmente, no Recife, a cinquentinha é considerada um dos veículos mais inseguros, de maiores riscos de vida, devido aos altos índices de acidentes, muitas vezes fatais, em que se encontram envolvidas diariamente nos grandes centros urbanos e nas cidades brasileiras em geral. A escolha do objeto de estudo, uso/ usufruto das cinquentinhas e sua relação com a mobilidade urbana, está baseada na percepção da mudança do cenário urbano nos últimos anos com a presença cada vez mais visível deste tipo de modal, disputando espaços com outros tipos de veículo e sua crescente circulação pelas ruas e avenidas das grandes cidades brasileiras, existindo até mesmo nas cidades interioranas e espaços rurais. A importância dada pelos/pelas usuários/as instiga compreendê-los/as desde seus pontos de vista, bem como a partir dos impactos que este tipo de modal vem causando nas cidades brasileiras. Frente ao exposto, considera-se que é de fundamental importância abordar e compreender as significações dadas aos usos das cinquentinhas assim como sua relação com a mobilidade urbana na sociedade contemporânea, como no caso das cidades que compõem o Grande Recife. Pois o incentivo cada vez mais presente para compra e uso da cinquentinha pela cultura do consumo dos quais privilegia cada vez mais os significados atribuídos aos bens de consumo, segundo Grant MacCraken (2003), tem reflexo direto na mobilidade urbana de quem residem no Grande Recife. Instigada por essa dinâmica urbana nosso problema de pesquisa assim configurou-se: de que modo a cultura do consumo transforma a cinquentinha em objeto de desejo da classe trabalhadora? Diante de tal questão o objetivo geral foi: identificar e analisar a cultura da cinquentinha enquanto bem de consumo e alternativa de mobilidade. Os objetivos específicos foram: verificar os determinantes da cultura do consumo que contribuem para a compra e uso das cinquentinhas por pessoas da classe trabalhadora; identificar e analisar os significados dados às cinquentinhas pelos/as usuários/as da classe trabalhadoras; identificar as estratégias de pagamento das cinquentinhas pelos/as consumidores/as e captar a compreensão dos/as usuários/as que adquiriam as cinquentinhas e dos demais entrevistados/as sobre a problemática da mobilidade urbana na atualidade. Na seqüência será apresentado o despertar das principais motivações que inspiraram a realização e desenvolvimento da presente pesquisa..

(21) 21. A Inspiração para a pesquisa O preconceito não é só uma forma perigosa de perceber um fenômeno. Por conta do preconceito, muitas vezes deixamos de lado tudo o mais que ele envolve Diana Lima. Esta citação acima é um dos pensamentos iniciais que inspiram a realização da presente dissertação de mestrado. A partir de uma pesquisa acadêmica que se propôs aprofundar o estudo sobre o fenômeno da mobilidade urbana frente aos sentidos atribuídos ao uso e consumo das cinquentinhas na sociedade de consumo contemporânea e sua relação cotidiana com o espaço urbano no Grande Recife. Tive que percorrer antes uma desafiadora trajetória acadêmica como estudante do curso. de. bacharelado. em. Economia. Doméstica,. um. curso. olhado. preconceituosamente no espaço acadêmico pelos significados socioculturais atribuídos ao doméstico. Nesses termos, destaco a oportunidade que tive em vincular-me ao Programa de Iniciação Científica Voluntária/PIC/CNPq. Essa experiência me possibilitou estabelecer uma estreita relação com a pesquisa em dois projetos (de pesquisa) no que concerne a temáticas que me fizeram refletir as contradições em relação às questões sociais, entre elas as urbanas, vivenciadas pela realidade brasileira. No primeiro ano de pesquisa, mais especificamente entre 2009-2010, fui provocada a trabalhar com a problemática da qualificação profissional, sobretudo no que diz respeito à escolarização de jovens e adultos – EJA2. Esse momento me proporcionou desenvolver uma reflexão crítica sobre o acesso à escolarização, assim como abandono escolar, repetência, analfabetismo entre outros fatores. Essa experiência contribuiu significativamente para meu crescimento intelectual e pessoal, pois tive a oportunidade de mergulhar nas realidades dos fenômenos sociais e estabelecer um contato sistemático com as teorias e consequentemente a produção do conhecimento. Não muito tempo depois, já em 2010-2011, me aproximei dos estudos do consumo, vinculando-me ao projeto (DUQUE-ARRAZOLA, 2010) com subprojeto de Nesse sentido a proximidade com Programa de Educação de Jovens e Adultos – EJA, por meio do projeto e do subprojeto de pesquisa PIC/CNPq/UFRPE (2009-2010) intitulado como: A política de qualificação profissional do setor educativo: o caso do programa de educação de Jovens e Adultos- EJA ( MACIEL, 2010). 2.

(22) 22. pesquisa intitulado: Consumo e suas formas de pagamento em moradias populares do Grande Recife (MACIEL, 2011a; 2011b)3 momento esse em que me aproximei da realidade vivenciada pelas famílias consumidoras de contextos populares. Pesquisa que teve como objeto de estudo o consumo e o cotidiano das famílias. O resultado da pesquisa citada se materializou na monografia de conclusão de curso intitulada: Práticas contemporâneas de consumo e estratégias de pagamento de famílias da nova classe média. Além disso, o trabalho também resultou em publicações de artigos científicos. Frente a essa conjuntura, sobremodo pela possibilidade de me debruçar nos estudos e pesquisas no campo do consumo, visando o mestrado, me vinculei ao projeto de pesquisa tratando da questão urbana (DUQUE-ARRAZOLA, 2013), destacando dele a problemática da mobilidade urbana para o projeto do mestrado. Esse cenário foi fundamental para despertar o desejo de continuar estudando a temática do consumo, e, sobretudo o investimento numa temática original. Assim, o investimento no Programa de Pós-Graduação em Consumo, Cotidiano e Desenvolvimento Social – PGCDS da Universidade Federal Rural de Pernambuco, passou a ser meu interesse central, haja vista meu entusiasmo em trabalhar uma pesquisa que articulasse a questão do consumo, e agora articular com a problemática da mobilidade urbana na sociedade contemporânea (DUQUEARRAZOLA 2013). Considerando este contexto, a motocicleta reconhecida como um bem de consumo e vista como alternativa de mobilidade urbana que tem ganhado crescente visibilidade nos dias atuais, dado o crescimento significativo de compra e uso/usufruto das motos, especialmente no contexto urbano, passou a ser meu interesse inicial de pesquisa. Hoje com o olhar atento às informações sobre a mobilidade urbana e o uso das motocicletas, sejam elas a partir de matérias/reportagens (jornais, revistas, rádio, televisão) referências bibliográficas, teses, dissertações, entre outras fontes, passei a observar com mais cuidado o grande fluxo de circulação das motocicletas nos municípios do Grande Recife, por onde mais circulo, e observar qualquer 3. Além dessas experiências como pesquisadora de Iniciação Científica, também na graduação fui vinculada como estagiária do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher – NUPEM, vivência esta que me agregou ainda mais conhecimento e experiência através de debates e pesquisas e que me fez perceber que esta última experiência como pesquisadora poderia ser ainda mais rica dadas as atuais práticas de consumo e as estratégias de pagamento das famílias dos bairros populares do Grande Recife, o que me permitiu realizar meu trabalho de conclusão de curso, como citado anteriormente..

(23) 23. aspecto que lembrasse este objeto de consumo. Em uma dessas observações comecei a prestar mais atenção num modelo específico de motocicleta, o qual vem ganhando crescente visibilidade na sua circulação pelas ruas e avenidas do Grande Recife. Além disso, passei a perceber que as motocicletas cada vez mais têm sido alvo de diversos debates, discussões e reflexões, dada sua especificidade de circulação e os reflexos que vem causado, principalmente no que diz respeito à insatisfação da população em trânsito. Portanto, os ciclomotores popularmente conhecidos como cinquentinha vem interferindo na questão da mobilidade, haja vista suas implicações na circulação nos espaços urbanos, a exemplo do agravamento com os acidentes de trânsito4. Outro ponto a destacar se refere ao crescente volume de trabalhos acadêmicos direcionados aos estudos da mobilidade urbana e uso das motocicletas. Estes têm sido desenvolvidos em grande parte, a partir de áreas específicas, a exemplo, da gestão e planejamento urbano e da saúde. Por outro lado, se faz necessário um maior investimento nos estudos sobre o fenômeno das cinquentinhas enxergando-o não apenas em seus aspectos negativos como apontam a maioria das reportagens e discussões. Nesse sentido, percebo a necessidade de compreender o fenômeno do uso das cinquentinhas reconhecida como um bem de consumo que para algumas pessoas se tornou uma opção de acesso de mobilidade por um setor de uma determinada classe social (trabalhadora), constituindo assim um bem de consumo carregado de significados, os quais podem favorecer sua inclusão na circulação, locomoção e como também um instrumento de trabalho, sobretudo no ambiente urbano. Mas cabe destacar que este fenômeno não ocorre apenas nos grandes centros urbanos, pois se faz presente também nos locais interioranos, especialmente dados à precariedade e/ou até mesmo à inexistência do transporte 4. Segundo a reportagem veiculada no jornal do comercio no dia 05 de novembro de 2014 no caderno cidades com a meteria intitulada como uma batalha quase perdida, de Margarette Andrea, a partir de um levantamento feito de diversos órgãos no Estado, confirmam o aumento dos acidentes com motocicletas. Dos 10. 075 acidentes com motos que foram registrados na restauração (hospital de referência do Estado) entre os anos de 2013 a 2014. A maioria das vítimas (87%), era do sexo masculino, e, os de interior, 72% usavam a moto sem capacete. De 3.781 pacientes atropelados, 42%(1.583) foram atingidos por motocicletas e cinquentinhas, 34 deles na calçada. De acordo com a mesma fonte, em uma outra reportagem (após anos) no dia 20 de abril de 2016, reforçam esse agravamento, destacando que em 2015, 32. 881 condutores de motos estiveram envolvidos em acidentes de trânsito. Ainda conforme a mesma fonte baseados nos dados da secretaria Estadual de Saúde e Comitê de Prevenção a Acidentes com Motocicleta (Cepam), entre as três categorias mais envolvidas (motos, carros e pedestres) as motos lideram os índices de porcentagens..

(24) 24. coletivo, apesar da vulnerabilidade que coloca os/as usuários/as mediante o contexto de sua circulação. Foi mediante essa realidade que surgiu meu interesse pelo tema de estudo desta dissertação, que está estruturada do seguinte modo: na primeira parte será apresentada, além da introdução, a fundamentação teórico-metodológica que subsidiaram o momento reservado à pesquisa de campo e sua análise, no qual se configura a segunda parte desta dissertação. O primeiro capítulo, intitulado caminhos metodológicos: aproximações metodológicas, se ocupa em expor algumas considerações sobre o método materialismo histórico e dialético, bem como análise do discurso, perspectivas que contribuíram para realizar a compreensão analítica do contexto pesquisado e os caminhos metodológicos escolhidos para a realização da presente pesquisa. O segundo capítulo, intitulado A sociedade de consumo, se propõe refletir sobre a sociedade de consumo, dando destaque ao debate do consumo, privilegiando a importância dos significados, do simbólico, inseridos na cultura do consumo. Já o terceiro capítulo A mobilidade urbana, versa sobre a mobilidade urbana e sua problemática na contemporaneidade, enfatizando uma das alternativas de mobilidade urbana, as motocicletas. No quarto capítulo (segunda parte) A mobilidade urbana sobre duas rodas: a cultura do consumo das cinquentinhas na contemporaneidade destaca a reflexão e análise dos dados obtidos, propondo responder tanto ao problema de pesquisa como os objetivos proposto. Na sequência encontram-se as considerações finais..

(25) 25. CAMINHOS METODOLÓGICOS Em termos metodológicos, um dos propósitos- do desenvolvimento desta dissertação foi aproximar-nos ao método de Marx tomando a categoria da totalidade (NETTO, 2011; KOSIK 2002) chave para apreender e compreender a singularidade da cinquentinha bem/mercadoria objeto do desejo de consumo da sociedade capitalista contemporânea, integrando a dinâmica do capital internacional e suas contradições, sendo percebida, significada e simbolizada por um discurso dos sujeitos consumidores reveladora de uma visão em que predominam as expressões imediatas do fenômeno do consumo. Daí termos escolhido a análise do discurso falado como um momento desse processo de consumo, importante conhecer e compreender, mesmo numa forma inicial de aproximação Análise do Discurso. Primeiramente. é fundamental entender. que. para. compreender. o(s). fenômeno(s) em questão ou objeto(s) de pesquisa é preciso ir “além da aparência fenomênica da realidade empírica–por onde necessariamente se inicia o conhecimento [...]” para apreender sua essência, ou seja, sua estrutura e dinâmica, como explica José Paulo Netto (2011 p. 22). Essa essência configura a natureza das coisas, dos fenômenos, sua existência, pois ela está compreendida na totalidade. Isso significa dizer para o referido autor que aquilo que se mostra à primeira vista da realidade empírica, que aparece a nossa percepção imediata, não é a realidade, o real, na concepção da dialética. É apenas o nível aparente dessa realidade, que é importante e não deve ser descartado, exemplo da pesquisa em questão sobre as cinquentinhas. Segundo Karl Marx, as relações, inter-relações e as contradições que exprimem essas manifestações e relações sociais, ou seja, esse movimento dialético não se manifesta na aparência do real, por mais rica que seja sua descrição. Precisa da totalidade concreta como totalidade do pensamento como um concreto de pensamento, um produto do pensar, do conceber, do analisar (MARX, 1857; NETTO, 2011). Todavia, é preciso estar vigilante para não incorrer na definição de essência em termos das visões idealistas e as apropriadas pelo senso comum que identificam à coisa, ao fenômeno, ao objeto como algo em si mesmo, sem relações e interconexões, sem contradições, sem história. Dai a importância, na perspectiva da dialética materialista, da categoria totalidade concreta como totalidade do.

(26) 26. pensamento, ou o todo estruturado, da teoria como trabalho intelectual de abstração, como concreto de pensamento (MARX Apud NETTO, 2011) Nessa perspectiva Karel KosiK, (2002, p. 44) conceitua a totalidade como sendo, Realidade como um todo estruturado, dialético, no qual ou do qual um fato qualquer (classes de fatos, conjunto de fatos) podem vir a ser racionalmente compreendido[...]. Sem a compreensão de que a realidade é totalidade concreta – que se transforma em estrutura significativa para cada fato ou conjunto de fatos – o conhecimento da realidade concreta não passa de mística, ou coisa incognoscível em si.. A aparência é a forma como o fenômeno se mostra popularmente chamado “fato empírico”, o que de imediato é possível ver, captar, inferir ou deduzir. Em outras palavras, a análise e conhecimento do fenômeno ou objeto de pesquisa deve ir além da imagem e das manifestações. Compartilhando desta mesma linha de raciocínio, Karel Kosik (2002) defende que para conhecer a realidade há que apreender o fenômeno, que se manifesta na realidade imediata do cotidiano. Conforme este autor, a essência do fenômeno não se apresenta de imediato, mas sim através do desvelamento de suas mediações, relações e contradições. Lukács (1967, apud PASQUALINI e MARTINS, 2015) recomenda que para que se tenha uma verdadeira aproximação e entendimento da realidade, devem ser mencionadas as conexões existentes entre as dimensões singular, particular e universal dos fenômenos e do todo parcial ou total em que está inserido. Isto implica dizer que a decodificação da relação entre essas três dimensões configura-se em um dos princípios do método materialista dialético, tendo em vista a apreensão dos fenômenos para além da aparência e buscando a sua essência (estrutura e dinâmica), as múltiplas determinações que o determinam, como explica Marx na Introdução de 1857 (cf NETTO, 2011). O movimento da dialética, segundo Lukács (1967, apud PASQUALINI e MARTINS, 2015), entre o singular, particular e universal é considerado uma propriedade objetiva dos fenômenos. Ao nos depararmos com o fenômeno empírico, pode-se dizer que se trata de uma singularidade. Como enfatiza Lukács (1967, apud PASQUALINI E MARTINS, 2015, p.363), “é obvio que em nossas relações diretas com a realidade tropeçaremos sempre diretamente com a singularidade”. Em outras palavras, de modo imediato nos deparamos com a singularidade, pois:.

(27) 27. tudo o que nos oferece o mundo externo como certeza sensível é imediatamente e sempre algo singular, ou uma conexão única de singularidades, é sempre isto singular (LUKÁCS, 1967, apud PASQUALINI E MARTINS, 2015, p..364)(grifo do autor).. Na perspectiva do método materialista dialético, embora parte da realidade e necessária descrever, a singularidade não é capaz de revelar a essência. O singular é apenas aparência. Como vimos anteriormente, é preciso ir além da aparência. Para que isso ocorra, segundo os autores referenciados a cima, é necessário relevar as relações que envolvem as causas encobertas, apreendendo as múltiplas mediações que os configuram. Sendo assim, é necessário ter a compreensão dos fatores responsáveis pelo fenômeno. Isto implica dizer que todo fenômeno singular tem em si determinações universais5. Assim, trata-se de entender os fenômenos como reflexo da unidade entre a singularidade, particularidade e universalidade. Desse modo, é fundamental entender o caráter peculiar de determinado fenômeno, mas esse caráter particular só terá importância se entendido em sua unidade dialética com o universal: Uma boa análise dialética assenhora-se, pois, do caráter específico de determinado processo; mas isso só será possível se ela não isolar esse processo do movimento de conjunto que condiciona sua existência [...] O específico não tem valor senão em relação ao universal. O específico e o universal são inseparáveis (POLITZER, 1954, p. 95).. Agregado a isto é necessário ter a compreensão dos objetos articulados a uma mesma (universalidade). Desse modo, as diferenças e oposições são importantes para compreensão do universal, pelo contrário, a apreensão da essência universal expõe a necessidade que configura o desenvolvimento de suas várias manifestações particulares (PASQUELINI E MARTINS, 2015). O universal, também chamado de totalidade por outros/as, se opõe a diversidades das expressões singulares, mas contém toda riqueza do particular e do individual, não apenas como possibilidade, mas como necessidade de sua própria expansão, de seu desenvolvimento (ILYENKOV, 1975). Isso nos leva a perceber que a relação entre singular e universal está associado à relação entre o todo e suas partes. Ou 5. Segundo as autoras Juliana Pasqualini e Lígia Martins (2015) , a função do pesquisador é desvendar como a universalidade se expressa e se concretiza na singularidade, ou como a universalidade se expressa e se concretiza na diversidade de expressões singulares do fenômeno..

(28) 28. seja, o singular faz parte de um todo. Esse todo manifesta-se nas inter-relações das singularidades com a particularidade e a totalidade, o que implica maiores aprofundamentos,. para o doutorado posteriormente6.. Pelo que foi exposto até aqui, podemos entender que o fenômeno não se expressa apenas na singularidade da totalidade. O aspecto singular e a totalidade universal articulam-se: são vistos como pólos opostos e contraditórios das relações com a unidade dialética que dão vida ao fenômeno. O discurso falado exprime visões de mundo relacionadas com a totalidade social concreta, de um modo oposto ou contraditório chamado também de “tensão dialética”. Aproximações iniciais sobre Análise do Discurso Tendo em vista o exposto e o já insinuado em relação ao discurso dos/das entrevistados/as, a singularidade do objeto cinquentinha na dinâmica da totalidade do capitalismo, a encontramos também na singularidade do discurso falado de cada sujeitos consumidor entrevistado/a e compreendido também por essa totalidade concreta. Embora neste propósito de aproximação à análise do discurso, os recursos do discurso falado tenham sido mais limitados. A Análise do Discurso7 – AD foi escolhido como o abordagem. teórico-. metodológica que permite captar e compreender os significados e sentidos que os sujeitos exprimem em suas falas ou discursos, em nosso caso em ralação aos bens de consumo, especificamente a cinquentinha. Entretanto, tratamos aqui de um processo inicial de aproximação8 para efeitos desta dissertação. A AD é um tipo de abordagem analítica de caráter qualitativo que procura, segundo Eni Orlandi: “(...) compreender a língua fazendo sentido, enquanto trabalho simbólico do trabalho social geral, constitutivo do homem e da sua história (ORLANDI, 1999, p 15).. A apreensão dos sentidos nesta dissertação se faz a partir do discurso falado dos/as entrevistados/as para esta pesquisa. Como explica Eni Orlandi (1999). 6. Essas partes não existem por si mesmas; elas estão relacionadas entre si e com o todo. Existem várias abordagens a respeito da Análise do Discurso – AD. A que sigo aqui se inspira na Escola francesa que surge no final dos anos de 1960 com Michel Pêcheux como pioneiro. Escola crítica inspirada no materialismo histórico. Para maiores aprofundamentos sobre outras perspectivas da AD, ver entre outros o Manual de análise do discurso em ciências sociais de autoria de Lupicio Iniguez (coordenador), da editora Vozes do ano de 2004. Cabe ressaltar que o Brasil é considerado, segundo Francine Maziere (2007) o centro de referência de AD Pecheuxeudiana. 7.

(29) 29. etimologicamente discurso remete à noção de movimento. aqui abordado num movimento inicial chegando a ele mediante uma categorização do(s) discurso(s) do/da entrevistado/da, precisando ir além dessas categorizações, embora nela estejam contidas significações e sentidos.. A palavra discurso [...] tem uma idéia de curso, de percurso, de correr por, de movimento. O discurso em si é a palavra em movimento, prática de linguagem: com o estudo do discurso observa-se o homem falando (ORLANDI, 1999, p. 15).. Assim sendo, essa abordagem busca entender a língua fazendo sentido, “enquanto trabalho simbólico, parte do trabalho social” a partir dos homens. e. mulheres e a própria história vivida de cada um/uma deles/delas (ORLANDI, 19999, p. 15). Através deste estudo é possível identificar a aptidão do ser humano em significar e significar-se. A linguagem9 neste processo é reconhecida como mediação entre os seres humanos e o contexto social em que ele vive. Nesse movimento, o discurso é essa mediação. Assim para Eni Orlandi (1999, p. 15) por meio dela, [...] torna-se possível tanto a permanência e a continuidade quanto o deslocamento e a transformação do homem e da realidade em que ele vive. O trabalho do simbólico do discurso está na base da produção da existência humana (ORLANDI, 1999, p. 15).. Um dos pontos que merecem serem esclarecidos na AD 10 é que ela não considera a língua enquanto um sistema abstrato e sim a língua no mundo, a partir dos homens e das mulheres falando, com suas formas de significar, considerando, sobretudo, a produção de sentido. Noutras palavras, a AD considera a língua enquanto visão de mundo e os significados inclusos nas falas como materialização do discurso. Neste cenário, Pêcheux entende que na AD a história tem uma influência significativa na construção do sentido e ambas se encontram conectadas, pois “a língua e a história encontram-se presas mutuamente”. Se. a. cinquentinha. concretiza. uma. das. mercadorias. da. sociedade. contemporânea, os discursos falados políticos, teóricos, do cotidiano, em imagens, mediáticos, publicidade, entre outros, exprimem a ideologia da sociedade sobre a. 9. Segundo Eni Orlandi a linguagem é considerado o principal elemento que deu origem ao estudo da AD. Ela surge a partir da preocupação com as diferentes formas de significar. 10 Para o caso da AD o discurso é reconhecido como um objeto Sócio -histórico..

(30) 30. qual discorrem, seja de modo direto ou mediante suas significações, os sentidos da falas no discurso. A AD, ao recorrer à história, tem o objetivo de compreender os sentidos produzidos pelo discurso, de acordo com as condições de produção históricossociais específicos à existências dos sujeitos (FERNANDES, 2005, p. 59). Outro aspecto que é digno de destaque é que na AD a questão principal é a apreensão do sentido, pois a “linguagem é linguagem porque faz sentido, e a linguagem só faz sentido porque se inscreve na história”, conforme Eni Orlandi (1999, p. 25). Além da história, a ideologia tem um papel fundamental na produção do sentido, a partir da linguagem. Conforme a autora a linguagem está materializada na ideologia e a ideologia se manifesta na língua. Seguindo essa lógica, a AD trabalha com a relação língua-discurso-ideologia. A autora reforça esse raciocínio ao dizer que todo dizer é ideologicamente marcado, sendo que a ideologia se materializa nas palavras enunciadas pelos sujeitos. Neste sentido, de acordo com Cleudemar Fernandes (2005, a linguagem e ideologia se materializam mutuamente. Ainda segundo o autor, o sujeito11 nesta abordagem, não se refere ao individuo sozinho (individualizado, isolado), com uma existência reservada, implica também o sujeito vinculado a um coletivo, ao contexto social, histórico e ideologicamente marcado. O referido autor enfatiza que este sujeito é um ser social, que vive em um espaço coletivo, permeado por diversas vozes sociais, constituídos por vários discursos, marcado pela heterogeneidade, conflitos e polifonia, por isso se inscreve em diversas formações discursivas 12Assim, a ideologia é revelada no posicionamento do sujeito em seu discurso. Neste movimento, é importante que tenhamos em mente que a AD reconhece que a linguagem não é transparente. Produz um conhecimento a partir do próprio texto, porque vê como tendo uma materialidade simbólica própria e significativa como tendo uma espessura semântica: ela o concebe em sua discursividade (1999, p. 18) .. Segundo Eni Orlandi (1999, p. 19-20) a contribuição da psicanálise para AD se dá “com o deslocamento da noção de homem para o sujeito. 11. 12. A presença dessas várias vozes sociais presentes dos discursos, oriundas de variadas discursos e diversos espaços sociais é compreendida na AD como Polifonia( muitas vozes)..

(31) 31. O percurso recorrido no desenvolvimento da pesquisa desta dissertação A presente. dissertação de mestrado, contemplou. quatro momentos. conectados entre si, e que permitiram sucessivas aproximações e apreensão do objeto de pesquisa.. Primeiro momento: universo da pesquisa O universo da pesquisa para a realização campo abrangeu alguns municípios integrantes do Grande Recife, tais como Camaragibe, Paulista, Olinda e Recife. Durante o período de campo, fui em alguns momentos no centro. do Paulista. observar sua dinâmica, percebi a presença de cinquentinhas (principalmente em vários estacionamentos públicos, motocicletas) e circulação. algumas próximas. de muitas. de outros. modelos de. pelas ruas e avenidas. Neste momento. também foi observada a venda de alguns modelos de cinquentinhas em algumas lojas populares nas proximidades.. Iniciei as primeiras tentativas de conversas. informais abordando as pessoas na localidade, mas quando explicava que estava realizando. uma pesquisa. acadêmica. e perguntava. quem tinha cinquentinha,. muitas pessoas são sabiam ou ficavam receosos para informar. Em vários momentos, por indicação de algumas pessoas que circulavam ou que tinham algum tipo de comércio nas redondezas, conseguia chegar até os/as usuários/as e donos/as, mas ao falar da pesquisa e fazer o convite e assinar o termo de consentimento livre. esclarecido, modelo este que está. nos apêndices da. dissertação para participar da entrevista, com o apoio do gravador, observei a resistência de algumas pessoas em serem entrevistadas, por mais que explicasse que aquela ferramenta era apenas um apoio de coleta de dados para pesquisa, que não teria problema em desligar. Muitos deles/as desistiram de participar mesmo antes de começar a entrevista. Cerca de seis pessoas desistiram de participar da pesquisa. A partir desse desafio ocorrido compreendi que o gravadores , gravador, também são carregados de significados: são associados comprometimento pessoal, inquérito, entre outros.. a denúncia, suspeita,.

(32) 32. Outro impasse no trabalho de campo no momento que tentei contato com as lojas que vendiam as cinquentinha, mas estas foram fechadas13, inviabilizando a continuidade da pesquisa no Paulista, procurando outros municípios do Grande Recife- RMR. Diante dessa realidade, foi necessário expandir o universo da pesquisa de campo para o Grande Recife, agora como tentativa de realizar o número de entrevistas propostas tanto com vendedores/gerente, assim como os usuários/as. Uma das estratégias utilizadas foi buscar no meu círculo de amizades pessoas que pudessem indicar alguém que fosse proprietário/a e fizesse uso das cinquentinhas no Grande Recife. Esse, portanto, seria posteriormente o caminho mais acessível para conseguir realizar as entrevistas sem tanta resistência. Todas as entrevistas foram realizadas diretamente com o/a entrevistado/a tanto nas localidades (muitas vezes nas ruas) onde encontrava os/as usuários/a próximos a sua cinquentinha, e que muitas vezes também era seu local de trabalho, como (nos casos de indicação) fui ao encontro do/a entrevistado/a (algumas foram realizadas até na própria residência). A definição por realizar a pesquisa no Grande Recife se deu por este o maior e principal aglomerado urbano do estado de Pernambuco, o qual, enquanto Região Metropolitana do Recife integra 14 municípios.. Desses municípios escolheram-se Camaragibe, Recife, Olinda e Paulista. por se tratar de localidades com. características urbanas semelhantes e onde os problemas de mobilidade, fazem das cinquentinhas uma alternativa aos mesmos o que tem estimulado um comércio das cinquentinhas, o que favoreceu o desenvolvimento da pesquisa de campo desta dissertação. Na presente pesquisa participaram 32 pessoas as quais foram enquadradas em três categorias: categoria I(usuários/as de cinquentinha);. Categoria II. (profissionais. vinculados. à venda) e categoria III( motoristas, pedestres. e. motociclistas).. Da primeira categoria foram quatorze participantes, sendo onze. homens e três mulheres. Cabe ressaltar que foram escolhidos um número maoir de homens usuários de cinquentinha, porque segundo informações da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Bicicletas e Simulares – 13. Em entrevista com o presidente da Associação Nacional de usuários de Ciclomotores- ANUC, um dos fatos que foram responsáveis pelo fechamento, em especial de uma das lojas em Paulista exclusivas de que vendiam as cinquentinhas foram em primeiro lugar: a realidade vivenciada no país: a crise econômica e a queda das vendas deste tipo de veículo nos últimos tempos..

(33) 33. ABRACICLO (2015) nos últimos doze anos a maioria ( 75% a 80%) de motocicletas Já as mulheres neste mesmo período representam a minoria (19% a 25%) no quesito de compra de motocicletas. A categoria II contou com a participação de seis profissionais vinculados à venda da cinquentinha. Doze pessoas da categoria III, dentre eles motoristas, pedestres e motociclistas, também participaram da pesquisa de campo. A seleção das pessoas das três categorias deu-se de modo aleatório, pois foram consideradas as pessoas que se mostraram disponíveis. Cabe destacar que a pesquisa de campo foi realizada no segundo semestre de 2015, entre agosto e dezembro do mesmo ano, nos locais acima referidos.. Segundo momento: construção do marco teórico e coleta de dados A pesquisa bibliográfica é de suma importância para uma pesquisa, segundo Antonio Gil (2008) explora conhecimentos de materiais e conteúdos já elaborados por outros estudiosos sobre o assunto ou fenômeno a ser pesquisado. Foi nesse momento que me aproximei dos teóricos/as e estudiosos que discutem sobre as temáticas que embasaram o referencial teórico. Também foi utilizada também como caminho para coleta de dados a técnica da observação, conceituada pelo estudioso Antônio Severino (2007), como sendo todo aquele procedimento que possibilita o acesso aos fenômenos estudados. É considerada uma técnica, na visão de autoras como Chistian Laville e Jean Dione (1999), que possibilita o contato direto com as manifestações da realidade imediata e cotidianas relacionadas ao objeto de pesquisa . Respeito a esse processo, é importante que se tenha em mente o que, nos diz Florestan Fernandes (1980: 1980,p.03) O cientista não lida diretamente com os fatos ou fenômenos que se observa e pretende explicar, mas com instâncias empíricas, que reproduzem tais fatos ou fenômenos. A realidade não é suscetível de apreensão imediata, e sua reprodução, para fins de investigação científica, exige concurso de atividades intelectuais deveras complexas [...].. Pode-se dizer que a técnica da observação é uma dessas atividades, sinalizadas pelo autor, como um dos “caminhos” que permitem compreender essas.

(34) 34. instâncias empíricas para que através dela possamos chegar à compreensão do fenômeno em questão. É válido ressaltar que a observação esteve presente em todos os momentos da construção da dissertação, especialmente quando fomos coletar os dados com a realização das entrevistas, o que se configurou no terceiro momento da pesquisa.. Terceiro momento da pesquisa: realização das entrevistas A coleta de dados deu-se também por meio. das entrevistas semi-. estruturadas cujos os roteiros, segundo as categorias já assinaladas encontram-se no apêndice. A, B, C. . Esses roteiros foram construídos para cada uma das. categorias (Categoria I, Categoria II e Categoria III. Para a primeira categoria dos/as usuários/as o objetivo foi de captar sua visão sobre as cinquentinhas. o roteiro da segunda categoria foi para os profissionais vinculados a comercialização (gerentes, vendedores/as), a finalidade estava em obter informações sobre o seu olhar enquanto um profissional em contato direto com os consumidores e consumidoras. Além disso, foram realizadas entrevistas com outra categoria III de entrevistados/as: motoristas, pedestres e motociclista, com vistas a perceber a olhar dessas pessoas em relação à circulação deste tipo de veículo nas ruas e avenidas no Grande Recife. A seguir apresentamos um quadro caracterizando o quantitativo e categoria dos/as entrevistados/as.. Quadro 01- Entrevistados/as CATEGORIA Categoria I. Entrevistados/as Usuários/as. Homens 11. Mulheres 3. Categoria II. Vendedores, subgerentes, gerentes. 2. 3. Categoria III. Motoristas, motociclistas e pedestres. 6. 6. Presidente da ANUC14. *. -. Fonte: Elaborado pela pesquisadora. 14. Associação Nacional dos Usuários de Ciclomotores- ANUC *Ao longo da pesquisa foi descoberto que para os/as usuários/as de “cinquentinha” existe uma associação e foi marcada uma entrevista com o Presidente..

(35) 35. Todas as entrevistas foram gravadas e autorizadas pelos/as entrevistados/as, que assinaram um termo de consentimento livre esclarecido ( Apêndice D), elaborado especialmente para este trabalho15. É importante enfatizar que todas as pessoas que participaram da pesquisa tiveram suas identidades preservadas nesta dissertação: seus nomes foram substituídos por nomes de. modelos de. cinquentinhas (no caso das categorias I e III) e de empresas fabricantes e lojas de motos (categoria II). O material coletado para a pesquisa, além das entrevistas de campo, contou também com registros fotográficos, e observações registradas em um diário de campo. As fotografias selecionadas foram utilizadas de modo ilustrativo para a construção da presente pesquisa. Após a realização das entrevistas, as mesmas foram transcritas na íntegra, visando. captar. detalhadamente. a. riqueza. do. discurso. falado. dos/as. entrevistados/as, posteriormente foram analisadas o que conformou no quarto momento da pesquisa.. Quarto momento da pesquisa: análises dos dados O tratamento dos dados e resultados das entrevistas (organização e análise) embora visando apreender do discurso falado suas significações e sentidos a organização da análise foi categorizada a partir das classificações que foram-me ajudando a aproximar-me do discurso falado dos/das entrevistados/ elegemos sete categorias as quais foram: o econômico, funcionalidade, sentimentos, crítica, Estado/Detran, segurança e simbólico. Essas categorias foram criadas em base as informações obtidas nos depoimentos dos/das entrevistados/as. Cabe aqui destacar que associamos expressões ditas pelos/pelas entrevistados/as com as categorias acima sinalizadas. Como podemos visualizar na tabela abaixo.. 15. É válido ressaltar que nem todos os entrevistados/as quiseram assinar o termo de livre consentimento..

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