• Nenhum resultado encontrado

A tematização do tema saúde na educação física escolar: uma análise do desenvolvimento de uma unidade de ensino

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A tematização do tema saúde na educação física escolar: uma análise do desenvolvimento de uma unidade de ensino"

Copied!
64
0
0

Texto

(1)

UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DHE - DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO

LIDIANE BRANDOLFF

A TEMATIZAÇÃO DO TEMA SAÚDE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UMA ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DE UMA UNIDADE DE ENSINO

Ijuí - RS 2018

(2)

LIDIANE BRANDOLFF

A TEMATIZAÇÃO DO TEMA SAÚDE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UMA ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DE UMA UNIDADE DE ENSINO

Trabalho de conclusão do curso apresentado ao curso de Licenciatura em Educação Física da Unijuí, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciada em Educação Física.

Orientador: Prof. Robson Machado Borges

Ijuí - RS 2018

(3)

A Banca Examinadora abaixo assinada aprova o trabalho de conclusão de curso:

A TEMATIZAÇÃO DO TEMA SAÚDE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UMA ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DE UMA UNIDADE DE ENSINO

elaborado por

Lidiane Brandolff

como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Educação Física.

1 de fevereiro, Ijuí (RS), de 2018

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________ Orientador: Prof. Ms. Robson Machado Borges – Unijuí

_________________________________________________ Examinador Titular: Prof. Ms. Iberê Machado Kostrycki – Unijuí

(4)

Dedico este trabalho a minha maior inspiração e incentivadora minha mãe Ema, ao meu pai Danilo, a minha irmã Andreza e a todos que sempre me apoiaram e ensinaram.

(5)

AGRADECIMENTOS

Ao chegar neste momento percebo o quanto são válidos o estudo e a busca por conhecimento, as leituras e todas as pesquisas realizadas. Saliento que essa será a primeira etapa de muitas, uma vez que a educação merece profissionais dedicados, preocupados e pesquisadores atuantes, empenhados na busca constante por conhecimento.

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a Deus por me dar condições de superar todos os obstáculos e seguir em frente, etapa por etapa. Agradeço muito aos meus pais, especialmente minha mãe, que sempre acreditou em mim, me dando suporte e condições, principalmente educação e o convívio com livros desde a infância.

Aos professores da Unijuí, que foram imprescindíveis para que eu chegasse até esta etapa de minha vida, ensinando-me muito mais do que aquilo que se encontra nos livros, mostrando como nos tornarmos profissionais éticos, e, acima de tudo, seres humanos melhores. Destaco um agradecimento especial ao professor Fernando González, que sempre foi uma inspiração em busca de um ensino de qualidade, forçando-me a estudar e pesquisar muito. Acredito que suas aulas contribuíram para a minha busca constante por conhecimento, permitindo-me ter uma visão completamente diferente do curso e do profissional de Educação Física. O seu jeito de ensinar e cobrar, logo no primeiro semestre do curso, foi o que fez minha formação acadêmica ser diferenciada.

Agradeço ao meu orientador Robson Machado Borges, por toda a orientação, empenho, carinho, paciência e compreensão, que foram essenciais para a elaboração deste trabalho, ajudando-me a ver com clareza diante das dificuldades que surgiram ao longo do percurso. Seus ensinamentos e suas palavras me acompanharão por toda a minha trajetória como profissional.

Agradeço a professora Varinia de Matos Diello que se dispôs a me deixar realizar este trabalho com sua turma e a todas as alunas participantes, saliento que essa foi uma grande experiência.

(6)

RESUMO

Nunca se falou tanto no termo saúde como nos dias atuais. Por isso é necessário aprofundar os conhecimentos sobre o tema, tendo em mente a importância de pensarmos as práticas corporais e saúde fazem parte da especificidade da Educação Física no âmbito escolar. No entanto, esse tema raramente é contemplado nas aulas, não sendo garantido o direito dos educandos a uma reflexão crítica sobre os temas relacionados com a saúde, que poderão vir a promover diversas ações positivas em suas vidas e na de seus familiares. Sendo assim, o objetivo desse trabalho consiste em descrever os principais aspectos da realização de uma unidade de ensino sobre práticas corporais e saúde com uma turma de alunas do Ensino Médio de uma escola da rede pública de ensino de uma cidade da região central do Rio Grande do Sul. Este estudo está pautado em uma abordagem qualitativa, mais precisamente, configurando-se como um estudo descritivo, com procedimentos de pesquisa de campo. Os resultados desse estudo apontam que ocorreu uma aparente evolução na compreensão das alunas acerca do tema saúde em relação ao que sabiam antes do desenvolvimento da unidade de ensino.

(7)

LISTA DE FIGURAS

Quadro 1 - A busca por estudos semelhantes...15

Quadro 2 – Diagnóstico...18

Quadro 3 – Confecção da unidade didática...18

Imagem 1 – Método de ensino...19

Quadro 4 – Plano de aula 1...20

Imagem 2 – Conversa no tatame...23

Quadro 5 – Plano de aula 2...23

Imagem 3 – Leitura de recortes de jornais...25

Quadro 6 – Plano de aula 3...26

Imagem 4 – Relação do que as alunas 1 e 2 costumam comer durante o dia...27

Imagem 5 – Pirâmide alimentar...28

Imagem 6 – Cardápio ideal...29

Imagem 7 – Sugestão de lanche para a cantina realizada pelas alunas...30

Quadro 7 – Plano de aula 4...30

Imagem 8 – Deslocamento em diferentes ritmos...32

Quadro 8 – Plano de aula 5...33

Imagem 9 – Leitura de um texto...35

Imagem 10 – Procurando imagens nas revistas...36

Quadro 9 – Plano de aula 6...38

Imagem 11 – Lista de atividades que podem ser realizadas para evitar o sedentarismo...40

Quadro 10 – Plano de aula 7...41

Imagem 12 – Leitura dos textos...44

Quadro 11 – Plano de aula 8...45

Imagem 13 – Tabela para consultar do IMC...46

(8)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...8

1 REFERENCIAL TEÓRICO...10

1.1 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR...10

1.2 PRÁTICAS CORPORAIS E SAÚDE COMO TEMA DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR...12

1.3 A BUSCA POR ESTUDOS SEMELHANTES...14

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...16 2.1 TIPO DE PESQUISA...16 2.2 INSTITUIÇÃO E SUJEITOS...16 2.3 LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES...17 2.4 DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO...17 2.4.1 DIAGNÓSTICO...17 2.4.2 UNIDADE DIDÁTICA...18

2.4.3 CRIAÇÃO DOS PLANOS DE AULA E DESCRIÇÃO DAS AULAS...19

2.4.3.1 Planejamento e descrição da primeira aula...20

2.4.3.2 Planejamento e descrição da segunda aula...23

2.4.3.3 Planejamento e descrição da terceira aula.........26

2.4.3.4 Planejamento e descrição da quarta aula.........30

2.4.3.5 Planejamento e descrição da quinta aula.........33

2.4.3.6 Planejamento e descrição da sexta aula. .........38

2.4.3.7 Planejamento e descrição da sétima aula.........41

2.4.3.8 Planejamento e descrição da oitava aula.........45

2.4 CUIDADOS ÉTICOS...50

3 ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...51

CONSIDERAÇÕES FINAIS...55

REFERÊNCIAS...57

(9)

INTRODUÇÃO

Atualmente os aspectos relacionados à saúde recebem muita atenção da sociedade de forma geral. São diversos os meios de comunicação – televisão, rádio, revistas, rede mundial de computadores, etc. – que abordam o assunto de diferentes modos e perspectivas distintas.

A área da Educação Física também se ocupa desse tema, havendo diversos autores brasileiros que têm se dedicado a tratar dessa temática (GONZÁLEZ, 2012; DARIDO, 2014; FRAGA, 2014, entre outros).

No âmbito escolar, especificamente, os aspectos relacionados à saúde correspondem a um importante tema de ensino da Educação Física e têm sido indicados em propostas curriculares como, por exemplo, no Referencial Curricular do Rio Grande do Sul (GONZÁLEZ; FRAGA, 2009). Nesse sentido, Bracht (2013) afirma que “[...] desenvolver uma visão crítica do tema da saúde relacionada com as atividades físicas e práticas corporais da abordagem de temas relacionados à saúde é primordial nas aulas [...]”, sendo por isso fundamental que este tema seja abordado na Educação Física escolar.

Tendo a saúde como um tema importante para a vida em sociedade, a Educação Física pode desempenhar um papel poderoso como um espaço de constituição de saberes sobre o estilo de vida dos educandos e de seus familiares. Como afirma Menestrina (2005, p. 7), “a educação física é um dos campos do conhecimento humano com maiores probabilidades de transformar-se no elo de ligação entre as ciências educativas e sanitárias”.

Com isso é possível pensar aulas que tratam sobre saúde de uma forma geral são fundamentais para desenvolver nos alunos um conhecimento específico, possibilitando uma melhor compreensão e ajudando no enfrentamento das adversidades de seu cotidiano.

No entanto, o tema da saúde raramente tem sido contemplado nas aulas de Educação Física escolar. Essa situação não possibilita o direito dos educandos de terem acesso ao conhecimento que os capacitem a serem críticos acerca dos aspectos que envolvem a saúde.

Essa situação de não tematização desse assunto me incomoda profundamente, pois estou absolutamente convencida da importância e relevância desse tema na Educação Física escolar. Por este motivo resolvi criar e desenvolver um planejamento tematizando as práticas corporais e a saúde e analisar as consequências de tal ação.

Nesse contexto, o objetivo desse trabalho consiste em descrever os principais aspectos da realização de uma unidade de ensino sobre práticas corporais e saúde com uma turma de

(10)

alunas do Ensino Médio de uma escola da rede pública de uma cidade da região central do Rio Grande do Sul.

(11)

1 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo irei abordar temas que considero relevantes como suporte ao estudo desenvolvido. Pontualmente divido esses assuntos em três blocos. No primeiro escrevo sobre a Educação Física escolar. No segundo abordo acerca das práticas corporais e a saúde como tema de ensino da Educação Física na escola. Por fim, apresento o resultado de uma busca por estudos que tiveram objetivo semelhante a este.

1.1 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Para abordar a Educação Física escolar julgo preciso compreender, primeiramente, que seu formato, como conhecemos na atualidade, é algo relativamente novo e que vem passando por muitas mudanças/reestruturações. Como apontam González e Fensterseifer (2014, p. 241), esse componente curricular da forma que conhecemos é novo, sendo oriundo do resultado de uma “tradição razoavelmente recente: a Educação Física é moderna”, sendo que “se relaciona na sua gênese mais fortemente com as instituições médica, militar e educacional [...]”. De acordo com os mesmos autores,

a Educação Física e a escola moderna são contemporâneas, gestadas no mesmo caldo histórico-social e cultural. A função social que torna a Educação Física necessária, que a configura importante para o projeto social em construção, vai ser fundamentada basicamente no conhecimento médico, daí a influência do higienismo e a vinculação histórica entre Educação Física e saúde e/ou promoção da saúde, o que confere as características principais de seu universo simbólico de legitimação (ibidem, p. 241).

Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, a “Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos” (BRASIL, 1996). Para Menestrina (2005, p. 21), “a educação física, devido à sua panorâmica pluridimensional, apresenta-se como um elemento de valor pedagógico imprescindível, constituindo-se no ponto de partida para a educação da consciência humana, a partir de uma dinâmica corporal intencional e consciente”.

A Educação Física escolar é constituída de diversos conhecimentos sobre a cultura corporal de movimento, sendo assim, é fundamental que nas aulas sejam abordados uma pluralidade de temas, inclusive sobre saúde. Nessa linha, pode-se pensar que nessa disciplina

(12)

aprender significa mais do que realizar uma atividade motora. Significa também conhecer-se a si próprio e dominar-se enquanto corpo. A educação física, devido à sua panorâmica pluridimensional, apresenta-se como um elemento de valor pedagógico imprescindível, constituindo-se no ponto de partida para a educação da consciência humana, a partir de uma dinâmica corporal intencional e consciente (MENESTRINA, 2005, p. 21).

Neste sentido, González e Fraga (2009, p. 113-114) apontam que “de um modo específico, cabe à Educação Física tratar das representações e práticas sociais que constituem a cultura corporal de movimento, estruturada em diversos contextos históricos e de algum modo vinculada ao campo do lazer e da saúde”. Eles apontam como objeto de estudo da disciplina os esportes, a ginástica, as lutas, as atividades lúdicas, as práticas corporais expressivas, como por exemplo, as danças, e salientam que entre os conhecimentos que as práticas corporais proporcionam “o conhecimento da estrutura e dinâmica destas manifestações, bem como a problematização dos conceitos e significados a elas atribuídos, compõem os conteúdos sobre os quais as competências/habilidades devem ser desenvolvidas na escola” (GONZÁLEZ; FRAGA, 2009, p.113-114).

Ainda em relação ao sentido da Educação Física na escola, González e Bracht (2014) apontam como um grande desafio para a disciplina o fato de deixar de tratar apenas dos esportes, onde a técnica era prioridade, e passar a requerer um conhecimento conceitual sobre as práticas corporais. Nesse sentido González e Fraga (2009, p. 117) pensam que:

a Educação Física é um componente curricular responsável pela tematização da cultura corporal de movimento, que tem por finalidade potencializar o aluno para intervir de forma autônoma, crítica e criativa nessa dimensão social. Para atingir tal finalidade, é necessária uma clara explicitação das competências e conteúdos atribuídos a esta disciplina, assim como um esforço por estabelecer uma progressão coerente com as características sociocognitivas dos alunos nas diferentes etapas escolares e o próprio processo de complexificação do conhecimento.

A Educação Física historicamente sofreu grande discriminação a respeito de sua relevância educacional frente às demais disciplinas presentes na grade curricular de ensino, apesar da sua legalidade. Com todos os desafios a Educação Física vem conquistando seu espaço e sua valorização dentro do espaço escolar. Nesse viés, a proposta de González e Fraga (2009) aponta uma série de conteúdos que fazem parte da cultura corporal de movimento e são de competência da disciplina de Educação Física. Segundo os referidos autores,

o Referencial Curricular está baseado nos temas estruturadores. Tais temas se caracterizam por apresentar de forma organizada conhecimentos que

(13)

constituem o objeto de estudo de uma área. Aqui os temas estruturadores estão divididos em dois conjuntos. O primeiro está organizado com base nas práticas tradicionalmente consideradas como objeto de estudo da Educação Física: esporte, ginástica, jogo motor, lutas, práticas corporais expressivas, práticas corporais junto à natureza e atividades aquáticas. O segundo conjunto está organizado com base no estudo das representações sociais que constituem a cultura de movimento e afetam a educação dos corpos de um modo geral; portanto, sem estar necessariamente vinculada a uma prática corporal específica (GONZALÉZ; FRAGA, 2009, p. 118).

Em síntese desse primeiro bloco, a Educação Física na escola tem conhecimentos específicos e diversos que são de sua competência e devem ser proporcionados aos alunos. Um desses temas diz respeito aos aspectos relacionados à saúde, assunto que trato no bloco que segue.

1.2 PRÁTICAS CORPORAIS E SAÚDE COMO TEMA DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

No bloco anterior, apresentei a ideia de alguns autores de que a Educação Física, enquanto componente curricular, trata da tematização de assuntos relacionados à cultura corporal de movimento. Nessa linha, as práticas corporais e saúde fazem parte da referida área de conhecimento sendo preciso desenvolver esse tema para ampliar o nível de conhecimento dos educandos, visando à formação de cidadãos críticos e participativos no que se refere à saúde e qualidade de vida. Assim, poderão ter uma participação mais ativa nas questões sociais em que estão inseridos. Para Oliveira e Penha (2016, p. 329), é importante “[..] construir sentidos e significados pessoais e coletivos positivos no âmbito das práticas corporais, ao mesmo tempo em que agregam tais experiências aos seus projetos de vida”.

Acerca disso, Bracht (2013) aponta que uma vez que a Educação Física é responsável pela cultura corporal de movimento é preciso se perguntar que tipo de formação ela deve promover, mesmo que indiretamente na vida do aluno. Segundo o referido autor,

[...] no âmbito da Educação Física escolar brasileira no seu segmento progressista, a ampliação do conceito de saúde significou no plano da prática pedagógica que o tema da saúde fosse explicitamente tematizado, agora não mais para realizar práticas corporais como fomentadoras de saúde, mas também, para refletir sobre essas práticas, seus limites e suas possibilidades, na tentativa de desenvolver uma visão crítica do tema da saúde relacionada com as atividades físicas e práticas corporais (BRACHT, 2013, p. 188). Nesse sentido, é primordial que a Educação Física escolar proporcione subsídios para que os alunos sejam capazes de analisar criticamente os fatos da sociedade relacionados, por exemplo: aos padrões de beleza e suas implicações com a saúde dos indivíduos, à influência

(14)

da mídia em assuntos ligados à saúde e aos esportes, à qualidade de vida, aos aspectos orgânicos, aos marcadores sociais (etnia, condição financeira, gênero) e sua relação com a saúde, à aquisição de hábitos saudáveis e a promoção da saúde (GONZÁLEZ; FRAGA, 2009). Assim, pode-se pensar que aulas sobre saúde de uma forma geral são fundamentais para que os alunos possuam um conhecimento de qualidade e que os ajude a enfrentar as adversidades de seu cotidiano. Sobre isso Oliveira e Penha (2016) destacam que

hoje no século XXI, após um vasto desdobramento sócio-histórico da saúde, tanto na sociedade brasileira de uma forma geral quanto, especificamente, em sua relação com a escola, este tema ainda guarda fortes relações com a Educação Física. Não obstante, essa relação se dá pelo viés biológico que se restringe a dois principais discursos: a) saúde é a ausência de doença e b) atividade física é igual à saúde. Diante desse cenário emerge uma importante tarefa, qual seja, a de ampliar esses entendimentos (problemáticos) que geram preceitos e práticas (restritas e negativas) de educação para a saúde (OLIVEIRA; PENHA, 2016, p. 323).

Desse modo, a abordagem de temas relacionados à saúde é primordial nas aulas, sendo capaz de promover mudanças importantes e significativas na trajetória dos educandos, que poderão refletir com seus familiares. A respeito disso, Oliveira e Penha (2016) destacam que para trabalhar sobre saúde na escola é preciso ter conhecimento sobre o que se vai ensinar e entender que esse é um termo amplo, cheio de significados. Como apontam os referidos autores,

[...] não acreditamos que a saúde seja apenas falta de doença, ela engloba outros aspectos que vão para além da fisiologia ou do biológico, tem a ver com a moradia, com o trabalho, com a educação, com as relações sociais, enfim, com a maneira como lidamos com nossa própria vida e com a vida do outro. Desse modo, quando sistematizamos um plano de trabalho cujo pano de fundo seria a saúde, não enfatizamos alguns aspectos que poderiam ou que normalmente seriam os principais a serem trabalhados, como: frequência cardíaca, pressão arterial, índice de massa corporal, etc. Isso não quer dizer que não consideramos esses aspectos importantes, ao contrário, sabemos que são relevantes e que todos devem conhecê-los, porém o que queríamos naquele projeto era abordar outros aspectos que também estão ligados à saúde. Um desses aspectos é a maneira como nos relacionamos com as outras pessoas (OLIVEIRA; PENHA, 2016, p. 323-324).

A partir dessas constatações, faz-se importante adquirir a consciência de realizar aulas de Educação Física que também tenham como enfoque a atenção à saúde, o que poderá promover uma melhor qualidade de vida futura para os educandos. Nesse sentido, Oliveira e Penha (2016, p. 324) pensam que “um desses aspectos é a maneira como nos relacionamos com as outras pessoas, ou seja, a maneira como nos colocamos na relação com o outro”. Para os autores a preocupação deve ser em fazer com que a escola seja um local onde os educandos

(15)

possam ter relações saudáveis, amigáveis, afetuosas, onde se priorize os sentidos de coletividade, solidariedade e colaboração.

Acerca dos conteúdos para o desenvolvimento no tema práticas corporais e saúde, González e Fraga (2009) apresentam uma diversidade de assuntos que podem ser trabalhados nas aulas de Educação Física, tais como: conceitos de atividade física e exercício físico; alimentação antes, durante e depois da prática corporal; noções de hidratação relativas às práticas corporais; principais adaptações do funcionamento do organismo durante a atividade física; frequência cardíaca; frequência respiratória; sinais exteriores de fadiga e suas relações com as funções cardiorrespiratória e muscular.

Frente a esse exemplo de conteúdos que podem ser abordados nas aulas, é fundamental que os professores estejam capacitados para realizar alterações em suas aulas, incluindo temas sobre saúde que proporcionem aos alunos conhecimento científico distinto do senso comum. Desse modo, o professor de Educação Física precisa incluir em suas aulas planejamentos que ajudem os alunos a racionalizarem e comprometerem-se com a busca de informações relacionadas com a saúde e a qualidade de vida, a fim de que possam ser críticos em suas escolhas no decorrer de suas vidas e que incluam em sua rotina ações que propiciem esses benefícios para a sua vida.

2.5 A BUSCA POR ESTUDOS SEMELHANTES

Na busca por estudos semelhantes ao objetivo desta pesquisa, em que professores tenham ministrado aulas com foco na saúde em aulas de Educação Física escolar, não consegui encontrar nenhum estudo diretamente ligado à ideia de intervenção na escola. No processo de busca realizado no dia 09 de dezembro de 2017, utilizei o seguinte conjunto de palavras-chave: saúde; Educação Física escolar; pesquisa de campo. Na sequência apresento o Quadro 1 indicando os locais de busca.

(16)

Quadro 1 - A busca por estudos semelhantes Base de dados consultada Palavras-chave

utilizadas Resultados

Referência de um dos trabalhos localizados nessa base de dados

Scielo

Saúde; Educação Física escolar;

pesquisa de campo

0 Nenhum resultado encontrado Banco Digital Brasileira de Teses

e Dissertações 0 Nenhum resultado encontrado

Lume 0 Nenhum resultado encontrado

Revista da Educação Física/UEM 0 Nenhum resultado encontrado Motriz – Revista de Educação

Física/UNESP 0 Nenhum resultado encontrado

Revista Brasileira de Ciências e

Movimento 0 Nenhum resultado encontrado

Conexão: Revista da Faculdade de

EDF – Unicamp 0 Nenhum resultado encontrado

Revista Mackenzie de EDF e

Esporte 0 Nenhum resultado encontrado

Revista Movimento 0 Nenhum resultado encontrado

Revista Motrivivência 0 Nenhum resultado encontrado

Revista Mackenzie de EDF e

Esporte 0 Nenhum resultado encontrado

(17)

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo irei abordar o tipo de pesquisa que será realizada, bem como a instituição e os sujeitos participantes. Mais a frente, menciono o diagnóstico que foi feito com a turma e os cuidados éticos tomados durante a realização da pesquisa. Em seguida relato o desenvolvimento de uma unidade didática e seus respectivos planos de aula. Por fim apresento as análises de cada aula ministrada.

2.1 TIPO DE PESQUISA

Este estudo está pautado em uma abordagem qualitativa, mais precisamente, quanto ao tipo de pesquisa, configura-se como um estudo descritivo, com procedimentos de pesquisa de campo. De acordo com Gil (2002, p. 42), “as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título [...]”.

O procedimento metodológico utilizado foi o de pesquisa de campo, que segundo Gil (2002, p. 53) caracteriza-se por um estudo no qual “[...] o pesquisador realiza a maior parte do trabalho pessoalmente, pois é enfatizada importância de o pesquisador ter tido ele mesmo uma experiência direta com a situação de estudo”.

2.2 INSTITUIÇÃO E SUJEITOS

Este trabalho foi desenvolvido em uma escola da rede pública de uma cidade da região central do Rio Grande do Sul e teve como participantes 12 alunas do 1º e 2º ano do Ensino Médio, com idades entre 15 e 17 anos, com situação socioeconômica baixa e média.

Na referida escola, nas aulas de Educação Física as turmas são separadas entre meninos e meninas, por uma decisão da instituição, sendo que um professor ministra aula para os meninos e uma professora para as meninas. Como há poucas alunas nas turmas, as mesmas acabam sendo integradas entre a meninas.

Quando fui procurar a direção da escola para solicitar autorização para desenvolver o estudo, os representantes da instituição foram solícitos, prontificaram-se a fazer o que tivesse ao seu alcance para melhor atender as expectativas de todos. Cabe mencionar que a direção da

(18)

escola considerou importante a proposta de trabalho que apresentei, mencionando que as alunas teriam “aulas diferentes”, o que poderia estimular a continuidade do trabalho e o interesse futuro das mesmas pelo tema saúde.

2.3 LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES

Para levantamento de dados no desenvolvimento da pesquisa, utilizei: a) o registro de imagens por meio de um aparelho celular da marca Sansung; b) a filmagem de partes das aulas através do mesmo aparelho; c) anotações em um diário de campo sobre os acontecimentos da aula.

2.4 DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO

O desenvolvimento da pesquisa constituiu na realização de uma unidade de ensino sobre práticas corporais e saúde composta por 12 períodos de aula que aconteceram nas segundas-feiras, com dois períodos de aula juntos, das 13h30mim às 15h e as quartas-feiras, com um período de aula, das 13h30min às 14h15min, tendo por local a quadra da referida escola, a sala com um tatame e o salão de jogos.

2.4.1 DIAGNÓSTICO

Visando identificar o conhecimento das alunas sobre o tema práticas corporais e saúde, realizei um diagnóstico. Com base no que estudei na minha formação inicial, entendo que essa ação é parte fundamental e primordial para definição e constituição de uma unidade didática que atenda às necessidades de conhecimento dos participantes. Assim, realizei uma aula que serviu como base para identificação de assuntos e montagem da unidade didática e, posteriormente, dos planos de aulas, onde por meio de entrevista oral e conversa, busquei identificar o conhecimento prévio das alunas sobre o tema abordado, bem como os principais problemas.

Em linhas gerais, identifiquei que as alunas não possuíam vivências sobre o tema saúde nas aulas Educação Física escolar, sendo que o conhecimento prévio das mesmas com relação a esse assunto se originava do que elas observam nos meios de comunicação e no seu cotidiano.

(19)

Na sequência, apresento o Quadro 2 contendo assuntos que selecionei levando em consideração as observações realizadas.

Quadro 2 - Diagnóstico Problemas identificados

Não compreendem a relação entre Educação Física e saúde e ou Desconhecem conceitos atribuídos ao termo saúde

Não compreendem a noção de alimentação equilibrada a alimentação balanceada Não sabem o conceito de balanço energético

Desconhecem a temática dos padrões de beleza e a relação com a saúde Desconhecem conceitos de sedentarismo e sua relação com a saúde

Desconhecem os fatores influenciadores e o acontecimento de anorexia e bulimia na sociedade

Desconhecem aspectos ligados a obesidade Fonte: a autora (2018)

2.4.2 UNIDADE DIDÁTICA

Com base no diagnóstico realizado foi montada a unidade didática, que consta no Quadro 3:

Quadro 3 – Confecção da unidade didática

Aula Conteúdo Objetivo

1 Conceitos atribuídos ao termo saúde Refletir sobre conceitos atribuídos ao termo saúde

2 Conceitos atribuídos ao termo saúde Refletir sobre conceitos atribuídos ao termo saúde 3 Conceitos de alimentação equilibrada Discutir acerca dos conceitos de alimentação equilibrada 4 Conceito de balanço energético Compreender no que consiste o balanço

energético

5 Padrões de beleza e a relação com a saúde Refletir sobre a temática dos padrões de beleza e a relação com a saúde 6 Conceitos de sedentarismo e sua relação com a saúde Compreender conceitos de sedentarismo e sua relação com a saúde 7 Fatores influenciadores e o acontecimento de anorexia e bulimia na sociedade

Conhecer fatores influenciadores e o acontecimento de anorexia e bulimia na

sociedade

8 Aspectos ligados à obesidade Compreender aspectos ligados à obesidade Fonte: a autora (2018)

(20)

2.4.3 CRIAÇÃO DOS PLANOS DE AULA E DESCRIÇÃO DAS AULAS

Os planos de aula foram criados com base na unidade didática apresentada anteriormente. Basicamente, as aulas foram desenvolvidas utilizando um método de ensino1 que criei. Esse método está pautado em situações que envolvem a tentativa de participação ativa dos alunos, tarefas vinculadas ao objetivo de cada aula e minha mediação enquanto professora, havendo momentos de questionamentos, da seguinte forma:

Momento1: é apresentado o conteúdo que será desenvolvido no dia e feito os questionamentos iniciais, que nortearão as tarefas a serem desenvolvidas;

Momento 2: realização de questionamentos que servirão como preparação e iniciação ao conteúdo que será desenvolvido;

Momento 3: atividades visando desenvolver o conteúdo escolhido para ser trabalhado, sendo que primeiramente os alunos desenvolvem e depois, por meio dos questionamentos, vão aprimorando suas conclusões;

Momento 4: momento em que são feitos os questionamentos finais para compreender o quanto os alunos entenderam do conteúdo ensinado, bem como suas dúvidas e dificuldades.

Imagem 1 – Método de ensino

Fonte: a autora (2018)

1 Método de ensino como apontam González e Bracht (2012, p. 77) “[...] estamos nos referindo a uma atitude intelectual que busca identificar, na heterogeneidade das aulas, formas de mediação que facilitem a aprendizagem dos alunos [...]”, ou seja, são os passos que nortearão as aulas.

(21)

2.4.3.1 Planejamento e descrição da primeira aula

Quadro 4 – Plano de aula 1 PLANO DE AULA Tema de ensino: Práticas corporais e saúde

Conteúdo: Conceitos atribuídos ao termo saúde

Objetivo: Refletir sobre conceitos atribuídos ao termo saúde

Momento 1: Realizar um diálogo para explicar como as aulas serão desenvolvidas e,

particularmente, as atividades da primeira aula, esclarecendo as dúvidas que surgirem.

Momento 2: Identificar o que as alunas entendem pelos termos “saúde” e “ser saudável”. Para

tanto, as alunas responderão por escrito as seguintes perguntas: O que é saúde?; o que significa ser saudável?

Momento 3: Debater a respeito das respostas apresentadas. Posteriormente, discutir sobre a relação

do esporte com a saúde. Solicitar que todas respondam por escrito à pergunta: esporte é saúde? Em seguida, debater o assunto.

Momento 4: Ler e debater o verbete saúde, do Dicionário Crítico de Educação Física e em seguida

o texto “Profissão Insalubre”, de Armando Nogueira.

Fonte: González e Fraga (2009)

Na sequência, solicitar que as alunas expressem sua impressão acerca dos assuntos tratados na aula. A ideia é pontuar a importância dos conhecimentos sobre a temática da saúde, motivando-as para o que será estudado na próxima aula.

Como “tarefa para casa”, as alunas deverão entrevistar uma pessoa que pratique algum esporte regularmente e fazer perguntas do tipo:

- Para você o que é saúde? - Esporte é saúde?

- Por que você acha que praticar esportes faz bem para a saúde? - Com que frequência você pratica esporte?

- Você costuma respeitar os limites do seu corpo? Quais são seus limites? Como saber os limites de cada um?

- Você já praticou esporte sentindo dor?

(22)

A primeira aula foi realizada no dia 31 de agosto de 2017, das 15h às 15h e 45min, na escola mencionada anteriormente. Inicialmente, fui apresentada para a turma. A recepção por parte das alunas foi boa, sendo que já estavam sabendo do trabalho que seria realizado, pois estive na escola em um momento anterior para realizar o diagnóstico da turma e apresentar a forma como meu trabalho seria conduzido, visando deixá-las à vontade e incluídas no processo.

Após a realização do controle de frequência, encaminhei a turma para uma sala na qual havia um tatame. Neste local, sentamos no chão formando um círculo, onde expliquei como funcionaria a aula. Notei que as alunas estavam curiosas para saber o que iria acontecer, fazendo muito perguntas, tais como: “o que tem a ver saúde com EF?” (Aluna 1); “o que é saúde?” (Aluna 2); “como ter boa saúde?” (Aluna 3); “quais conteúdos vamos ter?” (Aluna 4).

Basicamente, expliquei como seriam as aulas e indaguei-as sobre o conhecimento e as vivências delas com relação ao tema saúde e Educação Física. Elas responderam que nunca falaram sobre isso nas aulas desse componente curricular, achando que esse conteúdo não fazia parte da Educação Física, mas sim de aulas como ciências e biologia.

Pude perceber que quase todas apenas tinham conhecimentos através dos meios de comunicação. Então falei que as aulas seriam realizadas principalmente na sala dos espelhos e na sala do tatame, sendo que algumas seriam na quadra. Na sala do tatame deveriam tirar os calçados e sentar em círculo; na sala dos espelhos usaríamos o espaço de diversas formas de acordo com as atividades do dia.

Prosseguindo, enfatizei que iriamos priorizar atividades para refletir e compreender os diversos conteúdos que fazem parte dessa temática, bem como sua relevância para a Educação Física escolar. Para as alunas isso foi surpresa, pois somente haviam tido aulas práticas nas aulas dessa disciplina.

Entre os temas de ensino que tiveram se destacam os esportes coletivos com interação entre adversários, tais como: voleibol, handebol, basquetebol e futebol, poucas vivências de danças, e algumas provas do atletismo – como corrida, salto em distância e arremesso de peso. Mencionaram que as suas aulas seguem basicamente a mesma ordem: “alongamento, as atividades do dia e uma breve conversa no final”.

Na sequência, pedi que respondessem o que entendiam por saúde e pela expressão “ser saudável”. Nesse momento surgiram diversos questionamentos e dúvidas sobre os termos

(23)

“saúde” e “ ser saudável”. De modo geral – para elas – ter saúde e ser saudável era não ter nenhuma doença, sendo que não souberam diferenciar as duas expressões.

Em seguida solicitei a leitura de um texto, conforme consta no planejamento apresentado. Após a leitura, pedi para que relatassem o entendimento do mesmo, através do qual percebi que estavam compreendendo e se apropriando do que estavam lendo entendendo a dimensão do termo saúde numa perspectiva mais ampla.

Na sequência, realizei um novo questionamento perguntando se esporte é saúde. A maioria das alunas respondeu que sim, sendo que três, entre as cinco presentes na aula, responderam negativamente, mas não souberam justificar as respostas. Para contextualizar, realizamos a leitura coletiva do texto “Profissão Insalubre”, de Armando Nogueira. Após a leitura e debates, algumas alunas ainda continuavam questionando sobre “esporte ser saúde”, o que gerou um novo debate.

Nesse processo, percebi que a maioria demonstrava entender sobre o esporte não ser sinônimo de saúde, mas podendo vir a promover saúde, pois durante as práticas esportivas muitos atletas se lesionam, levando seus corpos a um desgaste muito grande, como no caso de atletas de alto rendimento que treinam por horas, realizando muitas repetições, dia após dia.

Entre as reflexões comentaram sobre o ex-atleta de tênis Gustavo Kuerten e as lesões sofridas no decorrer de sua carreira, evidenciando que o esporte nem sempre é saúde, pois o mesmo perdeu muito devido às lesões que sofreu.

Também comentaram sobre a pesquisa realizada pela revista Time, citada no texto, com relação à dor, salientando que muitas vezes elas tomam remédio para dor sem ir ao médico e conhecem muitas pessoas que também fazem isso. Nessa linha, comentaram sobre o ex-jogador de basquetebol Oscar Schmidt que declarou ter jogado com dor, machucado e com inúmeras lesões no decorrer de sua carreira, bem como acerca de sua famosa frase “a dor faz parte do meu uniforme” e que faz com que muitas pessoas tenham uma visão parcial dos esportes e das atividades físicas.

Ao final da aula solicitei a formação de duplas, para que debatessem e apresentassem para as colegas o entendimento resultante da aula. Ao final desse primeiro dia, interpreto que a turma teve um entendimento melhor sobre saúde e passaram a desconfiar que o esporte pode promover saúde, mas que ele por si só não representa saúde.

Para finalizar a aula solicitei uma tarefa de casa, na qual deveriam entrevistar uma pessoa que pratica algum esporte. As alunas acharam estranho ter uma tarefa na aula de Educação Física e protestaram sobre isso, dizendo nunca terem feito isso durante seus anos

(24)

escolares e que já têm tarefas de outros componentes, de modo que essa seria mais uma demanda para fazerem em casa. Frente a isso, expliquei que Educação Física é uma disciplina como qualquer outra e que pode realizar tarefas em casa, salientando que isso é importante para o desenvolvimento das aulas e compreensão sobre o tema estudado. Com certa relutância, elas concordaram em tentar fazer, sendo que não deixaram claro se iriam realmente fazer a tarefa.

Imagem 2 – Conversa no tatame

Fonte: a autora (2018) 2.4.3.2 Planejamento e descrição da segunda aula

Quadro 5 – Plano de aula 2 PLANO DE AULA Tema de ensino: Práticas corporais e saúde

Conteúdo: Conceitos atribuídos ao termo saúde

Objetivo: Refletir sobre conceitos atribuídos ao termo saúde

Momento 1: Debater sobre o que foi estudado na aula anterior, apresentar a tarefa que foi solicitada

na aula passada e sanar as dúvidas que surgirem.

Momento 2: Conversar sobre o que a mídia noticia a respeito da saúde e das práticas esportivas.

Analisar com que frequência os meios de comunicação divulgam assuntos polêmicos que tratam da relação entre esporte e saúde, tentando identificar: o tipo de abordagem realizada, o que se fala de um atleta que joga no “sacrifício” e se a mídia estimula o respeito aos limites do corpo ou não.

Momento 3: Ler e discutir alguns recortes de notícias publicados em jornais e revistas. Com base

nessas leituras, discutir sobre o que as alunas fazem para viver com saúde e o que não fazem, analisando o que poderiam fazer para obter uma vida mais saudável. Refletir sobre como os assuntos tratados até o momento podem contribuir para uma vida mais saudável. Analisar o estilo de vida de suas famílias e refletir sobre as possibilidades de os conhecimentos adquiridos auxiliarem na melhoria da qualidade de vida dessas pessoas.

Momento 4: Ao término das atividades conversar visando identificar se aprenderam algo nessa aula e suas dúvidas.

(25)

A segunda aula foi realizada no dia quatro de setembro, das 13h30min às 15h, na escola mencionada anteriormente. Nesse dia percebi que as alunas permaneciam motivadas e ansiosas para o início da aula.

Em um primeiro momento, após o controle de frequência, realizamos uma conversa com as integrantes dispostas em um círculo na sala do tatame sobre a aula passada e o que iriamos realizar nesse dia. Solicitei que apresentassem para a turma a tarefa solicitada na aula passada e percebi que não deram importância para a mesma uma vez que não a realizaram. Ouvi frases como: “não pensei que era sério, tinha muita coisa pra fazer e não fiz” (Aluna 1); “conversei com uma vizinha, mas não escrevi” (Aluna 2) , “achei que era brincadeira, pois nunca fizemos tarefa de casa nas aulas de Educação Física” (Aluna 3). Aproveitei esse momento e expliquei, novamente, que as aulas de EF podem e devem ter tarefas de casa como outro componente curricular, que as tarefas solicitadas devem ser feitas, pois fazem parte das aulas de Educação Física também. Acredito que entenderam, pois responderam que na próxima vez iriam realizar o que for solicitado.

Em um próximo momento foi realizada uma conversa sobre o que a mídia noticia a respeito da saúde e das práticas esportivas. Esse diálogo serviu para que refletissem sobre o esporte de alto rendimento não ser sinônimo de saúde, devido as diversas lesões e dores que ocorrem nos corpos dos atletas. De forma geral, as alunas acreditam que os atletas profissionais sabem que isso pode acontecer e, de certa forma, não concordam que jogar no “sacrifício” faz parte da atividade profissional.

As alunas também salientaram que a mídia não divulga muito a respeito da “real saúde” dos atletas, somente são noticiados fatos como lesões graves, como por exemplo, jogadores que rompem ligamentos ou sofrem fraturas, mas que as lesões cotidianas, como entorses, luxações, cansaço extremo, são tratadas como banais e muitas vezes não chegam a ser vinculadas na mídia.

Em seguida realizamos leitura de recortes de jornais e revistas com notícias sobre atletas lecionados no decorrer de sua profissão. Isso serviu para que compreendessem melhor que o esporte de alto rendimento promove diversos desgastes físicos nos participantes, tendo em vista que há inúmeros atletas lesionados no decorrer de suas carreiras, sendo que mal se recuperam e logo retornam aos treinos e a prática, o que muitas vezes provoca novas lesões. Nesse momento, alunas citaram como exemplo os atletas Ronaldinho Gaúcho, Ronaldinho, Gustavo Kuerten, jogadores da dupla Grenal, ginastas, que se lesionaram diversas vezes no

(26)

decorrer de sua vida profissional e, em pouco tempo, já estavam novamente desempenhando suas atividades.

Imagem 3 – Leitura de recortes de jornais

Fonte: a autora (2018)

Prosseguindo, realizei questionamentos sobre o que fazem para viver com saúde. De uma forma geral as alunas acreditam serem saudáveis, mas concordam que poderiam mudar em alguns aspectos, adquirindo hábitos mais saudáveis, tais como: realizar mais atividades físicas, comer de forma melhor, dormir mais, realizar caminhadas, procurar algum esporte com que se identifiquem para praticar.

Ao final da aula analisei uma análise que me permite perceber a realização de reflexões que podem contribuir para uma melhora em seus hábitos cotidianos e de seus familiares. Aos poucos fui interpretando que estão assimilando os novos conteúdos e compreendendo que eles fazem parte das aulas de Educação Física, da mesma forma que os esportes coletivos por exemplo.

Com essa segunda aula, penso que as alunas se apropriaram de conhecimentos sobre o que é saúde e que esporte, por si só, não pode ser apontado como sinônimo de saúde, sendo que o termo saúde é bem mais amplo do que imaginavam.

(27)

2.4.3.3 Planejamento e descrição da terceira aula

Quadro 6 – Plano de aula 3 PLANO DE AULA Tema de ensino: Práticas corporais e saúde

Conteúdo: Conceitos de alimentação equilibrada

Objetivo: Discutir acerca dos conceitos de alimentação equilibrada

Momento 1: Debater sobre o que entendem sobre alimentação equilibrada, bem como costumam se

alimentar durante o dia.

Momento 2: Conversar sobre os diferentes tipos de nutrientes que os alimentos fornecem ao nosso

corpo, sendo que alguns alimentos possuem mais de um tipo de nutrientes do que outros, por isso a importância de combiná-los de forma adequada. Discutir sobre os hábitos alimentares dos jovens: ingerem alimentos de forma correta? Quem escolhe o que comem nas refeições? Qual a importância da alimentação para uma vida saudável?

Momento 3:

- Indagar o que as alunas entendem sobre dieta, explicando seu significado e importância para a obtenção de diversos tipos de nutrientes.

- Discutir sobre o que são carboidratos, lipídeos e proteínas, dando exemplos de cada um.

- Analisar a pirâmide alimentar que separa os alimentos em energéticos, reguladores, construtores e energéticos extras.

- Solicitar que cada aluna elabore uma lista dos alimentos que costumam comer durante o dia. Em seguida, classificar esses alimentos conforme a pirâmide alimentar.

- Refletir sobre a redução de alguns alimentos, o aumento de outros e as substituições, mantendo uma dieta saudável e atraente ao paladar.

- Solicitar que respondam questões relacionadas a: idade, número de refeições realizam no dia, consumo frutas, consumo refrigerantes, alimentos favoritos, ingesta de legumes e verduras, alimentos que consideram saudáveis e alimentos que consideram prejudiciais para a saúde.

- Debater sobre as respostas que foram proferidas.

- Analisar os alimentos que são servidos na “merenda” da escola e os que são vendidos na cantina da escola.

- Montar uma lista com o cardápio que os alunos passariam a consumir caso estivessem disponíveis na cantina da escola.

Momento 4: Reunir as alunas e discutir sobre as dificuldades de adotar uma dieta saudável, os custos que isso geraria, fazendo com que as mesmas reflitam sobre o que precisam modificar em sua alimentação para que ela seja mais saudável e de acordo com a pirâmide alimentar. Ainda, a ideia de como “tarefa para casa” fazer com que as mesmas discutam com suas famílias o que aprenderam sobre dieta saudável e pensem junto com elas o que poderia ser feito para melhorar a alimentação da família toda.

Fonte: a autora (2018)

A terceira aula foi realizada no dia 11 de setembro de 2017, das 13h30min às 15h. Nessa aula o objetivo era discutir e refletir sobre alimentação equilibrada, sendo que em um primeiro momento, após o controle de frequência, realizei questionamentos sobre o que entendem por alimentação equilibrada. Em linhas gerais, o entendimento de todas para uma alimentação equilibrada consiste em comer um pouco de cada alimento, em poucas quantidades e várias vezes durante o dia, realizando em média seis refeições. Também

(28)

questionei sobre a forma com que se alimentam durante o dia, sendo que listaram por escrito o que costumam comer durante o dia como se observa na Imagem 3.

Imagem 4 – Relação do que as alunas 1 e 2 costumam comer durante o dia

Fonte: a autora (2018)

A partir dessas informações realizamos diversos questionamentos sobre a importância dos alimentos e a classificação dos mesmos, através dos quais estudamos o que eram proteínas, carboidratos, lipídios e suas ações no organismo, estabelecendo relações com outros componentes curriculares. A maior dúvida foi sobre as gorduras boas e necessárias para o bom funcionamento do organismo. Também realizaram perguntas como que tipo de gordura deveriam ingerir se iriam engordar comendo gordura e onde se encontram gorduras saudáveis.

Em seguida analisamos a pirâmide alimentar e com recortes de revistas realizamos a montagem de uma de modo que as alunas tiveram autonomia para escolher os alimentos que a comporiam, como se percebe na Imagem 4. Após pronta, colocamos a mesma na parede que dá acesso ao refeitório da escola. Essa ação gerou estranheza nos funcionários da cozinha, sendo que usaram declararam: “Mas para que irá servir esse cartaz. Não vou mudar a forma de fazer a merenda” (Funcionária 1); “Os outros alunos não entenderão esse cartaz”

(29)

(Funcionária 2); “A direção da escola sabe sobre isso? Esse cartaz não permanecerá muito tempo nesse local. Acabarão tirando ele daí” (Funcionária 3)

Imagem 5 – Pirâmide alimentar

Fonte: a autora (2018)

Após análise da pirâmide alimentar retornamos ao estudo da lista dos alimentos que a turma consome durante o dia. Seguindo, solicitei a elaboração de um cardápio “ideal” para um dia, com alimentos que compõem a pirâmide alimentar, incluindo itens saudáveis para uma alimentação equilibrada, como pode vista visto na Imagem 5. Essa tarefa gerou muita conversa entre as alunas, sendo que diversos itens citados como batata frita, pizza, entre outros, não foram acatados por todas. Após, pedi a classificação dos mesmos de acordo com a pirâmide, o que foi feito com êxito.

(30)

Imagem 6 – Cardápio ideal

Fonte: a autora (2018)

No decorrer da aula, as alunas identificaram que elas consomem uma grande quantidade de refrigerantes, frituras e salgadinhos. Comem frutas e verduras, mas não com frequência e em poucas porções.

Em seguida propus outra atividade na qual coletivamente elaboraram sugestões de alimentos para a cantina da escola. Na lista constavam frutas, iogurte, sanduiches, sucos e salada de frutas, como consta na produção coletiva das aluna exibida na Imagem 6.

(31)

Imagem 7 – Sugestão de lanche para a cantina realizada pelas alunas

Fonte: a autora (2018)

No momento final realizei questionamentos sobre as atividades do dia e pude perceber que demonstravam bastante vontade de mudar sua alimentação e tentar consumir alimentos mais saudáveis. Antes de encerrar a aula propus levarmos a lista na cantina, no entanto, elas ficaram com vergonha de fazer isso. Mas, mesmo assim, a lista foi entregue para a pessoa responsável, que ficou bastante surpresa com a atividade e a iniciativa das alunas, agradecendo e dizendo que iria ver se poderia ser feito algo a respeito, para oferecer outras opções.

2.4.3.4 Planejamento e descrição da quarta aula

Quadro 7 – Plano de aula 4 PLANO DE AULA Tema de ensino: Práticas corporais e saúde

Conteúdo: Conceito de balanço energético

Objetivo: Compreender no que consiste o balanço energético

Momento 1: Discutir sobre as atividades do dia, perguntando se as alunas conversaram com suas

famílias sobre o que aprenderam sobre dieta saudável e o que poderia ser feito para melhorar a alimentação da família toda

Momento 2: Realizar caminhada em diferentes ritmos, tendo por local a quadra da escola. Por

exemplo: caminhar em volta da quadra, dar três voltas em ritmo lento, três em ritmo moderado e três em ritmo acelerado. Ao final de cada ciclo de três voltas, marcar 20 segundos para que verifiquem a frequência cardíaca, apalpando com os dedos o pulso ou o pescoço. Para calcular a frequência cardíaca por minuto, basta multiplicar por três as batidas contadas em 20 segundos. Além da frequência cardíaca, registrar o tempo gasto para completar cada ciclo de três voltas.

Momento 3:

- Discutir sobre no que consiste o balanço energético e o entendimento das alunas para realizarem o mesmo em seu cotidiano para que gastem a mesma quantidade de calorias que consumiram.

(32)

manifestados pelo organismo, como aumento de temperatura, sudorese, etc.

- Discutir a respeito das necessidades calóricas diárias aproximadas para adolescentes.

- Conversar sobre a quantidade calórica aproximada de alguns alimentos e a necessidade diária de consumo para os seres humanos.

- Debater sobre o gasto calórico em diferentes atividades do cotidiano, bem como as atividades que as alunas realizam durante o seu dia.

Movimento 4: Ao término das tarefas, reunir a turma e perguntar sobre os ensinamentos que

ficaram após a aula do dia, perguntando se compreenderam que o balanço energético é a diferença entre as calorias consumidas e as calorias gastas por cada indivíduo.

Fonte: a autora (2018)

A quarta aula foi realizada no dia 14 de setembro de 2017, das 15h às 15h45min. Primeiramente, após a realização do controle de frequência, iniciei uma conversa com as alunas – organizadas em um círculo no meio da sala de tatame – sobre as aulas anteriores e expliquei como seria o desenvolvimento da aula do dia, com finalidade de estudarmos o balanço energético e suas implicações no dia a dia.

Posteriormente, expliquei que a aula seria realizada inicialmente na quadra. Mas como a mesma se encontrava molhada devido à chuva, ficamos na sala de aula.

Na sequência, as alunas realizaram diversos movimentos com objetivo de aquecimento corporal e, posteriormente, fizeram uma caminhada ao redor da sala de aula em diferentes ritmos, ou seja, deram algumas voltas em ritmo lento, outras em velocidade moderada e por fim em ritmo acelerado. Ao final de cada ciclo de três voltas, as alunas verificaram a frequência cardíaca marcando 20 segundos apalpando o pulso ou o pescoço, o que no início gerou muita dificuldade para encontrar o local ideal. Tive que auxiliar todas as meninas para a realização da verificação. O local mais fácil para elas fazerem a verificação foi no pulso, então expliquei que bastava identificar o local próximo a linha do polegar em direção à palma da mão, sentindo a artéria radial com os dedos indicador e médio da mão esquerda, pressionando suavemente a área do pulso direito, até perceber o pulsar do fluxo sanguíneo. Para calcular a frequência cardíaca por minuto expliquei que bastava multiplicar por três as batidas contadas nos 20 segundos. Além da frequência cardíaca, registramos o tempo gasto para completar cada ciclo de três voltas. Algumas ficaram com preguiça de realizar as voltas ao redor do tatame, mas retomei o que expliquei na primeira aula, que todas deveriam realizar as atividades propostas.

(33)

Imagem 8 – Deslocamento em diferentes ritmos

Fonte: a autora (2018)

Em seguida, discutimos sobre o gasto calórico, os diversos ritmos de caminhada, o batimento cardíaco e demais sinais manifestados pelo organismo, como o aumento da temperatura, a sudorese e o cansaço ocasionado.

Posteriormente, com base na leitura de textos e discutimos a respeito das necessidades calóricas diárias aproximadas para um adolescente. Com base em Darido e Souza Júnior (2014) expliquei que meninas precisam ingerir, em média, de 2.200 calorias e meninos de 2.800. A maioria da turma concluiu que consome bem mais que isso.

Seguimos, debatemos sobre o gasto calórico em diferentes atividades do cotidiano, bem como as ações que as alunas realizam durante o dia. Mais precisamente, elas relataram que ajudam nos serviços domésticos da casa. Com exceção de uma aluna que pratica capoeira, a turma não realiza atividades físicas com objetivo de gasto calórico no cotidiano, além das aulas de Educação Física.

Ao término da aula interpretei que a turma se apropriou do entendimento de balanço energético estudado em aula. As alunas compreenderam que é preciso gastar calorias na mesma proporção que ingerem, mas não sabem exatamente como usar essa informação de forma eficaz no seu dia a dia. Nessa linha, comprometeram-se a tentar mudar alguns de seus hábitos alimentares, mas acham que isso será bem difícil de realizar, e praticarem mais atividades físicas durante o dia, inclusive se empenhando mais nas aulas de Educação Física na escola, conforme declararam: “Se participarmos de todas as atividades das aulas de Educação Física não precisamos realizar exercícios fora da escola” (Aluna 5); “Vou tentar

(34)

realizar caminhadas com a minha mãe” (Aluna 2); “Vou tentar realizar as atividades nas aulas de Educação Física” (Aluna 7); “Vou comer menos porcarias e fazer mais exercícios” (Aluna 4).

2.4.3.5 Planejamento e descrição da quinta aula

Quadro 8 – Plano de aula 5 PLANO DE AULA Tema de ensino: Práticas corporais e saúde

Conteúdo: Padrões de beleza e a relação com a saúde

Objetivo: Refletir sobre a temática dos padrões de beleza e a relação com a saúde

Momento 1: Debater com as alunas sobre o que entendem a respeito de padrões de beleza impostos

pela mídia e pela sociedade e sua relação com a saúde.

Momento 2: Ler o texto “Saúde e estética: igual ou diferente?” 2, publicado na revista Veja. Após, apontar as ideias principais do texto e identificar a ideia central defendida pelo autor. Com isso, refletir e responder questões como: de que modo à mídia e a sociedade podem influenciar as pessoas na busca por padrões de beleza? Uma pessoa pode ser feliz, mesmo sem se “encaixar” nos padrões estéticos de beleza difundidos na sociedade? Após, finalizar esse momento estabelecendo uma relação entre o texto e as respostas que a turma apresentou.

Saúde e estética: igual ou diferente?

Em tempos de ditadura da beleza, o corpo é massacrado pela indústria e pelo comércio, que vivem da nossa insegurança, impotência e angústia.

Você sabe por que a televisão, a publicidade, o cinema e os jornais defendem os músculos torneados, as vitaminas milagrosas, as modelos longilíneas e as academias de ginástica? Porque tudo isso dá dinheiro. Sabe por que ninguém fala de afeto e do respeito entre duas pessoas comuns, mesmo que meio gordas, um pouco feias, que fazem piquenique na praia? Porque isso não dá dinheiro para os negociantes, mas dá prazer para os participantes.

O prazer é físico, independentemente do físico que se tenha: namorar, tomar milk-shake, sentir o sol na pele, carregar o filho no colo, andar descalço, ficar em casa sem fazer nada. Os melhores prazeres são de graça – a conversa com o amigo, o cheiro do jasmim, a rua vazia de madrugada –, e a humanidade sempre gostou de conviver com eles.

Relaxar, descansar, despreocupar-se, desligar-se da competição, da áspera luta pela vida – isso é prazer.

Mas vivemos num mundo onde relaxar e desligar-se tornou-se um problema. O prazer gratuito, espontâneo, está cada vez mais difícil. O que importa, o que vale, é o prazer que se compra e se exibe, o que não deixa de ser um aspecto da competição. Estamos submetidos a uma cultura atroz, que quer fazer-nos infelizes, ansiosos, neuróticos. As filhas precisam ser Xuxas, as namoradas precisam ser modelos que desfilam em Paris, os homens não podem assumir sua idade.

Não vivemos a ditadura do corpo, mas seu contrário: um massacre da indústria e do comércio. Querem que sintamos culpa quando nossa silhueta fica um pouco mais gorda, não porque querem que sejamos mais saudáveis – mas

2

Nos planos de aula em que houver texto para serem trabalhados somente o primeiro texto constará junto com o planejamento, sendo que os demais poderão ser encontrados em anexos.

(35)

porque, se não ficarmos angustiados, não faremos mais regimes, não compraremos mais produtos dietéticos, nem produtos de beleza, nem roupas e mais roupas. Precisam da nossa insegurança, da nossa angústia.

Como foi mostrado pela feminista americana Naomi Wolf, o segredo da indústria da boa forma é que as pessoas nunca ficam em boa forma: os métodos de rejuvenescimento não impedem o envelhecimento, 90% das pessoas que fazem regime voltam a engordar, e assim por diante. O que se vende não é um sonho, mas um fracasso, uma angústia, uma derrota.

Estamos na fase da beleza ostentatória, que faz questão de mostrar o dinheiro, o tempo livre para passar tardes em academias e mostra, afinal, quem nós somos: bonitos, ricos e dignos de ser admirados. Fonte: adaptado de “O império das vaidades”, de Paulo Moreira Leite – Revista Veja, 23 de agosto de 1995.

Fonte: Darido e Souza Junior, 2014.

Momento 3: Solicitar que recortem, de revistas e jornais, várias imagens de homens e mulheres de

diferentes tipos físicos para confeccionar um mural. Após, as alunas deverão analisar as imagens, procurando discutir se aquelas pessoas parecem saudáveis ou não e quais são esteticamente “interessantes” e quais não são. Encerrando o terceiro momento, debater sobre as seguintes questões: estética é sinônimo de saúde? A busca da beleza pode ser prejudicial à saúde? Se pode, em que situação?

Momento 4: Ao término das atividades reunir turma e tentar verificar, através de diálogo, o entendimento das alunas sobre o conteúdo discutido nessa aula. Por fim, como “tarefa para casa”, incentivar que as mesmas discutam com suas famílias o que aprenderam sobre saúde e estética.

Fonte: a autora (2018)

A quinta aula foi realizada no dia 18 de setembro de 2017, das 13h30min às 15h. Após o controle de frequência, realizamos uma conversa inicial na sala dos espelhos da escola na qual falei que o objetivo da aula seria a abordagem sobre os padrões de beleza e sua relação com a saúde. Nesse momento, observando cada uma das alunas presentes, percebo que algumas alunas gostam de cuidar da aparência, pois estão sempre com as unhas das mãos bem cortadas e pintadas e com cabelo bem arrumado, com presilhas, tiaras ou presos, além de escolherem cuidadosamente a roupa para virem à escola e se preocuparem muito com o que os meninos irão falar, de acordo com o que falam: “Eu escolho todo o dia a roupa para vir para a escola, tenho que vir bonita” (Aluna 1); “Se não estamos bonitas os guris ficam falando” (Aluna 2); “Os guris cuidam como estamos arrumadas e comentam” (Aluna 3); “Sempre escolho uma roupa combinando para vir para a aula” (Aluna 4). Por outro lado, outras parecem não dar importância para isso, saindo de casa como estão. Segundo uma das alunas, vestem o que tiverem visto primeiro e não se importam com sua aparência. “Coloco a primeira roupa que encontro de manhã, não ligo muito para o que estou vestindo” (Aluna 5); “Minhas roupas são todas parecidas, então visto o que estiver mais na vista” (Aluna 6).

Após, realizamos a leitura coletiva do texto: “Saúde e estética: igual ou diferente?”, estabelecendo as ações mencionadas no planejamento dessa aula. Terminada a leitura do

(36)

texto, as alunas apontaram o entendimento de que a mídia e os padrões impostos pela sociedade – e pela própria mídia – influenciam as pessoas e a forma como percebem suas vidas, principalmente os jovens que inventem tempo na busca constante por aceitação, tentando se adequar a determinados padrões de beleza de determinados grupos, muitas vezes muito difíceis de serem conseguidos. “As mulheres e adolescentes nas novelas e filmes são sempre bem bonitas, arrumadas, bem vestidas, com os cabelos lisos, brilhando” (Aluna 1); “As artistas e modelos de comerciais são sempre magras e lindas” (Aluna 2); “Na televisão estão todos sempre bonitos, com roupas caras e na moda, os cabelos estão sempre impecáveis” (Aluna 3); “Não conseguimos nos vestir nem ir no salão de beleza como as atrizes e modelos das novelas” (Aluna 4); “É difícil ser magra e estar sempre bem arrumada como as pessoas que aparecem na televisão” (Aluna 5).

Imagem 9 – Leitura de um texto

Fonte: a autora (2018)

De modo geral, a turma acredita que a felicidade está muito relacionada a ser bonita ou não e que uma pessoa socialmente entendida como bonita e bem vestida possui mais chances de sucesso em tudo o que for realizar. Elas citaram o exemplo das modelos, das vendedoras de lojas que estão sempre bem arrumadas e maquiadas, sendo haver lojas nas quais as vendedoras parecem modelos. “Entramos em lojas como O Boticário e as vendedoras estão sempre maquiadas e perfumadas. Elas trabalham o dia todo bonitas” (Aluna 1); “Se você é bonita e possui roupas bonitas é bem mais feliz, todo mundo olha e quer ser como você”

(37)

(Aluna 2); “Não tem como as modelos e atrizes serem tristes, com toda a beleza e dinheiro que ganham para comprarem tudo o que desejam” (Aluna 3).

Na sequência, passamos para o trabalho com jornais e revistas na busca por imagens de homens e mulheres de diferentes biótipos, como apresentado no planejamento dessa aula. Nesse momento a confecção de um mural não funcionou, pois elas se manifestaram dizendo que era “atividade de criança”, que daria muito trabalho e não estavam com vontade de fazer. Citaram que já haviam confeccionado a pirâmide alimentar em outra aula. “Ah não. Isso não. Recortar é coisa de primeira série. Não vou fazer” (Aluna 5); “Nós já fizemos um mural em outra aula” (Aluna 7); “Mas recortar é muito chato. Não vou fazer isso. Meu irmão recorta coisas no pré-escolar” (Aluna 3).

Argumentei que essa era uma atividade da aula e que iriamos realizar, mas diante das negativas concordei em não recortarmos as gravuras, mas deixei claro que iríamos realizar a atividade da mesma forma. Com isso, realizamos as análises das gravuras sem a montagem do mural.

Imagem 10 – Procurando imagens nas revistas

Fonte: a autora (2018)

Ao analisar as imagens escolhidas, as alunas apontaram pessoas magras as quais foram consideradas mais bonitas e interessantes parecendo mais saudáveis e felizes, segundo as alunas. Elas acreditam que pessoas obesas não são tão interessantes quanto às magras e não “despertam tantos olhares”. “Olha essa. É magra e bonita. Olha o cabelo dela” (Aluna 8); “Elas são magras e bonitas. Parecem saudáveis e felizes” (Aluna 11); “É claro que as

Referências

Documentos relacionados

Além disso, apresentamos um breve histórico do Sistema de Avaliação Nacional e de Desempenho Educacional do Amazonas (SADEAM), o processo de criação e tudo o que envolve

Vale ressaltar que, para direcionar os trabalhos da Coordenação Estadual do Projeto, é imprescindível que a mesma elabore seu Planejamento Estratégico, pois para Mintzberg (2006,

Sendo assim, este primeiro capítulo é dividido em seis seções: primeiramente, será abordada a importância de se estudar o desempenho discente, já que a educação é

O fortalecimento da escola pública requer a criação de uma cultura de participação para todos os seus segmentos, e a melhoria das condições efetivas para

Lück (2009) também traz importantes reflexões sobre a cultura e o clima organizacional ao afirmar que escolas possuem personalidades diferentes, embora possam

De fato, na escola estudada, o projeto foi desenvolvido nos moldes da presença policial na escola quando necessária e palestras para os alunos durante o bimestre,

Neste capítulo foram descritas: a composição e a abrangência da Rede Estadual de Ensino do Estado do Rio de Janeiro; o Programa Estadual de Educação e em especial as

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em