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As contribuições do brincar em um ambiente hospitalar

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

ANA MARIA FUCKS GARBINATTO

AS CONTRIBUIÇÕES DO BRINCAR EM UM AMBIENTE HOSPITALAR

Santa Rosa 2016

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ANA MARIA FUCKS GARBINATTO

AS CONTRIBUIÇÕES DO BRINCAR EM UM AMBIENTE HOSPITALAR

Monografia apresentada para obtenção do título de graduada em Pedagogia na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

Orientadora: Rosane Nunes Becker

Santa Rosa 2016

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ANA MARIA FUCKS GARBINATTO

AS CONTRIBUIÇÕES DO BRINCAR EM UM AMBIENTE HOSPITALAR

Monografia apresentada para obtenção do título de graduada em Pedagogia na Universidade Regional Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

Banca Examinadora:

... Profa. Ms. Rosane Nunes Becker – UNIJUÍ

... Profa. Ms. Cláudia Maria Seger –UNIJUÍ

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À Deus pela oportunidade, força, e por nunca me deixar na mão nos momentos difíceis.

Em especial a minha mãe que não esta mais entre nós, por me ensinar a lutar a ate o fim.

A minha orientadora pelos conhecimentos e ensinamentos, pelo meu crescimento acadêmico e pessoal. Minha eterna gratidão.

A professora integrante da Banca Examinadora.

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RESUMO

Este trabalho tem como finalidade estudar as contribuições do brincar em um ambiente hospitalar em que crianças sofrem uma gama de mudanças em sua vida social e emocional, além de passar por alterações em relação ao ambiente ao qual estava acostumada. O estudo adentra no universo infantil e as dificuldades em se adaptar em um ambiente hospital, dado a condição de sair do aconchego da casa e da família e ter que suportar uma internação que não tem a ver com seu cotidiano. A pesquisa focaliza a criança, a dimensão da infância e do brincar como forma de situar o contexto infantil e a importância de uma brinquedoteca e a presença de um profissional especializado da área de educação em um ambiente hospitalar. Suas contribuições em busca do bem estar da criança e do seu direito a infância enquanto se encontra em um ambiente hospitalar.

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This work aims to study the contributions of play in a hospital environment in which children suffer a range of changes in their social and emotional life, and undergo changes from the environment to which she was accustomed. The study enters the infant universe and the difficulties in adapting in a hospital environment, given the condition to get out of the house and the family warmth and having to endure a hospital that does not have to do with their daily lives. The research focuses on the child, the size of childhood and play as a way of placing the child context and the importance of a toy library and the presence of a specialist in the field of education in a hospital setting. His contributions in search of well-being of children and their right to childhood while you are in a hospital setting.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 8

1 A INFÂNCIA, A CRIANÇA E O BRINCAR. ... ...11

1.1 O TEMPO DA INFÂNCIA E DO SER CRIANÇA...11

1.2 O BRINCAR COMO ATIVIDADE PRINCIPAL DA INFÂNCIA...12

2 A HUMANIZAÇÃO E A BRINQUEDOTECA NUM AMBIENTE HOSPITALAR...16

2.1 AS BRINQUEDOTECAS E SEU VALOR TERAPÊUTICO...17

3 O LUGAR DA MEDIAÇÃO DO PEDAGOGO EM UM AMBIENTE HOSPITALAR...20

3.1 O BEM ESTAR DA CRIANÇA...23

3.2 A FAMÍLIA E O BEM ESTAR EMOCIONAL...24

CONSIDERAÇÕES FINAIS...28

REFERÊNCIAS...29

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INTRODUÇÃO

Em 2014 morei por sete meses dentro de um hospital e me questionei inúmeras vezes como seria a situação com uma criança se eu com uma pessoa adulta já era bastante complicado. Devido a este fato me interessei pelo tema do brincar em um ambiente hospitalar.

Este trabalho pretende mostrar a importância do brincar em um ambiente onde a linha da vida e da morte se cruzam por inúmeras vezes. O que busco com este trabalho, a partir das pesquisas realizadas é expor o quanto é valido à presença do brincar na vida das crianças hospitalizadas em prol do reestabelecimento da saúde destas.

Ao ser hospitalizadas as crianças irão se deparar com uma rotina totalmente diferente, o que acaba por desmotivar estas muitas vezes devido ao fato de estarem longe de casa de seus amigos da escola com poucas alegrias e muitos medos sendo uma consequência dos tratamentos aos quais são submetidas por um tempo determinado ou não. É fato que estas crianças se sentem inseguras, ansiosas muitas vezes além da irritação devido a estarem em tratamento hospitalar, podendo ocorrer uma negação ao tratamento, irritações aborrecem-se com a inatividade e as pessoas estranhas por assim dizer médicos e enfermeiras como também têm crianças que aceitam bem o tratamento.

O brincar vai proporcionar a estas crianças momentos de descontração, assimilação, conhecimento, socialização e uma melhor adaptação ao ambiente hospitalar. O mesmo está presente no cotidiano da criança e é um direito que estas têm. Através do brincar a criança desenvolve suas capacidades físicas e mentais, pois é brincando que ela assimila muitas vezes o mundo ao seu redor.

É significativo que as crianças tenham um local adequado para desenvolver suas capacidades, para brincar voltar a ser criança um pouco poder viver sua infância que é de seu direito, este local busca tornar o ambiente hospitalar mais humano amenizando um pouco o sofrimento destas crianças que muitas vezes é brincando que estas iram aceitar o tratamento com mais facilidade.

A pesquisa sobre as contribuições do brincar em um ambiente hospitalar foi realizada em âmbito hospitalar. E com profissionais da área de saúde de diferentes cidades. A presente pesquisa foi feita em um hospital o qual é um dos poucos hospitais da região a ter uma brinquedoteca. Os presentes sujeitos desta pesquisa

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foram: (01) Enfermeira, (01) psicóloga e (03) enfermeiros de diferentes localidades que trabalham em hospitais e (02) mães. A brinquedoteca deste hospital já existe a mais de 15 anos, a mesma fica aberta 24 hora possui brinquedos diversos e uma pedagoga voluntária que atende as quintas-feiras, possuem três sofás, uma tv, duas mesas, três motocas. Mesmo não tendo uma pedagoga que atenda todo dia as necessidades dessas crianças nota-se que é fundamental, ter esse local no hospital, tanto que uma mãe coloca: que é um alívio ter esse espaço ainda mais com uma criança ela vai todo dia para seu filho assistir vídeos e brincar um pouco. A mesma fala o quanto seria bom ter a presença de um pedagogo para orientar as brincadeiras. A brinquedoteca neste hospital é um local agradável de socialização entre crianças e pais. Onde muitas vezes os familiares destas crianças tendem a utiliza-la para descansar devido ao fato de ter sofás confortáveis.

Através da coleta de dados e do contato direto com os sujeitos da pesquisa constatou-se a relevância do brincar em um ambiente hospitalar. Onde todos os sujeitos envolvidos na pesquisa ressaltam o quanto é valido ter um ambiente em que tanto os familiares quanto as crianças possam usufruir de maneira a amenizar sua estadia em um ambiente hospitalar, onde as crianças possam brincar e socializar com as demais.

Fiz uso da pesquisa bibliográfica após as constatações verificadas na pesquisa de campo em prol a conhecer o ambiente e coletar dados qualitativos em relação à importância de se ter este ambiente no hospital.

Foram coletados dados através de um questionário, e fora feita uma entrevista escrita com os sujeitos envolvidos no presente estudo. Segundo CLüdke e André (1986, p. 11), sobre a abordagem qualitativa: ”A pesquisa qualitativa tem o ambiente como sua fonte direta de dados e o pesquisador, o que supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo pesquisada”.

Assim no primeiro capítulo este trabalho apresenta o tempo da infância e do ser criança e o brincar como atividade principal da criança, pois através deste que ela se comunica, aprende a dividir, esperar, desenvolve a sua autoestima e o autoconceito aprendendo a lidar com seus medos e angustias. Enfatiza a relevância do brincar na vida das crianças.

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O segundo capítulo trato sobre a humanização e a brinquedoteca num ambiente hospitalar, as brinquedotecas e seu valor terapêutico, as brinquedotecas vem a auxiliar a criança no processo de revitalização das mesmas.

Por fim, no terceiro capítulo abordo o lugar da mediação do Pedagogo e da família em um ambiente hospitalar, o bem estar da criança. Destaco a presença da família neste processo e a significativa presença de um profissional da área de educação na coordenação de um espaço lúdico, como a brinquedoteca.

Através do estudo deste tema, que é muitas vezes deixado de lado pela sociedade, saliento o quão é valida a presença de um profissional da educação que irá trabalhar juntamente com os profissionais da saúde em prol do reestabelecimento destas crianças. Ao decorrer do trabalho, veremos a pesquisa teórica realizada sobre o tema proposto, enfocando a importância do brincar em um ambiente hospitalar.

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1 A INFÂNCIA, A CRIANÇA E O BRINCAR

1.1 O TEMPO DA INFÂNCIA E DO SER CRIANÇA

Podemos dizer que infância se caracteriza como período de crescimento, que vai do nascimento a puberdade. Conforme o Estatuto da criança e do Adolescente (lei nº 8.069, de 13/07/90), “criança é a pessoa até 12 anos de idade incompletos e adolescentes aquele entre 12 e 18 anos” o mesmo destaca como direitos fundamentais da criança: direito a vida, saúde, liberdade, respeito, dignidade, a convivência familiar e comunitária, a educação, cultura, esporte e lazer...

A noção de infância surge nas sociedades antigas. Onde por volta do século XVIII, às crianças eram tratadas como adultos em miniatura, não tinham atividades focas em sua faixa etária, portanto não havia infância. De acordo com Hart e Pavlovic (1988), “antes do século XVI, as crianças eram consideradas socialmente como servidores e a partir dos sete anos elas começavam a ser tratadas como adultos e suas competências eram determinadas pelo que era esperado delas”.

O reconhecimento da criança como sujeito de direitos, o respeito da sua dignidade data do século XX, durante este período o movimento dos direitos humanos que anteriormente era só voltado para os adultos, voltou-se para as crianças.

Com o passar do tempo o conceito de infância foi surgindo, atualmente a infância é vista como sendo uma fase da vida da criança que deve ser priorizada, onde as mesmas devem ter o direito a viver esta fase brincando, cantando, sonhando. Na qual a criança deve ser vista como um sujeito histórico e social, ativo e receptivo, cognitivo, afetivo e emocional.

A maneira como a criança vive a sua infância é determinada pela cultura e por fatores que influenciam diretamente como a família, a educação e situação econômica.

A infância é vista como a idade onde tudo pode ser realizado, atualmente as concepções psicológicas e pedagógicas vem o brincar como parte do desenvolvimento infantil, onde este é indispensável para a criança ajudando as mesmas a desenvolver suas habilidades e enriquecer o desenvolvimento intelectual. É na infância que a criança ao brincar aprende quem são elas e as pessoas ao seu redor e familiarizam-se com a sociedade e ao ambiente ao qual estas estão

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inseridas. Sendo que através do brincar a criança reflete, ordena, desorganiza, destrói e reconstrói o mundo à sua maneira.

1.2 O BRINCAR COMO ATIVIDADE PRINCIPAL DA INFÂNCIA

É muito importante que a criança brinque. Brincando ela se conhece e conhece a realidade vivida. Um ambiente lúdico possibilita a esta explorar seu imaginário, a fim de se auto descobrir e descobrir o outro. Conforme Winnicott (1975, p.36) “Brincar, portanto, no campo psicanalítico, seria condição de estruturação da personalidade sadia”. O brincar é indispensável para que ocorra um desenvolvimento saudável.

O brincar faz parte da vida de todo indivíduo o que muda são somente as brincadeiras devido a questões culturais, financeiras e etárias. Muitas mães brincam com seus filhos antes mesmo de nascerem, imaginando-os. O ato de brincar é muito importante. Devido a isto nos questionamos: Por que as crianças brincam? Crianças sujeitos, histórico, social com características e necessidades próprias, em processo de aquisição de conhecimento, inserido em uma cultura. A sua concepção de mundo vai se formando através dela mesma, das suas relações com os objetos e pessoas ao seu redor.

A brincadeira se constitui, basicamente, num sistema que integra a vida social das crianças, podendo ser transmitida de forma expressiva de uma geração para a outra ou aprendida nos grupos infantis, na rua, nos parques, nas escolas, nas festas e incorporada pela criança espontaneamente, com varias regras de uma cultura para a outra. (FRIEDMAN, MICHELET E AFLALO, 1994, p. 132).

É através do brincar que a criança explora seu corpo e o mundo ao seu redor, ampliando sua capacidade corporal e a consciência do outro, faz suas experimentações.

Brincadeira é a melhor maneira de a criança comunicar-se, ou seja, um instrumento, que a mesma usa para relacionar-se com outras crianças. Brincando, a criança aprende sobre o mundo que a cerca e tem a oportunidade de procurar a melhor forma de integrar-se a esse mundo que já se encontra pronto. (WINNICOTT,1975, p.58).

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Através do imaginário a criança cria possibilidades de viver desafios, aguçando sua curiosidade, criatividade e capacidade de imaginar. As brincadeiras e os jogos causam felicidade e prazer aos que os executam. Segundo Piaget (1971),

se na adaptação inteligente, assimilação e acomodação se equilibram; ao brincar este equilíbrio é rompido, predominando a assimilação sobre a acomodação, o que explica o fato de a criança, enquanto brinca, alterar simbolicamente a realidade em vez de submeter-se a ela.

A criança vai construindo seu conhecimento do mundo de maneira lúdica, transformando o real em fantasia, a maneira como brinca, joga revela seu mundo interior, a maneira como a mesma assimila o mundo ao seu redor. É brincando que a criança se apropria da realidade, criando um espaço de aprendizagem onde a mesma expressa suas fantasias, desejos, medos, sentimentos, agressividade, sexualidade, onde a mesma reflete sua realidade e adapta-se a ela. Infância é o período desde que a criança nasce ate a adolescência, é a idade onde tudo é possível.

Cada criança brinca da sua maneira própria, dependendo do contexto a qual a mesma esta inserida, independente de época. No brincar a criança recria o mundo, ocorrendo processos de trocas, enfrentando conflitos, negociando–os, refazendo os fatos ocorridos em seu cotidiano assimilando assim estes. Sendo assim uma fonte de prazer e de conhecimento.

A criança apreende ao brincar a controlar a ansiedade, tem contato social e se comunicar com outras pessoas e expressa seus desejos e vontades. Brincar é experimentar outras formas de ser e pensar através da imaginação que não tem hora nem local definido para acontecer. É repetir o que já aconteceu buscando entender e adaptar-se a ele, inserindo a criança na realidade: expressa a maneira como a criança pensa, organiza e desorganiza, constrói e reconstrói o mundo a sua forma.

Brincar é uma atividade lúdica criativa. No brinquedo entra a ação da fantasia. O indivíduo, a criança e o adulto, ao brincar transforma a realidade, cria personagens e mundo de ilusão, coloca-se diante do risco, do imprevisto, do suspense. Não há necessidade do resultado a alcançar. Existem apenas expectativas. Pode dar certo ou errado. Uma vez tentado o resultado vai aparecer, não se sabe quanto. É este o dinamismo do lúdico. Quando desaparecem as possibilidades múltiplas acaba o encanto de brincar. (...) o brinquedo caracteriza-se ainda pela presença do outro. Brincar é estar junto com o outro. É sentir o gesto, o olhar, o calor do

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companheiro. O brinquedo aproxima as pessoas, as torna amigas porque brincar significa sentir-se feliz. O brinquedo não é conforto, nem conflito. É só observar os animaizinhos quando brincam. Tudo é faz de conta. Ninguém morde ninguém. Tudo é simulação. Brincar torna-se sinônimo de paz, harmonia e de alegria. (SANTIN, 1993, p.26).

É através do lúdico que a criança enriquece sua identidade, podendo experimentar outras maneiras de ser e pensar, aumentando seu conceito sobre as coisas e as pessoas, incorporando vários personagens, o jogo simbólico.

O lúdico é essencial na vida de toda criança, pois é através deste que ela constrói suas regras de jogo e papéis, sentindo-se capaz de realizar diferentes práticas e formas, imitando e recriando elementos fundamentais aprendendo assim mais sobre as relações entre as pessoas. Segundo Vygotsky (1984, p.45), “as relações entre indivíduos, dentro de um período social e histórico, onde a cultura tem um papel fundamental, propõe aos sujeitos uma gama de sistemas simbólicos que representam a realidade.” Conforme este, o convívio entre os indivíduos ocorre através da linguagem, possibilitando a inter-relação entre estes, construindo a capacidade de tirar e organizar a maneira de pensar. O mesmo autor supracitado nos coloca a importância do brinquedo e a brincadeira de “faz de conta” para o desenvolvimento da criança, que ao realizar uma brincadeira, as mesmas buscam imitar, imaginar, representar comunicar de uma maneira só delas.

O brincar é maneira mais fácil da criança se comunicar servindo de instrumento de convivência com as outras crianças, enfim é brincando que a criança constrói seu conhecimento. Conforme Piaget apud Cunha (2001, p.51) em cada etapa do desenvolvimento infantil á uma mudança de interesse e curiosidades, onde o brincar deve estar adequado a cada uma destas etapas.

Para o autor, o desenvolvimento infantil e o brincar passam por estágios. O 1º é denominado Estágio sensório – motor, que envolve crianças de zero a dois anos. Neste estágio, todo comportamento da criança é basicamente motor. Dos doze aos dezoito meses a criança explora os espaços, começa a andar, aponta para as pessoas e objetos, aumenta seu vocabulário e as mesmas palavras podem ter vários significados.

A mesma não representa eventos internamente e não “pensa”, apesar disso o desenvolvimento “cognitivo” é constatado à medida que os esquemas são construídos. O 2º estágio corresponde ao pré-operacional que vai de dois a sete anos. Neste tempo de aprendizagens é caracterizado pelo desenvolvimento da

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linguagem e outras formas de representação e no desenvolvimento conceitual é chamado de raciocínio pré-lógico. O 3º estágio é das operações concretas, que vai dos sete aos onze anos. Neste estágio, a criança desenvolve a habilidade de aplicar o pensamento lógico aos problemas concretos.

O ultimo estágio é denominado das operações formais, que vai dos onze aos quinze anos. Neste estágio as estruturas cognitivas da criança alcançam o seu nível elevado no desenvolvimento, e as crianças aplicam o raciocínio lógico a todos as classes dos problemas. Um dos objetivos do brinquedo é, portanto, dar à criança a oportunidade de substituir os objetos reais para que possa manipulá-los. De acordo com Santos ( 1997, p.23). “pois o brinquedo representa certas realidades”.

A classificação dos brinquedos contribui de maneira significativa, mas para que o brincar seja mais prazeroso e proveitoso é necessária uma interação pedagógica junto ao seu desenvolvimento dependendo da função e relação dos interesses no seu decorrer. Conforme Teixeira ( 2010, p.78) os brinquedos devem ser diferenciados conforme o tamanho da criança, pois “quanto menor for à criança, maior deverá ser o brinquedo”.

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2 A HUMANIZAÇÃO E A BRINQUEDOTECA NUM AMBIENTE HOSPITALAR

A humanização hospitalar refere-se a questão de o organismo se sentir vivo no meio em que esta inserido, fazendo com que a pessoa se sinta parte ativa do seu processo de recuperação. De acordo com Lindquist apud Oliveira ( 2007, p.206): “a humanização hospitalar em relação a criança, nasceu juntamente da compreensão de que as necessidades básicas da infância deveriam ser preservadas em situações críticas, como é o caso da hospitalização”.

Sabe-se da importância da brincadeira na vida da criança, possibilitar a estas algum tipo de brincadeira em um ambiente hospitalar pode fornecer as mesmas momentos de prazer, reorganização, aguçar seu imaginário aliviando assim o estresse de ficar dias em um ambiente em que a linha da vida e da morte se cruzam várias vezes ao dia.

Todos os cuidados como a presença dos pais, atividades lúdicas, socialização neste meio são muito importante para auxiliar uma linguagem voltada a compreensão do espaço infantil. Ainda segundo Lindquist apud Oliveira ( 2007, p. 207), cita que o “lúdico em ambiente de saúde, como nas brinquedotecas hospitalares, possibilita um contato maior com a criança e ate mesmo adultos ajudando na saúde mental e física de forma integral”.

O brincar faz reascender a chama da alegria, o sonhar, imaginar, dentro de cada pessoa, o que dirá dentro de uma criança. Ter saúde é essencial para estar vivo, sem ela, nada seria possível. Sendo necessários cuidados com a alimentação e cuidar de cada parte do corpo com zelo e higiene. Tendo saúde podemos desfrutar de liberdade dando uma sensação de bem-estar, de felicidade. A saúde parece ser algo que a criança irradia quando esta bem.

As instalações de brinquedotecas em hospitais visam amenizar o sofrimento da criança hospitalizada e humanizar um pouco o ambiente hospitalar. Segundo Azevedo, (2008, p.59), “uma brinquedoteca deve ser montada num espaço especialmente construído, pois deve responder aos objetivos específicos estabelecidos pelos grupos de usuários que lhe dão sustentação”.

O ambiente hospitalar em si segue padrões de higiene não sendo indiferente o ambiente em que se encontra a brinquedoteca deve seguir os mesmos padrões de

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higiene onde os brinquedos utilizados pelas crianças devem ser limpos e o ambiente adequado contribuindo para um brincar saudável.

O ambiente onde deve funcionar a brinquedoteca deve ser aconchegante, limpo e arrumado ao final de cada sessão e para aquelas crianças que não conseguem ir até esse local, o profissional deverá levar os brinquedos até elas, mas sempre observando suas limitações e seu esforço entre outros agravantes que possam interferir na recuperação da mesma. (PORTO, 2008, p.54).

É na brinquedoteca que ocorre o resgate ao direito que a criança hospitalizada tem de ser criança ,o poder brincar, divertir-se, ter momentos de lazer. O direito que toda criança tem de viver sua infância.

Numa brinquedoteca hospitalar se constata a quantidade de pessoas que se beneficiam de sua existência, as quais se envolvem ao brincar com as crianças, com momentos de lazer e descontração levando-os a esquecer um pouco a doença e a enxergar o outro.

2.1 AS BRINQUEDOTECAS E SEU VALOR TERAPÊUTICO

Toda criança tem o direito de curtir sua infância independente de sua condição física ou mental. Mesmo uma criança hospitalizada em um leito tem o mesmo direito de curtir sua infância como qualquer outra. Muitas doenças afetam seus estímulos da criança fazendo com que percam a vontade de brincar, sonhar e lutar, devido ao medo tomar conta do seu dia-a-dia. Tornando-as incapazes de sonhar. Conforme Matos e Mugiatti, (2009, p.149), “a presença de brinquedotecas nos hospitais diminui o estresse das crianças e o medo do tratamento ambulatorial, com remédios, seringas e exames. É o que indica a pesquisa do Hospital Infantil Cândido Fontoura da Secretaria de Estado da Saúde”.

Muitas vezes a criança passa ou esta em um processo de adaptação com seu atual estado de saúde, o que é muito difícil para a mesma e seus familiares ter de deixar o mundo ao qual estavam acostumados seus amigos, suas manias, seus cotidianos para viver em um local totalmente diferente um leito hospitalar.

Onde muitos não conseguem entender o que está se passando com os mesmos, reagindo muitas vezes com raiva ou entram em desespero, frustração tornando tudo mais difícil, e com isso muitas vezes o tratamento se prolonga mais do que se imaginava.

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A criança hospitalizada necessita de apoio de seus familiares isso ira ajudar bastante em sua recuperação. Devido ao fato de as crianças verem o hospital como um lugar aterrorizante, pois sentem medo de seus médicos, tratamento, agulhas ao qual são submetidas.

A brinquedoteca vem a ser um escape um lugar onde sonhos e fantasias podem ocorrer, onde estas crianças podem sentir-se crianças novamente. É um local de liberdade, prazer, onde a criança é levada a brincar e a interagir com diferentes objetos. A criança é convidada a conhecer, sentir e experimentar diferentes estímulos e oportunidades de fazer uso do jogo do faz de conta, interagindo também com outras crianças.

Pelo ato de brincar, a criança experimenta sensações de prazer e felicidade, aprende livremente, sem medo de errar, sem estreses; adquirindo conhecimento sobre o mundo e sobre as pessoas, aprende a conviver com o outro e respeitar, prepara-se para o amanhã a partir das vivências, conforme os limites da sua condição. Os benefícios que o ato de brincar traz a criança internada tendem a fazer com que o sistema imunológico da criança aumente, fazendo com que a mesma se recupere mais rápido.

As brinquedotecas terapêuticas surgem como uma mobilidade de atendimentos prestados as crianças e adolescentes internados em hospitais, uma vez que os mesmos afastados da rotina escolar e privados da convivência em comunidade, vivem sob-risco de fracasso escolar. Os primeiros atendimentos escolares a crianças hospitalizadas ocorrem na França em 1935, quando Henri Scllier inaugura a primeira escola para crianças hospitalizadas. Após esta experiência, vários outros países exploraram este ambiente.

[....] seu exemplo foi seguido na Alemanha, em toda França, na Europa e nos Estados Unidos, com o objetivo de suprir as dificuldades escolares de crianças tuberculosas. Pode-se considerar um marco decisório das escolas em hospital a Segunda Guerra Mundial. O grande número de crianças e adolescentes atingidos, e mutilados e impossibilitados de ir a escola, fez criar um engajamento sobre tudo dos médicos, que hoje são defensores da escola em seus serviços. (VASCONCELOS, 2006, p.02).

Perante a política de educação especial, de inclusão e de atenção a diversidade crianças e adolescentes hospitalizados são considerados portadores de necessidades especiais. Sendo alvos preferenciais os pacientes pediátricos, uma

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vez que estes são susceptíveis aos problemas resultantes da baixa qualidade dos serviços prestados.

A implantação de brinquedotecas em hospitais infantis esta prevista na lei federal 11.104 de 21/03/2005, a mesma entrou em vigor 80 dias depois sua publicação. Esta em vigor ate os dias de hoje em hospitais que possuem internação pediátrica.

Quando o sujeito hospitalizado é uma criança, deve-se ter um olhar mais cuidadoso sobre as condições em que esta se encontra e suas necessidades, além do atendimento clínico. Pois a mesma encontra dificuldade para adaptar-se ao tratamento hospitalar, podendo comprometer seu estado biopsicossocial. Este se encontra impossibilitado do convívio escolar, podendo perder o ano letivo. Ocorre a falta de meios lúdicos que possam promover a imaginação, criatividade e a brincadeira distancia a criança de seu mundo, o qual sofre interferências medicas, o que é de difícil aceitação. A família também necessita de apoio. Segundo Fonseca (2008, p.74), “a interação e a mediação do adulto com o brincar da criança auxilia em seu brincar com outras crianças assim como, em seu brincar sozinha e com outros diferentes adultos”.

O lúdico nas brinquedotecas acontece de maneira prazerosa, com brincadeiras, as quais ocorrem com o auxilio do pedagogo, desenvolvendo assim o alto conhecimento da criança, pois é brincando que ela aguça mais e mais sua curiosidade, com uma gama de brinquedos que fazem com que ela crie e recrie várias brincadeiras, organizando sua maneira de ver o mundo ao seu redor. Nas brinquedotecas as brincadeiras podem ser orientadas como também as crianças podem brincar livremente e socializar umas com as outras.

De acordo com Leontiev (1988, p.113) é na atividade lúdica que a criança convive com os sentimentos que fazem parte da sua realidade interior, pois brincando ela se auto conhece, organizando suas relações emocionais e estabelece relações sociais.

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3 O LUGAR DA MEDIAÇÃO DO PEDAGOGO EM UM AMBIENTE HOSPITALAR

Uma escola no hospital permite a criança doente conserve os laços com sua vida anterior a internação. E um lugar neutro, resultado de um projeto de futuro, pois a criança, depois de sua hospitalização, retomara sua vida normal de criança. A classe tem crianças de idades diferentes. Onde o pedagogo desenvolve com elas atividades tendo em conta ao mesmo tempo a capacidade psíquica das crianças doentes e seus diferentes níveis de escolaridade. Conforme Brasil ( 1995, p.1), “é Direito da Criança Hospitalizada referendada pela Sociedade Brasileira de Pediatria desfrutar de algumas recreações, programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar”.

Com a pedagogia hospitalar ocorre a integração entre os profissionais da educação e saúde em busca de não só auxiliar escolar hospitalizado, como também oportunizar momentos de descontração levando em conta as condições físicas, mentais da criança favorecendo neste espaço, momentos sócio educativos e lúdicos, tornando os dias mais prazerosos, possibilitando uma aceitação ao tratamento hospitalar.

Tornando o ambiente hospitalar mais humano fazendo com que a criança sinta-se alegre, ativa no sinta-seu processo de recuperação em meio a uma situação muitas vezes difícil. De acordo com Lindquist apud Oliveira, ( 2007, p.206): “a humanização hospitalar em relação a criança nasceu com o entendimento que as necessidades básicas da criança devem ser preservadas mediante situações críticas, como é o caso da hospitalização”.

A presença do lúdico nas brinquedotecas favorece um contato maior com a criança e até mesmo adultos, auxiliando na saúde mental, física da mesma de forma integral. Cabe ao Pedagogo apresentar atividades diferenciadas, planejamentos e metodologias criativas numa pró-atividade e versatilidade, imbuídas de saberes, constituindo-se, tornando-o um diferencial.

[...] a pedagogia significa também condução a cultura, isto é processo de formação cultural, pedagogo é aquele que possibilita o acesso a cultura, organizando o processo de formação cultural.Com isso o pedagogo tem grande responsabilidade em suas mãos, porque a partir do momento que ele possibilita o acesso a cultura a seus alunos e as pessoas com que trabalha, esta conduzindo a novos caminhos para novas e inusitadas descobertas muitas vezes. (SAVIANI, 1985, p.27).

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A formação de um Pedagogo não deve se limitar as realidades escolares, mas estender-se a outras situações como, por exemplo, hospitais. Estando presente em ambientes sociais, atuando onde tiver necessidade de educação, sendo a figura do pedagogo um grande alicerce para o futuro das nações, tornando-as mais instruídas com a finalidade de fazer este mundo um espaço de oportunidades onde quer que estejam.

A atuação dos Pedagogos em hospitais não é somente uma proposta a ser realizada, mas já se constata a importância destes profissionais em um ambiente hospitalar. No entanto, nota-se que o trabalho destes profissionais estas trazendo diferenciais significativos as crianças e aos escolares que deles se beneficiam, sendo este trabalho um fato constatado. Se pensarmos a educação na extensão do seu termo vemos que a mesma propõe desafios, ousando novos avanços e ampliando visões e atuações para melhores e maiores condições á humanidade.

A história demonstra que a educação esta presente nas transformações sociais, onde o Pedagogo é um profissional fundamental neste processo. Destacando-se o entrosamento que acontece entre profissionais da educação e os hospitais, possibilitando a continuidade da educação para crianças e adolescentes hospitalizados alguns por períodos prolongados ou intermitentes, durante seu tratamento. Pois a própria legislação nos coloca neste espaço e a necessidade deste atendimento. Conforme Fonseca ( 2008, p.95), “ A escola hospitalar é o veículo pela qual a criança hospitalizada cidadã de direito pode dar continuidade aos seus processos de desenvolvimento e aprendizagem. É preciso garantir que a escola no hospital exista para seu aluno, e esteja focada nesses processos de aprendizagens.”

Se o Pedagogo hoje, esta presente em hospitais, é por que este fora necessário neste ambiente. Onde o pedagogo ao trabalhar juntamente com os profissionais da saúde busca a total recuperação da criança e do adolescente internado levando aprendizagem até elas e tornando-se um mediador entre o ambiente hospitalar e elas. Tornando o momento de enfermidade mais agradável para a criança e o adolescente trazendo um pouco do cotidiano aos quais estes estavam acostumados fora do ambiente hospitalar. Pois devido a hospitalização ocorre a desintegração do processo social, familiar e escolar, sendo marcante para as crianças o tempo de permanência hospitalar. Pois junto com a enfermidade física ocorre a enfermidade social decorrente da privação escolar.

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A pedagogia hospitalar por suas peculiaridades e características, situa-se numa interação entre os profissionais da equipe de saúde e a educação. Tanto pelos conteúdos da educação formal, como para a saúde e para vida, como pelo modo de trazer continuidade do processo a que estava inserida de forma diferenciada e transitória a cada enfermo. (MATOS, E.L.M; MUGIATTI, 2009, p.46).

A ação pedagógica, ao ocorrer no hospital, se depara com novos desafios apontando para novas perspectivas de compreensão, pois dentro de um hospital não tem como não pensar em doença, morte, dor e sofrimento. Mas ao mesmo tempo há também muita vida dentro de um ambiente hospitalar.

A pedagogia hospitalar vem ser uma nova área científica a ser construída, envolvendo equipes de multiprofissionais. Ao Pedagogo cabe o desafio de interferir positivamente nesse quadro social, com uma postura ética, crítica, criativa e comprometida com a ação educativa. Referindo-se a uma área nova devido a sua indiscutível necessidade e pleno desenvolvimento.

Hospital não é escola, mas a escola pode estar presente no ambiente hospitalar. Não existem duvidas neste sentido. Por que não tornar o ambiente hospitalar mais humanizado, promissor, integrador, harmonizando a vida. Reafirmo a importância da classe hospitalar onde crianças poderão usufruir de seu direito a saúde, e educação em condições iguais. Segundo Fonseca (2008, p.34), “para o aluno hospitalizado as relações de aprendizagem em uma escola hospitalar, são injeções de ânimo, remédio contra os sentimentos de abandono e isolamento, infusão de coragem, instalação de confiança no seu progresso e em suas capacidades”.

Preservar o direito que toda criança tem de continuar seus estudos mesmo hospitalizados deve ser a principal preocupação de todos que participam da recuperação destas crianças e adolescentes. Conforme Matos e Mugiatti (2009, p.48), “no Brasil a grande maioria dos hospitais não possui atendimentos ao escolar hospitalizado. Ainda não há um reconhecimento satisfatório no sentido de que as crianças e os jovens hospitalizados têm o direito a educação.”

Fica um alerta para as instituições, de forma que as mesmas abram espaço para promover possibilidades boas praticas de contribuição a melhoria do bem estar e da recuperação do sujeito infantil, integrando a educação com a saúde de forma mais consistente.

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Para Kailer e Mizunuma (2009), “ não adianta nada ter uma brinquedoteca ou um local para as crianças brincarem com vários brinquedos, jogos se não tiver um profissional que explore os materiais e as estimule”. É este profissional que proporcionara momentos de diversão e criar condições para um brincar voltado para a recuperação.

3.1 O BEM ESTAR DA CRIANÇA

Muitas vezes a criança hospitalizada se encontra desestimulada, devido ao tempo hospitalizado ou em relação ao tratamento e aceitação do mesmo. Tornando o momento que se encontra hospitalizado uma situação estressante e traumática.

É fundamental lembrar que a vida da criança, seu crescimento e desenvolvimento físico, mental, emocional e social, não estacionam, mas continuam evoluindo durante a internação no hospital. A hospitalização impedindo suas atividades normais junto a família e dos amigos, na escola e em tudo que faz parte do seu dia-a-dia quebra o ritmo pode modificar a criança (...) (CUNHA E VIEGAS, 2003, p.11)

Com essa mudança de rotina, ambiente e convivência com a família a carreta em um estresse e medo alterando significativamente sua rotina podendo comprometer seu desenvolvimento. Esta situação pode ter uma piora considerável quando a criança apresenta mais de um comprometimento de saúde, deficiências motoras, sensoriais, desnutrição grave, mentais entre outras.

A criança hospitalizada se encontra em condições desvantajosas, apresentado sofrimento, irritações, baixa imunidade dificultando assim sua revitalização. Mas o maior choque que estas podem sofrer é a separação da mãe no momento de maior fragilidade podendo ocorrer por períodos longos.

Durante o período de hospitalização a criança pode ter de suportar o sofrimento físico às vezes não tendo como realizar atividades motoras, tendo de seguir dietas alimentares necessárias em decorrência ao tratamento sendo muitas vezes doloroso e traumatizante.

Os estudos apontam que a hospitalização da criança pode trazer serias consequências afetando seu desenvolvimento em função ao contexto peculiar ao qual ela é submetida. O hospital é um ambiente frio muito diferente do lar ao qual ela se encontrava e estava acostumada. Conforme Soares (2003) “a criança sofre ainda

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com estressores: enfermidade, dor ambiente não familiar, procedimentos médicos, estresse dos pais, adaptação ao ambiente hospitalar , perda da autonomia, incerteza em relação a vida, muitas vezes sem poder se locomover, espaço limitado.”

Acrescenta-se a isso a saudade de casa, a sua rotina anterior, a sensação de abandono sentida muitas vezes pela ausência da família ocorrida principalmente em tratamentos longos. Algumas crianças apresentam certa sensação de culpa por estarem hospitalizadas como se estivessem sendo punidas por estarem hospitalizadas. Algumas crianças se sentem felizes por estarem hospitalizadas pois nele encontram atenção, carinho e por estarem em um ambiente anteriormente desfavorável passando necessidades físicas, psicológicas entre outras.

A questão se estende a família em especial a mãe geralmente ela é a acompanhante da criança internada. A mesma presencia e vivência o sofrimento, choro, desconforto do filho fragilizado pelo estado de saúde que se encontra. Os profissionais do hospital em prol de uma melhora significativa destas crianças devem auxiliar seus familiares e elas na compreensão da hospitalização e da situação clínica que a mesma apresenta, de maneira a contribuir na diminuição do sofrimento destas diante da situação.

Tentando fazer com que a criança e seus familiares se sintam melhores dentro do hospital, muitos deles têm empregado enfeites com motivos lúdicos, os programas com palhaços e as brinquedotecas permitindo que as mesmas expressem seus sentimentos tenham momentos de diversão possibilitando a estas crianças entender sua situação. O brinquedo vem a ser um alicerce terapêutico.

3.2 A FAMÍLIA E O BEM ESTAR EMOCIONAL

Como se deparar com uma doença que muitas vezes pode levar seu filho de seus braços e não entrar em desespero, você tentaria de tudo para salvar a vida daquela criança tão amada, desejada, esperada que agora encontra-se em um leito de hospital.

Muitas vezes estes pais podem estar chorando rios de sangue, mas na frente da criança eles vão sorrir e dizer esta tudo bem eu estou aqui com você vou esta até o fim ao seu lado e vai ficar tudo bem, isso é muito importante para a criança se sentir protegida e amada.

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Ás vezes é tudo que os pais podem oferecer para essas crianças seu carinho, atenção, o seu amor.

Acredita que se julga necessária estimular os familiares a se desenvolverem e apoiarem a criança (ou adolescente) hospitalizada, inspirando-lhe segurança, no sentido que aceitem conscientemente a situação, ajam de forma positiva, como participantes do processo de cura em sua totalidade. (MATOS E MUGIATTI, 2009, p.12).

A criança hospitalizada necessita do apoio da família para auxilia-la durante o tratamento e ate mesmo para ajuda-la a compreender o que esta se passando. Sendo um estímulo para sua total recuperação.

Em prol de alcançar resultados significativos na recuperação da criança enferma acredita-se que uma boa relação entre a equipe médica e a família pode trazer resultados significativos fazendo com que a criança se sinta mais segura e tenha mais ânimo de lutar contra a doença. Sendo de grande importância a presença dos pais da criança no processo de revitalização da mesma apoiando a cada instante e a cada mínimo progresso estando presente, não a deixando desanimar.

A criança ao se deparar com o ambiente hospitalar que é totalmente diferente ao qual ela estava inserida, no momento em que se muda o ambiente social e físico ao qual a mesma se encontrava como sua casa, seus familiares, suas brincadeiras. A criança começa a se questionar por que ela esta ali, a pegando–se a mãe cada vez mais, a mesma teme ficar sozinha.

A brinquedoteca vem trazer um pouco de alegria para a vida hospitalar dessas crianças e de seus familiares, pois quem resiste a um sorriso de uma criança e os seus olhos chegam a brilhar quando vem um brinquedo e tem a oportunidade de brincar. A maioria das brinquedotecas não só possibilita momentos de lazer e descontração como também são usadas para que os acompanhantes possam ter momentos de descanso.

Apesar de ser constatada uma melhora significativa na qualidade de vida destas crianças hospitalizadas com a instalação das brinquedotecas, muitos hospitais ainda não atendem as necessidades destas crianças, não lhes dando oportunidade de viver sua infância dentro do ambiente hospitalar, não tendo um espaço para estas brincarem, muitas dessas crianças acabam brincando na

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enfermaria, no corredor, em áreas abertas do hospital. O que me leva a acreditar que o hospital não está preparado para atender crianças.

O ambiente hospitalar ele em si é muito estressante para a criança e a família, a pessoa não come não dorme direito é um entra e sai de enfermeiras o tempo todo a uma certa tensão no ar independente da doença que se esta enfrentando, sendo um ambiente onde há muita vida, mas também há muita morte.

A maneira como a família lida com o estresse de estar nesta situação enfrentando tudo isso reflete diretamente no comportamento da criança, podendo ser de muita ajuda para a revitalização da criança ou não.

Muitas vezes estes familiares acabam atrapalhando a recuperação da criança muitas vezes com conversações em tom alto, prejudicando o sono da criança, ou ainda se esquecendo da presença da mesma. Apresentam um comportamento inadequado necessitando de orientação. Na maioria das vezes a família tende a ajudar de maneira significativa, pois acompanham todo o processo da doença, muitas vezes a acompanhante é a mãe que está com seu filho. A mesma se encontra presente a cada momento e muitas vezes ao ver crianças na mesma situação que o filho acabam ajudando outros pais que também passam pela mesma situação trocando experiências, contando como tudo começou, o que os levou a procurar um médico, como o filho era antes, como foi o início do tratamento as dificuldades encontradas, os remédios, vitaminas que ajudaram entre outros assuntos.

Ao olhar para o filho se consegue esquecer a doença, apoiar e valorizar cada dia na esperança de ser o primeiro de muitos, tornando significativa, a palavra, do gesto, a musica, sua presença, os momentos lúdicos. O fato de a criança brincar no hospital traz momentos de lazer, socialização, a questão dela poder realizar algo, contribui para a sua autoestima ajudando a mesma a enfrentar o cotidiano dentro de um hospital.

O brincar também traz para a família momentos de contentamento junto à criança e aos demais que se encontram na mesma situação, pois a criança hospitalizada não deixa de ser criança ela pode ter certas limitações, mas é significativo que ela viva a sua infância. Isto justifica a inserção do brincar em um ambiente hospitalar em prol do desenvolvimento psicológico e para a saúde infantil, auxiliando a mesma no enfrentamento de seu tratamento que pode durar um longo

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período ou não. Tornando a experiência de estar em um ambiente hospitalar menos traumatizante.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao realizar a pesquisa sobre a importância do brincar em um ambiente hospitalar, conclui que o jogo, a brincadeira o e o brincar é a própria vida da criança. Não importa o ambiente em que a criança esteja. A dimensão lúdica precisa estar presente, pois é através do brincar que a criança se desenvolve, se reconhece, assimila a realidade.

Ao mesmo tempo, em que se destaca a importância do brincar no hospital amenizando, muitas vezes, o sofrimento da criança e seus familiares perante a um tratamento que pode ser por um período breve ou longo, o lugar do adulto/profissional de educação dentro do ambiente hospitalar. O trabalho juntamente com os demais profissionais de saúde em prol da criança hospitalizada oferecendo momentos de brincadeiras, diversão, resolução de problemas, autoconhecimento e crescimento, integração social visando o reestabelecimento da criança oferecem clima de valorização a criança e ao seu desenvolvimento.

Verifiquei que quando a criança brinca, ela vai aceitando o tratamento, pela convivência com outras crianças e pais que também se encontram na mesma situação. De acordo com Cunha (1994), “as atividades lúdicas reduzem significativamente a irritabilidade, melhorando assim o bom humor, aumentando o interesse da criança pelo mundo, pessoas e objetos, fazendo com que o doente se recupere mais rápido.” É de se destacar a importância da presença da família e seu apoio a criança hospitalizada. O estudo revelou que os profissionais da saúde e familiares são fundamentais na recuperação da criança hospitalizada, que o brincar na vida das crianças é a condição da melhoria de sua qualidade de vida destas durante o período de enfermidade. Destaco a importância de ter em um ambiente hospitalar a presença de um profissional especializado, Pedagogo, para auxiliar no atendimento de crianças hospitalizada considerando as contribuições do brincar, do jogo e do imaginário infantil como parte constitutiva do desenvolvimento da criança e das estratégias do lúdico na recuperação do bem estar da criança.

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REFERÊNCIAS

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ANEXOS

QUESTIONÁRIO

a) Como você vê a criança e a oferta de situações lúdicas dentro de um hospital... ... ... ...

b) Em caso de o hospital oferecer um espaço para crianças, com jogos e brinquedos, como uma brinquedoteca, você acredita que este serviço pode contribuir na recuperação de crianças hospitalizadas?

... ... ... ... ...

c) Como você pensa que deveria ser organizado a brinquedoteca, em termos de materiais e pessoas especializadas para este fim.

... ... ... ... ...

d) Qual a importância de uma brinquedoteca em um ambiente hospitalar?

... ... ... ...

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