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Crianças no quintal: a relação da criança com a natureza

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Academic year: 2021

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CRIANÇAS NO QUINTAL: A relação da criança com a natureza

Milena Schwinger de Moura

Trabalho apresentado no componente curricular TCC, sob a orientação da professora Eulália Beschoner Marin no Curso de Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI. Trata-se de um estudo sobre interação da criança nos ambientes naturais da escola e as contribuições no seu desenvolvimento, foi desenvolvido junto à Escola Infantil Brincar e Aprender, no município de Ijuí (RS). Com crianças do Nível IV, no ano de 2016.

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UM PERCURSO NO QUINTAL

A pesquisa tem como finalidade contribuir com os planejamentos na Educação Infantil sobre as relações da criança com o meio natural em que vivem. Que a criança se sinta sujeito importante no meio em que vive, explorando de forma positiva estes diferentes espaços que a natureza nos oferece.

Pensando nas crianças como um ser da natureza e na sua relação com o ambiente natural na escola entendo que este é fundamental no seu desenvolvimento.

Na escola as crianças vão estudar, experimentar, construir conceitos, refletir. Com as experiências na natureza, vivenciadas no seu cotidiano escolar, as crianças vão descobrindo possibilidades de explorar e compreender o mundo em que vivem, conhecendo e convivendo com os elementos que constituem a natureza. Aprendendo também a cuidar, respeitar deste meio em estão inseridos.

A escola como instituição com o importante papel formador na educação dos educandos, desde a Educação Infantil, sendo o professor mediador na construção de novos conhecimentos, despertando no aluno a curiosidade e interesse nas relações com a natureza e o que existe nela. Por meio de atividades e projetos pedagógicos que contribuam para estas relações das crianças com o meio em que vivem.

Os questionamentos surgiram a partir do trabalho realizado em sala de aula, com crianças da Educação Infantil, no qual me deparei com inúmeras perguntas sobre a relação da criança com o meio ambiente na escola. Assim, trabalhando com essas crianças, estou buscando compreender melhor as questões relativas a esta interação, pesquisando o assunto através das praticas vividas na escola.

De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, as propostas pedagógicas da educação infantil devem considerar que a criança é um sujeito histórico e de direitos, que nas suas interações, relações e práticas cotidianas está produzindo cultura, pois observa, questiona e constrói sentidos. Levando isso

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em consideração e pensando na interação com a natureza, precisamos criar situações em que nossos alunos se tornem cidadãos que pensem e atuem por si mesmos tendo liberdade de criar próprias decisões de acordo com conceitos formados, que os orientem nas praticas de preservação e cuidado do Meio Ambiente. Isso vai ser formalizado na escola, mas também vai ser vivenciado fora dela.

É especialmente pensando na criança como sujeito ativo e não apenas ouvinte, capaz de evoluir numa aprendizagem dinâmica e diferenciada, que vai acontecer dentro e fora da sala de aula com a participação ativa de todos. Lembrando que tudo a nossa volta é ciências, entendemos que as crianças precisam conhecer o ambiente em que estão inseridas, para assim cuidá-lo e protegê-lo. E conhecer esse ambiente é estar interagindo constantemente com ele.

Criança e Natureza uma reflexão em ação

Ser criança, uma fase muito especial da vida, em que ela cria e recria experiências, interpreta o mundo, estabelece relações, interage e aprende com espontaneidade, constrói e reconstrói conhecimentos. É nesta fase que ela precisa estar em um espaço para aprendizagem, rico em informações, aberto a vivências.

Espaço como lugar de encontro e de habitar conduz-nos à ideia de espaço(s) pedagógico(s) como lugar(es) que integra(m) intencionalidades múltiplas: ser e estar, pertencer e participar, experenciar e comunicar, criar e narrar. Um lugar para o(s) grupo(s) mas também para cada um, um lugar para brincar e trabalhar, um lugar para pausa, um lugar que acolhe diferentes ritmos, identidades e culturas. Um espaço de escuta de cada um e do grupo, um espaço sereno, amigável e transparente. (OLIVEIRA-FORMOSINHO, ANDRADE, 2011, p. 10)

A criança é um sujeito que tem desejos, expressa emoções, que esta atenta para as novas descobertas, demonstrando-se dispostas a enfrentar desafios para

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conhecer o novo. Em relação ao conceito de criança, de acordo com as Diretrizes Nacionais Curriculares para a Educação Infantil, 2010, p.12

Criança: Sujeito histórico e de

direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura.

Referindo-se a relação das crianças com a natureza, e como profissional da educação, temos que apresentar a realidade concreta, para que a criança possa entender melhor seu mundo, a sua historia, seu espaço, reconhecendo a natureza. Vivemos em um meio rico em possibilidades de exploração, e cabe a nós professores o papel de contribuir para que as crianças cresçam na vivência, já que a escola é o lugar privilegiado para vivência prática.

Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional:

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os cinco anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (LDB, cap.II, seção II, art.29, pag.21)

Sendo essencial começar pela Educação Infantil as práticas voltadas ao espaço em que a criança está inserida, com a participação ativa de cada uma e da coletividade, assim compreendendo sua cotidianidade. À medida que a criança entra em contato com o mundo ela adquire e desenvolve noções sobre o conceito de natureza e nesse processo ela se relaciona com o mundo a sua volta, percebendo

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um mundo cheio de significado e sentido. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil/ Conhecimento de Mundo enfatiza a relação da criança com a natureza e a sociedade em que vive, destacando que:

O mundo onde as crianças vivem se constitui em um conjunto de fenômenos naturais e sociais indissociáveis diante do qual elas se mostram curiosas e investigativas. Desde muito pequenas, pela interação com o meio natural e social em que vivem, as crianças aprendem sobre o mundo, fazendo perguntas e procurando respostas às suas indagações e questões. Como integrantes de grupos socioculturais singulares, vivenciam experiências e interagem num contexto de conceitos, valores, ideias, objetos e representações sobre os mais diversos temas a que tem acesso a vida cotidiana, construindo um conjunto de conhecimentos sobre o mundo que as cerca. (BRASIL, 1998, p,163)

É especialmente importante a partir das vivências dos educandos, valorizar o que eles já sabem, organizando as atividades através de seus questionamentos dúvidas buscando o que é significativo para vida de cada criança. No entendimento de Bressam,

Educar não significa apenas instruir alguém sobre alguma coisa, transmitir conhecimentos e formá-lo para exercer uma determinada atividade. Educar é muito mais do que isto e significa levar alguém a exprimir todas as suas potencialidades, a assumir sua condição de sujeito no ato de conhecer. (BRESSAM,2003,p.8)

É necessário que o professor desperte em seus alunos a curiosidade do saber, do descobrir, de explorar as coisas. É preciso estar disposto a criar uma relação professor/aluno, que juntos criem uma aprendizagem significativa em suas

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vidas. Sendo o educando o elemento principal no processo de aprendizagem na relação com meio, aluno como protagonista.

Quando pensamos a criança como protagonista do processo educativo, entendemos o protagonismo como a participação num tempo e espaço no qual elas decidem, intervêm e influenciam as relações, as decisões que dizem respeito aos seus cotidianos.

As crianças vistas como seres do mundo, em que precisam agir se comunicando de diferentes formas e se expressando neste meio em que vivem.

Na prática pedagógica o planejamento é um recurso para a organização do espaço, do tempo, dos materiais, das atividades, das estratégias de trabalho que trazemos e das que surgem em nossa relação com os alunos. Quando planejamos, podemos garantir a presença de várias dimensões importantes do trabalho: o tempo para falar, para ouvir, brincar, ler histórias, desenhar, estar dentro das salas, fora delas, comer, descansar, escutar os alunos e promover o contato com o conhecimento legitimado e a cultura. Elaborar um “planejamento bem planejado” no espaço da educação significa entrar na relação com os alunos, mergulhar na aventura em busca do desconhecido, construir a identidade de grupo junto com os alunos. Planejar, na verdade, é replanejar sempre, principalmente se levamos em conta as dificuldades, os imprevistos e as surpresas do caminho.

O profissional em educação enfrenta muitos desafios no dia a dia com os alunos, provavelmente um deles diz respeito a como organizar o trabalho levando em conta as experiências que os alunos trazem de suas vidas, suas casas e suas famílias. Outro desafio é lidar de forma significativa com diferentes áreas culturais e do conhecimento, como a literatura, a música e a ciência. Sendo importante escutar as histórias que os alunos têm para contar, as danças e músicas que inventam, as hipóteses que levantam sobre a vida dos animais, sobre a organização do tempo. Assim, considera-se o aluno um sujeito social, com ideias e movimentos que contribuem na organização da vida coletiva.

O conhecimento é entendido como recriação do aluno em contato ativo e participativo com a realidade na qual ela está mergulhada. Trata-se de pensar como a participação das crianças é importante no dia a dia, assim como o contato com os

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conhecimentos legitimados, de forma significativa e prazerosa. É muito importante que estejamos atentos ao que os alunos trazem, falam e fazem, bem como que tenhamos claros nossos objetivos educacionais. Os projetos nascem desta articulação entre o que os alunos trazem – suas ideias, dúvidas, curiosidades, interesses.

O mais importante é garantir experiências significativas no cotidiano, diversificando as experiências, possibilitando diferentes associações entre os alunos, trazendo à tona temas de pesquisa e interesses e abrindo espaços para a arte, a cultura, a troca, a brincadeira e tudo mais que possibilite a ampliação das possibilidades de expressão, conhecimento e desenvolvimento da criança.

Criança e natureza: um novo planejamento

Cada criança com seu modo de ser constrói e enriquece a escola, os elementos que cada um traz, possibilita a construção de diversas aprendizagens. Estão sempre fazendo perguntas curiosas com as mudanças e novidades.

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É preciso prestar atenção nas singularidades físicas, emocionais e pessoais de cada aluno, a fim de que se sintam escutados e valorizados como seres humanos, o aconchego e a escuta das necessidades e desejos dos alunos precisam fazer parte do trabalho que realizamos com elas diariamente.Também precisamos fazer o reconhecimento das identidades ali presentes, as histórias de vida de cada aluno, a realidade de suas famílias, a acolhida de seus interesses, ideias e emoções.

O estudo da natureza de forma lúdica e criativa, possibilita a criança a perceber a riqueza natural em que está envolvida, tendo maior afetividade com este meio em que vive, mas essa depende de como a criança se sente neste lugar e precisa ser estimulado.

As crianças demonstram grande interesse e curiosidade pelos seres vivos, pois chamam a atenção sempre pelas diversas características. Com esta preferência podemos delinear os objetivos e conteúdos pedagógicos, como possíveis formas de organizar atividades significativas para as crianças, assim estudar o que parte do interesse delas.

Curiosamente, a criança observa, sente, questiona de diferentes formas este meio natural, e na interação ela descobre muito, o que tem naquele lugar, como é, são várias sensações que eles precisam conhecer e sentir. Muitas vezes de maneira inquieta, querendo descobrir tudo ao mesmo tempo, e outras mais calma com mais cuidado, observando primeiro e depois explorando

Aprender é descobrir, deve ser prazeroso, o educando tem que se sentir a vontade em conhecer e explorar o ambiente natural, através das relações, entendendo-se como parte neste meio natural, aprendendo a cuidar, respeitar e interagir de forma responsável.

Deixar a criança se sujar, proporcionar condições em que elas entrem em contato com o meio natural, no barro, na areia, na chuva, momentos de brincadeiras no quintal, conhecendo, descobrindo e desfrutando desse ser livre.

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REFERÊNCIAS

ANGOTTI, José André; DELIZOICOV, Demétrio; PERNAMBUCO, Marta Maria. Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2007.364p.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.3v.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica.Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil /Secretaria de Educação Básica. – Brasília : MEC, SEB, 2010.

BRESSAM, Maria Regina. Educação ambiental na escola – Contribuições do Ensino de ciências na construção da cidadania- Dialogando com Paulo Freire. Ijuí-Rs. 2003.

FARIA,Vitória Líbia Barreto de.Currículo na educação infantil: diálogo com os demais elementos da Proposta Pedagógica/ Vitória Faria, Fátima Salles. - 2.ed., [rev. e ampl.J. - São Paulo: Atica, 2012. 248 p. (Educação em Ação).

OLIVEIRA-FORMOSINHO, Júlia; ANDRADE, Filipa Freire de. O Espaço na Pedagogia-em-Participaçao. In: OLIVEIRA-FORMOSINHO, Júlia; (Org). O Espaço e o Tempo na Pedagogia-em-Participaçao. Porto/Portugal, Porto Editora, 2011.

SILVA, Guilherme Leonardo Freitas; TELLES, Chayanne Alessandra. Relação criança e meio ambiente: Avaliação da percepção ambiental através da análise do desenho infantil. 6ª

edição. Ponta Grossa. Jul- Dez de 2012. Disponível:

http://www.cescage.edu.br/publicacoes/technoeng

TIRIBA, Léa. Crianças da natureza. Anais do I Seminário Nacional: Currículo em movimento – Perspectivas atuais.Belo Horizonte. Novembro de 2010. 20p.

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