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Avaliação da percepção de estresse e recuperação, da ansiedade e das concentrações de cortisol em atletas da seleção brasileira de futebol de sete paralímpica

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NATANY NUNES

AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE ESTRESSE E RECUPERAÇÃO, DA ANSIEDADE E DAS CONCENTRAÇÕES DE CORTISOL EM ATLETAS DA

SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL DE SETE PARALÍMPICA

CAMPINAS 2017

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FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NATANY NUNES

AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE ESTRESSE E RECUPERAÇÃO, DA ANSIEDADE E DAS CONCENTRAÇÕES DE CORTISOL EM ATLETAS DA

SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL DE SETE PARALÍMPICA

Orientador: Prof. Dr. José Irineu Gorla

CAMPINAS 2017

Dissertação apresentada à Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Mestra em Educação Física, na Área de Atividade Física Adaptada

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ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA NATANY NUNES, E ORIENTADA PELO PROF. DR. JOSÉ IRINEU GORLA

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Prof. Dr. José Irineu Gorla – Orientador

Prof. Dra. Paula Teixeira Fernandes

Prof. Dr. Décio Roberto Calegari

A Ata da Defesa assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no processo de vida acadêmica do aluno

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Dedico esse trabalho a minha FAMÍLIA, meus pais João Carlos e Maria Rosa, minhas irmãs Camila e Samanta e meu sobrinho João Matheus, que desde o início estavam presentes dando suporte e entusiasmo para alcançar essa vitória.

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O alivio e a sensação de dever cumprido aflora em meu peito, depois de um turbilhão de sensações, muitas vezes intensas, eis que chega o grande momento de apenas agradecer!

Agradeço primeiramente DEUS e Nossa Senhora Aparecida, sem eles e suas vontades eu não estaria nessa caminhada, mesmo com muitas pedras no caminho, muitos tombos e escorregões, me guiaram com fé e força até o meu objetivo final!

Agradeço em especial meus pais João Carlos e Maria Rosa que estiveram passo a passo nesse processo. Sem eles, nada disso teria acontecido e nem teria sentido, dividiram comigo duvidas, estresses, alegrias e emoções. Serei sempre grata pela educação e pelo amor que me proporcionam. São meus espelhos!

Agradeço também as minhas irmãs Camila e Samanta que estiveram sempre presentes, principalmente nos momentos que mais precisei.

Ao meu sobrinho João Matheus, que ilumina e dá sentido à minha vida, ele tão pequenino não imagina o quão importante é pra mim!

A minha namorada Gabrielle que apareceu para somar e adoçar minha vida, em um momento de alegria, de realizações e futuros planos de vida...

Ao Prof. Gorla pela oportunidade de me orientar no mestrado, de me abrir caminhos além de me oferecer ensinamentos ao longo desses anos, muito obrigada.

À Profª Paula Fernandes por muitas vezes me auxiliar e me amparar quando precisei, obrigada por tudo, você foi muito importante nessa caminhada.

Ao meus amigos mais que especiais Hélio e Carol, que sempre estiveram presentes, me auxiliando e vivendo esse sonho comigo! Levo vocês para a vida!

Aos amigos dos grupos de estudo GEPEN e LAFEA da FEF-UNICAMP, vocês fizeram os dias serem mais felizes e descomplicados.

A ANDE (Associação Nacional de Desporto para Deficientes) pela oportunidade de participar da semana de treinamento da Seleção Brasileira de Futebol de Sete Paralímpica, em especial aos meninos da seleção, comissão e amigos.

As minhas amigas (irmãs) que moraram comigo no pensionato da “Sun” em Barão Geraldo, obrigada pelas conversas, alegrias, sonhos e problemas compartilhados, acredito que crescemos com tudo isso. Em especial à Mirian, minha colega de quarto, foi ótimo ter você sempre presente!

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ANSIEDADE E DAS CONCENTRAÇÕES DE CORTISOL EM ATLETAS DA SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL DE SETE PARALÍMPICA. (78 p.). Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2017.

RESUMO

O presente estudo baseou-se nos conhecimentos da Fisiologia e da Psicologia para entender como o estresse e a ansiedade atuam após uma semana de treinamento da Seleção Brasileira de Futebol de Sete Paralímpico. O objetivo do estudo foi avaliar percepção de estresse e recuperação, ansiedade e concentrações de cortisol, em atletas da Seleção Brasileira de Futebol de Sete Paralímpico em uma semana de treinamento. Participaram desse estudo 16 jogadores da Seleção Brasileira de Futebol de Sete Paralímpico com idade média de 25,68 ± 6,16 anos todos do sexo masculino. A metodologia utilizada para a avaliação das variáveis psicológicas foi a aplicação dos questionários de estresse, recuperação e ansiedade (RESTQ-Sport, CSAI, SAS e ISSL) e para a avaliação da variável fisiológica foi coletado a saliva dos participantes antes de iniciarem a semana de treinamento e após a semana de treinamento. Esses questionários foram preenchidos pelos atletas antes de iniciarem a semana de treinamento e apenas o RESTQ-Sport foi aplicado pós semana de treinamento. Os resultados apontam para um aumento significativo na concentração do cortisol salivar pré (2,87 nmol/L±1,28) e pós (9,95 nmol/L±4,29) semana de treinamento. No REST-Q Sport os atletas apresentaram baixo estresse e alta recuperação nos dois diferentes momentos (pré e pós), com diferenças significativas para as variáveis estresse social e falta de energia (p<0,05). Não houve correlação entre as habilidades psicológicas e o cortisol. No Inventário de Sintomas de Stress para adultos (ISSL) os atletas não apresentaram sintomas significativos de estresse. No questionário Sport Anxiety Scale, (SAS) os atletas apresentaram níveis de traço de ansiedade baixos. No Competitive State Anxiety Inventory (CSAI-2) os atletas apresentaram ansiedade cognitiva e somática baixa e autoconfiança alta. Desta forma, os resultados demonstram que a demanda fisiológica e psicológica despendida pelos atletas foi suficientemente capaz de gerar significativa descarga hormonal. Os baixos escores de estresse e os altos escores de recuperação diagnosticados nas escalas do RESTQ-Sport, nas situações de treinamento, demonstram que os atletas estudados apresentaram adequada capacidade em lidar com as situações geradoras de estresse. No Inventário de Estresse ISSL os atletas não apresentaram sintomas estatisticamente significativos de estresse. Ao avaliar os sintomas de ansiedade, pelo questionário SAS observou-se que os atletas apresentaram baixas medidas do traço de ansiedade. Já para o questionário CSAI os atletas apresentaram ansiedade cognitiva e somática baixa e autoconfiança alta.

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AND MERGER OF CORTISOL IN ATHLETES OF BRAZILIAN SELECTION PARALYMPIC SEVEN FOOTBALL. (78 p.). Master Degree dissertation - Physical Education College. State University of Campinas, Campinas, 2017 .

ABSTRACT

This study was based on the knowledge of Physiology and Psychology to understand how stress and anxiety work after a week of training the Brazilian team of seven Paralympic Football. The aim of the study was to evaluate perception of stress and recovery, anxiety and cortisol concentrations in athletes of the Brazilian National Paralympic Seven Football in a week of training. Participated in this study, 16 players of the Brazilian team of seven Paralympic Football with an average age of 25.68 ± 6.16 years all male. The methodology used for the evaluation of the psychological variables was the application of the stress, recovery and anxiety questionnaires (RESTQ-Sport, CSAI, SAS and ISSL) and for the evaluation of the physiological variable the participants' saliva were collected before starting the week of Training and after the training week. These questionnaires were completed by the athletes before starting the training week and only RESTQ-Sport was applied after the training week. The results point to a significant increase in the concentration of salivary cortisol pre (2.87 nmol / L ± 1.28) and after (9.95 nmol / L ± 4.29) week of training. REST-Q Sport athletes had low stress and high recovery in the two different times (pre and post), with significant differences for the variables social stress and lack of energy (p <0.05). There was no correlation between psychological skills and cortisol. Inventory of Stress Symptoms for Adults (ISSL) athletes did not show significant symptoms of stress. In the questionnaire Sport Anxiety Scale (SAS) athletes showed trace levels of low anxiety. In the Competitive State Anxiety Inventory (CSAI-2) athletes showed cognitive anxiety and somatic low and high confidence. Thus, the results demonstrate that the physiological and psychological demand expended by the athletes was sufficiently generate significant hormonal discharge Able. THE low stress scores and the high scores Recovery diagnosed NAS scales do RESTQ-Sport, NAS Training Situations demonstrate that athletes studied had adequate ability to handle as stress-generating situations. In the stress inventory ISSL athletes do not show statistically significant symptoms of stress. When evaluating the symptoms of anxiety, hair Questionnaire SAS observed-that OS Athletes presented low Anxiety Trace measures. Already FOR THE Questionnaire CSAI Athletes showed cognitive and somatic anxiety and low self-confidence High.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. PC por Disfunção motora:Espástica, Discinética, Atáxica e Mista

Figura 2. PC por topografia dos prejuízos

Figura 3. Estresse como um produto tridimensional (NITSCH, 1981)

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Média de Concentração de Cortisol Pré e Pós Semana de Treinamento

Gráfico 2. Diferenças Concentração de Cortisol Pré e Pós

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Causas de paralisia cerebral

Tabela 2. Caracterização da amostra

Tabela 3. Concentração de cortisol salivar Pré e Pós

Tabela 4. Resultados obtidos no REST-Q Pré e Pós

Tabela 5. Comparação REST-Q Sport pré e pós

Tabela 6. Resultados Individuais obtidos no ISSL Pré

Tabela 7. Resultados obtidos no SAS Pré

Tabela 8. Resultados obtidos no CSAI Pré

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACTH - Hormônio Adrenocorticotrófico

ANDE – Associação Nacional de Desporto para Deficientes

CBG - Globulina Ligadora de Corticosteróide

CPB - Comitê Paralímpico Brasileiro

CSAI-2 - Competitive State Anxiety Inventory

GH - Hormônio do Crescimento

HHA - Hipotálamo-Hipófise-Adrenal

ISSL - Inventário de Sintomas de Stress para Adultos

NK - Natural Killer

PC - Paralisia Cerebral

PTH – Paratormônio

RESTQ-SPORT - Questionário de Estresse e Recuperação para Atletas

SAS – Sport Anxiety Scale

SNC – Sistema Nervoso Central

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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SUMÁRIO

1.0 NTRODUÇÃO...15

2.0 REVISÃO DE LITERATURA...19

FUTEBOL DE SETE PARALÍMPICO...20

2.1 A Modalidade...20 2.2 Paralisia Cerebral...22 VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS...25 2.3 Estresse...25 2.4 Recuperação...28 2.5 Ansiedade...29 VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS...32 2.6 Fisiologia do Estresse...32

2.7 Marcadores Fisiológicos do Estresse...33

2.8 Cortisol...34

3. METODOLOGIA...36

3.1 Caracterização da Pesquisa...37

3.2 Cuidados Éticos e Procedimentos...37

3.3 População e Amostra...38 3.4 Instrumentos...39 3.5 Análise Estatística...42 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...43 5. CONCLUSÕES...57 6. REFERÊNCIAS...60 7. ANEXOS...68

Anexo 1. Ficha de Identificação...69

Anexo 2. CSAI-2...70

Anexo 3. SAS ...72

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1.0 Introdução

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1. INTRODUÇÃO

Os conhecimentos da fisiologia e da psicologia são importantes para entender como o estresse e a ansiedade atua após uma semana de treino com atletas da Seleção Brasileira de Futebol de Sete Paralímpico.

O esporte paralímpico brasileiro vem apresentando um crescente avanço no cenário mundial. Diante desse panorama, evidencia-se a necessidade de aperfeiçoamento nas condições de treinamento e assistência para esses atletas, a fim de melhor auxilia-los em suas modalidades esportivas (SAMULSKI, 2002).

No esporte competitivo, constantemente estão presentes agentes estressores em atletas de diversas modalidades, cujas reações psicofisiológicas resultam em uma resposta específica. (SOARES e ALVES, 2006). Quando há aumento de estresse, seja de origem psicológica, física ou ambiental o sistema endócrino é recrutado, resultando maior liberação de cortisol auxiliando o organismo a controlar o estresse (WILMORE e COSTILL, 2003).

Atletas de alto nível, necessariamente, estão expostos a um grande número de estressores que induzem a diferentes respostas de desempenho em diferentes situações, que se diferenciam em momentos de treinamento e em momentos de competição. Portanto, compreender o processo do cortisol no metabolismo de um esportista é fundamental, uma vez que os atletas são submetidos a essas pressões com alta frequência (APISTZSCH, 1994).

Devido as grandes pressões provocadas pelo contexto do alto rendimento, constata-se em atletas danosas implicações, como a síndrome do excesso de treinamento em detrimento a incorreta condução de treinamento em termos de volume e/ou intensidade e/ou pausas de recuperação (HEDELIN, et al., 2000).

A aplicação das cargas de treinamento inadequadas pode levar à estagnação ou, até mesmo, à redução do rendimento físico. Desajustes na frequência, duração e intensidade podem causar danos graves ao atleta, reduzindo seu desempenho, gerando fadiga muscular e, em alguns casos, contribuindo para o para o desenvolvimento da síndrome do excesso de treinamento (overtraining). Esse fenômeno ocorre quando o indivíduo é submetido a longos períodos de cargas de treinamento muito elevadas sem recuperação adequada, causando alterações fisiológicas, bioquímicas, psicológicas e comportamentais (LEHMANN et al., 1993).

A recuperação, que ocorre a um determinado tempo, é um método complexo, contínuo e individual de vários níveis (fisiológico, psicológico, social, sociocultural e ambiental) com a finalidade de restabelecer a capacidade funcional do organismo. Esse

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processo está relacionado a situações condicionais (qualidade do sono, socialização, alimentação, etc.) e é dependente do tipo e da duração do evento estressante (KELLMANN e KALLUS, 2001).

O entendimento do estresse como um processo psicofisiológico é de fundamental importância, pois permite detectar as respostas estressoras seja através de questionários ou de métodos laboratoriais (REINHOLD, 2004). Assim, o diagnóstico das características psicológicas tem grande importância na atuação esportiva, e às ferramentas de avaliação psicológicas devem ser específicas.

Além da importância das características psicológicas, as características fisiológicas são excelentes marcadores para compreensão do organismo. O cortisol como o principal glicocorticoide liberado pelo córtex adrenal pelas glândulas suprarrenais está intimamente ligado ao sistema emocional, dessa maneira diante de uma situação estressora há alteração, logo tem sido considerado o hormônio do estresse, pois a sua produção e secreção aumentam durante e após a exposição a alguns fatores estressores (SOARES; ALVES, 2006; KELLER, 2006; KIM et al., 2009).

Desse modo, o cortisol salivar é uma importante medida de análise fisiológica para verificar e controlar indicadores de estresse e tem se constituído em uma alternativa para a subjetividade de emoções e sentimentos quando analisados apenas por meio de questionários e inventários (GREENBERG, 2002).

Portanto, variáveis psicológicas e fisiológicas quando somadas são importantes instrumentos de monitoramento de atletas, uma vez que uma acrescenta-se a outra, auxiliando o processo de prescrição da carga de treinamento, no intuito de, assim, evitarem-se os efeitos adversos do excesso de exercícios e possibilitando atingir o maior nível de adaptação possível (KELLMANN; GÜNTHER, 2000).

Este estudo procura dar respostas ao objetivo formulado e, simultaneamente fornecer consistência teórica ao quadro empírico que desenvolve. Assim, o delineamento da sua estrutura pretende discutir estes aspectos.

No primeiro capítulo, é feito uma breve introdução sobre a importância dos aspectos psicofisiológicos em atletas de alto nível, apresentados os temas bem como o objetivo do estudo.

No segundo capítulo, “Futebol de Sete”, são apresentados os temas de estudo, as características da paralisia cerebral e aspectos do Futebol de Sete Paralímpico.

No terceiro capítulo, “Variáveis Psicológicas”, fez-se uma abordagem em relação aos aspectos psicológicos: estresse, recuperação e ansiedade.

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No quarto capítulo, "Variáveis Fisiológicas", são apresentados características da fisiologia do estresse, marcadores fisiológicos do estresse e do cortisol.

No quinto capítulo, “Métodos”, são apresentados as questões que se prendem com as características da população estudada, a amostra envolvida, as medidas e os testes na coleta de dados são descritas detalhadamente, procurando alcançar o mais alto nível de qualidade das informações a serem analisadas.

No sexto capítulo, "Resultados e Discussão", são apresentados e analisados os resultados quanto aos aspectos concentração de cortisol salivar em relação a aspectos da psicologia: estresse e ansiedade. Num primeiro momento, são realizadas análises dos resultados do cortisol, na sequência são apresentados os resultados dos questionários: RESTQ-Sport, ISSL, SAS e do CSAI, com base nas informações obtidas na amostra analisada. E por último, a realização de uma correlação entre todas as variáveis do estudo (Cortisol, RESTQ-Sport, ISSL, SAS e CSAI).

Por fim, pretende-se que este estudo possa contribuir dentro das limitações de seu âmbito, com explicações psicológicas e fisiológicas sobre estresse e ansiedade em atletas com paralisia cerebral.

O objetivo geral foi o de avaliar a percepção de estresse e recuperação (psicológico e fisiológico) e da ansiedade, em atletas da Seleção Brasileira de Futebol de Sete Paralímpico em uma semana de treinamento.

Este estudo justifica-se pela necessidade de melhor compreender as respostas do organismo quando submetidos a uma semana de treinamento, permitindo interpretar possíveis respostas fisiológicas e psicológicas nesse período. Em vista disso, pode auxiliar profissionais envolvidos com o treinamento de Futebol de Sete Paralímpico a monitorar seus programas de treinamento, de maneira mais eficiente evitando, assim, os efeitos adversos do excesso de treinamento.

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2.0 Revisão de

Literatura

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FUTEBOL DE SETE PARALÍMPICO

2.1 A MODALIDADE

O Futebol de Sete Paralímpico, também chamado de Football 7-a-side, é um esporte praticado por pessoas com PC, e/ou com: sequelas de traumatismos crânio-encefálicos ou de acidentes vasculares cerebrais (CRUZ, 2012), comprometimentos no controle motor de natureza cerebral, causando uma permanente e verificável limitação, podendo apresentar hipertonia, ataxia e atetose (CPISRA, 2013).

Dispõe de algumas adaptações do futebol convencional: são 2 tempos de 30 minutos, o campo é menor, até 75mx50m, a baliza tem 5mx2m, a marca de pênalti fica situada a 9,20m, não possui impedimento, a cobrança do lateral pode ser feita com somente uma das mãos, desde que a bola toque o solo antes do contato com qualquer atleta, ou, se o atleta optar em fazê-lo do modo convencional do acordo com a regra (CRUZ, 2012).

No Brasil, o esporte é coordenado pela Associação Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE). São elegíveis para a modalidade apenas atletas classificados funcionalmente dentro da classe de 5 a 8, que não utilizem qualquer assessório para auxiliar no sua locomoção (CRUZ, 2012).

Durante o processo de classificação funcional, o atleta é avaliado, tanto física quanto tecnicamente a fim de que possa ser elegível em das quatro classes funcionais do Futebol de Sete Paralímpico, descritas abaixo (CPISRA, 2013):

 Classe Funcional 5: Atletas com Diplegia e/ou Diplegia Assimétrica e/ou Dupla Hemiplegia e/ou Distonia. Apresenta equilíbrio estático próximo do normal, porém com dificuldades no equilíbrio dinâmico, no qual a troca do centro de gravidade pode causar a perda do equilíbrio. Os membros superiores podem variar, apresentando limitações diversas (mínimas a moderadas) na amplitude de movimentos e/ou coordenação, contudo a força muscular está dentro dos limites normais.

 Classe Funcional 6: Atletas com Atetose e/ou Distonia e/ou Ataxia e/ou Paralisia Cerebral Mista e/ou Condições Neurológicas relacionadas. Apresenta envolvimento moderado nos quatro membros. A atetose ou a distonia ou a ataxia são os fatores mais tipicamente prevalentes. A marcha pode variar entre pobre, trabalhada e andar lento. Normalmente, o equilíbrio dinâmico apresenta-se

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melhor que o equilíbrio estático. Apresenta problemas com movimentos de potência muscular, paradas e viradas. Os membros superiores podem apresentar limitação apresentando pobre coordenação motora fina.

 Classe Funcional 7: Atletas com Hemiplegia. Apresenta dificuldade em um lado do corpo, sendo o outro lado normal. O membro inferior comprometido pode apresentar um andar “manco”, devido à espasticidade do membro inferior. Na corrida, pode apresentar piora, pela dificuldade. O braço e a perna sofrem restrições apenas no lado comprometido.

 Classe Funcional 8: Atletas com Diplegia e/ou Diplegia Assimétrica e/ou Dupla Hemiplegia e/ou Monoplegia e/ou Atesose e/ou Distonia e/ou Ataxia. Apresenta grau de envolvimento mínimo. O atleta pode apresentar função próxima do normal. Neste tipo de atleta, a percepção do déficit neurológico se torna-se difícil, necessitando uma análise mais detalhada do médico, a fim de se observar alterações funcionais em função deste déficit.

Os jogadores são distribuídos nestas classes (5 a 8), de acordo com o grau de comprometimento físico. Quanto maior a classe, menor o comprometimento do atleta. Durante a partida, a equipe deve ter em campo no máximo dois atletas da classe 8 (menos comprometidos) e, no mínimo, um da classe 5 ou 6 (mais comprometidos) (Comitê Paralímpico Brasileiro, 2015).

O Futebol de Sete faz parte do programa paralímpico desde a edição de 1984, foi criado em Edimburgo (Escócia), na terceira edição dos Jogos Internacionais para Paralisados Cerebrais, em 1978 (Brasil, 2016). O Brasil foi medalhista de bronze em Sydney-2000, prata em Atenas-2004 e recentemente bronze-2016 Brasil (ANDE, 2016).

Atualmente, a Seleção Brasileira de Futebol de Sete é a terceira potência da modalidade. O Futebol de Sete Paralímpico vem progredindo no país com a construção de centros de treinamento, projetos de detecção de talentos e investimento na formação de equipes e atletas (IFCPF, 2015).

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2.2 PARALISIA CEREBRAL

A expressão Paralisia Cerebral (PC), desde 1959, era definida como uma sequela encefálica, predominante por um transtorno persistente, não invariável, não evolutiva, de tônus, da postura e do movimento, que ocorre na primeira infância. A partir dessa data, a PC passou a ser conceituada como encefalopatia crônica não evolutiva na infância que apresenta predominantemente sintomatologia motora (ROBERTSON et al., 1994; DIAMENT, 1996; ROTTA, 2001).

A PC representa um conjunto de desordens no desenvolvimento motor e postural, atribuídos à distúrbios não progressivos que ocorrem no cérebro em desenvolvimento. As desordens motoras da PC são geralmente acompanhadas por alterações na sensação, na percepção, na cognição, na comunicação e no comportamento (ROSENBAUM et al., 2007).

O conceito mais utilizado pelos pesquisadores caracteriza a PC como um transtorno estável e permanente, do movimento e da postura, devido à má-formação ou lesão não progressiva do cérebro na infância (LEITE; PRADO, 2004).

A PC exerce grande influência nas áreas de desenvolvimento motor e consequentemente afeta a postura, essas ocorrências sugerem trabalhos específicos na reabilitação e ou recuperação desses indivíduos.

Há distintas proporções do comprometimento do SNC nos casos de PC, decorrentes de fatores endógenos (potencial genético) e exógenos quando o tipo de comportamento cerebral incide sobre o SNC em desenvolvimento, distinguindo nos períodos: pré-natal, perinatal e pós-natal (BRANN; DYKES, 1977; TORFS, 1990).

Existem várias causas que podem contribuir para o desenvolvimento da PC, sendo que a tabela 1 apresenta algumas das principais: pré, peri e pós natais.

Tabela 1 - Causas de paralisia cerebral 1 - Causas pré natais:

Diminuição da pressão de oxigênio, diminuição da concentração de hemoglobina, diminuição da superfície placentária, tumores uterinos, nó de cordão, cordão curto ou com malformações.

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Fatores maternos: Idade da mãe, desproporção céfalo-pélvica, anomalias da placenta, anomalias do cordão, anomalias da contração uterina, narcose e anestesia;

Fatores fetais: Primogenidade, prematuridade, dismaturidade, gemelaridade, malformações fetais, macrossomia fetal;

Fatores de parto: Parto instrumental, anomalias de posição, duração do trabalho de parto.

3 - Causas pós natais:

Anóxia anêmica, anóxia por estase, anóxia anoxêmica, anóxia histotóxica.

Fonte: (ROTTA, 2002).

A classificação da PC se dá por dois critérios: tipo de disfunção motora, (fig. 1), que inclui os tipos (1º) extrapiramidal ou discinético (atetóide, coréico e distônico), (2º) atáxico, (3º) espástico e misto; e pela topografia dos prejuízos (fig. 2), ou seja, tetraplegia, monoplegia, paraplegia e hemiplegia. A forma mais encontrada na PC é a espástica com 88% da frequência dos casos (YOUNG, 1994; GONZÁLEZ; SEPÚLVEDA, 2002).

A PC discinética caracteriza-se por movimentos atípicos quando o indivíduo faz algum tipo de movimento voluntário; engloba distonia (tônus muscular variável) e a coreoatetose (tônus instável com movimentos involuntários) (ROSENBAUM et al., 2007).

A PC atáxica caracteriza-se por um distúrbio de coordenação devido a desarmonia dos movimentos, geralmente apresentando uma marcha com aumento da base de sustentação e tremor intencional, ocasionada por uma disfunção do cerebelo (ROSENBAUM et al., 2007).

A PC espástica caracteriza-se pela presença de tônus elevado (aumento dos reflexos miotáticos, clônus, reflexo cutâneo plantar em extensão – sinal de Babinski) e é ocasionada por uma lesão no sistema piramidal (SCHOLTES et al., 2006).

Outros tipos de classificação estão associadas as classificações medicas e a distribuição anatômica, para melhor identificação do nível de comprometimento motor (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).

Dessa maneira, a PC compromete a execução de tarefas motoras, bem como a capacidade de movimentos harmônicos. Assim, o indivíduo com PC tem dificuldades para caminhar, correr, saltar entre outros, e para que ocorra igualdade em algumas modalidades é necessário a classificação funcional de cada sujeito, prevenindo disparidades.

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http://fisioterapiajoaomaia.blogspot.com.br/2012/09/paralisia-cerebral-nao-existe-uma.html Figura 1. PC por Disfunção motora:Espástica, Discinética, Atáxica e Mista

Cerebral Palsy League (www.cpl.org.au) Figura 2. PC por topografia dos prejuízos

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VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS

2.3 ESTRESSE

A palavra stress foi utilizada pela primeira vez pelo endocrinologista Hans Selye em 1936, para designar um conjunto de sintomas comuns que apresentavam doenças não específicas e o nomeou como “síndrome de adaptação geral” ou “síndrome do simplesmente estar doente” (LIPP, 2001).

Segundo a definição de Selye (1936), o estresse é uma reação do organismo que ocorre frente a acontecimentos que exijam dele adaptações além do seu limite.

Os autores brasileiros Moreira e Mello (1992) discutem a importância do estado emocional dos pacientes na evolução de doenças infecciosas e neoplásicas. E definem estresse como: "Um conjunto de reações e estímulos que causam distúrbios no equilíbrio do organismo, frequentemente com efeitos danosos" (MOREIRA e MELLO, 1992, p.121).

Dessa forma, a expressão estresse foi inserida para denominar um agrupamento de respostas não específicas do organismo a episódios que desestabilizam seu equilíbrio. Sendo assim, o organismo tende a responder independentemente da origem do estímulo (FRANÇA e RODRIGUES, 1997; LIPP, 1996).

Para Capra (1997), a palavra estresse indica uma desarmonia do organismo em reação a influências ambientais. Em quantidades moderadas e em períodos de curta duração, o estresse é um fator indispensável à vida. Todavia quando prolongado, pode ser danoso, contribuindo para o desenvolvimento de doenças e até a morte.

Por um lado há organismos que incitam seus sistemas de estresse instantaneamente, e retornam ao estado inicial. Por outro lado, há organismos que, em situações semelhantes reagem mais lentamente, facilitando a predisposição a doenças (DE KLOET, 2003).

Os agentes estressores podem ser decorrentes de fontes situacionais – pela importância que se dá a um certo evento – e de fontes pessoais, quando as pessoas percebem diferentemente a importância (WEINBERG; GOULD, 1995).

O estresse nas instituições surge no momento em que as exigências situacionais findam os recursos, desejos ou capacidades dos indivíduos. Este fato ocorre por dois motivos: as exigências do contexto muitas vezes excedem os recursos dos indivíduos, ou os indivíduos interpretam as exigências como um excesso aos seus próprios recursos. Por consequência desses dois fatos, o organismo provocado desencadeia respostas físicas e emocionais negativas

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que, se forem prolongadas, tendem a resultar em doenças físicas e emocionais (fadiga, burnout e depressão) (BUUNK et al., 1998).

Na figura 3 (NITSCH, 1981), constata-se que os aspectos psíquicos, sociais e biológicos estão conectados de um determinado modo. Processos biológicos por sua vez, são influenciados por aspectos psíquicos e sociais. Finalmente, o sistema social também é influenciado pelos sistemas biológico e psíquico. E todas essas interações estão relacionadas com o surgimento e gerenciamento do estresse.

No momento em que se prediz uma competição, a vulnerabilidade do atleta fica exposta por ser a ocasião no qual o mesmo tenta demonstrar suas capacidades e habilidades, bem como suas deficiências e comparar seu desempenho com algum padrão. A competição além desse momento de euforia é um processo que envolve inúmeros aspectos que interagem para proporcionar aos atletas as melhores condições de atuar. Esses aspectos estabelecem uma relação entre o indivíduo (atleta) e os diferentes fatores que fazem parte do meio ambiente competitivo (local, adversários, árbitros, técnicos, torcida, preparação, clima, etc.). Tanto sob o ponto de vista da preparação nos treinamentos, quanto sob o ponto de vista do processo de competição, sendo a competição uma notável causadora de estresse em atletas (DE ROSE JR, 2002).

No esporte, devido às pressões características da competição de alto nível, pressões externas (vida social, amorosa, familiar...), busca incessante de marcas melhores, de índices a serem alcançados além de se apresentarem sempre da melhor forma atlética possível, os atletas acabam chegando muitas vezes à exaustão, precipitando assim o surgimento e a evolução do estresse (COSTA; SAMULSKI, 2005).

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Sendo assim, até certo ponto, o estresse é importante para a manutenção e o aperfeiçoamento da capacidade funcional, da autoproteção e do conhecimento dos próprios limites (SAMULSKI et al., 2009). O estresse pode gerar níveis de ativação no indivíduo proporcionando adaptação a novas situações, induzindo a liberação de hormônios, que aumentam a disponibilidade de substratos energéticos para os músculos (GUYTON; HALL, 1998).

Atualmente, um dos instrumentos mais utilizados no Brasil é o desenvolvido e validado por Lipp (1994) Inventário de Sintomas de Stress para adultos (ISSL), que identifica o tipo de sintoma (físico e/ou psicológico) que a pessoa apresenta e a fase em que ela se encontra (alerta, resistência ou exaustão) (LIPP, 1994).

A aplicação do ISSL, segundo o seu manual (Lipp, 2000), pode ser executada por pessoas que não tenham treinamento em psicologia, porém sua correção e interpretação devem sempre ser realizadas por um psicólogo, de acordo com as diretrizes do Conselho Federal de Psicologia quanto ao uso de testes. O ISSL apresenta um modelo quadrifásico do estresse (alerta, resistência, quase exaustão e exaustão), baseado, inicialmente, no modelo trifásico de Selye (alerta, resistência e exaustão) (LIPP, 2000).

As fases do ISSL revelam em qual estágio o indivíduo se apresenta em relação ao estresse, a fase de alerta é considerada a fase positiva do estresse. Na fase de resistência o indivíduo tenta lidar com os agentes estressores de forma a manter o equilíbrio interno. Na fase de quase-exaustão os agentes estressores ocorrem com maior frequência/intensidade, se inicia o processo de adoecimento e depressão. Na fase de Exaustão ocorrem a predominância de doenças graves e forte depressão (LIPP, 2001).

Nesse contexto, faz-se necessárioo entendimento e identificação das particularidades do estresse utilizando instrumentos específicos para a avaliação do mesmo, a fim de contribuir para o monitoramento antes, durante e depois período de treinamento, com o propósito de evitar o decréscimo dos atletas.

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2.4 RECUPERAÇÃO FÍSICA E PSICOLÓGICA

Compreender e administrar a frequência e o tempo de uma sessão de treinamento além do tempo de recuperação, é um obstáculo aos profissionais ligados ao esporte de alto rendimento, já que o número de competições e exigências em buscas de melhores índices só tendem a aumentar. Logo, adaptações no treinamento tornam-se frequentes e indispensáveis, relacionando características físicas e psicológicas durante todas as fases de treinamento e de competições, para assim facilitar a identificação da necessidade de ajustes no treinamento bem como evitar desgastes gerais em atletas (KELLMANN e KALLUS, 2001, ALVES, 2005; BOMPA 2005).

Diversos autores têm sugerido métodos e técnicas para a recuperação física e psicológica de treinos e de jogos (KELLMANN e KALLUS, 2001, ALVES, 2005; BOMPA 2005). A utilização apropriada das técnicas de recuperação acelera a regeneração e a restauração da homeostase corporal, o que diminui o nível de fadiga e a frequência de lesões (GREIG e JOHNSON, 2007; MORASKA, 2007).

A importância de estudos para a detecção precoce da síndrome de excesso de treinamento e o monitoramento do treinamento tornam-se indispensáveis para evitar a exaustão do atleta. Alguns estudos estão analisando indicadores fisiológicos como o cortisol para constatar o aumento da carga de treinamento (ZOPPI et al., 2003).

Os métodos aplicados nos esportes durante os treinamentos por meio de indicadores psicológicos são mais sensíveis e consistentes do que os indicadores fisiológicos. Além da vantagem de uma avaliação mais rápida, o resultado gerado pode ser instantaneamente transferido ao atleta e à comissão técnica alertando sobre eventuais distúrbios causados advindos da prática esportiva (KELLMANN e KALLUS, 2001).

As cargas de treinamento físico têm aumentado substancialmente nos últimos anos na busca de melhores desempenhos de atletas de competição nas mais diversas modalidades esportivas. As cargas de treinamento aumentaram em torno de 20% na última década. Baseado nessas informações espera-se que além de melhores resultados, aumente-se também os índices de saturação física e mental e overtraining (MEEHAN et al, 2004).

Há uma inter-relação, proposta por Kellmann, que quanto maior é o estado de estresse, torna-se necessário aumentar as atividades de recuperação. Logo as atividades de

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recuperação compensarão os aumentos nos estados de estresse levando o indivíduo a melhores níveis de desempenho (KELLMANN, 1991).

Para este fator, foi desenvolvido o RESTQ-Sport Questionário de Estresse e recuperação para Atletas (KELLMANN e KALLUS, 2000; 2001), que avalia simultaneamente estresse e recuperação, constituído de 19 escalas e 4 sub-escalas que avaliam o Estresse Geral, a Recuperação Geral, o Estresse Esportivo e a Recuperação Esportiva.

Dessa forma, o estado de recuperação pode ser analisado por indicadores fisiológicos como o cortisol ou indicadores psicológicos como o RESTQ-Sport questionário de estresse e recuperação para atletas, que avalia simultaneamente estresse e recuperação em atletas.

2.5 ANSIEDADE

Em meados de 1970, a ansiedade era definida como traço de personalidade relativamente estável que exercia influência no comportamento das pessoas e em relação ao desempenho esportivo, os níveis de ansiedade se comportavam na forma de um U–invertido, ou seja, o aumento do nível da ansiedade facilitaria o desempenho motor até certo ponto, seguido por um baixo rendimento, caso este nível continuasse a aumentar (JONES, 1995; YERKES e DODSON, 1908).

Contudo, para Spielberger (1972), a ansiedade é uma condição psicológica, constituída por condições fenomenológicas e fisiológicas que se apresenta de duas formas: ansiedade estado e traço. A ansiedade estado está relacionada ao estado emocional transitório, sentimentos de tensão e apreensão, aumento de atividade do sistema nervoso autônomo (SNA), gerando reações psicofisológicas. A ansiedade traço está relacionado à personalidade da pessoa e refere-se às diferenças de reação diante das situações percebidas como ameaçadoras com aumento do estado de ansiedade.

Segundo Viscott (1982):

A ansiedade varia da tênue apreensão que alguém sente ao testar a temperatura da água antes de nadar, até o pânico desorganizador de uma pessoa incapaz de controlar suas funções corporais. Entre estes dois extremos, estão os sentimentos de estar amedrontado, assustado, nervoso, afobado, preocupado, inquieto, desamparado, inseguro, com dificuldades financeiras, com os pés frios, com tremedeira – todas as graduações do sentimento de incerteza quanto à segurança pessoal (1982, p. 47).

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O termo ansiedade remete a um estado emocional em que ocorre uma apreensão, uma preocupação debilitante, durante um determinado período, provocando um amedrontamento total no indivíduo, acarretado pela expectativa de alguma coisa, acontecimento ou desafio existente (COX, 1998; DE ROSE JR, VASCONCELLOS, 1997; MARQUES, 2000; MORAES, 1990).

No contexto competitivo, a ansiedade e o estresse constituem assuntos emergentes e preocupantes para todos que, direta ou indiretamente, encontram-se inseridos no esporte de alto nível, desta forma esses domínios são muito abordados pela Psicologia do Esporte (CRUZ, 1996; SCANLAN, 1984).

Nas circunstâncias da prática esportiva de competição, a ansiedade pode se manifestar de duas formas: cognitiva e somática. A ansiedade cognitiva consiste em pensamentos negativos, incapacidade de concentração e falta de atenção, são sintomas cognitivos a apreensão e inquietação psíquica, hipervigilância e outros sintomas relacionados com a vigilância (distração, perda de concentração, insónias). Já a ansiedade somática é uma percepção das manifestações físicas da ativação, caracteriza-se por tremuras, hipertonia muscular, inquietação, hiperventilação, sudações e palpitações. A ansiedade somática tende a aumentar rapidamente quanto a competição se aproxima, enquanto que a ansiedade cognitiva é mais gradual (GOMES, 2001; DAVIDSON et al., 1979).

Para Cruz (1996), a ansiedade no rendimento desportivo apresenta-se como um processo circunstancial de diversas variáveis, de naturezas interdependentes no contexto esportivo. A ansiedade no esporte é vivenciada nos momentos tanto de aprendizagem (treinos de preparação para uma competição importante), como nos momentos de competições e também nas diversas situações de avaliação que ocorrem ao longo de um ciclo de realização.

A percepção do atleta é que determinará a resposta para qualquer tipo de ameaça. Para alguns atletas, compreender a ansiedade como facilitadora pode ser um fator de vantagem no desempenho; enquanto, compreendê-la como fator debilitante pode acarretar um prejuízo no desempenho. Assim, o autocontrole da ansiedade dos atletas em determinadas situações contribui para o sucesso no desempenho em competições (WEINBERG; GOULD, 2001).

As implicações da ansiedade, segundo Frischnecht (1990), estabelecem consequências ao organismo como: aumento da frequência cardíaca, do consumo de oxigênio, da pressão arterial e da frequência respiratória. Além disso, podem ocorrer náuseas, delírios, secura de boca, sensação de fadiga ou fraqueza, bocejo frequente, tremores, ações nervosas, sudorese profunda, micção frequente, fezes soltas, dificuldade em adormecer e aumento de

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tensão muscular. Portanto em decorrência do esforço tanto do campo psicológico quanto do físico, temos, como resultado, uma limitação do campo perceptual e dos focos atencionais.

Consequentemente, a ansiedade em níveis elevados pode acarretar déficit no desempenho e na concentração, devido ao dispêndio de energia inadequado, onde a tensão muscular desnecessária prejudica a coordenação e a concentração, estreitando assim a capacidade de analisar todo o contexto do jogo (WEINBERG; GOULD, 2001).

Em 1990, Martens, Vealey e Burton desenvolveram o Competitive State Anxiety Inventory (CSAI-2), sendo um dos principais instrumentos de avaliação da ansiedade estado no contexto desportivo. Esse instrumento originou-se de uma perspectiva teórica sobre a ansiedade competitiva conhecida como a Teoria Multidimensional da Ansiedade Competitiva. Essa teoria integra duas dimensões da ansiedade competitiva: a ansiedade cognitiva e a ansiedade somática, já descritas anteriormente.

Outra escala muito utilizada para avaliar a ansiedade, é a desenvolvida por Smith, Smoll e Schultz (1990) Sport Anxiety Scale (SAS) instrumento multidimensional que mensura o traço de ansiedade competitiva, que identifica a ansiedade somática, pensamentos experimentados e nível de perturbação da concentração.

Portanto, a ansiedade como uma variável psicológica, pode ser um fator debilitante e comprometer o rendimento de atletas nos momentos de maior importância na carreira, ou ser um fator de vantagem facilitando o desempenho.

Dessa forma, quanto mais precoce for o diagnóstico mais rápido será identificado o tipo de ansiedade no atleta e se ajuda ou piora no seu rendimento, possibilitando assim, melhor monitoramento com acompanhamento psicológico específico.

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VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS

2.6 FISIOLOGIA DO ESTRESSE

O hipotálamo estabelece uma estrutura fundamental do SNC responsável por regular as funções básicas à manutenção do organismo, induzindo respostas frente a alterações, tanto do meio externo como do meio interno, permitindo do organismo se adaptar para manter a homeostase (ALMEIDA, 2003; KRONENBERG et al, 2010).

O Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HHA) é o componente humoral de um sistema neural e endócrino integrado, cuja função responde desafios internos e externos à homeostase, que podem ser denominados de estressores. Este sistema compreende as vias neuronais ligadas à liberação de catecolaminas da medula suprarrenal, à resposta de luta ou fuga, e é vitalmente importante na resposta comportamental ao estresse (KRONENBERG et al, 2010).

O estresse ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (a hipófise anterior libera o hormônio ACTH, que induz a liberação de cortisol pelo córtex das glândulas adrenais) (Figura 4).

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Estressores fisiológicos ou psicológicos significativos provocam uma resposta adaptativa após ativação dos seguintes eixos (KRONENBERG et al, 2010; EVERLY; LATING, 2002):

 Eixo Neural: atua com estímulo do hipotálamo, sendo um dos mecanismos de ativação do estresse, ativando o Sistema Nervoso Autônomo, a medula espinhal até atingir o órgão-alvo.

 Eixo Endócrino: estimula a hipófise a partir de estímulos do hipotálamo, podendo secretar diversos hormônios como os hormônios adrenocorticotróficos. É ativado após estímulos prolongados de estresse, desencadeando a reação de luta e de fuga estimulando a medula adrenal a produzir as catecolaminas adrenalina e noradrenalina. Com a liberação das catecolaminas os efeitos encontrados são: aumento da frequência cardíaca e respiratória, pressão arterial, força de contração muscular e atividade músculo-esquelética (GUYTON; HALL, 2011).

Existe estreita relação entre o sistema nervoso neural e o sistema endócrino, considerando a atuação do hipotálamo como órgão comum entre ambos. O hipotálamo exerce controle sobre a função de várias glândulas endócrinas, destacando as glândulas adrenais, que são responsáveis pela produção e liberação do hormônio cortisol, sendo ele desencadeado pelo estresse (AIRES, 2008).

2.7 MARCADORES FISIOLÓGICOS DO ESTRESSE

O cortisol é um valioso marcador fisiológico do estresse, sua concentração está presente na urina, no sangue e na saliva e se processa através de estímulos estressantes que desencadeiam no organismo um tipo de reação ou resposta que pode ser caracterizada pelo aumento dessa concentração plasmática de cortisol, a mensuração desse índice compreende o nível de estresse físico ou psicológico existente no organismo (KIRSCHBAUM et al., 1995; BIONDI e PICARDI, 1999).

A coleta de concentração plasmática de cortisol como marcador biológico de estresse, se dá pela saliva, sangue e urina. No entanto, a coleta salivar apresenta algumas vantagens, pois não é um método invasivo, não causa estresse e a coleta das amostras pode ser feita pela própria pessoa, em qualquer lugar. Por ser inócua e indolor, favorece a colaboração

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de voluntários e permite a coleta de material em diversas situações da vida diária. A concentração salivar de cortisol é diretamente proporcional à concentração da fração livre, biologicamente ativa, refletindo cerca de 5 a 10% da concentração do hormônio no plasma (VINING & MCGINLEY, 1987).

Neste contexto, devido ao uso de medicamentos, gravidez ou alterações congênitas as medidas da concentração total de cortisol no plasma podem ser enganosas quando existem variações de Globulina Ligadora de Corticosteróide (CBG). Assim, o cortisol salivar acaba sendo o menos afetado por alterações da CBG, uma vez que representa o componente livre do cortisol do plasma e permanece estável na saliva por vários dias e, por isso, tem sido usado com grande confiabilidade nas investigações do estresse (BAUER et al., 2000; WUST et al., 2000).

2.8 CORTISOL

Independentemente do nível, da idade e da experiência, a todo o momento na vida de um atleta ocorre estresse competitivo, e é um dos principais aspectos relevantes do desempenho esportivo. Entretanto, a resposta em que cada atleta se revela aos fatores estressores se difere entre eles, em função da maneira de assimilar as situações de enfrentamento. As respostas aos estressores compreendem aspectos cognitivos, comportamentais e fisiológicos, com intenção de melhor reagir às demandas do organismo, com o processamento mais rápido da informação disponível em qualquer circunstância, possibilitando alcançar soluções e condutas adequadas de forma eficiente e não dispendiosa (LABRADOR; CRESPO, 1994). Logo, a compreensão do estresse como um processo psicofisiológico do organismo é de grande relevância, pois permite diagnosticar as respostas desencadeadas pela maneira como os estímulos são processados (REINHOLD, 2004).

As respostas hormonais ao estresse compreendem aumento na secreção de GH (hormônio do crescimento), ativação de células do sistema imunológico como monócitos, neutrófilos, linfócitos e células NK (Natural Killer), aumento de interleucinas, aumento na secreção de TSH (hormônio estimulador da tireoide), aumento na secreção de PTH (paratormônio), aumento da vasopressina e do fator liberador de corticotrofina (BORER, 2003).

O cortisol, como o principal glicocorticoide liberado pelo córtex adrenal diante de uma situação estressora, tem sido considerado o hormônio do estresse, pois a sua produção e secreção aumentam durante e após a exposição a alguns fatores estressores (SOARES; ALVES, 2006; KELLER, 2006; KIM et al., 2009). Destarte, a presença deste hormônio, avaliada por

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meio do plasma sanguíneo, urina ou saliva, em situações competitivas pode ser um dos indicadores do estresse nesse contexto.

O cortisol também possui ação metabólica em vários tecidos alvo (muscular, ósseo e conjuntivo). O efeito metabólico mais bem conhecido do cortisol é a sua capacidade de estimular a glicogênese no fígado. Este fato resulta de dois efeitos distintos deste hormônio, o primeiro consiste no aumento das enzimas hepáticas necessárias à glicogênese, o segundo consiste na mobilização dos aminoácidos de tecidos extra-hepáticos aumentando, consequentemente, a sua concentração no plasma e tornando-os disponíveis para o processo glicolítico do fígado. Além deste efeito, o cortisol causa também uma diminuição da taxa de utilização da glicose pelas células, e uma diminuição das reservas de proteínas em quase todas as células, exceto as hepáticas. Outro efeito importante do cortisol consiste no seu efeito anti-inflamatório, reduzindo todos os aspectos do processo inflamatório como: estabilizar as membranas lisossômicas; diminuir a permeabilidade dos capilares e consequentemente evitar a perda de plasma para dentro de outros tecidos; diminuir a migração de leucócitos para dentro da área inflamada; ou baixar a febre. O cortisol, assim como bloqueia a resposta inflamatória, também tem um efeito positivo sobre as alergias, já que muitos dos efeitos graves destas se devem à resposta inflamatória (GUYTON e HALL, 1997).

A produção de cortisol tem um ritmo de produção dependente ritmo circadiano com níveis de pico pela manhã e a noite. O ritmo circadiano da secreção de ACTH/cortisol se estabelece gradualmente durante o início da infância, e está separado em vários processos físicos e psicológicos (KREIGER, 1975). Além disto, aumentos de ACTH e cortisol podem acontecer independentemente do ritmo circadiano em resposta a estresse físico e psicológico (CHERNOW et al., 1987).

O valores de referência em adultos não atletas podem variar de 2,8 a 273nmol/L (CASTRO e ALVES, 2003).

Neste sentido, o cortisol salivar é uma importante medida de análise para verificar e controlar indicadores de estresse em atletas. Além de constituir-se uma medida eficaz, acessível, rápida e não invasiva tem se constituído em uma alternativa para a subjetividade de emoções e sentimentos analisados por meio de questionários e inventários, mesmo quando esses instrumentos são rigorosamente validados (SOARES; ALVES, 2006).

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3 METODOLOGIA

3.1 Caracterização da Pesquisa

Esse estudo se caracteriza como pesquisa descritiva quantitativa e apresenta um delineamento transversal.

3.2 Cuidados Éticos e Procedimentos

O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, sob o número CAAE: 30986514.0.0000.5404 por emenda aprovada com número de parecer: 2.007.101; e todos os participantes foram informados sobre o objetivo da pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido - TCLE. A pesquisa foi realizada no Centro de Treinamento em Guaratiba – RJ, local em que os atletas estavam realizando as atividades (1 semana de treinamento: segunda-feira à sexta-feira) e as concentrações de cortisol salivar foram analisadas no Laboratório Thomson de Espectrometria de Massas do Instituto de Química (IQ) da Unicamp.

Foi explicado aos atletas que os mesmos poderiam, sem constrangimento, deixar de participar da pesquisa quando desejado. Foram tomadas todas as precauções necessárias para preservar a privacidade, a saúde e o bem estar dos voluntários.

Para a avaliação das variáveis psicológicas foram aplicados questionários de estresse, recuperação e ansiedade (RESTQ-Sport, CSAI, SAS e ISSL), estes questionários foram preenchidos pelos atletas antes de iniciarem a semana de treinamento e apenas o RESTQ-Sport foi aplicado também pós semana de treinamento.

Para a avaliação da variável fisiológica, foi coletada a saliva dos participantes antes de iniciarem a semana de treinamento e após a semana de treinamento. A coleta salivar ocorreu em dois momentos e foi realizada da seguinte forma: foi inserido na cavidade bucal dos voluntários um canudo descartável para facilitar a coleta salivar a ser transferida para o tubo Eppendorf de 1,5ml. As salivas foram armazenadas em biorrepositórios, pois as amostras foram utilizadas somente nessa determinada pesquisa.

Estes questionários foram preenchidos pelos atletas em salas de reunião, onde foi possível manter níveis de privacidade e tranquilidade para que os atletas não sentissem nenhum tipo de constrangimento ou incômodo. Foi informado aos atletas que os técnicos não teriam

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acesso aos resultados do questionário ao longo da temporada. Os testes foram avaliados por uma psicóloga credenciada no Conselho Regional de Psicologia.

3.3 População e Amostra

A coleta de dados foi realizada no Centro de Treinamento em Guaratiba - RJ, onde acontecem os treinos. Houve a primeira coleta (saliva e questionários) no início da semana de treinamento e no final da semana de treinamento houve o segundo momento de coleta (saliva e REST-Q Sport). A amostra foi composta por 16 atletas adultos do sexo masculino integrantes da Seleção Brasileira de Futebol de Sete que participavam de uma fase de treinamento.

A Tabela 2 mostra a caracterização da amostra estudada em valores numéricos de frequência.

Tabela 2. Caracterização da amostra

Sujeito Idade (anos) Estatura(m) Peso (Kg) T. Prática (meses) CF

1 18 1,72 70 12 7 2 26 1,71 77 18 5 3 27 1,69 62 96 8 4 37 1,67 76 132 5 5 24 1,77 65 36 6 6 19 1,79 70 12 7 7 24 1,6 62 42 7 8 27 1,67 63 72 7 9 19 1,79 69 24 7 10 22 1,77 70 72 7 11 31 1,79 85 36 7 12 36 1,8 79 228 7 13 22 1,79 70 24 7 14 24 1,8 76,6 12 7 15 20 1,83 72 12 8 16 35 1,75 73,5 42 7 Média 25,69 1,75 67,76 54,38 DP 6,16 0,06 17,52 57,65

Legenda: Dp: Desvio padrão; CF: Classe funcional

A análise descritiva das variáveis numéricas, conforme a Tabela 2 mostra que, os indivíduos da amostra apresentaram valores médios para idade de 25,69±6,16 (anos), para estatura 1,75±0,06 (metros), para o peso de 67,76±17,52 (quilos) e para Tempo de prática de 54,38±57,65 (meses).

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3.4 Instrumentos

Ficha de Identificação

Contendo dados dos participantes e algumas informações relevantes, facilitando a análise (ANEXO 1).

Procedimento de coleta e análise das variáveis psicológicas

CSAI (Competitive State Anxiety Inventory), questionário utilizado para estudo da ansiedade competitiva, traduzido e validado para português por Raposo (2004). O questionário é composto por 27 questões, são divididas em 3 sub escalas (ansiedade cognitiva, ansiedade somática e auto-confiança), da seguinte forma: os itens 1, 4, 7, 10, 13, 16, 19, 22 e 25 pertencem ao fator ansiedade cognitiva; 2, 5, 8, 11, 14 (item invertido), 17, 20, 23 e 26 à ansiedade somática; e, 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24 e 27 à autoconfiança, nas quais o sujeito opta por quatro graus correspondente ao seu estado momentâneo: 1 = nada, 2 =alguma coisa, 3 = moderado e 4 = muito, de acordo com a pergunta. A pontuação das sub escalas é obtida pela somatória das respostas, com pontuação variando de 9 a 36. Para propósitos de interpretação, os dados da ansiedade cognitiva, somática e autoconfiança são categorizados em baixa (de 9 a 18 pontos), média de (19 a 27 pontos) e alta de (28 a 36 pontos) (ANEXO 2).

SAS (Sport Anxiety Scale), é um instrumento multidimensional de medida do traço de ansiedade competitiva, constituído por 3 subescalas que medem a ansiedade somática (1,4,8,11,12,15,17,19,21), os pensamentos experimentados (3,5,9,10,13,16,18) e o nível de perturbação da concentração (2,6,7,14,20), em competição. A escala é do tipo Lickert, de 4 pontos (1= Quase nunca; 2= Algumas vezes; 3= Muitas vezes; 4= Quase sempre), indicando o nível de ansiedade que geralmente sentiam antes ou durante a competição. O resultado de cada uma das três sub -escalas é obtido através do somatório dos respectivos itens, podendo desta forma variar entre 0 e 36, no caso da ansiedade somática, de 0 a 28, relativamente à frequência de pensamentos experimentados e de 0 a 20 ao nível de perturbação da concentração, podendo desta forma o traço de ansiedade competitiva variar entre 0 e 84, resultante do somatório dos resultados das três sub - escalas, em que as atletas com menores valores são as que apresentam menores níveis de ansiedade traço competitiva (SMITH, SMOLL E SCHULTZ, 1990) (ANEXO 3).

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ISSL (Inventário de Sintomas de Stress para adultos) – ISSL (Lipp, 2000). O presente instrumento foi validado em 1994 (Lipp, 1994) e tem sido utilizado em dezenas de pesquisas e trabalhos clínicos na área do estresse (Pafaro, 2002). Permite um diagnóstico que avalia se a pessoa tem estresse, em qual fase se encontra e se o estresse manifesta-se por meio de sintomatologia na área física ou psicológica. O ISSL apresenta um modelo quadrifásico do estresse, apresenta três quadros que contêm sintomas físicos e psicológicos de cada fase do estresse. O quadro 1, com sintomas relativos à 1ª fase do estresse (Alerta), o quadro 2, com sintomas da 2ª fase (Resistência) e 3ª fase (Quase exaustão), e o quadro 3, com sintomas da 4ª fase (Exaustão). O inventário é composto por 34 questões de caráter somático e 19 de caráter psicológico.

RESTQ SPORT (Questionário de Estresse e Recuperação para Atletas), desenvolvido para avaliar simultaneamente estresse e recuperação e proporcionar uma figura diferenciada do perfil atual de estresse e recuperação em atletas (KELLMANN M, KALLUS KW

2000; 2001). O RESTQ-Sport, é constituído de 19 escalas(Estresse Geral, Estresse Emocional, Estresse Social, Conflitos/Pressão, Fadiga, Falta de Energia, Queixas Somáticas, Sucesso, Recuperação Social, Recuperação Física, Bem-Estar Geral, Qualidade de Sono, Perturbações nos Intervalos, Exaustão Emocional, Lesões, Estar em Forma, Aceitação Pessoal, Auto Eficácia e Auto Regulação) e 4 sub escalas (Estresse Geral, Recuperação Geral, Estresse Esportivo e Recuperação Esportiva), com quatro perguntas em cada escala, totalizando 76 questões e foi recentemente validado na língua portuguesa (COSTA; SAMULSKI, 2005). O RESTQ-Sport avalia quantitativamente (através de uma escala Likert) eventos potencialmente estressantes e atividades associadas com recuperação na forma de sentenças incompletas, além de suas consequências subjetivas nos últimos três dias/noites (KELLMANN; GÜNTHER, 2000; KELLMANN; KALLUS, 2001).

Procedimento de coleta e análise das variáveis fisiológicas

Para coleta da saliva e análise do cortisol salivar, foi inserido na cavidade bucal dos voluntários um canudo descartável para facilitar a coleta salivar a ser transferida para o tubo Eppendorf de 1,5ml. Em seguida, o tubo Eppendorf foi colocado em recipiente próprio para armazenamento, acondicionado em uma caixa de isopor com gelo e transportado para as análises que serão realizadas no Laboratório Thomson de Espectrometria de Massas do Instituto de Química (IQ) da Unicamp.

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Após a coleta de dados, as amostras que estavam a -80ºC foram descongeladas a temperatura ambiente. As amostras foram centrifugadas por 5 minutos. Recolheu-se 500 uL de saliva e foram adicionados 2 mL de acetato de etila. Após 20 minutos de agitação, centrifugou-se a mistura por 5 minutos a 4ºC, 3500 u. Uma alíquota de 1200 uL da facentrifugou-se orgânica (superior) foi coletada e o solvente evaporado em centrífuga speed vácuo, sem temperatura. Então, o extrato foi dissolvido em 150uL de solução H2O:MeOH, 1:1 (v/v) contendo 1ng mL-1 do padrão interno de cortisol-d4 e transferido para um vial com insert.

Utilizou-se o equipamento de cromatografia líquida de alta eficiência HPLC (High Performance Liquid Chromatography) Agilent 1200 Series. A cromatografia de fase reversa foi realizada em uma coluna C18 (100 mm x 3,0 mm x 2,6 µm) da Kinetex em gradiente com os solventes água (A) e acetonitrila (B) com uma vazão de 0,600 mL min-1. A temperatura da coluna foi controlada pelo forno mantido em 40ºC, o volume de injeção foi de 10 µL. O seguinte gradiente foi utilizado: 0,00-0,31 min,30 % A; 0,31-2,00 min, 30% a 0% A; 2,00-2,20, 0% a 30% de A; 2,20-6,30 min, 30% de A. Uma mistura de H2O:MeOH:isopropanol (1:1:0,1, v/v) foi utilizada como solvente de lavagem da agulha por 10 segundos antes da injeção. A temperatura do amostrador foi mantida a 15ºC. Uma vez otimizada, as mesmas condições de separação cromatográfica foram mantidas para a etapa de validação e análise das amostras.

O espectrômetro utilizado foi um espectrômetro de massas tipo triplo quadrupolo com Ion Trap linear modelo 5500 Q-Trap® da AB Sciex com fonte de ionização atmospheric pressure chemical ionization (APCI). O equipamento foi operado em modo MRM (Multiple Reaction Monitoring) e as transições de quantificação e confirmação foram, respectivamente, m/z 367.0/ 120.8; 331.0 para o cortisol e m/z 367.0/ 120.8; 331.0 para o padrão interno cortisol-d4.Os seguintes parâmetros foram seguidos: 5.00 V - voltagem da fonte, 20 psi - gás contra-corrente (CUR -curtain gas), 45 psi - gás nebulizante (GS1), 70 psi - gás auxiliar (GS2), 12 u.a. - gás de colisão (CAD), 400ºC - temperatura da probe, 5V - potencial de entrada.

A curva analítica foi obtida com soluções padrão do cortisol nas concentrações 0.1, 0.2, 0.39, 0.78, 1.56, 3.15, 6.25, 12.5 e 25 ng mL-1 e padrão interno cortisol-d4 na concentração 1 ng mL-1 analisadas em quintuplicata.

3.5 Análise Estatística

Os resultados estão expressos em: mínimo, máximo, primeiro quartil, segundo quartil, média, mediana, variância e desvio padrão. A normalidade dos dados foi verificada através do teste Shapiro-Wilk e a correlação entre as variáveis foi realizada através da correlação de Spearman. O nível de significância estatística foi definido em 5% (p<0,05). Foi

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realizado o Teste T Student para comparação entre os valores pés e pós. A análise estatística foi realizada através do programa RStudio Version 0.99.893 – © 2009-2016 RStudio, Inc.

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4.0 Resultados e

Discussão

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O objetivo do estudo foi analisar o comportamento de percepção de estresse e recuperação, da ansiedade e das concentrações de cortisol, em atletas da Seleção Brasileira de Futebol de Sete Paralímpico em uma semana de treinamento. Assim os resultados serão apresentados de acordo com os objetivos propostos para o presente estudo.

Primeiramente, serão analisados os resultados das concentração de cortisol salivar, resultados obtidos nos questionários pelos atletas: RESTQ-Sport, ISSL, SAS e CSAI.

Em seguida, serão apresentados os resultados encontrados pela a correlação entre todas as variáveis do estudo.

A primeira etapa constituiu-se da apresentação dos resultados. A Tabela 3 mostra a análise descritiva do cortisol salivar pré e pós semana de treinamento e a diferenças entre os mesmos.

Tabela 3. Concentração de Cortisol Salivar Pré e Pós

Méd. Dp Mediana Mín. Máx. Int. Int. (25%) Int. Int (75%) Cortisol Pré (nmol/L) 2,87±1,28 2,61 0,89 5,32 1,93 3,89 Cortisol Pós (nmol/L) 9,95±4,29 10,18 3,48 19,46 6,76 11,55 Dif. Pré/Pós (nmol/L) 7,08±4,55 6,76 0,68 17,09 3,11 9,49

Legenda: Dif Pré/Pós: Diferença entre salivas pré e pós; Méd: Média; D.p: Desvio Padrão; Mín: Mínima, Int Int: Intervalo Interquartil.

Tratando-se de um estudo exploratório e inédito para jogadores de Futebol de Sete Paralímpico com paralisia cerebral observa-se através desses resultados que as concentrações de cortisol pré e pós semana de treinamento apresentaram um aumento estatisticamente significativo (p<0,05) entre as diferentes medidas. O valor médio da concentração de cortisol em repouso foi 2,87±1,28 nmol/L e após uma semana de treinamento foi de 9,95±4,29 nmol/L, apresentando uma diferença de 7,08±4,55 nmol/L. No presente estudo, o período de treinamento foi relativo a 20h na semana (5 dias) e o aumento percentual encontrado entre aas concentrações de cortisol foi de 246%.

No estudo de Mineto et al (2008), realizado com jogadores de futebol convencional, foi efetuada a comparação entre os níveis de concentração de cortisol basais e pós 7 dias de treinamento, os atletas apresentaram as concentrações de cortisol basal (12,4 nmol/L) e pós treinamento (16,4 nmol/L), logo, o aumento de cortisol foi de 32%.

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(p<0,05) Diante desse resultado, verifica-se que situações de treinamento são significativamente geradoras de estresse, sendo que os mais elevados percentuais de aumento foram encontrados no presente estudo.

Provavelmente, os resultados encontrados no presente estudo, podem ser decorrentes da Paralisia Cerebral, ou em função do tipo de treinamento aplicado para essa população específica.

No gráfico 1 apresenta-se a média do grupo e a comparação do cortisol salivar pré e pós semana de treinamento.

Legenda: Pré: Média do cortisol pré semana de Treinamento; Pós: Média do cortisol pós semana de Treinamento;

Gráfico 1. Média de Concentração de Cortisol Pré e Pós Semana de Treinamento Foi observada diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) entre os resultados do Cortisol pré e pós (2,87±1,28; 9,95±4,29).

O gráfico 2 apresenta a comparação dos valores individuais de cortisol salivar pré e pós semana de treinamento e a diferença entre os mesmos.

n

m

ol

-L

(46)

Legenda: Pré: Cortisol Pré; Pós: Cortisol Pós; Pós-Pré: Diferença entre Cortisol pré e pós.

Gráfico 2. Diferenças Concentração de Cortisol Pré e Pós

Nota-se no gráfico 2 que há diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) na concentração de cortisol pós nos indivíduos 4 (17,98 nmol/L) e 6 (19,46 nmol/L).

Na Tabela 4 estão os resultados do questionário RESTQ-Sport que objetivou avaliar simultaneamente estresse e recuperação dos atletas (média, desvio padrão, mediana, mínima, máxima, intervalo interquartil 25% e 75%) divididos em 2 momentos de avaliação, pré e pós semana de treinamento, em 4 sub escalas (Estresse Geral, Recuperação Geral, Estresse Esportivo e Recuperação Esportiva).

Referências

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