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3. METODOLOGIA

3.3 População e Amostra

A coleta de dados foi realizada no Centro de Treinamento em Guaratiba - RJ, onde acontecem os treinos. Houve a primeira coleta (saliva e questionários) no início da semana de treinamento e no final da semana de treinamento houve o segundo momento de coleta (saliva e REST-Q Sport). A amostra foi composta por 16 atletas adultos do sexo masculino integrantes da Seleção Brasileira de Futebol de Sete que participavam de uma fase de treinamento.

A Tabela 2 mostra a caracterização da amostra estudada em valores numéricos de frequência.

Tabela 2. Caracterização da amostra

Sujeito Idade (anos) Estatura(m) Peso (Kg) T. Prática (meses) CF

1 18 1,72 70 12 7 2 26 1,71 77 18 5 3 27 1,69 62 96 8 4 37 1,67 76 132 5 5 24 1,77 65 36 6 6 19 1,79 70 12 7 7 24 1,6 62 42 7 8 27 1,67 63 72 7 9 19 1,79 69 24 7 10 22 1,77 70 72 7 11 31 1,79 85 36 7 12 36 1,8 79 228 7 13 22 1,79 70 24 7 14 24 1,8 76,6 12 7 15 20 1,83 72 12 8 16 35 1,75 73,5 42 7 Média 25,69 1,75 67,76 54,38 DP 6,16 0,06 17,52 57,65

Legenda: Dp: Desvio padrão; CF: Classe funcional

A análise descritiva das variáveis numéricas, conforme a Tabela 2 mostra que, os indivíduos da amostra apresentaram valores médios para idade de 25,69±6,16 (anos), para estatura 1,75±0,06 (metros), para o peso de 67,76±17,52 (quilos) e para Tempo de prática de 54,38±57,65 (meses).

3.4 Instrumentos

Ficha de Identificação

Contendo dados dos participantes e algumas informações relevantes, facilitando a análise (ANEXO 1).

Procedimento de coleta e análise das variáveis psicológicas

CSAI (Competitive State Anxiety Inventory), questionário utilizado para estudo da ansiedade competitiva, traduzido e validado para português por Raposo (2004). O questionário é composto por 27 questões, são divididas em 3 sub escalas (ansiedade cognitiva, ansiedade somática e auto-confiança), da seguinte forma: os itens 1, 4, 7, 10, 13, 16, 19, 22 e 25 pertencem ao fator ansiedade cognitiva; 2, 5, 8, 11, 14 (item invertido), 17, 20, 23 e 26 à ansiedade somática; e, 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24 e 27 à autoconfiança, nas quais o sujeito opta por quatro graus correspondente ao seu estado momentâneo: 1 = nada, 2 =alguma coisa, 3 = moderado e 4 = muito, de acordo com a pergunta. A pontuação das sub escalas é obtida pela somatória das respostas, com pontuação variando de 9 a 36. Para propósitos de interpretação, os dados da ansiedade cognitiva, somática e autoconfiança são categorizados em baixa (de 9 a 18 pontos), média de (19 a 27 pontos) e alta de (28 a 36 pontos) (ANEXO 2).

SAS (Sport Anxiety Scale), é um instrumento multidimensional de medida do traço de ansiedade competitiva, constituído por 3 subescalas que medem a ansiedade somática (1,4,8,11,12,15,17,19,21), os pensamentos experimentados (3,5,9,10,13,16,18) e o nível de perturbação da concentração (2,6,7,14,20), em competição. A escala é do tipo Lickert, de 4 pontos (1= Quase nunca; 2= Algumas vezes; 3= Muitas vezes; 4= Quase sempre), indicando o nível de ansiedade que geralmente sentiam antes ou durante a competição. O resultado de cada uma das três sub -escalas é obtido através do somatório dos respectivos itens, podendo desta forma variar entre 0 e 36, no caso da ansiedade somática, de 0 a 28, relativamente à frequência de pensamentos experimentados e de 0 a 20 ao nível de perturbação da concentração, podendo desta forma o traço de ansiedade competitiva variar entre 0 e 84, resultante do somatório dos resultados das três sub - escalas, em que as atletas com menores valores são as que apresentam menores níveis de ansiedade traço competitiva (SMITH, SMOLL E SCHULTZ, 1990) (ANEXO 3).

ISSL (Inventário de Sintomas de Stress para adultos) – ISSL (Lipp, 2000). O presente instrumento foi validado em 1994 (Lipp, 1994) e tem sido utilizado em dezenas de pesquisas e trabalhos clínicos na área do estresse (Pafaro, 2002). Permite um diagnóstico que avalia se a pessoa tem estresse, em qual fase se encontra e se o estresse manifesta-se por meio de sintomatologia na área física ou psicológica. O ISSL apresenta um modelo quadrifásico do estresse, apresenta três quadros que contêm sintomas físicos e psicológicos de cada fase do estresse. O quadro 1, com sintomas relativos à 1ª fase do estresse (Alerta), o quadro 2, com sintomas da 2ª fase (Resistência) e 3ª fase (Quase exaustão), e o quadro 3, com sintomas da 4ª fase (Exaustão). O inventário é composto por 34 questões de caráter somático e 19 de caráter psicológico.

RESTQ SPORT (Questionário de Estresse e Recuperação para Atletas), desenvolvido para avaliar simultaneamente estresse e recuperação e proporcionar uma figura diferenciada do perfil atual de estresse e recuperação em atletas (KELLMANN M, KALLUS KW

2000; 2001). O RESTQ-Sport, é constituído de 19 escalas(Estresse Geral, Estresse Emocional, Estresse Social, Conflitos/Pressão, Fadiga, Falta de Energia, Queixas Somáticas, Sucesso, Recuperação Social, Recuperação Física, Bem-Estar Geral, Qualidade de Sono, Perturbações nos Intervalos, Exaustão Emocional, Lesões, Estar em Forma, Aceitação Pessoal, Auto Eficácia e Auto Regulação) e 4 sub escalas (Estresse Geral, Recuperação Geral, Estresse Esportivo e Recuperação Esportiva), com quatro perguntas em cada escala, totalizando 76 questões e foi recentemente validado na língua portuguesa (COSTA; SAMULSKI, 2005). O RESTQ-Sport avalia quantitativamente (através de uma escala Likert) eventos potencialmente estressantes e atividades associadas com recuperação na forma de sentenças incompletas, além de suas consequências subjetivas nos últimos três dias/noites (KELLMANN; GÜNTHER, 2000; KELLMANN; KALLUS, 2001).

Procedimento de coleta e análise das variáveis fisiológicas

Para coleta da saliva e análise do cortisol salivar, foi inserido na cavidade bucal dos voluntários um canudo descartável para facilitar a coleta salivar a ser transferida para o tubo Eppendorf de 1,5ml. Em seguida, o tubo Eppendorf foi colocado em recipiente próprio para armazenamento, acondicionado em uma caixa de isopor com gelo e transportado para as análises que serão realizadas no Laboratório Thomson de Espectrometria de Massas do Instituto de Química (IQ) da Unicamp.

Após a coleta de dados, as amostras que estavam a -80ºC foram descongeladas a temperatura ambiente. As amostras foram centrifugadas por 5 minutos. Recolheu-se 500 uL de saliva e foram adicionados 2 mL de acetato de etila. Após 20 minutos de agitação, centrifugou- se a mistura por 5 minutos a 4ºC, 3500 u. Uma alíquota de 1200 uL da fase orgânica (superior) foi coletada e o solvente evaporado em centrífuga speed vácuo, sem temperatura. Então, o extrato foi dissolvido em 150uL de solução H2O:MeOH, 1:1 (v/v) contendo 1ng mL-1 do padrão interno de cortisol-d4 e transferido para um vial com insert.

Utilizou-se o equipamento de cromatografia líquida de alta eficiência HPLC (High Performance Liquid Chromatography) Agilent 1200 Series. A cromatografia de fase reversa foi realizada em uma coluna C18 (100 mm x 3,0 mm x 2,6 µm) da Kinetex em gradiente com os solventes água (A) e acetonitrila (B) com uma vazão de 0,600 mL min-1. A temperatura da coluna foi controlada pelo forno mantido em 40ºC, o volume de injeção foi de 10 µL. O seguinte gradiente foi utilizado: 0,00-0,31 min,30 % A; 0,31-2,00 min, 30% a 0% A; 2,00-2,20, 0% a 30% de A; 2,20-6,30 min, 30% de A. Uma mistura de H2O:MeOH:isopropanol (1:1:0,1, v/v) foi utilizada como solvente de lavagem da agulha por 10 segundos antes da injeção. A temperatura do amostrador foi mantida a 15ºC. Uma vez otimizada, as mesmas condições de separação cromatográfica foram mantidas para a etapa de validação e análise das amostras.

O espectrômetro utilizado foi um espectrômetro de massas tipo triplo quadrupolo com Ion Trap linear modelo 5500 Q-Trap® da AB Sciex com fonte de ionização atmospheric pressure chemical ionization (APCI). O equipamento foi operado em modo MRM (Multiple Reaction Monitoring) e as transições de quantificação e confirmação foram, respectivamente, m/z 367.0/ 120.8; 331.0 para o cortisol e m/z 367.0/ 120.8; 331.0 para o padrão interno cortisol- d4.Os seguintes parâmetros foram seguidos: 5.00 V - voltagem da fonte, 20 psi - gás contra- corrente (CUR -curtain gas), 45 psi - gás nebulizante (GS1), 70 psi - gás auxiliar (GS2), 12 u.a. - gás de colisão (CAD), 400ºC - temperatura da probe, 5V - potencial de entrada.

A curva analítica foi obtida com soluções padrão do cortisol nas concentrações 0.1, 0.2, 0.39, 0.78, 1.56, 3.15, 6.25, 12.5 e 25 ng mL-1 e padrão interno cortisol-d4 na concentração 1 ng mL-1 analisadas em quintuplicata.

3.5 Análise Estatística

Os resultados estão expressos em: mínimo, máximo, primeiro quartil, segundo quartil, média, mediana, variância e desvio padrão. A normalidade dos dados foi verificada através do teste Shapiro-Wilk e a correlação entre as variáveis foi realizada através da correlação de Spearman. O nível de significância estatística foi definido em 5% (p<0,05). Foi

realizado o Teste T Student para comparação entre os valores pés e pós. A análise estatística foi realizada através do programa RStudio Version 0.99.893 – © 2009-2016 RStudio, Inc.

4.0 Resultados e

Discussão

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O objetivo do estudo foi analisar o comportamento de percepção de estresse e recuperação, da ansiedade e das concentrações de cortisol, em atletas da Seleção Brasileira de Futebol de Sete Paralímpico em uma semana de treinamento. Assim os resultados serão apresentados de acordo com os objetivos propostos para o presente estudo.

Primeiramente, serão analisados os resultados das concentração de cortisol salivar, resultados obtidos nos questionários pelos atletas: RESTQ-Sport, ISSL, SAS e CSAI.

Em seguida, serão apresentados os resultados encontrados pela a correlação entre todas as variáveis do estudo.

A primeira etapa constituiu-se da apresentação dos resultados. A Tabela 3 mostra a análise descritiva do cortisol salivar pré e pós semana de treinamento e a diferenças entre os mesmos.

Tabela 3. Concentração de Cortisol Salivar Pré e Pós

Méd. Dp Mediana Mín. Máx. Int. Int. (25%) Int. Int (75%) Cortisol Pré (nmol/L) 2,87±1,28 2,61 0,89 5,32 1,93 3,89 Cortisol Pós (nmol/L) 9,95±4,29 10,18 3,48 19,46 6,76 11,55 Dif. Pré/Pós (nmol/L) 7,08±4,55 6,76 0,68 17,09 3,11 9,49

Legenda: Dif Pré/Pós: Diferença entre salivas pré e pós; Méd: Média; D.p: Desvio Padrão; Mín: Mínima, Int Int: Intervalo Interquartil.

Tratando-se de um estudo exploratório e inédito para jogadores de Futebol de Sete Paralímpico com paralisia cerebral observa-se através desses resultados que as concentrações de cortisol pré e pós semana de treinamento apresentaram um aumento estatisticamente significativo (p<0,05) entre as diferentes medidas. O valor médio da concentração de cortisol em repouso foi 2,87±1,28 nmol/L e após uma semana de treinamento foi de 9,95±4,29 nmol/L, apresentando uma diferença de 7,08±4,55 nmol/L. No presente estudo, o período de treinamento foi relativo a 20h na semana (5 dias) e o aumento percentual encontrado entre aas concentrações de cortisol foi de 246%.

No estudo de Mineto et al (2008), realizado com jogadores de futebol convencional, foi efetuada a comparação entre os níveis de concentração de cortisol basais e pós 7 dias de treinamento, os atletas apresentaram as concentrações de cortisol basal (12,4 nmol/L) e pós treinamento (16,4 nmol/L), logo, o aumento de cortisol foi de 32%.

(p<0,05) Diante desse resultado, verifica-se que situações de treinamento são significativamente geradoras de estresse, sendo que os mais elevados percentuais de aumento foram encontrados no presente estudo.

Provavelmente, os resultados encontrados no presente estudo, podem ser decorrentes da Paralisia Cerebral, ou em função do tipo de treinamento aplicado para essa população específica.

No gráfico 1 apresenta-se a média do grupo e a comparação do cortisol salivar pré e pós semana de treinamento.

Legenda: Pré: Média do cortisol pré semana de Treinamento; Pós: Média do cortisol pós semana de Treinamento;

Gráfico 1. Média de Concentração de Cortisol Pré e Pós Semana de Treinamento Foi observada diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) entre os resultados do Cortisol pré e pós (2,87±1,28; 9,95±4,29).

O gráfico 2 apresenta a comparação dos valores individuais de cortisol salivar pré e pós semana de treinamento e a diferença entre os mesmos.

n

m

ol

-L

Legenda: Pré: Cortisol Pré; Pós: Cortisol Pós; Pós-Pré: Diferença entre Cortisol pré e pós.

Gráfico 2. Diferenças Concentração de Cortisol Pré e Pós

Nota-se no gráfico 2 que há diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) na concentração de cortisol pós nos indivíduos 4 (17,98 nmol/L) e 6 (19,46 nmol/L).

Na Tabela 4 estão os resultados do questionário RESTQ-Sport que objetivou avaliar simultaneamente estresse e recuperação dos atletas (média, desvio padrão, mediana, mínima, máxima, intervalo interquartil 25% e 75%) divididos em 2 momentos de avaliação, pré e pós semana de treinamento, em 4 sub escalas (Estresse Geral, Recuperação Geral, Estresse Esportivo e Recuperação Esportiva).

Legenda: Méd: Média; D. Padrão: Desvio Padrão; Mín: Mínima, Int Int: Intervalo Interquartil; Est. G: Estresse Geral; Rec. G: Recuperação Geral; Eest. E: Estresse Esportivo; Rec E: Recuperação Esportiva

Verifica-se na tabela 4 que não há diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) entre as 4 subescalas do questionário: Estresse Geral pré (9,73±4,05) e pós (6,59±3,57), a Recuperação Geral pré (16,70±2,78) e pós (21,16±2,22), Estresse Esportivo pré (4,50±1,98) e pós (3,53±1,76) e Recuperação Esportiva pré (17,47±2,72) e pós (18,05±2,55).

Constata-se que os estresses (geral e esportivo) foram menores na segunda avaliação pós semana de treinamento. Já as recuperações (geral e esportiva) foram maiores na semana pós treinamento.

O estresse (geral e esportivo) apontam estas possivelmente diferenças devido a realidade individual de cada atleta (moradia, família, trabalho e outros), que pode influenciar os níveis de estresse antes da chegada dos mesmos ao Centro de Treinamento. A recuperação (geral e esportiva) demonstram que os atletas estão melhores recuperados após a semana de treinamento, possivelmente pelo incremento gradual de sessões de treinamento e da elevação da intensidade da equipe investigada, além da utilização eficiente dos atletas, nos períodos de recuperação, de sessões de fisioterapia e acompanhamento psicológico realizados durante a semana de treinamento.

A Tabela 5 demonstra a comparação dos valores das 4 subescalas do RESTQ-Sport, e observa-se que não houve nenhuma diferença estatisticamente significativa nas respostas pré e pós semana de treinamento.

Tabela 5. Comparação RESTQ-Sport pré e pós

Variáveis P- Valor

Estresse Geral 0.1361

Tabela 4. Resultados Obtidos no RESTQ-Sport Pré e Pós

Méd. D. Padrão Mediana Mín. Máx. Int. Int. (25%) Int. Int (75%) Est. G Pré 9,73 4,05 8,50 3,75 16,00 6,75 13,19 Est. G Pós 6,59 3,57 6,38 1,00 15,00 4,00 8,56 Rec. G Pré 16,70 2,78 16,50 12,00 20,75 14,56 19,13 Rec. G Pós 21,16 2,22 21,38 18,00 24,50 19,00 22,88 Est. E Pré 4,50 1,98 5,38 1,50 8,25 2,69 5,81 Est. E Pós 3,53 1,76 3,75 0,75 6,50 2,13 4,25 Rec. E Pré 17,47 2,72 17,88 13,50 22,00 14,75 19,44 Rec. E Pós 18,05 2,55 18,38 12,75 21,75 16,50 19,75

Recuperação Geral 0.5263

Estresse Esportivo 0.4942

Recuperação Esportiva 0.6263

Legenda: Teste T Student

No gráfico 3 estão as médias encontradas do RESTQ-Sport dos grupos pré e pós semana de treinamento.

Gráfico 3. RESTQ-Sport: Média dos Grupos Pré e Pós

Observa-se no Gráfico 3 a média dos atletas para as 19 subescalas do questionário REST-Q Sport, os valores para a escala que se refere ao estresse geral (pré) são: estresse geral 0,7±0,74, estresse emocional 1,28±0,79, estresse social 0,98±0,75, conflitos/pressão 1,81±0,81, fadiga 2,02±0,82, falta de energia 1,34±0,74 e queixa somática social 1,59±0,90. Logo, o escore mais alto foi obtido na escala relacionada à fadiga.

0 1 2 3 4 5 6 Es tre ss e G era l Es tre ss e E m o cion al Es tre ss e So cial Con flito s/P re ss ão Fad iga Falt a d e E n ergia Qu eix as So m át icas Su ce ss o Re laxa m e n to S o cial Re laxa m e n to S o m át ico Be m E st ar G era l Qu alid ad e d e So n o Pe rt u rb açõ e s I n terv alo s Exa u stã o E m o cion al Le sõ e s Es ta r em form a Ace ita ção P es so al Au to E ficáci a Aut o Re gu la ção

ESTRESSE GERAL RECUPERAÇÃO GERAL ESTRESSE ESPORTIVO

RECUPERAÇÃO ESPORTIVA

PRÉ PÓS

Com relação à média dos atletas para a escala que se refere ao estresse geral (pós) tivemos: estresse geral 0,42±0,54, estresse emocional 0,81±0,65, estresse social 0,28±0,75, conflitos/pressão 1,72±1,19, fadiga 1,59±0,77, falta de energia 0,61±0,48 e queixa somática social 1,16±0,81. Logo, o escore mais alto foi obtido na escala relacionada à conflitos/pressão. No que diz respeito a escalas de recuperação geral (pré): verificaram-se altos níveis nas escalas de sucesso 3,83±0,82, recuperação social 4,52±0,93, recuperação física 3,67±1,15, bem estar geral 4,69±0,70 e qualidade de sono 2,56±0,66. A escala qualidade de sono apresentou o valor mais baixo entre as escalas de recuperação geral pré semana de treinamento. Com relação à média das escalas que se refere ao recuperação geral (pós): verificaram-se altos níveis nas escalas de sucesso 4,25±0,70, recuperação social 4,84±0,81, recuperação física 4,31±0,89, bem estar geral 5,09±0,59 e qualidade de sono 2,66±0,59. A escala qualidade de sono apresentou o valor mais baixo entre as escalas de recuperação geral pós semana de treinamento.

No tocante ao estresse esportivo (pré) observa-se, ainda no Gráfico 3, que a escala que apresentou escore de maior valor foi a de perturbação nos intervalos 1,94±0,89 e a que mostrou menor escore foi a de exaustão emocional 0,88±0,93. A escala lesões 1,69±0,86 apresentou baixo valor.

Em relação ao estresse esportivo (pós), as escalas que apresentaram valores mais altos foram: lesões 1,50±0,83 e a que mostrou menor escore foi a de exaustão emocional 0,59±0,33. A escala perturbação nos intervalos apresentou baixo valor 1,44±0,73.

Também no Gráfico 3 pode-se verificar, no que concerne às escalas de recuperação esportiva (pré): estar em forma 4,30±0,73, aceitação pessoal 3,89±0,64, auto eficácia 4,39±0,68 e auto regulação 4,89±1,01. A escala aceitação pessoal apresentou o valor mais baixo entre as escalas de recuperação esportiva pré semana de treinamento.

Já as médias das escalas que se referem a recuperação esportiva (pós): estar em forma 4,42±0,89, aceitação pessoal 4,14±1,01, autoeficácia 4,45±0,76 e autorregulação 5,03±0,77. A escala aceitação pessoal apresentou o valor mais baixo entre as escalas de recuperação esportiva pós semana de treinamento.

Entre os resultados de percepção de estresse e recuperaçãopré e pós do REST-Q Sport foram observadas diferenças significativas (p<0,05) na escala 3- Estresse Social (0,98±0,78; 0,28±0,57) e na escala 6- Falta de Energia (1,34±0,76; 0,61±0,50). Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre as outras escalas.

Mesmo sem diferenças estatisticamente significativas, à percepção de estresse e recuperação dos atletas avaliados, durante a primeira avaliação (pré semana de treinamento) os

níveis de estresse geral estavam levemente altos em relação a segunda avaliação. O mesmo padrão permaneceu para as escalas de estresse esportivo. Essa situação pode ser explicada pela realidade vivida individualmente de cada atleta, problemas relativos a moradia, família, trabalho e outros, podem influenciar nos níveis de estresse antes da chegada dos mesmos ao Centro de Treinamento.

Pela carga de treinamento do microciclo é possível identificar que os atletas do estudo desenvolveram e aperfeiçoaram as mais variadas capacidades físicas, psicológicas e motoras (GOMES, 2002). A ausência de alterações na percepção de estresse e recuperação dos atletas no presente estudo nos dois momentos de análise (pré e pós) pode ter ocorrido devido ao incremento gradual de sessões de treinamento e da elevação da intensidade que seguiram no planejamento da equipe investigada. Não se descarta entretanto, a utilização eficiente por parte dos atletas dos períodos de recuperação além das sessões de fisioterapia e acompanhamento psicológico realizados durante a semana de treinamento.

No caso da equipe estudada, verificado as condições apresentadas pela amostra investigada pode ser entendido que devido a ótimas condições de alojamento, uma alimentação possivelmente adequada e a hospedagem confortável, estes fatores, contribuíram na promoção da melhora do desempenho e da recuperação no exercício, houve à redução do estresse geral e esportivo (pós semana de treinamento), e o aumento da recuperação geral e esportiva (pós semana de treinamento), que de certa maneira favorecem a redução dos sintomas do overtraining e redução de estresse (ACHTEN 2004; UUSITALO, 2001).

São possíveis quatro padrões de percepção de estresse e recuperação (KALLUS, 1995):

1. Baixo estresse-baixa recuperação; 2. Alto estresse-baixa recuperação; 3. Baixo estresse-alta recuperação; 4. Alto estresse-alta recuperação;

O terceiro padrão (baixo estresse-alta recuperação) seria o padrão ideal em momentos de recuperação, ou seja, o indivíduo não é submetido a cargas de treinamento muito elevadas, nem a situações sociais ou psíquicas estressantes, ao mesmo tempo em que realiza atividades de recuperação. (KALLUS, 1995).

Nessa perspectiva, a média de Estresse Geral dos atletas, assim como as médias das escalas de Estresse Específico, aponta para baixos escores associados ao estresse pós semana de treinamento. Já a média de Recuperação Geral e Recuperação Esportiva apresentada pelos atletas indica alta capacidade de recuperação pós semana de treinamento.

Desta forma, os atletas da Seleção de Futebol de Sete Paralímpico apresentam o terceiro padrão mencionado por Kallus (1995), indicando baixo estresse e alta recuperação ao longo da fase de treinamento, o que se entende como positivo para o desempenho desses atletas.

Na tabela 6, estão os resultados individuas dos atletas obtidos pelo questionário ISSL, que apresenta quatro fases que contêm sintomas físicos e psicológicos de cada fase do estresse. A primeira fase do estresse representa o estado de alerta (F1+P1), a segunda fase do estresse representa o estado de resistência (F2) e quase exaustão (P2), e a última fase do estresse representa o estado de exaustão (F3+P3) (LIPP, 2000). Nessa tabela foi possível observar que nenhum atleta está classificado dentro das fases do estresse, isto é: não estão estressados.

Tabela 6. Resultados Individuais obtidos no ISSL Pré

Sujeitos F1 + P1 F2 + P2 F3 + P3 CLASSIFICAÇÃO

1 0 1 0 Não tem stress

2 0 0 1 Não tem stress

3 0 0 0 Não tem stress

4 0 0 0 Não tem stress

5 0 1 1 Não tem stress

6 1 1 0 Não tem stress

7 0 0 0 Não tem stress

8 1 1 1 Não tem stress

9 0 1 0 Não tem stress

10 0 0 0 Não tem stress

11 0 1 1 Não tem stress

12 0 0 0 Não tem stress

13 0 0 0 Não tem stress

14 1 1 0 Não tem stress

15 2 2 1 Não tem stress

16 0 0 1 Não tem stress

Legenda: 1 a 16 = Atletas; F1+P1 = Fase de Alerta, F2 + P2 = Fase de Resistência e Quase Exaustão; F3 + P3 = Fase de Exaustão.

Logo, com o objetivo de investigar o estresse psicológico pré semana de treinamento dos atletas do presente estudo, foi verificado que os atletas não apresentaram em nenhuma fase de estresse ao iniciarem na semana de treinamento.

Esse resultado aponta um ótimo equilíbrio no fator estresse, sendo excelente para iniciar a semana de treinamento sem nenhuma interferência que altere o comportamento dos atletas.

Assim sendo, a avaliação e preparação psicológica é um processo eficiente para trabalhar o atleta, em nível psíquico, para o enfrentamento de situações estressantes do ambiente esportivo e utilizar dessa estrutura pessoal para a obtenção de seu potencial máximo na competição. Portanto, os aspectos psicológicos são, sem dúvida, um dos principais métodos para avaliar e preparar atletas de alto rendimento seja em situação de treinamento ou de competição (DESCHAMPS e JÚNIOR, 2006).

Na Tabela 7 estão os resultados do questionário SAS, instrumento que mede o traço de ansiedade competitiva, constituído por 3 subescalas: ansiedade somática, pensamentos experimentados e o nível de perturbação da concentração, em competição, foi aplicado apenas na avaliação pré semana de treinamento.

Tabela 7. Resultados Obtidos no SAS Pré

Méd. D. Padrão Mediana Mín. Máx. Int. Int. (25%) Int. Int (75%)

Ans. Som. 11,13 1,63 11,50 9,00 14,00 9,75 12,00 Pens. Exp. 10,56 3,39 10,50 7,00 17,00 7,75 12,25 Pert. Conc. 5,81 1,05 5,50 5,00 8,00 5,00 6,00

Legenda: Méd: Média; D. Padrão: Desvio Padrão; Mín: Mínima, Int Int: Intervalo Interquartil; Ans. Som: Ansiedade Somática; Pens Exp: Pensamentos Experimentados; Pert. Conc: Nível de perturbação da concentração.

A ansiedade somática pode variar de 0 e 36; pensamentos experimentados de 0 a 28, e o nível de perturbação da concentração de 0 a 20 podendo desta forma o traço de ansiedade competitiva variar entre 0 e 84, resultante do somatório dos resultados das três subescalas, em que as atletas com menores valores são as que apresentam menores níveis de ansiedade traço competitiva (SMITH, SMOLL e SCHULTZ, 1990).

No estudo de Afonso (2009) com 39 jogadores de futebol, pertencentes aos escalões Juniores, Juvenis e Iniciados, sendo 23 atletas internacionais, os atletas nacionais apresentaram valores médios de ansiedade somática (18,50), para pensamentos experimentados (20,40) e para nível de perturbação da concentração (17,87) já os atletas internacionais apresentaram a média para ansiedade somática (20,15), para pensamentos experimentados (18,91) e para nível de perturbação da concentração (20,57). Logo, observou-se que, os atletas nacionais

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