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Vista do Ensino religioso no Brasil: o retorno do debate | Acta Científica

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Academic year: 2021

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o rEtorno do dEBatE

Francisco luíz de Carvalho1 e dayse Karoline de Carvalho2 resumo: Este artigo visa a traçar por meio de levantamento bibliográfico uma breve análise da constituição do ensino religioso ao longo da história do Brasil em seus diversos momen-tos políticos, buscando resgatar as concepções dadas à formação religiosa na construção histórica da educação brasileira. Ao longo do percurso da constituição legal do ensino reli-gioso podem-se compreender os considerados avanços e retrocessos que perpassam a his-tória do mesmo. É, no entanto, a partir do estabelecimento do estado laico brasileiro que se revelam mais intensos os conflitos acerca da inserção do ensino religioso na escola pública. Apesar das conquistas legais recentes e a configuração do ensino religioso como área de conhecimento, atualmente o mesmo é motivo de profundos debates ideológicos, políticos, religiosos e sociais que, no nosso entendimento, não apontam os verdadeiros desafios pro-postos na construção identitária desta área de conhecimento.

Palavras-chave: Educação; Ensino religioso; Estado Laico; Confessional

religious education in Brazil: the return of the debate

Abstract: This article aims to outline through a brief literature review of the constitution of re-ligious education throughout the history of Brazil in its various political moments, trying to res-cue the ideas given to religious education in the historical construction of Brazilian education. Along the way the legal constitution of Religious Education can be considered to understand the ebbs and flows that traverse the history of it. It is, however, from the secular establishment of the Brazilian state that appear more intense conflicts concerning the inclusion of religious education in public schools. Despite recent legal victories and the configuration of Religious Education as an area of knowledge, now it is a matter of deep ideological debates, political, religious and social, in our view, does not indicate the true identity construction challenges proposed in this field.

Keywords: Education; Religious education; Lay State; Confessional

Na história do Brasil, um território tomado como colônia do estado português católico, educação e religião sempre estiveram intimamente relacionadas. Afinal, no processo de expansão territorial e de colonização europeia, educação e religião apre-sentavam-se como instrumentos eficazes para o sucesso dos objetivos propostos. A mentalidade europeia orientada pelo poder econômico e anelante pela a expansão de

1 Mestrando em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Bolsista Capes. Bacharel em Teologia. E-mail: fluizg@yahoo.com.br

2 Mestranda em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Bolsista CNPq. Bacharel em Pedagogia. E-mail: daysekss@yahoo.com.br

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seus impérios buscava assegurar a posse dos novos territórios por meio da colonização, o que tornava cativos os nativos e lhes impunha um processo que retirava não só a fé como também a cultura e a força de trabalho.

A própria história da educação brasileira só pode ser compreendida à luz da relação entre religião católica e sua influência majoritária na educação. Tal relação conflituosa repre-sentou as relações de dominação/subordinação no âmbito religioso, que se manifestaram no espaço público da escola. As conquistas republicanas confirmadas nas legislações seguintes colaboraram para a construção da identidade do ensino religioso, evidenciam a complexida-de do mundo contemporâneo, explicitam os complexida-debates que o envolvem, bem como revelam os apontamentos imprescindíveis no seu estabelecimento como área de conhecimento.

Por meio de uma revisão bibliográfica, este artigo propõe-se resgatar historica-mente as concepções dadas acerca do ensino religioso em sua presença na educação desde a época do dito descobrimento aos dias atuais, e se justifica pelo objetivo de compreender a atual concepção de ensino religioso e sua pretensa contribuição para a educação brasileira. Convém explicitar que a fundamentação teórica para compreensão do atual debate está orientada em Cunha (2009), Diniz (2010), Domingos (2009), Jun-queira (2007), Queiroz (1988) e Vasconcellos (2008).

Educação e religião na história do Brasil

Desde a época da Colônia e passando pelas diversas etapas desta nação, a história da educação mantém estreitos laços com a religião, seja em suas manifestações populares ou em sua forma institucionalizada. É o que atesta Almeida (2000, p. 93) ao afirmar que: “A história da educação brasileira está majoritariamente calcada dentro de uma tradição católica trazida pelos jesuítas nos tempos da colônia e afirmada pelas disputas entre libe-rais e católicos durante os primeiros cinquenta anos de República”.

O projeto político-religioso de expansão colonial portuguesa determinava as dire-trizes da frota comandada por Pedro Álvares Cabral em sua ocupação do Brasil, fato este que marcou de maneira profunda a cultura brasileira. O regime do padroado e regalismo proporcionaram ao catolicismo privilégios junto à coroa portuguesa, como o monopólio das instituições de ensino. Segundo Junqueira (2008, p. 17), até os professores que assu-miam o ensino em estabelecimentos oficiais deviam fazer juramento à fé católica. Mesmo o Brasil, em sua fase imperial, o sistema do padroado continuou vigorante e o ensino da religião tinha na educação sua plataforma de sustentação, sendo que dentre as tarefas do professor havia a obrigatoriedade do ensino da moral cristã e da doutrina católica.

Nos anos do segundo imperador brasileiro, de crescentes ideias abolicionistas, bur-guesas, liberais e republicanas, houve conflito político-religioso de grandes proporções ,resultando na ideia de uma igreja independente do Estado. Com o advento de um novo regime, a proclamação da República em 15 de novembro de 1889, bem como a Consti-tuição Republicana (1891), houve a explicitação da separação entre igreja e Estado e con-sequente introdução do ensino leigo nas escolas públicas, de modo que a aula de religião foi eliminada. Sendo desprovida do caráter religioso, a escola pública foi condenada ex-plicitamente pela a hierarquia eclesiástica, pois suprimia o ensino da doutrina cristã. Esse

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período estava profundamente marcado pelo positivismo e a interpretação francesa do princípio de liberdade religiosa. Apesar do clamor do episcopado em oposição ao regime republicano, foi neste período que os colégios católicos e protestantes se expandiram e se fortaleceram, algo não ocorrido no período colonial (OLIVEIRA, 2007, p. 45).

Em 1930, ao assumir o governo, Getúlio Vargas preconiza uma nova situação cur-ricular para o ensino religioso, pois ao buscar o apoio dos bispos brasileiros para seu go-verno ofereceu por permuta o ensino religioso na escola pública. Porém, com o golpe de estado de 10 de novembro 1937, Vargas assumiu o governo ditatorial e impôs uma nova constituição (1937), na qual o ensino religioso foi restabelecido como facultativo à escola, o que já dizia a carta Magna de 1891.

O modelo governamental que subiu ao poder no ano de 1964, de regime autori-tário, teve o sistema de educação e cotidiano escolar como alvos primários, promovendo a corrente tecnicista voltada para a profissionalização com vistas a preparar o estudante segundo as necessidades industriais do mercado e abandonando a educação humanista. Nesse contexto escolar, o ensino religioso permaneceu facultativo para os alunos, relevan-do dentre as práticas educativas a educação moral e cívica.

Somente a partir dos anos 1970 com experiências regionais, se tornou notória a busca por viabilizar uma nova proposta para o ensino religioso, que veio a concretizar-se por oca-sião da nova Constituição e na redação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 1996, ou seja Lei nº 9.394/96. Tendo como seu momento histórico a aprovação quase unânime da redação final do art. 33 da LDBEN (Lei nº 9.475/97), que respeitava a plu-ralidade, focando os fundamentos da religiosidade e seus valores como aspectos a serem traba-lhos no ensino religioso. Na resolução nº 02/1998 o Conselho Nacional de Educação (CNE) reconheceu o ensino religioso como área de conhecimento, portanto, pertinente ao currículo.

Ao longo da história do Brasil, a disciplina perpassa diversos momentos na ca-minhada deste, que outrora colônia, ruma para a solidificação da soberania. Foi usado nos primórdios rudimentares como ensino da religião, catequização de nativos e ins-trumento de continuidade político-econômica. Passa a ser concebido como área de conhecimento organizado a partir da escola e não das religiões, configura-se uma cami-nhada de conquistas históricas. História essa que se cruza com a camicami-nhada da educação oferecida aos cidadãos deste país.

É imprescindível perceber que as sociedades contemporâneas são heterogêneas, e no caso brasileiro cresce cada vez mais a consciência da presença das múltiplas culturas e suas identidades, apresentando aspirações relacionadas ao horizonte ideológico, social, político e filosófico. Na sociedade brasileira os diferentes se encontram e são desafiados a conviver juntos, e assim também o é na escola, ambiente do espaço público por excelência na formação dos cidadãos orientada para a inclusão das culturas discriminadas e cons-trução da democracia. Essa realidade retrata alguns desafios observados por Seehaber e Machado (2007, p. 87) ao afirmar que:

Os multiculturalismos nos ensinam que reconhecer a diferença é reconhecer que existem indivíduos e grupos que são diferentes entre si, mas que possuem direitos

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correlatos e que a convivência em uma sociedade democrática depende da aceitação da ideia de compormos uma totalidade social heterogênea na qual não poderá ocorrer a exclusão de nenhum elemento da totalidade […].

De fato, a religião sempre protagonizou debates nas diversas fases do percurso his-tórico do Brasil. Desde a época de território anexo a Portugal, a religião (católica) buscou evidenciar ser elemento determinante da realidade, e, desta forma, marcou profundamen-te a cultura e religião dos nativos. Esse fato, pode ser remontado quando se recorre à his-tória do país, bem como pode ser percebido com marcas mais evidentes na luta constante por um lugar de proeminência no espaço público.

a legitimidade do ensino religioso

Na atualidade ainda podemos identificar certa confusão na definição da nomenclatura, por vezes denominada de ensino de religião, aula de religião ou ensino religioso. No entanto, a legislação evidencia o termo ensino religioso como sendo garantido desde a Constituição de 1934, posição que é clara na Carta de 19883 em seu Artigo 210, § 1º, que dispõe o seguinte: “O

ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das esco-las públicas de ensino fundamental”. Corroborando para a perspectiva do ensino na superação das desigualdades étnico-religiosas, garantindo a liberdade de crença e expressão religiosa há a consolidação na Lei nº 9.475/97 que dá nova redação ao Artigo 33 da LDB (nº 9.394/96).

É nos últimos 15 anos, no contexto das legislações, que o ensino religioso apre-senta conquistas, desafios e perspectivas em sua inserção como área de conhecimento legitimada e na busca pelo desenvolvimento de práticas pedagógicas que assegurem a sua identidade e cumprimento dos seus objetivos.

Somente depois da redemocratização, assim como da organização de movi-mentos sociais e do fortalecimento da consciência cultural, foi que a radicalização contrária à presença do ensino religioso culminou na primeira versão do artigo 33 da então nova LDBEN de 19964:

Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, sendo oferecido, sem ônus para os cofres públicos, de acordo com as preferências manifestadas pelos alunos ou por seus responsáveis, em caráter:

I — confessional, de acordo com a opção religiosa do aluno ou do seu responsável, ministrado por professores ou orientadores religiosos preparados e credenciados pelas respectivas igrejas ou entidades religiosas; ou

II — interconfessional, resultante de acordo entre as diversas entidades religiosas, que se responsabilizarão pela elaboração do respectivo programa.

3 Para ler a Constituição do Brasil de 1988 na íntegra acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constitui%C3%A7ao.htm.

4 Para ver na íntegra a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 20 de Dezembro de 1996, acesse: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm.

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A presença dessa disciplina, conforme proposto nesse artigo da lei, promul-gava uma reedição do padroado nos tempos modernos ao apoiar uma concepção de catequização e não de uma disciplina escolar, além de possibilitar um impasse no credenciamento de professores ou orientadores pelos sistemas de ensino em suas respectivas escolas, bem como o debate acerca da natureza do ensino religioso. Ainda antes da homologação do texto final da Lei nº 9.394/96 pelo então presidente Fer-nando Henrique Cardoso, os debates eram evidentes e sinalizavam em direção a uma reflexão mais profunda a respeito do assunto.

Resultado da mobilização de diversos movimentos5 na discussão acerca do ensino

religioso, no sentido de conceber uma nova compreensão à disciplina que favorecesse o ensino para o fenômeno religioso voltado à formação do ser humano como disseminador de valores com respeito à pluralidade, foi aprovado na sessão do dia 17 de junho de 1997, no plenário da Câmara dos Deputados, bem como no Senado (em 9 de julho do mesmo ano) o novo texto para o artigo 33 da LDBEN, sendo depois sancionado pelo presidente da República com o número de Lei nº 9.475/976. A nova redação reza o seguinte:

Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.

§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores.

§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso.

A homologação da nova redação do artigo 33 possibilita o vislumbre de

vários avanços, desde a questão da concepção, do currículo e mesmo a

operacio-nalização do ensino religioso no sistema educacional.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, por meio da nova redação dada ao artigo 33 pela Lei nº 9.475/97, consolida a discussão curricular, a utopia do respeito à diversidade religiosa, na perspectiva do convívio a partir do diálogo inter-religioso, e a reflexão da operacionalização deste ensino na implantação/ implementação dos sistemas e redes de ensino (HOLANDA, 2010, p. 291).

Somente em 1998 com a resolução nº 02/987 do Conselho Nacional de Educação

(CNE) que finalmente o ensino religioso ganhou status de área de conhecimento, o que 5 Para maiores detalhes da descrição história destes movimentos leia: Junqueira, (2008, p. 31-38).

6 Para ver na íntegra a Lei nº 9.475, de 22 de julho de 1997, que dá nova redação ao artigo 33 da Lei nº 9.394/96, acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9475.htm.

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possibilitou a construção desse conhecimento sobre os fundamentos históricos, episte-mológicos e filosóficos buscando contribuir com os referencias para um ensino que:

valorizando o pluralismo e a diversidade cultural, presentes na sociedade brasileira, facilita a compreensão das formas que exprimem o transcendente na superação da finitude humana e que determinam, subjacentemente, o processo histórico da humanidade (FONAPER, 1997, p. 11-30).

Desde então, o ensino religioso transformou-se em foco de discussão e pesquisa em meio às lideranças religiosas, comunidades acadêmicas e diferentes sistemas de ensino por todo o território da federação, e em diversos momentos se configurando um campo de disputas permanentes. Percebe-se que a identidade desse ensino como área de conhe-cimento ainda caminha militantemente para a organização de horários de aula, aspectos referentes ao currículo, prática pedagógica e formação de professores.

o Estado laico brasileiro e o ensino religioso

Tal disciplina nas escolas públicas é um tema complexo, portanto torna-se evi-dente a importância de abordagens equilibradas dentro do contexto das conquistas republicanas do Estado laico, liberdade religiosa e afirmação da pluralidade religiosa no país. Pelo uso de literatura como recurso de alusão aos diversos contextos históri-cos é possível uma melhor compreensão do assunto. Muitas pessoas ainda confundem Estado laico com Estado sem religião ou contrário à religião. O Brasil desde o período da República assumiu a postura em que seus habitantes têm o direito de assumir com liberdade sua leitura religiosa de mundo, mas o Estado não possui nenhuma forma de crença religiosa, ou seja, é um país laico.

O estado laico brasileiro foi oficializado pelo Decreto nº 119-A, de 07 de janeiro de 18908 e confirmado pela Constituição Republicana de 18919, que incluíram dispositivos

que explicitasse a separação igreja e Estado, substituindo o regime de padroado vigorante e a situação da Igreja Católica como religião oficial do país.

Os desdobramentos desta separação no Brasil não podem ser entendidos a parte da construção histórica vivenciada em diversos países que ganhou sombras maiores com o influxo da Reforma Protestante, da filosofia de Rousseau, do Iluminismo e do Positivis-mo de Comte. O principio resultante afirma que:

Há uma estreita conexão entre, por um lado, a luta dos movimentos pela Reforma contra o poder centralizado de Roma e a imagem do monarca como símbolo de Deus; e, por outro lado, a luta por desvencilhar a comunidade política dos grilhões de formas religiosas de legitimação e controle (BURITY, 2007, p. 25).

8 Veja íntegra deste decreto acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1851-1899/d119-a.htm. 9 Para ver a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 24 de fevereiro de 1891, acesse: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao91.htm.

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É por ocasião da Revolução Francesa que o conceito de Estado laico aparece com clareza prefigurando a delimitação da separação entre o temporal e espiritual, e marcan-do a continuidade da história da secularização impetrada no século XIX. O estamarcan-do laico sanciona “três princípios contidos no princípio da laicidade: a neutralidade do estado, a liberdade religiosa e o respeito ao pluralismo” (DOMINGOS, 2009, p. 51).

É inevitável rememorar que a compreensão de estado laico difere em muito de es-tado laicista. O eses-tado laicista, tal como exemplarmente adoes-tado pelos franceses, concer-ne na premissa da perspectiva de ateísmo concer-negando a presença do elemento transcendente, enquanto que o estado laico permite aos cidadãos professarem sua fé e crenças, todavia com Estado que não assume uma confissão religiosa. Essa compreensão de estado laico era reflexão constante nos discursos de Rui Barbosa10, jurista que elaborou o texto da

Constituição Brasileira de 1890, tendo na Carta de 1891 as nuances de seu espírito libe-ral justificando o sistema de governo pretendido com base no modelo norte-americano (ZIMMERMANN, 2007), afirmando que:

a Constituição dos Estados Unidos era o modelo que nos impunha. Fora dela só teríamos a democracia helvética, intransplantável para Estados vastos, e os ensaios efêmeros da França, tipo infeliz, além do oposto às condições de um país naturalmente federativo como o nosso (PINTO, 1997, p. 24).

Apesar de o jurista ser favorável à proposta do princípio norte-americano, a com-preensão que o Estado brasileiro assumiu foi oriunda da interpretação francesa. Mesmo esclarecidas as diferenças, há alguns que ainda consideram que o ensino religioso é in-compatível com um estado laico. Para tanto, o estudo da realidade francesa conduzido por Regis Debray11 a pedido do Ministro da Educação Nacional da França, datado de

fevereiro de 2002, aponta para que a tradição da laicidade francesa passe “de uma laicidade de incompetência (o religioso, por construção, não nos interessa) a uma laicidade de inteli-gência (é nosso dever compreendê-lo)” (GIUMBELLI, 2004, p. 58). A atual Constituição Brasileira12, em seu art. 5º, incisos VI a VIII afirma que:

VI — é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

VII — é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;

VIII — ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

10 Para ler acerca do legado político de Rui Barbosa acesse: http://www.achegas.net/numero/33/aug_ zimmermann_33.pdf.

11 Para ler na íntegra o documento acesse: http://www.iesr.ephe.sorbonne.fr/docannexe/file/3739/debray.pdf. 12 Para ver na íntegra acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm.

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Baseado em uma compreensão da Constituição e tomando em conta o reconhe-cimento “do fator religião na sociedade brasileira e de sua relevância para a compre-ensão da própria cultura” (SENA, 2007, p. 73), o ensino religioso tem em seu magis-tério o grande desafio de não interferir nas religiões e suas manifestações públicas, nas convicções pessoais daqueles que professam uma religião ou nenhuma, respeitando o ser humano em sua dimensão singular constituída e constituídora do social, a sua alte-ridade. Uma prática disciplinar coerente que transponha a questão da confessionalidade religiosa bem ajustada a laicidade do estado superando qualquer impasse na autonomia da compreensão do religioso e da própria educação são os rumos certos apontados para a construção identitária desta área de conhecimento.

o retorno do debate

De fato, sempre será válida a premissa de que o sistema educacional deve estar alinhado ao princípio de educação integral do ser humano; todavia, dada a complexidade do mundo atual marcado por uma crescente pluralidade religiosa, é imprescindível o conhecimento sério do fenômeno religioso e de suas múltiplas manifestações para a construção de relações que sejam fundadas no entendimento e diálogo entre todos os seres humanos.

Em pleno século XXI ainda há situações reais que reeditam a situação de domina-ção-subordinação no âmbito da religião, configurando uma busca de parâmetros circuns-tanciais que colaborem para a manutenção de conjuntos hegemônicos do século passado, como verificado por Queiroz (1988, p.79) em sua abordagem do tema:

Os grupos e a própria sociedade, ao se sentirem ameaçados, criaram configurações originais que lhes permitiram reafirmar uma personalidade própria. Estas configurações não provinham da pura fantasia, fosse essa individual ou coletiva; não se reduziam ao imaginário: constituíam uma realidade em si, suscetível de verificação e avaliação.

Ao ser adotado o ensino religioso confessional (orientado por uma doutrina reli-giosa) dentro do espaço público escolar aflora-se nesta prática muito mais que ideologias. Consequências recorrentes dessa realidade são: o fundamentalismo, proselitismo, ameaça à laicidade do estado e retrocesso histórico. Oferece-se assim ao estudante uma visão es-treita do mundo, compreensão provinciana da religião e uma busca pela formação de uma contracultura que ignora a historicidade do ser humano.

É verdade que nos dias atuais o termo “fundamentalismo” tem o seu conceito ampliado principalmente quando se tenta compreendê-lo fora do universo protestante estadunidense, mas em sua concepção matriz, este termo evidencia duas marcas: “a) a defesa da verdade religiosa contra os perigos da modernidade; b) relação entre religião e política em recuperar a base religiosa da sociedade” (VASCONCELLOS, 2008, p. 38–39). Essa concepção aplicada à educação evidencia a dimensão da militância religiosa em dar visibilidade aos seus projetos e pretensões.

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O proselitismo, além de expressar-se em dogmatismo resultando em discriminação so-cial, cultural ou religiosa, “parte da certeza de uma verdade única no campo religioso e ignora a diversidade. É, portanto, uma ameaça à igualdade religiosa” (DINIZ; et all., 2010, p. 29).

A confessionalidade no magistério do ensino religioso é em muitos momen-tos reivindicada por profissionais da Teologia, bem como a tarefa de formar os profissionais para atuar no ensino religioso, todavia é considerável manter a atenção voltada para a problemática decorrente dessa situação. Junqueira (2007, p. 24) abor-da sucintamente afirmando que

é preciso considerar que não há teologia a-confessional ou supra-confessional, isso porque a teologia sistematiza experiências religiosas e afirma em que os adeptos de uma denominação religiosa devem crer e como devem agir na organização de sua vida para, então serem considerados membros daquele grupo religioso.

Dada a importância da escola para as reflexões, promoção de princípios e valores centrais à democracia, e formação da cidadania, este “é um dos espaços privilegiados para a plena vigência da laicidade do Estado, dada a centralidade da educação para a cidadania” (DINIZ; et al., 2010, p. 11). Ao reivindicar a confessionalidade sobre o ensino religioso

no ambiente público escolar isto se torna uma ameaça à constituição cidadã do educando, como também um desafio à vigência de dois direitos básicos da nossa sociedade laica moderna: o respeito à liberdade de consciência e igualdade entre as religiões.

O ensino religioso, tal como as conquistas democráticas da nação brasileira, per-passou momentos de discussões acirradas, debates acalorados, movimentos sociais, bata-lhas judiciais, reformas educacionais e normatizações legais para ser regulamentado como área de conhecimento em rumos de maior clareza quanto aos seus fundamentos episte-mológicos, antropológicos, sociológicos, filosóficos e pedagógicos. Quando vitimado por embates ideológicos que tentam orientá-lo em sua confessionalidade no espaço público escolar ao invés de prosseguir como elemento constitutivo na sociedade moderna, o en-sino religioso retroage, tornando-se elemento instrumental de conquistas bárbaras em nome do evangelho, evidenciando um retrocesso histórico.

Junqueira (2007, p. 112) aponta a direção correta a ser percorrida quando diz que “passos significativos foram dados no embasamento legislativo do ensino religioso, resta muito a ser feito no sentido de propiciar avanços, principalmente no fazer cumprir o En-sino religioso no espírito da lei”.

Por mais que tenham sido tensas as relações entre igreja e Estado em seus momen-tos de aproximação e oposição ao longo da história, as conquistas republicanas no âmbito do direito apontam para a afirmação de que laicidade e religião não se contrapõem e não se postam como inimigas, pois enquanto a primeira legitima o pleno e livre exercício da religiosidade, quer individualizada ou institucionalizada, a segunda, na atuação do domí-nio das coisas espirituais e do fenômeno religioso em suas manifestações, contribui para o combate à intolerância, respeito às diferenças e distinção entre o temporal e espiritual.

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o acordo internacional Brasil e santa sé

Ao longo da jornada da construção de sua identidade e do estabelecimento de fundamentos para o reconhecimento de seu importante papel na formação cidadã dos educandos, o ensino religioso sofreu muitos entraves e foi objeto de intensos debates.

Surge em meio à caminhada da identidade pedagógica do ensino religioso o “Acor-do Internacional Brasil e Santa Sé”13 relativo ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil,

aprovado pelo Congresso Nacional através do Decreto Legislativo nº 698/200914 e

pro-mulgado pelo presidente da República através do Decreto nº 7.107/201015. O acordo

apresenta na redação do artigo 11 a seguinte declaração:

A República Federativa do Brasil, em observância ao direito de liberdade religiosa, da diversidade cultural e da pluralidade confessional do País, respeita a importância do Ensino religioso em vista da formação integral da pessoa.

§ 1º. O Ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, em conformidade com a Constituição e as outras leis vigentes, sem qualquer forma de discriminação (BRASIL, 2008).

Sendo assim, esse artigo em sua atual redação abre espaço para que o ensino reli-gioso seja ofertado em sua modalidade confessional, o que transformaria a escola pública em espaço de catequese e proselitismo religioso, católico ou de qualquer outra confissão, o que interfere na compatibilidade do estado laico brasileiro e o magistério do ensino religioso nas escolas públicas brasileiras (CUNHA, 2009, p. 272).

Muitas são as inquietações pedagógicas, acadêmicas, sociais e políticas advindas da assinatura deste acordo internacional bilateral, promovendo um clima de reaparecimento ou acirramento de conflitos, tendo a religião ou o ensino religioso como pano de fundo. Este panorama tenso é melhor apreendido no argumento de Domingos (2009, p. 65), quando aborda a temática “Religiões e diversidade cultural”, afirmando que é: “Na luta pelo poder e na construção das relações de dominação […] que diferenças até então con-sideradas irrelevantes sejam valorizadas de tal forma que se tornem obstáculos à própria convivência entre os grupos”.

É inegável a importância de se compreender a diferença entre particularismo reli-gioso e identidade, para não se incorrer em ideias que legitimem a confusão entre cultural e cultual, afinal a diversidade cultural de cada nação constitui-se em fonte de riqueza para a

13 Para ler o acordo na íntegra acesse: http://www2.mre.gov.br/dai/b_santa_04.htm.

14 Para ler acerca dos pareceres, votos e redação final na íntegra acesse: http://www.camara.gov.br/sileg/ prop_detalhe.asp?id=444773.

15 O Decreto n 7.107/2010 encontra-se na íntegra em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7107.htm.

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própria humanidade, sendo reconhecida e assegurada nas diversas declarações da Organi-zação das Nações Unidas (ONU), como também no Plano Nacional de Direitos Humanos. O polêmico artigo 11 tem promovido a manifestação dos mais variados movimentos acadêmicos, políticos, religiosos e sociais no sentido de reverter esse quadro, podendo configu-rar-se em uma longa batalha. Dentre essas manifestações, podemos destacar a declaração: “Ra-zões para não aprovação do artigo 11 do Acordo Internacional Brasil-Santa Sé”16, do Fórum

Nacional Permanente do ensino religioso (FONAPER), na qual explicita nove razões basea-das em elementos legislativos que conflitam com a perspectiva do ensino religioso conforme esboçado neste acordo bilateral. No segmento político a bancada evangélica movimentou-se no sentido de regulamentar e fazer aprovar a Lei das Religiões nº 5.598/200917, que propõe os

mesmos artigos do acordo, mas na versão evangélica tendo uma nova redação para o artigo 11, que corroborea com a legitimidade do estado laico e com os avanços legislativos referentes ao ensino religioso. No âmbito jurídico, a Procuradoria Geral da República propôs Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) no Supremo Tribunal Federal para restringir o ensino reli-gioso nas escolas públicas assentado nos termos do acordo do país com o Vaticano.

De fato, em muitos momentos aqueles que protagonizam o debate de uma proble-mática atual nem sempre são os que efetivamente poderiam contribuir para a compreensão adequada e apontamentos coerentes do objeto, mas sim pessoas que, com observações e dis-cursos infundados na plataforma correta, explicitam polêmicas desnecessárias, saudosismo histórico e se contrapõem à direção de uma construção imprescindível de uma sociedade.

Considerações finais

Não limitada à subjetividade e aos espaços físicos, o fato é que a questão religião em seu caminho de movimento histórico apresenta-se hoje mais enriquecida, o que a faz ocupar maior visibilidade no cenário mundial da sociedade.

É nesse complexo panorama que muito mais necessárias que apreensão conceitual usual, são as diretrizes vivenciais, e as mesmas apontam na direção de uma convivência pautada pela diminuição do preconceito, conflito e intolerância religiosa. Guerriero (2006, p. 17) assinala nesta direção ao afirmar o seguinte:

Não temos dúvidas de que o conhecimento sobre o outro, entendido como todo individuo ou grupo que partilha de um pensamento diferente do nosso, permite não apenas um convívio humano, fundamentado no diálogo, como também um aprendizado sobre nós mesmos.

No fundo, a trajetória histórica do ensino religioso demonstra como nesta caminha-da, em alguns momentos tal ensino serviu de instrumento de legitimação de projeto políti-co-pedagógico de dominação, de catequização de nativos, de debates entre igreja e Estado, 16 Para ver na íntegra o documento acesse o site: http://www.fonaper.com.br/. Na seção notícias Domingo, 31 de Maio de 2009 — 22:35hs.

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mas o fato a se confirmar é que atualmente é inconcebível compreendê-lo como algo pro-cedente de religião e das instituições religiosas. Isto seria desconsiderar sua caminhada e sua afirmação recente como conquista de uma nação laica ao reconhecer-se com raízes culturais diversas, que, entendida em essência, viabiliza a convivência e o pleno exercício da cidadania.

A inserção do ensino religioso na escola pública remonta a questões de dimensões históricas, culturais, políticas e econômicas, portanto o caminho de horizonte promissor indica que sejam deixadas de lado as concepções de dominação/hegemonia no âmbito religioso e que por vezes buscam protagonismo ideológico nas questões legais da nação, principalmente nas questões referentes à formação cidadã no ambiente escolar.

No ano (2010) em que foi celebrado o “ano brasileiro do ensino religioso”, notou--se através das publicações, seminários e congressos que os desafios para esta área de conhecimento referem-se à fundamentação epistemológica, formação legitimada de do-centes que resultará na construção efetivada da prática pedagógica, explicitando a signifi-catividade da função do ensino religioso para a formação do cidadão. Há muitas conquistas valiosas à espera da sociedade brasileira em seu avanço. Logo perguntamo-nos por que retro-ceder? A quem interessa esse retrocesso? O que ele legitimará?

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