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Moda contemporânea para mochileiros sob a influência dos movimentos da contracultura

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Academic year: 2021

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(1)

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE MODA

ELOISA MARIANO GONÇALVES DIAS

MODA CONTEMPORÂNEA PARA MOCHILEIROS SOB A

INFLUÊNCIA DOS MOVIMENTOS DA CONTRACULTURA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

APUCARANA

(2)

ELOISA MARIANO GONÇALVES DIAS

MODA CONTEMPORÂNEA PARA MOCHILEIROS SOB A

INFLUÊNCIA DOS MOVIMENTOS DA CONTRACULTURA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Tecnólogo em Design de Moda, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Alan Kardec

APUCARANA

(3)

Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Apucarana

CODEM – Coordenação do Curso Superior de Tecnologia em Design de Moda

TERMO DE APROVAÇÃO

Título do Trabalho de Conclusão de Curso Nº 203

Moda contemporânea para mochileiros sob a influência dos movimentos da contracultura

por

ELOISA MARIANO GONÇALVES DIAS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado aos vinte e quatro dias do mês de junho do ano de dois mil e dezesseis, às dezoito horas, como requisito parcial para a obtenção do título de Tecnólogo em Design de Moda, linha de pesquisa Processo de Desenvolvimento de Produto, do Curso Superior em Tecnologia em Design de Moda da UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A candidata foi arguida pela banca examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a banca examinadora considerou o trabalho aprovado.

______________________________________________________________

PROFESSOR(A) ALAN KARDEC DA SILVA– ORIENTADOR(A)

______________________________________________________________ PROFESSOR(A) ANA CLÁUDIA DE ABREU – EXAMINADOR(A)

______________________________________________________________ PROFESSOR(A) MARCELO CAPRE DIAS – EXAMINADOR(A)

“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso”.

(4)

RESUMO

DIAS, Eloisa Mariano Gonçalves. Moda contemporânea para mochileiros sob a

influência dos movimentos da contracultura. 2016. 149 P. Trabalho de conclusão

de curso (Tecnologia em Design de Moda)-Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Apucarana, 2016.

Esta pesquisa apresenta um breve parecer sobre os diferentes movimentos da contracultura que ocorreram pelo mundo e quais as influências exerceram ou ainda exercem nos dias atuais nas mais diversas áreas. Estes movimentos, em sua maioria, eram compostos por jovens que se manifestavam como forma de protesto a fatos ocorridos na sociedade que não condiziam com os seus ideais, tendo como armas principais, a arte e os próprios corpos. A fim de fortalecer os grupos, ou apenas para participarem das grandes festas, uma característica fundamental das pessoas envolvidas é que ao saber de novos protestos elas viajavam para onde for apenas com a roupa do corpo. É sobre este detalhe final que se complementa esta obra. Qual o tipo de vestuário mais adequado para os mochileiros? Como resposta para esta pergunta será desenvolvida uma coleção de vestuário que melhor atenderá tais “exigências”.

(5)

ABSTRACT

DIAS, Eloisa Mariano Gonçalves. Contemporary fashion for backpackers under

the influence of counterculture movements. 2016. 149 P. Completion of course

work in Fashion Design Technology at Paraná Federal University of technology, Apucarana, 2016.

This research presents a brief research about the various countercultural movements that occurred in the world and witch influences exercised or exercise nowadays in several areas. These movements mostly consisted of young people who went to the streets in protest to events in society that did not fit with their ideals, the main weapons were art and their own bodies. In order to strengthen the groups, or just to participate in large parties, a key feature of the people involved is that when they heard about new protests they traveled to where only the clothes of your own bodies. It is about this final detail that complements this work. What is the most appropriate type of clothing for backpackers? In response to this question will be developed a collection of clothing that best fit in such "requirements".

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Referência da loja física ... 47

Figura 2 - Referência de loja física ... 47

Figura 3 - Referência de loja física ... 48

Figura 4 - Logo 261 ... 49

Figura 5 - Referência de embalagem ... 50

Figura 6 - Referência de cartão de visitas ... 50

Figura 7 - Referência de tag ... 51

Figura 8 - Referência de público-alvo ... 52

Figura 9 - Painel de estilo de vida do público-alvo ... 53

Figura 10 - Macrotendência... 54

Figura 11 - Referência de formas ... 57

Figura 12- Painel Semântico ... 59

Figura 13 - Cartela de cores ... 60

Figura 14 - Cartela de materiais ... 61

Figura 15 - Cartela de aviamentos ... 62

Figura 16 - Geração de alternativas 1 ... 63

Figura 17 - Geração de alternativas 2 ... 64

Figura 18 - Geração de alternativas 3 ... 65

Figura 19 - Geração de alternativas 4 ... 66

Figura 20 - Geração de alternativas 5 ... 67

Figura 21 - Geração de alternativas 6 ... 68

Figura 22 - Geração de alternativas 7 ... 69

Figura 23 - Geração de alternativas 8 ... 70

Figura 24 - Geração de alternativas 9 ... 71

Figura 25 - Geração de alternativas 10 ... 72

Figura 26 - Geração de alternativas 11 ... 73

Figura 27 - Geração de alternativas 12 ... 74

Figura 28 - Geração de alternativas 13 ... 75

Figura 29 - Geração de alternativas 14 ... 76

Figura 30 - Geração de alternativas 15 ... 77

Figura 31 - Geração de alternativas 16 ... 78

(7)

Figura 33 - Geração de alternativas 18 ... 80

Figura 34 - Geração de alternativas 19 ... 81

Figura 35 - Geração de alternativas 20 ... 82

Figura 36 - Geração de alternativas 21 ... 83

Figura 37 - Geração de alternativas 22 ... 84

Figura 38 - Geração de alternativas 23 ... 85

Figura 39 - Geração de alternativas 24 ... 86

Figura 40 - Geração de alternativas 25 ... 87

Figura 41 - Geração de alternativas - Look 1 ... 88

Figura 42 - Geração de alternativas- Look 2 ... 89

Figura 43 - Geração de alternativas- Look 3 ... 90

Figura 44 - Geração de alternativas - Look 4 ... 91

Figura 45 - Geração de alternativas -Look 5 ... 92

Figura 46 - Geração de alternativas -Look 6 ... 93

Figura 47 - Geração de alternativas - Look 7 ... 94

Figura 48 - Geração de alternativas - Look 8 ... 95

Figura 49 - Geração de alternativas - Look 9 ... 96

Figura 50 - Geração de alternativas- Look 10 ... 97

Figura 51- Geração de alternativas - Look 11 ... 98

Figura 52 - Geração de alternativas - Look 12 ... 99

Figura 53 - Fichas Técnicas ... 101

Figura 54 - Fichas Técnicas ... 102

Figura 55 - Fichas Técnicas ... 103

Figura 56 - Fichas Técnicas ... 104

Figura 57 - Fichas Técnicas ... 105

Figura 58 - Fichas Técnicas ... 106

Figura 59 - Fichas Técnicas ... 107

Figura 60 - Fichas Técnicas ... 108

Figura 61 - Fichas Técnicas ... 109

Figura 62 - Fichas Técnicas ... 110

Figura 63 - Fichas Técnicas ... 111

Figura 64 - Fichas Técnicas ... 112

Figura 65 - Fichas Técnicas ... 113

(8)

Figura 67 - Fichas Técnicas ... 115

Figura 68 - Fichas Técnicas ... 116

Figura 69 - Fichas Técnicas ... 117

Figura 70 - Fichas Técnicas ... 118

Figura 71 - Fichas Técnicas ... 119

Figura 72 - Fichas Técnicas ... 120

Figura 73 - Fichas Técnicas ... 121

Figura 74 - Fichas Técnicas ... 122

Figura 75 - Fichas Técnicas ... 123

Figura 76 - Fichas Técnicas ... 124

Figura 77 - Fichas Técnicas ... 125

Figura 78 - Fichas Técnicas ... 126

Figura 79 - Fichas Técnicas ... 127

Figura 80 - Prancha look 1 frente e verso ... 128

Figura 81 - Prancha look 2 frente e verso ... 128

Figura 82 - Prancha look 3 frente e verso ... 128

Figura 83 - Prancha look 4 frente e verso ... 129

Figura 84 - Prancha look 5 frente e verso ... 129

Figura 85 - Prancha look 6 frente e verso ... 129

Figura 86 - Look confeccionado 1 ... 130

Figura 87 - Look confeccionado 2 ... 130

Figura 88 - Look confeccionado 3 ... 131

Figura 89 - Look confeccionado 4 ... 131

Figura 90 - Look confeccionado 5 ... 132

Figura 91 - Look confeccionado 6 ... 132

Figura 92 - Site 261 - Página inicial ... 133

Figura 93 - Site 261 - Página Quem somos ... 133

Figura 94 - Site 261 - Loja ... 134

Figura 95 - Site 261 - Carrinho de compras ... 134

Figura 96 - Catálogo capa e página 1 ... 135

Figura 97 - Catálogo páginas 2 e 3 ... 135

Figura 98 - Catálogo páginas 4 e 5 ... 136

Figura 99 - Catálogo páginas 6 e 7 ... 136

(9)

Figura 101 - Catálogo páginas 10 e 11 ... 137

Figura 102 - Catálogo páginas 12 e 13 ... 138

Figura 103 - Catálogo páginas 14 e 15 ... 138

Figura 104 - Catálogo contra capa ... 139

Figura 105 - Exemplo de penteado ... 140

Figura 106 - Exemplo de penteado ... 140

Figura 107 - Exemplo de maquiagem ... 141

(10)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Faixa etária ... 36

Gráfico 2: Sexo ... 36

Gráfico 3: Nível de escolaridade ... 37

Gráfico 4: Renda salarial mensal ... 37

Gráfico 5: Tipo de viajante ... 38

Gráfico 6: Preferência de compras ... 38

Gráfico 7: Número de viagens realizadas por ano ... 39

Gráfico 8: Tipo de viagens... 39

Gráfico 9: Tempo mínimo de viagem ... 40

(11)

LISTA DE TABELAS

(12)

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 15 1.1 PROBLEMA ... 16 1.2 OBJETIVOS ... 17 1.2.1 Objetivos Gerais ... 17 1.2.2 Objetivos específicos ... 17 1.3 JUSTIFICATIVA ... 17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 19 2.1 A CONTRACULTURA ... 19 2.1.1 Geração Beat... 21 2.1.2 Ken Kesey ... 23 2.1.3 Movimento hippie ... 25 2.1.4 Festival Woodstock ... 26 2.1.5 Maio de 68 ... 27 2.1.6 A Contracultura no Brasil ... 29 2.2 VIAJANTES ... 31 3 METODOLOGIA ... 35 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ... 35

3.2 COLETA E ANALISE DE DADOS ... 35

3.2.1 Pesquisa de campo ... 35

3.2.2 Análise dos dados ... 35

4 DIRECIONAMENTO MERCADOLÓGICO ... 43 4.1 EMPRESA ... 43 4.2 MARCA ... 43 4.3 CONCEITO DA MARCA ... 44 4.4 SEGMENTO ... 44 4.5 DISTRIBUIÇÃO ... 44 4.6 CONCORRENTES ... 44 4.6.1 Concorrentes diretos ... 44 4.6.2 Concorrentes indiretos ... 45 4.7 SISTEMAS DE VENDA ... 46 4.8 PONTOS DE VENDA ... 46

(13)

4.9 PREÇOS PRATICADOS ... 48

4.10 MARKETING ... 48

4.11 PROMOÇÃO ... 49

4.12 PLANEJAMENTO VISUAL E EMBALAGEM ... 49

4.13 PÚBLICO- ALVO ... 51

4.13.1 Painel de estilo de vida do público-alvo ... 53

4.14 PESQUISAS DE TENDÊNCIAS ... 53 4.14.1 Socioculturais – Macrotendências ... 53 4.14.2 Estéticas – Microtendências ... 54 5 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ... 55 5.1 DELIMITAÇÃO PROJETUAL ... 55 5.1.1 Necessidades Funcionais ... 55 5.1.2 Necessidades Estéticas ... 55 5.1.3 Necessidades Simbólicas ... 55 5.2 ESPECIFICAÇÕES DO PROJETO... 56 5.2.1 Nome da coleção ... 56 5.2.2 Conceito da coleção ... 56 5.2.3 Referências da coleção ... 56 5.2.4 Cores ... 56 5.2.5 Materiais ... 57 5.2.6 Formas e estruturas ... 57 5.2.7 Mix de coleção ... 57 5.3 PAINEL SEMÂNTICO ... 59

5.4 CARTELA DE CORES E CARTELA DE MATERIAIS ... 60

5.4.1 Cartela de cores ... 60

5.4.2 Cartela de materiais ... 61

5.4.3 Cartela de aviamentos ... 62

5.5 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS ... 63

5.6 ANÁLISE E SELEÇÃO JUSTIFICADA DAS ALTERNATIVAS ... 88

5.6.1 Look 1 - Aspectos contemplados ... 88

5.6.2 Look 2 - Aspectos contemplados ... 89

5.6.3 Look 3 - Aspectos contemplados ... 90

5.6.4 Look 4 - Aspectos contemplados ... 91

(14)

5.6.6 Look 6 - Aspectos contemplados ... 93

5.6.7 Look 7- Aspectos contemplados ... 94

5.6.8 Look 8 - Aspectos contemplados ... 95

5.6.9 Look 9 - Aspectos contemplados ... 96

5.6.10 Look 10 - Aspectos contemplados ... 97

5.6.11 Look 11 - Aspectos contemplados ... 98

5.6.12 Look 12 - Aspectos contemplados ... 99

5.7 FICHAS TÉCNICAS ... 100

5.8 PRANCHA DOS LOOKS ... 128

5.9 LOOKS CONFECCIONADOS ... 130

5.10 DOSSIÊ ELETRÔNICO ... 133

5.11 CATÁLOGO IMPRESSO ... 135

5.12 DESFILE ... 139

5.12.1 Planejamento para execução do make-up e hair ... 139

5.12.2 Produção de Stylling ... 141

5.12.3 Escolha de trilha sonora ... 141

5.12.4 Organização na sequência de entrada dos modelos na passarela ... 142

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 143

REFERÊNCIAS ... 144

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ... 147

(15)

1 INTRODUÇÃO

Para que se compreenda o que é contracultura, primeiro é necessário contextualizar o significado de cultura que, segundo o dicionário Aurélio (2000, p.197), “É o complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições, das manifestações artísticas, intelectuais, etc. transmitidos coletivamente e típicos de uma sociedade.”

Na sociedade moderna, a cultura já propagada denota um conformismo, onde o modo de viver deve ser seguido pela linhagem familiar que se segue. Esse conformismo, em se tratando de meados dos anos 60, dizia respeito ao amor pelo consumismo crescente, a propagação do “american way of life”, ou seja, o estilo de vida americano. Essa expressão foi muito utilizada durante a guerra fria (1945-1991) para separar capitalistas e socialistas. Essa expressão remete ao progresso e a economia crescente dos EUA na época, com essa prosperidade propagava-se a ideia de que todo indivíduo independente da sua condição de vida no passado, poderia aumentar sua qualidade de vida futura através de determinação e trabalho duro, ou seja, estimulava-se o trabalho competitivo nos países democráticos e ditos “superiores”.

No entanto, no meio dessa monotonia e conformismo se vê surgir uma geração sedenta por liberdade de expressão, buscando melhorias não no sentido material, mas internamente, buscando liberdade e autonomia acima de tudo para poderem se descobrir e seguirem seus caminhos. Esse foi o movimento chamado de “Contracultura”, criado por jovens de classe média alta que não queriam mais seguir o já predito ritmo que suas vidas deveriam tomar num sistema que alienava, e pregava o consumismo e individualismo. Jovens que buscavam acima de tudo um sentido para suas vidas.

O movimento de Contracultura teve seus tentáculos estendidos por todo o mundo. Nos EUA, seu berço, havia os Beatniks; poetas que buscavam vivenciar ao máximo as experiências transcrevendo-as no o papel. Também surgiu o movimento

hippie, onde jovens cansados de seguir uma sociedade individualista se

aglomeravam em comunidades alternativas com modo de vida cooperativo; nessa mesma época houve o mais famoso evento da história da Contracultura, o Festival de Woodstock, onde mais de 400 mil jovens se reuniram em busca de paz, amor e música.

(16)

No Brasil, o movimento de contracultura mais marcante foi a tropicália, tendo como seus maiores expoentes Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Por todo o planeta ocorreram manifestações de jovens que estavam tomando consciência e não concordavam mais com a sociedade em que viviam. Em 1968 esses movimentos explodiram por todo o mundo, sendo a mais conhecida dessas a greve de Maio de 68, quando houve uma paralisação geral na França.

Pode-se dizer que a maior influência deixada pela Contracultura são seus ideais: a vontade de conhecer o outro e a si mesmo. Para tal, nada melhor e mais empírico do que viajar; a melhor forma de presenciar uma diversidade de situações inusitadas e culturas diferenciadas, e que cada vez com menos gastos atrai milhares de pessoas ao redor do mundo dispostas a trocar vivências numa busca eterna pelo autoconhecimento.

Atualmente, percebe-se um mercado crescente para este tipo de viajantes aventureiros, denominados “mochileiros”, que, em geral, programam seus próprios roteiros e viajam com um tempo maior para se dedicar a questões internas, as aventuras e desafios. É evidente que a mochila de um mochileiro é muito diferente de uma mala de turista; o mochileiro carrega consigo somente o essencial, mas o fundamental para estar preparado para se adaptar às diversas mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que facilita a liberdade para mudar o rumo de sua viagem a qualquer momento. Sugere-se que a mala de um mochileiro deva ser composta por peças versáteis que possam ser adaptáveis as mais diversas situações que possam ocorrer, tendo em vista que mudanças repentinas de planos de viagens podem levá-los a lugares extremamente diferentes.

Pensando nisso, a proposta desse trabalho, além de ampliar o conhecimento cultural sobre a contracultura, é apresentar novas ideias de peças adaptáveis, de fácil manuseio e lavagem, que melhor se adequem as necessidades dos viajantes mochileiros.

1.1 PROBLEMA

Indaga-se até que ponto a moda como área de conhecimento, pode encontrar uma forma de valorizar o produto final, dando ênfase ao estilo e modo de vida de um mochileiro e priorizar suas necessidades.

(17)

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Pretende-se, a partir de pesquisas relacionadas ao tema, desenvolver uma coleção de roupas que melhor supra as necessidades dos viajantes - mochileiros.

1.2.2 Objetivos específicos

 Definir o que é o movimento de contracultura.

 Apresentar diferenças entre viajante mochileiro e viajante turista.  Explanar os ideais e modo de vida dos mochileiros

 Desenvolver uma coleção que traga versatilidade e praticidade, com peças de fácil lavagem e de fácil manuseio.

1.3 JUSTIFICATIVA

Com os diferentes movimentos e protestos ocorridos pelo mundo, com o passar dos anos é possível ver uma “reformulação” referente aos costumes de uma sociedade, e uma delas, na atualidade, acredita-se ser oriunda dos movimentos de contracultura e do atual sistema econômico mundial, é que diferente de antigamente (início do século XX) as pessoas têm tido, não só mais a oportunidade de viajar, como também preferido levar uma vida mais aventureira. Em muitos casos, principalmente entre os jovens, este tem sido um novo modelo de vida a ser seguido. Estes acreditam que é mais válido adquirir experiências de vida viajando, do que simplesmente experiências profissionais fechados em um escritório, são os ditos “mochileiros”.

A cultura dos mochileiros se intensifica à medida que se intensificam esses movimentos e também se inspira, entre outras coisas, e mesmo que inconscientemente, nos ideais propagados pela contracultura. Basta acessar a internet para ver a quantidade de sites, blogs e fanpage especializadas neste assunto, onde é possível perceber a quantidade de jovens, e também pessoas mais experientes, querendo mudar seu estilo de vida. Esta é a razão que nos leva a

(18)

acreditar na importância do tema, uma vez que as preocupações fundamentais desse público são: tipo e quantidade de roupa que se deve levar, legitimando então a relevância deste trabalho. Deve-se considerar ainda que o tema central da pesquisa é pouco explorado se relacionarmos ao design e produtos de moda.

(19)

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A CONTRACULTURA

O termo contracultura foi inventado pela imprensa norte americana para denominar o conjunto de manifestações que estavam surgindo na época. Este movimento surgiu na década de 1960, momento em que os Estados Unidos passava por um período pós-guerra, corrida armamentista, o acirramento das lutas raciais com a guerra do Vietnã, e o assassinato do líder negro Martin Luther King Jr. Nesse momento, alguns brancos de classe média que possuíam acesso facilitado à cultura, optando por não se conformar com o cenário político da época começaram a buscar por outras alternativas.

É importante lembrar que nesse período os EUA ainda era um país muito separatista e os negros, em passos lentos, estavam começando a ganhar seus direitos, mas que por serem símbolo de rebeldia os jovens negros passaram a ser um importante aliado destes jovens brancos inconformados que aos poucos foram absorvendo sua cultura, principalmente a musicalidade.

Para Mayara et al. (2009), os movimentos de contracultura podem ser definidos como um grande movimento revolucionário que buscava contestar os tabus culturais e morais que ocorriam naquele momento:

O desencadeador desses movimentos foi um grande descontentamento com alguns postulados políticos do marxismo, e uma crise existencialista que exigia uma revisão das relações sociais que ampliassem seus espaços de participação. (MAYARA et al. 2009).

Com o aumento de cursos superiores, os jovens encontraram neste movimento um meio para discutir os seus ideais e passaram a utilizar os meios de comunicação como uma forma de difundi-los com o restante do mundo. Assim o movimento que nascia nos EUA começou a dar as caras na Europa.

Para Carmo (2001) a contracultura era como um antídoto, uma forma de questionar a sociedade que estava vigente neste período:

Diferentemente da prática política dos partidos tradicionais, deu-se início a uma nova forma de contestação e mobilização social. (…) A recusa radical da juventude aos valores convencionais entrava em cena com grande alarde. Cabelos longos, roupas coloridas, misticismo oriental, muita música e drogas. Umas séries de manifestações culturais novas refletiam e

(20)

provocavam novas maneiras de pensar, modos diferentes de compreender e de se relacionar com o mundo e com as pessoas. (CARMO, 2001, p. 51).

Após o período da Segunda Guerra ( 1939-1945) o mundo passava por uma expansão econômica global muito grande, os jovens nascidos neste período, denominados baby boomers, demonstravam grande insatisfação ao, até então, super elogiado american way of life, a cultura de consumo e aquisição e a forma

repressiva da cultura ocidental, se manifestaram então através de movimentos pacifistas da arte e da música.

Mesmo com todos os acontecimentos que permeiam os movimentos de contracultura, eles não obtiveram muito sucesso na luta política, mas conseguiram realizar transformações sócio-culturais, então passaram a buscar o espaço que necessitavam na arte.

Os primeiros indícios da contracultura surgem com a Geração Beat, formada por poetas anti-intelectualistas com tradições boemias, porém, foi através da música que os movimentos mais reconhecidos surgiram. São desta época os grandes concertos musicais como Woodstock e Altamont.

Para Pereira (1983), há duas definições diferentes para o termo, que além de ser usado para definir um movimento específico, pode também ser pensado de forma conceitual referindo-se a diversos episódios e movimentos distintos:

De um lado, o termo contracultura pode se referir ao conjunto de movimentos de rebelião da juventude [...] e que marcaram os anos 60: o movimento hippie, a música rock, uma certa movimentação nas universidades, viagens de mochila, drogas, orientalismo e assim por diante. E tudo isso levado à frente com um forte espírito de contestação, de insatisfação, de experiência, de busca de uma outra realidade, de um outro modo de vida. [...] De outro lado, o mesmo termo pode também se referir a alguma coisa mais geral, mais abstrata, um certo espírito, um certo modo de contestação, de enfrentamento diante da ordem vigente, de caráter profundamente radical e bastante estranho às formas mais tradicionais de oposição a esta mesma ordem dominante. Um tipo de crítica anárquica [...] (PEREIRA, 1983, p. 73).

O movimento beat, por sua vez encaixa-se muito bem na segunda utilização do termo sugerida pelo autor, ou seja, não se caracteriza por um movimento especifico, mas sim por um conjunto de ideais que vão contra o sistema, de uma forma não convencional.

(21)

A Geração Beat em conjunto com o movimento hippie, o maio de 68 e a Tropicália são históricos acontecimentos que fazem parte dos movimentos de contracultura no mundo.

2.1.1 Geração Beat

Dentre todas às definições pesquisadas, acredita-se que esta seja a mais sucinta e clara estabelecida para a Geração Beat:

Foi um movimento literário originado em meados dos anos 1950 por um grupo de jovens intelectuais que estava cansado do modelo quadradinho de ordem estabelecido nos EUA após a Segunda Guerra Mundial. Com o objetivo de se expressarem livremente e contarem sua visão do mundo e suas histórias, esses escritores começaram a produzir desenfreadamente, muitas vezes movidos a drogas, álcool, sexo livre e jazz. (SANT’ANA

THAIS, 2015)1.

Acredita-se que dois grupos Beats existiram, o primeiro que teve seu início na década de 1940 em Nova York, e o segundo que passou a ser mais notados em 1950 em São Francisco. Ambos os movimentos usaram a arte para se comunicar através da música e da literatura, mas no segundo, além destas formas de expressão, passaram também a se aventurar pela pintura.

Seus integrantes ficaram conhecidos como Beatniks, nome que remete ao satélite russo Sputnik, primeiro satélite lançado pela terra; e beat, que remete a ritmo, tanto musical quanto de escrita, mas também tem uma conotação depressiva, como em beat (en), o que faz jus ao título de geração maldita “depressiva”.

Como características marcantes os Beats levavam tudo com muita intensidade, tinham uma escrita compulsiva, e eram marcados pela linguagem informal e cheia de palavrões. Essa geração sempre visou levar ao público temas polêmicos como o homossexualismo, o uso de entorpecentes e o sexo livre.

Para entender realmente a geração beat é necessário contextualizar um pouco. Na época os EUA prosperavam num pós-guerra, exibiam seu “way of life” para o resto do planeta, contudo ,em meio à guerra fria com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), a geração que viria a ser Beat tinha famílias que passaram pela grande depressão dos anos 30 viajando de trem a procura de

1 O que foi a geração Beat. Revista Mundo Estranho edição 116. Disponível em: <http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-foi-a-geracao-beat>. Acesso em:14 set.2015)

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emprego. Tinham um não-conformismo correndo pelo sangue, eram jovens que se conheceram dentro e fora das universidades, cruzando o país, recitando poemas em galerias, interessados em autores pouco ortodoxos. Era uma geração inquieta que não pretendia mudar o mundo, mas sim achar seu lugar como indivíduo na sociedade.

Há quem acredite que este movimento não teve muita importância para os movimentos de contracultura, estes afirmam que eram somente bêbados escutando música e escrevendo coisas sem nexo. Por outro lado, arrisca-se em dizer que a Geração Beat tenha sido o precursor a dar o pontapé inicial em todos os movimentos de contracultura que surgiriam posteriormente.

Considerado por muitos como o pai da geração Beat, Jack Kerouac, autor do livro “On the Road”, best-seller autobiográfico símbolo dos Beatniks, narra sua viagem de sete anos cruzando os Estados Unidos, cheia de encontros e desencontros com outros autores e personalidades da contracultura como, por exemplo, Ken Kesey, Neal Cassady, Allen Ginsberg.

Devido ao abusivo uso de anfetaminas, trancado em seu quarto, Kerouac o escreveu em três semanas, apenas com uma máquina de escrever e dois rolos de papel, não havendo a menor preocupação com parágrafos ou pontuação, aliás, característica marcante dos autores da geração Beat.

Essa forma única e envolvente de escrita foi denominada pelo próprio de “prosa espontânea”, algo como um fluxo de consciência regado a benzedrina e jazz.

O que marcou Kerouac e, consequentemente, toda essa geração foi a vontade de viver, ampliando os caminhos conhecidos da mente e os capturando através da escrita. Para isso ele se jogou em viagens através dos EUA e do México, e em 1943, em plena guerra, realizou perigosas viagens entre Boston e Liverpool, buscando autoconhecimento e trocas de experiências enriquecedoras. Como o mesmo disse em “On The Road”:

(...) porque, para mim, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo, aqueles que nunca bocejam e jamais dizem coisas comuns, mas queimam, queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício, explodindo como constelações em cujo centro fervilhante — pop — pode-se ver um brilho azul e intenso até que todos “aaaaaaah!” (KEROUAC, 2010, p. 25).

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Essa sede pela vida marcante nas obras dos poetas Beats, está cada vez mais presente nos dias atuais.A não-conformidade dos Beats é compartilhada por diversas gerações que buscam encontrar seu lugar no mundo. Atualmente, cada vez mais jovens tem abandonado a estabilidade para se juntar aos “loucos pela vida”. Isso é ampliado devido a facilidade de acesso à informação. A troca de experiências que as viagens proporcionam é um meio de aprendizado que não tem como ser ensinado de outra forma. Aprendizado sobre culturas e costumes, mas muito mais sobre nós mesmos e qual o nosso papel no mundo:

Uma coisa é fato: cada vez mais pessoas estão abandonando carreiras promissoras, vagas de emprego disputadas e caindo na estrada e não há nenhuma, até hoje, que se arrependa de ter feito isso. Enquanto a famigerada geração Y corre atrás do tão sonhado status quo, há quem acredite que não encontrará sua felicidade até estar perambulando pelos meridianos. (STURZBECHER, 2015).

Mediante a estas colocações é possível aceitar a afirmação de que a Geração Beat foi o ponta pé inicial para uma série de revoluções que surgiriam nas décadas seguintes, como o movimento hippie e o maio de 68.

2.1.2 Ken Kesey

Ken Elton Kesey foi um intelectual e escritor engajado na causa hippie ficou mais conhecido após a publicação de seu primeiro livro “Um estranho no ninho”, pelo qual ganhou muitos prêmios. Livro este que foi escrito no período em que foi voluntário de um programa governamental secretamente financiado pela CIA (Central de inteligência Americana)que estudava o efeito de drogas psicoativas.

Apesar de surgir como um escritor durante o movimento beat, Kesey é definido como um grande difusor da cultura hippie e pregava a expansão da mente como melhoria de vida.

Inconformado com o conservadorismo vigente, Kesey achava que era necessário então mudar toda a corrente de pensamento dos jovens daquela época, ele queria ir além e optou por fazer da sua vida sua grande “viagem”. Com o dinheiro que estava recebendo pelo sucesso de seu livro ele compra um refúgio em São Francisco, e faz dali uma grande comunidade e o lugar ideal para difundir o uso do Ácido Lisérgico Dietilamida (LSD), vale ressaltar que neste período a droga não era ilegal, estava inclusive sendo muito utilizada em testes psiquiátricos.

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Durante anos Kesey recebia em seu refúgio pessoas de todos os lugares que estivessem interessadas em “expandir sua mente”. Em suas festas hippies, Ken costumava deixar um ponche para os convidados cuja receita era; para cada litro de suco de laranja um quarto de LSD. Leituras de poemas e sons faziam com que essas festas durassem por muito tempo.

Para a divulgação de seu segundo livro ele comprou um ônibus escolar e o utilizou como pano de fundo pintando a sua lataria com cores vibrantes e motivos psicodélicos, além de instalar aparelhagem sonora e uma câmera para fazer registros de tudo que aconteceria ali. No espaço para indicação colocou a palavra “Furthur”, junção das palavras “further” e “future”, que em tradução livre seria a junção das palavras além e futuro.

Tendo como lema “Turn on, Tune in e drop out que em tradução livre seria; se ligue, entre na onda e caia fora, Kesey acreditava que a estrada era o palco ideal para o surgimento de um novo universo e saiu com seus amigos em seu ônibus percorrendo cerca de 20.444 quilômetros com a intenção de fazer com que o maior número de pessoas experimentassem a droga. Acompanhado de amigos e pessoas próximas como o também escritor Tom Wolfe, que escreveria mais tarde a biografia de Kesey, e Neal Cassady que embarcou nessa viagem como motorista do ônibus, outro grande nome da geração beat que teria sido inspiração para o Dean Moriaty de On The Road. Então, a partir desse momento o teste do ácido do refresco elétrico acaba de nascer.

Para entender melhor a atmosfera do momento em que viviam, seus ideais e novo jeito de olhar as coisas, aqui vai um trecho do livro “The Eletric

Kool-aid acid test”, a biografia de Ken Kesey escrita por Tom Wolfe:

– … mas quer saber? As pessoas estão começando a enxergar a verdade através da rede de jogos que cobre o mundo. Não só os hippies e essa turma, mas todo tipo de gente. Pega a Califórnia, por exemplo. Sempre existiu essa pirâmide…

[...] Aqui, O Contestador traça no ar a forma de uma pirâmide com as mãos e eu observo, fascinado, a caixa de plástico com a escova de dentes rebrilhando enquanto desliza por uma das faces da pirâmide.

[…] estão transcendendo toda essa bosta – afirma O Contestador, e sua voz é séria, limpa e doce como a do orador de uma cerimônia de formatura na faculdade, como se estivesse apenas dizendo oxalá no ano vindouro os

formandos possam também recordar nosso lema: “transcender toda essa

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O que Kesey jamais imaginou foi que, a partir daquele momento, a sua psicodelia, seus meios de expandir a mente e viver em comunidade seriam algo transformador, levando jovens de todos os lugares do mundo a se unirem em favor de um ideal, em busca da paz e do amor, dando grande força assim ao movimento denominado hippie.

2.1.3 Movimento hippie

Na década de 60 cada vez mais questionamentos começaram a surgir, os jovens não acreditavam mais no modelo econômico e político, não queriam prestar serviço militar e o conflito entre as gerações ficava cada vez mais evidente, com todo esse descontentamento e insatisfação começa a surgir na Califórnia o movimento hippie, movimento até então mais conhecido da contracultura.

Sousa (2014) afirma que “Em sua maioria jovem, os hippies abandonavam suas famílias e o conforto de seu lar para se entregarem a uma vida regada por sons, drogas alucinógenas e a busca por outros padrões de comportamento”. Mas os jovens que participavam do movimento não se portavam como drogados alheios aos acontecimentos ao seu redor, inclusive, essa geração é a grande responsável por discutirem fortes questões políticas e culturais e também levá-las a público como a invenção da pílula anticoncepcional dando mais autonomia a mulher.

Tendo sua maior concentração na cidade de São Francisco na Califórnia, os jovens passaram a ser considerados grandes formadores de opinião. Provenientes de todas as classes sociais acreditavam que o paraíso seria encontrado durante a vida, daí surge um de seus também famosos lemas, o

Paradise Now, que em tradução livre significa; o paraíso é agora.

Existia um grande questionamento existencial, que acreditavam ser sanados por mestres espirituais do oriente, seguindo então o budismo e o hinduísmo, apreciavam o uso de drogas, pregavam o amor livre e a não violência, e acima de tudo valorizavam a natureza. Pois a partir do momento em que esses jovens renunciavam o capitalismo, passavam a morar juntos em comunidades vivendo de alimentos que colhiam de suas hortas e artesanatos que produziam.

Vestidos com seus jeans adquiridos em brechós, camisas indianas, roupas coloridas de algodão, barbas por fazer e cabelos longos, pode-se afirmar que

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os hippies viviam em seu mundo colorido com protestos pacíficos e o famoso hábito de distribuir flores. São eles os responsáveis pela famosa frase “paz e amor” que melhor representou essa filosofia.

Os hippies eram almas livres e como estavam insatisfeitos com a sociedade vigente buscavam se descobrir começando então a viajar em busca deste autoconhecimento, com cada vez com menos bagagens físicas e mais bagagens psicológicas para facilitar a locomoção.

Percebe-se então uma forte ligação dos hippies com os mochileiros e viajantes atuais que buscam a mesma coisa, menos conforto e mais respostas para as questões fundamentais da vida, conhecendo novas culturas e compartilhando conhecimento.

2.1.4 Festival Woodstock

O mais marcante evento de contracultura foi o “Festival de música e arte Woodstock”, o festival mais conhecido de todos os tempos que carregava logo no seu nome os lemas da contracultura “Uma Exposição Aquariana: Três dias de paz, amor e música”, fazendo referência a Era de Aquário - a chegada de uma nova consciência moral, psicológica e social.

O festival que aconteceu em agosto de 1969, estava previsto para acontecer em Woodstock, mas meses antes os moradores de Woodstock se opuseram ao evento e um novo lugar teve que ser definido às pressas. O local escolhido foi uma fazenda na cidade de Bethel que fica localizada a cerca de 160 quilômetros de Nova York, pouco mais que uma hora do local onde originalmente seria o festival. Um fazendeiro cedeu sua propriedade para o evento afirmando que "a distância entre as gerações teria que ser encurtada, nós, as pessoas mais velhas, deveríamos fazer mais do que tínhamos feito até aquele momento2.

O festival foi organizado por quatro jovens que, acima de tudo, tinham a intenção de também questionar a sociedade e mostrar a oposição a vida massificada e celebrar a liberdade. Era um evento de três dias para cerca de 200 mil pessoas com ingressos vendidos aproximadamente a 20 dólares. No entanto o que aconteceu foi que o festival reuniu quase meio milhão de pessoas que acabaram

2 Vídeo com o fazendeiro sobre o palco falando na festa. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=a8eiL25BjkY>

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derrubando as cercas da propriedade do fazendeiro Max Yasgur, transformando os três dias em mais de uma semana de festival grátis para aqueles que ali conseguiram chegar. Estradas foram bloqueadas e havia quilômetros de congestionamento, fazendo com que aqueles que queriam chegar ao local abandonassem seus carros no caminho e seguissem a pé em busca da música e da liberdade.

O evento trouxe vários nomes importantes da música, dentre eles estão Janis Joplin, The Who, Jimi Hendrix, Jefferson Airplane, Sweetwater, Creedence Clearwater Revival e Joe Cocker. Com apresentações históricas que são celebradas até hoje, sendo que alguns desses músicos devem grande parte da sua fama àquele evento que mais tarde entraria pra história mundial.

A forma como o evento expôs a liberdade de expressão, a mensagem de paz que ele conseguiu passar apresentando além de músicos excepcionais, drogas, sexo livre e nudismo chocou os conservadores que tinham costumes e valores tradicionais, ou seja, o mundo todo na época.

Apesar da superlotação de pessoas, das condições precárias para um evento desse porte, a chuva forte que caía e os contratempos existentes, não houve pânico nem violência no evento, fazendo jus a nova consciência da Era de Aquário. Mães levaram suas crianças ao festival, e houve inclusive o nascimento de duas crianças no evento.

O que se sabe de negativo sobre o festival é que morreram três pessoas, uma por overdose, uma por crise de apendicite e a última adormeceu e foi atropelada por um trator da fazendo após o evento.

2.1.5 Maio de 68

Outro grande acontecimento se deu no ano de 1968 que foi marcado mundialmente por muitas revoluções e protestos, países como a Alemanha, o Japão e a Tchecoslováquia tomavam consciência do poder que os jovens tinham naquele momento e realizavam manifestações e protestos sobre o descontentamento que sentiam em relação à cultura vigente.

No dia 2 de maio de 1968, os estudantes franceses da Universidade de

Nanterre na França, realizaram um protesto contra a divisão dos dormitórios entre

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da faculdade, o reitor então reagiu fechando a faculdade durante o mês inteiro. Aproveitando este momento, os estudantes franceses decidiram se manifestar contra a rigidez que permeava o sistema educacional e a Universidade de Sorbonne, também francesa, se juntaram aos protestos. A partir deste momento começaram a surgir movimentos em diversas universidades de países da Europa e também das Américas.

A partir de então os estudantes franceses passaram a exigir a renúncia do presidente Charles de Gaulle e a pedir a convocação de eleições gerais. No dia 18 de maio vendo a enorme motivação e vontade dos estudantes os trabalhadores decidiram se juntar a greve, mais de 10 milhões de operários cruzaram os braços ocupando as fábricas erguendo bandeiras e deixando seus gerentes em cativeiros. As exigências que faziam eram sobre melhores condições de trabalho, uma remuneração mais justa e menos horas de trabalho.

Diariamente, milhares de estudantes saíam em passeata, mas a polícia reagia com muita violência, milhares de pessoas se fechavam em barricadas que eram invadidas pela polícia usando gás lacrimogêneo. Estas batalhas eram repetidas quase que diariamente durante o mês de maio, as ruas sediaram cenas de brigas entre estudantes e policiais inacreditáveis. Com os slogans é “proibido proibir” e “prazer sem restrições”, a partir daquele momento, aconteceu uma paralisação geral do país.

O governo e a mídia se esforçaram para retratar arruaceiros, mas a forma como a polícia agia deixava a população geral cada vez mais chocada, o então presidente Gaulle que estava refugiado em uma base militar alemã tentou de todas as formas retomar o controle, prometendo um abono de 35 por cento e convocando novas eleições, que viriam novamente ser vitoriosas para ele e seu partido.

Possivelmente o maio de 68 não intervirá no desenvolvimento da coleção, mas julgou-se necessário o seu registro por se tratar de um forte exemplo da força e união da contracultura naquele período. Este movimento pode ter fracassado politicamente, mas as transformações sociais que este período deixou foram marcantes, uma revolução de pensamentos ali foi instaurada, sendo um dos grandes responsáveis por mudar as relações entre as minorias na França.

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2.1.6 A Contracultura no Brasil

Considerando tudo o que foi apresentado até aqui, pode-se concluir que os principais movimentos de contracultura no mundo tiveram seu início ou ganharam forças na década de 1960, e no Brasil não foi diferente. No momento em que o mundo passa por essa fase delicada, o Brasil também tem seu momento de dificuldade e limitações sobre a liberdade de expressão devido a implementação da ditadura militar que ocorreu em 1964:

As condições que deram origem á contracultura no EUA, também estavam presentes no Brasil no final dos anos 60, ainda que em escala menor. De um lado a consolidação de uma classe media urbana, e junto a ela a disseminação de valores burgueses expressos pelo consumismo e pelo internacionalismo cultural, de outro, a estruturação de uma tecnoburocracia. (PEREIRA, 1982, p. 129).

Para Capellari, a contracultura aqui foi difundida através das artes e das mídias independentes, um grande responsável por contestar o regime militar e o capitalismo foi o jornal “Pasquim”, um dos principais jornais a fazer oposição a ditadura aqui instaurada:

Nessas condições as formas pelas quais a contracultura se difundiu no Brasil foram bastante peculiares, não podendo contar com um dos elementos que as distinguiram nos EUA e na Europa: As grandes manifestações culturais de repúdio ao sistema, limitando-se assim, a

incorporação de um novo ”estilo de vida”, a partir de seus referenciais

estéticos e intelectuais introduzido por intermédio das artes plásticas, da literatura, da música e de jornais como O Pasquim. (CAPELLARI, 2007. p 9).

Considerada também como uma grande porta de entrada para a contracultura no Brasil surge então um movimento contestador e vanguardista denominado Tropicália, liderado pelos cantores Caetano Veloso e Gilberto Gil. A relação deste movimento com a contracultura estava nos valores utilizados, que buscavam transgredir a sociedade através de canções que ironizavam o sexo livre e o estilo de vida vigente.

Mas devido ao momento que o país passava toda e qualquer forma de manifestação passou a ser proibida, a polícia militar procurava restringir toda e qualquer forma de oposição através de violência, ocasionando assim, após o decreto da AI-5, o fim da tropicália:

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A adoção do Ato Institucional n°5 (AI-5) pelo governo militar no país em Dezembro de 1968 marcou o fim do Tropicalismo já que seus principais expoentes, Caetano Veloso e Gilberto Gil, partiriam para o exílio. Em 1973, Caetano lançou o disco "Araçá Azul", uma obra experimental que aglutinou os principais elementos tropicalistas, mas, numa das fases mais repressivas da ditadura militar brasileira, ela teve pouco impacto. Mesmo durando pouco mais de um ano, o Tropicalismo causou um profundo impacto na canção popular no Brasil e abriu espaço para o surgimento de novas vertentes musicais nacionais que procuraram de forma inovadora atualizar a canção popular brasileira. (ANAZ SILVIO, 2014).

Nota-se então, que a contracultura e todos os movimentos que a permeiam, foram totalmente revolucionários e inovadores para o momento cultural e social que o mundo estava passando, jovens de todas as partes do mundo representavam a sua indignação através da valorização do corpo e das emoções, e buscavam a mudança que achavam ser necessária.

A juventude de todas as partes do globo estava mesmo que inconscientemente, unidas por um único objetivo, o desejo de ser livre. Desejo este de mudança que continua sendo uma forte influência para a juventude atual, que busca, sobretudo, viajar, conhecer novas culturas e obter o conhecimento necessário de vida.

Como vimos até aqui, a liberdade que a contracultura pregava era antes de tudo individual e livre de qualquer preconceito. Não seguir um modelo de vida social imposto incentiva sempre a descoberta de um meio de vida que funcione para o indivíduo e para isso ele precisa se conhecer para saber o que é melhor para ele.

Observou-se em uma publicação de Macedo (2006, p.77) publicada pelo jornal alternativo Presença, que o desejo de viajar com pouca bagagem, e o desejo de conhecer o mundo, surge nos movimentos de contracultura, momento em que os jovens percebem o poder que tem sobre sua vida e seus pensamentos:

Já não é preciso ser milionário pra dar a volta ao mundo. Já existe toda uma geração que está viajando no dedo. Com uma mochila nas costas e muito pouco dinheiro no bolso. A estrada é uma linguagem tão importante quanto qualquer das linguagens que vêm sendo experimentadas pela nossa geração. (BIVAR apud MACEDO, 2006, p. 77).

Viajar foi um dos pontos importantes para as rotas de transmissão de conhecimento. O que anteriormente só acontecia entre metrópole e colônias, entre centro e periferia, através das viagens, passou a ocorrer migrações multidirecionais,

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entre pessoas que circulavam por todos os continentes, mas dessa vez, não passando somente pelas capitais da contracultura. Enquanto a mídia proporcionava uma experiência compartilhada à distância, os hippies, viajantes e mochileiros faziam o contato direto e um exemplo que ilustra bem esse contato e troca de

experiência local, ocorre na cidade do Crato, sertão do Cariri (Ceará), como não havia televisão e a estação de rádio era sediada no próprio município, essa troca, ocorrera pelo contato entre os moradores com mochileiros adeptos desse ideário que passavam por lá e trocavam informações. Em uma entrevista, realizada pelo escritor Roberto Marques pode-se perceber a influência do mochileiro como fonte de admiração e inspiração para jovens artistas:

Os sacoleiros, os mochileiros que circulavam pelo mundo inteiro, passavam aqui no Crato, armavam sua barraquinha na Sé, passavam uma semana. Eram músicos, pessoas Alternativas, remanescentes que já vinham circulando o mundo que tinham passado por woodstock, tinham estado em Woodstock. E o Crato recebeu esse tipo de influencia muito pura. Por isso acho que o movimento cultural daqui tem essa resistência [...] a gente recebeu muita informação forte, de fontes verdadeiras dos anos 70, apesar de que aqui era Nordeste, era isolado. (MARQUES. 2004, p. 79)

Com esta última referência é possível notar forte ligação entre os movimentos de contracultura com os viajantes mochileiros, movidos por um crescente desejo de inovação e mudança.

2.2 VIAJANTES

Atualmente é possível perceber que as pessoas têm se incentivado cada vez mais a viajar, seja nas férias em família ou até mesmo em aventuras sozinhas ou com os amigos. O que observa-se com a crescente globalização é que agora há uma facilidade de acesso sobre um todo, e que com o aumento de informações sobre novos lugares tem despertado os mais variados interesses ampliando cada vez mais o número de viajantes.

Com isso, várias formas de viajar têm surgido, das mais econômicas as mais caras, pacotes para todos os bolsos ou viagens sem pacotes programados, para Oliveira:

Existem muitas maneiras de classificar o mercado turístico sob diferentes perspectivas, como o modo de organização da viagem, a afluência dos turistas, o grau de institucionalização, os aspectos motivacionais, o nível

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econômico e os tipos comportamentais, entre outras (...) (OLIVEIRA, 2005, p. 398).

Portanto, com uma breve busca pela internet se pode achar todo tipo de informação sobre determinado lugar, o que faz da vontade do viajante fator determinante do tipo de viagem que ele irá escolher. Companhias aéreas e empresas de turismo oferecem os mais variados tipos de pacotes para sua necessidade com pagamento facilitado possibilitando a todos a tão sonhada viagem de férias ou feriado. Enfim, viajar deixou de ser algo para os mais abastados.

Com todas essas facilidades pode-se dizer que há uma grande quantidade de viajantes, sejam eles tradicionais ou mochileiros.

Pode-se então definir como viajantes tradicionais ou turista atual, àqueles não querem passar nenhum tipo de imprevisto ou dificuldade, muitas das vezes optam por um prestador de serviço que acaba unindo tudo em um pacote para que não haja dor de cabeça e preocupação no decorrer da viagem. Estes optam, em geral, por um hotel confortável com a vista mais bonita, e próxima aos pontos turísticos para que ele tenha acesso facilitado em suas visitas. O grande interesse aqui é conhecer os pontos turísticos e ter as suas merecidas férias, ou seja, descansar a mente sem grandes preocupações.

Já o mochileiro representa a tradução livre do termo “backpacker”, que foi introduzida por Pearce em 1990, para torná-los diferentes de outros turistas.

Ser mochileiro é mais do que uma forma diferente de viajar, é um estilo de vida. Mochileiros, em geral, carregam uma grande vontade de conhecer o mundo e, consequentemente a si mesmo. Isso associado aos valores inseridos pelos movimentos de contracultura: a redução do consumo exagerado, o não individualismo, um comportamento mais humanitário. São pessoas que buscam aventuras, sem planos de viagens definidos. Sempre em busca de algo a mais do que é visto nas fotos e catálogos turísticos, Para Oliveira:

(...) Pode-se dizer que o turismo backpacker/mochileiro é um estilo de viagem independente, espontâneo e econômico, adotado principalmente por jovens e viagens de longa duração, com a finalidade de conhecer o maior numero de destinos e obter um aprendizado mais verdadeiro sobre as culturas locais por meio da experiência de interagir com a comunidade. (OLIVEIRA, 2005, p. 401).

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Dentro desse segmento pode-se citar dois tipos, que são: os mochileiros tradicionais; que seguem o velho padrão viajando apenas com uma mochila nas costas sem tempo programado e fugindo do modelo de consumo, interagindo e compartilhando hábitos com os moradores da região. E os denominados contemporâneos, viajam por um pequeno período de tempo focando-se assim nos pontos turísticos e lugares mais visitados assemelhando-se ao turista comum.

Até pouco tempo atrás, por serem os mais lucrativos, os maiores investimentos eram feitos apenas no turismo de luxo, mas para Oliveira:

Esse grupo de turistas aventureiros ou exploradores, como também são chamados, tem na liberdade a sua principal motivação de viagem, razão pela qual dispensam os pacotes comercializados por agências turísticas. Objetivam, com suas viagens, visitar e apreciar não apenas as principais paisagens e os atrativos turísticos mais comuns e famosos (...) (OLIVEIRA, 2005, p. 400).

Com isso, visando os imprevistos que podem acontecer com os mochileiros, um novo segmento do mercado tem crescido como, por exemplo, o “backpaking tourism”. Essa nova forma de turismo procura associar a economia aos desafios e aventuras em suas viagens, podendo assim traçar um perfil bem especifico.

Oliveira tenta então sintetizar as principais características dos mochileiros:

Os backpackers/mochileiros caracterizam-se por visitar, além dos principais atrativos turísticos, lugares pouco explorados, manter intenso contato entre os viajantes para troca de informações, hospedagens em locais econômicos como albergues da juventude, utilização de transporte público, consulta de guias de viagens internacionais (tipo Lonely Planet) e internet, prática de atividades de entretenimento junto a natureza e desejo de conhecer mais e mais regiões do mundo.(OLIVEIRA, 2005, p. 401).

Por ser mais econômico além de melhor aproveitar a viagem e a vista, muitos mochileiros, na maioria das vezes, optam por ir de ônibus, quando não se arriscam pedindo carona. A hospedagem fica por conta de hostels, acomodações mais baratas que hotéis ou pousadas com quartos compartilhados entre 4 até 16 pessoas, o que para o tipo de viajante em questão é ótimo, pois além de ser econômico ainda encontram outros turistas com que podem interagir, trocar informações e dicas de viagem.

Além dos hostels há também aqueles que optam por fazer o couchsurfing

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princípio, para os surfistas que ao viajarem atrás da “onda perfeita” e não tendo muito dinheiro para hospedagem, acabavam pedindo ou disponibilizando um espaço em casa para que estes pudessem passar a noite. Entretanto, com a criação de diferentes sites a aceitação foi tão grande que hoje couchsurfing virou um dos serviços que melhor oferece hospedagem “grátis” aos mochileiros. Este serviço se sobressai aos hostels pela simplicidade de troca de informações, pelo contato direto com um nativo e pela ajuda que o morador também oferece a quem o hospeda; conhecer a cultura local com orientações de uma pessoa nativa e disposta a receber os viajantes em casa faz com que a experiência seja totalmente diferente de outros tipos de turismo.

Há também um crescente número de mochileiros que viajam pagando suas despesas com serviços prestados nos hostels ou em trabalhos voluntários que lhes oferecem hospedagem e comida. Sites como “Wolrdpackers.com”, “wwoof.net/” e “workaway.info/” oferecem os mais variados tipos de serviços em comunidades locais, fazendas orgânicas e até em hotéis. Esse serviço vem muito bem a calhar com os objetivos das viagens dos mochileiros.

Nota-se então um aumento frequente da mobilidade do indivíduo, realizada através de suas viagens e aventuras, mantendo a ideia de viagem como uma forma de adquirir conhecimento e fazendo com que assim cada vez mais este mundo globalizado se mantenha conectado.

Enfim, com o levantamento e apresentação concisa de ambos os assuntos, movimento histórico da contracultura e do público viajantes, acredita-se ser aceitável a defesa deste projeto em se tratado da relevância do mesmo.

Pois, assim como no passado, através das citações expostas, é possível enxergar que mesmo que muitos destes viajantes atuais, especificamente os mochileiros, não tenham a consciência real do que há por trás desta preferência, a do aprendizado pelas experiências próprias, o fato destes jovens, que representa a maioria deste público, tem a preferência em aprender a viver com pouco, financeiramente dizendo, este pode ser considerado como um atual movimento de contracultura. Pois até pouco tempo atrás o que se sabe é que o sonho de muitos era arrumar um bom emprego onde se pudesse construir uma carreira sólida para ter uma vida tranquila. Mas tranquilidade, no sentido de comodidade, é uma coisa que certamente não faz parte do vocabulário dos viajantes mochileiros. Na verdade, arrisca-se a dizer que a história, neste aspecto, está se repetindo.

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3 METODOLOGIA

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Por meio de análises bibliográficas, divididas entre livros e fontes da

internet, a pesquisa definida foi a exploratória. De acordo com Gil (2009, p. 41) a

pesquisa exploratória, proporciona maior familiaridade com o problema. Portanto dizer que esta pesquisa tem como objetivo principal o aprimoramento de ideias.

Também, por meio de um aplicativo disponível no Google Docs, baseando-se na pesquisa descritiva, foram aplicados questionários online com 131 pessoas que fazem parte de grupos de trocas de informação para mochileiros. O que proporcionou realizar, a fim de melhor conhecer seus anseios e necessidades, o levantamento de dados sobre o público alvo desse projeto.

3.2 COLETA E ANALISE DE DADOS

3.2.1 Pesquisa de campo

A aplicação do questionário teve como objetivo melhor conhecer as preferências e gostos dos viajantes mochileiros a fim de obter um direcionamento mercadológico mais assertivo. A pesquisa foi realizada entre os meses de Dezembro de 2015 e Janeiro de 2016 com, já mencionado anteriormente, 131 pessoas de todas as partes do Brasil e também do exterior. O questionário está disponível no Apêndice A.

3.2.2 Análise dos dados

Com o Intuito de facilitar o entendimento da análise dos dados priorizou-se pela aprepriorizou-sentação dos resultados em gráfico priorizou-seguidos de um pequeno texto analítico da autora.

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Gráfico 1: Faixa etária

Fonte: Autoria própria (2016).

Além do interesse em ter conhecimento sobre a idade do público pesquisado, a pergunta do gráfico número 1 foi desenvolvida também com o intuito utilizá-la para a delimitação etária do público alvo da marca. Desse modo, baseando-se no resultado do mesmo fica definido que este público alvo/consumidor está com idade entre 21 a 30 anos. Entretanto, acredita-se que os produtos comercializados possam servir da mesma forma para pessoas de outras idades, uma vez que artigos oferecidos representam mais um estilo de vida a um determinado tipo de classe.

Gráfico 2: Sexo

Fonte: Autoria própria (2016).

16% 63% 16% 2% 3% 16-20 21-30 31-40 41-50 51-60 37% 63% Masculino Feminino

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Embora seja possível acreditar, por questões óbvias, que o número de homens que se aventuram pelo mundo seja superior ao das mulheres, mas a considerar o resultado do gráfico dois, a marca se restringirá, inicialmente, ao público feminino, podendo futuramente, expandir seu conceito para ambos os sexos.

Gráfico 3: Nível de escolaridade

Fonte: Autoria própria (2016).

Com o resultado do gráfico três é possível perceber o nível intelectual dos atuais mochileiros.

Gráfico 4: Renda salarial mensal

Fonte: Autoria própria (2016).

9% 80% 11% Ensino médio Ensino superior Pós graduado 31% 31% 26% 12% Até R$1.000,00 Entre R$ 1.001,00 e 2.500,00 Entre R$2.501,00 e 5.000,00 Acima de R%5.001,00

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A pergunta sobre renda mensal particular foi pensada para se ter uma noção de quanto precisa ganhar para poder viajar. Ainda que não tenha sido perguntando de onde vem a renda salarial dos pesquisados, mesada ou trabalho, a considerar os resultados apresentados, é possível averiguar que boa parte destes recebe até mais que dois salários mínimos por mês. Fato este que, certamente, interfere no poder de compra e viagem dos mesmos. Este resultado facilitará o momento de precificação do produto. Da mesma forma que, a pensar nos salários menores, seja possível reforçar a ideia de que viajantes mochileiros não precisam ser pessoas abastadas para poder viajar, isso, talvez, devido à grande facilidade de acesso a viagens mais baratas nos dias atuais.

Gráfico 5: Tipo de viajante

Fonte: Autoria Própria (2016).

O resultado desta questão é de grande valia para este projeto, pois ele confirma a relevância do tema tratado.

Gráfico 6: Preferência de compras

Fonte: Autoria própria (2016).

82% 18% Viajante Mochileiro -Prioriza aventura e troca de experiências. Viajante Turista -Prioriza conforto, pontos turísticos e souvenirs 26% 13% 4% 23% 21% 7% 6% Conforto Atemporalidade Modernidade Preço Durabilidade Tecidos de Algodão Tecidos Sintétios

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Com os dados demonstrados no gráfico 6 pode-se ter uma boa idéia da preferência do público-alvo ao realizar compras para viagens. Priorizado conforto, preço baixo, durabilidade e atemporalidade das peças. Pontos primordiais para o desenvolvimento da coleção a ser desenvolvida.

Gráfico 7: Número de viagens realizadas por ano

Fonte: Autoria própria (2016).

Com uma lógica direta com a renda salarial mensal e prioridade de compras dos entrevistados, através do gráfico sete é possível afirmar que a maioria destes viajantes mochileiros ainda realiza poucas viagens por ano o que reforça a necessidade de peças duráveis e adaptáveis as diferentes estações do ano.

Gráfico 8: Tipo de viagens

Fonte: Autoria própria (2016).

Tendo em vista a escassez de dados estatísticos na literatura sobre o turismo no Brasil, principalmente dos mochileiros, esta pergunta foi realizada com o

56% 26% 18% 1 ou 2 vezes 3 a 5 vezes acima de 5 vezes 46% 2% 52% Nacionais Internacionais Ambas

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intuito de saber quais os principais destinos do público-alvo. E o que se pode concluir é que mais da metade dos entrevistados realizam viagens tanto nacionais quanto internacionais, o que, embora não tenha sido perguntado o período destas viagens, reforça a necessidade de roupas atemporais, tendo em vista que o clima tropical nacional nem sempre é compatível com as temperaturas de outros países.

Gráfico 9: Tempo mínimo de viagem

Fonte: Autoria própria (2016).

Pelo resultado da questão apresentada, imagina-se que o fato de ter tido como maior parte dos pesquisados o curto período de viagem, mesmo que estas sejam realizadas uma ou duas vezes por ano, pode estar vinculado ao fato de se tratar de pessoas ainda muito jovens que ainda estão estudando em curso superior ou são recém-formados, e ou recém contratados profissionalmente, onde só seja possível viajar no período de férias. Porém, não muito distante deste o resultado do segundo maior colocado nos mostra que este é preciso pensar também, ao desenvolver a coleção, nas pessoas que ficam mais tempo fora. Novamente a preocupação com peças para diferentes estações de ano e clima.

46% 37% 13% 4% Até 1 mês Entre 2 e 6 meses Entre 6 e 12 meses Acima de 12 meses

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Gráfico 10: Número de peças que deve conter na mala de viagem

Fonte: Autoria própria (2016).

Ao estipular esta pergunta não se imaginou na complexidade que seria mensurar o resultado, porém, foi possível estabelecer um parâmetro. Assim percebe-se que o número de peças de roupas levadas pelos mochileiros entrevistados é, em sua maioria, de um a três por tipo de produto. O que mostra certa preocupação em ter peças que se adaptam a diferentes ocasiões ao mesmo tempo em que não ocupem tanto espaço na mala. Pensando nisso a coleção a ser criada visa versatilidade das peças a fim de que a quantidade levada seja diminuída, melhorando a qualidade da viagem dos mochileiros que terão menos peso para carregar nas costas.

Para finalizar o questionário fez-se uma pergunta dissertativa “Quais dificuldades você encontra ao fazer sua mala/mochila?” entre todas as respostas estavam presentes palavras como ”roupas amassadas” “espaço” e peças “multiuso”, Para uma das entrevistadas a grande dificuldade é “colocar todas as peças de roupas necessárias de maneira prática e que não vá deixá-las muito amassadas na hora de usar.” Já outra entrevistada reforça a importância de peças multifuncionais: “Encontro dificuldades na hora de selecionar a roupa para levar, visando sempre levar roupas que sejam multiuso.”

Deste modo, acredita-se que o questionário tenha sido fundamental para esta pesquisa. Porém, vale registrar que, a partir das análises realizadas, para uma conclusão mais assertiva, sentiu-se a necessidade da formulação de novas

0 5 10 15 20 25 Entre 1 e 3 pçs Entre 4 e 7 pçs Acima de 7 peças

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perguntas.O que fica difícil, por hora, mediante ao curto tempo dado ao desenvolvimento deste projeto. Entretanto, e ainda assim, apenas com as perguntas que foram realizadas já foi possível ter uma significativa orientação para o desenvolvimento da coleção.

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