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A EVIDENCIAÇÃO DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS: SUA IMPORTÂNCIA PARA O USUÁRIO EXTERNO

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Academic year: 2021

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A EVIDENCIAÇÃO DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS: SUA

IMPORTÂNCIA PARA O USUÁRIO EXTERNO

Nilson Perinazzo Machado* Marcelo Santos Nunes **

Resumo: A globalização da economia faz com que os investidores de mercados de capitais busquem informações mais confiáveis e padronizadas sobre as empresas nas quais se propõem a realizar investimentos. Nesse sentido, em virtude do mercado de capitais estar cada vez mais globalizado, a contabilidade assume o papel de um agente de padronização das demonstrações financeiras das companhias, através da tentativa de estabelecimento de uma normatização mundial. Neste sentido, algumas organizações internacionais, como IASC, FASB, emitem suas normas, visando à adequação das demonstrações das empresas à necessidade do usuário de diversos países. Este trabalho procura demonstrar a importância da evidenciação das informações prestadas pela contabilidade aos usuários, quanto à sua qualidade, objetividade e clareza, demonstrando que a qualquer momento, esta informação prestada poderá servir para a tomada de decisões por parte de um tipo de usuário.

Palavras-chave: Evidenciação. Globalização. Usuário da informação contábil.

1 INFORMAÇÃO CONTÁBIL: SUA NECESSIDADE E EVOLUÇÃO

Periodicamente, as empresas devem realizar a prestação de contas de suas atividades para diversos interessados – internos ou externos à empresa. Tais informações são fornecidas através de um conjunto de peças divulgadas, abrangendo:

• o Relatório da Administração;

* Mestre em Contabilidade pela UNISINOS. Professor da Faculdade São Francisco de Assis - UNIFIN e da ESPM/RS. (perinazzo@grupointegral.com.br)

** Mestre em Contabilidade pela UNISINOS. Professor da Faculdade São Francisco de Assis - UNIFIN. (nunes@grupointegral.com.br)

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• as Demonstrações Financeiras e suas notas explicativas;

• o parecer dos Auditores Independentes (quando necessário).

O termo “demonstrações contábeis” (financeiras), conforme o IASC, abrange balanços patrimoniais, demonstrações de resultados, demonstrações de fluxos de caixa, notas explicativas e outras demonstrações e quadros explicativos identificados como sendo parte das demonstrações contábeis.

Estas informações são direcionadas a dois grandes grupos de usuários: os usuários internos e os usuários externos.

Como usuários internos destacamos os proprietários e administradoras das empresas, ou seja, os gestores do patrimônio que a contabilidade controla, avalia e acompanha. Estes foram, digamos, os criadores da necessidade da informação contábil.

Os usuários externos da informação contábil começaram a surgir à medida que estes usuários começaram a aceitar e, conseqüentemente, validar os métodos criados pelos usuários internos. Em um primeiro momento foram os fornecedores de crédito (banqueiros ou fornecedores de produtos ou serviços a prazo).

Posteriormente, outro usuário que começou a utilizar estas demonstrações internas foi o Estado, que encontrou na contabilidade uma excelente fonte de informação para o lançamento de seus impostos. Sendo assim em diversos países, o Estado se achou no direito de regulamentar esta forma de informação, visando alcançar seu objetivo, ou seja, a tributação das empresas.

Em uma fase posterior, devido ao crescimento e evolução das empresas, surge um outro grupo de usuários externos, que, em diversos países, é considerado o principal usuário externo das informações contábeis: o investidor. Começaram então a surgir legislações específicas para regulamentação do mercado de capitais, visando à proteção, em especial, dos investidores minoritários.

Este fato justifica a necessidade da existência de Normas e Padrões contábeis que devem ser adotados pelos contadores, tanto no registro das transações, quanto na elaboração das demonstrações contábeis, uma vez que este mercado financeiro utiliza em grande escala as análises elaboradas a partir destas publicações.

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Nota-se que a necessidade pelas informações contábeis cresceu de forma exponencial, e, cada vez mais, é crescente número de interessados nestas informações. Sindicatos, clientes, partidos políticos, associações de consumidores estão começando a buscar nas demonstrações contábeis, informações sobre a gestão das empresas.

Com isso, cada vez mais os contadores devem estar atentos para a evolução da necessidade dos usuários externos e da legislação em vigor, na forma de leis, instruções ou normas, buscando prestar informações de modo preciso, claro e objetivo.

Em virtude da globalização dos mercados econômico e financeiro, um maior número de usuários se recente da necessidade de existirem padrões mundiais de elaboração das mais diversas formas de evidenciação da situação da empresa na qual eles estão dispostos a investir seus capitais.

Contadores do mundo inteiro, a décadas buscam esta padronização. Existe uma tendência de polarização entre as Normas expedidas pelo FASB e as Normas expedidas pelo IASC, sendo que esta última tende a possuir um maior número de adeptos, inclusive o Brasil.

2 EVIDENCIAÇÃO

Para muitos profissionais brasileiros de contabilidade, o termo evidenciação é sinônimo de Notas Explicativas, as quais devem aparecer ao final das Demonstrações Financeiras, apenas para cumprir uma exigência legal.

“Evidenciar: tornar evidente; provar, demonstrar. Pôr-se em evidência; distinguir-se, salientar-se” (Michaelis, 1998 p.915).

Na contabilidade, a evidenciação é a demonstração da situação econômico-financeira e patrimonial de uma empresa, realizada com base nas informações advindas dos registros contábeis, seja através das demonstrações obrigatórias de publicação, seja através dos mais variados tipos de relatórios emitidos pelos contabilistas.

Segundo Iudícibus (1997), existem vários métodos para se realizar a evidenciação da situação da empresa, a saber:

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• Forma e apresentação das demonstrações contábeis: este método é, sem dúvida, o que contém a maior quantidade de evidenciação. A estrutura destas demonstrações contábeis, bem como a terminologia utilizada, visam uma melhor interpretação por parte do usuário;

• Notas Explicativas: buscam evidenciar informações que não podem ser apresentadas no corpo da demonstração em virtude de seu caráter, geralmente não quantitativo. Estas Notas servem para ampliar as informações contidas nas demonstrações contábeis, bem como para prestar informações sobre fatos que não possuem escrituração contábil, porém interferem na disponibilidade patrimonial da empresa (como por exemplo garantias hipotecárias fornecidas a terceiros);

• Quadros e demonstrativos suplementares: estes quadros, algumas vezes incorporados nas próprias Notas Explicativas, servem para apresentar detalhes de itens constantes das demonstrações contábeis, que dificultariam o entendimento do usuário se fossem ali demonstrados. No Brasil, a Lei 6.404/76 descreve as informações mínimas que devem ser apresentadas em Notas Explicativas, como veremos em momento oportuno;

• Comentários do auditor: servem como fonte adicional de evidenciação, validando para o mercado a posição encontrada nas demonstrações financeiras, uma vez que os auditores são pessoas externas à empresa, não possuindo qualquer tipo de vínculo que pudesse enviesar as informações;

• Relatório da diretoria: englobam informações de caráter não financeiro que afetam, ou poderão afetar, o capital e o patrimônio da empresa. Devido a seu grau de importância, trataremos do assunto em capítulo à parte.

Analisando as várias maneiras existentes para realizarmos a evidenciação da situação da empresa, nos deparamos com uma série de dificuldades, a começar pela existência de diversos tipos de usuários, os quais possuem necessidades diferenciadas. As Demonstrações

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Contábeis, que são divulgadas, possuem formas e estruturas que não conseguem satisfazer diversos tipos de usuários. Vai mais além, chegando inclusive na própria titulação das contas utilizadas para o registro das transações. No momento em que nos preocupamos com a qualidade da informação prestada ao usuário externo, notamos que alguns títulos de contas não conseguem expressar, com clareza, os elementos que o compõe. É comum encontrarmos em publicações contas como “outros créditos”, “devedores diversos”, etc., com valores relevantes.

Outra grande dificuldade para os contabilistas está em dimensionar, de modo adequado, a quantidade e a qualidade das informações a serem divulgadas para uma diversidade de usuários, com características e necessidades diferenciadas, visando à atender estas necessidades, em determinado momento. O tipo e a quantidade de evidenciação, conforme Hendriksen (1999) “[...] depende, em parte, de quão sofisticado o leitor possa ser ao interpretar os dados contábeis”. Iudícibus (1997) afirma que “não se pode esperar, e seria tolice pensar, que boas decisões de investimentos pudessem emanar de um leitor com vagas noções de Contabilidade e negócios.” Cabe aos experts em Contabilidade a interpretação dos demonstrativos contábeis, pelos menos nas interpretações que demandem maior profundidade de analise, devendo ser, os contadores, os intermediários entre as empresas e os donos de capital.

Qual o melhor conjunto a ser divulgado? Uma grande quantidade de informações? Estudos estritamente técnicos? Informações mais objetivas e claras, e menos técnicas? Estes questionamentos não possuem uma resposta imediata e dependerão de uma criteriosa análise de custo e benefícios gerados pelas informações a serem prestadas. Conceitos de materialidade e relevância devem nortear o contador no momento de determinar a extensão do que deve ser evidenciado.

O sentido da evidenciação é que a informação não relevante dever ser omitida a fim de facilitar o entendimento das demonstrações contábeis.

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AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (FINANCEIRAS)

As demonstrações contábeis, denominadas “financeiras” pela legislação brasileira, são extraídas dos livros, registros e documentos que compõem o sistema contábil de qualquer tipo de Entidade, sendo que para sua elaboração, o contador deve seguir algumas normas e padrões estabelecidos pelos órgãos regulamentadores.

A Lei 6.404/76, no seu art.176, define quais demonstrações terão caráter obrigatório de publicação, para as sociedades anônimas. Estas demonstrações contábeis devem ser publicadas de forma comparativa, ou seja, com a indicação dos valores referentes às demonstrações do exercício anterior. Esta visão de dois exercícios consecutivos mostra, facilmente, a movimentação ocorrida no período e como a estrutura patrimonial e financeira se modificou.

Lei 6.404/76 - Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício:

I - Balanço patrimonial;

II - Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III - Demonstração do resultado do exercício;

IV - Demonstração das origens e aplicações de recursos.

§ 1º As Demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores correspondentes das Demonstrações do exercício anterior.

Com a edição das Resoluções N.º 750 e 774, que dispõem sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade, e as Resoluções N.º 563, 686, 732 e 737 que dispõem sobre a forma de escrituração, estrutura, nomenclatura, critérios de avaliação e divulgação das Demonstrações Contábeis, o CFC instituiu as Normas Brasileiras de Contabilidade – Técnicas que regulamentam estas divulgações.

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NBC T 6

6.1.1.1 – A divulgação é o ato de colocar as demonstrações contábeis da Entidade à disposição de seus usuários.

6.1.1.2 – São meios de divulgação:

a) a publicação das demonstrações contábeis na imprensa, oficial ou privada, em qualquer das suas modalidades;

b) a remessa das demonstrações contábeis a titulares do capital, associados, credores, órgãos fiscalizadores ou reguladores, bolsa de valores, associações de classe, entidades de ensino e pesquisa, e outros interessados;

c) a comunicação de que as demonstrações contábeis estão à disposição dos titulares do capital, associados e demais interessados, em local ou locais identificados. [...]

6.1.2.1 – A divulgação das demonstrações contábeis tem por objetivo fornecer, aos seus usuários, um conjunto mínimo de informações de natureza patrimonial, econômica, financeira, legal, física e social que lhes possibilitem o conhecimento e a análise da situação da Entidade.

Todas estas regulamentações e padronizações servem para facilitar a vida do contador, no sentido de que possuem uma diretriz no momento da elaboração das demonstrações contábeis. Porém, ao analisar a informação contida nestas demonstrações, o usuário externo sente falta de algo. Somente estes quadros não o satisfazem, não são capazes de lhes fornecer os subsídios para uma tomada de decisão acertada.

4 AS NOTAS EXPLICATIVAS

Devido ao problema da dificuldade em evidenciar com clareza a real situação da empresa através da simples publicação das demonstrações, surge a necessidade de evidenciarmos alguns aspectos contidos nesta demonstração de modo mais qualitativo, mais claro. Para tanto, lançamos mão das Notas Explicativas.

As Notas Explicativas, exigidas inclusive por força de legislação, servem justamente para complementar as Demonstrações Contábeis, trazendo informações mais qualitativas sobre alguns elementos contidos nestas demonstrações. Podem ser expressas tanto na forma descritiva quanto na forma de quadros analíticos.

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É de consenso geral a necessidade desta complementação de informações. Porém, não basta perdermos nosso tempo redigindo “notas explicativas” que não explicam nada, ou que

“explicam o que já é de aceitação geral”. Por exemplo, não existe a necessidade de informarmos que “as Demonstrações Financeiras foram elaboradas conforme os preceitos da Lei 6.404/76 e dos princípios de contabilidade geralmente aceitos”, como se este fato fosse completamente desconhecido do usuário externo.

Tem-se notado que um grande percentual de publicações possui Notas Explicativas que visam unicamente a atender as especificações legais, sem denotar nenhum interesse em esclarecer aos usuários externos alguns fatos que poderiam influenciar a tomada de decisão por parte deles; por exemplo, a nota que diz que a empresa possui imóveis oferecidos como garantia de pagamento a fornecedores ou órgãos governamentais, ou, até mesmo, avais pessoais prestados pelos administradores e acionistas.

Contudo, esta empresa divulgou suas Notas Explicativas ao menos. E aquelas empresas que nem isso fazem? Muitos contadores nunca pararam para pensar sobre as informações que estão prestando, não prestam atenção às normas expedidas pelo CFC, que afirma (NBC T 6) que “são meios de divulgação (a) a publicação das demonstrações contábeis na imprensa, oficial ou privada, em qualquer das suas modalidades, (b) a remessa das demonstrações contábeis a titulares do capital, associados, credores, órgãos fiscalizadores ou reguladores, bolsa de valores, associações de classe, entidades de ensino e pesquisa, e outros interessados” (onde podemos enquadrar as instituições financeiras) e, afirma ainda o CFC (NBC T 3) “o grau de revelação das demonstrações contábeis deve propiciar o suficiente entendimento do que cumpre demonstrar, inclusive com o uso de notas explicativas,”(grifo nosso), e que as notas explicativas são “parte integrante das demonstrações contábeis” (NBC T 6). Um dos principais problemas encontrados pelo usuário externo é a completa inobservância destas normas por parte dos contabilistas que não são obrigados, pela Lei 6.404/76 ou pela CVM, a fornecer Notas Explicativas juntamente com as demonstrações enviadas para análise, fato relatado inclusive por agentes fiscalizadores do CRC RS.

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5 O RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO

O Relatório da Administração é um importante complemento às demonstrações contábeis divulgadas pela empresa, uma vez que fornece informações adicionais aos usuários externos, as quais os auxiliarão no processo preditivo da evolução e dos resultados futuros da empresa, baseados no julgamento que os mesmos poderão fazer acerca do modo como os administradores estão tomando suas decisões.

Infelizmente, no Brasil, raras são as empresas que exploram todo o potencial informativo deste relatório. Nota-se que algumas empresas simplesmente elaboram uma única frase, comunicando a apresentação das demonstrações financeiras. Outras utilizam este relatório como um instrumento de marketing, fazendo promoção da capacidade administrativa dos seus administradores ou, até mesmo, realizando análises e interpretações tendenciosas (favoravelmente) em relação à posição financeira demonstrada através da publicação.

5. 1 A IMPORTÂNCIA PARA O USUÁRIO EXTERNO

A administração da empresa, através do Relatório da Administração, fornece aos usuários externos não só projeções e operações previstas para o futuro, como por exemplo, a ampliação de uma unidade industrial, mas também presta informações analisando atividades passadas, que podem ser indicadores de tendências futuras (aquisição de empresas menores, concorrentes de outros países, indicando uma tendência de abertura de atuação no mercado internacional).

Os dados fornecidos pelas demonstrações contábeis, por vezes não são suficientemente claros para que um analista externo possa interpretar os índices de rentabilidade, de liquidez e outros. Possuindo o relatório da administração ele pode buscar informações adicionais como, o setor de atuação da empresa, seu objetivo social, o estágio em que se encontra a empresa (em expansão, em implantação). Estas informações podem interferir de forma bastante significativa no processo de analise sobre as tendências futuras da empresa.

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5. 2 REQUISITOS BÁSICOS QUE O RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO DEVE(RIA) CONTER

Segundo Iudícibus (1994), existe um consenso preliminar quanto à forma de apresentação do Relatório da Administração, incluindo alguns requisitos básicos a serem observados durante sua elaboração, sem, contudo, prejudicar a flexibilidade que esse tipo de relatório deve possuir. Dentre as características apontadas como básicas, as que merecem um enfoque especial são:

• Análise Corporativa: que deve permitir ao usuário externo, ter uma visão global da empresa, ou grupo, indicando as principais estratégias corporativas, informações sobre a estrutura organizacional e gerencial, relações de trabalho, demonstração do valor adicionado, atividades de pesquisa e desenvolvimento, programas de investimentos e projeções futuras da corporação, dentre outras;

• Análise Setorial: informações mais detalhadas das atividades no contexto corporativo do segmento no qual a empresa está inserida, abrangendo área geográfica de atuação e operações internacionais da empresa;

• Análise Financeira: visa apresentar a análise dos resultados e da posição financeira da empresa, demonstrando o resultado operacional, a situação de liquidez a curto e longo prazo e avaliação do impacto dos efeitos inflacionários ou cambiais sobre as operações da empresa.

6 PRINCIPAIS PROBLEMAS ENCONTRADOS NAS DIVULGAÇÕES

CONTÁBEIS

As grandes deficiências encontradas na apuração da melhor forma de evidenciação decorrem do fato de que a maioria das empresas, no Brasil, não estarem obrigadas por lei a

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realizar uma publicação de suas Demonstrações Contábeis. Em virtude deste fato, alguns contabilistas acabam “perdendo a prática” de prestarem informações a usuários externos, e, quando o fazem, cometem diversas imperfeições técnicas.

Existem, nos Conselhos Regionais de Contabilidade, setores de fiscalização que procuram identificar estes erros técnicos, solicitando ao responsável técnico que realize a correção do erro. Porém, nota-se uma grande deficiência nestes setores, fato este que pode ser atribuído ao pequeno número de fiscais existentes, comparados com a crescente necessidade do mercado em possuir informações das empresas. Cada vez mais as instituições financeiras estão exigindo que as empresas apresentem suas demonstrações contábeis, seja para a concessão de crédito, seja para uma simples manutenção de cadastros. Pode-se notar, através de um breve contato com o setor de fiscalização do Conselho Regional de Contabilidade do RS que, o volume de Demonstrações Contábeis fornecidas para instituições financeiras cresceu largamente nestes últimos anos. Como a maioria destas demonstrações é oriunda de empresas que estão desobrigadas da publicação, a ocorrência de erros técnicos tem aumentado de modo significativo.

Nesse caso, os problemas encontrados apresentam uma diversidade bastante grande. Estruturas e nomenclaturas de contas que não permitem o claro entendimento da situação financeira e patrimonial da empresa são bastante constantes. A inexistência de qualquer tipo de evidenciação que não o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício. Notas Explicativas jamais figuram neste tipo de demonstrações.

Em uma breve análise de Demonstrações Contábeis publicadas, pelas empresas que possuem esta obrigação, nota-se que, com raras exceções, as empresas se preocupam em apresentarem um Relatório da Administração que possua o mínimo de informações sobre as perspectivas futuras da empresa. Nota-se ainda, que as Notas Explicativas efetivamente não explicam; simplesmente atendem o mínimo exigido pela legislação, quando assim o fazem.

7 UMA ABORDAGEM À REFORMULAÇÃO DA LEI 6.404/76

Tramita, no Congresso, o anteprojeto de reformulação da Lei 6.404/76, o qual é produto de diversos debates sobre as possíveis alterações a serem introduzidas. Estas

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alterações ocorrerão, principalmente, nos aspectos diretamente relacionados com a classe contábil, visando uma melhora significativa na qualidade da informação prestada pelas demonstrações contábeis.

Uma vez que este anteprojeto ainda está em fase de análise pelos congressistas, faremos apenas breves comentários sobre itens que, se alterados, produzirão modificações bastante significativas na evidenciação da informação produzida pela contabilidade.

O anteprojeto prevê que as Demonstrações Contábeis – não mais Demonstrações Financeiras – serão as seguintes:

• Balanço Patrimonial;

• Demonstração do Resultado do Exercício;

• Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido;

• Demonstração do Fluxo de Caixa;

• Demonstração do Valor Agregado.

Seguindo uma tendência internacional e também em função das demandas internas, principalmente por parte dos analistas de mercado e investidores institucionais, o anteprojeto contempla a substituição da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) pela Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC). Essa demonstração evidencia as modificações ocorridas no saldo de disponibilidades (caixa e equivalentes de caixa) da companhia em um determinado período, através de fluxos de recebimentos e pagamentos. Embora a DOAR seja considerada pelos especialistas uma demonstração mais rica em termos de informação, os conceitos nela contidos, como por exemplo, a variação do capital circulante líquido, não são facilmente apreendidos. A DFC, ao contrário, por utilizar linguagem e conceitos mais simples, possui uma melhor comunicação com a maioria dos usuários das demonstrações contábeis.

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7. 1 A DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

O IASC emitiu a Norma Internacional de Contabilidade – NIC 7, que versa sobre as Demonstrações do Fluxo de Caixa, cujo objetivo principal é o de fornecer informações sobre os fluxos de caixa da empresa, que servirão como base para os usuários avaliarem a capacidade da empresa de gerar caixa e as necessidades da empresa para a utilização desse caixa, assim como evidenciar a época e a certeza da geração de tais recursos.

Os usuários das demonstrações contábeis de uma empresa estão interessados em conhecer como a empresa gera e usa os recursos de caixa. Esta demonstração é essencial para qualquer empresa, independentemente do tipo de atividade realizada pela empresa, uma vez que as empresas necessitam gerar caixa por motivos comuns a todas elas como o pagamento das obrigações, para efetivar suas operações e distribuir dividendos, entre outros.

8 CONCLUSÃO

Os usuários externos, mesmo contra a vontade de alguns contadores que insistem em não prestar informações adequadas, continuam e continuarão a buscar nas Demonstrações Contábeis os subsídios para sua tomada de decisões.

Se estas informações não são de todo úteis, cabe à classe contábil, aos profissionais e pesquisadores, aprimorarem as demonstrações e todos as outras formas de evidenciação para que possamos atender às expectativas dos usuários.

Se os contabilistas não estão seguindo as exigências mínimas, ditadas pelas instruções, legislações e normas, cabe aos órgãos fiscalizadores, através de uma fiscalização intensa e incansável, exercerem seu papel de agentes fiscalizadores e punirem, se for o caso, o profissional omisso.

Se o usuário não está qualificado para extrair das demonstrações as informações necessárias para a tomada de decisão, cabe ao expert da contabilidade, a função de auxiliá-lo, seja interpretando ou ensinado a interpretar.

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O que não pode perpetuar é a situação em que nos encontramos, onde o profissional está insatisfeito, devido a “excessiva” quantidade de trabalho que lhe é atribuída em relação a recompensa financeira que recebem pelo seu trabalho; onde o usuário está insatisfeito devido a “escassa” informação prestada pelas demonstrações contábeis; onde os agentes fiscalizadores estão incapacitados de realizarem uma fiscalização adequada, seja por falta de legislação ou por falta de pessoal qualificado para a tarefa.

Já é chegada a hora de, nós contabilistas, demonstrarmos aos usuários, através do fornecimento de informações confiáveis, claras e objetivas, que a contabilidade serve sim para apoiá-lo na sua tomada de decisões.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações. _______. Instrução CVM n.º 247, de 27 de março de 1996.

_______. Instrução CVM n.º 285, de 31 de julho de 1998.

_______. Normas Brasileiras de Contabilidade. Resoluções CFC.

HAJJ, Zaina Said El. Business combination e consolidação: uma abordagem comparativa entre as normas do US-GAAP, IASC e BRASIL. São Paulo, 1999. Dissertação de Mestrado, FEA/USP.

HENDRIKSEN, Eldon S. e VON BREDA, Michel F. Teoria da Contabilidade. 5.ed. Tradução de Antônio Zoratto Sanvicente. São Paulo: Atlas, 1999.

IASC. Normas Internacionais de Contabilidade. Tradução realizada pelo IBRACON

INTERNET. IASC – International Accounting Standard Committee. Site http://www.iasc.org.uk (capturado em 31 de maio de 2000)

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1997.

_______ , MARTINS, Eliseu e GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de contabilidade das sociedades por ações: aplicável também as demais sociedades. 5.ed. Atualizada até 31 maio 99. São Paulo: Atlas, 2000.

_______ e MARION, José Carlos. Introdução à teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 1999.

MICHAELIS: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 1998.

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IAS 1 Presentation of Financial Statements IAS 2 Inventories

IAS 3 No longer effective. Replaced by IAS 27 and IAS 28. IAS 4 Withdrawn. Replaced by IAS 16, 22, and 38. IAS 5 No longer effective. Replaced by IAS 1. IAS 6 No longer effective. Replaced by IAS 15. IAS 7 Cash Flow Statements

IAS 8 Profit or Loss for the Period, Fundamental Errors and Changes in Accounting Policies IAS 9 Research and Development Costs (will be superseded by IAS 38 effective 1.7.99) IAS 10 Events After the Balance Sheet Date

IAS 11 Construction Contracts IAS 12 Income Taxes

IAS 13 No longer effective. Replaced by IAS 1. IAS 14 Segment Reporting

IAS 15 Information Reflecting the Effects of Changing Prices IAS 16 Property, Plant and Equipment

IAS 17 Leases IAS 18 Revenue

IAS 19 Employee Benefits

IAS 20 Accounting for Government Grants and Disclosure of Government Assistance IAS 21 The Effects of Changes in Foreign Exchange Rates

IAS 22 Business Combinations IAS 23 Borrowing Costs

IAS 24 Related Party Disclosures IAS 25 Accounting for Investments

IAS 26 Accounting and Reporting by Retirement Benefit Plans

IAS 27 Consolidated Financial Statements and Accounting for Investments in Subsidiaries IAS 28 Accounting for Investments in Associates

IAS 29 Financial Reporting in Hyperinflationary Economies

IAS 30 Disclosures in the Financial Statements of Banks and Similar Financial Institutions IAS 31 Financial Reporting of Interests In Joint Ventures

IAS 32 Financial Instruments: Disclosures and Presentation IAS 33 Earnings Per Share

IAS 34 Interim Financial Reporting IAS 35 Discontinuing Operations (1.1.99) IAS 36 Impairment of Assets (1.7.99)

IAS 37 Provisions, Contingent Liabilities and Contingent Assets IAS 38 Intangible Assets

IAS 39 Financial Instruments: Recognition and Measurement IAS 40 Investment Property

Copyright © 2000 IASC - International Accounting Standards Committee Fonte: Internet, disponível em: http://www.iasc.org.uk Acesso em: 31 maio 2000.

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IBRACON - Instituto Brasileiro de Contadores CVM - Comissão de Valores Mobiliários

IASC - International Accounting Standard Committee FASB - Financial Accounting Standard Board

NBC T - Normas Brasileiras de Contabilidade – Técnicas CFC - Conselho Federal de Contabilidade

Referências

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