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INVENTÁRIO DE ELEMENTOS

DA CULTURA MATERIAL DO POVO

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Presidente da República

Dilma Vana Roussef

Ministro da Educação Henrique Paim

Universidade Federal do Ceará - UFC

Reitor

Prof. Jesualdo Pereira Farias

Vice-Reitor

Prof. Henry de Holanda Campos

Imprensa Universitária Diretor

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José Mendes Fonteles Filho

(organizador)

Luiz Henrique dos Santos

José Vicente dos Santos

INVENTÁRIO DE ELEMENTOS

DA CULTURA MATERIAL DO POVO

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Inventário de elementos da cultura material do povo Tremembé

Copyright © 2014 by José Mendes Fonteles Filho (Org.), Luiz Henrique dos Santos, José Vicente dos Santos

Todos os direitos reservados

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Imprensa Universitária da Universidade Federal do Ceará (UFC) Av. da Universidade, 2932, Benfica — Fortaleza – Ceará

Coordenação Editorial

Ivanaldo Maciel de Lima

Revisão de Textos

Antídio Oliveira Projeto Gráfico Sandro Vasconcellos Diagramação Sandro Vasconcellos Capa Heron Cruz

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Bibliotecária Luciane Silva das Selvas CRB 3/1022 S237i Santos, José Vicente dos.

Inventário de elementos da cultura material do povo Tremembé / José Vicente dos Santos, Luiz Henrique dos Santos; Organizador: José Mendes Fonteles Filho. - Fortaleza: Imprensa Universitária, 2014.

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DEDICATÓRIA

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AGRADECIMENTOS

A

gradecemos primeiramente a Deus, que é o ser maior, ao pai Tupã e à mãe Tamaim, aos encantados Tremembé a quem devemos a inspiração para as descrições deste livro aqui apresentado: às lideranças, pela confiança que deposi-taram em nós, durante a caminhada da nossa formação.

A nossas famílias que compreenderam nossas ausências durante nossa caminhada; aos docentes que foram exemplos e fonte de entusiasmo; aos nossos mestres que caminharam juntos conosco compartilhando seus conhecimentos com pa-ciência e carinho.

Ao nosso orientador, Prof. Dr. José Álbio Moreira de Sales. A nossas comunidades e, em especial, a todas as pessoas que colaboraram no preparo de nossa alimentação durante as etapas do curso MITS - Magistério Indígena Tremembé Superior. Aos companheiros de escola, com quem aprendemos a sonhar. Aos nossos colegas cursistas, pela parceria com que aju-daram a tirar nossas dúvidas.

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DIVERSIDADE, que vieram contribuir para o aperfeiçoamento de nossos conhecimentos e desenvolvimento nas práticas pe-dagógicas, dando suporte a nós professores em sala de aula e para realização deste livro.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...11

ELEMENTOS DA CULTURA MATERIAL DO POVO TREMEMBÉ ....13 O que entendemos por patrimônio cultural material

do povo Tremembé ...13 Apresentações do material didático ...15

ELEMENTOS DA CULTURA MATERIAL TREMEMBÉ

CONFECCIONADOS COM ARGILA ...19

ELEMENTOS DA ARQUITETURA E DAS CONSTRUÇÕES ...27

ELEMENTOS DA CULTURA TREMEMBÉ CONFECCIONADOS COM MADEIRAS ...31

ELEMENTOS DA CULTURA TREMEMBÉ CONFECCIONADOS COM ELEMENTOS DO MAR ...55

ELEMENTOS DA CULTURA TREMEMBÉ DE ORIGEM VEGETAL ...59

ELEMENTOS DA CULTURA TREMEMBÉ CONFECCIONADOS COM O COCO ...69

ELEMENTOS DA CULTURA TREMEMBÉ CONFECCIONADOS COM SEMENTES ...75

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INTRODUÇÃO

P

or que escolhemos esta temática e qual a sua rele-vância para a cultura local e nacional? A escolha da temática para a pesquisa está diretamente relacionada com a nossa forma de viver, aprender e ensinar. Nesse modo de vida, estão presentes elementos da cultura e da arte que nos identificam como povo e necessitam ser preservados porque por meio deles nos reconhecemos como índios no contexto histórico e político da cultura brasileira.

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O que entendemos por patrimônio e cultura

material do povo Tremembé

O

patrimônio cultural é formado pelas histórias do povo Tremembé e sua relação com a cultura e vivência dos Artesanatos Indígenas: a luta pela terra, a criatividade, o conhe-cimento e a aprendizagem. As formas e a expressão encontram--se na diversidade do artesanato Tremembé, como o toá, o ma-racá, o uru, o urupema, o tapete, o anel, a aliança, a pintura no corpo, os utensílios domésticos e de pesca. As técnicas variam e sintetizam-se entre as de ontem e de hoje: manuseio do barro, extração de tintas das plantas, utilização de matéria-prima dispo-nível (principalmente do coco), uso de material do mar e da terra. O ensino de arte na educação é parte de uma filosofia educacional, que tem por base a valorização de formas de co-nhecimentos que consideram as unidades corpo e mente; sen-timento e razão; cultura e diversidade. Tratar separadamente

ELEMENTOS DA

CULTURA MATERIAL

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parte da cultura local do povo Tremembé e fortalece a identi-dade nacional, numa perspectiva multicultural. De acordo com Gallois (2006):

A palavra patrimônio vem de pater, que quer dizer “pai” em latim, uma das línguas faladas na Antiguidade, na Europa. Essa ideia de patrimônio como “aquilo que se herda do pai” se transformou, ao longo de muitos séculos, para designar tudo aquilo que uma família recebia de seus ancestrais. O tempo passou e, na Europa do século XVIII, a palavra patrimônio se estendeu para o domínio das ci-dades e das nações. Do ponto de vista de cada família, era importante cuidar de seu patrimônio para que este pu-desse ser transmitido aos membros das próximas gera-ções. Da mesma forma, do ponto de vista do conjunto dos cidadãos de um país, passou a ser considerado impor-tante cuidar de um conjunto de bens históricos e artís-ticos, visto como propriedade de uma nação inteira.

Os objetos que os Tremembé guardam como apoio da memória lhes são mais significativos quando relacionados à terra [...] pois estes os vinculam aos seus antepassados e os acompanham ao longo da história como testemunhas materia-lizadas. Para os Tremembé, o patrimônio material e os conhe-cimentos produzidos sobre ele são valorizados quando articu-lados com o conteúdo da memória. (NASCIMENTO, 2001).

O mundo da cultura é o mundo da vida, o mundo das nossas tradições. Este é constituído pelas normas, hábitos, interesses, objetivos e também pelo conjunto das coisas fí-sicas, no qual os indivíduos partilham suas experiências com seu grupo, isto é uma maneira de pensar própria do seu grupo

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o grupo deixa sua marca e é marcado por aqueles, fazendo lembrar a memória de ser de muitos homens e suas relações com outros grupos. [...] A estabilidade do espaço e seus ob-jetos oferecem uma imagem de continuidade do próprio grupo. [...] um grupo sofre ao ver desaparecem objetos do seu universo como se uma parte de si mesma se esvaísse, temendo que, ao perder o apoio de uma tradição possa perder a razão de ser. Por isso, esse grupo expressa sua indignação, protesta e resiste com a força de sua tradição, na sobrevivência de al-guns vestígios materiais. (NASCIMENTO, 2001, p. 29-30).

Cada objeto encontrado, e o lugar que ocupa no con-junto, lembram-nos uma maneira de ser comum a muitos homens, e quando analisamos este conjunto, fi-xamos nossa atenção sobre cada uma de suas partes, e é como se dessecássemos um pensamento onde se con-fudem as relações de certa quantidade de grupos. (HALBWACHS, 1990, p. 132).

O amor e zelo com esses objetos significa compromisso com os antepassados e com as gerações futuras do seu grupo de pertença. É ligação afetiva que vitaliza o trabalho da me-mória e dá condição para que possam se vincularem aos ante-passados (NASCIMENTO, 2001, p. 140).

É nesta perspectiva que estamos tratando do patrimônio Tremembé.

Apresentação do material didático a ser produzido

A seguir, o texto que será a introdução do material didá-tico, quando este for publicado em formato próprio para dis-ponibilização às escolas indígenas Tremembé:

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da tradição foi esquecido, e os objetos tecnológicos do mundo atual ganharam espaço entre nós.

Os jovens não devem se preparar só para o sucesso, mas para as derrotas e decepções, pois elas fazem parte da nossa vida escolar, familiar e nos lugares sociais que ocupamos e vivemos. Todos os dias, estamos lidando com situações bem complicadas e difíceis de aceitar, por isso temos que valorizar nossas artes Tremembé. Hoje estamos muito preocupados com o mundo das tecnologias e das drogas, e o mais impor-tante seria cuidar dos nossos objetos tradicionais, que es-tamos deixando para trás. Não devemos vê-los como objetos do passado, pois os mesmos são construções do presente também. É hora de fazermos desse passado um presente cheio de orgulho e valores da nossa cultura. Como diz o autor Cury (2008, p. 35), nossos jovens conhecem cada vez mais o mundo em que estão, mas quase nada sobre o mundo que são.

O artesanato é uma cultura que temos desde os antepas-sados mais remotos e que passa de geração para geração. O artesanato é muito importante para todos nós, pois pessoas sobrevivem dele. A artesã tem que ter toda a arte de criar cada peça, cada colar, enfeites etc. E essa arte, o carinho ao fazer cada peça, faz com que ela se torne valorizada tanto para quem criou como para outras pessoas.

Para entendermos a importância desse inventário das artes Tremembé, leiamos as falas daqueles que trabalham e vivem do artesanato:

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Trabalho com quengas e madeira. Desde menino, faço artesanatos, fazia embarcações de timbaúba, animais de barro e tamancas para meu próprio uso. Só agora eu vim me apropriar mais, pois eu aprendi por vontade próprio. Além de pescador, eu sou artesão, me dedico mais à parte do artesanato. Tenho 12 filhos, e minha renda fa-miliar hoje vem do artesanato (JOSÉ GERALDO DO SANTOS, ZÉ BIINHA, em 29.03.2012).

Esses artesanatos vêm sendo ensinados para os alunos nas escolas do aldeamento, ensinando a fazer maracá, colher, xícara etc. Para eles, o artesanato é importante pela dedicação e os elogios das pessoas. Isso dá vontade de fazer cada vez mais. O artesanato vem ocupando muito o tempo vago de sua vida. O importante é eles gostarem de fazer. Para a música do Torém, o maracá tem uma importância muito grande no nosso ritual sagrado.

Desde os 16 anos que trabalho com argila, aprendi com minha mãe. Hoje trabalho com minha irmã e minha filha. Pote alguidar, panela, caco, cuité, papeiro, jarro, forno, xícaras, tina, cabeça de cachimbo. O barro é ti-rado do meu próprio cercado. (MARIA JORGE GABRIEL, artesã Tremembé, em 25.03.2012).

O artesanato de Dona Maria Jorge Gabriel é comerciali-zado nas comunidades indígenas e também em Fortaleza pela FIEC. Esse trabalho artesanal vem sendo passado de pai para filho. Na escola indígena, nossos alunos têm aulas práticas com artesões Tremembé, valorizando a importância da cul-tura material.

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N

este capítulo vamos falar dos utensílios Tremembé feitos de argila, ou barro, como é conhecida pelo nosso povo. Nas décadas passadas, praticamente todos os nossos utensí-lios do dia a dia eram artesanais, feitos pelo próprio povo Tremembé. Todos aprendiam a fazer algum tipo de utensílio, alguns demonstravam mais habilidades e se destacavam nas construções dos próprios artesanatos. Como eram objetos de uso nas necessidades diárias, os mesmos tinham grande im-portância na vida de cada um, faziam parte de sua vida coti-diana e assim adquiriam um valor cultural. Dessa forma, a tradição foi passando de geração para geração, tornando-se assim parte integrante de nossos costumes.

Nas últimas gerações, esses utensílios vêm sendo subs-tituídos por objetos produzidos pela tecnologia industrial: inox, teflon, alumínio e muitas variações do plástico. Esses novos materiais e objetos vem-se incorporando ao nosso

coti-CONFECCIONADOS

COM ARGILA

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frentando nas últimas décadas. Nos últimos anos vemos com tristeza nossos parentes morrendo de câncer e outras doenças da modernidade, que tiveram papel importantíssimo na luta pela demarcação da terra do povo Tremembé.

POTE: grande vaso de barro para líquidos. Objeto feito de barro que tinha e tem ainda grande utilidade no cotidiano do povo Tremembé. É usado para colocar água de beber e mo-cororó no momento do ritual do Torém. Na atualidade, vem sendo substituído pelas geladeiras, bebedouros, entre outros. Com as facilidades de acesso a esses produtos, nosso povo vem incorporando outros objetos ao nosso cotidiano.

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ALGUIDAR: bacia para usos domésticos. É um vaso grande, que tem a utilidade de colocar água no banheiro pra tomar banho, além de outras serventias, como cesto de roupa; coloca-se também comida para os animais dentro dela. Hoje raramente encontramos esse objeto no meio de nossa popu-lação. Nossa preocupação é que nossas futuras gerações te-nham o conhecimento desse objeto, pois o mesmo era do uso diário do nosso povo.

Figura 3 - Cachimbo. Foto: Vicente Santos.

CACHIMBO: fomilho com tubozinho comprido, por

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Figura 4 - Tina. Foto: Vicente Santos.

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Figura 5 – Fogão a lenha. Foto: Luiz Henrique.

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JARRA: vaso para água, feito de barro, usado para co-locar bebidas: suco, água, mocororó etc. Gradativamente vem sendo substituída pelas de alumínio, vidro ou plástico, que, de certa forma, facilitam a nossa vida, no entanto deixamos de levar em conta os problemas que nos causam.

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Figura 7 – Forno. Foto: Vicente Santos.

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Figura 8 – Caieira.Foto: Vicente Santos.

CAIEIRA: forno onde é calcinada a pedra calcária. É feita de tijolo cru, formada por várias bocas, e nessas é colocado o fogo para queimar os tijolos. Esse é um trabalho que nosso

ELEMENTOS DA

ARQUITETURA

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Figura 9 – Tijolos. Foto: Vicente Santos e Luiz Henrique.

TIJOLOS: peça de barro cozido, geralmente, em forma de paralelepípedo e destinada à construção. É produzido do barro preto, amassado e colocado em uma grade de madeira após “encaeirado” na caieira e, em seguida, é queimado. Depois de queimado, muda de cor.

Figura 10 – Telha. Foto: Vicente Santos e Luiz Henrique.

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Figura 11 – Toá. Foto: Alberto Cukier.

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re-N

este capítulo iremos falar sobre os utensílios feitos de madeira, que ainda fazem parte da vida atual do povo Tremembé. Antigamente nosso povo usufruía das matas de onde retiravam a madeira para confeccionar seus utensílios, tais como suas casas de moradas, embarcações e seus cer-cados, sem causar nenhum dano ao meio ambiente. Havia ma-deira em abundância, e suas casas de morada eram trocadas de lugar a cada ano. Tanto tinha terra para construir como tinha matas para tirar variedades de madeiras.

Com as invasões do homem branco desmatando, tudo se transformou, dificultando a vida do povo Tremembé. Nosso povo hoje não tem mais mata para tirar madeira nem para as construções de suas moradias. Temos hoje órgãos de pro-teção ao meio ambiente, mas, mesmo assim, os brancos

con-ELEMENTOS DA

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as próprias moradias. Talvez nem cheguem a conhecer uma casa de taipa ou de palha de coqueiro. Com isso, vamos cada vez mais perdendo elementos da cultura Tremembé.

Figura 12 – Colher de pau. Foto: acervo dos autores (2012).

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Figura 13 – Engenho. Foto: Gerson Júnior.

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Figura 14 – Fuso. Foto: Álbio Sales.

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Figura 15 - Copeira. Foto: acervo dos autores (2012).

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Figura 16 – Cangaia.Foto: acervo dos autores (2012).

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Figura 17 – Xoque.Foto: Albio Sales.

XOQUE: é um tipo de armadilha usado na pesca de la-goas, feito de varas e cordas. Ele ainda é bastante usado no dia a dia pelo povo de algumas aldeias. É uma das armadilhas mais utilizadas por nosso povo.

O xoque é utilizado Na pesca da lagoa

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Figura 18 –Cassuá. Foto: acervo dos autores (2012).

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CAMBITO: era usado com apoio da cangaia para trans-portar lenha para os usos domésticos das famílias. E para casas de farinha, que torravam a goma e a farinha.

Figura 20 – Fojo. Foto: acervo dos autores (2012).

FOJO: cova que se disfarça com ramos para nela caírem animais; armadilha. É um dos tipos de armadilha usados para pegar preá (tipo de caça da nossa região). Ele é colocado no

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Figura 21 – Sofá. Foto: acervo dos autores (2012).

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Figura 22 - Higioca. Foto: acervo dos autores (2012).

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Figura 23 - Pilão. Foto: acervo dos autores (2012).

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Figura 24 - Tamborete. Foto: acervo dos autores (2012).

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Figura 25 - Roda.Foto: acervo dos autores (2012).

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faci-Figura 26 - Quarta. Foto: acervo dos autores (2012).

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Figura 27 – Curral. Foto: acervo dos autores (2012).

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Figura 28 - Jangada. Foto: acervo dos autores (2012).

JANGADA: segundo Seu Estevão Henrique, liderança Tremembé, são bem grandes, vai de seis a oito braças de fun-dura. Elas são movidas pela zinga e pela vela. Eram feitas de madeira de piúba, e sua capacidade comporta de duas a três pessoas. A jangada passa de um a dois dias no mar, pois os pescadores usavam na pesca de gereré e depois inventaram a pesca de manzuá e também para pescar nas marambaias. Antigamente, nas jangadas, levava-se um rolo de coqueiro ou cajueiro. Nele fazia-se uma rodinha para colocar a panela para cozinhar suas refeições. Hoje elas são usadas para pescar de linha e de caçoeira, e muitas delas já têm motor para facilitar ida e volta.

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Figura 29 - Canoa. Foto: acervo dos autores (2012).

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Figura 30 – Casa de taipa. Foto: acervo dos autores (2012).

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Figura 31 – Urupema. Foto: Alberto Cukier.

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uru-Figura 32 – Girau. Foto: acervo dos autores (2012).

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Figura 33 - Litro. Foto: acervo dos autores (2012).

LITRO: é semelhante à quarta, mas sua medida é de um litro. Esse era um elemento bastante usado nas medidas do nosso povo, para os gêneros alimentícios, como farinha, goma, milho e feijão. Ele é chamado por nós de litro. Hoje não se fala mais nele, foi substituído pelo quilo, que não é um peso real como a medida do litro. O significado ético do uso do litro é o da honesta medida, mas também do valor do com-portamento e da dignidade de ser honesto ao longo da vida.

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Figura 34 – Carretel. Foto: Maria das Graças.

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Figura 35 - Borduna. Foto: acervo dos autores (2012).

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O

s objetos do mar têm grande significância para o povo Tremembé, pois parte de sua sobrevivência vem dele. São retirados alguns crustáceos para a confecção de adornos, que fortalecem nossa identidade e representam a nossa cul-tura. Os objetos são confeccionados com representação de animais e pássaros da nossa região.

Neste livro mostramos alguns objetos confeccionados por membros do povo Tremembé, a partir do búzio ou itã.

O búzio ou itã é a casca de um molusco encontrada nas praias da região. Possuem formato de pequenas con-chas e são utilizadas para confecção de adornos, tais como colar, brincos e outras variedades. Além de formarem belas peças, algumas confeccionadas com a mistura de ou-tros objetos do mar e com sementes das plantas, que se

ELEMENTOS DA

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Quando coletados vivos, o conteúdo desses moluscos é utilizado na alimentação do nosso povo. Podem ser assados na brasa ou cozidos com leite de coco e verduras.

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COLAR E BRINCOS: o colar e os brincos foram confec-cionados pela artesã Maria de Fátima, liderança da aldeia de Passagem Rasa. Parte da renda familiar de Maria de Fátima vem do artesanato. Os produtos são vendidos na comunidade e fora dela.

Figuras 38 e 39 – Elementos decorativos, pássaro de búzios e concha.

Foto: acervo dos autores (2012).

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palha da carnaubeira é de fundamental importância na vida do nosso povo. Hoje está um pouco difícil de encontrar em nosso meio, devido às invasões e o desmatamento. Antigamente, nosso povo usava com mais frequência no dia a dia, para confecção de alguns utensílios domésticos e nas cons-truções de suas casas. Fazia-se também bagana para adubar as terras, que hoje está sendo substituída pelos adubos químicos. Isso vem causando graves problemas na saúde do nosso povo e causando grande número de óbitos nas comunidades Tremembé. Acreditamos que isso tenha muito a ver com a alimentação que consumimos hoje, em que tudo é industrializado.

ELEMENTOS DA

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Figura 40 – Trança. Foto: acervo dos autores (2012).

TRANÇA: feita da palha do olho da carnaubeira. Retira-se o olho da carnaubeira, coloca no sol. Depois de três dias, risca-se para separar umas das outras, selecionando as me-lhores palhas e, em seguida, faz a trança. Após uma boa parte feita, confecciona-se a saca em grade de madeira, tecendo uma na outra, amarrando com a própria palha. Serve para guardar farinha, goma, feijão e milho.

Figura 41 – Saca. Foto: Alberto Cukier.

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Figura 42 - Uru. Foto: Alberto Cukier.

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Figura 43 – Cuia. Foto: acervo dos autores (2012).

CUIA: tem de todo tamanho. As maiores serviam de ba-nheira para as crianças, para lavar louça e roupa. As menores são utilizadas nos rituais para beber a bebida sagrada dos Tremembé, que é o mocororó. A cuia é feita da cabaça, que se encontra nas plantações, em quintais.

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Figura 45 – Chapéu.

Foto: acervo dos autores (2012).

CHAPÉU: peça do vestuário para cobrir a cabeça. Os ho-mens Tremembé usam bastante para o trabalho da agricultura e na pesca. Também é utilizado no dia a dia, para passear, em visitas etc. É confeccionado pelos artesãos Tremembé. Vem sendo substituído pelo boné.

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Figura 47 – Cocar. Foto: Autor desconhecido.

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Figura 48 – Saia. Foto: Alberto Cukier.

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Figura 49 – Tapete. Foto: Alberto Cukier.

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Figura 50 - Cesto. Foto: Andreína

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Figura 51 – Casa de palha. Foto: acervo dos autores (2012).

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H

oje, os artesanatos feitos do coco são mais usados no dia a dia do nosso povo. Muitas das artes utilizam-se mais do coco, como a concha pra mexer os alimentos, o maracá feito do coco que é usado no ritual sagrado do Torém, além de outros que vêm dando lucros para algumas famílias indí-genas nas vendas de bolsas, brincos, colares, pulseiras, cintos e outras variedades de artes. Além das artes, fazemos também o óleo do coco, usado no cabelo para pentear e dar brilho. Sem falar do leite do coco, que usamos nas comidas para poder dar gosto.

ELEMENTOS DA

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Figura 52 – Maracá. Foto: Alberto Cukier.

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Figura 53 – Brinco. Foto: acervo dos autores (2012).

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Figura 54 – Colar. Foto: acervo dos autores (2012).

COLAR: é um adorno indígena usado no pescoço. É feito do fio de algodão, com pedaços de quengas e contas de biju-terias. Nosso povo usa esse apetrecho diariamente.

Figura 55 – Bolsa. Foto: acervo dos autores

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Figura 56 - Xícaras. Foto: acervo dos autores (2012).

XÍCARAS: são feitas de quengas de coco e bambu. As partes são coladas com durepox. Alguns anos atrás, tinham a serventia de tomar café e chá. Hoje são confeccionadas mais para enfeites de nossas casas, do que como utensílio doméstico.

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A

s sementes estão bem presentes em nosso cotidiano. As mais utilizadas são de jiriquiti, jatobá, mucunã, pau-brasil, mata pasto, linhaço e birro. Antigamente, nosso povo tinha mais facilidade de encontrar sementes, pois as matas eram virgens e havia uma grande variedade tanto de frutas como de sementes. Dessas sementes, são feitos colares, brincos, cintos, pulseiras e tiaras.

Com essas artes, vem melhorando a vida de algumas fa-mílias que fazem e vendem tanto nas aldeias como fora. Isso vem reforçando cada vez mais a luta do movimento Tremembé pela identidade étnica, já que, para a sociedade, o índio só é índio se estiver caracterizado. E, mesmo bem caracterizados, ainda sofremos preconceitos e discriminação da sociedade.

ELEMENTOS DA

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Figura 58 – Colar. Foto: Mauricio Albano.

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Figuras 59 e 60 – Pulseiras. Foto: acervo dos autores (2012).

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Figura 61 – Anéis e alianças. Foto: acervo dos autores (2012).

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Figura 62 – Brincos. Foto: acervo dos autores (2012).

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H

á alguns anos, nosso povo não usava nenhum ins-trumento de pena, suas roupas eram feitas do fio do algodão, tecido no próprio tear que o povo tinha. Por causa da visão do homem branco, de que índio era aquele que tinha que andar caracterizado, foi que nosso povo começou a usar roupa de pena, cocar, brincos e pregador de cabelos. Até hoje usamos esses objetos nas nossas apresentações ritualísticas. Isso veio passando pelas gerações do nosso povo, fortalecendo assim a luta pela demarcação do território Tremembé.

ARTESANATOS

TREMEMBÉ

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Figura 63 – Cocar. Foto: Alberto Cukier.

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Figura 64 – Brinco. Foto: acervo dos autores (2012).

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discrimi-Figura 65 – Calção. Foto: acervo dos autores (2012).

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C

om este trabalho realizado junto ao povo Tremembé obtivemos experiência de estar em contato com a cultura Tremembé. Vivenciar esta pesquisa nos remonta à história dos antigos e nos faz refletir sobre o que devemos conservar e divulgar de tudo que fotografamos e colhemos de informa-ções nas entrevistas realizadas.

Esperamos que este livro possa ser um instrumento de luta pela valorização da cultura e conquista da terra, para que dela possamos utilizar a matéria-prima na confecção desses objetos, e utilizar a própria terra.

É nosso desejo que seja o início de muitas pesquisas para que tenhamos para as gerações de hoje e do futuro, uma fonte de busca de conhecimentos do nosso povo Tremembé, motivando a que todos realizem trabalhos semelhantes.

A nossa maior felicidade é ter ficado perto das pessoas, ouvindo suas histórias, fotografado esses valiosos objetos e, enfim, ter podido registrar neste livro e entregá-lo ao povo Tremembé, e dar conhecimento a todos da nossa cultura, da nossa história e da nossa vida.

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BIBLIOGRAFIA

CURY, Augusto. O vendedor de sonhos. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2008.

GALLOIS, Dominique Tilkin. Patrimônio cultural imaterial e povos indígenas: exemplos no Amapá e norte do Pará. 2006. Disponível em: www.institutoiep.org.br/infoteca/livros/ 70. html. Acesso em 29-09-2012.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2004

JOSÉ GERALDO DOS SANTOS, Zé Biinha, liderança do Mangue Alto, 56 anos. Entrevista concedida em 28.03.2012.

MARIA DE FÁTIMA, artesã Tremembé em entrevista concedida aos autores na comunidade de Passagem Rasa, em 30.03.2012.

MARIA JORGE GABRIEL, artesã Tremembé, Lameirão, 67 anos. Entrevista concedida em 25.03.2012.

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Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional, 2006.

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TÍTULOS DA COLEÇÃO “MAGISTÉRIO PÉ NO CHÃO”

1. Primeiras letras na cultura Tremembé (Livro do Professor)

2. Primeiras letras na cultura Tremembé (Livro do Aluno)

3. Fauna e flora Tremembé da Região da Mata

4. História da educação diferenciada Tremembé

5. O Lagamar na vida dos Tremembé de Varjota e Tapera

6. Inventário de elementos da cultura material do povo Tremembé

7. Luta e resistência dos Tremembé da Região da Mata pelo seu Território

8. Aldeamento Tremembé de Almofala: o espaço do Mangue Alto - ontem e hoje

9. Medicina tradicional do povo Tremembé

10. Dicumê Tremembé de antes e de hoje

11. Jogos matemáticos para as escolas indígenas Tremembé

12. A pesca no Mar de Almofala e no Rio Aracati-mirim: histórias dos pescadores Tremembé

13. Os encantados e seus encantos: narrativas do povo Tremembé de Almofala sobre os encantados

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IMPRENSA

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Imagem

Figura 4 - Tina. Foto: Vicente Santos.
Figura 6 – Jarra. Foto: Luiz Henrique e Vicente Santos.
Figura 11 – Toá. Foto: Alberto Cukier.
Figura 13 – Engenho. Foto: Gerson Júnior.
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Referências

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