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Próteses Parciais Fixas Implanto-dentossuportadas

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Academic year: 2021

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Próteses Parciais Fixas

Implanto-dentossuportadas

Implant tooth-supported fixed partial dentures

Sicknan Soares da Rocha*

Renan Cagol**

José Cláudio Martins Segalla***

Rocha SS da, Cagol R, Segalla JCM. Próteses Parciais Fixas Implanto-dentossuportadas. Rev Bras Implantodont Prótese Implant 2005; 12(47/48):220-7.

As próteses fi xas suportadas por implantes conectados a dentes naturais representam uma importante alternativa de tratamento de pacientes parcialmente desdentados. As diferenças biomecânicas entre o dente natural, provido de ligamento periodontal e o implante osseointegrado, rigidamente fi xado ao osso, resultam em diferentes mobilidades e distribuição de cargas. Como conseqüência, normalmente ocorre a migração apical ou intrusão do dente natural. Há inúmeras prováveis causas para o fenômeno de intrusão, incluindo: atrofi a por desuso, impactação alimentar, recuperação do ligamento periodontal, fl exão do metal da prótese parcial fi xa. Porém, acredita-se que a causa seja multifatorial e diferente para cada situação. No intuito de impedir ou minimizar o fenômeno de intrusão, vários desenhos de próteses têm sido propostos, incorporando conexões rígidas ou não rígidas. Como a migração apical tem sido observada independente do tipo de conexão, a literatura recomenda que as próteses parciais fi xas sejam suportadas por implantes isolados de dentes naturais. Quando não for possível, por limitações anatômicas ou outros fatores, deve haver uma apropriada seleção dos pacientes e adequado plano de tratamento, procurando reduzir a probabilidade de ocorrência de intrusão dentária.

PALAVRAS-CHAVE: Implante dentário, Dente, Prótese parcial fi xa.

INTRODUÇÃO

Os implantes dentários, em desenvolvimento há mais de 20 anos, possibilitaram a confecção de próteses implanto-suportadas, que hoje representam o tratamento de primeira escolha nos procedimentos de reabilita-ção oral, devido à sua superior capacidade de restabelecer a funreabilita-ção, a estética e a fonética, proporcionando, além de uma mastigação mais efetiva, maior satisfação do paciente.

Os altos índices de sucesso alcançados com implantes nos pacientes totalmente desdentados (70% a 85% para a maxila e acima de 90% para a mandíbula) (Adell et al., 1981), encorajaram sua utilização na confecção de próteses parciais fi xas suportadas por implantes livres (Jones, Jones, 1988; Koth et al., 1988; Rhodes, 1988), aumentando, assim, as opções de tratamento para estes pacientes.

Entretanto, há situações clínicas que impossibilitam a utilização de apenas implantes na reabilitação de pacientes parcialmente desdentados. Limitações anatômicas de espaço para implantes, como posicionamento do seio maxilar, do forame mentoniano e do canal mandibular, ou mesmo a falha de um implante pela osseoin-tegração, podem indicar a necessidade de incorporação da dentição natural nas próteses implanto-suportadas (Schlumberger et al., 1998; Lindh et al., 2001; Lange et al., 2004).

* Prof. Dr. do Departamento de Prevenção e Reabilitação Oral - FO/UFG e da FO/UNIP-Goiânia.

Rua C-148 Qd. 305 lt 12 - 74250-010, Jardim América, Goiânia-Goiás. E-mail: sicknan@odonto.ufg.br. ** Especialista em Prótese Dentária e Implantodontia – FOAr/UNESP.

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Consistindo numa importante opção de tra-tamento, as próteses parciais fi xas suportadas por implantes conectados a dentes naturais apresentam aspectos biomecânicos que têm gerado controvér-sias quanto ao melhor desenho dessas próteses.

O principal fator de discussão se refere à de-sigual distribuição do estresse oclusal entre dentes e implantes (Cohen, Orenstein, 1994). Isto está vinculado à diferença de mobilidade entre o den-te natural, provido de ligamento periodontal, e o implante osseointegrado, que se apresenta como uma conexão rígida ao osso, semelhante a uma anquilose (Astrand et al., 1991; Cohen, Orenstein, 1994; Lindh et al., 2001).

Dentre os problemas resultantes da incom-patibilidade biomecânica, a intrusão ou migração dentária apical tem causado inquietação nos pes-quisadores, que têm procurado desenvolver técnicas favoráveis de conexão para inibir ou minimizá-la. Quebra e afrouxamento dos componentes da par-te implanto-suportada também têm sido relata-dos como conseqüência da união dente-implante (Schlumberger et al., 1998). Porém, há estudos que mostram o funcionamento satisfatório destas próteses, segundo os quais a intrusão pode ser evitada quando da criteriosa seleção do caso e ade-quado plano de tratamento (Schlumberger et al., 1998), não afetando negativamente os parâmetros mecânicos e periodontais (Ericsson et al., 1986; Van Steenberghe, 1989; Naert et al., 1992; Hosny

et al., 2000).

PROPOSIÇÃO

Diante da importância das próteses parciais fi xas suportadas por dentes conectados a implantes como alternativa de tratamento de pacientes par-cialmente desdentados e da divergência de opiniões envolvendo sua aplicação clínica, o objetivo deste trabalho foi abordar os aspectos de relevância clínica associados a estas próteses.

REVISÃO DA LITERATURA

Ericsson et al. (1986) investigaram a associa-ção de implantes e dentes para suporte de próteses fi xas. Na avaliação de 10 pacientes, 6 receberam próteses suportadas por implantes e dentes

conec-tados rigidamente e 4 próteses com conexão tipo Boss. As avaliações foram realizadas nos períodos de 6 a 30 meses, não sendo notadas diferenças signifi cantes clinicamente com relação à função e à reação tecidual ao redor do dente e implante. Os au-tores concluíram que nenhuma falha de importância ocorreu nas próteses avaliadas, porém em função do curto período de observação (6 a 30 meses) e do pequeno número de pacientes (10), destacaram que no momento não é possível fazer recomendações com relação ao desenho técnico mais favorável para este tipo de restauração protética.

Astrand et al. (1991), num estudo longitudinal de dois anos, avaliaram próteses suportadas por uma combinação de dente e implante. Sessenta e três pacientes foram providos com próteses su-portadas por dois implantes e próteses susu-portadas por um implante e um dente natural com encaixe de precisão. Os resultados mostraram uma taxa de sobrevivência dos implantes de 88,4%, e 40 das 46 próteses (87%) estavam em função. Esta pequena diferença entre a sobrevivência do implante e a estabilidade da prótese foi creditada ao fato de que as próteses suportadas por dois implantes livres são vulneráveis e devem ser substituídas se ocorrer perda de apenas um implante.

Rangert et al. (1991) realizaram um estudo

in vitro abordando os aspectos mecânicos de um

implante conectado a um dente natural. Segundo os autores, o parafuso do intermediário e o para-fuso de ouro são capazes de formar um sistema fl exível. E que esta fl exibilidade inerente seria capaz de compartilhar bem a mobilidade vertical de um dente suporte conectado a um implante, não ha-vendo necessidade de qualquer elemento adicional de natureza elástica. Finalizaram afi rmando que os testes mecânicos e considerações teóricas indicam que a mobilidade transversa do dente conectado deve ser evitada e que o encaixe da prótese ao dente deve ser do tipo rígido, para evitar afrouxamento do parafuso de ouro.

Sheets, Earthman (1993), avaliando dois pacientes reabilitados com próteses parciais fi xas suportadas por implantes e dentes, ambas com conexão rígida, relataram sobre o mecanismo de reversibilidade do processo de intrusão dentária,

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oriunda da união dente-implante. No dois pacien-tes, foi observada intrusão de dentes adjacentes aos implantes após um período de 8 a 12 meses da instalação das próteses. Porém, a intrusão foi revertida, após um período de quatro semanas, com a redução da altura do retentor do implante, utilização de vaselina sólida no interior da coroa do dente intruído e re-instalação da prótese.

De acordo com English (1993), a intrusão radi-cular não é uma ocorrência isolada e merece sérias investigações quanto à sua etiologia para habilitar os clínicos a utilizar a combinação dente-implante sem problemas e com prognóstico favorável. Embora várias teorias tenham sido postuladas, nenhuma resposta defi nitiva é conhecida. Há múltiplas va-riáveis (tipo de conector semi-rígido, desenho do casquete metálico, posição do dente pilar, qualidade do periodonto, natureza da oclusão antagonista e a presença de atividade para-funcional), comple-xas considerações biomecânicas e conseqüências biológicas desconhecidas com os vários tipos de desenhos.

Olsson et al. (1995) realizaram uma avaliação de 5 anos comparando próteses suportadas por implantes livres e próteses suportadas por dente e implante, utilizando um encaixe de precisão (Mc-Collum T), contendo um parafuso de ouro horizontal para travamento, obtendo-se uma fi xação rígida. Os resultados mostraram uma taxa de sobrevivência dos implantes de 88%, e 87% das próteses insta-ladas permaneceram estáveis, não sendo possível demonstrar um mais alto risco de falha, do implante ou da prótese, para as próteses fi xas implanto-dentossuportadas comparadas com as próteses suportadas apenas por implantes.

Sheets, Earthman (1997) discutiram as várias teorias relacionadas ao processo de intrusão dentá-ria observada nas próteses parciais fi xas suportadas pela combinação dente-implante. Ao revisarem a literatura, mostraram que os dentes naturais e implantes dissipam força mecânica de maneiras di-ferentes. Devido à rigidez dos implantes, o estresse mecânico criado pelo impacto de forças dinâmicas nas próteses implanto-suportadas é transferido de uma extremidade do complexo implante-interme-diário-restauração à outra com leve atenuação. A

deformação neste exemplo é predominantemente elástica, e nenhuma ou mínima energia mecânica é absorvida pelo implante. Além disso, o osso em volta do implante é apenas moderadamente absorvente da energia mecânica gerada. Por outro lado, o dente natural recebe o impacto de energia e o transfere à extremidade da raiz na forma de onda de estresse, sendo a maioria da energia dissipada pelo ligamento periodontal altamente absorvente.

Gunne et al. (1999), num estudo longitudinal de 10 anos, compararam próteses fi xas suportadas por implantes livres e suportadas por dente-implan-te, utilizando um encaixe de precisão (McCollum T). Foram avaliados 23 pacientes, obtendo 80% de estabilidade para as próteses implanto-suportadas e 85% para as próteses implanto-dentossuportadas. Após 10 anos em função, não foi demonstrada ne-nhuma diferença entre PPFs implanto-suportadas e implanto-dentossuportadas com relação à taxa de falha ou mudanças no nível do osso marginal. Desta forma, segundo os autores, a conexão entre um implante e um dente pode ser recomendada como um tratamento de prognóstico seguro. Além de ser favorável do ponto de vista de custo-benefício, pode ser, em algumas situações clínicas, superior às próteses suportadas por implantes livres.

Hosny et al. (2000) também fi zeram este tipo de comparação, utilizando-se de acompanhamento a longo prazo de 18 pacientes com próteses instaladas há 14 anos (média de 6,5 anos). Não foram notadas mobilidade de implantes e fratura de algum compo-nente. Estes resultados corroboraram os obtidos no estudo anterior, haja vista que a conexão de dentes a implantes em próteses parciais fi xas não afetou o resultado a longo prazo em comparação com próte-ses suportadas por implantes livres.

Lindh et al. (2001), por meio de uma avaliação de 2 anos, compararam as conseqüências biológicas e mecânicas quando implantes colocados na região posterior da maxila foram conectados a dentes, utilizando conexão rígida, ou quando usados livres da dentição natural remanescente. Num total de 23 pacientes, não houve diferença na taxa de falha para implantes nos dois diferentes desenhos de prótese. A média total de perda da altura óssea marginal nos implantes fi cou dentro dos padrões aceitáveis, mas

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foi mais pronunciada nos implantes não conectados com dentes.

Lang et al. (2004) fi zeram uma avaliação sis-temática para avaliar a taxa de sobrevivência de 5 e 10 anos de próteses parciais fi xas suportadas por implantes conectados a dentes naturais e a inci-dência de complicações técnicas e biológicas. Uma pesquisa eletrônica (MEDLINE) foi realizada para identifi car os estudos retrospectivos e prospectivos de PPF com tempo médio de acompanhamento de 5 anos. Os pacientes foram avaliados por dois examinadores independentes. As taxas de falha e complicações foram analisadas usando o modelo de regressão de Poisson para estimar a proporção de sobrevivência de 5 e 10 anos. De um total de 3844 títulos e 560 resumos, 176 artigos foram selecio-nados para a análise, e 13 estudos encontraram os critérios de inclusão. A meta-análise destes estudos indicaram uma sobrevivência estimada de PPFs su-portada por implantes conectados a dentes naturais de 90,1% após 5 anos e 82,1% após 10 anos. A taxa de sobrevivência das PPFs foi de 94,1% após 5 anos e 77,8% após 10 anos de função. Não houve diferença signifi cante na sobrevivência dos pilares dentes naturais e implantes nas PPFs combinadas. Após o período de observação de 5 anos, 3,2% dos dentes pilares e 3,4% dos implantes pilares foram perdidos. Após 10 anos, as proporções correspon-dentes foram de 10,6% e 15,6%, respectivamente. Após 5 anos foi detectada 5,2% de intrusão de dentes naturais, ocorrendo quase exclusivamente entre conexões não-rígidas. A taxa de sobrevivên-cia de ambos, implantes e reconstruções com PPFs combinadas, foram inferiores àquelas reportadas por PPFs suportadas apenas por implantes. Por isso, o planejamento de reabilitação protética pode preferencialmente incluir apenas PPFs implanto-suportadas. Entretanto, aspectos anatômicos e a preferência do paciente podem justifi car as reabilita-ções suportadas por implantes conectados a dentes naturais. Os autores destacaram a evidência de que as PPFs suportadas por implantes-dente não têm sido estudadas por longos períodos e, desta forma, há a necessidade de mais estudos longitudinais para examinar estas reabilitações.

Ormianer et al. (2005), num estudo in vivo,

mediram a tensão envolvida na conexão de implan-tes a denimplan-tes naturais e compararam as conexões rígidas e não-rígidas. Um paciente foi tratado com prótese fi xa unilateral suportada por dois implantes e um dente na proximal. Medidores de tensão foram cimentados na estrutura da restauração experimen-tal. Os registros foram obtidos das restaurações enquanto o paciente mordia num bastão de madeira no dia da instalação e após duas semanas da prótese em função, usando ambas conexões rígidas e não-rígidas. Uma diferença signifi cante foi encontrada na deformação horizontal da coroa/dente entre a pri-meira e segunda avaliações. Deformações verticais foram menores que as horizontais, e após a apli-cação das forças de mordida, ambas deformações foram mantidas após os registros de duas semanas. Diante dos resultados, os autores destacaram que as restaurações combinadas de dente/implante po-dem ser uma potencial complicação e popo-dem causar intrusão do dente natural independente do tipo de conexão (rígida ou não-rígida).

DISCUSSÃO

Visando ao tratamento de pacientes parcial-mente desdentados, Brånemark apresentou as pró-teses-protocolo, que incluem os seguintes conceitos: implantes isolados dos dentes naturais, material restaurador resiliente para restauração oclusal e prótese com desenho recuperável.

Ao longo dos anos foram propostas modifi -cações nestes conceitos, podendo os implantes osseointegrados serem utilizados de diferentes maneiras nas reabilitações com próteses parciais fi xas (Kay, 1993): restaurações suportadas por im-plantes livres; imim-plantes conectados passivamente a dentes naturais (conectores semi-rígidos); im-plantes conectados rigidamente a dentes naturais e implantes conectados rigidamente a dentes naturais com conexão resiliente no implante (implante IMZ com elementos intramóveis).

Parece haver um consenso de que sempre que possível deve se evitar a conexão de implantes a dentes naturais. Isto se justifi ca porque o dente possui uma mobilidade fi siológica (100 a 200 μm), permitida pelo ligamento periodontal, substancial-mente maior (cerca de dez vezes) que a do implante

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(10 μm), rigidamente fi xado ao osso (Astrand et al., 1991; Clepper, 1997; Rieder, Parel, 1993; Olsson et

al., 1995; Lang et al., 2004).

Esta diferença de mobilidade normalmente acarreta riscos de complicações biomecânicas que podem ser observadas clinicamente como migração do dente natural, separação vertical interna dos conectores e casquetes metálicos telescópicos e/ou fratura de componentes (Clepper, 1997; Ormianer

et al., 2005).

A desigual distribuição de estresse, devido ao ligamento periodontal, promove a migração apical do dente natural, que faz a prótese atuar como um cantilever em relação ao implante, que é desta forma sobrecarregado.

De acordo com English (1993), as etiologias potenciais para intrusão são: atrofi a por desuso, uso de conectores não rígidos, impactação alimentar, fenômeno de absorção de impacto, recuperação do ligamento periodontal, fl exão do metal da prótese parcial fi xa, fl exão e torção mandibular.

Porém, Sheets, Earthman (1997) e Schlum-berger (1998) destacaram que embora haja várias teorias que se propõem a explicar o fenômeno da intrusão do dente natural, nenhuma é completa-mente satisfatória. Acredita-se que a causa seja multifatorial, de ocorrência aleatória e varia em cada situação individual (Rieder, Parel, 1993).

Rieder, Parel (1993) destacaram várias su-gestões para o fenômeno de reversibilidade da in-trusão dentária: limpeza dos encaixes, desconexão da união de solda, realização de ajustes oclusais e mudança do contorno das paredes paralelas do encaixe. Isto foi confi rmado pelo estudo de Sheets, Earthman (1993), haja vista que a intrusão de inci-sivos superiores conectados a implantes foi revertida utilizando-se de dois procedimentos: redução incisal (1,5 mm) do intermediário do implante adjacente aos dentes intruídos e re-cimentação da prótese inicialmente com vaselina sólida, e após o re-posi-cionamento dos dentes (4 semanas) com cimento provisório. Na avaliação de 1 ano, a prótese perma-neceu estável, sem eventos de intrusão adicional.

As evidências clínicas da migração apical dos dentes naturais conectados a implantes promoveram o desenvolvimento de inúmeros desenhos para as

próteses parciais fi xas. Os fatores de diferenciação entre os desenhos são o tipo e a localização da conexão utilizada (rígida ou não rígida), o tipo de retentor no pilar dentário e os elementos acessó-rios da parte implanto-suportada que procuram compensar as discrepâncias biomecânicas entre os elementos de suporte.

Os tipos de conexões mais utilizadas e es-tudadas incluem (Rieder, Parel, 1993): conexão não rígida, encaixes de precisão e semiprecisão; conexão rígida, com ou sem coroa telescópica; co-nexão rígida com elemento intramóvel no implante (implante IMZ).

English (1993), comparando as conexões rígidas e não rígidas, enumerou suas vantagens e desvantagens. A conexão não rígida permite mo-vimento diferencial do dente natural, recuperação simples do segmento implanto-suportado para higiene, avaliação do implante e reparo. Porém, apresenta potencial para intrusão radicular e resul-tante separação dos conectores, ocorre desgaste do conector com o tempo, resultando em pobre ajuste e difi culdade de reparo, há aumento do custo e complexidade técnica.

As conexões rígidas permitem a eliminação da conexão não-rígida com sua potencial separação, custo e problemas técnicos, provê uma estrutura parcial fi xa rígida, aumenta a estética e a anatomia oclusal com o desenho cimentado com cimento pro-visório, recuperação da prótese por afrouxamento dos parafusos e perfuração da estrutura. Por outro lado, também apresenta potencial para intrusão dentária.

Nas conexões não rígidas, as evidências de migração dentária apical estão normalmente asso-ciadas com as próteses cujo encaixe está localizado entre o dente natural e o pôntico.

Quanto ao tipo de encaixe, precisão ou se-miprecisão, os de semiprecisão têm uma reduzida exatidão de ajuste, reduzida estabilidade e um maior potencial ao desgaste ao longo do tempo de uso. Enquanto os de precisão proporcionam um maior ajuste com resultante incremento da estabilidade (English, 1993). Dentre estes, o T-Bloc, localizado entre o dente e o pôntico, e o McCollum-T são os mais encontrados nos relatos da literatura.

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O McCollum-T contém um parafuso de ouro horizontal que o trava normalmente na palatina do retentor dentário, permitindo que a prótese seja removida para avaliação da mobilidade do dente e do implante (Olsson et al., 1995; Gunne et al., 1999).

Uma opção restauradora, utilizando conexão não rígida, para prevenir os eventos de intrusão, foi descrita por Cohen, Orenstein (1994). No desenho criado, a porção fêmea do encaixe é colocada na coroa do implante e a porção macho é fi xada no pôntico, enquanto no dente é utilizada uma coroa telescópica. Desta forma, acreditam que há redução do possível efeito cantilever que pode estar presente nas próteses suportadas por implantes conectados a dentes naturais, além de direcionar as cargas axial-mente no implante. Como conseqüência, segundo os autores, não há migração do encaixe, falhas ou terapias endodônticas e com mínimas ocorrências de afrouxamento do parafuso de ouro. Além disso, a coroa telescópica permite que a prótese seja recuperada. Porém, os autores destacaram que necessitam de dados a longo prazo, ambos in vivo e in vitro, para determinar a efi cácia deste tipo de tratamento comparado com outros tipos de dese-nhos de restauração.

Nas conexões rígidas, os desenhos incorporam alguns instrumentos para compatibilizar a união dente-implante. As coroas telescópicas, em que um casquete metálico é cimentado “defi nitivamente” no dente pilar e a supra-estrutura da prótese é cimen-tada sobre este com cimento provisório, são confec-cionadas com o objetivo de permitir que a prótese seja recuperada posteriormente para avaliação do implante e mesmo para higiene oral.

Os sistemas de implantes desenhados para acomodarem elementos resilientes entre os implan-tes e as próimplan-teses fi xas (implanimplan-tes IMZ com elemen-tos intramóveis) foram introduzidos com o intuito de se criar uma maior compatibilidade com os pilares de dentes naturais, aliviando os problemas da conexa rígida (Kay, 1993; Papavasiliou et al., 1996).

Os estudos favoráveis ao uso das conexões rígidas (Rangert et al., 1991; Rangert et al., 1995), defendem que a inerente fl exibilidade dos compo-nentes do sistema de implantes (intermediário e

parafusos) é sufi ciente para compensar a maior movimentação do dente natural, dada pelo liga-mento periodontal.

Porém, Weinberg (1993), apesar de destacar a necessidade de se utilizar conexão rígida, mostrou que normalmente a quantidade de movimentação da parte mais fl exível do sistema de implante (para-fuso de retenção da prótese) é em torno de 0,1 µm, permitindo uma distribuição de força muito inferior à do ligamento periodontal, que pode promover uma movimentação de 500 µm. A quantidade de distribuição de forças dependeria também de outros fatores como o grau de fl exibilidade do osso e da própria prótese (Skalak, 1985).

Considerando as diferenças biomecânicas, bem como as desvantagens já citadas, Kay (1993) e Mathews (1991) se posicionam desfavoráveis à utilização das conexões rígidas nas próteses parciais fi xas suportadas por implantes conectados a den-tes naturais. Já Ormianer et al. (2005) destacaram que independente do tipo de conexão, rígida ou não-rígida, a ocorrência de intrusão dentária é uma complicação inerente a estes tipos de próteses.

Apesar das evidências de diferença na movi-mentação entre dente e implante e conseqüente desigual distribuição de cargas (Deines et al., 1993; Weinberg, 1993; Goiris, 1994; Lawrence, 1995), que pode resultar na perda óssea ao redor do implante (Adell et al., 1981; Ericsson et al., 1986), alguns estudos mostraram não ter sido possível demonstrar um mais alto risco de falhas no implante ou na pró-tese, de próteses fi xas de três elementos suportadas por implante conectado a dente natural, quando comparadas com próteses similares suportadas por implantes livres (Gunne et al., 1999; Olsson et

al., 1995; Rangert et al., 1995; Hosny et al., 2000;

Lang et al., 2004).

Corroborando os achados destes últimos estudos, Lindh (2001) não observou episódios de intrusão numa avaliação de 2 anos. Ericsson (1986), o primeiro a reportar o uso de implantes conecta-dos a dentes naturais, também não relatou falhas nestas próteses, porém, ressaltou que em função do curto período de observação (6 a 30 meses) e do pequeno número de pacientes tratados (10), no momento não era possível fazer recomendações com

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relação ao desenho técnico mais favorável para este tipo de restauração protética. Lang et al. (2004) também defendem a necessidade de mais estudos longitudinais com maior período de avaliação, antes de se defender o uso extensivo das próteses par-ciais fi xas suportadas por implantes conectados a dentes naturais.

Reportando a importância das próteses fi xas suportadas por implantes conectados a dentes na-turais como importante alternativa de tratamento de pacientes parcialmente desdentados, Clepper (1997) e Sheets, Earthman (1993) fi zeram várias recomendações a serem seguidas quando do uso deste tipo de prótese, no intuito de se obter suces-so e longevidade do tratamento: quando possível, dente e implante devem ser independentes um do outro; se houver necessidade da união dente-implante, o desenho da prótese deve incluir um mecanismo para absorção de carga; controle das forças oclusais pela inclusão de número sufi ciente de implantes e dentes na prótese; uso de implan-tes largos na região posterior; assegurar cargas cêntricas no implante; controlar e evitar contatos prematuros excêntricos no dente; minimizar a extensão de cantilever no implante; os estudos devem se direcionar no sentido de determinar a magnitude de absorção de carga de um implante necessária para manter o equilíbrio na remodela-ção óssea fi siológica.

De acordo com o estudo de Rieder, Parel (1993), a taxa de ocorrência de intrusão dentária é reduzida com a maior experiência do profi ssional. Desta forma, recomendaram que uma apropriada seleção dos pacientes e um adequado plano de trata-mento podem prevenir a migração dentária apical.

Diante da diferença de metodologias aplicadas nos inúmeros estudos, incluindo múltiplas variáveis (tipo de conector semi-rígido, desenho do cas-quete metálico, posição do dente pilar, qualidade do periodonto, natureza da oclusão antagonista e a presença de atividade para-funcional), e das complexas considerações biomecânicas e conse-qüências biológicas desconhecidas com os vários tipos de desenhos (English, 1993), no momento parece impossível determinar um método que seja superior a outros.

Desta forma, necessita-se de pesquisas e avaliações clínicas longitudinais a longo prazo para que futuramente se tenha um desenho com meca-nismos apropriados para se reduzir a probabilidade de ocorrência de intrusão dentária.

CONCLUSÕES

Fundamentando-se nos estudos revisados neste trabalho, pode-se concluir:

1. As próteses parciais fi xas suportadas por implantes conectados a dentes naturais são impres-cindíveis em situações clínicas específi cas de reabi-litação de pacientes parcialmente desdentados;

2. Os dentes naturais e implantes dentários possuem características biomecânicas inerentes e o fenômeno de intrusão dentária não pode ser ignorado nas próteses parciais fi xas implanto-den-tossuportadas;

3. Pesquisas futuras envolvendo avaliações clínicas sistemáticas e estudos longitudinais a lon-go prazo poderão permitir a determinação de um desenho adequado para as próteses implanto-den-tossuportadas, diminuindo-se a probabilidade de ocorrência de intrusão dentária.

Rocha SS da, Cagol R, Segalla JCM. Implant tooth-supported fi xed partial dentures. Rev Bras Implantodont Prótese Implant 2005; 12(47/48):220-7.

Implant tooth-supported fi xed partial dentures provide a treatment alternative for edentulous patients. The biomechanical differences between natural tooth, surrounded by a periodontal ligament, and implant, rigidly fi xed within the alveolus, result in differential mobility and forces distribution, and can to occur the apical migration or intrusion of natural tooth. Although several theories have been proposed for intrusion phenomenon, the cause is likely multifactorial and different for each situation. Attempting to impede or to minimize the apical migration, various designs denture have been proposed, including rigid or nonrigid connections. As intrusion of natural tooth abutments occurs in all areas of the mouth and is not specifi cally related to retainer design, the literature recommends

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that suffi cient fi xtures should be used to allow the creation of a free-standing, implant-supported restoration. However, anatomic limitations of space and others factors may create a situation in which it would be desirable to connect an implant and a natural tooth in a PFD. The correlation between operator experience and incidence of intrusion suggests that it may ser prevented with proper patient selection and treatment planning.

KEYWORDS: Dental implantation, Tooth, Denture, partial fi xed.

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