Eixo 11: Problemas socioambientais urbanos e rurais
PROCESSOS EROSIVOS EM ÁREAS URBANAS E A APLICAÇÃO DE
TÉCNICAS ALTERNATIVAS DE CONTENÇÃO DE VOÇOROCAS.
PEDRO SCHUMACHER MALUF – Acadêmico de Geografia da UEPG – PR; pedroschumacher@yahoo.com.br
MARIA LIGIA CASSOL PINTO – Profª. DEGEO-UEPG – PR. ligialih@brturbo.com.br ANDREA TEDESCO – Profª. DEGEO-UEPG – PR. tedescodeda@hotmail.com RESUMO
A expansão de processos erosivos lineares, do tipo voçoroca, vem preocupando moradores de alguns setores do noroeste da cidade de Ponta Grossa-Pr, especialmente nos bairros ‘Vila Los Angeles’ e ‘Santa Edwirges’, situados em áreas periurbanas. Disputando espaço com as ruas e moradias, as voçorocas avançam, ora rápida, ora lentamente, colocando em risco a infra-estrutura, e impedindo qualquer uso do solo. A área de estudo, situada no terço superior de uma bacia hidrográfica de 2ª ordem, foi devidamente caracterizada e mapeada em suas propriedades físico-naturais. A morfometria permitiu a hierarquização de indicadores morfológicos. A área degradada constitui-se de sedimentos não consolidados quaternários, fase holocênica, sobre arenito do Grupo Itararé, com relevo ondulado, de topos convexos, declividade média entre 20%. Conclui-se que a área de estudo apresenta uma fragilidade geoambiental elevada, que associada à falta de correta atuação do poder público no planejamento urbano e de ações temerárias de moradores tem contribuído fortemente à transformação negativa da paisagem observada. Cabe, segundo o entendimento atual, ao poder público intervir urgentemente no local, propondo um plano de re-urbanização, respeitando a dinâmica hidrológica local, bem como as outras propriedades físico-naturais, como a orientação, forma e declividade.
PALAVRAS CHAVES: urbano; processos erosivos; contenção de voçoroca.
ABSTRACT
The expansion of linear erosive processes, of the type soil erosion, comes worrying living of some sectors northwestern of the city of Ponta Grossa-Pr, especially in the quarters `Village Los Angeles' and `Edwirges Saint', situated in per-urban areas. Disputing space with the streets and housings, the soil erosions advance, however fast, however slowly, placing at risk the infrastructure, and hindering any use alone it. The area of study, situated in third part superior of a hydrographic basin of 2ª order, duly was characterized and mapped in its physicist-natural properties. The morfometria allowed the hierarch of morphologic pointers. The degraded area consists of sediments not consolidated quaternary, holocênica phase, on sandstone of Group Itararé, with wavy relief, of convex summit, average declivity between 20%. Conclusion that the study area presents a high geoambiental fragility, that associated to the lack of correct performance of the public power in the urban planning and of sham pleas of inhabitants has contributed strong to the negative transformation of the observed landscape. It fits, according to current agreement, to the public power to intervene urgently in the place, being considered and reverse speed-urbanization plan, respecting the local hydrologic dynamics, as well as the other physicist-natural properties, as the orientation, forms and declivity.
KEYWORDS: urban; erosive processes; soil erosion containment.
1. INTRODUÇÃO
A presença significativa e conflitante de “áreas” sob a influência de processos erosivos lineares, no entorno norte do urbano de Ponta Grossa, tem, desde longa data, chamado a atenção e mobilizado profissionais e estudantes de diferentes áreas do conhecimento. Isto porque, algumas desses processos ”atingiram o estágio de voçorocas”, ameaçando tanto parte da infra-estrutura – ruas e ou estradas, as construções residenciais, bem como ameaçam estabilidade de algumas das propriedades situadas no entorno dessas áreas.
expansão de áreas e aumentos da produção agrícola; construção de represas, implantação de novos loteamentos residenciais e parques industriais, por decorrência expansão da mineração. Tais políticas precederam o período de aplicação e controle da legislação ambiental’, iniciado com a política nacional de meio ambiente, em 1981.
Isto favoreceu a ocupação urbana tanto de espaços protegidos, as áreas de preservação permanente, como aquelas consideradas como sob risco geoambiental, resultando, mais tarde, em sérios problemas à gestão das cidades. Contribuíram para esse quadro, o êxodo rural, ocorrido entre as décadas de 1970 e final dos anos 80, que aumentou o contingente populacional de cidades de porte médio e grande, Como aconteceu em Ponta Grossa, com uma expansão urbana movimentando-se em direção às áreas até então rurais do setor norte e sudeste da cidade.
Problemas urbanos desse tipo dependem, de acordo com o modelo atual de governo, de uma gestão compartilhada: vontade política e compreensão da sociedade civil envolvida na questão. Parte disso parece estar acontecendo, e é representada pela atitude isolada de um dos moradores do loteamento que, ao ‘barrar um dos canais formadores da voçoroca’ criou condições de uso e ocupação em sua propriedade,
Neste trabalho, trata-se de um conflito ambiental urbano, resultante de uma situação muito comum, mas de solução difícil, pois de um lado o problema é representado pela expansão de uma voçoroca, e de outro criado pela urbanização de um loteamento instalado nas suas proximidades. Como objetivos desenvolvidos têm-se descrever as transformações socioambientais ocorridas na cidade e na área desta paisagem, a partir da década de 1980 e caracterizar, morfometricamente o evento erosivo instalado no curso de um dos formadores do Arroio Taquari dos Polacos.
O trabalho foi realizado a partir de observações e levantamentos de campo, de cálculos morfométricos da bacia de contribuição, fotointerpretação, consulta aos documentos oficiais e uma revisão de literatura.
2. MATERIAIS E MÉTODOS.
geográfica da área, enfatizando as informações sobre a ocupação do solo, a geologia, hidro, bio, e morfologia.
3. RESULTADOS:
Ponta Grossa é uma cidade média, com 266.683 habitantes em seu sítio urbano (IBGE, 2000 – Censo demográfico), localizada a NW de Curitiba, no PR (figura 1) região fisiográfica denominada Campos Gerais, no limite geológico da Bacia do Paraná com o embasamento cristalino, respectivamente 2º e 1º planaltos paranaenses. O sítio urbano apresenta características singulares quanto a sua rede de drenagem e topografia, pois, como mostra a Figura 1, surge e se expande a partir de um alto topográfico (colina alongada) de onde diverge a rede hidrográfica, do tipo radial, formada por arroios tributários dos rios Tibagi, ao sul, e dos rios Verde e Pitangui, entre o nordeste e o leste.
FIGURA 2: Mapa das principais vias e rede hidrográfica de Ponta Grossa: no detalhe a área de estudo
A área de estudo encontra-se no setor norte da cidade, na transição periurbano e situa-se entre o terços superior e o médio - convexo-côncavo, de uma bacia hidrográfica de 2ª ordem, conforme Strahler, 1952.
Essa região constitui-se de sedimentos não-consolidados do quaternário, em sua fase holocênica, sobre arenito do Grupo Itararé, apresentando um relevo ondulado, de topos convexos, com declividades médias entre 10 e 20%.
A expansão dessa voçoroca vem preocupando moradores de alguns setores do noroeste da cidade de Ponta Grossa-Pr, especialmente nos bairros ‘Vila Los Angeles’ e ‘Santa Edwirges’, ambos situados em áreas periurbanas. Disputando espaço com as ruas e moradias, as voçorocas avançam, ora rápida, ora lentamente, colocando em risco a infra-estrutura, as construções e impedindo qualquer uso do solo. Diante deste problema e do desinteresse das administrações municipais, alguns moradores introduziram ‘técnicas’ de contenção do avanço da ‘erosão’, tanto do canal quanto do progressivo recuo lateral das vertentes da ‘ravina’.
Das entrevistas com os moradores locais, e em especial com aquele que, sentindo-se prejudicado, alterou o curso de um canal de 1ª, para evitar maiores prejuízos em sua propriedade, obteve-se informações a velocidade, principais eventos erosivos e os locais onde o desmoronamento das margens e o aprofundamento do canal principal são mais significativos. O proprietário que até o momento foi mais atingido pela voçoroca, forneceu os dados e as técnicas usadas para a contenção da erosão. De acordo com o Sr. Paulo, o trabalho de controle da erosão de um dos braços deu-se com a construção de três açudes, de pequenas dimensões e dispostos em cascatas, em função da declividade local (Figura 3). A construção dos barramentos foi sobre o fio de água, com altura igual ao primeiro nível de terraço fluvial sendo dotados de área de descarga - ‘ladrões’, em uma das laterais para os momentos de chuvas concentradas e de volume superiores a 50 mm/dia. Fez uma cerca no entorno para evitar a entrada de animais. Além desse mecanismo fez um desvio do pequeno canal fluvial, a montante dos barramentos, como ‘segurança’ da sua ‘engenharia, ou seja, reduzir o escoamento superficial do arruamento à montante para garantir a estabilidade do seu terreno.
A preocupação do proprietário da área vem de encontro com o que diz Bigarela (1985), sobre a evolução do processo erosivo nesses casos:
“Na cabeceira da voçoroca (...) o fluxo de água superficial aprofunda rapidamente seu leito no material arenoso, fazendo com que as paredes do estreito canal do fluxo concentrado, junto ao degrau de ruptura de declive, sofra liquefação e se desfaça em denso movimento de massa pelo degrau abaixo”.
CONSIDERAÇÕES GERAIS.
As observações e mensurações realizadas na área, associadas com as informações contidas em artigos anteriores e documentos da administração municipal, permitem afirmar que,
- a morfologia local e a rede hidrográfica deveriam ter sido consideradas como indicadores de área com fragilidade geomorfológica, quando da proposição de implantação do referido loteamento ocorrência risco;
- a existência de uma legislação ambiental (Código florestal de 1965) já assinalava a necessidade de preservar tal área;
- é evidente a influência da construção de residências e da implantação de ruas no sentido da declividade, no processo de avanço da erosão dentro e nas nascentes do Arroio dos Polacos, na Vila Santa Edwirges;
-que a negligencia da administração municipal, de longa data, pode ser considerado como fator contribuinte à erosão nesse local.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BIGARELLA, J.J., Visão integrada da problemática da erosão. Curitiba, associação da defesa e educação ambiental e Associação Brasileira de Geologia de Engenharia, 1985 329p. IAPAR. Classificação climática do Paraná.Disponível em: http://www.iapar.gov.pr. Acesso em: 21 de jun. de 2005.
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MELO, M. S.; MEDEIROS, C. V.; GIANNINI, P. C.; GARCIA, M. J.; PESSENDA, L. C. R. – Sedimentação quaternária no espaço urbano de Ponta Grossa – São Paulo, UNESP, Geociências v. 22, n. 1, p. 33-42, 2003.
Ortoimagem do sensor SPOT5 de 2005 obtida pelo processo de fusão “sharpening” entre as
bandas multiespectrais 10m e pancromática 5 metros, cedida pelo PARANACIDADE.
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