• Nenhum resultado encontrado

Uma Generaliza¸ c˜ ao do Teorema de Serre-Swan

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Uma Generaliza¸ c˜ ao do Teorema de Serre-Swan"

Copied!
71
0
0

Texto

(1)

Programa de P´ os–Gradua¸ c˜ ao em Matem´ atica Mestrado em Matem´ atica

Uma Generaliza¸ c˜ ao do Teorema de Serre-Swan

Adailton de Souza Pereira

Jo˜ ao Pessoa – PB

Julho de 2017

(2)

Programa de P´ os–Gradua¸ c˜ ao em Matem´ atica Mestrado em Matem´ atica

Uma Generaliza¸ c˜ ao do Teorema de Serre-Swan

por

Adailton de Souza Pereira

sob a orienta¸ c˜ ao do

Prof. Dr. Roberto Callejas Bedregal

e coorienta¸ c˜ ao do

Prof. Dr. Napole´ on Caro Tuesta

Jo˜ ao Pessoa – PB

Julho de 2017

(3)

Catalogação na publicação Setor de Catalogação e Classificação

.

P436g Pereira, Adailton de Souza.

Uma generalização do teorema de Serre-Swan / Adailton de Souza Pereira. João Pessoa, 2017.

71 f.

Orientador: Roberto Callejas Bedregal Co-orientador: Napoleón Caro Tuesta

Dissertação (Mestrado) – UFPB/CCEN/PPGM

1. Matemática. 2. Teorema de Serre-Swan. 3. Espaços anelados. 4. Módulos projetivos. I. Título.

UFPB/BC CDU - 51(043)

(4)
(5)
(6)

Primeiramente, agrade¸co a Deus pela minha vida e por permitir que eu chegasse at´ e aqui, sempre me dando for¸cas e coragem para persistir na busca pela realiza¸c˜ ao de meus sonhos.

Aos meus pais, Maria Bezerra e Francisco Lopes por toda a educa¸c˜ ao e ensinamentos que me ofereceram, pelos os incentivos e por estarem sempre pr´ oximos a mim, por mais que eu estivesse longe.

Aos meus irm˜ aos, Welliton, ˆ Angela, Ang´ elica e Franci´ elio por sempre me apoiarem em todas as minhas escolhas e por fazerem parte dessa linda fam´ılia.

Aos meus av´ os, em especial, a minha querida v´ o Let´ıcia que sempre foi muito presente em minha vida, e nunca mediu esfor¸cos para me ajudar nos meus estudos, sempre com muito amor e bondade.

Ao meu tio Hermes, por todo o apoio e por sempre ter acreditado em mim.

A todos os meus familiares, por sempre estarem presente em minha vida e me apoirem em minhas escolhas.

A minha namorada Leila J´ essica, por ser a minha melhor amiga e companheira, e por sempre est´ a ao meu lado em todos os momentos, compartilhando todas as minhas alegrias e tristezas.

Aos meus grandes amigos, Daniel e Leandro, por todos os momentos e brincadeiras vivenciadas, amigos para vida toda.

A minha grande amiga Cr´ısia, que mesmo estando longe sempre torceu pelo meu sucesso, e me apoiou muito nos tempos de intercˆ ambio em Coimbra.

Aos amigos que conheci durante o mestrado, Lucas, Ricardo Bruno, Ricardo Dias, Breno, Sylvia, Djair, Esa´ u, Mauri, Diego, Marcius, Marcos Aur´ elio, Tony, Clemerson, Zeh, Pedro Pantoja entre outros, pelos ´ otimos momentos vivenciados.

Ao meu amigo Salatiel, por toda a convivˆ encia, conselhos, e ´ otimos momentos compartilhados.

Ao professor Roberto Bedregal, por sua orienta¸c˜ ao, paciˆ encia e boa vontade, per- mitindo um grande apredizado durante a elabora¸c˜ ao deste trabalho.

Ao professor Napole´ on Caro, por todo o ensinamento e orienta¸c˜ ao, pelos conselhos e momentos compartilhados.

Ao meu amigo Luis Alba, pela grande ajuda disponibilizada ao longo deste trabalho,

por sua boa vontade e gentileza oferecida em todos os momentos que necessitei de sua

(7)
(8)

No presente trabalho estudaremos uma generaliza¸c˜ ao dos teoremas cl´ assicos de Serre e de Swan. Determinaremos a classe dos espa¸cos anelados ( X, O X ) , de modo que a categoria dos feixes localmente livres de posto limitado sobre um espa¸co topol´ ogico X seja equivalente ` a categoria dos Γ ( X, O X ) -m´ odulos projetivos finitamente gerados.

Palavras-chave: Teorema de Serre-Swan, Espa¸cos anelados, M´ odulos projetivos.

(9)

In the present work we will study a generalization of the classical theorems of Serre and Swan. We will determine the class of ringed spaces ( X, O X ) , so that the category of locally free sheaves of bounded rank over a topological space X is equivalent to the category of Γ ( X, O X ) -modules finitely generated projective.

Keywords: Serre-Swan Theorem, Ringed spaces, Projectives modules.

(10)

Introdu¸ c˜ ao 1

1 Um pouco da teoria dos feixes 3

1.1 Feixes de M´ odulos . . . . 3

1.2 O funtor das se¸c˜ oes globais e seu adjunto . . . . 4

1.3 Feixes finos . . . . 10

1.4 O feixe dos morfismos Hom O

X

(F , G) . . . . 12

1.5 Feixes de tipo finito . . . . 17

1.6 Feixes quase-coerentes e apresenta¸c˜ ao finita . . . . 22

1.7 Feixes coerentes . . . . 24

1.8 Feixes localmente livres . . . . 29

2 O Teorema de Serre-Swan 32 2.1 Resultados preliminares . . . . 32

2.2 O Teorema Principal . . . . 38

3 Algumas aplica¸ c˜ oes 43 3.1 Teorema de Serre . . . . 43

3.2 Teorema de Swan . . . . 46

3.3 Espa¸cos C -diferenci´ aveis . . . . 47

A Alguns resultados de m´ odulos 50

B Categorias Abelianas 52

C Resultados B´ asicos 55

Referˆ encias Bibliogr´ aficas 59

(11)

A seguir, listamos algumas nota¸c˜ oes utilizadas neste trabalho.

• X denota um espa¸co Topol´ ogico;

• O X denota um feixe de an´ eis no espa¸co topol´ ogico X;

• ( X, O X ) denota um espa¸co anelado ou localmente anelado;

• Id denota o morfismo identidade;

• F , G , H , M , I denotam feixes, e F x , G x , H x , M x , I x seus respectivos talos;

• H om O

X

(F , G) denota o feixe dos morfismos entre F e G ;

• Supp (F) denota o suporte do feixe F ;

• Supp ( ξ ) denota o suporte do morfismo de feixes ξ ∶ F Ð→ G ;

• rank (F) denota o posto do feixe F e rank x (F) denota o posto do talo F x , para todo x ∈ X;

• O X -Mod denota a categoria dos O X -m´ odulos;

• A -Mod denota a categoria dos A-m´ odulos, para qualquer anel A;

• Lfb ( X ) denota a subcategoria plena da categoria O X -Mod, consistindo dos O X -m´ odulos localmente livres de posto limitado;

• Fgp ( A ) denota a subcategoria plena da categoria A -Mod, consistindo dos A- m´ odulos projetivos finitamente gerados;

• Coh ( X ) denota a subcategoria plena da categoria O X -Mod, consistindo dos O X -m´ odulos coerentes;

• Qcoh ( X ) denota a subcategoria plena da categoria O X -Mod, consistindo dos

O X -m´ odulos quase-coerentes.

(12)

Neste trabalho, com base no artigo [15], estudamos o cl´ assico Teorema de Serre- Swan. Em 1955, Jean-Pierre Serre formulou a primeira vers˜ ao do Teorema de Serre [19, Section 50, Corollaire to Proposition 4, p. 242], que na vers˜ ao estudada neste trabalho garante, para um esquema afim ( X, O X ) , a existˆ encia de uma equivalˆ encia categ´ orica entre a categoria dos O X -m´ odulos de posto finito e a categoria dos Γ ( X, O X ) -m´ odulos projetivos finitamente gerados. Posteriormente, em 1962 Richard G. Swan apresentou uma nova vers˜ ao para esse teorema, que foi chamado o Teorema de Swan [20, Theorem 2 and p. 277], que na vers˜ ao estudada neste trabalho, garante a existˆ encia da mesma equivalˆ encia categ´ orica observada por Serre, mas com X sendo um espa¸co topol´ ogico paracompacto com cobertura de dimens˜ ao finita e O X o feixe das fun¸c˜ oes cont´ınuas de valores reais em X.

O objetivo deste trabalho ´ e generalizar esse resultado para a classe dos espa¸cos localmente anelados, que ´ e uma classe maior. Nesse intuito, o trabalho foi dividido em trˆ es partes al´ em do apˆ endice, que foi colocado com a finalidade de deixar a leitura mais agrad´ avel, apresentando alguns resultados que n˜ ao foram provados no decorrer do trabalho.

O primeiro cap´ıtulo foi dedicado ` a abordagem de um pouco da teoria de feixes, voltada principalmente para os resultados que ser˜ ao usados ao longo da disserta¸c˜ ao.

Esse cap´ıtulo ser´ a divido em oito se¸c˜ oes. Nas duas primeiras, ser˜ ao definidos fei- xes de m´ odulos, e o funtor das se¸c˜ oes globais Γ ( X, ●) junto como o seu adjunto ` a esquerda, o funtor S . Nas se¸c˜ oes seguintes ser˜ ao discutidos feixes finos, feixe de mor- fismos H om O

X

(F , G) , feixes de tipo finito, feixes quase-coerentes e apresenta¸c˜ ao finita, feixes coerentes e feixes localmente livres.

No segundo cap´ıtulo, ser´ a apresentada a demonstra¸c˜ ao do teorema de Serre-Swan.

Essa demonstra¸c˜ ao foi dividida em v´ arios resultados. Por exemplo, ser´ a mostrado que

se ( X, O X ) ´ e um espa¸co anelado e C ´ e uma subcategoria abeliana plena da categoria

O X -Mod tal que O X pertence C , e todos os feixes em C s˜ ao finitamente gerados por

se¸c˜ oes globais, ent˜ ao, existe um isomorfismo entre S( Γ ( X, F)) e F , para todo feixe

F em C . A partir desse resultado, pode-se extrair um corol´ ario, onde ser´ a assumido

(13)

m´ odulo projetivo P finitamente gerado ´ e isomorfo a Γ ( X, S( P )) . Esses dois resultados constituir˜ ao um papel bem relevante na conclus˜ ao da demosntra¸c˜ ao do teorema.

O terceiro cap´ıtulo foi destinado a algumas aplica¸c˜ oes do Teorema de Serre-Swan.

Naturalmente, ser´ a observado que tanto o Teorema de Serre quanto o de Swan ser˜ ao

corol´ arios do teorema anterior. Al´ em disso, ainda ser´ a mostrado que o Teorema de

Serre-Swan tamb´ em ´ e v´ alido para espa¸cos C -diferenci´ aveis.

(14)

Um pouco da teoria dos feixes

Neste cap´ıtulo ser´ a estudada a teoria de feixes, abordando algumas propriedades e defini¸c˜ oes. A parte inicial, ser´ a dedicada a definir os feixes de m´ odulos em espa¸cos anelados e os funtores Γ ( X, ●) e S . O restante do cap´ıtulo ´ e destinado ao estudo de algumas classes de feixes primordiais no desenvolvimento dos cap´ıtulos seguintes.

1.1 Feixes de M´ odulos

Defini¸ c˜ ao 1.1. Seja ( X, O X ) um espa¸co anelado. Um feixe de O X -m´ odulos (ou sim- plesmente, um O X -m´ odulo) ´ e um feixe F em X tal que para cada conjunto aberto U ⊆ X, dois morfismos u ∶ F × F Ð→ F e v ∶ O X × F de feixes sobre X, definidos por u ( s, s ) = s + s e v ( a, s ) = as, definem uma estrutura de O X ( U ) -m´ odulo em F( U ) . Al´ em disso, se V ´ e um subconjunto de U , ent˜ ao ( as )∣ V = a ∣ V s ∣ V para todo a ∈ O X ( U ) e s ∈ F( U ) . Denotaremos a categoria dos O X -m´ odulos por O X -Mod e para qualquer anel A, A -Mod denotar´ a a categoria dos A-m´ odulos.

Se F ´ e um O X -m´ odulo, ent˜ ao, para cada x ∈ X, podemos definir uma estrutura de O X,x -m´ odulo da seguinte forma:

⟨ U, s ⟩⟨ V, s ⟩ = ⟨ U ∩ V, s ∣ U∩V s U∩V ⟩ .

Um morfismo de O X -m´ odulos ´ e um morfismo de feixes φ ∶ F Ð→ G entre O X - m´ odulos, onde para cada aberto U ⊆ X, o morfismo φ ( U ) ∶ F( U ) Ð→ G( U ) ´ e um homomorfismo de O X ( U ) -m´ odulos, isto ´ e,

φ ( U )( s + s ) = φ ( U )( s ) + φ ( U )( s ) e φ ( U )( as ) = aφ ( U )( s )

para cada s ∈ F( U ) , s ∈ G( U ) e a ∈ O X ( U ) .

(15)

Observa¸ c˜ ao 1.1. Para cada x ∈ X, o morfismo φ ∶ F Ð→ G de O X -m´ odulos induz um homomorfismo de O X,x -m´ odulos φ x ∶ F x Ð→ G x , definido por φ x (⟨ U, s ⟩) = ⟨ U, φ ( U )( s )⟩ . De fato,

φ x (⟨ V, s ⟩⟨ U, s ⟩) = φ x (⟨ V ∩ U, s ∣ V ∩U s V ∩U ⟩)

= ⟨ V ∩ U, φ ( V ∩ U )( s ∣ V ∩U s V ∩U )⟩

= ⟨ V ∩ U, s ∣ V ∩U φ ( V ∩ U )( s V ∩U )⟩

= ⟨ V, s ⟩⟨ U, φ ( U )( s )⟩

= ⟨ V, s ⟩ φ x (⟨ U, s ⟩) .

e

φ x (⟨ V, s ⟩ + ⟨ U, s ⟩) = φ x (⟨ V ∩ U, s ∣ V ∩U + s V ∩U ⟩)

= ⟨ V ∩ U, φ ( V ∩ U )( s ∣ V ∩U + s V ∩U )⟩

= ⟨ V ∩ U, φ ( V ∩ U )( s ∣ V ∩U ) + φ ( V ∩ U )( s ∣ V ∩U )⟩

= ⟨ V, φ ( V ∩ U )( s ∣ V ∩U )⟩ + ⟨ U, φ ( V ∩ U )( s V ∩U )⟩

= ⟨ V, φ ( V )( s )⟩ + ⟨ U, φ ( U )( s )⟩

= φ x (⟨ V, s ⟩) + φ x (⟨ U, s ⟩)

Se F e G s˜ ao dois O X -m´ odulos, denotaremos por H om O

X

(F , G) , o conjunto de todos os morfismos de F para G . Dessa forma, para cada subconjunto aberto U ⊆ X, podemos definir uma estrutura de O X ( X ) -m´ odulo dada por ϕ + ψ = ( ϕ ( U )+ ψ ( U )) U⊆X e aϕ = ( a ∣ U ϕ ( U )) U⊆X , com a ∈ O X ( X ) e ( ϕ, ψ ) ∈ ( Hom O

X

(F , G) × Hom O

X

(F , G)) . Com isso, obtemos que a categoria O X -Mod ´ e O X ( X ) -linear 1 .

Observa¸ c˜ ao 1.2. A categoria dos feixes de m´ odulos sobre um espa¸co anelado ´ e uma ca- tegoria abeliana. Com isso, podemos aplicar resultados cl´ assicos da ´ algebra homol´ ogica de grupos abelianos como o Lema dos Cinco, o Lema da Serpente, a Sequˆ encia Longa de Homologia, Teorema Fundamental do Isomorfismo, entre outros.

1.2 O funtor das se¸ c˜ oes globais e seu adjunto

O anel das se¸c˜ oes globais de O X , ser´ a denotado por Γ ( X, O X ) e usaremos A para denotar esse anel. Desse modo, podemos definir um funtor Γ ( X, ●) que a cada objeto da categoria O X -Mod corresponde a um objeto na categoria A -Mod, isto ´ e,

1

Seja R um anel. Uma categoria R-linear A ´ e uma categoria onde cada conjunto de morfismos tem

a estrutura de um R-m´ odulo, e a lei de composi¸ c˜ ao ´ e R-bilinear, isto ´ e, a composi¸ c˜ ao ´ e Z -bilinear e

ϕ ○ ( rψ ) = r ( ϕ ○ ψ ) e ( rϕ ) ○ ψ = r ( ϕ ○ ψ ) , para r ∈ R e ϕ, ψ ∈ A .

(16)

Γ ( X, ●) ∶ O X -Mod Ð→ A -Mod

definido por, Γ ( X, ●)(F) = Γ ( X, F) e para ϕ ∈ Hom O

X

(F , G) , temos Γ ( X, ●)( ϕ ) = ϕ X ∶ Γ ( X, F) Ð→ Γ ( X, G) . Este funtor ser´ a chamado o funtor das se¸ c˜ oes globais.

Proposi¸ c˜ ao 1.1. Sejam U um subconjunto aberto de X e Γ ( X, ●) o funtor das se¸ c˜ oes globais. Se a sequˆ encia de O X -m´ odulos

0 // F ϕ // F ψ // F ′′ // 0 , (1.1)

´ e exata, ent˜ ao a sequˆ encia de O X ( U ) -m´ odulos

0 // Γ ( U, F ) ϕ

U

// Γ ( U, F) ψ

U

// Γ ( U, F ′′ ) , (1.2)

´ e exata ` a esquerda, isto ´ e, o funtor Γ ( U, ●) ´ e exato ` a esquerda.

Demonstra¸ c˜ ao. Como ϕ ´ e injetiva, o morfismo induzido ϕ ( U ) tamb´ em ´ e injetivo para todo subconjunto aberto U de X, assim para mostrar que a sequˆ encia 1.2 ´ e exata, precisamos mostrar que Ker ( ϕ ( U )) = Im ( ψ ( U )) . Seja s ∈ F ( U ) . Consideremos a sequˆ encia induzida nos talos

0 // F x

ϕ

x

// F x ψ

x

// F x ′′ . (1.3)

que ´ e uma sequˆ encia exata de grupos abelianos para todo x ∈ X, pois a sequˆ encia 1.1 ´ e

exata. Assim, ψ x ( ϕ x ( s x )) = 0 para todo x ∈ U . Consequentemente, ψ ( ϕ ( s )) x = 0 para

todo x ∈ U . Por defini¸c˜ ao existe um subconjunto aberto V de U tal que o par ⟨ V, s ∣ V

representa o elemento s x ∈ F x , o par ⟨ V, ϕ ( s )∣ V ⟩ representa ϕ ( s ) x ∈ F x e ⟨ V, ψ ( ϕ ( s ))∣ V

representa ψ ( ϕ ( s )) x ∈ F x ′′ . Al´ em disso, temos que ψ ( ϕ ( ρ V,U ( s ))) = ψ ( ρ V,U ( ϕ ( s )) =

ρ ′′ V,U ( ψ ( ϕ ( s ))) , por defini¸c˜ ao de morfismo de feixes, onde ρ , ρ e ρ ′′ s˜ ao os mapas de

restri¸c˜ oes de F , F e F ′′ , respectivamente. Para todo x ∈ U existe uma vizinhan¸ca

aberta V de x tal que ψ ( ϕ ( s ))∣ V = 0, assim pela condi¸c˜ ao de unicidade em feixes,

ψ ( ϕ ( s )) = 0, isto ´ e, Im ( ϕ ( U )) ⊆ Ker ( ψ ( U )) . Reciprocamente, seja t ∈ Ker ( ψ ) . Para

todo x ∈ U, existe s x ∈ F x tal que ϕ x ( s x ) = t x , pois a sequˆ ecia 1.3 ´ e exata. Assim,

existe uma cobertura aberta { V i } i∈I de U e elementos s i ∈ F tal que ϕ ( s i ) = t ∣ V

i

. Como

ϕ ( s iV

i

∩V

j

) = ϕ ( s jV

i

∩V

j

) = t ∣ V

i

∩V

j

para todo i, j ∈ I, ent˜ ao pela injetividade de ϕ, temos

que s iV

i

∩V

j

= s jV

i

∩V

j

. Pela defini¸c˜ ao de feixe, existe s ∈ F ( U ) tal que s ∣ V

i

= s i para

todo i ∈ I . Assim, pela condi¸c˜ ao de unicidade, segue que ϕ ( s ) = t. Logo, Ker ( ψ ( U )) ⊆

Im ( ϕ ( U )) . Portanto, a sequˆ encia 1.2 ´ e exata ` a esquerda, e consequentemente o funtor

Γ ( X, ●) ´ e exato ` a esquerda.

(17)

Defini¸ c˜ ao 1.2. Sejam F e G dois O X -m´ odulos. Ent˜ ao, podemos construir o produto tensorial entre esses O X -m´ odulos, considerando para cada aberto U ⊆ X, o O X ( U ) - m´ odulo F( U ) ⊗ O

X

(U) G( U ) , de modo que a associa¸c˜ ao

U ↦ F( U ) ⊗ O

X

(U) G( U )

define um pr´ e-feixe cujas restri¸c˜ oes s˜ ao os produtos tensoriais das respectivas res- tri¸c˜ oes de F e G . Entretanto, esse pr´ e-feixe, em geral, n˜ ao ´ e um feixe. Dessa forma, denotaremos por F ⊗ O

X

G a feixifica¸c˜ ao deste pr´ e-feixe. Portanto, F ⊗ O

X

G ´ e um O X -m´ odulo e (F ⊗ O

X

G) x = F xO

X,x

G x para cada x ∈ X. Note que essa ´ ultima igualdade pode ser verificada observando a existˆ encia de um isomorfismo canˆ onico entre os O X,x -m´ odulos (F ⊗ O

X

G) x e F x ⊗ O

X,x

G x . De fato, considere os morfismos γ ∶ (F ⊗ O

X

G) x Ð→ F x ⊗ O

X,x

G x e θ ∶ F x ⊗ O

X,x

G x Ð→ (F ⊗ O

X

G) x definidos por γ (⟨ U, f ⊗ g ⟩) = f x ⊗ g x e θ ( f x ⊗ g x ) = ⟨ U ∩ V, f ∣ U∩V ⊗ g ∣ U∩V ⟩ respectivamente. ´ E f´ acil ver que γ e θ s˜ ao inversos.

Seja M um A-m´ odulo. Defina um pr´ e-feixe P( M ) em X dado por P( M )( U ) = M ⊗ A O X ( U ) para todo subconjunto aberto U de X com a restri¸c˜ ao ρ V,U ∶ P( M )( U ) Ð→

P( M )( V ) dada por ρ V,U ( m ⊗ s ) = m ⊗ s ∣ V para qualquer subconjunto aberto V ⊆ U , e elementos m ∈ M e s ∈ O X ( U ) . Observemos que O X ( U ) ´ e canonicamente um A- m´ odulo. De fato, basta notar que se f ∈ A e s ∈ O X ( U ) , temos que f ⋅ s = f ∣ U ⋅ s ∈ O X ( U ) . Portanto, podemos afirmar que P( M )( U ) ´ e um O X ( U ) -m´ odulo. Denotaremos por S( M ) o feixe associado a P( M ) . Da mesma forma, se temos um homomorfismo de A-m´ odulos v ∶ M Ð→ N , definimos para todo aberto U ⊆ X o morfismo de pr´ e-feixes

(P( M )( v )) U = v ⊗ 1 O

X

∶ M ⊗ A 1 O

X

Ð→ N ⊗ A 1 O

X

.

Logo, esse morfismo de pr´ e-feixe induz um morfismo de feixes S( v ) ∶ S( M ) Ð→ S( N ) . Assim, temos um funtor

S ∶ A -Mod Ð→ O X -Mod . (1.4)

Observa¸ c˜ ao 1.3. Seja ( X, O X ) um espa¸co anelado. Para todo O X -m´ odulo F , defini- remos o homomorfismo de A-m´ odulos

σ ∶ Hom O

X

(O X , F) Ð→ Γ ( X, F) u z→ u X ( 1 ) Observemos que σ ´ e um isomorfismo, com inverso

γ ∶ Γ ( X, F) Ð→ Hom O

X

(O X , F) ,

(18)

dado por γ ( s ) U ( h ) = h ⋅ ( s ∣ U ) , para s ∈ Γ ( X, F) , U ⊆ X aberto e h ∈ O X ( U ) . De fato, para todo u ∈ Hom O

X

(O X , F) e s ∈ Γ ( X, F) temos

σ ○ γ ( s ) = σ ( γ ( s )) = σ ( u ) = u X ( 1 ) = 1 ⋅ ( s ∣ X ) = s, por um lado, e por outro,

γ ○ σ ( u ) = γ ( σ ( u )) = γ ( u X ( 1 )) = γ ( 1 ⋅ s ∣ X ) = γ ( s ) = u.

Portanto, temos que σ e γ s˜ ao aplica¸c˜ oes inversas entre si. Dizemos assim que o morfismo de O X -m´ odulos u = γ ( s ) ∶ O X Ð→ F ´ e definido pela se¸ c˜ ao s de F em X.

Deste modo, temos um isomorfismo de funtores

Hom O

X

(O X , ●) Ð→ Γ ( X, ●) .

A observa¸c˜ ao anterior pode ser estendida para um caso mais geral. Para isso, precisaremos de um conjunto arbitr´ ario de ´ındices I e consideraremos a soma direta O X (I) = ⊕ i∈I O X e para cada i ∈ I, seja f i ∶ O X Ð→ O (I) X a inje¸c˜ ao canˆ onica do i-´ esimo somando direto O X para O (I) X . Assim, de modo an´ alogo a observa¸c˜ ao 1.3, iremos definir para todo O X -m´ odulo F , o homomorfismo de A-m´ odulos

σ ∶ Hom O

X

(O (I) X , F) Ð→ Γ ( X, F) I = ∑

i∈I

Γ ( X, F) u z→ (( u ○ f i ) X ( 1 )) i∈I

onde σ ´ e um isomorfismo e seu inverso

γ ∶ Γ ( X, F) I Ð→ Hom O

X

(O (I) X , F)

´ e dado por γ ( s ) U ( g ) = ∑ i∈I g i ( s iU ) para s = ( s i ) i∈I ∈ Γ ( X, F) I , U ⊆ X aberto e g = ( g i ) i∈I ∈ O (I) X ( U ) . Como g ∈ O X ( U ) (I) a soma acima ´ e uma soma finita e portanto segue que γ est´ a bem definida. Assim como na observa¸c˜ ao 1.3, temos o isomorfismo de funtores

Hom O

X

(O (I) X , ●) Ð→ Γ ( X, ●) I (1.5) Desse modo, dizemos que o morfismo de O X -m´ odulos u = γ ( s ) ∶ O (I) X Ð→ F ´ e definido pela fam´ılia de se¸ c˜ oes s = ( s i ) i∈I de F em X.

Agora, faremos a demonstra¸c˜ ao de uma importante proposi¸c˜ ao que relaciona o funtor das se¸c˜ oes globais Γ ( X, ●) com o funtor S .

Proposi¸ c˜ ao 1.2. Para cada espa¸ co anelado ( X, O X ) , o funtor S ´ e um adjunto ` a

esquerda de Γ ( X, ●) .

(19)

Demonstra¸ c˜ ao. Defina Γ ( X, O X ) = A. Sejam F um O X -m´ odulo e M um A-m´ odulo.

Agora, considere o homomorfismo θ ∶ M Ð→ Γ ( X, F) de A-m´ odulos. Al´ em disso, seja θ ∶ P( M ) Ð→ F o morfismo de pr´ e-feixes tal que para todo subconjunto aberto U de X

λ θ ∶ M ⊗ A O X ( U ) Ð→ F( U )

´ e dado por λ θ ( m ⊗ A f ) = f ⋅ θ ( m )∣ U , para m ∈ M e f ∈ O X ( U ) . Note que o diagrama M ⊗ A O X ( U ) λ

θ

//

ρ

V,U

F( U )

ρ

V,U

M ⊗ A O X ( V ) λ

θ

// F( V )

(1.6)

´ e comutativo para toda inclus˜ ao V ⊆ U de abertos de X. De fato, seja m ⊗ f ∈ M ⊗ A O X ( U ) ent˜ ao ρ V,U ( m ⊗ f ) = m ⊗ f ∣ V ∈ M ⊗ A O X ( V ) por sua vez, λ θ ( m ⊗ f ∣ V ) = f ∣ V ⋅ θ ( m )∣ V ∈ F( V ) . Por outro lado, λ θ ( m ⊗ f ) = f ⋅ θ ( m )∣ U ∈ F( U ) e ρ V,U ( f ⋅ θ ( m )∣ U ) = ( f ⋅ θ ( m )∣ U )∣ V = f ∣ V ⋅ θ ( m )∣ V ∈ F( V ) . Portanto, o diagrama 1.6 ´ e comutativo e λ θ ´ e um morfismo de pr´ e-feixes. Podemos assim considerar o morfismo de feixes λ + ( θ ) associado a λ θ . Sejam α θ ∶ S( M ) Ð→ F o morfismo de feixes associado a θ, σ ∶ M Ð→ M e γ ∶ F Ð→ F . Defina

λ + ∶ Hom A ( M, Γ ( X, F)) Ð→ Hom O

X

(S( M ) , F) (1.7) θ z→ α θ

Agora, provaremos que λ + ´ e funtorial, isto ´ e, se existe

λ + ∶ Hom A ( M , Γ ( X, F )) Ð→ Hom O

X

(S( M ) , F ) ent˜ ao o diagrama abaixo ´ e comutativo para todo σ e γ.

Hom A ( M, Γ ( X, F)) λ

+

//

Hom(σ,Γ(X,γ))

Hom O

X

(S( M ) , F)

Hom(S(σ),γ)

Hom A ( M , Γ ( X, F )) λ

+

// Hom O

X

(S( M ) , F )

(1.8)

Seja θ ∈ Hom A ( M, Γ ( X, F)) ent˜ ao temos que

Hom (S( σ ) , γ ) ○ λ + ( θ ) = γ ○ λ + ( θ ) ○ S( σ ) ∈ Hom O

X

(S( M ) , F ) e (1.9)

λ + ○ Hom ( σ, Γ ( X, γ ))( θ ) = λ + ( Γ ( X, γ ) ○ θ ○ σ ) ∈ Hom O

X

(S( M ) , F ) (1.10)

Agora, para verificar que o diagrama 1.8 ´ e comutativo basta mostrar que os morfismos

(20)

1.9 e 1.10 coincidem no pr´ e-feixe P( M ) . Com efeito, seja U um subconjunto aberto de X e m ⊗ s ∈ M ⊗ O X ( U ) . Dessa forma,

γ U ○ λ + ( θ ) ○ S( σ )( m ⊗ s ) = γ U ○ λ + ( θ ) ○ ( σ ( m ) ⊗ s ) = γ U ○ θ U ( σ ( m ) ⊗ s )

= γ U ( θ U ( σ ( m ) ⊗ s )

= γ U ( s ⋅ θ ( σ ( m ))∣ U )

= s ⋅ γ U ( θ ( σ ( m ))∣ U )

= s ⋅ ( Γ ( X, γ )( θ ○ σ ( m )))∣ U

= λ Γ(X,γ)○θ○σ ( m ⊗ s )

= λ + ( Γ ( X, γ ) ○ θ ○ σ )( m ⊗ s )

sempre que γ seja um morfismo de feixes. Da´ı temos γ U ○ λ + ( θ ) ○ S( σ )( m ⊗ s ) = λ + ( Γ ( X, γ )○ u ○ σ )( m ⊗ s ) . Portanto, o diagrama 1.8 ´ e comutativo e consequentemente γ ´ e funtorial em F e M . Por fim, resta mostrar que λ + ´ e uma bije¸c˜ ao. De fato, defina ϕ ∶ Hom O

X

(S( M ) , F) Ð→ Hom A ( M, Γ ( X, F)) (1.11) dado por ϕ ( u )( m ) = u X ( m ⊗ 1 ) para u ∶ S( M ) Ð→ F e m ∈ M . Mostremos que o morfismo ϕ ´ e inverso de λ + . Seja θ ∈ Hom A ( M, Γ ( X, F)) e λ ( θ ) ∶ M ⊗ A O X Ð→ F o morfismo de pr´ e-feixes associado a λ + ( θ ) . Assim, para todo aberto U de X, temos

λ ( θ ) U ∶ M ⊗ A O X ( U ) Ð→ F( U ) m ⊗ f z→ f ⋅ θ ( m )∣ U . Por outro lado, temos que

ϕ ( u ) ∶ M Ð→ Γ ( X, F) (1.12)

m z→ ϕ ( u )( m ) = u ˆ X ( m ⊗ 1 ) onde ϕ ( u ) ´ e a feixifica¸c˜ ao de ˆ u X . Agora, podemos observar que

ϕ ( λ + ( θ ))( m ) = λ ( θ ) X ( m ⊗ 1 ) = 1 ⋅ θ ( m )∣ X = θ ( m ) .

Assim, ϕ ○ λ + = 1 Hom

A

(M,Γ(X,F)) . Reciprocamente, tomemos π definido como o morfismo

de pr´ e-feixes associado a λ + ( ϕ ( u )) , para u ∈ Hom O

X

(S( M ) , F) . Dessa forma,

(21)

π U ∶ M ⊗ A O X ( U ) Ð→ F( U )

m ⊗ f z→ f ⋅ ( ϕ ( u )( m ))∣ U

para todo aberto U de X, m ∈ M e f ∈ O X ( U ) . Observe que pela equa¸c˜ ao 1.12 temos f ⋅ ϕ ( u )( m )∣ U = f ⋅ u ˆ X ( m ⊗ 1 ))∣ U

= f ⋅ u ˆ U (( m ⊗ 1 )∣ U )

= f ⋅ u ˆ U ( m ⊗ 1 )

= u ˆ U ( f ( m ⊗ 1 ))

= u ˆ U ( m ⊗ f ) .

E assim, provamos que λ + ( ϕ ( u )) = u e consequentemente λ + ○ ϕ = 1 Hom

O

X

(S(M ),F) . Portanto, λ + ´ e uma bije¸c˜ ao.

1.3 Feixes finos

Nesta se¸c˜ ao definiremos os feixes finos, que s˜ ao uma importante classe de feixes definidos sobre espa¸cos topol´ ogicos paracompactos. Esses feixes desempenham um papel muito relevante em alguns resultados ao longo do trabalho.

Um morfismo de feixes ϕ ∶ F Ð→ G sobre um espa¸co topol´ ogico X induz em cada ponto x ∈ X um homomorfismo de grupos ϕ x ∶ F x Ð→ G x nos talos. O suporte do morfismo de feixes ϕ ´ e definido como

Supp ( ϕ ) = { x ∈ X ∣ ϕ x ≠ 0 } .

Defini¸ c˜ ao 1.3. Sejam F um feixe grupos abelianos sobre um espa¸co topol´ ogico X e { U i } i∈I uma cobertura localmente finita sobre X. Uma parti¸ c˜ ao da unidade de F subordinada a { U i } i∈I ´ e uma cole¸c˜ ao { ξ i ∶ F Ð→ F} de morfismos de feixes tais que

(i) Supp ( ξ i ) ⊂ U i ;

(ii) Para cada ponto x ∈ X, a soma ∑ i∈I ξ i,x = Id F

x

, onde Id F

x

´ e o morfismo identidade no talo F x .

Defini¸ c˜ ao 1.4. Seja F um feixe sobre um espa¸co topol´ ogico X. Dizemos que F ´ e suave se para qualquer subconjunto fechado U ⊂ X, o mapa

ρ U X ∶ Γ ( X, F) Ð→ Γ ( U, F∣ U )

s z→ (( s ) x ) x∈U

(22)

´ e sobrejetivo. Em outras palavras, qualquer se¸c˜ ao de F sobre U pode ser estendida a uma se¸c˜ ao de F sobre X.

Defini¸ c˜ ao 1.5. Um feixe F sobre um espa¸co espa¸co topol´ ogico paracompacto X ´ e dito fino se para toda cobertura localmente finita { U i } i∈I de X, o feixe F admite uma parti¸c˜ ao da unidade subordinada a { U i } i∈I .

Proposi¸ c˜ ao 1.3. Seja X um espa¸ co topol´ ogico paracompacto. Ent˜ ao, todo feixe fino sobre X ´ e suave.

Demonstra¸ c˜ ao. Seja Y ⊂ X um conjunto aberto e F um feixe fino sobre X. Se s ∈ Γ ( Y, F) , ent˜ ao para cada x ∈ Y , o germe de s em x ´ e representado por uma se¸c˜ ao definida em uma vizinhan¸ca de x, que coincide com s quando restringido a uma vizinhan¸ca intesectada com Y . Assim, podemos escolher uma cobertura aberta V de X e elementos s V ∈ Γ ( V, F) tal que s ∣ V ∩Y = s V ∣ V ∩Y para cada V ∈ V . Observe que um desses conjuntos abertos ser´ a o complementar de Y e ter´ a a se¸c˜ ao nula e os outros conjuntos ser˜ ao vizinhan¸cas de pontos de Y . Uma vez que X ´ e paracompacto, podemos assumir que V ´ e localmente finita. Agora, como F ´ e fino, existe uma fam´ılia de mor- fismos { ξ i ∶ F Ð→ F} tal que o suporte Supp ( ξ i ) ⊂ V i , com V i ∈ V e ∑ i ξ i = Id F

x

. Para cada i, tomemos ξ i s V

i

para ser uma se¸c˜ ao em todo ponto de X para estende-lo a 0 no complementar de V i . Agora, defina s = ∑ ξ i s V

i

∈ Γ ( X, F) . Essa soma faz sentido, pois a cobertura ´ e localmente finita, isto ´ e, em uma vizinhan¸ca de qualquer ponto somamos somente uma quantidade finita de termos n˜ ao nulos. Temos tamb´ em que s x = s x em cada ponto x ∈ Y , assim s ´ e uma extens˜ ao de s para todo ponto de X. Da´ı segue que F ´ e suave.

Exemplo 1.1. O feixe das fun¸c˜ oes cont´ınuas de valores reais C X em um espa¸co to- pol´ ogico paracompacto X ´ e um feixe fino. De fato, como todo espa¸co topol´ ogico paracompacto ´ e normal, isso implica que o Lema de Urysohn [17, Theorem 33.1, p.

207] ´ e v´ alido. Assim, por [21, Lemma 1.3.2, p. 5] podemos usar esse lema para construir parti¸c˜ oes cont´ınuas da unidade subordinada a alguma cobertura aberta lo- calmente finita. Considere { U α } α∈I uma cobertura aberta localmente finita de X, isto

´ e, X = ⋃ α∈I U α . Assim, existe uma fun¸c˜ ao cont´ınua f α ∶ X Ð→ R tal que f α ( x ) = 0, para todo x ∈ X K U α e ∑ α∈I f α ( x ) = 1 para todo x ∈ U α . Defina η α ∶ C X Ð→ C X , onde para todo aberto U de X temos

η α ( U ) ∶ C X ( U ) Ð→ C X ( U )

s z→ s ⋅ f αU ∶ U Ð→ R

(23)

com s ⋅ f αU ( x ) = s ( x ) f α ( x ) . Se x ∈ X K U α , ent˜ ao x ∈ X K Supp f α , consequentemente, existe uma vizinhan¸ca aberta V de x tal que V ⊂ X K Supp f α . Logo, f α ( y ) = 0 para todo y ∈ V . Portanto, ⟨ X, f α ⟩ = ⟨ X, 0 ⟩ . Sendo X um espa¸co topol´ ogico paracompacto, admite uma cobertura localmente finita X = ⋃ α U α . Logo, existe f α ∶ X Ð→ R tal que f α ( x ) = 0 para todo x ∈ X K U α , e para cada x ∈ X tem-se ∑ α f α ( x ) = Id. Seja y ∈ U α

1

∩ ... ∩ U α

n

∩ U , com α ≠ α i para todo i. Podemos demonstrar que f α ( y ) = 0. De fato, se f α ( y ) ≠ 0, ent˜ ao, y ∈ U α e assim U α ∩ U ≠ ∅ . Se α ´ e tal que f α ( y ) = 0, ent˜ ao existe i tal que α = α i . Seja U uma vizinha¸ca aberta de x tal que U ∩ U α

i

≠ ∅ para todo i, assim para x ∈ X existem ´ unicos α i , ..., α n tais que x ∈ U α

i

. Logo, se α ≠ α i para todo i, ent˜ ao f α ( x ) = 0. Portanto, se α ≠ α i tem-se, ( η α ) x = 0. Por outro lado, temos

∑ α ( η α ) x = ( η α

1

) x + ... + ( η α

n

) x ∶ C X Ð→ C X

⟨ U, s ⟩ z→ ⟨ U, s ⟩⟨ X, f α

1

⟩ + ... + ⟨ U, s ⟩⟨ X, f α

n

Note que

⟨ U, s ⟩(⟨ X, f α

1

⟩ + ... + ⟨ X, f α

n

⟩) = ⟨ U, s ⟩⟨ X, f α

1

+ ... + f α

n

= ⟨ U, s ⟩⟨ U α

1

∩ ... ∩ U α

n

∩ U, 1 ⟩

= ⟨ U, s ⟩ .

Assim, uma fun¸c˜ ao cont´ınua com suporte em um conjunto aberto define, por multi- plica¸c˜ ao, um endomorfismo de C X com suporte em um conjunto aberto. Logo, uma parti¸c˜ ao da unidade na ´ algebra das fun¸c˜ oes cont´ınuas em X define uma parti¸c˜ ao da unidade para o feixe C X , nas condi¸c˜ oes da defini¸c˜ ao 1.5. Portanto, C X ´ e um feixe fino.

1.4 O feixe dos morfismos Hom O X (F , G)

Sejam ( X, O X ) um espa¸co anelado, e F e G dois O X -m´ odulos. Para todo subcon- junto aberto U de X, defina

(H om O

X

(F , G))( U ) = Hom O

X∣U

(F∣ U , G∣ U ) , (1.13) Como ser´ a visto na proposi¸c˜ ao 1.4 abaixo, H om O

X

(F , G) define um feixe, chamado o feixe dos O X -morfismos de F para G .

Proposi¸ c˜ ao 1.4. Sejam F e G dois O X -m´ odulos. Ent˜ ao, H om O

X

(F , G) ´ e um feixe.

Demonstra¸ c˜ ao. Sejam f, g ∈ Hom O

X∣U

(F∣ U , G∣ U ) dois morfismos e U um subconjunto

aberto de X. Assim, definimos o morfismo f + g ∶ F∣ U Ð→ G∣ U de modo que para todo

(24)

aberto V ⊆ U tem-se

( f + g ) V ( s ) = f V ( s ) + g V ( s ) .

Para qualquer inclus˜ ao de conjuntos abertos W ⊆ V temos a igualdade ( f W + g W ) ○ ρ W,V = ρ W,V ○ ( f V + g V ) ,

onde ρ ´ e o morfismo de restri¸c˜ ao, pois a composi¸c˜ ao de homomorfismos ´ e distributiva com respeito a adi¸c˜ ao de grupos abelianos. Assim, f + g ´ e um morfismo de feixes.

O elemento identidade ´ e o morfismo 0 tal que 0 V ( s ) ´ e o mapa zero para todo aberto V , e inverso de f ´ e o morfismo que leva um conjunto aberto V no mapa − f V ( s ) . A comutatividade segue da comutatividade da adi¸c˜ ao de grupos abelianos. Assim, nota-se que Hom O

X∣U

(F∣ U , G∣ U ) possui uma estrutura natural de grupos abelianos induzida pela estrutura de grupos abelianos de Hom O

X

(F( V ) , G( V )) , para todo V ⊆ U . Note que, dado W ⊂ V ⊂ U , temos ρ W,U = ρ W,V ○ ρ V,U . De fato, suponha f ∈ H om (F , G)( W ) ent˜ ao ρ V,U ( f ) ∈ H om (F , G)( V ) assim para todo aberto V 0 ⊂ V , ρ V,U ( f ( V 0 )) = f ( V 0 ) . Dessa forma, para todo aberto W 0 ⊂ W temos ρ W,V ○ ρ V,U ( f ( W 0 )) = ρ W,U ( f ( W 0 )) = f ( W 0 ) . Logo

ρ W,V ○ ρ V,U = ρ W,U .

Portanto, H om O

X

(F , G) ´ e um pr´ e-feixe de grupos abelianos. Agora, provaremos os axiomas de feixes:

Axioma 1: Seja { U i } i∈I uma cobertura aberta de um aberto U ⊆ X. Seja σ ∈ H om O

X

(F , G)( U ) uma se¸c˜ ao tal que σ i ∶= σ U

i

= 0, para todo i ∈ I. Seja s ∈ F( U ) uma se¸c˜ ao fixada. Consideremos os seguintes morfismos de grupos abelianos

σ i ( U i ) ∶ F( U i ) Ð→ G( U i )

definido por σ ( s i ) = 0. Agora, como as se¸c˜ oes { s i } i∈I coincidem em U ij ∶= U i ∩ U j para todo i ≠ j , e F ´ e um feixe, temos que a se¸c˜ ao s satisfaz σ ( U )( s ) = 0. Como s foi tomada como uma se¸c˜ ao qualquer de F( U ) , temos que σ ( U ) = 0 e da´ı segue que σ = 0.

Axioma 2: Seja novamente { U i } i∈I uma cobertura aberta de um aberto U ⊆ X e seja u i ∶ F∣ U

i

Ð→ G∣ U

i

uma fam´ılia de se¸c˜ oes tais que u i = u j em U ij . Precisamos provar que existe uma se¸c˜ ao u ∈ H om O

X

(F , G)( U ) tal que u ∣ U

i

= u i . Seja V ⊆ U ent˜ ao A i ∶= U i ∩ V , donde { A i } i∈I ´ e uma cobertura aberta de V. Seja s ∈ F( V ) uma se¸c˜ ao fixada e seja o conjunto s i ∶= s ∣ A

i

. Consideremos

u i ( A i ) ∶ F( A i ) Ð→ G( A i )

definido por u i ( s i ) = t i . Da´ı, como G ´ e um feixe, existe uma se¸c˜ ao t ∈ G( V ) tal que t ∣ A

i

= t i para todo i ∈ I. Assim, podemos definir

u ( V ) ∶ F( V ) Ð→ G( V )

(25)

dado por u ( s ) = t, para todo V ⊆ U . Portanto, u ∣ U

i

= u i .

Observa¸ c˜ ao 1.4. (i) O feixe H om O

X

(F , G) possui uma estrutura canˆ onica de O X - m´ odulo. De fato, seja U um subconjunto aberto de X, e seja u ∶ F∣ U Ð→ G∣ U um morfismo de O X ∣ U -m´ odulos. Para λ ∈ O X ( U ) , defina ( λu ) V ( s ) = λ ∣ V ⋅ u V ( s ) , para todo V ⊆ U e s ∈ F( V ) .

(ii) Para todo ponto x ∈ X existe um homomorfismo canˆ onico de O X,x -m´ odulos

ψ x ∶ (H om O

X

(F , G)) x Ð→ Hom O

X,x

(F x , G x ) (1.14) definido da seguinte forma: seja α ∈ (H om O

X

(F , G)) x , tomemos uma vizinhan¸ca U de x e um morfismo de O XU -m´ odulos σ ∶ F∣ U Ð→ G∣ U tal que α ´ e igual ao germe de σ em x. Para cada ponto y ∈ U , seja σ y ∶ F y Ð→ G y denotando o homomorfismo de O X,y -m´ odulo induzido por σ e defina

ψ x ( α ) = σ x .

Segue da defini¸c˜ ao que ψ x ( α ) est´ a bem definida, pois independe da escolha de U e σ.

Observa¸ c˜ ao 1.5. O homomorfismo canˆ onico ψ x ´ e funtorial. De fato, o diagrama a seguir ´ e comutativo.

(H om O

X

(F , G)) x ψ

x

//

Hom(σ,γ)

Hom O

X,x

(F x , G x )

Hom(σ

x

x

)

(H om O

X

(F , G )) x ψ

x

// Hom O

X,x

(F x , G x )

.

Lema 1.5. Seja F um pr´ e-feixe, e G um feixe em um espa¸ co topol´ ogico X. Para cada ponto x ∈ X, seja α x ∶ F x Ð→ G x uma morfismo nos talos. Supondo que para todo x ∈ X e toda vizinhan¸ ca aberta U de x, e para toda se¸ c˜ ao s ∈ Γ ( U, F) , existe uma vizinhan¸ ca aberta V de x em U , e uma se¸ c˜ ao r ∈ Γ ( V, G) , tal que α z (( s ) z ) = ( r ) z para todo z ∈ V . Ent˜ ao, existe um ´ unico morfismo de pr´ e-feixes σ ∶ F Ð→ G tal que ( σ ) x = α x .

Demonstra¸ c˜ ao. Seja

U = ⋃

x∈U V x . Considere α y ( s y ) = t y , ∀ y ∈ V e defina

σ ( V x )( s ∣ V

x

) ∶ F( V x ) Ð→ G( V x )

s ∣ V

x

z→ σ ( V x )( s ∣ V

x

) = t x = ( t x z ) z∈V

x

(26)

Observe que

σ ( V x )( s ∣ V

x

)∣ V

x

∩V

y

= (( t x z ) z∈V

x

)∣ V

x

∩V

y

= ( t x z ) z∈V

x

∩V

y

Assim, para todo x, y ∈ U temos

t xV

x

∩V

y

= σ ( V x )( s ∣ V

x

)∣ V

x

∩V

y

= σ ( V x ∩ V y )( s ∣ V

x

∩V

y

) t yV

x

∩V

y

= σ ( V y )( s ∣ V

y

)∣ V

x

∩V

y

= σ ( V x ∩ V y )( s ∣ V

x

∩V

y

)

Note ainda que para W ⊂ V x tem-se

σ ( W ) ∶ F( W ) Ð→ G( W )

s ∣ W z→ σ ( W )( s ∣ W ) = σ ( V x )( s ∣ V

x

)∣ W , com o seguinte diagrama comutativo

F( U ) //

G( U )

F( V x ) //

G( V x )

F( W ) // G( W )

Dessa forma, existe t ∈ G( U ) tal que t ∣ V

x

= t x para todo x ∈ U . Portanto, temos σ ( U )( s ) = t. Da´ı,

σ x ( s x ) = σ x (⟨ U, s ⟩)

= σ x (⟨ V x , s ∣ V

x

⟩)

= ⟨ V x , σ ( V x )( s ∣ V

x

)⟩

= ⟨ V x , t x

= α x (⟨ U, s ⟩)

= α x ( s x ) .

Proposi¸ c˜ ao 1.6. Seja ( X, O X ) um espa¸ co anelado. Para todo O X -m´ odulo M , o funtor

(27)

Hom O

X

(● , M) ∶ O X -Mod op Ð→ Γ ( X, O X ) -Mod

´ e exato ` a esquerda.

Demonstra¸ c˜ ao. Sejam F , G e H trˆ es O X -m´ odulos tais que a sequˆ encia F α // G β // H // 0

´ e exata. Ent˜ ao, precisamos mostrar que a sequˆ encia

0 // Hom O

X

(H , M) Hom

OX

(β,M) // Hom O

X

(G , M) Hom

OX

(α,M) // Hom O

X

(F , M) tamb´ em ´ e exata. Seja σ ∈ Hom O

X

(H , M) tal que Hom O

X

( α, M)( σ ) = 0, isto ´ e, para todo x ∈ X e θ ∈ G x , σ x ○ β x ( θ ) = 0. Seja θ ∈ H x . Ent˜ ao existe θ ∈ G x tal que β x ( θ ) = θ pois β ´ e epimorfismo. Portanto, σ x ( θ ) = σ x ( β x ( θ )) = 0. Isso implica que σ x = 0 para todo x ∈ X, ou seja, σ = 0. Deste modo, provamos que Hom O

X

( β, M) ´ e injetiva.

Considerando que funtores preservam composi¸c˜ oes e Hom O

X

(● , M) ´ e um funtor, temos Hom O

X

( α, M) ○ Hom O

X

( β, M) = Hom O

X

( β ○ α, M) = 0.

Da´ı,

Im ( Hom O

X

( β, M)) ⊂ Ker ( Hom O

X

( α, M)) .

Agora, precisamos provar a inclus˜ ao reversa. Seja κ ∈ Ker ( Hom O

X

( α, M)) . Para todo θ ∈ H x , existe θ ∈ G x tal que β x ( θ ) = θ pois β ´ e epimorfismo. Definamos,

f x ∶ H x Ð→ M x ,

dado por f x ( θ ) = κ x ( θ ) . Uma vez que κ ∈ ker ( Hom O

X

( α, M)) , segue que f x est´ a bem definida. Para concluir a prova, iremos aplicar o lema 1.5 ao morfismo f ∶ H Ð→ M . Para todo x ∈ X, e θ ∈ G x ,

( Hom O

X

( β, M)( f )) x ( θ ) = f x ○ β x ( θ ) = f x ○ β x ( θ ) = κ x ( θ ) . Assim, segue que Hom O

X

( β, M)( f ) = κ. Isto mostra que

Ker ( Hom O

X

( α, M)) ⊂ Im ( Hom O

X

( β, M)) , e consequentemente,

Ker ( Hom O

X

( α, M)) = Im ( Hom O

X

( β, M))

Portanto, o funtor Hom O

X

(● , M) ´ e exato ` a esquerda. A segunda parte segue imedia-

tamente da primeira, basta trocar X por um subconjunto aberto arbitr´ ario de X.

(28)

Observa¸ c˜ ao 1.6. Lembremos o isomorfismo 1.5 dado por Hom O

X

U

(O (I) X , M) ≅ Γ ( U, M) I , visto na se¸c˜ ao 1.2. A partir desse isomorfismo, poderemos obter outro, que poder´ a nos auxiliar nas pr´ oximas se¸c˜ oes. Portanto, se o conjunto de ´ındices I ´ e finito, ent˜ ao

Hom O

X

U

(O X I , M) ≅ Γ ( U, M) I . (1.15) Seja U um subconjunto aberto de X. Ent˜ ao, o isomorfismo anterior de Γ ( X, O XU ) - m´ odulos resulta em um ismomorfismo de O X -m´ odulos

H om O

X

(O X I , M)( U ) = Hom O

X∣U

(O X IU , M∣ U ) ≅ Γ ( U, M) I = M( U ) I . (1.16) Assim, H om O

X

(O I X , M) ≅ M I para todo conjunto finito I.

1.5 Feixes de tipo finito

Defini¸ c˜ ao 1.6. Seja ( X, O X ) um espa¸co anelado e F um O X -m´ odulo. Dizemos que F ´ e localmente gerado por se¸ c˜ oes se para todo x ∈ X existe uma vizinhan¸ca aberta U de x tal que F∣ U ´ e globalmente gerado como um O XU -m´ odulo. Em outras palavras, existem um conjunto finito de ´ındices I e para cada i ∈ I uma se¸c˜ ao s i ∈ F( U ) tal que o mapa associado

u ∶ ⊕

i∈I O XU Ð→ F∣ U seja sobrejetivo.

Defini¸ c˜ ao 1.7. Um O X -m´ odulo F ´ e dito de tipo finito se para todo ponto x ∈ X existe uma vizinhan¸ca aberta U de x tal que F∣ U ´ e gerado por uma fam´ılia de se¸c˜ oes ( s i ) i∈I de F em U . Em particular, existe uma vizinhan¸ca aberta U para qualquer x ∈ X fixado, tal que existe um mapa sobrejetivo de feixes ϕ ∶ O X n ∣ U Ð→ F∣ U , para n ∈ N .

A seguir, apresentaremos uma proposi¸c˜ ao com algumas propriedades de feixes de tipo finito.

Proposi¸ c˜ ao 1.7. Seja ( X, O) um espa¸ co anelado. Ent˜ ao as seguintes propriedades s˜ ao verdadeiras:

(i) Se u ∶ F Ð→ G ´ e um morfismo sobrejetivo de O X -m´ odulos e se F ´ e de tipo finito, ent˜ ao G tamb´ em ser´ a de tipo finito. Assim, todo feixe quociente de um feixe de tipo finito tamb´ em ser´ a de tipo finito;

(ii) A soma direta e o produto tensorial (sobre O X ) de uma fam´ılia de O X -m´ odulos

de tipo finito tamb´ em ´ e de tipo finito;

(29)

Demonstra¸ c˜ ao. (i) Como u ∶ F Ð→ G ´ e sobrejetivo, segue que u x ∶ F x Ð→ G x tamb´ em

´

e sobrejetivo. Al´ em disso, F ´ e de tipo finito por hip´ otese. Da´ı, para todo x existe uma vizinhan¸ca aberta U de x tal que F∣ U ´ e gerado por uma fam´ılia finita de se¸c˜ oes s 1 , ..., s n ∈ Γ ( X, F∣ U ) . Assim, para w ∈ F x temos,

w = ∑ n

i=1 a i ⋅ ( s i ) x , para a i ∈ O X,x e s i ∈ Γ ( X, F∣ U ) , i = 1, ..., n.

Pela sobrejetividade de u x , para todo t ∈ G x existe w ∈ F x tal que u x ( w ) = t.

Consequentemente,

u x ( w ) = t ⇒ u x ( ∑ n

i=1

a i ⋅ ( s i ) x ) = t ⇒ ∑ n

i=1

a i ⋅ u x (( s i ) x ) = t.

Logo, G∣ U ´ e gerado pela fam´ılia u x ( s 1 ) , ..., u x ( s n ) ∈ Γ ( X, G∣ U ) . Portanto, G ´ e de tipo finito. Para a segunda parte, consideremos F ´ e H dois O X -m´ odulos, com F de tipo finito e H( U ) ´ e um subgrupo abeliano de F( U ) , para todo aberto U de X. Assim, podemos falar do feixe quociente F/H e da proje¸c˜ ao canˆ onica

π ∶ F Ð→ F/H ,

que ´ e naturalmente sobrejetiva. Logo, pela primeira parte segue que o quociente F/H ´ e de tipo finito.

(ii) Sejam F e G dois O X -m´ odulos de tipo finito, isto ´ e, para todo x ∈ X existe uma vizinhan¸ca aberta U de x tais que F∣ U e G∣ U s˜ ao gerados por s 1 , ..., s n ∈ Γ ( X, F∣ U ) e t 1 , ..., t m ∈ Γ ( X, G∣ U ) , respectivamente. Assim, para ( s, t ) ∈ (F x × G x ) temos

s ⊗ t = ∑ n

i=1 a i ⋅ ( s i ) x ⊗ ∑ m

j=1 b j ⋅ ( t j ) x = n,m

i,j=1 a i b j ⋅ ( s i ) x ⊗ ( t j ) x = n,m

i,j=1 a i b j ⋅ ( s i ⊗ t j ) x , para a i , b j ∈ O X,x . Assim, (F ⊗ O

X

G)∣ U ´ e gerado por s i ⊗ t j , i = 1, ..., n, j = 1, ..., m.

Portanto, o produto tensorial F ⊗ O

X

G ´ e de tipo finito. Consequentemente, se F 1 , ..., F n ´ e uma fam´ılia de O X -m´ odulos de tipo finito, ent˜ ao, procedendo por indu¸c˜ ao sobre n, temos que o produto tensorial F 1O

X

... ⊗ O

X

F n ´ e de tipo finito.

A prova da soma direta segue de forma an´ aloga.

Proposi¸ c˜ ao 1.8. Seja F um O X -m´ odulo de tipo finito. Sejam x ∈ X e s 1 , ..., s n se¸ c˜ oes de F em uma vizinhan¸ ca aberta U de x, tal que a fam´ılia (( s i ) x ) n i=1 gera o talo F x . Ent˜ ao, existe uma vizinhan¸ ca aberta V de x em U tal que a fam´ılia (( s y )) n j=1 gera F y

para todo y ∈ V .

(30)

Demonstra¸ c˜ ao. Como F ´ e de tipo finito, temos pela defini¸c˜ ao que existe uma vizi- nhan¸ca aberta U 1 de x em U e se¸c˜ oes h 1 , ..., h m ∈ Γ ( U 1 , F) tais que a fam´ılia (( h i ) y ) m i=1

gera F y para todo y ∈ U 1 . Como a fam´ılia (( s j ) x ) n j=1 gera F x , temos que essa fam´ılia tamb´ em gera ( h i ) x , para i = 1, ..., m, isto ´ e, existem a ij ∈ O X,x tais que

( h i ) x = ∑ n

j=1

a ij ( s j ) x , para i = 1, ..., m.

Uma vez que a fam´ılia ( a ij ) i,j ´ e finita, existe uma vizinhan¸ca aberta U 2 de x em U 1 , e se¸c˜ oes f ij ∈ Γ ( U 2 , O X ) tal que a ij = ( f ij ) x para todo i, j. Assim, podemos escrever ( h i ) x como

( h i ) x = ∑ n

j=1 ( f ij ) x ( s j ) x , para i = 1, ..., m.

Portanto, existe uma vizinhan¸ca aberta V de x em U tal que ( h i )∣ V = ∑ n

j=1 ( f ij )∣ V ( s j )∣ V , para i = 1, ..., m.

Logo, temos

( h i ) y = ∑ n

j=1 ( f ij ) y ( s j ) y , para todo y ∈ V e i = 1, ..., m.

Portanto, (( s j ) y ) n j=1 gera F y para todo y em V .

Defini¸ c˜ ao 1.8. Sejam ( X, O X ) um espa¸co anelado e F um O X -m´ odulo. O suporte de F , denotado por Supp (F) , ´ e o conjunto dos pontos x ∈ X tais que F x ≠ 0, isto ´ e,

Supp (F) = { x ∈ X ∶ F x ≠ 0 }

Se s ∈ Γ ( X, F) ´ e uma se¸c˜ ao global, ent˜ ao, o suporte de s ´ e o conjuntos dos pontos x ∈ X tais que a imagem s x ∈ F x de s ´ e diferente de zero.

Com a defini¸c˜ ao de supporte de um feixe, podemos enunciar e demonstrar uma s´ erie de importantes consequˆ encias da proposi¸c˜ ao 1.8.

Corol´ ario 1.9. Se F ´ e um O X -m´ odulo de tipo finito, ent˜ ao o conjunto Supp (F) ´ e um subconjunto fechado de X.

Demonstra¸ c˜ ao. Seja x ∈ X K Supp (F) . Logo, F x = 0, assim o germe 0 x da se¸c˜ ao nula 0 ∈ Γ ( X, F) gera F x . Assim, pela proposi¸c˜ ao 1.8, existe uma vizinhan¸ca aberta V de x em U , tal que 0 y gera F y , para todo y ∈ V , isto ´ e, F y = 0, para todo y ∈ V . Portanto, V

´ e uma vizinhan¸ca aberta de x em X K Supp (F) , isto ´ e, X K Supp (F) ´ e aberto. Portanto, Supp (F) ´ e um conjunto fechado.

Corol´ ario 1.10. Sejam F um O X -m´ odulo de tipo finito e u ∶ F Ð→ G um morfismo

de O X -m´ odulos. Seja x ∈ X e suponha que o homomorfismo nos talos u x ∶ F x Ð→ G x ´ e

igual a zero. Ent˜ ao, existe uma vizinhan¸ ca U de x tal que u z = 0 para todo z ∈ V .

(31)

Demonstra¸ c˜ ao. Tomemos I = Im ( u ) , donde I ´ e um O X -subm´ odulo do feixe G e o morfismo u induz uma sequˆ encia exata de O X -m´ odulos

F ̃ u // I // 0 ,

isto ´ e, ̃ u ´ e sobrejetiva. Como o F ´ e de tipo finito, segue pelo item (i) da proposi¸c˜ ao 1.7 que I tamb´ em ´ e de tipo finito. Como ̃ u y = u y para todo y ∈ X, temos

̃

u y = u y ∶ F y Ð→ I y = Im ( u y ) .

Da´ı, obtemos que I y = 0 se, e somente se Im ( u y ) = 0, isto ´ e, u y = 0. Assim, o suporte de I ´ e dado por

Supp (I) = { y ∈ X ∶ u y ≠ 0 }

Para todo x ∈ X K Supp (I) , existe uma vizinhan¸ca aberta U de x totalmente contida em x ∈ X K Supp (I) , que ´ e aberto pelo corol´ ario 1.9. Portanto, u y = 0 para todo y em U ⊂ X K Supp (I) .

Corol´ ario 1.11. Sejam F e G dois O X -m´ odulos de tipo finito. Seja u ∶ F Ð→ G um morfismo de O X -m´ odulos e x ∈ X. Se u x ∶ F x Ð→ G x ´ e sobrejetiva, ent˜ ao existe uma vizinhan¸ ca aberta U de x tal que u ∣ U ∶ F∣ U Ð→ G∣ U ´ e sobrejetiva.

Demonstra¸ c˜ ao. Como G ´ e de tipo finito, ent˜ ao pelo item (i) da proposi¸c˜ ao 1.7, temos que o quociente Coker ( u ) = G/ Im ( u ) ´ e tamb´ em de tipo finito. Agora, pelo corol´ ario 1.9, temos que S = Supp ( Coker ( u )) ´ e um subconjunto fechado de X. Se o morfismo u x

´ e sobrejetivo, ent˜ ao ( Coker ( u )) x = Coker ( u x ) = 0, isso implica que x ∈ X K S. Portanto, tomando U = X K S, temos que U ´ e uma vizinhan¸ca aberta de x tal que o morfismo u ∣ U ∶ F∣ U Ð→ G∣ U ´ e sobrejetivo.

O homomorfismo visto no item (ii) da observa¸c˜ ao 1.4, em geral, n˜ ao ´ e nem injetivo, nem sobrejetivo. Por´ em, sob algumas condi¸c˜ oes podemos obter a injetividade e a sobrejetividade. No pr´ oximo corol´ ario, observaremos que se F ´ e um O X -m´ odulo de tipo finito, o homomorfismo 1.14 ser´ a injetivo.

Corol´ ario 1.12. Seja F um O X -m´ odulo de tipo finito. Ent˜ ao, para todo O X -m´ odulo G e para todo ponto x ∈ X, o homomorfismo de O X,x -m´ odulos,

ψ x ∶ (H om O

X

(F , G)) x Ð→ Hom O

X,x

(F x , G x )

´ e injetivo.

(32)

Demonstra¸ c˜ ao. Seja σ ∈ (H om O

X

(F , G)) x e suponhamos que ψ x ( σ ) = 0. Ent˜ ao, para mostrar a injetividade de ψ x , temos que provar que σ = 0. Seja u ∶ F∣ U Ð→ G∣ U tal que ψ x ( σ ) = u x . Ent˜ ao, u x = ψ x ( σ ) = 0 e pelo corol´ ario 1.10, existe uma vizinhan¸ca aberta V de x em U , tal que u z = 0 para todo z ∈ V . Portanto, precisamos verificar que o morfismo u ∣ V ∶ F∣ V Ð→ G∣ V ´ e igual a 0, o que resulta σ = 0. Para isso, seja W ⊆ V um aberto de V e ( u ∣ V ) W = u W ∶ F( W ) Ð→ G( W ) um homomorfismo. Seja s uma se¸c˜ ao qualquer de F( W ) . Ent˜ ao,

( u W ( s )) y = u y (( s ) y ) = 0 para todo y ∈ W .

Como G ´ e um feixe, segue pelo axioma F1 da defini¸c˜ ao C.5 de feixe que u W ( s ) = 0.

Portanto, u W = 0 para todo W em V , e assim temos u ∣ V = 0. Logo, σ = 0.

Corol´ ario 1.13. Seja ( X, O X ) um espa¸ co anelado tal que, X ´ e um espa¸ co topol´ ogico quase-compacto. Seja F um O X -m´ odulo de tipo finito. Ent˜ ao, F ´ e finitamente gerado por se¸ c˜ oes globais se ´ e gerado por se¸ c˜ oes globais.

Demonstra¸ c˜ ao. Seja ( s i ) i∈I uma fam´ılia de se¸c˜ oes globais de F , tal que a fam´ılia (( s i ) x ) i∈I gere F x para todo x ∈ X. Visto que, F ´ e de tipo finito, existe uma fam´ılia finita de se¸c˜ oes ( δ j ) j∈J

x

que geram F x para x ∈ X. Como (( s i ) x ) i∈I tamb´ em gera F x , temos que cada ( δ j ) j∈J

x

´ e gerado por essa fam´ılia, isto ´ e, existe um subconjunto finito I x de I e a ij ∈ O X,x , com i ∈ I x e j ∈ J x tal que

δ j = ∑

i∈I

x

a ij ( s i ) x .

Dessa forma, a fam´ılia (( s i ) x ) i∈I

x

gera F x . Pela proposi¸c˜ ao 1.8, existe uma vizinhan¸ca aberta U x de x tal que a fam´ılia (( s i ) y ) i∈I

x

gera F y para todo y ∈ U x . Como X ´ e um espa¸co topol´ ogico quase-compacto, admite uma subcobertura finita, isto ´ e, existem x 1 , ..., x n tais que

X = ⋃ n

i=1 U x

i

. Assim, a fam´ılia

(( s i ) i∈I

) 1⩽σ⩽n

de se¸c˜ oes globais de F , geram o talo F x , para todo x ∈ X. Portanto, F ´ e finitamente gerado por se¸c˜ oes globais.

Proposi¸ c˜ ao 1.14. Seja ( X, O X ) um espa¸ co anelado quase-compacto e F um O X - m´ odulo de tipo finito. Supondo que para um conjunto totalmente ordenado T , existem subfeixes {F t } t∈T tal que ⋃ t∈T F t = F 2 . Ent˜ ao existe t ∈ T tal que F t = F .

2

Isso pode ser pensado como sendo o feixe associado ao pr´ e-feixe U ↦ ⋃

t

F

t

( U ) .

(33)

Demonstra¸ c˜ ao. Para demonstrar esse resultado, precisamos provar que para todo x ∈ X, existe uma vizinhan¸ca aberta U de x tal que existe t tal que F tU = F∣ U . Assim, o resultado seguir´ a, pois o conjunto das vizinhan¸cas aberta de x (para todo x ∈ X) forma uma cobertura aberta de X, e X ´ e um espa¸co topol´ ogico quase-compacto.

Agora, observemos que o m´ odulo F x ´ e finitamente gerado e possui subm´ odulos (F t ) x ⊂ F x que cobrem todo o F x . Assim, existe t ∈ T tal que (F t ) x = F x . Consideremos s 1 , ..., s k geradores de F em alguma vizinhan¸ca aberta de x. Os germes desses geradores est˜ ao em F t , ent˜ ao existe uma vizinhan¸ca menor (o suficiente) U de x tal que s iU ∈ F t ( U ) . Ent˜ ao, necessariamente os s i ’s s˜ ao geradores, e portanto, F tU = F∣ U .

1.6 Feixes quase-coerentes e apresenta¸ c˜ ao finita

Defini¸ c˜ ao 1.9. Seja ( X, O X ) um espa¸co anelado. Dizemos que um O X ´ e quase-coerente se para todo x ∈ X existe uma vizinhan¸ca aberta U de X e conjuntos de ´ındices arbitr´ arios I e J tais que F∣ U ´ e o con´ ucleo de um morfismo de O XU -m´ odulos

α ∶ O (I) X ∣ U Ð→ O X (J)U .

Em outras palavras, existe uma sequˆ encia exata de O X ∣ U -m´ odulos O (I) X ∣ U α // O (J) X ∣ U σ // F∣ U // 0

para alguma vizinhan¸ca U de x, para qualquer x ∈ X. Em particular, se fixarmos m, n ∈ N , temos a sequˆ encia exata,

O m X ∣ U α // O X nU σ // F∣ U // 0 , e F ´ e dito de apresenta¸ c˜ ao finita.

Os feixes quase-coerentes comp˜ oem uma subcategoria plena da categoria O X -Mod e essa subcategoria ser´ a denotada por Qcoh ( X ) .

No corol´ ario 1.12, foi provado que se tivermos um O X -m´ odulo F de tipo finito, ent˜ ao o homomorfismo 1.14 ser´ a injetivo. Agora, garantiremos que esse homomorfismo ser´ a um isomorfismo quando o O X -m´ odulo F for de apresenta¸c˜ ao finita.

Proposi¸ c˜ ao 1.15. Sejam F e G dois O X -m´ odulos com F de apresenta¸ c˜ ao finita.

Ent˜ ao, o homomorfismo de O X,x -m´ odulos

ψ x ∶ (H om O

X

(F , G)) x Ð→ Hom O

X,x

(F x , G x ) ,

´ e um isomorfismo para qualquer x ∈ X.

Referências

Documentos relacionados

www.pizziraniesportes.com.br.. 6.2) A RETIRADA poderá ser feita por qualquer pessoa que apresentar o protocolo de inscrição e o respectivo recibo de pagamento, os quais

CONCURSO PARA CONCESSÃO DE CERTIFICADO DE ATUAÇÃO NA ÁREA DE PSIQUIATRIA FORENSE A Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP, filiada à Associação Médica Brasileira - AMB,

Este artigo buscou identificar as contribuições do design para o desenvolvimento de TA, por meio da apresentação de projetos desenvolvidos no âmbito do IPq-SC,

Microbial interactions during sugar cane must fermentation for bioethanol production: does quorum sensing play a

A omissão dos nutrientes, de forma isolada ou em combinações na solução nutritiva, causaram alte- rações morfológicas traduzidas em sintomas visuais de deficiência,

[r]

Thus, the main differences in dynamic innovation in the Guarda region are associated with employment and interest in hiring professionals trained at PG,

4º Na data de encerramento do Período de Diferimento, o valor do Capital Segurado sob a forma da renda prevista neste Regulamento será calculado pela aplicação, sobre o saldo