Instituto de Físia
Exesso de Ruído
no Osilador Paramétrio Ótio
Jnatas Eduardo da Silva César
Dissertação de mestrado apresentada ao
Instituto de Físiapara a obtenção
do título de Mestre emCiênias
Orientador: Prof. Dr. Marelo Martinelli
Bana Examinadora:
Prof. Dr. Marelo Martinelli (IF-USP)
Prof. Dr. Arnaldo Gammal (IF-USP)
Prof. Dr. Kaled Dehoum (UFF)
Agradeimentos
Dedio meus sinerosagradeimentos:
•
Agradeço ao Marelo Martinelli por sua orientação e por sua ajuda em vários as-petos relaionadosao experimento.•
AgradeçoaoPaulo Nussenzveig pela orientação.•
Agradeçoaos membros onvidados da bana examinadora Prof. Kaled Dehoum e Prof. Arnaldo Gammalpela leiturauidadosa desse texto.•
Agradeço às pessoas do suporte ténio, espeialmente às seretárias Edi e Ivanei, aopessoal da eletrnia e serviços gerais, pois sem eles nosso trabalho seriaprati-amenteinviável.
•
Agradeçoaomeu amigoAntnioporompartilharomigo várias horasde trabalho nesse experimento.•
Agradeço aos meus amigos Felippe, Rodrigo, Laério, Fábio e Paulo Valente por suas inúmeras e valiosas ajudas durante redação dessa dissertação e por tornaremosmeus dias de onvivênia no laboratóriomuito mais agradáveis.
•
Agradeço aos meus ex-olegas de grupo Katiúsia e Alessandro por me passarem partede seus onheimentos emeajudaremnos primeirosmomentosnolabortório.•
AgradeçotambémaminhanamoradaLayraeaosmeusamigosdeforadolabortório, João,Diego,Carlos,entreosoutrosqueometoainjustiçade nãoitar seusnomes,porfazerem de São Paulo um lugar muito mais agradável de se viver.
Resumo
Apesar de ser um experimentobemonheido naliteraturarelaionada aoestudoda
informação quântia, o Osilador Paramétrio Ótio (OPO) operando aima do limiar
não forneeu sempre os resultados esperados por sua teoria, pois apresentava exesso de
ruídona fase de seus feixes, de origem desonheida.
Neste trabalho apresentamos de forma sistemátia a teoria padrão do Osilador
Pa-ramétrioÓtio noontexto quântio. Alémdisso, introduzimosum modelo ad-hopara
oexesso de ruído de fase doOPO que reproduz osresultados obtidos emnossos
experi-mentos.
Em nosso modelo, inserimos um ruído na fase de ada feixe do OPO proporional à
intensidadedosamposintraavidade. Esteruídoapresentaorrelaçõesnãoperfeitasentre
os feixes, omo foi demonstrado experimentalmente. Apesar de desonheidas a origem
desse exesso de ruído, temos indiações de que ele é ausado por entros expalhadores
Abstrat
In spite of the fat that the OptialParametri Osillator(OPO) is one of the most
known experiments related with quantum information researh, its experimental results
did not have a good agreement with the theory, in the above threshold regime, beause
of anunexpeted exess noise inthe phasequadrature onits beams.
In this work we sistematialy present the quantum theory of OPO. Moreover, we
introduean ad-ho modelforthe exess noise in the phasequadrature in the OPO that
reprodues our experimentaldata.
In ourmodel,the exessnoise inthe phasequadratureisproportionalofthe intensity
of eah OPO beam. This noise presents non-perfet orrelations among the elds, as is
experimentalyobserved. Despite oftheunknownoriginofthis exessnoise,wehavesome
Sumário
Introdução p.1
1 Coneitos preliminares em
Ótia Quântia p.5
1.1 Prinípio dainerteza. . . p.5
1.2 Matriz Densidade . . . p.7
1.3 Deomposição Espetral eQuantizaçãodo CampoEletromagnétio . . p.8
1.3.1 Quantizaçãodo Campo Elétrio . . . p.11
1.3.2 Estados de Fok . . . p.13
1.4 Proesso de medidae estados oerentes . . . p.14
1.4.1 Estados Coerentes . . . p.15
1.5 Quadraturas doCampoElétrio . . . p.18
1.5.1 Estados omprimidos . . . p.21
1.6 Espaço das freqüênias . . . p.23
1.6.1 Espetro de ruído . . . p.24
1.7 Equação Mestra . . . p.24
1.8 Espaço de Fase Quântio e Função de Wigner . . . p.25
1.8.1 Matriz de ovariânia eRelação de Inerteza . . . p.28
1.8.2 Estados Gaussianos . . . p.29
1.9 Equação de Fokker-Plank eEquação de Langevin . . . p.30
1.10.2 AutoHomodinagem . . . p.35
2 Emaranhamento p.39
2.1 Paradoxo EPR . . . p.39
2.2 Emaranhamento. . . p.41
2.2.1 Critériosde Emaranhamento. . . p.42
2.3 Positividade sob Transposição Parial . . . p.43
2.3.1 Apliaçãoem VariáveisContínuas . . . p.44
2.4 Somasde Variânias . . . p.45
2.4.1 Caso Tripartite . . . p.46
3 Osilador Paramétrio Ótio p.51
3.1 Desrição Quântia doOPO . . . p.52
3.2 Valores Estaionários . . . p.55
3.3 Flutuações Quântias Linearizadas . . . p.56
3.4 Espetro de ruído doOPO . . . p.59
3.5 FeixesGêmeos eEmaranhamentonoOPO . . . p.62
3.6 Exesso de Ruído no OPO . . . p.69
4 Experimento p.75
4.1 AparatoExperimental . . . p.75
4.1.1 Cavidade de ltro . . . p.75
4.1.2 OPO . . . p.77
4.1.3 Cavidades de análise . . . p.78
4.1.4 Deteção . . . p.79
4.2 Caraterização Experimental doExesso de Ruído . . . p.80
Conlusão e Perspetivas p.93
Referênias Bibliográas p.95
Introdução
Atualmente, o estudo da informação quântia é uma das prinipais áreas de
pes-quisaem físia, om vários artigos sendo publiados emrevistas de amplo impatoomo
Physial Review, Nature e Siene. O elemento prinipalpara o estudo da omputação
quântia é uma propriedade totalmente não trivial de sistemas quântios denominada
emaranhamento. O estudo da informação quântia aborda temas omo o próprio
pro-esso de omputação [1℄ e maneirasde se transferir os dados proessados para diferentes
loalidades [2℄.
Dizemos que um sistema quântio está emaranhado quando não podemos esrever a
função de onda total do sistema omo o produto das funções de onda de ada uma de
suas partes [3℄. Nesse aso as orrelações quântias podem ser muito mais fortes do que
orrelaçõeslássias[4℄.
O emaranhamentoé porsi só um grande objeto de estudo em físia,ele foi pela
pri-meiravez notadoemumtrabalhopubliado porEinsteinem1935[5℄omo um paradoxo
na teoria quântia. Nesse mesmo ano, Niels Bohr publiou um trabalho em resposta a
Einstein,mostrandoque oparadoxoapontado porEinstein eraapenas aparentee props
uma série de experimentos mentaisna tentativa de mostrar que a teoria quântia estava
orreta[6℄. Ainda nesse ano, Shrödinger unhou a paralavra emaranhameto [7℄ para
es-tados quântios que tinham a arateristia mostrada por Einstein. Ele onlui que o
emaranhamento é a araterístia dos sistemas quântios que rompe totalmente om a
idéiasda físialássia.
Em nossolaboratóriotrabalhamos om um sistemafísiohamadode Osilador
Par-métrioÓtio(OPO)apazdegerarfeixesdeluzintensosqueapresentamessaimportante
propriedade. O OPO onsiste de uma avidade Fabry-Perot onde é inserido um ristal
om suseptibilidade elétrianão-linearde segunda ordem,
χ
(2)
.
Inidimos naavidade doOPO um feixelaser intenso omfreqüênia
ω
0
denominado bombeio, então a partir do aoplamento desse feixe om o termo não-linear dateremos que a soma das freqüênias dos feixes sinal e omplementar deverá ser igual a
freqüênia do feixe de bombeio
ω
0
=
ω
1
+
ω
2
. Quantiamente, podemos pensar nesse proesso omoa aniquilaçãode um fótondobombeioparaa riaçãode dois novosfótonsdos feixes sinal e omplentar.
É intuitivo pensar, devido ao proesso de onversão paramétria, que os feixes
bom-beiosinaleomplementarestejamfortementeorrelaionados,sendoessasorrelaçõestão
intensasqueesse feixespodemestaremaranhados. Oemaranhamentoentreosfeixessinal
eomplementarfoiprevistoteoriamentenoanode 1989[8℄,sendoaprinipal
araterís-tiaqueevideniaoemaranhamento,aompressãonoruídodasubtração dasamplitudes
e da soma dos ruídos de fase desses feixes, ou seja, as variânias dessas grandezas são
menores que a variâniada utuação dováuo.
A medidadaompressão doruído nasubtração das amplitudes foifeita já noano de
1987 na referênia [9℄, no entanto, a ompressão do ruído na soma das fases dos feixes
gêmeos sófoi medida reentemente pelonosso grupo [10, 11℄, omprovando o
emaranha-mentobipartiteentreosfeixessinaleomplementar. Alémdisso, oemaranhamentoentre
ofeixe de bombeioom osfeixes sinale omplementar foiprevisto tambémreentemente
pelonosso grupo[12℄. Noentanto,asmedidasfeitasaté hoje aindanão foramapazes de
omprovar essa propriedade entre os três ampos[13, 14℄.
O prinipal motivo para isso e também um dos prinipais motivos que impediu por
tantotempoaveriaçãodoemaranhamentobipartiteentreosfeixesgêmeos,éumexesso
de ruído presente na fasedesses feixe que até então tinha origem desonheida.
Portanto, a prinipal motivação para essa dissertação é introduzir um modelo para
esse exesso de ruído queajusta muito bemtodos osresultados obtidos pelonosso grupo
até hoje. Oprinipalingredientedonosso modelo paraoexesso de ruído éaintrodução
de um ruído de fase proporional à potênia intraavidade de ada feixe, onsiderando
orrelações não perfeitas entre esses ruídos. Ao que tudo india, esse termo de exesso
de ruído, que será introduzido nas equações do OPO, é gerado pelapresença de entros
espalhadoresdeluznoristaldevidoapresençadefnonsausadosporagitaçõestérmias
narede ristalina.
No primeiro apítulodessa dissertação introduzimos alguns oneitos de ótia
quan-tia quesão esseniais parao entendimento donosso trabalho. Esses oneitos vãodesde
a quantização do ampo elétromagnétio até distribuiçãode quase-probabilidade.
elétromagnétio. Noapítulo2falamos detalhadamentesobre emaranhamentoemétodos
para identiá-lo.
Já no apítulo 3, disorremos sobre o OPO, onde damos uma melhor noção de seu
funionamento a partir de prinípios quântios e mostramos as orrelações entre seus
feixes. Nomdesseapítulo,introduzimosonossomodeloteórioparaoexesso deruído
no OPO. O quarto apítulo da dissertação mostra os resultados de nosso experimento
orroborando om o nosso modelo para o exesso de ruído. Por m, apresentamos as
1 Coneitos preliminares em
Ótia Quântia
1.1 Prinípio da inerteza
Nameânialássiaoerrosobreumamedidadeorre simplesmenteporseonsiderar
queexisteumaertaimpreisãonoaparatodemedida. Noentanto,nameâniaquântia
ainerteza sobre uma medida é intrínsea àteoria, e deorre de que as grandezas físias
medidas no laboratório são auto-valores de operadores que atuam no espaço de Hilbert
[15℄. Dessa forma, a natureza quântia de muito sistemas físios só pode ser perebida
na análise minuiosa das inertezas relaionadas ao proesso da medida, pois os valores
médiosde muitas grandezas podem ser entendidos apenas usando afísia lássia.
A utuação sobre o valormédio de um operador
o
ˆ
édenida porδ
o
ˆ
= ˆ
o
− h
ˆ
o
i
,
(1.1)onde
h
ˆ
o
i
éamédiasobreafunçãodeondadosistemaesobreoutroselementosestatístios 1.
Seguindo a desrição dada nareferênia [16℄, sabemos quepara qualquer operador
A
ˆ
eseu onjugadoHermitianoA
ˆ
†
,
h
A
ˆ
A
ˆ
†
i ≥
0
.
(1.2)Denindo dois operadores Hermitianos
x
ˆ
ey
ˆ
taisqueA
ˆ
=
δ
x
ˆ
+
λe
iθ
δ
y
ˆ
(
{
λ, θ
} ∈
R
)
,
logo,
h
δ
x
ˆ
2
i
+
λ
2
h
δ
y
ˆ
2
i
+
λ
h
(cos
θ
{
δ
x, δ
ˆ
y
ˆ
} −
i
sin
θ
[
δ
x, δ
ˆ
y
ˆ
])
i ≥
0
,
(1.3)onde
[
,
]
é o omutador e{
,
}
é o antiomutador. Para que a desigualdade (1.3) seja satisfeita[
δ
x, δ
ˆ
y
ˆ
]
deveser igualazeroouaumnúmeroimagináriopuro,alémdisso, omo1
p
h
δ
x
ˆ
2
i −
λ
p
h
δ
y
ˆ
2
i
2
≥
0
,ompletando quadradopodemosver que
h
(cos
θ
{
δ
x, δ
ˆ
y
ˆ
} −
i
sin
θ
[
δ
x, δ
ˆ
y
ˆ
])
i
2
≤
4
h
δ
x
ˆ
2
ih
δ
y
ˆ
2
i
.
(1.4)Como(1.4)temqueserválidaparatodoângulo
θ
devemosmaximizaroladoesquerdo dadesigualdade obtendo|h{
δ
x, δ
ˆ
y
ˆ
}i|
2
+
|h
[
δ
x, δ
ˆ
y
ˆ
]
i|
2
≤
4
h
δ
x
ˆ
2
ih
δ
y
ˆ
2
i
.
(1.5)Noformalismolássio,asgrandezasfísiassãonúmerosreais,deformaqueamédiado
omutadorentreessasgrandezassempreénula. Portantonolimitelássioadesigualdade
(1.5) se reduziriaa
h
δx
2
ih
δy
2
i ≥
σ
xy
2
,
(1.6)onde,
σ
xy
=
1
2
h
δxδy
+
δyδx
i
. Classiamenteoanulamentodeσ
xy
éumaondiçãoneessária mas não suiente para a indepêndeiadas utuações[17℄.JánaMeâniaQuântia, asgrandezas físiassão representadas poroperadores
Her-mitianos que atuam no espaço de Hilbert. Além disso, sabemos que dois operadores
Hermitianos que são onjugados não omutam entre si, omo, por exemplo, no aso dos
operadores posição
q
ˆ
e momentop
ˆ
, onde o omutador entre eles é[ˆ
q,
p
ˆ
] =
i
~
. Com isso, teremosque a desigualdade(1.5) se torna∆ˆ
q
∆ˆ
p
≥
r
1
4
~
2
+
σ
qp
,
(1.7)onde denimos
∆
2
o
ˆ
=
h
δ
2
o
ˆ
i
. Quando
σ
qp
= 0
, ou seja, assumindo que só existem orre-laçõesquântias, enontramos aexpressão usual doPrinípiodaInerteza de Heisenbergpara posição e momento
∆ˆ
q
∆ˆ
p
≥
1
2
~
.
(1.8)Essa relação mostra que a posição e o momento de um objeto físio não podem ser
medidossimultaneamenteompreisãoinnita,independentementede quãoperfeito seja
1.2 Matriz Densidade
Na meânia quântia, para um sistema isolado, todaa informação físiaé dada por
um vetor de estado
|
ψ
(
t
)
i
, de formaque ovalormédio de um observavelA
ˆ
é dado porh
A
ˆ
i
=
h
ψ
(
t
)
|
A
ˆ
|
ψ
(
t
)
i
.
(1.9)Na prátia, um sistema isolado é muito difíil de se onstruir. Assim as medidas
realizadas em laboratório são médias sobre um onjunto funções de onda ponderadas
pormédias estatístias,que são obtidas pelarepetição sistemátia doexperimento. Com
isso, supondo que um sistema seja preparado em um onjunto de estados
|
ψ
n
i
, sob uma determinadaprobabilidadeestatístialássiaP
n
,ovalormédiode umoperadorA
ˆ
édado porh
A
ˆ
i
=
X
n
P
n
h
ψ
n
|
A
ˆ
|
ψ
n
i
.
(1.10)Denindo agora o operadordensidade
ρ
ˆ
talqueˆ
ρ
=
X
n
P
n
|
ψ
n
i h
ψ
n
|
,
(1.11)então a médiadooperador
A
ˆ
poderá ser dada através da expressãoh
A
ˆ
i
= tr
ρ
ˆ
A
ˆ
(1.12)=
X
k
h
ψ
k
|
X
n
P
n
|
ψ
n
i h
ψ
n
|
A
ˆ
|
ψ
k
i
=
X
k
P
k
h
ψ
k
|
A
ˆ
|
ψ
k
i
.
Portanto,apartirdooperadordensidade podemosinorporartantoaestatístia
lás-sia quantoa estatístia quântia de sistemasfísios.
Estado puroe estadomistura: Seumoperadordensidadedeumsistemapodeser
esritoomo
ρ
ˆ
=
|
ψ
n
i h
ψ
n
|
, esse sitemaé denominadoomo puro. Ooperador densidade desse sistemaapresentará a propriedadeρ
ˆ
2
= ˆ
ρ
.
Tendo em vista que
P
n
P
n
= 1
, quando a matriz densidade representa um estado puro,teremosquetr
(ˆ
ρ
2
) = 1
,aso ontrário,dizemosqueamatrizdensidaderepresenta
um estado tipomistura,e teremosque
tr
(ˆ
ρ
2
)
<
1
Evolução temporal da Matriz densidade: A evolução temporal de um estado
quântio
|
ψ
i
genério é desrita pelaequação de Shröginger,H
|
ψ
i
=
i
~
d
d
t
|
ψ
i
.
(1.13)Portanto,derivando(1.11) emrelaçãoao tempo, eusando aequação de Shröginger,
vemos quea evolução temporaldamatriz densidade será dada por
d
d
t
ρ
(
t
) =
−
i
~
[
H
, ρ
(
t
)]
.
(1.14)Essa equação é onheida na literatura omo equação de Von Neumann [16℄, apesar
de pareer om a equação de Heinsenberg, para a evolução temporalde operadoradores,
que édada por,
d
d
t
A
ˆ
=
i
~
[
H
,
A
ˆ
]
.
(1.15)aequaçãodaevoluçãotemporalpara amatrizdensidade diferedaequaçãode Heisenberg
por um sinal, evideniando que a evolução temporal do operador densidade oorre no
mesmosentidoqueaevoluçãotemporalde vetoresdeestadonadesrição deShröginger,
enquantoaevoluçãotemporalparaoperadoresnadesriçãodeHeisenbergsedánosentido
ontrário.
1.3 Deomposição Espetral e Quantização do Campo
Eletromagnétio
As Equações de Maxwell no váuo para os ampos elétrio
E
e magnétioB
, na presença das densidades de orrenteJ
e arga2
ρ
,são dadas por[18℄∇ ×
E
+
∂t
∂
B
= 0
,
(1.16)∇ ×
B
−
µ
0
ǫ
0
∂t
∂
E
=
µ
0
J
,
(1.17)∇ ·
E
=
ǫ
1
0
ρ,
(1.18)∇ ·
B
= 0
,
(1.19)Sabendo que o divergente de um rotaional é identiamente nulo, a equação (1.19)
2
nos informa queo ampomagnétio pode ser desrito por,
B
=
∇ ×
A
,
(1.20)onde otermo
A
é denominadopotenial vetor.Substituindo a equação (1.20) em (1.16) e tendo emvista que
∇ × ∇
φ
= 0
, sendoφ
um potenialesalar, vemos queo ampoelétrio será desritoporE
=
−∇
φ
−
∂
∂t
A
.
(1.21)Ao substituirmos as equações (1.20) e (1.21), dos ampos elétrio e magnétio em
termosdos potenialvetoreesalar, naequaçãode Maxwell(1.17) hegamosnaseguinte
expressão
∇
(
∇ ·
A
)
− ∇
2
A
+
1
c
2
∂
∂t
∇
φ
+
1
c
2
∂
2
∂t
2
A
=
µ
0
J
,
(1.22) onde foiusado a identidade∇ × ∇ ×
A
=
∇
(
∇ ·
A
)
− ∇
2
A
.
Através das equações de Maxwell vemos que os ampos elétrio e magnétio são
in-variantes sobre asseguintes transformaçõessobre os poteniaisvetor
A
e esalarφ
,A
=
A
′
− ∇
Ξ
,
(1.23)φ
=
φ
′
+
∂
∂t
Ξ
,
(1.24)onde
Ξ
éumafunçãoesalarabitrária. Essetipodetransformaçãosobreospoteniaispre-servaosvaloresdos amposelétriosemagnétios,sendodenominadasde transformações
de alibre.
Obtemos o alibre de Coulomb impondo que o potênial vetor obedeça à ondição
∇ ·
A
= 0
. Calulandoo divergente daequação (1.18)vemos queesse alibre nos fornee diretamente a equação de Poisson para o potenial elétrio∇
2
φ
=
−
1
ǫ
0
ρ
. Além disso
teremosque aexpressão (1.22) sereduz a
−∇
2
A
+
1
c
2
∂
∂t
∇
φ
+
1
c
2
∂
2
∂t
2
A
=
µ
0
J
.
(1.25)PeloteoremadeHelmholtz[19℄qualquer equaçãode ampopode ser reesritaomoa
somade duas omponentes, uma om odivergenteigual azero e outraompontente om
o rotaional igual a zero, essas omponentes são denominadas ompenente transversal e
Além disso, o gradiente de um potênial esalar só tem a omponente longitudinal. F
a-zendo essa separação para a densidade de orrente,
J
=
J
T
+
J
L
, onde,∇ ·
J
T
= 0
e∇ ×
J
L
= 0
, eseparando a equação(1.25) emsuas omponentes transversais e longitudi-nais enontramos,−∇
2
A
+
1
c
2
∂
2
∂t
2
A
=
µ
0
J
T
,
(1.26)e
1
c
2
∂
∂t
∇
φ
=
µ
0
J
L
.
(1.27)Portanto,quando não háorrenteelétria,vemos que (1.26)se reduz auma equação
de onda para o potenial vetor [20, 21℄,
∇
2
A
−
1
c
2
∂
2
∂t
2
A
= 0
.
(1.28)Podemos enontrar a solução dessa equação de onda expandindo o potenial vetor
numa série de Fourier e impondo uma ondição periódia de ontorno para um volume
V
=
L
3
doespaço, om issoteremosque
A
(
r
, t
) =
X
k
X
σ=1,2
e
k
σ
A
k
σ(
r
, t
)
,
(1.29)onde,
A
k
σ
(
r
, t
) =
A
k
σ
e
i(
k
·
r
−
ωkt)
+
A
∗
k
σ
e
−
i(
k
·
r
−
ωkt)
.
(1.30)Ovetordeonda
k
deneadireçãodepropagaçãodeumdeterminadomododoampo dentroda avidade, sendo quesuas omponentes são dadas pork
x
=
2
π
L
ν
x
,
k
y
=
2
π
L
ν
y
,
k
z
=
2
π
L
ν
z
,
(1.31)onde
{
ν
x
, ν
y
, ν
z
} ∈
Z
. A partir daequaçãode ondavemos quea freqüêniaangularω
k
se relaionaom o módulo dovetor de ondak
por,ω
k
=
ck
.O vetor unitário
e
k
σ
é o vetor de polarização do ampo. Devido ao alibre de Cou-lomb o vetor de polarizaçãodeve ser perpendiular ao vetor de onda doampo, ou seja,e
k
σ
·
k
= 0
. Além disso, os vetores de polarização são denidos de forma que um seja perpendiular ao outro,e
k
σ
·
e
k
σ
′
=
δ
σσ
′
.Pela expressão(1.21) vemos quena ausênia de orrentes
E
=
−
∂
logo aexpressão para oampo elétrioserá
E
(
r
, t
) =
X
k
X
σ=1,2
e
k
σ
E
k
σ
(
r
, t
)
,
(1.33)onde
E
k
σ
(
r
, t
) =
iω
k
A
k
σ
e
i(
k
·
r
−
ωkt)
−
A
∗
k
σ
e
−
i(
k
·
r
−
ωkt)
.
(1.34)A partir de (1.20) temos que oampomagnétio é
B
(
r
, t
) =
X
k
X
σ=1,2
ˆ
k
×
e
k
σ
B
k
σ
(
r
, t
)
,
(1.35)onde
ˆ
k
=
k
/k
eB
k
σ(
r
, t
) =
ik A
k
σ
e
i(
k
·
r
−
ωkt)
−
A
∗
k
σ
e
−
i(
k
·
r
−
ωkt)
.
(1.36)Porm, temosque aenergiatotal doampo dentro daavidadede volume
V
=
L
3
é
H
=
1
2
Z
d
V ǫ
0
E
(
r
, t
)
2
+
1
µ
0
B
(
r
, t
)
2
,
(1.37)substituindoasexpressõesparaoampoelétrioeparaoampomagnétioenontraremos
quea energiatotal dos ampos pode ser esrita omo,
H
=
ǫ
0
V
X
k
σ
ω
k
2
(
A
k
σ
A
∗
k
σ
+
A
∗
k
σ
A
k
σ
.
)
(1.38)1.3.1 Quantização do Campo Elétrio
A Halmitonianaquantizada de um osilador harmnioé dada por
ˆ
H
=
p
ˆ
2
2
m
+
1
2
mω
2
q
ˆ
2
,
(1.39)
ondeosoperadoresdeposição
q
ˆ
emomentop
ˆ
obedeemarelaçãodeomutaçãousual,[ˆ
q,
p
ˆ
] =
i
~
. A partir desses operadores podemosdenir dois novosoperadores adimensionaisˆ
a
=
r
1
2
m
~
ω
(
mω
q
ˆ
+
i
p
ˆ
)
,
ˆ
a
†
=
r
1
2
m
~
ω
(
mω
q
ˆ
−
i
p
ˆ
)
,
(1.40) queobedeem arelação de omutação[ˆ
a,
a
ˆ
†
] = 1
Inversamente teremos,
ˆ
q
=
r
~
2
mω
(ˆ
a
†
+ ˆ
a
)
,
p
ˆ
=
i
r
m
~
ω
2
(ˆ
a
†
−
a
ˆ
)
.
(1.41)Substituindo(1.41) em(1.39), vemos quea halmitonianado osiladorharmnio poderá
ser esritaomo
ˆ
H
=
1
2
~
ω
(ˆ
a
ˆ
a
†
+ ˆ
a
†
ˆ
a
) =
~
ω
(ˆ
a
†
ˆ
a
+
1
2
)
.
(1.42)Apliandoosoperadores
ˆ
a
eˆ
a
†
naHamiltonianadoosiladorharmnioparaumdado
auto-estado
|
n
i
om um auto-valorE
n
mostra-se que [15℄,ˆ
a
|
n
i
=
√
n
|
n
−
1
i
,
(1.43)ˆ
a
†
|
n
i
=
√
n
+ 1
|
n
+ 1
i
.
(1.44)Por esse motivo, denominamos
a
ˆ
†
e
a
ˆ
de operadores riação e aniquilação respeti-vamente. Para enontrarmos o resultado anterior foi neessário denir um estado|
0
i
de mínima energiatalque,ˆ
a
|
0
i
= 0
.Dado(1.43) e (1.44)podemos deniro operador número
n
ˆ
= ˆ
a
†
ˆ
a
, talque,
ˆ
a
†
ˆ
a
|
n
i
= ˆ
n
|
n
i
=
n
|
n
i
.
(1.45)Com isso, teremos que os auto-valores da hamiltoniana do osilador harmnio serão
dados por
H
|
n
i
=
E
n
|
n
i
=
~
ω
(
n
+
1
2
)
|
n
i
.
(1.46)A formanaqual foramapresentadas as hamiltonianasdoampoeletromagnétio e a
doosiladorharmnioquantizado (apresentados nas fórmulas(1.38) e(1.42)
respetiva-mente), sugere quea quantizaçãodo ampoeletromagnétio édada por
A
k
σ
→
r
~
2
ǫ
0
V ω
k
ˆ
a
k
σ
,
A
∗
k
σ
→
r
~
2
ǫ
0
V ω
k
ˆ
a
†
k
σ
.
(1.47)Logo, existe um operador de riação e aniquilaçãopara ada modo e polarização do
ampo. Equivalentemente, poderíamoster feitoaquantizaçãodo ampoelétromagnétio
separando aspartes real eimagináriade
A
k
σ
nahamiltonianado ampoeletromagnétio lássio, e em seguida, identiando a parte real omo o operador posição e a parteçõesde polarizaçãoa generalizaçãodarelação de omutação entre operadores de riação
eaniquilaçãoé
[ˆ
a
k
σ
,
ˆ
a
†
k
′
σ
′
] =
δ
kk
′
δ
σσ
′
(1.48)Com isso, segue que a hamiltonianadoampoquatizado será dada por
ˆ
H
=
X
k
σ
~
ω
k
(ˆ
a
†
k
σ
a
ˆ
k
σ
+
1
2
) =
X
k
σ
~
ω
k
(ˆ
n
k
σ
+
1
2
)
.
(1.49)Portanto, para uma dada polarização, os modos do potenial vetor e dos ampos
elétriose magnétiosserão dados por,
A
k
σ(
r
, t
) =
r
~
2
ǫ
0
V ω
k
(ˆ
a
k
σ
e
i(
k
·
r
−
ωkt)
+ ˆ
a
†
k
σ
e
−
i(
k
·
r
−
ωkt)
);
(1.50)E
k
σ(
r
, t
) =
iω
k
r
~
2
ǫ
0
V ω
k
ˆ
a
k
σe
i(
k
·
r
−
ωkt)
−
a
ˆ
k
†
σ
e
−
i(
k
·
r
−
ωkt)
;
(1.51)B
k
σ
(
r
, t
) =
ik
r
~
2
ǫ
0
V ω
k
ˆ
a
k
σ
e
i(
k
·
r
−
ωkt)
−
a
ˆ
†
k
σ
e
−
i(
k
·
r
−
ωkt)
.
(1.52)
1.3.2 Estados de Fok
Os auto estadosda hamiltonianadoampoeletromagnétio são denominadoestados
de Fok ouestados número,
ˆ
H
|
n
i
=
ω
~
ˆ
a
†
ˆ
a
+
1
2
|
n
i
=
ω
~
n
+
1
2
|
n
i
.
(1.53)Esses estados determinam o número de fótons para um modo do ampo om uma
erta polarização. Quando existem vários modos dentro de uma avidade o estado total
édado pelo produto externodos estadosde ada mododoampo,
|
n
k
1
1
, n
k
1
2
, n
k
2
1
, n
k
2
2
,
· · ·i
=
|
n
k
1
1
i |
n
k
1
2
i |
n
k
2
1
i |
n
k
2
2
i
=
|{
n
k
σ
}i
.
(1.54)Um resultado fundamental da Meânia Quântia é que mesmo para o váuo, isto
é, quando o número de fótons é igual a zero, a energia do ampo não é nula. Assim
numa avidade ominnitos modospermitidostemosque aenergiamédia dosistemana
ausênia total de fótons é,
h{
0
k
σ
}|
H
ˆ
|{
0
k
σ
}i
=
X
k
σ
1
Apesar de experimentalmente ser muito difíil produzir estados onde o número de
fótons é disreto [22℄, a base de estados de Fok tem muita ultilidade por ser uma base
ortonormal, alémde ser auto-estado daHamiltonianadoampo elétromagnétio.
1.4 Proesso de medida e estados oerentes
Emumexperimentodeótiaquântiaadeteçãodoampoelétrioéfeitapordetetores
que são sensíveis a fótons por meio do efeito foto-elétrio, ou seja, o proesso de medida
se baseia no proesso pelo qual um fóton é aniquilado para que se produza um elétron,
gerando assim uma orrente medida [23℄.
Tomando somente um modo do ampo elétrio em uma determinada polarização, a
partir de (1.51), vemos que o ampo elétrio pode ser deomposto em uma parte om
freqüênia positiva
E
(+)
(
r
, t
)
e outraom freqüênia negativa
E
(
−
)
(
r
, t
)
.
E
(
r
, t
) =
E
(
−
)
(
r
, t
) +
E
(+)
(
r
, t
)
,
(1.56)onde,
E
(
−
)
(
r
, t
) =
r
~
ω
2
ǫ
0
V
ˆ
a
†
e
−
i(
k
·
r
−
ωt)
e
E
(+)
(
r
, t
) =
r
~
ω
2
ǫ
0
V
ˆ
ae
i(
k
·
r
−
ωt)
.
(1.57)
Classiamente essa separação é somente uma onvenção matemátia sem aarretar
nenhum signiadofísio,noentanto,nãopodemosonsiderar queomesmooorra
quan-tiamente, pois de fato, o operador não hermitiano
E
(+)
(
r
, t
)
é o responsável pela
ani-quilação dos fótons, e por onseguinte, pelo proesso de medida. Tendo isso posto, a
probabilidadede transição para queum fótonseja absorvidopelodetetorserá dadapor,
P
i
| h
f
|
E
(+)
(
r
, t
)
|
i
i |
2
,
(1.58)oestado
|
f
i
representaoestadonalpara oqualoampoelétriofoiprojetado,enquanto oestado|
i
i
representaoestadoiniialdoampo. Noentanto,essaprobabilidadedeveser ponderada pelaprobabilidadeP
i
estatístia de seenontrar o estadoiniial|
i
i
.Vendoque,
X
f
h
f
|
E
(+)
(
r
, t
)
|
i
i ∝
X
f
h
f
|
i
−
1
i
=
δ
f,i
−
1
,
(1.59)medidadeve ser dada pelasoma de todos ospossíveisestados iniiais,de onde vem que
I
(
r
, t
) =
X
if
P
i
| h
f
|
E
(+)
(
r
, t
)
|
i
i |
2
=
X
if
P
i
h
i
|
E
(
−
)
(
r
, t
)
|
f
i h
f
|
E
(+)
(
r
, t
)
|
i
i
(1.60)omo
P
f
|
f
i h
f
|
= 1
. Sabendoqueamatrizdensidadedosistemaéρ
=
P
i
P
i
|
i
i h
i
|
segueI
(
r
, t
) = tr[
ρE
(
−
)
(
r
, t
)
E
(+)
(
r
, t
)] =
h
E
(
−
)
(
r
, t
)
E
(+)
(
r
, t
)
i
.
(1.61)Com issoperebemosqueaintensidadedoampoéproporionalaooperadornúmero
ˆ
n
= ˆ
a
†
ˆ
a
, ou seja, a intensidade do ampo é proporional ao número de fótons que hega
nodetetor porunidade de tempo. Supondo que o estado iniialdo sistema sejao estado
de váuo,
|
0
i
, aintensidade medida seráI
(
r
, t
) =
h
0
|
E
(
−
)
(
r
, t
)
E
(+)
(
r
, t
)
|
0
i
= 0
(1.62)omo esperado. Vale observar que, usando a teoria lássia a intensidade medida seria
igualao quadradodo operadorampo elétriototal, logo, para oestado de váuo
h
I
ˆ
i
vac
=
h
0
|
E
(
r
, t
)
2
|
0
i
=
h
0
|
[
E
(+)
(
r
, t
) +
E
(
−
)
(
r
, t
)]
2
|
0
i
(1.63)=
h
0
|
E
(+)
(
r
, t
)
E
(+)
(
r
, t
)
|
0
i
+
h
0
|
E
(
−
)
(
r
, t
)
E
(
−
)
(
r
, t
)
|
0
i
+
h
0
|
E
(+)
(
r
, t
)
E
(
−
)
(
r
, t
)
|
0
i
+
h
0
|
E
(
−
)
(
r
, t
)
E
(+)
(
r
, t
)
|
0
i
=
h
0
|
E
(+)
(
r
, t
)
E
(
−
)
(
r
, t
)
|
0
i 6
= 0
que é um resultado siamente inompatível, pois impliariaque mesmo para estado de
váuo osdetetores mediriamuma intensidade média diferente de zero.
1.4.1 Estados Coerentes
Como já foi exposto anteriormente, o operador
E
(+)
(
r
, t
)
éproporional aooperador
de aniquilação, então uma representação interessante para os estados do ampo elétrio
são os estados oerentes, que são auto-estados do operador de aniquilação [24℄. A luz
emitidapor um laser se aproximamuito de um estadooerente [25℄, assim sendo, vemos
queos estadosoerentes seaproximambastante de um estado lássio.
ˆ
apliando
h
n
−
1
|
e usandoas propridadesdo operador de aniquilação,segue que√
n
h
n
|
α
i
=
α
h
n
−
1
|
α
i
,
(1.65)e usandoessa relaçãoreursivamenteenontramos,
h
n
|
α
i
=
α
n
√
n
!
h
0
|
α
i
.
(1.66)
Tendo em vista esse resultado, ao expandirmos
|
α
i
nos vetores do espaço de Fok, enontraremos|
α
i
=
X
n
|
n
i h
n
|
α
i
,
=
h
0
|
α
i
X
n
α
n
√
n
!
|
n
i
.
(1.67)
Aoimpormosaondiçãodenormalização
h
α
|
α
i
= 1
,enontramosquearepresentação doestado oerentena base dos estados de Fok é dada por,|
α
i
=
e
−
|
α
|
2
2
X
n
α
n
√
n
!
|
n
i
.
(1.68)
Apartirdisso, vemos queoestadooerenteapresentaumadistribuiçãode Poissonno
número de fótons
P
(
n
) =
|h
n
|
α
i|
=
|
α
|
2n
n
!
e
|
α
|
2
.
(1.69)de onde temos que o númeromédio de fótons éigual à variânia,isto é,
h
n
ˆ
i
=
h
α
|
n
ˆ
|
α
i
=
|
α
|
2
(1.70)e
∆
2
n
=
h
α
|
n
ˆ
2
|
α
i − h
α
|
n
ˆ
|
α
i
2
=
|
α
|
2
.
(1.71)Os estados oerentes formam uma base ompleta mas que não é ortogonal
apresen-tando aseguintepropriedade,
1
π
Z
queo produto interno entre dois estados oerentes é
h
β
|
α
i
=
e
−
|
α
|
2
+
|
β
|
2
2
+αβ
∗
,
(1.73)onde ovalor absolutodoproduto interno é
|h
β
|
α
i|
=
e
−|
α
−
β
|
2
,
(1.74)sendoque nolimite em que
|
α
−
β
| → ∞
osestados oerentes tendem aser ortogonais. Denindo o operadordesloamento omo em[24℄D
(
α
) =
e
αˆ
a
†
−
α
∗
ˆ
a
.
(1.75)eusando afórmulade Baker-Campbell-Hausdor,
e
A+ ˆ
ˆ
B
=
e
A
ˆ
e
B
ˆ
e
−
1
2
[ ˆ
A,
B]
ˆ
,
(1.76)
que pode ser usada quando
[ ˆ
A,
[ ˆ
A,
B
ˆ
]] = [ ˆ
B,
[ ˆ
A,
B
ˆ
]] = 0
, podemos esrever o operador desloamentoem ordemnormal, istoé, om as potênias deˆ
a
†
à esquerda das potênias
de
ˆ
a
,D
(
α
) =
e
−
|
α
|
2
2
e
αˆ
a
†
e
α
∗
ˆ
a
,
(1.77)
ouem ordem antinormal, ouseja, om aspotêniasde
a
ˆ
†
àdireita das potêniasde
ˆ
a
,D
(
α
) =
e
|
α
|
2
2
e
α
∗
a
ˆ
e
αˆ
a
†
,
(1.78)Usando o operador desloamento em ordem normal podemos mostrar que estado
oerente pode ser obtido apliando-ono estadode váuo,
D
(
α
)
|
0
i
=
e
−
|
α
|
2
2
e
αˆ
a
†
e
α
∗
ˆ
a
|
0
i
=
|
α
i
.
(1.79)É interessante notar que a evolução temporal do osilador harmnio forçado será dada
pelo operador desloamento vezes a evolução temporal do osilador harmnio simples
[26℄. Temos então que o estado oerente pode ser enontrado quando evoluimos
tempo-ralmenteo váuo omo ondição iniial para esse sistema.
Algumas propriedades importantes do operadordesloamento são,
D
(
α
)
†
aD
(
α
) =
a
+
α,
(1.80)D
(
α
)
†
a
†
D
(
α
) =
a
†
+
α
∗
,
(1.81)1.5 Quadraturas do Campo Elétrio
Como vimosna seção anterior podemosquantizar oampo elétriofazendo om que
os oeientes do potenial vetor para ada modo do ampo sejam relaionados om
os operadores riação e aniquilação do osilador harmnio. Para um únio modo do
ampoelétrioomfreqüênia
ω
quesepropaganadireçãoz
eonsiderandoqueoampo elétrioémedidoemunidadesdep
~
ω/
2
ǫ
0
V
,apartirdaequação(1.51)podemosesrever o operadorampoelétrio omoˆ
E
(
x, t
) =
i
ˆ
ae
i(kx
−
ωt)
−
ˆ
a
†
e
−
i(kx
−
ωt)
=
X
ˆ
cos(
kx
−
ωt
+
π/
2) + ˆ
Y
sin(
kx
−
ωt
+
π/
2)
,
(1.83)onde os operadores Hermitianos
X
ˆ
eY
ˆ
são denominados operadores de quadratura do ampoelétrio,e são denidos omoˆ
X
= ˆ
a
+ ˆ
a
†
,
Y
ˆ
=
−
i
[ˆ
a
−
ˆ
a
†
]
,
(1.84)de forma que
[ ˆ
X,
Y
ˆ
] = 2
i,
(1.85)portantoa relaçãode inerteza será
∆ ˆ
X
∆ ˆ
Y
≥
1
.
(1.86)Em(1.83)existe uma fasede
π/
2
para quepudéssemos denirosoperadores quadra-tura omo em (1.84). De fato, existe uma arbitrariedadede fase do ampoeletromagné-tio, de forma quepodemos deniros operadores quadratura por,
ˆ
X
θ
= ˆ
ae
−
iθ
+ ˆ
a
†
e
iθ
,
Y
ˆ
θ
=
−
i
[ˆ
ae
−
iθ
−
a
ˆ
†
e
iθ
]
,
(1.87)onde
Y
ˆ
θ
= ˆ
X
θ+π/2
é o operador onjugado de
X
ˆ
θ
. Essa arbitrariedadena fase é
ontor-nada quando levamos emonta a fase relativa de um ampoem relação a um ampo de
prova. Observamos que a relação de omutação e onseqüentemente a de inerteza são
independentes da fase
θ
, ouseja,[ ˆ
X
θ
,
Y
ˆ
θ
] = 2
i,
∆ ˆ
X
θ
∆ ˆ
Y
θ
≥
1
.
(1.88)enontraremos
∆
2
vac
X
θ
= 1 e ∆
2
vac
Y
θ
= 1
.
(1.89)Portanto,oestadodeváuoéumestadodemínimainerteza,pois
∆
vac
X
θ
∆
vac
Y
θ
= 1
. Denimos então que o ruído de váuo sobre qualquer quadratura é hamado de ruídopadrão.
Como os valores médios dos operadores de quadratura são enontrados diretamente
numa base de estados oerentes podemos representá-los num diagrama de Fresnel, g.
1.1, porém, a representação dos estados oerentes nesse diagramanão será dada por um
ponto, mas sim, por uma região devido ao prinípio da inerteza. O estado oerente
assimomo o váuo são estadosde mínima inerteza, ouseja, a inerteza sobre qualquer
quadraturaserá sempreigualaoruídopadrão. NodiagramadeFresnel oestadodeváuo
é representado por uma irunferênia de raio 1 entrada na origem, enquanto o estado
oerente é representado por essa mesma irunferênia só que agora desloada de uma
distâniaigual a
|
α
|
da origem.Paraumestadooerenteemqueoauto-valordoampoelétrioé
α
=
|
α
|
e
iϕ
,podemos
assoiar omo quadraturas amplitude e fase respetivamente[27℄,
ˆ
p
= ˆ
ae
−
iϕ
+ ˆ
a
†
e
iϕ
,
(1.90)ˆ
q
=
−
i
[ˆ
ae
−
iϕ
−
ˆ
a
†
e
iϕ
]
,
(1.91)quando
h
p
ˆ
i ≫
1
, de onde temos que,h
p
ˆ
i
= 2
|
α
|
e
h
q
ˆ
i
= 0
.
(1.92)O nome designado a essas quadraturas pode ser melhor entendido ao analisarmos a
gura1.1, de onde podemos verque,
δ
I
ˆ
=
h
p
ˆ
i
2
δ
p,
ˆ
(1.93)δ
ϕ
ˆ
∼
=
2
h
p
ˆ
i
δ
q.
ˆ
(1.94)A partir das fórmulas aima vemos que a variânia do ruído de amplitude
∆
2
p
ˆ
vac
é proporional à intensidade média do feixe, enquanto a variânia do ruído de fase é
inversamente proporionalà intensidade média dofeixe.
Lembrando que o operador intensidade é dado por
I
ˆ
= ˆ
a
†
ˆ
a
e reesrevendo os
ope-radores riação e aniquilação omo
ˆ
a
=
α
+
δ
ˆ
a
eˆ
a
†
=
α
∗
+
δ
ˆ
a
†
Figura1.1: Representação doestado oerenteno diagrama de Fresnel. Oestado de váuo
seria representado pela mesma irunferêniasó que agora entrada na origem.
a equação (1.93) é valida quando fazemos
δa
†
δa
→
0
. Apesar do operador Hermitiano
para afase não ser de fáilvisualisação[28, 21℄, é possível mostrarquenolimite de altas
intensidades do ampo elétrioa expressão(1.94) é válida, de onde se tem
[
δ
I, δ
ˆ
ϕ
ˆ
] = [ˆ
p,
q
ˆ
] = 1
.
(1.95)Como os nossos detetores são sensíveis à intensidade dos feixes, experimentalmente
a medida do ruído padrão pode ser obtida medindodiretamente a variânia do ruído de
intensidade
∆
2
I
ˆ
de um estado oerente, oua partir de uma deteção balaneada,ou seja,
dividindoumfeixeemduaspartesdemesmaintensidade eemseguidasubtraindooruído
deadaparteealulandoavariâniadoresultado[11℄. Assim,apartirdaequação(1.93)
segue que,
∆
2
I
ˆ
= ∆
2
vac
p
ˆ
h
I
ˆ
i
=
β
h
I
ˆ
i
.
(1.96)Vimosnaseção 1.4.1 que avariânia doruído de intensidade da luzpoissoniana será
proporionalàintensidadedofeixe,onsequêniadofatodavariâniadonúmerodefótons
ser igual à médiado número de fótons desse feixe. Esse tipo de ruído é araterístio de
sistemas granulares, sendo por esse motivo denominado omo "shot noise". Assim, são
exemplosde "shotnoise"oruídogeradodevidoàolisãodeum feixede elétronsnoanodo
de uma válvula, oua utuação daesala de uma balançaprovoada pelaqueda de grãos
podemosmontarum gráode
∆
2
I
ˆ
× h
I
ˆ
i
. Mantendoo jargãoempregado nolaboratório, hamaremos de alibração do"shot noise"a determinação do oeiente angular da retaque ajusta os pontos medidos. Essa onstante de proporionalidade inlui já todos os
ganhos eletrnios empregados tanto na etapa de altafrequênia, empregada namedida
doruído,quandonaetapa de baixafrequênia,onde medimosa intensidademédia. Com
essamedidapodemosnormalizartodososvaloresderuídomedidosemnossoexperimento
pelo"shot noise".
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
ajuste: y=B*x
B
0.01225499
0.00001027
Variância (u. arb.)
DC (V)
Ruído de Intensidade
Ajuste linear
Figura1.2: Exemplo de alibração do "shot noise"usandoum feixe oerentede luz de 532
nm
É importante enfatizar que omo os nossos detetores medem somente a intensidade
doampo,portanto,amedidadoruídodeoutras quadraturas,quenãoseja aquadratura
amplitude,nãopode serfeitodiretamente. Sendoassim,devemosusar meiosalternativos
paramedir oruídode outrasquadraturas, osquaisserãoexpliados nas próximasseções.
1.5.1 Estados omprimidos
Outra lasse de estados de inerteza mínima são os estados omprimidos do ampo
eletromagnétio, esses estados são de natureza totalmente quântia [29, 30, 31℄. Um
que o produto das inertezas de ambas quadraturas respeite o prinípiodainerteza, ou
seja,
∆
X
θ
=
e
−
r
e ∆
Y
θ
=
e
r
.
(1.97)Estados dessa natureza podem ser obtidos por uma transformação unitária sobre o
váuo e em seguida apliando ooperador desloamento,istoé,
|
α, ǫ
i
=
D
(
α
)
S
(
ǫ
)
|
0
i
.
(1.98)O operador
S
(
ǫ
)
édenominado operadorde "squeezing"ou ompressãoe é dado porS
(
ǫ
) =
e
ǫ
∗
a
2
−
ǫa
†
2
.
(1.99)
onde
ǫ
=
r
2
e
2iφ
,r
édenominadofatorde ompressão ousqueeze,enquantoφ
vaiindiar a quadratura de ompressãomáxima em relaçãoao argumento deα
.Nagura1.3vemosarepresentaçãodeumestadoomprimidonodiagramadeFresnel.
Figura 1.3: Representação de um estado omprimido no diagrama de Fresnel
Em(1.98)aso nãoapliquemosooperadordesloamentoriamosum estadohamado
de váuo omprimido. Diversos grupos em todo mundo produzem esse tipo de estado
prini-1.6 Espaço das freqüênias
Como vimos anteriormente, podemos reesrever os nossos operadores de riação e
aniquilaçãoomoo seu valormédio mais um termo de utuação, ouseja,
ˆ
a
(
t
) =
α
+
δ
ˆ
a
(
t
)
,
(1.100)ˆ
a
†
(
t
) =
α
∗
+
δ
ˆ
a
†
(
t
)
.
(1.101)Em nosso experimento os feixes tratados são monoromátios e intensos, om isso a
grande maioria dos fótons se enontram em uma freqüênia ótia
ω
, denominada banda entral, mas também apresentam utuações om um número pequeno de fótons emfreqüênias
ω
±
Ω (Ω
≪
ω
)
, ompondoas bandaslaterais. Sendo assim, afísiado nosso sistemapode ser mais failmenteentendida no domíniodas freqüênias, então, tomandoatransformada de Fourierdo operadorde aniquilaçãotemos [16℄
a
(Ω) =
Z
dte
iΩt
(
α
+
δ
ˆ
a
(
t
))
,
(1.102)
=
αδ
(Ω) +
δ
ˆ
a
(Ω)
.
(1.103)Denimosa transformada de Fourier sobre ooperadorde riação omo
δ
ˆ
a
†
(Ω) = [
δ
ˆ
a
(Ω)]
†
.
(1.104)A relação de omutação entre os operadores de riação e aniquilação no domínio
temporalédadapor
δ
ˆ
a
(
t
)
, δ
ˆ
a
†
(
t
′
)
=
δ
(
t
−
t
′
)
,portantonodomíniodas freqüêniasessa
relaçãode omutação será dada por
δ
ˆ
a
(Ω)
, δ
ˆ
a
†
(Ω
′
)
= 2
πδ
(Ω
−
Ω
′
)
.
(1.105)Assim, tomando atransformandade Fourierdos operadores dequadratura dadosnas
equações (1.87)teremos que
δ
X
ˆ
θ
(Ω) =
e
−
iθ
δ
ˆ
a
(Ω) +
e
iθ
δ
ˆ
a
†
(
−
Ω)
,
(1.106)δ
Y
ˆ
θ
(Ω) =
−
i
[
e
−
iθ
δ
a
ˆ
(Ω)
−
e
iθ
δ
ˆ
a
†
(
−
Ω)]
.
(1.107)Pelahermitiidadedos operadores de quadratura nodomíniotemporalsegue,