U N I V E R S I D A D E D E S A O P A U L O
I N S T I T U T O D E F f S I C A E Q u f M I C A D E S A O C A R L O S
I N T R O D U C ; A o A O S M E T O D O S D E D E T E R M I N A C ; A o D E E S T R U T U R A S C R I S T A L I N A S P O R D I F R A C ; A o D E R A I O S - X : C O M P L E X O S D E R U T E N I O .
D i s s e r t a ~ a o a p r e s e n t a d a a o I n s t i t u t o d e F f s i c a e Q u i m i c a d e S a o ~ a r l o s , U S P , p a r a a o b t e n ~ a o d o t i t u l o d e MESTRE EM FisICA APLICADA
~ISS~
U N IV ~ R S ID A D E. DE SAO PAULO
Instituto de F fsica e Q uim lca de SioC arlos
t J 5 ~
---~~~---Fane (0162) 72-6222 Fax (0162) 72-2218
Av. Dr. Carlos Botelho. 1465 Caixa Postal 369
CNPQ
Aos meus pais. Marisa Mattos Fontes e Antonio Carlos Fontes e a minha esposa Sonia
Ao meu orientador. Prof.Glaucius Oliva. peta orien~ao. apoio. ensinamentos e sobretudo a valiosa amizade.
Aos Profs. Eduardo E. Castellano. Yvonne P. M:ascarenbas. pdos valiosos ensina:mentos
e pela constante disposi~ em colaborar.
Aos Profs. Richard C. Garratt, Julio Zukerman-Schpector. Oscar Pico, Carlos de Oliveira
P. Santos e Ignez Caracelli pelos valiosos ensinarnentos e pela constante disposi~ao em colaborar.
Aos colegas de grupo Fernando, Dulce. Valma. Walter, PauUo, Tereza. Geraldo pelos
ensinamentos. ajuda. compreensao e amizade.
Ao Prof. Alzir A. Batista pelo fornecimento das amostras e uteis disCllSSOeS.
A Salete L. Queiroz pela coopera~ao e ensinamentos.
Aos ~cnicos Wanda. Valdir, Geraldo. Augusto e Sr. Trombella.
A secretciria do grupo Maria Helena e a Vladerez.
E a todas as pessoas que de algoma forma me ajudaram em todos estes anos de estudo
ABRE\'lAC;OES
D P P B l.4-bis(difenilfostmo )butano
D P P B O I.4-bis( difenilfosf'moil)butano DPPA .Difenilfosfinamida
P y Piridina
Ph Fenil
P P hJ • • • • • • • . •Trifenil-fosfma 1m Imidazol
,
SUMARIO
N
INTRODUc;:AO ...•... 1
PARTE 1: INTRODU<;Ao TE6RICA
1.2.1 - EspalhaInento por UI1leletron 6
\
1.3.2 - Lei de Bragg, retfculo recfproco e a constru~io de Ewald ll
CAPITULO III
INTRODu<;Ao AOS MErODOS DE DETE&\.1lNA<;Ao DE ESTRtrfURAS CRIST ALINAS
S E R V IC O D E B IB L IO T E C A E IN F O R M A C A O - IF o s e
ID3.2 - Fatores de estrutura quase-normalizado. normalizado e unitirio 35
IDJ.J - R.d.3\~Je de~.l1~ __~ ~_._.__.. .. ._._.. ..__ .38
ID.3.4 - Rda.;Oes de probabilidade 43
lll3.4.1 - Estruturas centro-sirnetricas- .. _ 43
lll3.4.2 - Estru~ nao centro-simetriticas.._ _.._ _ 45
ID.3.5 - Invariantes e Semi-invariantes de estrutura 47
ID.3.6 - Defini\'ao da origem e enantiom6rfos 47
ID.3.7 - Metodo da Multi-solu\'ao 48
ill.3.7.1 - Introdu\'ao 48
ill.3.7.2 - Escolha e ger~ao de novas fases, programa SHELX86 ..49
ill3.7.3 - Mapas de E(h) 51
illA - Sfntese de Fourier e Fourier-diferen\'a 51
ill.5 - Refmamento por mfnimos quadrados 54
CO~SID ERA
CO
ES ~ICIAIS
60
CAPITl1.0 IV
E..~1RUTURA CRISTALINA DO 1,4-BIS(DIFENILFOSFINOIL)BUTANO
ClS"lS02P2
IV.l - Introdu~ao 64
IV.2 - Parte experinlental 64
IV.2.t - Escolhae montagem do cristal 64
IV.2.2 - Obten~ao da cela unitma e coleta de dados 65
IV.2.3 - An41ise preliminar dos dados e determin~ao do gropo espacial 65
IV.2.4 - Solu~ao e refinamento da estrutura 66
IV.3 - Descri~ao da estrutura e conclusOes 69
CAPITULO V
ESTRUTURA CRIST ALINA 00
trans-(CARBONILPIRIDINA)TETRACLORORUTENATO(III) DE PIRIDINIO
PyH[RuCI4(CO)Py]
V.l - Introdu~ao 74
V .2.1- Sfntese. escolha emontagerndo cristal 74 V .2l- ~-lo da cea:mithia e ~ dr dadcs-.---.---. 75
V.23 - Analise prdiminar dos dados edetermin~ao do grupo espar..-iaL ..75
V.2.4 - ~ e refinaI:nento da estrutura- 76
V.3 - ~ da estrutura ecooclusOes.. __ _ _ _._ 80
CAPITULO VI
ESTRUTURA CRIST ALINA 00
trans-BIS(PIRIDL~A)TETRACLORORUTENATO(lD) DE PIRIDINIO
PyH[RuCI4( P y ) 2 ]
VI.I - Introdu~ao 86
VI.2 -Parte experimental 86
VI.21 -Sfntese, escolha e montagem do cristal 86
VI.22 -Obten~io da cela unitma e coleta de dados 87
VI.2.3 - Analise prelirninar dos dados e detennina~ao do grupo espacial 88
VI.24 -Solu~ao e refinamento da estrutura 90
CAPITULO
vn
ESTRlillltA CRlST.•J.l~'-" 00
DICLOROCARBO~lL~1ETA~OL-Bis(I.~fETILBfIDAZOL)Rl TI:\lOtIl)
[ R u OZ(~feIm)Z(CH30 HnCOJJ
vn.l - Introdu~ao 100
vn.2 - Parte experimental 100
vn.2.1 - Sfntese, escolha e montagem do cristal lOO
vn.2.2 - Obten~ao da cela unitma e coleta de dados IOI
vn.2.3 • AnMise prelirninar dos dados e determina~ao do gropo espacial
... 10 I
vn.2.4 - Solu~ao e refinamento da estrutura. I04
vn.3 • Descri~ao da estrutura e conclusOes 106
CONSID ERA<;O ES FIN AIS 112
APE ND ICE A 114
APEND ICE 8 124
APEND ICE C 140
APEND I CE D 154
Tabeta I: Resumo cristalogrffico 07
Tabela II: Coordenadas atomicas e fatmes de temperatura isotr6picos equivalentes e
isotr6picos (atOlllOS de H)
(A
2) _ 68Tabela m :Fatores de temperatura anisotr6picos. 68
Tabeta IV: Distancias interatomicas (A) 70
Ta beta V: Angulos interatomicos (0) 70
Tabela VI: Coordenadas ortogonalizadas dos grupos fenil com suas respeetivas distancias
(A) aos respectivos pIanos mMios e seus desvios padrao (Esd) 71
Ta bela VII: Resunx> cristalogrcifico 78
Tabela
vm:
Coordenadas atomic as e fatores de temperatura isotr6picos equivalentes eisotr6picos (~omos do anet piridina 2)
(A
2) 79Tabela IX: Fatores de temperatura anisotr6picos 79
Ta bela X: Distancias interatOn1icas (A) 81
Ta beta XI: Angulos interatomicos (0) 81
Tabela XII: Coordenadas ortogonalizadas dos ~omos dos pIanos 1 e 2 com suas
distancias (A.) aos respcctivos pIanos medios e seus desvios padrao (Esd) 82
Ta beta XIII: Resunx> cristalogrcifico 89
Tabela XIV: Mapa de Patterson (contendo dcz maiores picos) 90
Tabela XV: Coordenadas atomic as e fatores de temperatura isotr6picos equivalentes
(A.2) 92
Tabela XVI: Fatores de temperatura anisott6picos 92
Tabela XVII: Dist3ncias interatOmicas (A.) 94
Tabela XV III: Angulos interatomicos
e )
94Tabela XIX: Coordenadas onogonalizadas dos Atomos dos pIanos (Py2)' (Rua~ e do
PyH com suas distincias (A.) aos respectivos pIanos m~dios e seus desvios paddo
( E s d ) 9S
Tabela XXI: Mapa
&:Patterson (contendo dez maiores picos)
.l04
Tabe1a XXII: Coordenadas atomicas e fatores de temperatura isotr6picos equivaIentes eisotr6picos (atoITlOsde H)
(A~
105Tabe1a XXIII: Fatores detemperatura anisotr6picos .l<Xi
Ta be1a XXIV: DistIDcias interatomicas (A) 1f17
Ta beta XX
v:
Angulos interatOmicos
(0)1(J7
Tabela XXVI:
Coordenadas oftogonalizadas dosgrupos
-(CO).-(CH30H) e
dos aneisMeIm. suas distancias(A)aos respectivos pIanos medios e seus desvios padrao estimados
(Esd) 108
Tabela XXVU: Compara~ao entre liga~Oes medias(··) de varios complexos (A). A s
Figura I: Espalhamento de wn ponto P relativo a origem 0 8
Figura 2:Esfera de Ewald. 12
FIgura J:E..~ema do GoniOmelro Kappa do difratOrnetro CAD-4 17
Figura 4: Perfil da intensidade de urna reflexao 19
Figura 5: Espalhamento de raios-X poe urn el~tron 21
Figura 6: Efeito produzido pela passagem de eaios-X pela mat~ria (cristal) 24
Figura 7: Feixe de raios-X atravessando urn cristal de forma arbitdria. 2 5
Figura 8: F~ao distribui~ao Q(x) 32
Figura 9: Valoees mMios de F(h) e £(h) em fun~ao de sen9jA. 37
Figura 10:Varia~ao do determinante de 3' oedem de Kasper-Hauptman 41
Figura 11: 0 fatoe de estrutura F(h) de fase ~b) e suas componentes devido a !tomos
leves e pesados (F L(h)+F P(h) ) 5 2
Figura 12: Represent~ao esquern!tica dos angulos esfericos polares ~p,
p,. ~•.
p. 58Figura 13: Visao ern perspeetiva (corn os !tornos identificados. exceto hidrogenios) da
moMcula de 1,4-bis( difenilfosfinoil)butano 69
Figura 14: Ernpacotamento da rnol~cula de DPPBO 72
Figura 15: Visao ern perspeetiva (corn os !tomos identificados. exceto hidrogenios) da
mol~ula de Py H [R uCI,i CO) Py ) 80
Figura 16: Empacotarnento da rnolecula de PyH[RuCI .•(CO)Py) 84
Figura 17: Visao em perspectiva (corn os !tomos identificados. exceto hidrogenios) da
mol~ula de P yH[ R uCI.py 2) 93
Figura 18: Empacotarnento da mol~cula de PyH[RuCI .•PY2)' Plano b-c 97
Figura 19: Empacotarnento da molecula de PyH[RuCI)JY2)' Plano a-c 97
Figura 20: Visao em perspeetiva (com os !tomos identificados. exceto hidrogenios) da
molecula de [RuCI2(Me ImMCH,JO H)(CO) J .•••••..•••••.••..••.•••.•••••••.•.•.•••.••..••.••••••..•..••••....••. 107
Esta dissertaliao consiste de duas partes:
Parte I: Descri~ao te6rica suscinta des fundamentos da cristalografia de raios-X.
Parte ll: Reso~ao de quatro estroturas cristalinas, tres complexos de ruteruo (capftulos
V. VI. Vll) e urn ligante commnente encontrado em complexos de ruteruo, 0 c;.~0~2.
A s estruturas resolvidas, foram:
I) c;.H2S0~2' Mr--458.48, triclfnico,
Pi
8=5.826(1), b=8.862(1), c=12.517(2)".a=100.29(1), p=102.67(1), 1=104.22(1)°, V=592.5(3)A\ Z=1, 0ll=1.285 g.em"),
A(MoKa)=O.71073". p=2.00 em"', F(OOO)=242,T=296K, R.-=O.OI, R=O.031, Rw=O.030 para
1390 reflexOes independemes observadas [1>30(1)]. Os Momos P estao a 0.126(I)A do plano
fonnado pelo grupo -(CHJ4-' Os an~is fenil sao planares dentro da rnargem de erro experimental.
Os Momos P tern uma confi~ao tetr~drica distorcida.
2) PyH[RuOiCO)Py], Mr--430.11, monoclfnico, P2Jn, 8=7.821(1), b=10.337(3),
c=19.763(3)A, 8=93.07(1)°, V=1595.5(5)A\ Z=4, 0ll=1.791 g.em"), A(MoKa)=O.710703,
p=14.86 em·', F(OOO)=843.9, T=296K, ~=O.03, R=O.062, Rw=O.063 para 1478 reflexOes
independentes observadas [1>30(1)]. A estrutura ~ cornposta essencialmente por dois pIanos
perpendicu1ares entr~ si; urn formado pelos quatro Momos de cloro (com angulo de
aproximadamente 90° entre si), 0 outro pelos grupos Py e carbonila, e 0 'tomo de Ru na
intersec~ao destes. 0 complexo tern carga Hquida negativa, sendo necessmo a presen~a do grupo
PyH (com carga Ifquida positiva), para a estabi1iza~ao do cristal.
3) PyH(RUo.Py2)' Mr=481.20, monoclfnico, P2in, 8=8.080(7), b=22.503(7),
c=10.125(6)A, 8=93.19(6)°, V=1838(2)A\ Z=4, 0ll=1.739 g.em"), A(MoKa)=O.710703,
p=13.06 em"I, F(OOO)=959.9, T=296K, ~=O.03, R=O.038, Rw=O.039 para 1553 reflexOes
independentes observadas [1>30(1)].Esta estrutura ~ bastante similar com a 2) descrita acima, ou
seja, ~ compost a essencialmente por dois pIanos perpendiculares entre si; urn formado pelos
quatro ~ornos de cloro (com ingulo de aprox.imadamente 90° entre si),0 outro pelos dois grupos
Py, e 0 'tomo de Ru na intersec\ao destes. Pelo mesmo argurnento usado acima. h' urn grupo
4) [Ru~(MeIm)2(CH30H)(CO)], Mr=396.24, triclfnico, Pi, a=8.OO9(3), b=8.060(3),
c=10.581(4)A, (1;:77.78(3), f3=88.43(3), y=66.88(3)O, V=740.4(5)A3, Z=2, D1=1.777 g.cm-3,
A(MoKa)=O.71073A, p=12.80 em-I, F(OOO)=386,T=296K, Ru.=O.OO4,R=O.025, Rw=O.027para
2489 reflexOes independentes observadas [1>30(1)].
As distincias e ingulos medios das liga~Oes dos quatro complexos aqui descritos sio
This work consists of two parts:
Part I: A brief theoretical description of the basic principIes of X-ray crystallography.
Part fi: Resolution of the four crystal struetures; three ruthenium compounds (chapter V,
VI, Vll) and a ligand commonly found in ruthenium complexes, ~~OJ» 2.
The struetuIes resolved, were:
1) ~~OJ»2' Mr=458.48, triclinic, pi, 8=5.826(1), b=8.862(1), c=12.517(2)Â,
a.=100.29(1), ~102.67(1), ')"=104.22(1)°, V=592.5(3)Â3, Z=1, 011=1.285 g.em-3,
Â(MoKa)=O.71073Â, J1=2.00 em-I, F(OOO)=242,T=296K, final R=O.031 for 1390 independent
observed retlections. The P atoms 0.126(I)Â away from plane fonned by -(C~)~-. Both phenyl
rings are planar to within experimental accuracy. The P atom has a distorted tetrahedral
configuration.
2) PyH[Rua~(CO)Py], Mr=430.11 , monoclinic, P21/n, 8=7.821(1), b=10.337(3),
c=19.763(3)Á, 8=93.07(1)°, V=1595.5(5)Á3, Z=4, 011=1.791 g.em-3, Â(MoKa)=O.710703,
J1=14.86 em-I, F(OOO)=843.9, T=296K, Ru-=O.03, fmal R=O.062 and Rw=O.063 for 1478
independent observed retlections [1>30(1)]. The strueture is essentially composed of two
perpendicular planes; one consisting offour chlorine atoms (in a square-planar arrangement), and
a second plane composed of Py and carbonyl groups, with the ruthenium atom at intersection of
them. The molecules have a net negative charge and the presence of the PyH group (with net
positive charge), is necessary for crystal stabilization.
3) PyH(Rua~Py2)' Mr=481.20, monoclinic, P21/n, 8=8.080(7), b=22.503(7),
c=10.125(6)Á, 8=93.19(6)°, V=1838(2)Á3, Z=4, 011=1.739 g.em-3, Â(MoKa)=0.710703,
J1=13.06 em-I, F(OOO)=959.9, T=296K, Ru-=O.03, final R=O.038 and Rw=O.039 for 1553
independent observed retleetions [l>3a(1)]. This strueture is very similar to that described in 2)
above, being essentially composed of two perpendicular planes; one composed of four chlorine
atoms (in a square-planar arrangement), and the other composed of two Py groups, with the
ruthenium atom at the interseetion of them. For the reason given above, there is one PyH group
4) [Rua1~feImh(CH)OH)(CO)]. M.r=396.24. tridinic. pi a=8.609(3). b=8.060(3).
c=lO.581(4)Â. a=n.78(3). ~8.43(3). y=66.88(3)o. V=740.4(S)Âl. 'b=2. Da=I.m g.em-'.
A(MoKa):=O.71073Â, p=12.80 roil. F(OOO)=386. T=296K. Rw=O.OO4.final R=O.02S and
Rw=O.027 for 2489 independent observed reflectioos [I>3<r(I)]. In chapter
vn.
the averageinteratomic di.stances and angles for lhe four compoands are compate ooe with anotbec mel widl
A determinação de estruturas tri-dimensionais de mol6:ulas ~. hoje em dia. vital para o
desenvolvimento da ciência em geral. nos mais diferentes ramos.. tal como na Flsica. Química.
Biologia. Geologia etc.
O seu desenvolvimento foi iniciado no começo do atual s&u1o mas seu advento só foi
possfvel com o aperfeiçoamento dos computadores (devido l grande quantidade de cálculos a
serem realizados); hoje. já ~ possível a resolução de grandes estruturas macromoleculares. com
milhares de átomos, na sua maioria de molkulas biol6gicas que muitas vezes. requer o uso de
radiação de luz síncroton (radiação de raios-X de alta intensidade). devido principalmente ao
caráter degradativo das mol~as biológicas quando expostas a radiação ionizante dos raios-X.
É neste contexto que este trabalho se insere, ou seja, tem como principal objetivo a
introdução de mais um crístalógrafo, neste ramo do conhecimento humano, este que ~
extremamente vasto, complexo e com muito ainda a produzir, como por exemplo na área
biol6gica ou no desenvolvimento de novos materiais.
Assim, esta dissertação tem os seguintes objetivos principais: aprendizado da teoria da
cristalografia de raios-X. utilização dos equipamentos do Laboratório de Cristalografia do
DFCM-IFQSC/USP, tal como: difratômetro automãtico CA0-4, câmaras de precessão e
Weissenberg e demais equipamentos; al~m do domínio das t~cnicas de resolução de pequenas
estruturas cristalinas, que requerem o uso extensivo de t~cnicas implementadas
computacionalmente.
Desta maneira. esta dissertação foi dividida em duas partes:
não de modo original, mas sim uma coletânia que o autor fez nos diversos livros, artigos, teses
e dissertações que há nesta área. É lógico que para quem está iniciando no estudo de
cristalografia será necessário o estudo em outras fontes que são dadas de modo selecionado na
seção referências bibliográficas. Esta parte divide-se em três capítulos: I - Fundamentós da
teoria de difração de raios-X por monocristais, 11 - Coleta, redução e análise preliminar dos
feitas as experiencias de coleta de dados, lratamento destes, dete~ao do grupo espaciaL
sot~ao e refinamento da estrutura, e finalrnente, descreve-se e discute-se a estrutura
tri-dimensional deste. comparando-ocomOUtros complexos com estruturas similares. de modo a verificar 08dados obtidos.
N a U l t i m a parte, Coosidera~ Finais, hi algumascondusOes e pIanos para futuros
PAR TE 1
CAPITULO I
Foi descoberto pelo Físico alemão W. Roentgen em 1895.Éuma radiação eletromagnétka
que ocupa uma região no espectro entre os raios gama e violeta (com ~.I-lOOÃ).
Este tipo de radiação pode -atravessar"" materiais -opacos-" devido ~ seu pequeno
comprimento de onda e coosequentemente pouca absorção, produzindo difração pelos átomos de
um cristal que têm distância de ligação da ordem de 1Ã . São produzidos quando qualquer
partícula carregada eletricamente de energia suficiente ~ rapidamente desacelerada.
Quando um feixe de raios-X atinge algum material, as partículas carregadas livres são
forçadas a oscilar devido ao campo eletromagnético da radiação tornando-se uma nova fonte
espalhadora em todas as direções.
Porém", as partículas carregadas da matéria, pr6tons e elétrons têm a mesma carga e, mas
a massa do pr6ton é 1840 vezes a massa do el~tron, então pode-se considerar que somente o
sistema eletrônico ~ afetado.
Este espalhamento pode ter mesmo comprimento de onda da radiação incidente, o
chamado "espalhamento coerente" ou "espalhamento Thomsonlt
(causando a difração de raios-X
propriamente dita) ou pode ter comprimento de onda diferente, o chamado "espalhamento
incoerente" ou "espalhamento Compton". O espalhamento Compton ocorre porque os f6tons da
radiação incidente, quando colidem com os elétrons são espalhados com certa energia, ou seja,
apenas uma fração da energia total do f6ton ~ transferida para os el~trons e estes vibrarão com
um comprimento de onda menor do que a da radiação incidente. Podm, sob as condições de
difração de raios-X, um número muito grande de átomos espalham cooperativamente, então as
amplitudes do espalhamento coerente de diferentes átomos são adicionadas. enquanto para o
espalhamento incoerente as intensidades é que são adicionadas, assim as contribuições coerentes
nas experiências de difração de raíos-X por mooocrista.is. sendo notadas. muitas vezes. pela
radiação de fundo nas medidas expetimentais.
Embora o raio-X seja espalhado em todas as direções pelo elfuon. a intensidade depende
do mguIo de espaIhamento. Thomson(I) mostrou que a intensidade espalhada I. a um ângolQ 29
do feixe de raios-X não polarizado. ~ dada por:
onde: p = (l + cos229)!2 ~ chamadofator de polarização, r ~ a distância do elétron espalhador ao ponto de observação, e a carga do elétron, m a massa deste, e c a velocidade da luz.
Pode-se considerar que todos os fatores da equação (lI) são constantes (para um dado
valor r) exceto o p ; assim, quanto mais o feixe incidente for paralelo ao espalhador, maior a sua
intensidade (veja {tem n.1.2).
Seja uma distnbuição eletrônica não unifonne Q(r) dependente da distância r referente
a uma dada origem O.
Considere um elétron na posição P, seja a direção da radiação incidente dada pelo vetor
50 e a espalhada pelo vetor s. Considerando que 150I
=
15I=
IA.
Da figura I, a diferença de caminho entre os feixes 1 e 2 ~ p-q, onde p=Â.r.50e q=Â.r.s. Então, tem-se que a diferença de fase = 27t1Àx diferença de caminho.
Deste modo a diferença de fase = 27t r.(50·s) = 27t r.S, onde S = 50.5.
O vetor S ~ usado para descrever uma posição no chamadoespaço recfproco, assim como
o vetor r ~ usado para descrever uma posição no espaço real. A onda espalhada por um volume
dv em uma posição r terá amplitude proporcional a Q(r)dv e fase 21tr.S, então a onda espalhada
por um elétron na posição r em relação a um elétron em O ~ dada por: Q(r)exp(2mr.S)dV.
A onda espalhada para um átomo ~ então, a soma das ondas espalhadas pelos elétrons do
[ ( S ) : : ! o { r ) e x p ( 2 ' X i r . S ) d v
r
oode f{S) ~ chamado deJ a t a r t k t s p a l h i I m m t o a r o m l c o e ~ a transfonnada de Fourier da
dm9dade cletrOoica Q (r).
Id se calcular agora, a expressao para 0 espalhamento de urn conjunto de N atomos
localizados em posi~Oes espedficas, formando urna molecula.
Seja urn Momo 1 que est! a urna distancia rI da origem. Tern-se entao urna mudan~a na
origem do centro do atomo, significando que a distancia r na equa~ao (1.2) toma-se-a r + rl,
A onda total espalhada por todos os atomos e a soma das contribui~Oesde cada atomo
da molecula considerada. Bntao:
N
G ( S ) =
E
fjexp ( 2 1 t i rj, S )j=l
1.3 - DIFRACAO DE RAIOS-X POR CRIST AIS:
Para 0c81culo do fator de estrutura de urn cristal, que nada mais e que a soma das ondas
espalhadas pelas celas unit8.riasdeste cristal, considera-se inicialmente urn cristal com urn arranjo unidimensional de celas de comprimento a.
Da equa~ao (1.3) tem-se 0 espalhamento para uma cela; a cela seguinte, relativamente a
mesma origem, tem espalhamento igual a G(S)exp(21tia 'S) e assim sucessivamente ate a n-esima cela unit8.ria que tera espalhamento igual a G(S)exp(21ti(n-l)a·S). A onda espalhada por todas as celas sera:
N
F ( S )
=:E
G ( S ) exp (21ti ( n -1 ) a, S ) n = londe N e 0 nUmero total de celas unit8.rias.
o
espalhamettto sera observado somente se a diferen~a de fase entre sucessivas ondas for urn nUmero inteiro multiplo de 21t: 2xa.S=27th, ou seja: a.S=h onde h e nUmero urn inteiro.As equ3\Oes acima
sao
conhecidas como e q u a ~ o e s d e L a u e .Pode-se, desta forma, escrever a expressao para a onda total espalhada pelo cristal:
N
F ( S }
=
E
fjexp (2Ttir j' S )j=l
onde: rFa~+bYj+c2j
Porem, rj.S
=
xp.S+yjb.S+zjc.S=
hxj+kyj+~ usando as equa~Oes de Laue. A equa~ao (1.6) toma-se:N
F (rJd ) =
E
f j e x p [2Tti( h xj + k Y j + l z j ) ]j - l
F(S) ou F(hkl) das equa~oes (1.6) ou (1.7) chamam-se F a t o r d e E s t r u t u r a . Esta representa
a transformada de Fourier da densidade eletronica do cristal no retfculo redproco de indices hId.
o
fator de estrutura, deste modo,e
urn mlmero complexo que pode ser dividido emamplitude e fase. Por difra~io de raios-X pode-se medir apenas a amplitude; para 0 caIculo da
fase existem metodos de aproxima~ao que serao vistos no capftulo m .
Na realidade 0 que se mede
e
a intensidade dos feues difratados; estae
relacionada como fator de estrutura pela seguinte expressao ideal:
1 } 'L _ ,." .••",. _ _~ ." .•.• _.._ ,,~ , _ "_ '''.''.~ ",~ ~ ~ Sl:R Vic,:O D E BIJLiO lEC ,A, !:: ii'tG i~ I"\A i.;A O - IF Q S a
1.3.2 • Lei de Bragg, Reticul0 redproco e a Coostru~Q de Ewald
o
espa1hamento de raios-X pot urn crlst3l em termos dos planos de reflexao foi analisadoiniciaImente por Bragg (1913). Interferencias coostrutiv3S entre feixes somente serlo espalhadas
se a difer~ de cmllnho er..tre estes for equivalente a urn
nWne.ro
inkiro decOClprimentos
deonda, isto ~:
Esta equa~ao ~ conhecida como: l e i d e B r a g g
Desde que
Is I
=Iso I
= If)..., enta.o:s
=
2s e n e=-!
J.. d
Pois, A tern dimensao de comprimento assim como d, deste modo S define a posi~ao no esp~ redproco que ~ inversamente proporcional ~ distancia no esp~o direto. Pode-se, entao defmir: S=ha*+kb*+Ic*,onde os vetores a*,b*,c*sao os comprimentos da cela unitMia no espa~o redproco.
Ewald (1921) propOs urna simples constru~ao geom~trica que permite urna f~cil visualiza~ao do espa~o recfproco. Esta consiste de urna esfera desenhada do centro do cristal (C) com raio I(A.. A origem do espa~o recfproco ~ 0, 0 feixe incidente est! na dire\ao do vetor s•.
A condi~ao para que urn particular feixe, eE , difrate na dire~ao do vetor s, ~ que E represente
urn ponto do retfculo redproco (h,k,l), isto ~,que 0vetor OE seja urn vetor do retfculo redproco
S=ha*+kb*+lc*. (figura 2).
Para a devida orienta~ao de pIanos de urn retIculo sao defInidos os charnados f n d i c e s d ~
M i l l e r , que sao 0 recfproco do intercepto fracionArio que os pIanos fazem com os eixos
cristalogrMicos, indicado como plano (hkl).
E
interessante notar que pIanos cristalinos com £ndices (hkl) baixos tern gran~sreflexOes com baixos indices de Miller e baixos angulos tern grande intensidade devido ~ difra~ao de raios-X (equa~ao 1.9).
A lei de Friedel refere-se ~ rela\ao entre F(hkl) e F(hkl). Usando a equa\ao 1.7, pode-se deduzir que:
fA . VfBRA<;<)ES TER\IIC.-\S
Ate este momento, foi considerado no caIculo de fatores de estrutura, que os atomos estivessem em repouso, porem
e
sabido que estes estao em constante vibra\ao. Debye (1914) mostrou que este movimento termico causa uma mudan\a no fator de estrutura, considerando 0caso em que estas vibra\Oes sac harmonicas e isotr6picas, e utilizando-se a distribui\ao de Boltzmann, obtem-se a seguinre rela\ao (usando-se h para representar 0 vetor (hkl» para 0 fator
onde a segunda exponencial
e
coobecida comofa to r d e t e m p e r ~ '1 U a 0 1 1t U D t b ) '~ ~P lJ I lu e Be
dado por: 8~{u~, em que (1l~6 a amplitude quadratica mediA de vibl"a\ao.
Considerando agora,0caso mais geral, isto ~,0 que 0~omo pode vibrar igualmente em
quaIquer dire~ao, ou seja an.isotropicamente, 0 fator de Debye-Waller pode ser representado por:
onde bT ~ 0 transposto do vetor h e U ~ dada por:
(U12) (U1U
2) (U1U3) U = ( U . U t ) = ( U2 U 1) ( U22) (UaU 3)
( U
3 U1) ( U3 U2) ( U ) 2)
chamada de matriz dos deslocamentos m e m o s . Euti! notar que esta
e
uma matriz simetrica e que s6 h ! seis parametros a serem determinados.Considerando agora.,a seguinte equa~ao quaddtica:
Se a matriz U for diagonaIizada. resolvendo a equa~ao acima, obtem-se a e q u a ~ a o d o
e l i p s 6 i d e d e v i b r a , a o t / r m i c a , que
e
dada por:cujos semi-eixos maiores estao ao longo dos eixos cartesianos e os comprimentos sao as ralzes quadradas dos deslocamentos quaddticos mMios ao longo dessas dire~Oes.
onde C2
e
wna co nst ante .A fun\ao densidade de probabilidade na superficie deste.s elips6ides
e
defmida pof';A integral de P(u) sobre 0volume do elips6ide
e
mna coostante independente de {JI. Para c = 1.5382. esta integral ~ igual a 0.5 e este elips6idee
chamado de elips6ide de vibra\ao tc~nnicacom 50% de probabilidade. Nos desenhos moleculares desta dissert<l\ao ~ usado 0 programa
CAPITULO II
o
primeiro passo antes de iniciar a coleta de dados (em qualquer sistema de coleta) ~ aescolha de urn b o r n cristal que deve apresentar propriedades 6ticas regulares (tal como, boa
transparencia). ter fonnas hem definidas de suas faces e ter dimens5es parecidas de suas arestas,
alem de ter wn tamanho razo1vel (tipicamente de O.lnun a O.5mm, para nao see muito maior nem
menor que 0 feixe e nem absorver excessivamente raios-X devido ao tamanho exagerado). Deve-se testar a sua monocristalinidade usando wn microsc6pio polarizador; em seguida, este deve ser montado em urna fibra de vidro ou dentro de urn capilar de vidro, se necessmo ficar em contato com 0 Hquido mae do cristal (que ocoere normalmente com cristais protefcos), este deve ser acoplado entao, a urna cabe~a goniometrica.
Foi utilizado para a coleta de dados urn difratometro automc1ticoCAD-4 da Enraf-Nonius no Laborat6rio de Cristalografia do Departamento de Ffsica e Ciencia dos Materiais do IFQSQ-USP.
Com 0 cristal montado sobre a cabe~a goniometrica6 necessArio alIDha-Io no centro plano
de reflexao (plano H), figura 3.
Para facilitar0entendimento do difratometro e uti! imaginar a esfera de reflexao pas sando
pelo cristal. No momento em que 0 vetor recfproco S coincidir com a esfera de reflexao (neste
caso urn drculo pois se esta em urn plano) ter-se-a wna reflexao de Bragg e podera se medic as5im a sua intensidade.
o
difratometro CAD-4 consta de urn Goniometro (charnado de Goniometro Kappa) que possui tres graus de liberdade e mais urn quarto grau para a posi~ao do detetor.A cabe~a goniometrica (onde esta 0 cristal) esta no eixo f que esta apoiada sobre 0 bloco
K ; este pode girar em tome do eixo le, e este bloco, por sua vez, esta apoiado no bloco ro,
podendo girar em tome do eixo ro, suportado pela base do difratometro.
o
detetor esta associado a urn eixo 29 independente, coincidente com 0 eixo ro.termos de wn sistema de coordenadas cartesianas XYZ de origem no centro do goniometro. 0 eixo X est! na dire~ao cia foote de raios-X. 0 eixo Z est1 na dir~ao do eixo Cl)e 0 eixo Y
cornpleta 0 sistema ortogonal (figura 3).
Com 0 cristal centralizado 0 pr6ximo passo
e
obter a orienta\ao absoluta no sistemacristalino recfproco (al)c·) com rela\ao ao sistema X Y Z flXO Acabe\a goniometrica. Para tanto
e necessmo medir urn cecto ofuneeo de posi\Oes angulares de reflexOes (~5) e annazenA-Ias. Para tal medida, pode-se fazer uma procura automAtica de reflexOes com uma simples varredura em uma certa regiao do esp3fSo,atraves de rota~Oes em intervalos fixos ou por uma procura feita manualmeme pelo operador.
De posse destas reflexOes constr6i-se urn conjunto de vetores (V ) em coordenadas X Y Z
obtidos dos veto res recfprocos S\ de cada reflexao e os vetores soma e diferen\a de cada urn de1esSI% j tornados dois a dois.
Oeste conjunto (V). seleciona-se tres vetores de acoedo com os seguintes criterios: S, : menor vetor de (V).
~ : menor vetor de (V). que ~ " m a i s perpendicular" ao plano fonnado por
S
Ie ~.PO<.Y-se caIcular entao, os fndices aproximados destes vetore~ construiOOo-se uma matriz
de orient4\ao
Su,
oode carla coluna representa urn destes:hi Xi
X
j: : S ) . ) Y i
(II. I)
1
j ZjEsses fudices sao normalmente fracionmos, pois ~,.l ~ urna matriz apmxirnada, para
deix!-los 0 mais pr6ximo possfvel de mlmeros inteiros ~ calculado urn fator comum de
multiplic~ao. E feito enrao, urn refinamento por mfnimos quadrados para indexar outros vetores 81e pode-se, deste modo, incluir outros vetores na base e obter uma nova orienta~ao. Obtem-se
assim, uma cela unitma tentativa.
A analise do Tensor Metrico Associado, definido como:
[
a .a a .b a .c ]
2'
=
b . a b . b b . c c . a c . b c . epermite obter a tmsforma~ao a qualquer outra cela unitciria, eventualmente aquela que possua a simetria maxima do sistema.
Obtem-se, fmalmente os parametros a,b,c,a,~;y, assim como os seus respectivos desvios
Todas estas etapas sao realizadas com a ajuda de urn conjunto de programas associados ao difratometro CAD-4.
Obtida a cela unitma, pode-se posicionar os vetores recfprocos Sr~a·+~b·+~c·, com~, ~ e ~ inteiros e medic as intensidades de c ada uma destas reflex5es.
Para minimizar 0 movimento do goniometro e consequentemente 0 tempo de coleta,
o
tipo de varredura angular (CJ)-29. Cl)ou outro tipo) deve tamMm. see fomecido pelooperador. levando em conta se as eeflexOes sao completamente varridas. se a radi~ao de !undo
~ corretamente estimada e se esta n30 ~ afetada por reflex5es vizinhas.
Com uma varredura angular obtem-se 0 seguinte perfil para 0 febee difratado (figura 4). do qual pode-se medir a intensidadc integrada.
Na figura 4, A~
e
0 angulo de varredura, A e C 530 regi5es que se considera 56 haverradia~ao de fundo A
=
C=
~/6 e NA' NB, Nce
0 mlmero de contagens feitas em cada regiaoA, B, C e sejaco a velocidade no qual
e
feita a varredura e Olmu a velocidade maxima para esta~I L 2 - REDr~AO DOS DADOS
As intensidades me&das para cada reflexao h k l e os seus respectivos desvios padrao 0'(1),
s30 todas as infonna~ experimenuis nece.ssmas para a
~ao
da estrutura cristalina.Porem.,esus ~ esUo afetadas par uma
sene
de fatores que predsam see corrigidospara
0cAlculo do m6dulo dos fatores de estrutura que sao proporcionais b intensidades medidas
(ver equa~ao1.8); esta proporcionalidade ~dada pela seguinte rel~ao:
I
FI - ~
K Ih l c 1 h k 1-Lp
ondep 6 conhecido como fator de polariza~ao, L como fator de Lorentz e K 6 uma constante
devida a vArios fatores, tais como: tamanho e absor~ao do cristal, intensidade do feixe etc.
o
que irA se fazer nos pr6ximos tres {tens 6 determinar expressOes para 0 cAlculo destes fatores para obter 0 m6dulo do fator de estrutura e seus respectivos desvios padrao o(F ) queserio utilizados para 0 cAkulo dos mapas de densidades eletronicas (ver {tern m.4) etas quais pode-se derivar as posi~Oes atomicas e a estrutura cristalina.
No item 1.2.1 foi introduzido 0 rator de polariza~ao pea equa~ao (11), que serA agora
deduzida.
Thomson(l) demonstrou a seguinte rela~ao entre a intensidade I de urn feixe espalhado por urn e16tron de carga e e massa m , a uma distAnciar do e16tron:
onde10 ~ a intensidade da radia\ao incidente e a 0 Angulo entre a dire\ao do espalhamento e a
d.ir~ao da acelera~ao do el~tron.
Supondo que a onda inddente viaja no eixo O x (figura 5) e 6 nao polarizada, entao, 0 seu vetor campo el~trico E estA no plano y z e a intensidade espalhada em urn ponto P que est' no
SER VIC O D E BIBLIO TEC A E IN FO R M AC ,l.O _ IFose
plano n rode OP
e
inclinado de 29 em rel~io ao feixe iocidente.o
,,-etorE pode 'ie1' ~t'rn:J"C'S:onas cOO"I.ponentes E, e E.~A componente y acelera0 eletron na dire~ao O y , entao a intensidade espalhada pot esta
componente no ponto P
e:
desde que ex = .6..yOP = Tt/2.
Similarmente, para a componente z: •
Ip z= Io z a cos228
desde que a
=
AzOP=
x/2 -29.De5:e modo a radi~io t.QU1~.all-.ada 00 ponto P
e
obt..i(h scmaodo as intensidades dasduas compooentes y e z:
que
e
a eq.I.l que se queria demonstrar.o
fator de polariza\ao p , quee
0 termo entre parenteses da 6.ltima equa\ao, sed usadopara corrigir as intensidades medidas antes de iniciar a resolu\ao da estrutura cristalogrMica. No caso do difratometro autom!tico CAD-4, a radia~ao
e
monocromatizada por urn cristal de grafite que causa urna polariza~ao adicional da radia\ao.o
fator de polariza~ao neste casd5,6) toma-se:cos226
m + co s
2
26
1 + co s26
m
onde 9_m 6 0 Angulo de reflexao de Bragg usado para monocromatiza~ao (pelo cristal
monocromador), c
e
uma constante que leva em considera~ao 0 grau de mosaicidade do cristalmonocromador (a mosaicidade est! presente em todos os cristais e ocorre porque estes nao sao perfeitos, mas siro formados de diminutos blocos chamados de m o s a i c o s ) . H! dois casos lirnites:
c~ 1 quando 0 cristal 6 idealmente perfeito e c~O quando 0 cristal 6 idealmente imperfeito. 0
valor de c pode ser obtido experimentalmente(6),porem foi utilizado nesta disserta\ao 0 valor O.~
Este ~ urn fatoe ge.ornetrico que leva em considefa\OO 0 tmlpO relativo que carla reflexao
gasta na posi~ao de
refletio. j!que nao ~
instantaneo(pois os n6s de difr~10 nao sao
infm.itesimais) e este tempo
nao ~
constante,devido
avmos
fa!ores, tais como imperfei\Oescristalinas que ocorrem pelo carater de mosaiddade dos cristais; sendo assim 0 cristal difratar!
em uma filia centrada no angulo de Bragg
e
(figura 4).
No caso de sistemas que possuem 0 eixo de r~ao nonnal ao plano de espalhamento que
6 0 caso do difratometro CAD-4, tem-se:
L
=
1sen28
Naturalrnente, em sistemas com outras geometrias de difra~ao, 0fa to r d e L o re n tz see'
diferente da rela~ao II.B, porem ter' depedencia apenas de 9.
E urn fenomeno fisico que ocorre quando uma onda eletromagn6tica atravessa algum
material.
A absor~ao de raios-X por urn s6lido (como em muitos outros fenomenos de absor~ao)
6 dada pela seguinte rela~ao emp(rica:
Onde p 6 0 coeficiente de absor~ao linear e 't 0 caminho percorrido dentro do s6lido.
Tem-se, do {tern1.2.1 que pode ser feita a aproxirna~ao que os feixes de raios-X s6 afetam
f.elXe eofor
roios-x espclhodos tronsm rooo
....
",n ...
t,~""
dMloincoerente a efeJto com pton
ou (espolhom ente C om pton)
Figura 6: Efeito produzido pela passagem de raios-X pela mat~ria (cristal).
1) Espalhamento ineoerente ou Compton (ver ftern 1.2.1).
2) Verdadeira abso~ao: eausada basicarnente por gasto de energia e~tiea pelo eletrons.
em forma de el~trons. fotoeletrons ou calor.
A absor~io e urna das rnaiores fontes de erros sistem~iCos na resolu~io de estrutuIas
cristalinas, prineipalmente quando se est! interessado em medidas preeisas de padmetros t~rmieos
ou quando usa-se metodos que utilizam diferen~as de intensidades (como por exemplo 0 m~todo
da substitui~ao isomorfa).
Este erro decorre principalmente peto fato de que feixes de raios-X atravessam eaminhos
6tieos diferentes dentro de urn cristal de forma arbitrma. Da figura 7, pode-se nota! que quando
o feixe atravessa 0 cristal peto caminho 1 sofre meIlQS absor~io do que quando pereorre 0
caminho 2, afetando deste modo as medidas experimentais. Este efeito pede set minimizado
usando-se cristais com formas esferieas ou mesmo cillndrieas.
A corr~io da absor~ao nem sempre e uma tarefa f!ell e 0 que se eonsegue. na maio ria
dos easos, nada mais e que uma corr~ao aproximada Para tanto foram desenvolvidos vUios
metodos aproximados nos Ultimos cinqtienta anos, os quais podem set divididos em m lto d o s
a n a /ttic o s. se m i-e m p lric o s e n n p lric o s.
C orninho 1: - - --C am inho 2:
---Figura 7:Feixe de raios-X atravessando urn cristal de forma arbitrma.
A '"1.
f
e-Il(P + 9 ) d VP.s V v
onde J.l (coeficiente de absor~ao linear) deve ser obtido preliminarmente, p e s sac os caminhos
6ticos dos feixes incidente e difratado do cristal, respectivamente.
Este metodo tem as seguintes desvantagens principais: sac necessmas medidas precisas
das dimens5es do cristal e nao se leva em considera~ao absorvedores extemos ao cristal (tais
como: cola na motagem do cristal ou capitar e Hquido mae quando montados em capilares).
Os metodos semi-emp£ricos(S.9.10.1I)se baseiam na utiliza~ao de informa~oes obtidas quando
se mede uma mesma reflexao em diferentes posi~Oes do cristal, obtidas por rota~ao deste ao redor
do vetor difra~ao.
o
metodo emp£rico de Walker e Stuart (1983)(12)foi 0 utilizado nesta disserta~ao. Esteusa 0 fato que pequenos erros sistematicos de posicionamento inacurado dos atomos do mapa
Fourier diferen~a (veja ftem IDA) no esp~o direto podem ser distribufdos uniforrnemente atraves
do espa~o recfproco; para tanto
e
utilizado urna serle de Fourier para modelar a discrepancia entreos fatores de estrutura observados (Fo) e os fatores de estrutura calculados (Fe). Oeste modo, esta
corr~ao tera que ser feita depois da estrutura ter side detenninada, e tendo se obtido urn modele
o
d.ifratOrrrtro ruliz.a algumas medidas de reflexOes equivalentes.seja
porsimetria
cristalina
OUpela lei de Friedel. Como esses valores deveriam
seeiguais, uma compar~ao entre
eles, fornece urna medida da qualidade dos dados que podem
seeobtidos calculando
0 (ndice deL
[N E W « (r eq}-.r) 2 ]1 /2II •
E
eN-I)E
'N F ltl •
onde os Indices u e e nas somat6rias da equa~ao acima representam a soma sobre todas as
reflexOes Unicas e reflexOes equivalentes, respectivamente; N representa 0 nUmero de retlexOes
equivalentes, (F~ 6 0 valor memo dos fatores de estrutura observados das reflexOeS
equivalentes e W 6 0peso aplicado a cada reflexao.
o ~ possibilita uma razo~vel estimativa do fator R (itern m.5).
Quando se examina os dados de difra~ao de raios-X pode-se frequentemente detenninar
o grupo espacial do cristal sem ambigiiidade ou pelo menos se aproximar da re5pQsta ficando
entre a escolha de dois ou tres grupos.
Para tanto, sao essenciais as extin~Oessistem~ticas que sao reflexOes que tern intensidade
sisternaticamente ze ro , devido ao arranjo particular dos ~tomos da unidade assimetrica (rnenor
por~ao da cela unitma que nao pode ser gerada por urna oper~ao de simetria).
Estas ocorrern sempre quando h~ urn elemento de simetria que envolve uma transla~ao
(eixos helicoidais, pIanos de reflexao com deslizamento ou "glide" e no caso de retfculos nao
prirnitivos).
devido
aos elementos de
simetria este deveaparecer
em-x.-y.-z;~ln.-y.ln.+z
e-x.tn.+y.ln.-L
o
(ator de estrutun pode set escri10 como (·•.eja ~1o16\ onde ~
f 0 fator deespalhamento atOmico
me
0j-6imo homo:Assirn F(hOl)=O se 1=2n+l, onde n ~ urn mlmero inteiro, ou seja, se 1 ~ fm p a r tem-se
extin~Oes sistem!ticas para reflexOesdo tipo hOl.
Para reflexOes do tipo OkO,tem-se:
Assirn F(OkO)=O se k
e
fm p a r tem-se extin~Oes para reflexOes do tipo OkO.As extin~Oes sistemMicas encontram-se tabeladas para todos os grupos espaciais(\3).
E
interessante notar que normalmente naoe
necessmo coletar dados em toda a esfera dereflexOes, mas normalrnente em apenas uma parte desta, prirneiramente devido a lei de Friedel
({tern 1.3.3) e tam~m porque muitas reflexOes estlo relacionadas com outras devido aos
elementos de simetria dos grupos espaciais.
Antes de iniciar a resolu\io de uma estrutura cristalina
e
util fazer uma compara~ilocompara\ao, pennite colocar os fatores de estrotura observados em uma escala aproximadamente
abs<lluta e ~r uma estimativa dos efeitos dos mo~.mentos ttnnkos dos !tomos; este ~
coohecido como metodo grMico de Wi1son~l3j.
Definindo a intensidade espalhada media, corrigida pelos efeitos de Lorentz e polariza~ao
(l/lp).
romo:
- f' '2 \
I.
•..__A!="
I' I(ll17)
onde 0 segundo tenno da equ~ao acima representa a media do m6dulo ao quadrado do fator de
estrutura.
E seja, a intensidade media te6rica para uma cela unitaria contendo N Momos, dada por:
onde utilizou-se a equ~ao 111.
A razao entre aiabs e ~el pode dar 0 fator de escala requerido entre eles para colocar os
~el individuais em uma escala comum. Entao, chamando esta constante de proporcionalidade de
C, tem-se:
Se for considerado que B
i tern 0 mesmo valor para todos os atomos, pode-se colocar 0
Construindo-se urn grMico do primeiro termo da equa~ao acima em ~ao de sen2Sf).}
com roeflCic1te angular -28 e coeflCinte linear InC, pode-se estimar B e C. A re1ataao entre
IF•• ' e iFal ~dada por:
se:
k= ~
CAPITULO
III
INTRODU<;AO AOS ~IETODOS DE DETER~nNA<;AO DE
No Item 1.2 foram deduzidas as equa\Oes para 0c~culo do fator de estrutura
se
conheddaa densidade eletronica Q(r),
porem
0 objetivo principal ~ ohter a densidade eletronica, islo ~,tm: •..se aqui 0 proNema Irwerso. que pode set resoh·ido cakulando a transformada de Foorier
inversa do fator de estrutura.
Reescrevendo a eq. 16 em termos de urna soma connnua sobre 0 volume da cela unitMia
e utilizando a eq. 1.2, tem-se:
F (S }
=
f
p (r) e2'tlr ,s d vv
Multiplicando ambos os lados por e-2K ir3
e integrando sobre 0 volume do espa\o
rec(proco. obtem-se:
p (r)
=
f
I'(S } e-27Clr,sduu
on4e
u
e 0 volume no espa\o redproco.Pode-se substituir a integral por uma soma, desde que F(S) e nao contfnuo. ou seja, e
dis<;reto nos pontos do retkulo redproco, assim:
.- +- •.•
p (r)
=
~ LE
L " (h k l)e -2 7 C .1 (h x ~ k y + lZ )h ,. -. k ~ -. 1 ~ -.
Se 0 fator de estrutura F(hkl) e conhecido para todas as reflexOes, a densidade eletronica
~,e ser obtida para cada ponto da cela unitMia. Porem, como foi visto no {tem1.3.1 0 fator de
est1lltura e urn D6mero complexo composto de amplitude IF(hkl)
I
e fase ~hkl) mas por difra\aode faios-X 56 se pode medic a amplitude e toda a informa~ao sobre a fase e perdida.
Oeste modo, 0 problema central na detennina~ao de estruturas cristalinas e 0 cMculo da
fase,. Com este prop6sito e.ustem vmos metodos, tais como: Metodo de Patterson, Metodos
dir~tos, Metodo da substitui\ao isomorfa, Metodo do espalhamento anomalo.
Nos pr6ximos {tens secao descritos os dois primeiros metodos, que sao os mais utilizados
m.2·
~IETODO
DE PATIERSON
Estruturas molerulares que possuem urn ou alguns .1tomos distinguivelmente mais pe~ados
que os demais.
sao
mais facilmentes resolvidas do que as estruturas que nao os possuem. Ern taisestrntuns.
e
possfvel localizar atoroos pe-sados sem 0 conhecimento das fases e posteriormcntecriar urn modelo para estas, das quais as posi\Oes dos outros atamos podem see detenninadas.
Uma tecruca para a Iocaliz~ao dos Momos pesados
e
0metodo de Patterson(I~, que sed
descrito a seguir.
Consideremos inicialmente 0 problema em uma dimensao, por simplkidade. Seja uma
distribui~ao de densidade eletronica normal ao plano cristalogrMico cujo • espa~amento
e
d . Esta densidade pode ser expressa na forma:••
p (x ) = 1.
L
r ( h ) e - 2 x lh .xdh --.
Seja a cueva da figura 8 representando uma fun~ao distribui~ao e considerando urn
elemento dx a distancia x da origem. A distribui~ao ao redor deste elemento pode ser expressa
Supondo-se pesar esta distnOui\ao por Q(x)dx. que representa a quantidade de materia
espaIhada no elemento dx e
complltar
a distribui\ao mbfia pesadasobre
qual~r elemento dxquando x ~ pennitido assumir
todesos valores dentro do
perlodo,
obtem-se asslln, uma
fun\aodistribui\ao mMia P(t), dada
par.
•
P (t) =
f
p
(x )p
(x+ t)dx
•
&sa integral 6 coohedda da teona da sene de Fourier como a convolu~ao de Q(x) e
Q(x+'t) e a fun~ao P(t) 6 chamada de fun~ao de Patterson.
Substituindo (llI.4) em (llI.5), obtem-se:
E
util notar que a fun~ao de Patterson 6 a transformada de Fourier de IF(h)12, em vezde F(h), que pode sempre scr calculado das intensidades de di.fra\ao.
Pode-se ver que as principais contribui~Oes para P(t) serao quando Q(x) e Q(x+t) tern
grandes valores, entao urn pica na curva P(t) para urn dado valor de 't='tl' significa que pode-se
ter dois !tomos separados pela distancia 'tl' Oeste modo, a ~ao de Patterson representa urn
mapa de vetores interatomicos.
Outro rato a ser noudo 6 que sempre haver! urn pica na origem, isto 6, para 't=O.
Para tres dimensOes, a equa~ao (llI.6), toma-se:
.- .-
+-P (u v w ) =
~ L
E
L
I,(h k l) 12e -2 •i(h .u + k.vd .•••)h --- Jc---
1---ou de uma forma simplificada, usando h e u que representam os vetores (hId) e (uvw),
respectivamente:
A ~ao de Patterson contem urn centro de sirnetria na origem, embora a estrutura em
o grupo espacial ~ diferente daquele da estrutura real, este pode see derivado da estrutura real
pela adi~aode urn centro de simetria e penla de elementos de simetria transladonais (ver
International Tables Vol1)(l3) forrnando 0 chamado grupo de simetria de Laue.
Algumas estruturas sao resolvidas usando sornente 0 m etodo de Pane~ mas 0 que ~
feito normalrnente
e
identLficarurn ou rnais pkos referen!es
30Shomos pe:s.ados que
sa<> u..~para modeIar a fase do restante da estrutura que pode ser compleuda usando sfntese de Fourier
e Fourier-diferen~a ({tern m.4).
E
irnportante notar que depois de localizar os picos referentes aos veto res interatomicos~ necess.mo localizar os Momos na cela. Isto ~ feito usando os elementos de simetria do grupo
espacial do cristal a ser estudado que embora nao apare\am explicitamente nom a p a d e P a tte rso n ,
deixam urn tra\o caracterfstico em forma de urna distribui\ao caraeterlstica de vetores, conhecidos
como /in h a s e p Ia n o s d e H a rk e
r
.l1 ).Para entender como esta localiza\ao ~ feita se mostrar! alguns exemplos a seguir:
No caso do gropo espacial
Pi
que possue as posi\Oes equivalentes x,y,z e -x,-y,-z. 0 picoreferente ao Atomopesado aparecer! na posi\ao geralU ,V,w que corresponde a posi\ao 2x.2y,2z,
ou seja, de posse dos valores de u,v,w dado pelo mapa de Patterson, pode-se obter as
coordenadas do Momo na cela apenas dividindo-as por dois. neste caso particular.
Para 0 gropo espacial P21que possue as posi~Oesequivalentes x,y.z e -x,y+ In..-z 0 pico
referente ao Atomo pesado aparecerA no plano de Halker u,ln..w que corresponde a posi\ao
2x.ln..2z.
Oeste modo pode-se obter as coordenadas dos Atomospara qualquer grupo espacial. urna
tabela completa pode ser obtida na International Tables Vol.r13
~es ~~ de re~ao deestr'.ltu...ras ITlt:l~.lareshiseiarn-se 00 c~culo direto da$
fases
lpartir
dasamplitudes medidas.
A prindpio, sabe-se que amplitudes e fases de uma onda
sao
duas quantidadesindependentes, porem pode-se obter informa~Oesdas fases atraves das amplitudes usando metodos
matemAticos. Deve-se notar porem, que estes procedimentos matematicos estao baseados em
ideias fisicas que estao implkitamente contidas nas medidas experimentais.
As duas ideias principais sao as seguintes:
- A densidade eletrOnicaQ(r) e sempre positiva ou nula.
aproxima~ao, sao discretos, esfericamente simetricos e, em muitos casos, iguais.
Oeste modo, tem-se duas restri~Oes para a densidade eletronica que se expressam em
rela~Oes matematicas e sac poderosasfe rra m e n ta s na resolu~ao de estruturas cristalinas.
No desenvolvimento da teoria dos metodos diretos
e
interessante defmir previamente osfatores de estrutura quase-normalizados, normalizados e unitarios.
A necessidade do fator de estrutura quase-normalizado vem do fato que no infcio da
resolu~ao de estruturas se est! interessado somente nas posi~Oes atomicas e nao no detalhe da
forma de distribui~ao de Q(r), desta maneira os efeitos de forma podem ser desprezados se for
considerado cada Atomo como urn ponto geometrico de peso igual ao seu numero atomico.
"
"
e ( b }
=
<E
f ; >-:/2E
fje271iborJJ-: ]-:
rode N
e
0 n~TO de atomos.Considerando que 0 fJtOl' de espaTh..lI::1erlto arOmico tenha a mesma fur:rr.a para to&Js os
§l0ffi0S da cela unitma, ter-se·a: ~
= = ~ .
onde ~e
0 n6mero atOmko para 0 j--esinxJ.itomo decela unitMia ego fator de espalhamento unitario.
Assim, (Ill.9) fica da seguinte forma:
N N
e { b )
=
( E
g 2 Z J ) - 1 / 2 E g Z j e 2 7 d l J . r jj-l j-l
onde r r rk sao os vetores interatomicos da estrutura.
o
valor m~dio de I E(b)12e:
Pode-se desprezar 0 segundo termo, pois sup3e-se que a estrutura tenha urn grande
nfunero de atomos distribuidos aleatoriamente pela cela unitaria, deste modo a equa~ao adena
toma-se:
Na figura 9 est! representado graficamente < IF(b) I> e < !£(b) I> em ~o de senSA No caw de ~OIDQS com ru1merosatomicos aprox1m.ad.3rne:rJ.e l& '.a ls . tem-se:
•
e ( 1 1 )
=
( N ) -:/2E e h i . J l . a " J Jal< IF ( h ) 12>
Figura 9: Valores medios de IP(h) I e I£(h) I em fun~io de senSA.
E(b}
=
F(lI)~et
f jj - l
onde £ ~ urn mlmero inteiro que leva em conta 0 efeito da simetria do grupo espadal. Por~m,
£(h) = E(h) se ocorrem reflexOes gerais do tipo hId, quando £=1.
o
fator de estrutura unitdrio 6 deftnido como:N
Desde que E ,
,..
~ 6 0 maior valor poss{vel para P(h), pode-se facilmente notar que!C
Pode ser
e.."Crito
fir:. ~
= IIp que ~ chamado de (ator de espalliamentoatomico
urutmo,..• ~
pois
tn.
=1.
pol --.
Para
estruturas com ~omos de Dfunerosatomic
os aproximadamente iguais, escreve-se que:•
U (b ) = (h1-:E e ~ ·rJ
jt:'
U (b )
=
e (b )IN
q U (b ) 12) • l/N
Uma lista completa de fatores Epara diferentes elementos de simetria ~ dada por Rogers
(1965><19) obtida por metodos computacionais. Uma checagem util dos fatores de estrutura
normalizados obtidos por estes m~todos computacionais ~ feita atraves da distribui~ao de Wilson
(1949><20).
densidade eletronica para a determina~ao de fases fazendo uso da desigualdade de Cauchy dada
abaixo:
Pode-se aplicar esta desigualdade para estabelecer rela~Oes dos fatores de estrutura
unitmos para cada grupo espadal.
•
U (b } ::
E
D J C O S (2 ~ b . rJ);-:
N 2
II:
apjl
=
IU {b ) 12j-l
N N
E
Ibjl2 =E
njCOS221tlJ.
r j = ; (1 + U (2 ,b »
j-l j-l
IU (b ) 12 ~ 1.(1 + U (2 b »
2
A desigualdade acima somente pode see satisfeita se 0 sinal de U(2h) for positivo e se
as reflex5es sejam suficientemente intensas.
Posteriormente Karle & Hauptman (1950)('22)desenvolveram outra desigualdade que
expeessa a condi~ao que a soma das series de Fourier devem sempre ser positivas.
Esta desigualdade pode ser expressa, em termos do fator de estrutura unitcirio, da seguinte
mane ira('22):
U (O ) U (~ ) U (Iia ) U (J i n )
U (~ ) U (O ) U (~ -~ ) U (~ -b n)
U (~ ) U (~ -~ ) U (O ) U (~ -,b n ) ~ 0 (m.22)
Este detenninante pode ser de qualquer ordein, porem para ilustrar seu use, sed derivado
urn
C4..'Oespecial do determinante de onkm 3:
u {e )
Utli} u(2li)
U (b )
U(O)
u(li)
~ 0U (2 b )
U(b)
u(O)
ou seja: IU (b ) 12 ~ -.!. (1 + U (2 b » que
e
identica a equa~ao (lII.21).2
Karle e Hauptman (1950) mostraram que pode-se obter urn extenso e fundamental sistema
de desigualdades entre coeficientes [U(h)] de uma serle de Fourier que representa uma fun~ao
positiva (o(r» utilizando-se a equa~ao (llI.22); para determinantes de segunda e terceira ordem
derlva-se as seguintes desigualdades:
U (O ) U (J i)
U (b ) U (O )
U (k ) U (J c -b )
u(1C)
U (b -k )
U(O)
-Novamente supondo uma estrutura centro-simetrica, U(h)=U(h), tem-se:
Se os m6dulos de tooos os U(h) sao fuados, a desigualdade depende somente do sinal
do produto U(h )U(k)U(h-k) e se as reflexOesforem fortes os Atomos devem ocupar posi~Oesque
Para m6dulos dos fatores de estruturas suficientemente grandes e para pequenas estruturas,
em que U(O)3 seja pequeno, a desigualdade acima estabelece uma restri~ao aos valores permitidos
de 'Ii+~k~h-k' como mostrado na figura 10.
As desigualdades dcscritas at~ aqui neste ftem, requerem grandes valores de U(h) para
prover a informa~ao da fase e desde que 0 valor m~dio de U(h) ~ N"1/2 (onde N ~0 mlmero de
atomos), conclui-se que esw condi~Oesfavocaveis nao sao comumente encontradas em estruturas
mais complex as (maior mlmeco de atomos). Oeste modo, estas desigualdades tern uso limitado,
por isso foi necessario 0 desenvolvimento de outras equa~Oes tal como a E q u a fo o d e S a y re que
sera descrita a seguir.
espacia1mente hem resolvidas. os fatores de estrutura sac inter-relacionados por equa\Oes exatas,
tais como:
oode
f ~0fat(J{de espalhamento atOmiro comum
1todcsos itomos, g ~
0fator de espalhaI!lenlo
C(){OO{i'} )OS
innos
at) quaCrado.
A equa;ao acima representa urn conjunto de equ34;Oesnao lineares simultaneas tendo as
fases como inc6gnitas. Estas equa\Oes sao resolvidas por metodos interativos, desde que haja urna
solu~ao aproximada no inIcio da determin~ao das fases.
Da e{{Ua~aode Sayre pode-se obter a re la ~ d o d e S a y re . que ~ semelhante a re la ~ d o d e
sin a is (obtida na p~gina anterior), porem utilizando 0 sinal "=" que significa: a p ro x im a d a m e n re ig u a l.
Normalmente a equa~ao de Sayre nao ~ utilizada em sua forma original, mas sim urn
ponto de partida para outros trabalhos, tais como 0 de Cochran (1952)(2'), e 0 de Zachariasen
(1952)(25); Zachariasen observou que a rela~ao de Sayre ~ provalvelmente correta, mas nao
necessariarnente e que a maioria dos procedimentos analfticos para a detennina\ao de estruturas
envolvem urn processo de cadeia, em que urn sinal incorreto pode acarretar em urn grande
nfunero de sinais incorretos. Ele propos a seguinte expressao:
onde 0 • •significa a media sobre todos os valores de k.
Hughes (l9 5 3 l2
6 ) propOs que a equa\ao de Sayre fosse expressa em termos de V 's ou de
1
E (b )
=
N 2 (E (k )E (b -k ))Hauptman e Karle (1953
p1)
derivaram, entre outras, duas rela\Oes comumente utilizadassrE '~ b ) ~:I
s[E
E (k ) E (b -.t)]k
A reI~ao
!:l ~
uma
ge--ueraliz3llao
da equa.;ao
(IlI.n),relll\ao
de Harker e Kasper, e a
rel~ao ~
e
uma gener~ao da rela\ao de Sayre, equa~ao (TII.26). Como a rela~ao de Sayree
apenas provalvelmente verdadeira,e
importante saber como estimar 0 grau de confiabilidadedas fases atraves de tt~cnicasprobabillsticas «(tern ID.3.4).
F6nnulas com medidas quantitativas da probabilidade da rela~ao de Sa)'Te(equa\ao m.27)
ser verdadeira foram publicadas por vmos autores; destas a mais prAtica, e a de Cochran e
W oolfson (1955PS) para 0 caso de estruturas centro-simetricas. Tomando como base este
trabalho, uma reprodu~ao resumida serAapresentada aqui.
Para valores fIxos de h e k, Cochran e Woolfson acharam que 0 fator de estrutura
nonnalizado E.-k' possue 0 seguinte valor medio: (E)=N-II2EIl~' com a varian~a unitiria (0 2 = 1 ).
A probabilidade que F..-k possa tomar qualquer valor particular, E, e dado pela seguinte fun~ao:
ou usando a defini~ao acima: P (E )
=
1 exJ - (E - (E ))2]
21t
1 /
2
'" 2
+
I ~!
ou
-I ~ I
que sao dados por P+ e p. respectivamente:
Desde que se tern a condi~ao de normaliz3.\ao: P++ p.
=
1.Fazendo 0 quociente entre PJP., simplificando a expressao e expressando-a em termos
de tangente hiperb61ica tem-se, finalmente:
Esta e a probabilidade do produto dos tres sinais s(h), s(k) e s(h-k) serem positivos.
Claramente, como ja havia sido estimado no item ill.3.3, quanto maior 0 produto dos tres
mudulos maior a probabilidade da rela~ao (m.2?) ser positiva.
E util notar tambem, que devido ao fator N·l/2 no argumento da ta n h , quanto maior 0
ntimero de atomos da estrutura menor sera a probabilidade do sinal ser positivo na rela~ao
(ID.2?). Esta e a principal razao da limita~ao dos metodos diretos na resolu~ao de grandes
A equa~ao (ill.35) foi obtida assumindo atomos iguais na estrutura, porem se os Momos
nao sac iguais, uma analise mais exata mostra que 0 fatorN·l/2 devera ser substitufdo por 0l02·lll,
onde:
e ~
e
0 numero atornico do j-esimo Momo.• serem estimados (para b constante), este pode ser combinado para formar uma Il()va média e
variança. e não ~ diffcil mostrar que a probabilidade do sinal de h ~ dada por.
As fórmulas de probabilidade para estruturas não centro-simétricas foram apresentadas
pela primeira vez por Cochran (1955><29)e posterionnente desenvolvidas por Karle e Karle
(1966)(30),outro trabalho foi publicado mais recentemente por Heinerman el. ai. (l977pt)
fazendo uma unificação para uma estrutura qualquer.
Seja x = E(h)E(k)E(b-k), onde {x}
=
N-I/l e cT(x)=
I, com a condição de serem asposições atômicas igualmente prováveis, tem-se(29):
K(lJ, k)
=
2N-iIE(li) E(k) E(lJ-k) Ie I.,(K) é a função de Bessel modificada de segunda espécie(32).
A distribuição acima (equação III.38) é aproximadamente gaussiana, com valor máximo
para ~"k=O' que fornece as seguinte relação entre fases:
Nota-se, também, que há maior aglomeração, isto é, a função gaussiana toma-se mais
acentuada, para maiores valores de K(h,k) (consequentemante, maiores valores de E's), deste
modo, a indicação de fase toma-se mais confiável para maiores valores de E's.
A equação (m.38) dá uma distribuição de probabilidades da fase ~h), dadas as fases
pode-se combin!-los na seguinte distribui~ao de probabilidades:
rode C
e
uma COlblante de normaliza\ao.Desen\'olvendo
aequ~ao
acimaC2'),pode-se
~~'e-lada
~guinte fQfID3:~~~
=
C .exp{«
(11) C O S [~ (11)-p
(11) ]}E
K (b , k ) s e n [~ (b ) +~ (b -k )]= _ k _
E
K (b , k ) cas [~ (b ) +4> (b -k ) ].t
o
mhimo da curva de probabilidade ocorrer~ quando ~ (h )=
~ (h ), com ~ (h ) dado pelaequa\ao acima que ~ conhecida comofo rm u la d a ta n g e n te .
Karle e Karle (1966i3O), calcularam a varian\a (isto ~, a confiabilidade da estimativa de
~ (h ) como fun\ao de cx(h», que
e
dada por:onde C1(h)~ dado pela equa\3.o (TII.44) e I..ssao fun\Oes modificadas de Bessel de 11especie(32).
Pode-se notar da equa\3.o (TII.43), que a confiabilidade de ~ (h )
e
maior quanto maior 0valor de cx(h), 0 qual
e
maior quanto maior os valores dos E(h)'s e 0 numero de tennos nasomat6ria da f6nnula da tangente (equa\3.om .4 S ).
SERVICO DE B!BLlO TEC A 'tiT~fOR~v'lAC;:AO _ IFO se
E
Knportante as de~ de in,,·ari.m!ese semi-invariantesestrutuIais no estudo dosmftOCos diret~ pois pennite especificara origem dos eixos cristalogrfficos que sao uteis na
de$(:~ preliminar das f3scs.
Urn
lm 'a ria n u th tstruturae
urn fatot de estrutura
Unico
OUurn!
combina\ao
de fatores
de estrutura cuja fase
e
independente
eta
posi~ao
eta
origem em qualquer grupo espadal. Pode-se
verificar que U(h )U(h-k)U(k)
e
urn invariante de estrutura usando a seguinte propriedade: Qde~locamento da origem por urn vetor ro mudar<i a fase do fator de estrutura de 27th.ro' deste
modo a mudan~a na fase de U(b)U(h-k)U(k) ser~ ~
=
-27th.r 0 + 27t(h-k).ro + 27tk.fo=
O.De urn modo mais geral, 0produto dos fatores de estrutura
IT
F(hi) sofrer<iurna mudan\aI
de fase de E27thi.fo com uma mudan~a na origem de ro' e ser<iurn invariante de estrutura se
I
LI\
=
O.I
Urn S e m i-in v a ria n te d e e stru tu ra
e
urn fator de estrutura Unico ou urna combina~ao defatores de estrutura cuja fase
e
invariante com uma mudan~a de origem, desde que esta serestrinja a pontos na cela unitaria com identica simetria de grupo pontual. Urn exemplo de
semi-invariante para estruturas centro-simetricas, em que a origem est! num centro de simetria
restrito as posi~Oes ~=O ou 1(2,Yo=O ou 1(2,zo=O ou 1(2
e
U(2h). Istoe
facilmente demonstradoda mesma maneira que para 0 caso invariante, ou seja, com urna mudan~a na origem de fo, a
mudan~a de fase serA: ~~21t1h.r 0 e, fazendo ro=(Xo,yo,zo) com os valores acima, tem-se:
.1 ~ 2 1 m (n inteiro), mantendo deste modo, U(2h) invariante.
De modo geral, 0 produto de fatores de estrutura
IT
F (!\)e
urn invariante se:E
I\.fo=
n.I I
Como as amplitudes dos fatores de estruturas observados sao independentes da posi~ao
da origem e escolha dos enantiom6tfos, eles podem somente dermic 0 valor absoluto das fases
dos fatores de estrutura invariantes e semi-invariantes, ou seja, tem-se apenas as rela~Oes entre
as fases, porem necessita-se dos valores expHcitos das fases individuais para a deterrnina\ao da