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CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E FITOQUÍMICA DE PÊSSEGOS DA CV. MACIEL SOBRE DIFERENTES PORTA-

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Agronomia

Área de Concentração em Fruticultura de Clima Temperado

Dissertação

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E FITOQUÍMICA DE PÊSSEGOS DA CV. MACIEL SOBRE DIFERENTES PORTA-

ENXERTOS

Débora Leitzke Betemps

Pelotas, Março de 2010

(2)

DÉBORA LEITZKE BETEMPS Engenheira Agrônoma

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E FITOQUÍMICA DE PÊSSEGOS DA CV. MACIEL SOBRE DIFERENTES PORTA-

ENXERTOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências (Fruticultura de Clima Temperado).

Orientador: Prof. Dr. José Carlos Fachinello

Pelotas, Março de 2010

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Banca examinadora:

Prof. Dr. José Carlos Fachinello – Orientador Dr. Jair Costa Nachtigal – CPACT

Prof. Dr. Rui Zambiasi – DCA/UFPEL

Prof. Dr. Geraldo Luiz Chavarria Lamas Junior – UPF

Dr. Luciano Picolotto – CPACT/PNPD (Suplente)

(4)

...Acorde de manhã e decida entre duas coisas, ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...

Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!

Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e, Que tal um cafezinho agora?

“A vida é uma peça de teatro, que não permite ensaios”.

“Por isto cante, chore, dance e viva a vida intensamente antes que a cortina se feche.”

Arnaldo Jabor

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Agradecimentos

À Universidade Federal de Pelotas e ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia pela oportunidade de realizar o curso.

À CAPES pela concessão de bolsa.

Ao Professor, orientador e amigo Dr. José Carlos Fachinello, pela orientação, ensinamento e confiança transmitidos durante o período de execução do trabalho.

Aos Professores Andrea De Rossi Rufato e Jorge Adolfo Silva pela co- orientação e amizade.

Ao Departamento de Ciência e Tecnologia dos Alimentos, pela disponibilidade de utilizar seus laboratórios para a realização das análises.

Ao professor Rui Zambiasi e colegas Marla Sganzerla e Andressa Jacques pela ajuda na realização das análises de cromatografia.

Às amigas Zeni Tomaz, Cláudia Lima e Simone Galarça, pelo companheirismo e agradável convivência dentro e fora da faculdade.

Às estagiárias Cristiele e Amanda, pela ajuda na execução das análises e os momentos de descontração.

À colega Roberta Manica-Berto, pelos ensinamentos passados, e pela constante disposição em ajudar.

Aos demais professores e colegas do PPGA, assim como aos bolsistas e estagiários da fruticultura, pela colaboração nos trabalhos realizados.

À minha família, em especial aos meus pais Arlindo e Regina e aos meus sogros Vera e Francisco.

Ao meu marido, pelo incentivo e paciência e, às minhas filhas, minhas eternas

“bebês” e grandes amigas Nathalia e Mariana, agradeço pela compreensão nos momentos de ausência.

Obrigado!

(6)

Resumo

BETEMPS, Débora L. Caracterização físico-química e fitoquímica de pêssegos da cv. Maciel sobre diferentes porta-enxertos, 2010. 83f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Agronomia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

Embora existam pesquisas que relatem a influência do porta-enxerto sobre a cultivar copa, alterando o seu comportamento em relação ao desenvolvimento, produtividade, resistência, nutrição, época de maturação e qualidade dos frutos, os resultados ainda não são conclusivos. Objetivou-se com o trabalho avaliar o efeito dos porta-enxertos Aldrighi, Capdeboscq, Flordaguard, Nemaguard, Okinawa e umezeiro sobre a qualidade de pêssegos da cultivar Maciel. Os frutos foram provenientes da safra de 2008 de dois pomares, sendo um localizado no Centro Agropecuário da Palma – UFPel/Capão do Leão (CAP/UFPel) e outro na Estação Experimental da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS/Eldorado do Sul (EE/UFRGS). Após a colheita dos frutos procederam-se as seguintes análises físico-químicas: acidez (AT), coloração da epiderme, sólidos solúveis totais (SST), pH, relação SST/AT e firmeza de polpa. Para as análises fitoquímicas os frutos foram separados em casca e polpa e armazenados em ultra-freezer e posteriormente realizou-se a análise de fenóis totais e individuais, carotenóides totais e individuais e atividade antioxidante. Para os frutos provenientes do CAP/UFPel, os porta-enxertos avaliados influenciaram significativamente a acidez, firmeza, cor de recobrimento, pH e ratio. Estes efeitos não foram observados com os frutos provenientes da EE/ UFRGS com esta mesma cultivar onde somente a firmeza apresentou efeito significante dos porta-enxertos. Os valores de fenóis e carotenóides totais e individuais foram influenciados pelos porta-enxertos tanto na polpa quanto na casca, para as duas localidades.O „Okinawa‟ obteve as maiores médias de fenóis totais na casca para as duas localidades , na polpa „Flordaguard‟

apresentou as maiores médias para os frutos do CAP/UFPel e „Nemaguard‟ para os frutos da EE/UFPel. Na quantificação de compostos fenólicos, o ácido gálico foi o de maior expressão seguido dos ácidos hidroxibenzóico, cumárico e cafeíco. Para carotenóides totais, na polpa, „Okinawa‟ e „Aldrighi‟ apresentaram as maiores médias não diferindo entre si no CAP/UFPel enquanto que na EE/UFRGS os maiores resultados foram quantificados em „Capdeboscq‟, „Nemaguard‟ e „Umezeiro‟. Na quantificação dos carotenóides individuais, o β-criptoxantina é o pigmento majoritário apresentando ainda licopeno e β-caroteno em quantidades menores.

„Nemaguard, Aldrighi e Umezeiro‟ apresentaram maiores valores para capacidade antioxidante para a polpa dos frutos do CAP/UFPel sendo que „Nemaguard‟ e

„Aldrighi‟ mantiveram este resultado para polpa da EE/UFRGS. Na análise de correlação entre os fitoquímicos, observou-se uma correlação fraca e positiva para a polpa dos frutos e para casca uma correlação fraca e negativa. Conclui-se que o porta-enxerto pode afetar de forma indireta alguns parâmetros físico-químicos e fitoquímicos, para as duas localidades na qual os frutos foram caracterizados.

Palavras-chave Pessegueiro, qualidade, fenóis, carotenóides, atividade antioxidante.

(7)

Abstract

BETEMPS, Débora L. Physico-chemical and phytochemical characteristic in peaches of cv. Maciel about different roostocks, 2010. 83f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Agronomia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

Althought there are researches that report the influence of rootstock about the scion cultivar, changing their behavior in relation to development, productivity, resistance, nutrition, maturation time and the quality of the fruits, these results are not conclusive. Objective of the study was evaluate the effect of rootstock Aldrighi, Capdeboscq, Flordaguard, Nemaguard, Okinawa and Umezeiro about quality of peaches cultivar Maciel. The fruits of the cultivar Maciel are from two orchards located in the Agricultural Center of Palma – UFPel/Capão do Leão and in the experimental Estation of the Federal University of Rio Grande do Sul – UFRGS/Eldorado do Sul. After the harvest, the fruits carried the following Physico- chemical analysis: acidity, skin color, total soluble solids, pH, 'Ratio' and firmness.

For phytochemical analysis, fruits were separated into peel and flesh, stored in ultra- freezer, and later held the analysis of individual and total phenols, total and individual carotenoids and antioxidant activity. For Palma‟s fruits, the rootstock evaluated influenced considerably the acidity parameters, firmness, color of coating, pH, and ratio. These effects were not observed in the experimental Estation – UFRGS with the same cultivar. The values of phenols and carotenoids total and individual were influenced by the rootstocks both the flesh and the peel, for the two localities. The

„Okinawa‟ had the highest average of total phenols in the peel for both places,

„Flordaguard‟ the flesh showed the highest average for the CAP‟s fruit and

„Nemaguard‟ to the fruits EE/UFRGS. The quantification of phenolic compounds, the gallic acid is the highest expression followed by p-hydroxybenzoic, p-coumaric and caffeic. For carotenoids in the flesh „Okinawa‟ showed the highest average not differing from „Aldrighi‟ while in the largest EE/UFRGS results were found in the

„Capdeboscq‟, „Nemaguard‟ and „Umezeiro‟. For carotenoids, β-cryptoxanthin, is the majority pigment, still presenting licopen and β-caroten in minors amounts.

„Nemaguard, Aldrighi and Umezeiro‟ present a higher value for antioxidant capacity.

In the analysis of correlation between phytochemical were watched a weak and positive correlation for the flesh of the fruits and for the peel a correlation weak and negative. It is conclude that the rootstock might affect in an undirected form some phytochemical and physico-chemical, for both localities in which fruits were characterized.

Keywords – Peach tree, quality, phenols, carotenoids, antioxidant activity

(8)

Lista de Tabelas

Tabela 1- Porcentagem de flores abertas na cultivar Maciel enxertada sobre

diferentes porta-enxertos no período de 2008. ... 32

Tabela 2- Programa do gradiente de eluição utilizado na separação de carotenóides

individuais em pêssegos cv. Maciel. ... 36

Tabela 3 - Programa do gradiente de eluição utilizado na separação de compostos

fenólicos em pêssegos cv. Maciel. ... 38

Tabela 5 - Acidez titulável, SST, SST/AT e pH de pêssegos da Cultivar Maciel

enxertada em diferentes porta-enxertos. Centro Agropecuário da Palma/UFPel –

Capão do Leão-2008. ... 42

Tabela 6 - Luminosidade, cor de superfície (a*), cor de fundo (b*) e ângulo hue em

pêssegos da Cultivar Maciel, enxertada sobre diferentes porta-enxertos. Centro

Agropecuário da Palma/UFPel – Capão do Leão-2008... 44

Tabela 7 - Acidez titulável, SST, SST/AT e pH de pêssegos da Cultivar Maciel

enxertada em diferentes porta-enxertos. Centro Estação Experimental da UFRGS –

Eldorado do Sul-2008 ... 44

Tabela 8- Fenóis totais, em casca e polpa de pêssegos da Cultivar Maciel enxertada

sobre diferentes porta-enxertos. Centro Agropecuário da Palma/UFPel – Capão do

Leão-2008. ... 48

Tabela 9 - Fenóis totais, em casca e polpa de pêssegos da Cultivar Maciel

enxertada sobre diferentes porta-enxertos. Estação Experimental da UFRGS –

Eldorado do Sul -2008. ... 48

Tabela 10 - Valores quantificados de fenóis individuais (mg100g

-1

), em polpa de

pêssegos da cultivar Maciel enxertada em diferentes porta-enxertos. Centro

Agropecuário da Palma/UFPel – Capão do Leão-2008... 50

Tabela 11 - Valores quantificados de fenóis individuais (mg100g

-1

), em casca de

pêssegos da cultivar Maciel enxertada em diferentes porta-enxertos. Centro

Agropecuário da Palma/UFPel – Capão do Leão-2008... 50

Tabela 12 - Valores quantificados de fenóis individuais (mg100g

-1

), em polpa de

pêssegos da cultivar Maciel enxertada em diferentes porta-enxertos. Estação

Experimental da UFRGS – Eldorado do Sul-2008. ... 51

Tabela 13 - Valores quantificados de fenóis individuais (mg100g

-1

), em casca de

pêssegos da cultivar Maciel enxertada em diferentes porta-enxertos. Estação

Experimental da UFRGS – Eldorado do Sul-2008. ... 52

(9)

Tabela 14 - Carotenóides individuais em polpa de pêssegos da cultivar Maciel enxertada em diferentes porta-enxertos. Centro Agropecuário da Palma/UFPel – Capão do Leão-2008. ... 57 Tabela 15 - Carotenóides individuais em casca de pêssegos da cultivar Maciel enxertada em diferentes porta-enxertos. Centro Agropecuário da Palma/UFPel – Capão do Leão-2008. ... 58 Tabela 16 - Carotenóides individuais em polpa de pêssegos da cultivar Maciel enxertada em diferentes porta-enxertos. Estação Experimental da UFRGS – Eldorado do Sul – 2008. ... 59 Tabela 17 - Carotenóides individuais em casca de pêssegos da cultivar Maciel enxertada em diferentes porta-enxertos. Estação Experimental da UFRGS – Eldorado do Sul- 2008. ... 59 Tabela 18- Capacidade antioxidante com tempo de reação em 30 minutos, expressa em equivalente Trolox (mg TEAC 100g

-1

), em polpa e casca de pêssegos cv. Maciel enxertados em diferentes porta-enxertos. Centro Agropecuário da Palma/UFPel – Capão do Leão-2008. ... 61 Tabela 19- Capacidade antioxidante com tempo de reação em 30 minutos, expressa em equivalente Trolox (mg TEAC 100g

-1

), em polpa e casca de pêssegos cv. Maciel enxertados em diferentes porta-enxertos. Estação Experimental da UFRGS - Porto Alegre-2008. ... 62 Tabela 20- Correlação de Pearson entre a capacidade antioxidante (g TEAC 100g

-

1

),conteúdo de fenóis totais (mg EAG 100g

-1

) e de carotenóides totais (μg.g

-1

) em casca e polpa de frutos da cultivar Maciel, enxertadas em diferentes porta-enxertos.

Centro Agropecuário da Palma/UFPel – Capão do Leão-2008. ... 63 Tabela 21- Correlação de Pearson entre a capacidade antioxidante (g TEAC 100g

-

1

), conteúdo de fenóis totais (mg EAG 100g

-1

) e de carotenóides totais (μg.g

-1

) em casca e polpa de frutos da cultivar Maciel, enxertadas em diferentes porta-enxertos.

Estação Experimental da UFRGS - Porto Alegre-2008. ... 64

(10)

Lista de Figura

Figura 1 - Estrutura básica dos flavonóides. ... 24 Figura 2 - Estrutura química do ácido gálico (a), ácido elágico (b) e ácido p- hidróxibenzóico (c). ... 25 Figura 3 - Estrutura química do ácido caféico (a) e do ácido p-cumárico (b) ... 25 Figura 4 – Curva padrão em ácido gálico. ... 37 Figura 5- Firmeza de polpa de pêssegos da cultivar Maciel enxertada sobre diferentes porta-enxertos. Centro Agropecuário da Palma/UFPel – Capão do Leão-2008. ... 43 Figura 6 - Cromatograma de compostos fenólicos em pêssegos cv. Maciel. / com coluna em fase reversa e detector UV (280 nm). 1: ácido gálico, 2: ácido hidroxibenzóico, 3: ácido caféico, 4: ácido ferúlico. Fase móvel: gradiente de ácido acético em água (1:99 v/v) e metanol com fluxo de 0,9mLmin

-1

... 49 Figura 7 - Carotenóides totais (μg g-1) presentes na casca de pêssegos da cultivar Maciel, enxertadas sobre diferentes porta-enxertos. Centro Agropecuário da Palma/UFPel – Capão do Leão- 2008. ... 54 Figura 8- Carotenóides totais (μg g-1) presentes na polpa de pêssegos da cultivar Maciel, enxertadas sobre diferentes porta-enxertos. Centro Agropecuário da Palma/UFPel – Capão do Leão-2008. ... 55 Figura 9 - Carotenóides totais (μg g

-1

) presentes na casca de pêssegos da cultivar Maciel, enxertadas sobre diferentes porta-enxertos. Estação Experimental da UFRGS – Eldorado do Sul-2008. ... 56 Figura 10 - Carotenóides totais (μg g

-1

) presentes na polpa de pêssegos da cultivar Maciel, enxertadas sobre diferentes porta-enxertos. Estação Experimental da UFRGS - Porto Alegre-2008. ... 56 Figura 11 - Cromatograma típico da separação de carotenóides em pêssegos c.

Maciel via CLAE(Cromatografia Liquida de Alta Eficiência), com coluna de fase

reversa C18 e detector UV a 280nm, tendo como fase móvel um gradiente com

metanol, acetonitrila e acetato de etila... 60

(11)

Sumário

Resumo ... 6

Abstract ... 7

Lista de Tabelas ... 8

Lista de Figura ... 10

Sumário ... 11

1. Introdução ... 12

2. Revisão de Literatura ... 14

2.1. A cultura do pessegueiro... 14

2.1.1. Caracterização dos porta-enxertos de pessegueiro utilizados ... 15

2.1.2. Caracterização da cultivar copa de pessegueiro utilizada... 17

Maciel ... 17

2.2. Influência dos fatores ambientais na qualidade dos frutos ... 17

2.3 Influência do porta-enxerto na qualidade dos frutos ... 19

2.4. Características físico-químicas de pêssegos ... 20

2.5. Características fitoquímicas em frutos e plantas ... 23

2.5.1. Compostos fenólicos ... 23

2.5.2. Carotenóides ... 27

2.5.3. Capacidade Antioxidante ... 29

3. Material e Métodos ... 31

4. Resultados e Discussão ... 40

4.1. Características físico-químicas da cultivar Maciel ... 40

4.2. Fitoquímicos encontrados em pêssegos da cultivar Maciel ... 45

4.2.1 Compostos fenólicos totais ... 45

4.2.1.1. Compostos Fenólicos Individuais ... 49

4.2.2. Carotenóides ... 53

4.2.2.1. Carotenóides Individuais ... 56

4.2.3. Capacidade antioxidante ... 60

4.2.4. Correlações entre os fitoquímicos ... 62

5. Conclusões ... 65

6. Referências ... 66

(12)

1. Introdução

Atualmente os consumidores de frutas estão buscando produtos de melhor qualidade e demonstrando uma tendência a aliar sabor e valor funcional em suas escolhas alimentares. Segundo Chitarra e Chitarra (2005), a qualidade não é um atributo único bem definido e sim, um conjunto de propriedades sensoriais (aparência, textura, sabor, aroma), valor nutritivo e multifuncional decorrentes dos componentes químicos, propriedades mecânicas, bem como ausência ou presença de defeitos dos produtos.

É largamente conhecido, por estudos epidemiológicos, que o consumo de frutas e hortaliças conferem benefícios à saúde, pois tem se demonstrado uma associação positiva entre o consumo destes alimentos e a redução do índice da mortalidade por doenças crônicas (STEINMETZ, POTTER, 1996; GARCÍA-CLOSAS et al., 1999).

O crescente interesse pelos antioxidantes naturais é devido à sua baixa toxicidade em relação aos antioxidantes sintéticos. Extratos de frutas, vegetais, cereais e seus subprodutos industriais são ricos em antioxidantes como: ácido ascórbico, tocoferóis, carotenóides e compostos fenólicos e têm demonstrado eficaz atividade antioxidante (WOLF et al., 2003; MANACH et al., 2004). Várias fontes de antioxidantes naturais são conhecidas, e algumas são amplamente encontradas no reino vegetal, sendo esta característica atribuída ao seu conteúdo de compostos fenólicos (WETTASINGHE et al., 1999).

No entanto, o conteúdo desses compostos nos tecidos das frutas é influenciado por inúmeros fatores na pré colheita, como genótipo, porta-enxerto, condições climáticas, práticas agronômicas, ponto de colheita e, também, por fatores pós-colheita, como condições de armazenamento e processamento (LEE e KADER, 2000; GIL et al., 2002; CEVALLOS-CASALS et al., 2006; TAVARINI et al., 2008).

Na fruticultura o uso da enxertia apresenta uma importância significativa, sua

utilização abre possibilidades ao cultivo de inúmeras cultivares em regiões e climas

diversos. A grande importância da enxertia deve-se ao fato de que, são conjugados

(13)

os aspectos favoráveis de duas ou mais plantas as quais podem ser de uma mesma espécie ou de até mesmo gênero diferentes (TELLES, 2005).

Nas principais regiões produtoras de pêssego, são usados diferentes porta- enxertos em razão de condições específicas de clima e solo (FINARDI, 2003). A avaliação precisa das respostas dos porta-enxertos, e a identificação da melhor combinação do enxerto com o porta-enxerto é importante para se obter produções de qualidade (RATO et al., 2008).

Segundo Giorgi et al. (2005), a chave para a expansão comercial da produção de pêssegos é a promoção e manutenção dos padrões de qualidade das frutas, envolvendo a avaliação rigorosa do genótipo dos porta-enxertos, respostas para o crescimento e identificação das melhores combinações.

A escolha do porta-enxerto oferece possibilidades de aumentar a adaptabilidade das espécies frutícolas a diversas condições e sistemas de cultivo.

Isto implica a necessidade de aprofundar e conhecer as respostas agronômicas e produtivas dos porta-enxertos disponíveis para as diversas espécies, levando em conta também as características qualitativas e nutracêutica dos frutos (SCALZO et al., 2005).

A partir do exposto acima, a hipótese a ser testada é que os diferentes porta- enxertos interferem nas características físico-químicas e fitoquímicas dos frutos de pessegueiro.

Considerando que, na Região Sul do estado do RS, o cultivo do pêssego se

destaca pela importância social como uma das principais frutíferas produzidas,

objetivou-se, com este trabalho, quantificar os componentes físico-químicos e

fitoquímicos de pêssegos da cultivar Maciel enxertada sobre diferentes porta-

enxertos.

(14)

2. Revisão de Literatura

2.1. A cultura do pessegueiro

O pessegueiro pertence à família Rosácea, subfamília Prunoidea, gênero Prunus (L.). Dentro deste gênero e espécie Prunus persica (L) Batsch é a maior espécie de interesse comercial e com o maior número de cultivares exploradas em todo o mundo (SACHS e CAMPOS, 1998; RASEIRA e NAKASU, 2002). Segundo dados da FAO, no Brasil no ano de 2008, foram produzidos em torno de 199.900 toneladas de pêssegos e nectarinas (FAO,2010).

O pêssego é uma das frutíferas que se difundiu mais rapidamente pelo mundo, sendo que seu cultivo adaptou-se a uma grande diversidade de clima.

Barbosa et al., (1990) cita que a adaptabilidade ao clima deve-se basicamente a seleção genética de cultivares tanto de baixa como de alta necessidade em frio.

Segundo Rocha (2006), no estado do Rio Grande do Sul, encontra-se as mais diversificadas condições edafoclimáticas para o cultivo de boa parte das fruteiras cultivadas no Brasil. Dentre as regiões produtoras de frutas do Estado destacam-se as regiões de Pelotas, Serra Gaúcha e Porto Alegre. A região sul do Estado apresenta como característica a produção do pêssego para a indústria, enquanto que as da Serra Gaúcha e Porto Alegre destacam-se na produção de pêssego para o consumo in natura.

Embora a cultura apresente grande importância no Rio Grande do Sul, a produtividade média é de apenas 8.641 t ha

-1

(IBGE, 2008) e está associada a fatores como, por exemplo, a falta de porta-enxertos adaptados as diversas condições edafoclimáticas das diferentes zonas de produção (CAMPOS, 2005).

Um dos principais problemas que a cultura do pessegueiro apresenta no

Brasil é a falta de homogeneidade das plantas, decorrente da propagação sexuada

dos porta-enxertos. Plantas provenientes de sementes apresentam grandes

variações no desenvolvimento, fato que dificulta a formação de um lote uniforme.

(15)

Essa situação é agravada na região Sul do País, onde são utilizados caroços provenientes de diversas cultivares de maturação tardia, obtidas junto às indústrias que processam pêssego, aumentando ainda mais a variabilidade genética e o vigor dos porta-enxertos (PEREIRA e MAYER, 2005).

2.1.1. Caracterização dos porta-enxertos de pessegueiro utilizados

O porta-enxerto „Aldrighi‟ é uma planta selecionada por produtor na região de Pelotas, RS, provavelmente oriunda de lote de sementes de pêssego para conserva que havia sido introduzido da Argentina para ser industrializado naquela cidade. É um fruto de polpa amarela, não fundente, adaptado a regiões com acúmulo de 250 a 350 horas de frio hibernal. É uma planta de floração precoce e maturação tardia (ROCHA, 2006).

O porta-enxerto Aldrighi apresenta boa afinidade com a maioria das cultivares empregadas no Sul do Brasil, induz médio vigor e média produção. Possui baixa resistência à asfixia, parece ser tolerante a Criconemella xenoplax e é resistente a M. incognita e M. javanica (FACHINELLO et al., 2000).

Segundo Rossi (2004), no Rio Grande do Sul, normalmente faz-se referência ao emprego de cultivares como Aldrighi e Capdeboscq como porta-enxertos para pessegueiros, porém os pomares dessas cultivares são cada vez mais raros, e o que se tem utilizado na realidade são cultivares tardias, sem a possibilidade de identificação genética das mesmas depois do processamento.

„Capdeboscq‟ é uma cultivar originária do Programa de Melhoramento de Pessegueiro da Estação Experimental de Pelotas, atual Embrapa Clima Temperado, tendo sido obtida por polinização livre de um cruzamento entre „Lake City‟ e uma seleção local chamada `Intermediária`. A cultivar é altamente produtiva e seus frutos são do tipo conserva. As sementes apresentam elevada porcentagem de germinação (MEDEIROS e RASEIRA, 1998). Segundo Finardi (1998), „Capdeboscq‟

é um porta-enxerto de crescimento rápido, de pouco esladroamento antes da

enxertia e de pouca ramificação nos primeiros 20cm acima do colo da planta. É uma

cultivar adaptada a regiões com cerca de 300 horas de frio. Esta cultivar apresenta

baixo nível de resistência ao nematóide do gênero Meloidogyne spp, (FACHINELLO

et al., 2000).

(16)

O porta-enxerto „Okinawa‟ é derivado de sementes coletadas na Ilha de Okinawa, Japão. A folha do „Okinawa‟ tem coloração verde, florescimento precoce e necessita de pouco frio para superação da dormência. As plantas enxertadas sobre este porta-enxerto são vigorosas. Recomendado para a parte Sul do Japão, porque é pouco exigente em frio (100 horas de frio), a brotação ocorre no início da primavera (ROCHA, 2006). A cultivar Okinawa apresenta frutas de tamanho médio, oblongos com sutura bastante saliente, caroço solto, polpa branca de sabor ácido, com cerca de 20% dos caroços contendo duas amêndoas, devido à ocorrência do fenômeno chamado de falsa poliembrionia (ROCHA, 2006). Segundo Finardi (1998), a maturação das frutas ocorre aproximadamente 120 dias após a floração.

Apresenta resistência aos nematóides Meloidogyne incognita, Meloidogyne javanica e à podridão de raízes (FACHINELLO et al. 2000). O porta-enxerto „Okinawa‟ é muito utilizado na região Sudeste do Brasil, apresentando elevada resistência a nematóides, boa produtividade, boa capacidade de germinação e polivalência (pode ser utilizado como porta-enxerto para pessegueiro, ameixeira e nectarineira) (HOFFMANN et al., 2003).

O porta-enxerto „Nemaguard‟ selecionado da Califórnia (USA) é, supostamente híbrido de um pessegueiro chinês silvestre (Prunus davidiana) e alguma cultivar de pessegueiro cultivado. Como porta-enxerto, induz bom vigor à cultivar copa, com entrada rápida em frutificação. Em regiões quentes, sai do repouso antes do que outros francos, adiantando um pouco a maturação e aumentando o calibre dos frutos de cultivares-copa precoces. A principal característica é a tolerância aos nematóides Meloidogyne javanica, Meloidogyne arenaria, como também a Agrobacterium. É sensível ao nematóide Pratylenchus e aos fungos Armilari sp., Verticilium sp. e Phytophthora sp. A maior utilidade deste porta-enxerto é para plantio em solos ácidos, com problemas de nematóide do gênero Meloidogyne sp. É vigoroso, homogêneo e compatível com as cultivares de pessegueiro (MEDEIROS e RASEIRA, 1998).

„Flordaguard‟ é um porta-enxerto híbrido de P. persica x P. davidiana, obtido

na Flórida, em 1991. É propagado por semente, induz na cultivar copa médio vigor e

produção, apresenta boa afinidade de enxerto e é resistente a M. incognita e

javanica, raças 1 e 3 (ROSSI et al., 2004). A necessidade de frio é estimada em

torno de 300 horas. Tem folhas avermelhadas e ramos com hábito de crescimento

(17)

tipo chorão. Seedlings de „Flordaguard‟ mostraram-se uniformemente resistentes a Meloidogyne javanica e Meloidogyne incógnita, raças 1 e 3. Apresenta suscetibilidade à deficiência de ferro em solos alcalinos (MEDEIROS e RASEIRA, 1998).

O „umezeiro‟ (Prunus mume Sieb. et Zucc.) é uma frutífera de folhas caducas da família Rosaceae e nativa da China, é típica de clima temperado. No Japão, as primeiras cultivares foram introduzidas há 2.000 anos e adquiriram significativa expressão na alimentação e nos costumes orientais. A introdução desta espécie no Brasil deu-se, provavelmente, através dos imigrantes japoneses, que obtiveram produções satisfatórias somente a partir de 1970, em Botucatu-SP, após inúmeros fracassos em função da utilização de materiais que apresentam alto requerimento de frio (MAYER et al., 2004). A propagação é realizada por meio de sementes, nem sempre apresenta boa afinidade de enxerto e promove redução do vigor das plantas (nanizantes). É considerado um porta-enxerto rústico, adaptado a invernos não- rigorosos, porém é sensível à asfixia radicular. Trabalhos realizados por Campo Dall‟Orto et al. (1992) e Pereira et al. (1998) relatam principalmente a redução do vigor, das plantas sobre ele enxertadas.

2.1.2. Caracterização da cultivar copa de pessegueiro utilizada Maciel

A cultivar Maciel apresenta planta com vigor médio e forma aberta, é moderadamente suscetível à bacteriose. Adapta-se a regiões onde o acúmulo de frio hibernal esteja entre 200 a 300 horas, podendo produzir até 50 kgplanta

-1

. Os frutos são de forma redondo-cônica e de tamanho grande, com peso médio próximo a 120g. A película é amarelo-ouro, com até 20% de vermelho, a polpa é amarela, firme, não-fundente e aderente ao caroço, o sabor é doce-ácido, com leve adstringência, com teor de sólidos solúveis totais entre 11 e 16°Brix. Destaca-se pela produtividade, tamanho, aparência e resistência ao transporte. Os frutos são de ótima qualidade após a industrialização, e com boa aceitação no mercado de consumo in natura (MEDEIROS e RASEIRA, 1998).

2.2. Influência dos fatores ambientais na qualidade dos frutos

(18)

Os fatores ambientais englobam temperatura, luz, umidade relativa do ar, vento, altitude, pluviosidade e textura do solo e exercem papel fundamental na qualidade dos frutos em termos de sabor, aroma, textura, espessura de casca ou potencial de armazenamento (CHITARRA e CHITARRA, 2005). Segundo Herter et al. (2003), a temperatura do ar apresenta diferentes efeitos sobre a cultura do pessegueiro e ocorrem variações em função das diferentes fases do ciclo vegetativo.

As temperaturas de inverno são importantes para a fase de repouso do pessegueiro conhecido como dormência. Na fase de pré-colheita, temperaturas relativamente altas, sem serem excessivas, combinadas com temperaturas amenas no período da noite conferem melhores padrões de qualidade dos pêssegos (concentração de açúcar e coloração adequada).

A insolação e a radiação solar são importantes nos processos de desenvolvimento e maturação dos frutos, ambos os fatores são maiores no período de verão, pelo fato dos dias serem mais longos e pela menor frequência de chuvas e menor número de dias encobertos. A insolação também está atrelada às coordenadas geográficas, pois em latitudes maiores, os dias de verão são maiores e, consequentemente, maior o período de radiação solar e maior o potencial de insolação (HERTER et al., 2003).

O pessegueiro é uma frutífera de clima temperado, portanto os mais importantes centros de produção comercial situam-se em latitudes de 25ºN e 45ºS.

Em latitudes maiores, a temperatura mínima de inverno e as geadas são normalmente os fatores limitantes, portanto em altitudes elevadas, o cultivo pode estender-se a regiões tropicais (SCALOPPI, 2006).

Dentre os índices de qualidade dos frutos influenciados por luz, destacam-se o tamanho, a concentração de sólidos solúveis, a acidez e a cor da epiderme.

Normalmente a quantidade de luz interceptada pelo fruto está em função da posição deste na copa. O tamanho das plantas, espaçamento, orientação da fila, forma da copa e tipo de sistema adotado influencia na distribuição da luz no interior das plantas. Aumentando a exposição do fruto ao sol, há um aumento da absorbância da luz, podendo aumentar a coloração vermelha dos frutos (HERTER et al., 2003).

Outros fatores que afetam a qualidade dos frutos são os ventos, as

precipitações pluvias e a ocorrência de geadas. O nível de umidade é um fator

crítico, pois o estresse hídrico pode diminuir tanto o rendimento da produção como o

(19)

tamanho dos frutos, aumentando a perda de massa, e também deprecia a sua aparência (CHITARRA e CHITARRA, 2005).

2.3 Influência do porta-enxerto na qualidade dos frutos

Entre as prioridades de pesquisa na área da fruticultura, uma atenção particular está sendo dada ao melhoramento da qualidade dos frutos. Neste aspecto, o estudo da interação porta-enxerto e copa é um importante instrumento para promover uma renovação da produção frutícola, assegurando controle do tamanho das plantas, possibilidades de antecipar a frutificação e ao melhoramento qualitativo da produção (LORETI e MASSAI, 2005).

Segundo Simão (1992), o porta-enxerto influencia a cultivar copa, alterando o seu comportamento em relação ao seu desenvolvimento, produtividade, época de maturação, qualidade dos frutos, resistência às doenças e pragas de solo e à nutrição da planta. A disponibilidade de água e de nutrientes do solo e a capacidade de captação pelas raízes está estritamente relacionada ao porta-enxerto utilizado, afetando o vigor da planta e como consequência, a qualidade dos frutos (GIORGI et al., 2005).

Os aspectos que favorecem a melhoria da qualidade dos frutos, sem comprometer a produtividade, são considerados de elevada importância, pois permitem uma melhor perspectiva de valorização da produção.

Mignani e Bassi (2000) estudaram o efeito de dois diferentes porta-enxertos sobre a evolução da maturação e parâmetros qualitativos de seis cultivares de damasco. Os autores observaram que o porta-enxerto tem efeito sobre características como resistência da polpa ao penetrômetro, coloração da epiderme, sólidos solúveis e acidez total titulável, pórem tal efeito varia de acordo com a cultivar-copa.

As características pós–colheita dos frutos estão intimamente ligadas à

escolha do porta–enxerto, da cultivar copa e do manejo adotado na implantação e

na condução do pomar. De acordo com pesquisas recentes, o porta–enxerto exerce

influência tanto sobre aspectos físicos quanto na composição química dos frutos

avaliados após a colheita, promovendo alterações no diâmetro, coloração, teores de

sólidos solúveis, acidez titulável dos frutos (FORNER–GINER et al., 2003; AL–

(20)

JALEEL et al., 2005) e conteúdo de fitoquímicos (TAVARINI et al., 2007; REMORINI et al., 2008).

2.4. Características físico-químicas de pêssegos

O grau de excelência de um produto, bem como a sua aceitação pelo consumidor, está relacionado aos seus atributos de qualidade que, em frutos e hortaliças in natura, engloba a aparência, os atributos sensoriais, o valor nutritivo, os constituintes químicos e as propriedades funcionais (KADER, 2002).

Os parâmetros que induzem o consumidor a comprar um determinado produto são os aspectos externos do fruto, como tamanho, forma, coloração e sua uniformidade (DAREZZO, 1998).

Os produtores de pêssegos baseiam-se no tamanho e na mudança de coloração para efetuar a colheita, sem efetiva correlação com parâmetros físicos e químicos dos frutos, levando muitas vezes o produtor à imprecisão, quanto ao estádio de maturação ideal para a comercialização de pêssegos (CUNHA JUNIOR et al., 2007).

Em pêssegos, com o início da maturação ocorre um aumento acentuado na produção de etileno que leva a alteração na cor, textura, sabor e aroma dos frutos, que contribuem para os níveis de qualidade (TRAINOTTI et al., 2006).

A coloração externa do fruto, que é dada pela casca, é um atributo de qualidade que tem grande importância, por ser um dos poucos critérios disponíveis para orientar o consumidor no momento da compra. Frutos fortemente coloridos são preferidos, devido à associação da cor com a doçura, embora a coloração nem sempre represente a “qualidade comestível” ou características intrínsecas desejáveis. Embora a coloração desejável varie entre produtos, cultivares e mercado consumidor, há casos em que o vermelho é preferido em alguns produtos, como pêssegos e nectarinas, porém há mercados que prefere pêssegos com menor pigmentação vermelha (ROBERTSON et al., 1992; KADER, 2002).

Existem vários métodos para se avaliar a coloração da casca de frutos, com o emprego de escalas, de equipamentos e da percepção humana. Porém, o mais utilizado é o CIE L* a* b*, que fornece maior uniformidade de cor em relação à percepção humana (HUNTER e HAROLD, 1987; MINOLTA, 1994).

Os frutos do pessegueiro, em decorrência do amadurecimento, tendem a

perder a coloração verde da casca, devido à degradação da clorofila e, simultânea

(21)

ou posteriormente a este fenômeno, síntese e acréscimo na concentração de carotenóides, que são os pigmentos predominantes nos pêssegos maduros de cor amarela (EREZ e FLORE,1986).

O teor de sólidos solúveis totais (SST), que corresponde a uma estimativa indireta do conteúdo de açúcares presentes nos frutos, embora, medido através de refratômetro, inclui, além dos açúcares, pectinas, sais e ácidos. Os SST aumentam nos frutos com o amadurecimento, sendo constituídos, principalmente, pelos açúcares solúveis (LIMA, 1997).

O teor de sólidos totais (SST) é utilizado como uma medida indireta dos açúcares, uma vez que aumenta de valor à medida que esses teores vão se acumulando nos frutos. A sua medição não representa o teor exato de açúcares, pois outras substâncias também se encontram dissolvidas na seiva vacuolar (vitaminas, fenólicos, pectinas, ácidos orgânicos e outros), no entanto entre essas, os açúcares são as mais representativas, chegando a constituir 85 a 90% dos SST Os teores variam conforme a espécie, cultivares, estádios de maturação e o clima (CHITARRA e CHITARRA, 2005).

A acidez titulável é atribuída, principalmente, aos ácidos orgânicos que se encontram dissolvidos nos vacúolos das células. Estes ácidos são translocados das folhas para os frutos, sendo que, durante o processo de maturação os teores diminuem, em decorrência do seu uso como substrato no processo respiratório ou de sua conversão de açúcares (CHITARRA e CHITARRA, 2005).

Os ácidos orgânicos são os componentes químicos de menor teor em pêssegos, porém suas concentrações adequadas são imprescindíveis ao “flavor” e, por conseguinte, à qualidade comestível dos frutos. Os principais ácidos orgânicos encontrados nestes frutos são os ácidos cítrico e málico, que variam em concentração de acordo com a base genética da cultivar. Para algumas cultivares, o teor dos ácidos não oscila com o processo de amadurecimento, enquanto em outras, foi observada a tendência de acréscimo no teor do ácido málico, acompanhada de decréscimo no ácido cítrico, ao longo do processo de amadurecimento dos frutos (WANG et al., 1993).

De acordo com Bleinroth (1992), os sólidos solúveis totais (SST) têm tendência

de aumento com o avanço da maturação, enquanto a acidez titulável (AT) diminui

(22)

com o amadurecimento. Portanto, a relação SST/AT é diretamente proporcional aos sólidos solúveis e inversamente proporcional a acidez.

Os dois métodos mais comumente usados para medir a acidez dos frutos são a acidez titulável (AT) e o potencial hidrogeniônico (pH), sendo que o primeiro representa todos os grupamentos ácidos encontrados (ácidos orgânicos livres, na forma de sais e compostos fenólicos), enquanto que o segundo determina a concentração hidrogeniônica da solução (KRAMER, 1973).

A firmeza de polpa é uma consequência do amadurecimento, sendo uma característica muito importante sob o ponto de vista econômico, porque está diretamente relacionada à qualidade, resistência ao transporte, conservação e resistência ao ataque de microrganismos. A perda da consistência resulta da perda excessiva de água e da diminuição da pressão de turgescência nas células (AWAD, 1993).

O sabor e o aroma são apreciados em conjunto e designados como “flavor”

que, na realidade, é a percepção sutil e complexa da combinação entre sabor (doce, ácido, adstringente, amargo), odor (substâncias voláteis) e textura (CHITARRA e CHITARRA, 2005).

Vários estudos permitiram a caracterização da qualidade dos frutos em diferentes seleções de pessegueiros, bem como suas relações com os porta- enxertos. Rocha et al. (2007) avaliaram o comportamento da cultivar Chimarrita sobre os porta-enxertos Aldrighi, Okinawa 1, Tsukuba, Capdeboscq e GF 305, na região de Pelotas. Como resposta, os porta-enxertos Capdeboscq, Okinawa 1 e Tsukuba induziram a um incremento na massa e no diâmetro dos frutos da cultivar Chimarrita. Pórem, Picolloto et al. (2009) determinaram as características físico- quimicas da cultivar Chimarrita sob a influência destes mesmos porta-enxertos e concluíram que a qualidade dos frutos, quanto à relação sólidos solúveis totais/acidez titulável, tonalidade de cor, firmeza de polpa e teor de fenóis totais, é alterada pelos porta enxertos „Capdeboscq‟, „Tsukuba‟ e „Okinawa‟.

Montes et al. (2008), trabalhando na região de Presidente Prudente (SP), analisaram o comportamento das cultivares Talismã, Aurora 1, Dourado 2, Doçura 2, Aurora 2 e Tropical sobre os porta-enxertos „Okinawa‟ e „Umezeiro‟. O porta-enxerto

„Okinawa‟ proporcionou maiores valores de sólidos solúveis totais (SST) para as

cultivares Talismã e Tropical (14,55 e 13,13 ºBrix, respectivamente) e, para a acidez

(23)

titulável (AT), a cultivar Tropical apresentou frutos menos ácidos comparados com os demais tratamentos. No porta-enxerto umezeiro as cultivares não diferiram nos valores de sólidos solúveis totais, porém, a acidez foi menor nas cultivares Tropical, Aurora 1 e Aurora 2. A cv. Tropical apresentou a melhor relação SST/AT, com frutos de maior `ratio`, para os dois porta-enxertos.

Mathias et al. (2008) avaliaram a qualidade pós–colheita de pêssegos da cultivar 'Aurora–1' enxertada sobre quatro porta–enxertos: 'Okinawa' propagado por sementes e por estacas herbáceas, Clone 15 e cv. Rigitano de umezeiro propagados por estacas herbáceas. O uso do Clone 15 de umezeiro como porta–

enxerto induziu à produção de frutos com maior teor de sólidos solúveis totais, em relação ao 'Okinawa' propagado por estacas herbáceas. Os porta–enxertos estudados não influenciaram na coloração externa, no ângulo de cor e na luminosidade do mesocarpo, na firmeza e na acidez dos pêssegos 'Aurora –1'.

2.5. Características fitoquímicas em frutos e plantas

2.5.1. Compostos fenólicos

Os alimentos caracterizam-se como funcionais pela presença de uma ou mais substâncias com ação antioxidante capazes de atuar no metabolismo ou na fisiologia do organismo humano, retardando o envelhecimento e prevenindo certas doenças, como câncer, obesidade e problemas cardíacos (DIPLOCK et al. 1999;

BRASIL, 2008).

Os compostos fenólicos são formados no metabolismo secundário dos vegetais e possuem funções de defesa contra o ataque de pragas, estado de estresse e outros. Já em animais e humanos têm-se observado que são capazes de reagir com radicais livres, formando radicais estáveis. Esse poder de estabilização das estruturas dos compostos fenólicos é devido à sua estrutura química formada por, pelo menos, um anel aromático com grupamentos hidroxilas (GIADA e MANCINI-FILHO, 2006).

Os fenólicos, em plantas, são essenciais no crescimento e na reprodução,

além de atuarem como agente antipatogênico e de contribuírem na pigmentação

(SHAHIDI e NACZK, 1995). Diversos autores têm estudado a presença dos

compostos fenólicos nas plantas, em razão de sua participação nos processos

(24)

responsáveis pela cor, adstringência e aroma de vários alimentos, da atividade farmacológica e nutricional e da capacidade de inibir a oxidação lipídica e a proliferação de fungos (PELEG et al., 1998).

Segundo Reynerston et al. (2008), os compostos fenólicos presentes nos frutos são importantes constituintes antioxidantes da dieta. As frutas apresentam variações quantitativas e qualitativas na composição desses constituintes em função de fatores intrínsecos (cultivar, variedade, estádio de maturação) e extrínsecos (condições climáticas e edáficas). Por sua vez, a eficácia da ação antioxidante depende da concentração destes fitoquímicos no alimento (MELO et al., 2008).

Os compostos fenólicos presentes nas fontes vegetais são classificados como flavonóides e não flavonóides, sendo que ambos são metabólitos secundários presentes em frutas e hortaliças. Os flavonóides são os compostos que apresentam a estrutura química descrita como C6-C3-C6 (Fig.1).

Figura 1 - Estrutura básica dos flavonóides.

Fonte: Skerget et al. (2005).

Para os autores Burns (2001) e Melo e Guerra (2002) os compostos não flavonóides incluem:

a) os derivados das estruturas químicas C6-C1- compostos hidroxibenzóicos, como

os representados pelos ácidos p-hidroxibenzóico, gálico e elágico (Fig. 2).

(25)

(a) (b) (c)

Figura 2 - Estrutura química do ácido gálico (a), ácido elágico (b) e ácido p- hidróxibenzóico (c).

Fonte: Malacrida e Motta (2006).

b) os derivados das estruturas químicas C6-C3 - compostos hidroxicinâmicos, representados pelos ácidos caféico e p-cumárico (Fig. 3).

(a) (b)

Figura 3 - Estrutura química do ácido caféico (a) e do ácido p-cumárico (b) Fonte: Filho et al. (2005).

Os compostos fenólicos são biossintetizados por diferentes rotas, razão pela

qual constituem um grupo bastante heterogêneo do ponto de vista metabólico. Duas

rotas metabólicas básicas estão envolvidas na síntese dos compostos fenólicos: a

rota do ácido chiquimico e a rota do ácido malônico. A rota do ácido chiquimico

participa na biossíntese da maioria dos fenólicos vegetais, converte precursores de

carboidratos derivados da glicólise e é sintetizada por três aminoácidos aromáticos –

fenilalanina, tirosina e triptofano. A rota do ácido malônico é menos significativa nas

plantas superiores. (TAIZ e ZEIGER, 2006)

(26)

As classes mais abundantes de compostos fenólicos em plantas são derivadas da fenilalanina, por meio da eliminação de uma molécula de amônia para formar o acido cinâmico. Esta reação é catalisada pela fenilalanina amônia liase (PAL- phenylalanine ammonia lyase), uma das enzimas mais estudadas no metabolismo secundário vegetal. A PAL está situada em um ponto de ramificação entre o metabolismo secundário e primário, de modo em que a reação na qual ela catalisa é uma etapa reguladora importante na formação de muitos compostos fenólicos. A quantidade da enzima PAL é aumentada por fatores ambientais, tais como baixos níveis de nutrientes, luz (pelo seu efeito no fitocromo) e infecção por fungos, o que estimula a síntese de compostos fenólicos (TAIZ e ZEIGER, 2006).

Gil et al. (2002) estudando a composição antioxidante em uma cultivar de pêssegos, mostraram que os compostos fenólicos foram a principal fonte de antioxidantes e atribuiu aos porta-enxertos o fator determinante na qualidade do fruto. Os valores variaram provavelmente em função da capacidade de captação de água e de nutrientes disponíveis no solo de cada porta-enxerto e à eficiência de conversão dos assimilados aos frutos, como por exemplo, o uso de porta-enxerto anão tem a capacidade de deslocar mais nutrientes para as frutas, pois é menor a concorrência por nutriente fornecida pelo crescimento vegetativo (CHALMERS et al., 1981).

Remorini et al. (2008) verificaram a influência de quatro porta-enxertos, Ishtara, Mr. S 2/5, GF 677 e Barreira 1, sobre a qualidade e valor nutricional (casca e polpa) de frutos de pessegueiros Flavorcrest, analisando também vitamina C (ácido ascórbico), fenóis, carotenóides (β-caroteno) e atividade antioxidante, nos períodos de início, meio e fim da colheita. Como resultado os frutos provenientes dos porta- enxertos Mr. S 2/5 e Barrier 1 apresentaram maior atividade antioxidante e superior conteúdo fitoquímico, apesar dos frutos Mr. S 2/5 apresentarem-se menos firmes quando coletados no meio e no final da colheita. Na determinação dos fenóis, ácido ascórbico e β-caroteno na casca e na polpa, observaram-se que a remoção da casca do pêssego resulta em uma perda significativa da atividade antioxidante total.

O teor de fenóis na casca foi mais elevado em Mr. S 2/5 na fase final da colheita,

sendo superior ao encontrado na polpa dos frutos. O teor de ácido ascórbico foi

maior na fase final da colheita para o porta-enxerto Barrier 1, ao passo que com

Ishtara, Mr. S 2/5 e em Barrier 1, observaram-se os maiores teores de β-caroteno e

(27)

enquanto na casca dos frutos, o valor mais elevado foi observado no Mr. S 2/5 na fase final da colheita.

2.5.2. Carotenóides

Dentre as substâncias que têm chamado atenção tanto na área científica como dos consumidores, destacam-se os carotenóides como, por exemplo, o β- caroteno, o licopeno, criptoxantina e outros, em razão de suas funções antioxidantes. Estas substâncias não são sintetizadas pelos seres humanos, devendo ser fornecidas pela alimentação (FENNEMA, 2000; SHI e MAGUER, 2000).

Os carotenóides são substâncias que pertencem ao grupo químico dos terpenóides ou terpenos, amplamente distribuídas na natureza, principalmente em plantas, as quais se encontram nos cloroplastos, sempre acompanhando as clorofilas (RIBEIRO e SERAVALLI, 2004). São insolúveis em água e, usualmente, encontram-se nos tecidos vegetais em pequenas proporções, resultando na gama de coloração característica de cada espécie e ou cultivar. Com a degradação da clorofila, os carotenóides previamente presentes nos tecidos, tornam-se visíveis, ou também podem ser sintetizados com o avanço da maturação dos frutos.

Estes compostos são corantes naturais das frutas e vão do amarelo ao vermelho despertando a atenção devido a sua relevante contribuição para a capacidade antioxidante (LIMA et al., 2005). Porém, sua importância também está relacionada a funções ou ações biológicas nos seres humanos, como pró-vitamina A. Esta vitamina exerce inúmeras funções importantes no organismo, como ação protetora na pele e nas mucosas e papel essencial na função da retina e da capacidade funcional dos órgãos de reprodução (FRANCO, 2006).

O β-caroteno, α-caroteno e a β-criptoxantina são precursores da vitamina A, sendo que o primeiro apresenta o dobro de atividade do que os demais. A luteína e a zeaxantina são os carotenóides relacionados com a proteção à degeneração macular e catarata (SNODDERLY, 1995).

Em relação ao efeito nutricional dos carotenóides, os relatos de estudos

epidemiológicos observacionais sugerem que a ingestão de cerca de 4 mg por dia

de carotenóides, quantidade presente em uma alimentação rica em frutas e

(28)

hortaliças, pode proteger contra doenças degenerativas como o câncer (ZIEGLER, 1991; NAVES,1998).

Ao contrário das frutas tropicais, muitas das quais ricas em carotenóides, as frutas de clima temperado são normalmente ricas em antocianinas e pobres em carotenóides, porém os pêssegos que apresentam polpa amarela são exceções, pois apresentam quantidade satisfatória de carotenóides (SENTANIN e AMAYA, 2007).

Os carotenóides de pêssego foram investigados por vários pesquisadores, porém, além dos teores baixos, há divergência até no carotenóide predominante, alguns autores relatam violaxantina (CURL, 1959; GROSS,1979), β-caroteno (BUREAU e BUSHWAY, 1986), β-criptoxantina (GEBHARDT et al., 1977) ou ambos últimos como principais ( PHILIP e CHEN, 1988).

Tavares (1991) obteve por meio de cromatografia em coluna aberta (CCA) para o pêssego cultivar Rei da Conserva, a seguinte composição em μg g

-1

: 0,2 ± 0,1 de 13-cis-β-caroteno; 1,1 ± 0,4 de β-caroteno; 0,1 ± 0,0 de 9-cis-β-caroteno; 0,4

± 0,2 de ζ-caroteno; 1,0 ± 0,5 de cis-β-criptoxantina; 6,4 ± 2,1 de β-criptoxantina; 3,8

± 1,1 de luteína; 1,5 ± 0,9 de zeaxantina; e 0,8 ± 0,6 de violaxantina. Já Godoy e Rodriguez-Amaya (1994) avaliaram a composição dos carotenóides pró-vitamínicos A de pêssegos cultivar Diamante por Cromatografia em Coluna Aberta. Esta variedade apresentou maior quantidade dos carotenóides trans-β-caroteno (1,2 vs.

0,6 μg g

-1

) e β-criptoxantina (5,1 vs. 4,1 μg g

-1

).

A casca dos frutos, assim como dos vegetais, são comumente rejeitadas

devido à ideia de serem indigestas ou então pela possibilidade de contaminação

química ou microbiana. Porém muitos autores relatam a presença de um alto

conteúdo de compostos fenólicos e antioxidantes nas cascas dos frutos como maçãs

(WOLFE et al., 2003), assim como para tomates, nos quais os níveis de licopeno

são maiores na casca do que na polpa e sementes (TOOR e SAVAGE, 2005). Em

pêssegos, isto também é verdade, sendo a casca favorecida com quantidades

relevantes de antioxidantes, incluindo conteúdo de compostos fenólicos (TOMAS-

BARBERAM et al., 2001), carotenóides, ácido ascórbico, antocianinas (GIL et al.,

2002).

(29)

2.5.3. Capacidade Antioxidante

Atualmente, a atividade antioxidante de compostos bioativos, em geral, tem recebido muita atenção dos pesquisadores. Espécies reativas de oxigênio (ROS) são produzidas naturalmente no organismo de mamíferos, como resultado do metabolismo oxidativo. Contudo, ROS podem causar danos celulares às membranas e ao DNA, propiciando mutações que podem desencadear a carcinogênese. Além disso, pode ocorrer a oxidação de lipoproteína de baixa densidade (LDL), e, assim, pode ser considerada um dos principais fatores de promoção de doenças coronarianas (RAHMAN e ADCOCK, 2006).

A maioria das espécies animais possui um sistema eficiente de proteção, sendo assim capaz de neutralizar os efeitos prejudiciais decorrentes do metabolismo do oxigênio e da oxidação de lipídios. A formação de radicais livres in vivo ocorre pela ação de enzimas, durante os processos de transferência de elétrons que ocorrem no metabolismo celular e pela exposição a fatores exógenos, tais como:

ozônio, radiações gama e ultravioleta, dieta, uso de medicamentos e tabagismo (CERUTI, 1991). O desequilíbrio entre moléculas oxidantes e antioxidantes, que resulta na indução de danos celulares pelos radicais livres, tem sido chamado de estresse oxidativo (SIES, 1993).

Além das defesas antioxidantes enzimáticas, os antioxidantes não enzimáticos, supridos pela dieta, também participam do sistema de defesa antioxidante do organismo. Esses compostos são definidos como quaisquer substâncias que, quando presentes em baixas concentrações, comparadas as de um agente oxidante, são capazes de prevenir a oxidação do substrato (HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2000).

Entre os compostos antioxidantes incluem os fenólicos, vitamina E,

carotenóides, ácido ascórbico, entre outros. Estes atuam protegendo as células

vivas e alimentos in natura bloqueando a ação de radicais livres, formados pela

oxidação química e, ou enzimática, envolvidas na oxidação de ácidos graxos

poliinsaturados e, consequentemente, na formação de peróxidos. As dietas

contendo substâncias que atuam como antioxidantes (frutas, vegetais, cereais, óleos

e grãos) são benéficas para o mecanismo de defesa celular, protegendo desta forma

as células das alterações oxidativas (ARAÚJO, 2004).

(30)

Uma das estratégias mais aplicadas nas medidas in vitro da capacidade antioxidante total de compostos, pertencentes a um alimento, consiste em determinar a atividade antioxidante frente a substâncias cromógenas de natureza radicalar; onde o desaparecimento da cor ocorre de forma proporcional à concentração de antioxidantes (ARENA et al., 2001). O método do DPPH (diphenyl- 2-pricrylhydrazyl) (BRAND-WILLIANS et al., 1995) é baseado na redução do radical DPPH na presença de antioxidante doador de hidrogênio. Este método tem sido considerado um dos mais representativos para o emprego em modelos de radicais na avaliação da capacidade de remoção de radicais livres (GENOVESE et al., 2008).

Tavarini et al. (2008) observou que o genótipo também desempenha papel importante na determinação da capacidade antioxidante em frutos de pêssegos.

Drogoudi e Tsipouridis (2007), determinando a variabilidade das características

física e da capacidade antioxidante em casca e polpa de frutos de cultivares de

pêssegos Andross, Catherina, Everts, Fortuna, Loade, Romea, seleções PI-A37, PI

E-45 e PI-IB 42, enxertados em três porta-enxertos sendo eles: GF 677, PT 204 e

KID1. Os autores observaram um pequeno efeito do porta-enxerto sobre o conteúdo

antioxidante, e um pronunciado efeito da cultivar sobre esta característica, sendo

mais atribuída à origem genética. A cultivar Everts e o genótipo PI-E45 podem ser

considerados uma boa fonte de antioxidantes, sendo os maiores valores

encontrados na casca. As cultivares PI-E45, PI-IB42 e PI-A37 apresentaram bom

tamanho e qualidade de frutos.

(31)

3. Material e Métodos 3.1 Material

Os pêssegos da cultivar Maciel foram obtidos de dois pomares, sendo o primeiro localizado no Centro Agropecuário da Palma (UFPel) – Capão do Leão, (CAP/UFPel) e o segundo na Estação Experimental da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – Eldorado do Sul, EE/UFRGS.

A região Sul, local onde estão instalados os dois pomares que fazem parte deste estudo, segundo a classificação de Köppen, da região do Brasil que é de clima mesotérmico úmido (Cf). Esta classificação determina que a temperatura média do mês mais frio situe-se entre 18 e –3°C (C), e no mês mais seco a precipitação seja maior do que 60mm (Cf).

O Centro Agropecuário da Palma (UFPel), está situado na localidade do Capão do Leão sendo a latitude de 31°52‟00‟‟S e longitude de 52°21‟24‟‟W, altitude de 46m e o clima predominante segundo a classificação climática de Köeppen é Cfb (clima temperado úmido com verão temperado).

Na Estação Experimental Agronômica da UFRGS, localizada na localidade de Eldorado do Sul, a latitude é de 30°05‟52‟‟S e a longitude de 51°39‟08‟‟W sendo a altitude de 13,24m. O clima é considerado Cfa ou seja, subtropical úmido com verão quente, caracterizado por apresentar temperatura média do mês mais quente de 22ºC e temperatura média do mês mais frio de 13ºC.

A área de ambos os pomares é de aproximadamente de 0,2ha. As mudas dos porta-enxertos foram obtidas a partir de sementes no período 2005/2006 e transplantadas em ambos os locais, em julho de 2006.

Foram utilizadas seis variedades de porta-enxerto, sendo eles: Aldrighi, Capdeboscq, Flordaguard, Nemaguard, Okinawa e Umezeiro, com a cultivar copa Maciel (safra 2008), nas localidades do Centro Agropecuário da Palma/UFPel (CAP/UFPel) e na Estação Experimental da UFRGS (EE/UFRGS).

O plantio foi realizado no espaçamento de 5,0 x 1,5 metros. O solo antes do

plantio foi corrigido de acordo com a análise do solo e as mudas foram rebaixadas até

a altura de 50cm em relação ao nível do solo. As plantas foram conduzidas na forma

de “V”, sendo as práticas culturais e o manejo fitossanitário adotado de acordo com as

normas técnicas preconizadas pelo sistema de produção integrada de frutas (PIF).

(32)

O início da floração do pomar do CAP/UFPel iniciou na primeira quinzena de julho, onde os porta-enxertos Capdeboscq e Umezeiro anteciparam o início da floração, ocorrendo no dia nove de julho de 2008. Nemaguard registrou a floração no dia 10 de julho, „Aldrighi e Okinawa no dia 11 de julho e Flordaguard retardou o início da floração em três dias ocorrendo no dia 12 de julho (Tabela 1).

A plena floração da cv. Maciel, no ano de 2008, ocorreu na segunda quinzena de julho e foi antecipada em Umezeiro (22/07), seguida de Capdeboscq, em 23/07.

„Aldrighi‟ e Nemaguard tiveram a plena floração em 25/07 e, Flordaguard e Okinawa retardaram a plena floração, ocorrendo em 27 de julho, diferindo 5 dias dos primeiros porta enxertos a induzir a plena floração sendo neste caso o Umezeiro (tabela 1).

Tabela 1- Porcentagem de flores abertas na cultivar Maciel enxertada sobre diferentes porta-enxertos no período de 2008.

Porta enxerto Início floração (10% ) Plena floração (50% )

Aldrighi 11/7/2008 25/7/2008

Capdeboscq 9/7/2008 23/7/2008

Flordaguard 12/7/2008 27/7/2008

Nemaguard 10/7/2008 25/7/2008

Okinawa 11/7/2008 27/7/2008

Umezeiro 9/7/2008 22/7/2008

CV. (% ) 30,66

Para os dados fenológicos da EE/UFRGS não foram feitos registros das datas de inicio e plena floração.

O experimento no campo está instalado em um delineamento experimental de

blocos casualizados, no esquema fatorial de 6 X 3 (6 porta-enxertos, 3 blocos), com

três repetições de cinco plantas por tratamento.

(33)

3.2 Métodos

3.2.1. Avaliação da qualidade de pêssegos ‘Maciel’ para as duas localidades

Os frutos foram colhidos de forma aleatória de acordo com os tratamentos, sendo selecionados frutos íntegros (ausência de lesões e ataque de insetos).

A colheita no pomar da Estação Experimental da UFRGS ocorreu no dia 11/12/2008, os frutos foram transportados até a Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Para o transporte, acondicionou os frutos em caixas de isopor. Os frutos permaneceram em temperatura ambiente (cerca de 8 horas) dentro das dependências do laboratório, para posteriormente proceder às análises.

A colheita dos frutos pertencentes ao pomar do Centro Agropecuário da Palma foi realizada em 16/12/2008, sendo estes encaminhados diretamente para o laboratório onde foram executados os mesmos procedimento realizado com os frutos provenientes da Estação Experimental da UFRGS.

As análises foram realizadas no Departamento de Fitotecnia e nos Laboratórios do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da UFPel, Município de Capão do Leão, sendo:

a) cor da epiderme: Mensurada com colorímetro eletrônico, marca Minolta 300, com iluminante D65, e abertura de 8mm, no sistema registrado pela Commission Internationale de I‘Eclairage L*, a* e b* (CIE-Lab) utilizando-se as coordenadas espaciais de cor. Neste sistema de representação de cor, os valores L*, a* e b * descrevem a uniformidade da cor no espaço tridimensional, onde o valor L* corresponde a escuro-brilhoso (0, preto; 100, branco) e representa a leveza relativa da cor. Os valores de a* correspondem à escala do verde ao vermelho (a*

negativo = verde; a* positivo = vermelho) e os valores de b* correspondem à escala do azul ao amarelo (b* negativo = azul; b* positivo = amarelo). A partir destes, foram calculados os valores da tonalidade da cor (ângulo hº), expressos em graus, pela fórmula hº = tan

-1

b

*

/a

*

. Foram realizadas duas leituras em lados opostos, na região equatorial dos frutos.

b) firmeza da polpa: Determinada com penetrômetro digital, marca TR

TURONI-Italy, modelo 53205 com ponteira de 8mm de diâmetro. Em cada pêssego,

foram realizadas duas leituras na seção equatorial após remoção da epiderme e em

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