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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Veterinária

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Programa de Pós-Graduação em Veterinária

Tese

Microclima do canal auditivo de cães e efeito do

Rosmarinus officinalis L. e do Triticum vulgare no

tratamento da otite externa experimental

Eduardo Negri Mueller

Pelotas, 2011

(2)

Microclima do canal auditivo de cães e efeito do Rosmarinus

officinalis L. e do Triticum vulgare no tratamento da

otite externa experimental

Tese apresentada ao Programa

de

Pós-Graduação

em

Veterinária

da

Universidade

Federal

de

Pelotas,

como

requisito parcial à obtenção do

título de Doutor em Ciências

(área

de

conhecimento:

Sanidade Animal

– Clínica

Médica de Pequenos Animais).

Orientador: Márcia de Oliveira Nobre

(3)

Dados de catalogação na fonte:

(Marlene Cravo Castillo – CRB-10/744)

M946m Mueller, Eduardo Negri

Microclima do canal auditivo de cães e efeito do Rosmarinus officinalis L. e do Triticum vulgare no tratamento da otite externa experimental / Eduardo Negri Mueller ; orientador Márcia de Oliveira Nobre - Pelotas,2011.-76f. : il..- Tese (Doutorado ) – Área de conhecimento Sanidade Animal – Clínica Médica de Pequenos Animais. Programa de Pós-Graduação em Veterinária. Faculdade de Veterinária. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2011.

1.Óleo essencial 2.pH auditivo 3.Cães 4.Termometria 5.Extrato aquoso I.Nobre, Márcia de Oliveira(orientador) II. Título.

(4)

Banca Examinadora:

Profª Drª. Melissa Orzechowski Xavier - FURG Profª Drª. Cristina Gevehr Fernandes - UFPel Profº Dr. Mário Carlos Araújo Meireles - UFPel

(5)

A minha família,

Aloisio, Walkiria, Leonardo e Rosema

(6)

Agradecimentos

Agradeço a Deus pela vida e pelas oportunidades diárias...

Aos meus pais por acreditarem em meus ideais e tornarem possíveis a realização profissional e pessoal de seus filhos. Ao meu irmão Leonardo, maior companheiro e verdadeiro amigo. A minha namorada Rosema, pelos momentos especiais, pelo carinho e compreensão.

Aos amigos e colegas da graduação e pós-graduação, a todos os estagiários que acompanharam este trabalho, pelos momentos de profissionalismo e confraternização, em especial ao ClinPet – Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Clínica de Pequenos Animais.

A minha orientadora Márcia de Oliveira Nobre pela confiança, paciência, dedicação e incentivo à pesquisa, ensino e extensão.

À Universidade Federal de Pelotas pelo apoio institucional no desenvolvimento das atividades deste estudo, bem como pela formação acadêmica e profissional. Ao Programa de Pós-Graduação em Veterinária, a todos os professores e servidores da Faculdade de Veterinária.

Aos órgãos fomentadores CNPq, CAPES e FAPERGS pelo apoio financeiro, pelas bolsas de pós-graduação e iniciação científica.

(7)

Resumo

MUELLER, Eduardo Negri. Microclima do canal auditivo de cães e efeito do

Rosmarinus officinalis L. e do Triticum vulgare no tratamento da otite externa

experimental. 2011. 76f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em

Veterinária. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

Objetivou-se avaliar o microclima do canal auditivo de cães e determinar o efeito do Rosmarinus officinalis L. (alecrim) e do Triticum vulgare (trigo) em orelhas hígidas e no tratamento da otite externa experimental não infecciosa de ratos Wistar. Para análise do microclima do canal auditivo foram considerados 141 cães hígidos, destes 30 utilizados para avaliação do pH do canal auditivo e 111 para aferição das temperaturas auditivas. Os cães foram distribuídos em dois grupos de acordo com a quantidade de cerúmem ausente a leve e moderado a intenso e o canal auditivo foi lavado para aferição do pH. A diferença entre a temperatura retal (TR), aferida com termômetro coluna de mercúrio e a temperatura auditiva média (TAM), aferida com termômetro infravermelho, foi avaliada para classificação em escores: A=TAM<TR em até 1,2ºC e B=TAM<TR em mais de 1,2ºC, relacionando-as com a conformação da orelha. Para avaliação do efeito dos extratos vegetais na otite externa, 64 ratos Wistar foram submetidos à inoculação no conduto auditivo de 80µL de óleo de cróton 5% em acetona e, em 24h as orelhas foram avaliadas por escore clínico. Os animais foram divididos em cinco grupos, sendo o tratamento tópico realizado por até sete dias com extrato aquoso de alecrim 25% em propilenoglicol (grupo I), óleo essencial de alecrim 25% em propilenoglicol (grupo II), extrato aquoso de trigo 0,2% em propilenoglicol (grupo III), propilenoglicol (grupo IV) e com NaCl 0,9% (grupo V). Aos quatro (4d), seis (6d) e dez dias (10d) as orelhas de quatro animais de cada grupo foram avaliadas clinicamente e, os mesmos foram eutanasiados para histopatologia. A avaliação do efeito dos extratos vegetais na orelha hígida foi realizada utilizando 48 ratos Wistar, os quais foram distribuídos em cinco grupos de acordo com o tratamento, conforme descrito acima e classificados em escore clínico. Na análise do microclima do canal auditivo observou-se que o pH variou de 5,0 a 8,0 e houve correlação negativa entre quantidade de cerúmen e pH (p=0,0271). Ainda, o tipo de orelha não influenciou a TAM e predominaram orelhas no escore B independente do tipo. Na avaliação do tratatmento da otite externa experimental os grupos I, II e V aumentaram os escores aos quatro dias, em seguida decresceram. Os grupos III e IV mantiveram os escores menores que o dia zero por quase todo o período experimental. O grupo III apresentou diminuição progressiva, o II apresentou o escore mais elevado aos quarto e seis dias e o grupo V aos 10 dias. Havia hiperplasia em todos os grupos e no final do experimento, nos grupos II e IV em maior freqüência. Todos os grupos tinham otite no início com predomínio de infiltrado histiocitário, embora aos 10 dias com infiltrado supurativo nos grupos II, III e V. Nas orelhas hígidas aos quatro dias, todos os grupos apresentaram aumento dos escores clínicos sendo maior nos grupos I(2,6), II(3,6) e III(2,4), porém somente o óleo essencial de alecrim 25% em propilenoglicol apresentou efeito irritante tópico.

(8)

Houve uma diminuição progressiva dos escores nos grupos I, II e III a partir do dia quatro e no dia 10 o maior escore foi observado nos grupos I (2,0) e II (2,0). Conclui-se que o pH do canal auditivo de cães é neutro e pode acidificar com o aumeno da quantidade de cerúmen; a temperatura auditiva média é menor que a retal 1,53°C±0,75 e a conformação da orelha não influencia na temperatura auditiva média em cães; o extrato aquoso de Rosmarinus oficinalis L. 25% e o extrato aquoso de Triticum vulgare 0,2% reduzem os escores clínicos, enquanto o óleo essencial do Rosmarinus oficinalis L. 25% não é efetivo na otite externa não infecciosa em ratos Wistar e, o extrato aquoso de R. officinalis L. 25% e o extrato aquoso de T. vulgare 0,2% não são irritantes tópicos, enquanto que o óleo essencial de R. officinalis L. 25% irrita o epitélio auditivo.

(9)

Abstract

MUELLER, Eduardo Negri. Microenvironment of ear canal in dogs and effect of

Rosmarinus officinalis L. and Triticum vulgare in the treatment of otitis externa

experimental. 2011. 76f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em

Veterinária. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

The aim of this study was to evaluate the microenvironment of the ear canal of dogs and determine the effect of Rosmarinus officinalis L. (rosemary) and Triticum

vulgare (wheat) in healthy ears and in the treatment of experimental noninfectious

external otitis of Wistar rats. For analysis of the microenvironment of the ear canal 141 healthy dogs were used, 30 to evaluate the ear canal pH and 111 to measure the ear temperature. Dog ears with absent to mild, moderate or intense cerumen were studied, and the auditory canal was washed for pH measurements. The rectal temperature (TR) was measured with a mercury thermometer and the ear temperature with an infrared thermometer. The difference between TR and TAM (average ear temperature), was classified in the following scores: A=TAM<TR until 1.2°C and B=TAM<TR more than 1.2°C, and these results were related to ear type. For the evaluation of the effects of plant extracts in the experimental external otitis in Wistar rats an inoculation of 80μL of croton oil 5% in acetone was performed and in 24 hours the clinical score of the ears was evaluated. The animals were divided in 5 groups and the topic treatment was realized for up to seven days with rosemary aqueous extract 25% in propylene glycol (Group I), rosemary essential oil 25% (Group II), wheat aqueous extract 0.2% in propylene glycol (Group III), propylene glycol (Group IV) and NaCl 0.9% (Group V). At days four (4d), six (6d) and ten (10d), the ears of four animals were clinically evaluated and the animals were euthanized for hystopathological evaluation. For the evaluation of the effects of plant extracts on the healthy ear 48 Wistar rats were distributed in five groups according previously described and classified for clinical score. In the analysis of the microenvironment of the ear canal the pH values ranged from 5.0 to 8.0 and there was a negative correlation between cerumen quantity and pH (p=0.0271). The ear type did not affect the TAM and predominated ears score B regardless of the type. In the evaluation of the treatment for experimental otitis groups I, II and V had an increase in clinical score until the fourth day then decreased gradually. Groups III and IV had the scores lower tha day 0 for almost all experimental period. Group III showed a progressive decrease; group II showed the highest score at days four and six and the group V at day ten. There was hyperplasia in all groups at the end of the experiment, and in groups II and IV it was more frequent. All groups had otitis with predominantly histiocytic infiltrate at the beginning, although at 10 days with a suppurative infiltration in groups II, III and V. In healthy ears at four days, all groups showed an increase of clinical scores, which was higher in groups I (2.6), II (3.6) and III (2.4), but only the essential oil of rosemary 25% in propylene glycol was topically irritant. There was a progressive decrease of the scores in groups I, II and III starting at day four and at day 10 the highest score was observed in groups I (2.0) and II (2.0). It is concluded

(10)

that the pH of the ear canal of dogs is neutral and can acidify with increased amount of cerumen; the average ear temperature is lower than the rectal temperature by 1.53°C±0.75 and the conformation of the ear does not influence the average ear temperature; aqueous extract of Rosmarinus officinalis L. 25% and aqueous extract of Triticum vulgare 0.2% reduced the clinical scores, while the essential oil of

Rosmarinus officinalis L. 25% is not effective in noninfectious otitis externa in Wistar

rats and the aqueous extract of Rosmarinus officinalis L. 25% and the aqueous extract of Triticum vulgare 0.2% are non-irritating topics, while the essential oil of

Rosmarinus officinalis L. 25% irritates the auditory epithelium.

(11)

Lista de Figuras

Artigo 3

Figura 1 - Análise cromatográfica do óleo essencial de alecrim por Cromatografia Gasosa com Detector de Ionização por Chama (GC/FID), utilizando-se como padrões α-pineno (1), canfeno (2), β-pineno (3), mirceno (4), α-terpineno (5), p-cimeno (6), limoneno (7), 1,8-cineol (8), terpinoleno (9), linalol (10), 4-terpineol (11), α-terpineol (12), timol (13) e carvacrol (14)... 51 Figura 2 - Média do somatório dos escores na avaliação da coloração,

diâmetro luminal e efusão em orelhas de ratos Wistar com otite externa experimental tratadas com extrato aquoso de alecrim 25% em propilenoglicol (grupo I), óleo de alecrim 25% em propilenoglicol (grupo II), extrato aquoso de trigo 0,2% em propilenoglicol (grupo III), propilenoglicol (grupo IV) e com NaCl 0,9% (grupo V) aos zero (0d), quatro (4d), seis (6d) e dez (10d) dias de avaliação... 52

Artigo 4

Figura 1 - Média do somatório dos escores na avaliação da coloração, diâmetro luminal e efusão em orelhas de ratos Wistar tratados com extrato aquoso de alecrim 25% em propilenoglicol (grupo I), óleo de alecrim 25% em propilenoglicol (grupo II), extrato aquoso de trigo 0,2% em propilenoglicol (grupo III), propilenoglicol (grupo IV) e com NaCl 0,9% (grupo V) aos zero (0d), quatro (4d), seis (6d) e dez (10d) dias de avaliação... 62

(12)

Lista de Tabelas

Artigo 1

Tabela 1 - Demonstration of the pH of the auditory canal of healthy ears of dogs linked to the amount of cerumen... 28

Artigo 2

Tabela 1 - Escore da diferença das temperaturas retal e auditiva média de acordo com a conformação da concha acústica hígida de cães... 37

(13)

Lista de abreviaturas e siglas

°C – Grau Celsius

CEEA – Comitê de Ética e Experimentação Animal CFMV – Conselho Federal de Medicina Veterinária

CG/FID – Cromatografia Gasosa com Detector de Ionização por Chama IL-1β – Interleucina 1 beta

IL-2 – Interleucina 2 N2 – Nitrogênio

Na2SO4 – Sulfato de sódio

nº - número

NOx – Concentração nitrito/nitrato

p.a. – pro analysis

TAM – Temperatura auditiva média TNF-α – Fator necrose tumoral alfa TR – Temperatura retal

UFPel – Universidade Federal de Pelotas

(14)

Sumário Agradecimentos... 4 Resumo... 5 Abstract... 7 Lista de Figuras... 9 Lista de Tabelas... 10

Lista de abreviaturas e siglas... 11

Sumário... 12

1 Introdução... 14

2 Objetivos... 15

3 Revisão bibliográfica... 16

3.1 Orelha externa de cães... 16

3.2 Microclima do canal auditivo... 16

3.3 Otite externa... 18

3.4 Considerações sobre plantas medicinais e métodos de extração... 20

3.4.1 Rosmarinus officinalis L. ... 21

3.4.2 Triticum vulgare... 22

4 Artigos 4.1 Artigo 1 - pH evaluation of the auditory canal and its relationship with the amount of cerumen in dogs………….………. 24

4.2 Artigo 2 - Relação da diferença das temperaturas retal e do canal auditivo de acordo com a conformação da concha acústica em cães... 29

4.3 Artigo 3 - Rosmarinus officinalis L. e Triticum vulgare no tratamento da otite externa experimental em ratos Wistar... 38

(15)

5 Conclusões... 63 Referências... 64 Apêndice... 74

(16)

1 Introdução

A orelha externa é constituída pelo pavilhão auricular e conduto auditivo externo. Os canais auditivos hígidos e com otite externa possuem condições de pH, temperatura e umidade que determinam o microclima auditivo. Modificações ocorridas no canal auditivo externo podem influenciar este microambiente. Dentre estas devem ser consideradas alterações na natureza do cerúmen, diâmetro luminal e inflamação ativa.

As alterações no canal auditivo facilitam o desenvolvimento de otite que é caracterizada pela inflamação da orelha externa. Para estes casos o tratamento inclui limpeza do canal auditivo, terapia tópica polifarmacêutica e terapia sistêmica. A produção de cerúmen, a temperatura e o pH estão diretamente ligados as condições do conduto auditivo externo de cães. A absorção de determinados antibacterianos tópicos pode variar de acordo com o pH auditivo, considerando ainda que o cerúmen interfere diretamente na manutenção do pH. A temperatura auditiva de cães, que é um método prático e rápido, sendo uma alternativa para obtenção da temperatura corporal de pequenos animais. Desta forma são necessários estudos que permeie entre estes parâmetros, a fim de manter a saúde auditiva dos cães.

Em virtude dos possíveis efeitos adversos ao uso de fármacos alopáticos, as plantas medicinais surgem como opção terapêutica de baixo custo, devido aos potenciais componentes com propriedades anti-inflamatórias e antimicrobianas. Além disto, existe imensa quantidade de matéria prima vegetal com propriedades terapêuticas disponíveis no Brasil e em outros países, com destaque para o

Rosmarinus officinalis L. e o Triticum vulgare. Existem poucos estudos do Rosmarinus officinalis L no tratamento da otite externa experimental e nenhum

estudo com Triticum vulgare, considerando que o primeiro tem ação anti-inflamatória comprovada e o segundo ação cicatrizante.

(17)

2 Objetivos

Objetivo geral

Avaliar o microclima do canal auditivo de cães e determinar o efeito do

Rosmarinus officinalis L. (alecrim) e do Triticum vulgare (trigo) em orelhas hígidas e

no tratamento da otite externa experimental não infecciosa de ratos Wistar.

Objetivos específicos

- Avaliar o pH do conduto auditivo de cães e relacionar com a quantidade de cerúmen;

- Relacionar a diferença entre as temperaturas retal e do canal auditivo com a conformação da concha acústica em cães;

- Avaliar o tratamento da otite externa não infecciosa em ratos Wistar com

Rosmarinus officinalis L. (extrato aquoso e óleo essencial) e Triticum vulgare (extrato

aquoso);

- Avaliar o efeito irritante local do Rosmarinus officinalis L. (extrato aquoso e óleo essencial) e do Triticum vulgare (extrato aquoso) em orelhas hígidas de ratos Wistar.

(18)

3 Revisão bibliográfica

3.1 Orelha externa de cães

A orelha externa é subdividida em pavilhão auricular e conduto auditivo externo com função de captar e localizar ondas sonoras. Esta estrutura é formada por cartilagem, revestida por pele normalmente lisa e semelhante à maioria das regiões do corpo, porém com epiderme fina, derme com anexos tais como folículos pilosos, glândulas sebáceas e apócrinas (GRIFFIN, 2006; HARVEY; HARAI; DELAUCHE, 2004; WHITE, 1999).

Os folículos pilosos estão presentes em toda a extensão do canal auditivo dos cães, sendo que em algumas raças aparecem em maior concentração. Os pelos podem acumular cerúmen e dificultar a drenagem. Já as glândulas secretam lipídeos, fosfolipídeos ácidos e mucopolissacarídeos que associadas com as células epiteliais descamadas, originam o cerúmen o qual recobre o canal auditivo (HARVEY; HARARI; DELAUCHE, 2004). A camada lipídica do cerúmen forma uma barreira com capacidade de evitar alteração no microambiente local e de controlar o desenvolvimento de microrganismos (GÓMEZ; CHACÓN; HOYOS, 2003; GURR; HARWOOD, 1991; NUTTALL; COLE, 2004). Estas propriedades antimicrobianas do cerúmen são evidenciados em pH mais baixo (SANDER, 2001).

3.2 Microclima do canal auditivo

Na orelha externa o pH, a temperatura e a umidade determinam o microclima auditivo (HARVEY; HARARI, DELAUCHE, 2004). Em condutos auditivos hígidos de cães o pH varia de 4,6 a 7,2, tornando-se mais alcalino nos casos de otite externa crônica purulenta e ulcerativa associado a isolamento de bactérias Gram negativas (GRONO, 1970a). O excesso de limpeza leva a maceração do epitélio e ainda ao aumento do pH, que por sua vez predispõe o desenvolvimento bacteriano (SANDER, 2001).

O estudo de Wiedemann et al. (2006) relaciona as temperaturas timpânicas e retal de 53 cães adultos de raças puras ou sem raça definida. A temperatura

(19)

timpânica das orelhas direita, esquerda e a temperatura retal é em média 37,20ºC±0,89, 37,29ºC±0,89 e 37,41ºC±1,15 respectivamente, demonstrando uma alta correlação entre elas, sendo que uma maior correlação é observada entre as temperaturas retal e timpânica esquerda. A diferença entre a temperatura retal e a auditiva observada por Grono (1970b) é em média 0,6°C, com variação de 0,1° a 1,2°C. Neste mesmo estudo é demonstrado que variações de 6,4ºC na temperatura ambiental promove uma variação de apenas 0,3ºC na temperatura auditiva. Neste contexto, alterações na temperatura sistêmica incluindo influência de condições climáticas e aquelas associadas à hipertermia por exercício extenuante podem ser refletidas nas temperaturas auditivas. Desta forma, é importante avaliar e relacionar as temperaturas retal e auditiva de cães de acordo com a conformação das conchas acústicas buscando validar a termometria auditiva, visto a praticidade desta técnica.

A temperatura e a umidade do meato acústico externo não diferem estatisticamente entre cães com e sem otite externa. A temperatura varia de 28,1ºC±0,6 a 34,0ºC±0,3 e a umidade de 84,1%±3,5 a 98,6%±1,0 nos animais saudáveis, já naqueles com sinais de otite externa a temperatura fica na faixa de 32,1ºC±4,2 e a umidade entre de 77,6%±26,3 a 95,9±19,0% (YOSHIDA; NAITO; FUKATA, 2002). Cães com peso inferior a 6kg, com menos de seis anos de idade apresentam maiores temperaturas auditivas do que aqueles com peso igual ou superior a 6kg e com seis ou mais anos de idade. E ainda, em temperaturas ambientais, abaixo de 25

ºC,

a temperatura auditiva é menor e, se encontra elevada em cães com pelos no canal auditivo (HUANG; HUANG, 1999).

O microambiente também pode ser influenciado por fatores predisponentes e primários, que facilitam o desenvolvimento de otite externa e a multiplicação da microbiota auditiva, bem como a infecção oportunística (NASCENTE et al., 2006). Como fatores predisponentes são destacados conformação da concha acústica, patologias obstrutivas, traumatismos, soluções tópicas irritantes e excesso de pelos no canal auditivo. Já como fatores primários devem ser considerados distúrbios dermatológicos, corpo estranho e ectoparasitas (FERNÁNDEZ et al., 2006; HARVEY; HARARI; DELAUCHE, 2004; MURPHY, 2001; SARIDOMICHELAKIS et al., 2007). As conchas acústicas pendulares dificultam a aeração do canal auditivo e desta forma predispõem a alterações do microclima, especialmente com relação a umidade e a temperatura, embora, terem sido encontradas médias das temperaturas

(20)

auditivas de 37,9ºC tanto nas orelhas eretas como nas pendulares (GRONO, 1970b).

3.3 Otite externa

Otite externa é uma enfermidade comum em pequenos animais, que se caracteriza pela inflamação da orelha externa (MUELLER et al., 2011a; NASCENTE et al., 2006). Esta enfermidade parece não ter predileção por sexo (GIRÃO et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2005), porém estudos demonstram maior acometimento de cães das raças poodle, cocker spaniel inglês e pastor alemão, além de cães sem raça definida (FERNÁNDEZ et al., 2006; GIRÃO et al., 2006; KISS; RADVÁNYI; SZIGETI, 1997; MUELLER et al., 2011b; OLIVEIRA et al., 2005).

Esta alteração clínica pode ser uni ou bilateral, aguda ou crônica, ceruminosa ou purulenta e envolver a proliferação de bactérias e leveduras da microbiota, como

Staphyloccocus intermedius e Malassezia pachydermatis. Também pode ocorrer a

colonização da orelha externa por bactérias potencialmente patogênicas como

Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa e Proteus sp, entre outras,

resultando muitas vezes na evolução de uma otite ceruminosa para uma otite purulenta (MUELLER et al., 2011a; MUELLER, 2011b; NOBRE et al., 1998; NOBRE et al., 2001).

As alterações observadas na otite aguda são representadas pela presença de eritema, edema, secreção escassa ou exsudato profuso de odor fétido, bem como, ulceração do canal vertical e das faces côncavas da orelha (MACTAGGART, 2008). Já nos casos de otite crônica-recorrente além destes, a pele que reveste a orelha externa pode se tornar espessada e com pequenos nódulos que podem obstruir o lúmen do canal auditivo (KISS; RADVÁNYI; SZIGETI, 1997; SARIDOMICHELAKIS et al., 2007).

Em vista da necessidade de estudos in vivo de otite em modelo experimental, tem sido utilizado como agente indutor de inflamação cutânea da orelha extena o óleo de cróton, através da inoculação de 25 a 80µL do agente isoladamente ou em solução 2,5 a 5,0% em acetona (ALTINIER et al., 2007; RYU et al., 2010; SHIN et al., 2010). Quando em solução 5% em acetona na dose de 50µL induz severo eritema e edema, indicando derrame vascular de constituintes do soro (SHIN et al., 2010).

(21)

O óleo de cróton é um óleo essencial rico em glicerídeos e ácidos graxos saturados e em ésteres de phorbol (SIGMA-ALDRICH, 2011). Os ésteres de phorbol são encontrados naturalmente em plantas das famílias Euphorbiacaeae e Thymelaeaceae, são diterpenos tetracíclicos conhecidos pela atividade promotora de tumor. Este composto também pode agir como irritante da pele. Nestes casos, a reposta inflamatória ocorre pela liberação de histamina, ativação de leucócitos, liberação de IL-2, liberação de proteases, citoquinas e pela ativação de NADPH oxidase (GOEL et al., 2007).

O tratamento descrito para otite externa em cães inclui limpeza do canal auditivo externo com removedores de cerúmen, lavagem auditiva com solução salina, formulações comerciais tópicas, contendo anti-inflamatório, antibacteriano e antifúngico e, em alguns casos, terapia sistêmica (MUELLER, 2009; MUELLER et al., 2011a).

O cerúmen pode ser removido com substâncias moderadamente hidrossolúveis como os agentes secantes tais como álcool isopropílico, dimetilsulfóxido, dióxido de silicone, acetato de alumínio e ácidos orgânicos como lático, málico, bórico e salicílico e ainda, com agentes ceruminolíticos incluindo, dioctil sulfossuccinato de sódio, propilenoglicol, esqualeno, trietanolamina, glicerina anidra, laurilsulfato de sódio, lanolina e óleo mineral (LEITE, 2008). O propilenoglicol tem sido utilizado em formulações otológicas tópicas veterinárias com a finalidade de fluidificar e dissolver o cerúmen auditivo (NUTTALL; COLE, 2004). Também está presente como veículo em medicamentos e produtos dermatológicos, porém já foram descritos casos de reações dérmicas adversas ao uso de propilenoglicol (GELLER et al., 2010).

Ainda nos casos de otite externa com isolamento de bactérias ou leveduras, a acidificação do canal auditivo está indicada como terapia auxiliar baseada em estudos in vitro e in vivo (KIM; CHO, 2009; MENDELSOHN et al., 2005; SANDER, 2001; SWINNEY et al., 2008; THORP et al., 1998). Este procedimento prejudica a atividade enzimática dos microrganismos, especialmente bactérias Gram negativas, que precisam de pH mais alcalino (AMINIFARSHIDMEHR, 1996; GRONO, 1970a). No entanto, a acidificação do microambiente pode interferir na ação de antibacterianos, como aminoglicosídeos e quinolonas, que tem atividade facilitada em meio alcalino (OLIVEIRA; CIPULLO; BURDMANN, 2006; RIERA et al., 2008).

(22)

Estudo demonstrou atividade in vitro de plantas medicinais frente a isolados de otite externa (NOGUEIRA et al., 2008). O Brasil possui plantas medicinais potencialmente terapêuticas, porém pouco conhecidas e utilizadas sem comprovação de eficácia e segurança. Desta forma, se faz necessário a investigação científica na área buscando o descobrimento de novas moléculas terapêuticas e o desenvolvimento de produtos nacionais (SIMÕES; SCHENKEL, 2002).

3.4 Considerações sobre plantas medicinais e métodos de extração

Para os óleos voláteis pode ser utilizada a técnica de arraste por vapor d’água em aparelho Clevenger. A extração é facilitada porque os óleos possuem tensão de vapor mais elevada que a água e por isto são arrastados pelo vapor. Após extração o óleo deve ser seco com Na2SO4 anidro. Por este método serão obtidas

substâncias desejáveis e indesejáveis, respectivamente com atividades farmacológicas ou potencialmente tóxicas (SIMÕES; SPITZER, 2003).

Já os extratos vegetais podem ser obtidos por ultrassom utilizando-se como solvente a água destilada. Nesta técnica, pode-se colocar a amostra vegetal com o solvente em aparelho de ultrassom durante aproximadamente 40 minutos, visando à obtenção de compostos hidrossolúveis (GONÇALVES-GERVÁSIO; VENDRAMIM, 2004, 2007).

Nas plantas, entre os metabólitos secundários solúveis em água e em solventes orgênicos polares, são incluídos compostos fenólicos entre estes, taninos e flavonóides, cujas estruturas químicas possuem anéis aromáticos com pelo menos um grupamento hidroxila. Nos vegetais estes compostos podem estar livres ou complexados a açúcares e proteínas (ANGELO; JORGE, 2007).

Taninos são metabólitos secundários de grande interesse econômico e ecológico, cuja propriedade adstringente confere atividades como antidiarréico, antisséptico, impermeabilizante cutânea e de mucosas e ainda, atividades antifúngicas e antimicrobianas (BELE; JADHAV; KADAM, 2010; MONTEIRO et al., 2005).

Flavonóides são produtos amplamente distribuídos no reino vegetal e têm demonstrado ações terapêuticas, possivelmente por inibição de sistemas enzimáticos, conferindo efeitos antimicrobiano, antiviral, antiulcerogênico,

(23)

antineoplásico, antioxidante, antihepatotóxico, antihipertensivo, hipolipidêmico, anti-inflamatório e antiplaquetário (MACHADO et al., 2008).

É importante considerar que diversos fatores isolados ou combinados podem influenciar na composição química e consequentemente, nos extratos e óleo essencial das plantas. Dentre os principais se destacam sazonalidade, ritmo circadiano, estágio de desenvolvimento da planta, temperatura ambiental, disponibilidade hídrica, radiação ultravioleta, adição de nutrientes, altitude, níveis de poluição atmosférica, fatores mecânicos e patógenos que danificam a planta (GOBBO-NETO; LOPES, 2007).

Outro fator importante a considerar é o método de extração utilizado, visto que as técnicas e os solventes são seletivos para obtenção de substâncias desejadas ou em maior quantidade nos extratos. Neste caso, deve-se considerar a toxicidade do solvente e o risco de manuseio, bem como o custo e a estabilidade das substâncias extraídas (FALKENBERG; SANTOS; SIMÕES, 2003).

Entre as plantas com potencial atividade medicinal que têm sido estudadas com diferentes aplicações terapêuticas, destacam-se o Rosmarinus officinalis L. e o

Triticum vulgare.

3.4.1 Rosmarinus officinalis L.

Rosmarinus officinalis L. é uma planta que pertence à família Lamiaceae,

planta aromática e perene de origem mediterrânea, conhecida popularmente como alecrim, jardim, rosmarino, alecrinzeiro, alecrim comum, alecrim-de-cheiro, alecrim-de-horta, erva-coada, flor-do-olimpo e rosa-marinha e rosmarinho (LORENZI; MATOS, 2002). Compostos taninos e flavonóides foram encontrados em amostras de R. oficcinalis (CORDEIRO et al., 2006a; CORDEIRO et al., 2006b), os quais possuem propriedades anti-inflamatórias, antissépticas, cicatrizantes e antioxidantes (AFONSO et al., 2010; ALTINIER et al., 2007; SANTOS; MELLO, 2003; ZUANAZZI; MONTANHA, 2003). Além destes, foram destacados pelas propriedades anti-inflamatórias, compostos como carnasol, ácido betulínico e ácido ursólico (BENINCÁ et al., 2011). Também foi relatada atividade antimicrobiana do óleo e dos extratos do alecrim, demonstrada em estudos in vitro contra bactérias e leveduras como Staphylococcus aureus, E. coli, P. aeruginosa, Listeria

(24)

(ALVARENGA et al., 2007; CELIKTAS et al., 2007; NICULAE et al., 2007; PACKER; LUZ, 2007).

A ação anti-inflamatória e antinociceptiva do alecrim foi demonstrada in vivo utilizando modelos experimentais. No estudo de Altinier et al. (2007) foi avaliada a ação anti-inflamatória de três extratos de alecrim, n-hexano, clorofórmio e metanólico, através da inibição do edema na orelha de camundongos causado por óleo de cróton. O extrato com clorofórmio apresentou os melhores resultados, semelhantes ao do grupo tratado com indometacina, um anti-inflamatório não esteroidal.

Já no estudo de Takaki et al. (2008), o pré-tratamento com óleo de alecrim por via oral em diferentes doses, 30 minutos antes da aplicação de carragenina subplantar e por via intrapleural em ratos, resultou na inibição do edema de membro pélvico semelhante a indometacina e na redução do volume pleural de exsudato inflamatório e do número de células migratórias. Neste mesmo estudo, o óleo de alecrim apresentou atividade antinociceptiva frente a estímulo químico ocasionado pela administração intraperitonial de ácido acético em camundongos, o que sugere inibição da dor periférica.

Recentemente, resultados em modelo experimental sugerem que o uso do extrato etanólico desta planta pode prevenir e moderar os sintomas clínicos de atopia (TAKANO; INOKUCHI; KURACHI, 2011). Também em modelo experimental o pré-tratamento intraperitonial com diferentes doses de extrato cru de alecrim, frações derivadas (hexano, etil acetato e etanólico) e compostos isolados (carnosol, ácido betulínico e ácido ursólico), 0,5h antes da indução de pleurisia por carragenina apresentou um marcado efeito anti-inflamatório por inibir a liberação de mediadores pró-inflamatórios incluindo NOX, IL-1β e TNF-α, bem como reduzindo a ativação

leucocitária no local da inflamação (BENINCÁ et al., 2011).

3.4.2 Triticum vulgare

O Triticum vulgare é uma gramínea de ciclo anual popularmente conhecida como trigo, pertencente à família Poaceae (SOUZA; LORENZI, 2008). Vem sendo utilizada como alimento há milênios e, pesquisas recentes apontam propriedades medicinais (CARVALHO et al., 2008; SOUZA; LORENZI, 2008), principalmente relacionadas com sua ação antioxidante e cicatrizante (NELINA; RUÍZ, 2005; OLIVEIRA et al., 2007; TILLMANN, 2011). A ação antioxidante do T. vulgare se deve

(25)

a presença de compostos fenólicos (OLIVEIRA et al., 2007) e a ação cicatrizante pela presença de fitoestimulinas que agem sobre os fibroblastos (SOLÓRZANO et al., 2001). O trigo estimula a mitose e a motilidade dos fibroblastos o que reduz o tempo de cicatrização (SOUZA et al., 2006).

Não foram encontrados, na literatura consultada, estudos conduzidos em animais experimentais que determinem a ação do T. vulgare nos casos de otite externa. Porém, quando utilizado por 14 dias com finalidade cicatrizante, o creme contendo extrato aquoso de trigo estimula a fase inflamatória em feridas cutâneas, o que sugere propriedades pró-inflamatórias (TILLMANN, 2011).

Estudos com esta planta foram conduzidos em equinos, felinos, cães e coelhos com finalidade de cicatrização. Em equinos com lesões cutâneas induzidas o uso tópico de creme à base de T. vulgare intensificou a migração de células reparadoras até o local, estimulou a multiplicação de fibroblastos e produção de colágeno, melhorando alinhamento e reduzindo o tempo de cicatrização (SOUZA et al., 2006).

Este creme também foi utilizado a cada 8h por sete dias em felinos persa com seqüestro corneano após procedimento de ceratectomia lamelar seguida de

flap de terceira pálpebra ou enxerto pediculado de conjuntiva, sem evidências de

resultados adversos (GALERA et al., 2008). A utilização tópica de creme comercial à base de T. vulgare duas vezes ao dia, em seguida da limpeza com solução salina, acelerou a cicatrização por primeira intenção em feridas cutâneas de gatas submetidas à ovariosalpingohisterectomia, sob ponto de vista clínico, macroscópico e histológico em relação aos grupos referência e controle, tratados respectivamente com creme comercial à base de Helianthus annuus e água destilada (GODEIRO et al., 2010).

A aplicação de creme comercial após ceratectomia superficial em cães apresentou reparação corneal mais organizada que o controle NaCl 0,9%. Neste mesmo estudo, o autor infere que pelas propriedades estimulantes sobre fibroblastos e na produção de colágeno este creme pode ser uma alternativa nos tratamentos de ceratites com comprometimento estromal (ORTIZ, 2009). Creme contendo extrato aquoso de T. vulgare 2mg/mL utilizado em feridas cutâneas de coelhos uma vez ao dia por até 21 dias, após prévia limpeza com NaCl 0,9%, apresentou melhor resultado na avaliação tensiométrica do que os cremes de trigo a 10mg/mL e creme não-iônico (TILLMANN, 2011).

(26)

4.1 Artigo 1

pH evaluation of the auditory canal and its relationship with the amount of cerumen in dogs

(27)

ABSTRACT.- Mueller E.N., Bergmann L.K., Félix A.O.C. & Nobre M.O. 2011. [pH evaluation of the auditory canal and its relationship with the amount of cerumen in dogs.] Avaliação do pH do canal auditivo e

relação com a quantidade de cerúmen em cães. Pesquisa Veterinária Brasileira 00(0):00-00. ClinPet – Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Clínica de Pequenos Animais, Faculdade de Veterinária, Universidade Federal de Pelotas, Campus Universitário Capão do Leão s/nº, Pelotas, RS, 96.010- 900, Brasil. E-mail: enmuellervet@yahoo.com.br

This study aimed to evaluate the pH of the auditory canal in dogs and relate it to the amount of cerumen. Sixty dog ears that have been previously inspected by otoscopy in order to assess the presence and quantify the cerumen as absent to mild (group I) or moderate to intense (group II). The auditory canal was flushed with saline solution which was aspirated and placed in sterile test tube and measured with pH indicator strips. The pH ranged from 5.0 to 8.0. In the group I ears the pH ranged from 6.0 to 8.0, and in those in group II it ranged from 5.0 to 8.0. The pH below 7.0 was observed in 26.6% of the ears in group II, and in 3.3% of the ears in group I, showing negative correlation between amount of cerumen and ear pH (p=0,0271). Under the conditions of this study, the pH of the ear canal of dogs is neutral and can acidify with increasing the amount of cerumen.

INDEX TERMS: external ear, auditory canal, microclimate.

RESUMO.-Objetivou-se avaliar o pH do conduto auditivo de cães e relacionar com a quantidade de

cerúmen. Foram estudadas 60 orelhas de cães, previamente inspecionadas por otoscopia para avaliar a presença e quantificar o cerúmen em ausente a leve (grupo I) ou moderado a intenso (grupo II). O canal auditivo foi lavado com solução fisiológica a qual foi aspirada e depositada em tubo de ensaio estéril e avaliado com fitas indicadoras de pH. Considerando todas as orelhas estudadas o pH variou de 5,0 a 8,0, nas orelhas do grupo I o pH ficou entre 6,0 a 8,0 e naquelas do grupo II entre 5,0 a 8,0. O pH abaixo de 7 foi observado em 26,6% das orelhas do grupo II e em 3,3% das orelhas do grupo I, demonstrando correlação negativa entre quantidade de cerúmen e pH auditivo (p=0,0271). Nas condições deste estudo, o pH do canal auditivo de cães é neutron e pode acidificar com aumento da quantidade de cerúmem.

TERMOS DE INDEXAÇÃO: orelha externa, canal auditivo, microclima.

INTRODUCTION

The auditory microclimate of dogs has been studied for some time, determining pH (Grono 1970a), temperature (Grono 1970b), and humidity conditions (Grono 1970c) in healthy ears and in cases of otitis externa. The changes that took place in the external auditory canal can have influence in this microenvironment (White 1999, Saridomichelakis et al. 2007).

IRecebido em ...

Aceito em ...

2 Mestre. Doutorando, Programa de Pós-Graduação em Veterinária, Faculdade de Veterinária (FV),

Universidade Federal de Pelotas (UFPel). ClinPet – Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Clínica de Pequenos Animais, Faculdade de Veterinária, UFPel, Campus Universitário Capão do Leão s/nº, CEP 96.010- 900, Pelotas, RS, Brasil. (53) 32757472.*Corresponding author: enmuellervet@yahoo.com.br 3 Graduanda em Medicina Veterinária, ClinPet – Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Clínica de

Pequenos Animais, Faculdade de Veterinária, UFPel, Campus Universitário Capão do Leão s/nº, CEP 96.010- 900, Pelotas, RS, Brasil. lk.bergmann@gmail.com

4 Mestre. Doutoranda, Programa de Pós-Graduação em Veterinária, ClinPet – Grupo de Pesquisa, Ensino e

Extensão em Clínica de Pequenos Animais, Faculdade de Veterinária, UFPel, Campus Universitário Capão do Leão s/nº, CEP 96.010- 900, Pelotas, RS, Brasil. anecampello@hotmail.com

5 Doutor. Professor Adjunto, Departamento de Clínicas Veterinária, ClinPet – Grupo de Pesquisa, Ensino e

Extensão em Clínica de Pequenos Animais, Faculdade de Veterinária, UFPel, Campus Universitário Capão do Leão s/nº, CEP 96.010- 900, Pelotas, RS, Brasil. marciaonobre@gmail.com

(28)

The epithelium of the external auditory canal produces cerumen in a small quantity that acts as a protective barrier (Gomez et al. 2003, Nuttall & Cole 2004). Furthermore, this lipid-rich cerumen has antimicrobial properties possibly due to low pH (Bortz et al. 1990, Sander 2001, Gothelf 2006).

The increase in the quantity and change in the composition of cerumen, including decrease in lipid content (Huang et al. 1994), is associated with hyperactivity of the sebaceous and apocrine glands, a situation that predisposes to infection and perpetuation of inflammation (White 1999, Masuda et al. 2000).

Therefore, it is important to relate the pH of the ear canal with the amount of cerumen in dogs, as has been developed in human studies, determining the changes induced by this relationship in the ear canal. In this context, it was aimed to evaluate the pH of the ear canal of dogs and relate it to the amount of cerumen.

MATERIALS AND METHODS

Thirty dogs, male and female, aged from 1 to 8 years old, with semi pendulous ears, in a total of 60 evaluated ears were studied. Ears were previously inspected by otoscopy and all them were healthy. According to the amount of cerumen the ears were divided in two groups, each one of them with 30 ears. In group I the ears that had absent to mild amount of cerumen were studied, and in group II the ones that presented moderate to intense amount of cerumen, according as Mueller et al. (2011).

The measurement of ear pH was carried out with ear instillation in the external auditory canal of 3 mL of saline solution (NaCl 0.9%), at 37 ° C with the help of a urethral probe number 8 connected to a 5 mL syringe. The volume was immediately aspirated and placed in sterile tube for immediate measurement of pH, performed in triplicate with pH indicator strip (Macherey-Nagel®) that was kept in contact with the contents of the wash during two seconds.

In order to analyze the relationship between the amounts of cerumen with the auditory pH it was used the Pearson correlation test extracted from the Statistix 9.0 statistic package.

RESULTS

The auditory pH ranged from 5.0 to 8.0 (average 6.9). Auditory canals with pH 7.0 (76.7%) were predominant in the two groups studied. In ears with absent to mild cerumen the pH ranged from 6.0 to 8.0 and in those with moderate to intense cerumen it ranged from 5.0 to 8.0 (Table 1).

The pH below 7.0 was observed in 26.6% (n=8) of the ears with moderate to intense amount of cerumen and in 3.3% (n=1) of the ears with absent to mild cerumen. Thus showing a negative correlation between the amount of cerumen and auditory pH (p=0.0271), therefore, as the amount of cerumen increases, the pH tends to be more acid.

DISCUSSION

This study showed that 92% presented pH considered physiologic for healthy ears of dogs between 4.6 and 7.2 (Grono 1970a). Probably in these ears the cerumen works as a protective barrier avoiding alteration in the microenvironment (Gómez et al. 2003, Nuttall & Cole 2004). The cerumen present in the healthy auditory canal is rich in lipids (Bortz et al. 1990, Gothelf 2006) and has antimicrobial properties that are evidenced in low pH (Sander 2001). The lipid layer forms a barrier with the ability of holding water, foreign bodies and controlling the development of microorganisms (Gurr & Harwood 1991).

In dogs with healthy auditory canal the cerumen is composed, in average, of 49.7% of lipids, whereas in dogs with otitis it is 24.4%, showing a decrease in the lipidic content with the development of otitis (Huang et al. 1994). The main lipidic constituents of the cerumen in dogs are: cholesterol, cholesterol esters, free fatty acids, fatty aldehydes, waxes, triglycerides, lecithin and sphingomielyn (Huang et al. 1994).

In dogs with otitis externa the ear pH range from 5.2-7.4 (Grono 1970a). The otitis externa in dogs is associated with the increased amounts of cerumen with proliferation of bacteria and yeast microbiota such as Staphylococcus intermedius and Malassezia pachydermatis or even with the colonization of potentially pathogenic bacteria like Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa and Proteus sp., among others, many times resulting in the evolution of a ceruminous otitis to a purulent one (Nobre et al. 1998, Nobre et al. 2001, Mueller et al. 2011). The enzymatic activities of the microorganisms depends on pH, as Pseudomonas aeruginosa, Proteus sp. and Staphylococcus aureus were isolated, in humans, in the

(29)

cases of chronic otitis media of auditory canals with pH ranging from 8 to 10 (Aminifarshidmehr 1996). The more alkaline pH was also observed in cases of chronic purulent and ulcerative external otitis associated to isolation of Gram negative bacteria in dogs (Grono 1970a). The average pH of the healthy auditory canal was of 5.4 (+/-0.48) whereas in ears with acute and chronic otitis it was observed a loss in the acidity directly related to the degree of severity of human otitis (Martinez Devesa et al. 2003, Kim & Cho 2009).

The acidification of the auditory canal is indicated by in vitro and in vivo studies for the treatment of otitis with the presence of bacteria or yeasts (Aminifarshidmehr 1996, Thorp et al. 1998, Sander 2001, Mendelsohn et al. 2005, Swinney et al. 2008, Kim & Cho 2009). The moderate and severe otitis treated with topic solutions with antibiotics or vinegar during one and two weeks responded similarly to the mild otitis, even though there has been a significant difference between the initial and final pH of the moderate and severe otitis when compared with the mild one (Kim & Cho 2009).

The continuity of the pH studies of the acoustic meatus of dogs is important for the evaluation of dogs with ear disease as for the response to acidic treatments. Similarly, it is also necessary to evaluate the cerumen lipid composition of healthy dogs with ceruminous and purulent otitis and associate it to the pH of the ear.

CONCLUSIONS

Under the conditions of this study, the pH of the ear canal of dogs is neutral and can acidify with increasing the amount of cerumen.

Acknowledgements.- To CNPq for financial support (process number 481605/2010-0) and CAPES for

offering post graduation scholarships.

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Table 1. Demonstration of the pH of the auditory canal of healthy ears of dogs linked to the amount of cerumen Auditory pH Ears (Amount of Cerumen) Absent to mild n (%) Moderate to intense n (%) Total n (%) 5,0 - 1 (3,3) 1 (1,7) 6,0 1 (3,3) 7 (23,3) 8 (13,3) 7,0 26 (86,7) 20 (66,7) 46 (76,7) 8,0 3 (10,0) 2 (6,7) 5 (8,3) Total 30 (100) 30 (100) 60 (100)

(31)

4.2 Artigo 2

Relação da diferença das temperaturas retal e do canal auditivo de acordo com a conformação da concha acústica em cães

(32)

Relationship of the difference in rectal and ear canal temperature according to the

3

conformation of the acoustic conch in dogs

4

5

Eduardo Negri MuellerI* Lucimara Konflanz BergmannII Andreia Nobre AnciutiII

6

Mariana Teixeira TillmannI Márcia de Oliveira NobreIII

7

8

RESUMO

9

Objetivou-se relacionar a diferença das temperaturas retal e do canal auditivo de

10

acordo com a conformação da concha acústica em cães. Foram utilizados 111 cães hígidos

11

com orelhas ereta (grupo I), semi-pendular (grupo II) e pendular (grupo III) com 37 animais

12

cada. A aferição da temperatura retal (TR) foi realizada com termômetro tradicional coluna de

13

mercúrio e aferição da temperatura de ambas as orelhas externas com termômetro auricular

14

infravermelho. Foi obtida temperatura auditiva média (TAM) e realizada diferença entre TR e

15

TAM, sendo os resultados classificados em escores, A=TAM<TR em até 1,2ºC e

16

B=TAM<TR em mais de 1,2ºC. A média da TAM foi 37,15ºC±0,81, enquanto que a da TR

17

foi 38,68ºC±0,59. A diferença média entre TAM e TR foi 1,53ºC±0,75. Setenta e uma orelhas

18

(63,96%) foram classificadas no escore B e 40 (36,04%) no escore A. A média da TAM foi

19

37,17°C±0,85, 37,35°C±0,50 e 36,93ºC±0,96 respectivamente nos grupos I, II e III. Não

20

houve influência do tipo de orelha na TAM (p=0,5097). A diferença média entre a TR e TAM

21

no grupo I foi 1,57ºC±0,65, no grupo II 1,26ºC±0,49 e no III 1,76ºC±0,96. Predominaram

22

orelhas no escore B independente do tipo (p=0,7606). Nas condições deste estudo a

23

I

Programa de Pós-Graduação em Veterinária, Faculdade de Veterinária, Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Clínica de Pequenos Animais (ClinPet), Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Campus Universitário, 96010-900, Pelotas, RS, Brasil. E-mail: enmuellervet@yahoo.com.br . *Autor para correspondência.

II

Graduanda em Medicina Veterinária, Faculdade de Veterinária, ClinPet, UFPel, Pelotas, RS, Brasil.

III

(33)

temperatura auditiva média é menor que a retal 1,53°C±0,75 e a conformação da orelha não

1

influencia na temperatura auditiva média em cães.

2

Palavras-chave: orelha externa, microclima, termometria.

3

4

ABSTRACT

5

This study aimed to relate the difference of rectal and auditory canal temperatures

6

according to acoustic conch conformation in dogs. One hundred and eleven dogs were used

7

with erect ears (group I), semi-pendulous (group II) and pendulous (group II) with 37 animals

8

each group. The measurement of rectal temperature (TR) was realized with traditional

9

thermometer mercury column and measurement of both external ears temperature with

10

infrared ear thermometer. The average hearing temperature (TAM) was obtained and realized

11

difference between TR and TAM, being the results classify in scores, A=TAM<TR until

12

1.2°C and B=TAM<TR more than 1.2°C. The average of TAM was 37.15°C±0.81, whereas

13

that TR was 38.68ºC±0.59. The average difference between TAM and TR was 1.53ºC±0.75.

14

Seventy one ears (63.96%) were classify in the score B and 40 (36.04%) in the score A. The

15

TAM average was 37.17°C±0.85, 37.35°C±0.50 and 36.93°C±0.96 respectively in groups I,

16

II, III. There was no difference in the type of ear in TAM (p=0,5097). The average difference

17

between the TR and TAM in the group I was 1.57°C±0,65, in group II 1.26°C±0.49 and in the

18

III 1.76ºC±0.96. Predominated ears in the score B independent of type (p=0.7606). In the

19

conditions of this study the average ear temperature is lower than the rectal temperature by

20

1.53°C±0.75 and the conformation of the ear does not influence the average ear temperature.

21

Key words: external ear, microclimate, thermometry.

22

23

24

(34)

INTRODUÇÃO

1

A avaliação da temperatura auditiva é um método alternativo para obtenção da

2

temperatura corporal de pequenos animais, devido a sua praticidade e rapidez quando

3

comparada a aferição por via retal (ALENCAR-JÚNIOR et al., 2007).

4

Este parâmetro clínico é utilizado com bons resultados em humanos (MACHADO &

5

ANDRADE, 2008; VERTEDOR-HURTADO et al., 2009), porém em cães alguns fatores

6

podem influenciar o microclima, e incluem anatomia da orelha, diferentes conformações da

7

concha acústica e, características individuais como a presença de pelos, produção de cerúmen

8

e reações inflamatórias (WHITE, 1999; MURPHY, 2001; HARVEY et al., 2004;

9

ALENCAR-JÚNIOR et al., 2007).

10

Sendo assim, é necessário estudar a temperatura auditiva de cães e estabelecer critérios

11

para a utilização deste recurso, principalmente em situações em que ocorre o impedimento ou

12

a dificuldade da obtenção da temperatura retal, provocados principalmente por enfermidades

13

anais e perianais. Neste contexto, objetivou-se relacionar a diferença das temperaturas retal e

14

do canal auditivo de acordo com a conformação da concha acústica em cães.

15

16

MATERIAL E MÉTODOS

17

Foram avaliados 111 cães sem sinais clínicos de otite externa, desta forma totalizando

18

222 conchas acústicas. Os cães estudados foram 52 machos e 59 fêmeas, todos adultos.

19

Os animais foram mantidos em repouso nos 30 minutos que antecederam as aferições

20

das temperaturas. A aferição da temperatura retal (TR) foi obtida com termômetro tradicional

21

coluna de mercúrio na ampola retal durante três minutos. A temperatura do conduto auditivo

22

externo direito foi aferida com termômetro auricular infravermelhoa introduzido no canal

23

auditivo externo, acionado e mantido até emissão de sinal sonoro. O procedimento foi

(35)

repetido no conduto auditivo externo esquerdo e em seguida, obtida a temperatura auditiva

1

média (TAM).

2

Foi realizada a diferença entre TR e TAM, sendo os resultados obtidos expressos de

3

acordo com os seguintes escores: A= quando a TAM era menor que a TR (TAM<TR) em até

4

1,2ºC; B= quando TAM era menor que TR (TAM<TR) em mais de 1,2ºC. Também foi

5

avaliada a influência da conformação auditiva na TAM, sendo os animais agrupados de

6

acordo com a morfologia das orelhas em ereta (Grupo I), semi-pendular (Grupo II) ou

7

pendular (Grupo III) com 37 cães cada.

8

Foi obtida a média da diferença entre TR e TAM de acordo com a conformação da

9

concha acústica. Para a análise estatística foi realizado o teste de qui-quadrado (Statistix 9.0).

10

11

RESULTADOS E DISCUSSÃO

12

O valor médio da TAM das orelhas eretas (Grupo I) foi de 37,17°C±0,85, das orelhas

13

semi-pendulares (Grupo II) de 37,35°C±0,50 e das orelhas pendulares foi de 36,93ºC±0,96,

14

não havendo diferenças entre o tipo de orelha e a TAM (p=0,5097). O estudo de HUANG &

15

HUANG (1999), também demonstrou temperatura auditiva ao redor de 38,0ºC sem diferenças

16

significativas entre os tipos de orelha pendular, ereta e semi-ereta. A diferença entre a TAM e

17

TR nas orelhas eretas foi de 1,57ºC±0,65 enquanto que nas semipendulares foi de

18

1,26ºC±0,49 e nas pendulares de 1,76ºC±0,96ºC, não tendo sido demonstrado diferença

19

estatística entre os grupos (p=0,7606) (Tabela 1).

20

A TAM variou de 34,35ºC a 39,25ºC (média 37,15ºC±0,81), enquanto que a TR

21

variou de 36,8ºC a 41,0ºC (média 38,68ºC±0,59). A diferença média entre TR e TAM foi de

22

1,53ºC±0,75, sendo que nos cães machos esta diferença foi de 1,50ºC±0,76 e nas fêmeas de

23

1,55ºC±0,74. A diferença foi maior do que a descrita na literatura que considera a temperatura

24

auditiva em orelhas hígidas como sendo em média 0,6ºC menor que a retal, variando de 0,1ºC

(36)

a 1,2ºC (GRONO, 1970). Ao agrupar os valores obtidos em escores foi observado que 71 cães

1

(63,96%) apresentaram a TAM menor que a TR (TAM<TR) em mais de 1,2ºC (escore B) e

2

40 (36,04%) apresentaram a TAM menor que a TR (TAM<TR) em até 1,2ºC (escore A).

3

Estudo comparando a temperatura auditiva média das orelhas direita e esquerda com a

4

temperatura retal observou respectivamente as seguintes médias 37,20ºC±0,89, 37,29ºC±0,89

5

e 37,41ºC±1,15, demonstrando uma alta correlação entre a TAM e a TR (WIEDEMANN et

6

al., 2006). Semelhante avaliação foi realizada obtendo média de 38,4ºC±0,7 na orelha direita,

7

esquerda e temperatura retal de 39,1ºC±0,6 (HUANG & HUANG, 1999).

8

Foram avaliadas apenas orelhas hígidas, porque o processo inflamatório na orelha

9

externa pode alterar o microclima auditivo (NASCENTE et al., 2006; MUELLER et al.,

10

2011a; MUELLER et al., 2011b) e possivelmente altera a relação desta temperatura com a

11

temperatura retal. Além disto, já foi encontrada alta correlação entre as temperaturas retal e

12

auditiva de cães com otite externa leve ou severa (GONZÁLEZ et al., 2002). Também é

13

necessário considerar que nos casos de otite externa a alta sensibilidade a dor, devido a

14

inflamação pode dificultar o uso da termometria timpânica em cães (WIEDEMANN et al.,

15

2006). Desta forma, o termômetro auditivo na rotina não serve de parâmetro clínico para

16

obtenção da temperatura sistêmica, não substituindo o uso de termômetro por via retal em

17

cães. Embora seja importante utilizar este método em pediatria e em condições em que haja

18

impedimento da aferição da temperatura retal, considerando que é uma técnica rápida, prática

19 e não invasiva. 20 21 CONCLUSÃO 22

Nas condições deste estudo a temperatura auditiva média é menor que a retal

23

1,53°C±0,75 e a conformação da orelha não influencia na temperatura auditiva média em

24

cães.

(37)

AGRADECIMENTOS

1

Ao CNPq pelo apoio financeiro (processo número 481605/2010-0) e a CAPES pela

2

concessão da bolsa de pós-graduação.

3

4

FONTES DE AQUISIÇÃO

5

a – BABY CARE – Incoterm®

6

7

REFERÊNCIAS

8

ALENCAR-JÚNIOR, V.P. et al. Avaliação do termômetro auricular em cães normotérmicos.

9

Acta Scientiae Veterinariae, v.35, supl.2, p.408-409, 2007.

10

GONZÁLEZ, A.M. et al. Measurement of body temperature by use of auricular thermometers

11

versus rectal thermometers in dogs with otitis externa. Journal of the American Veterinary

12

Medical Association, v.221, n.3, p.378–380, 2002. Disponível em:

13

<http://www.admon.com/wp-content/uploads/2010/09/JAVMA-Article.pdf>. Acesso em: 01

14

ago. 2011.

15

GRONO, L.R. Studies of the microclimate of the external auditory canal in the dog I - aural

16

temperature. Research in Veterinary Science, v.2, p.307-311, 1970.

17

HARVEY, R.G. et al. Doenças do ouvido de cães e gatos. Rio de Janeiro: REVINTER,

18

2004. 272p.

19

HUANG, H.P.; HUANG, H.M. Effects of ear type, sex, age, body weight, and climate on

20

temperatures in the external acoustic meatus of dogs. American Journal of Veterinary

21

Research, v.60, n.9, p.1173-1176, 1999.

22

MACHADO, A.V.S.; ANDRADE, M.M.M. O ciclo vigília/sono antes e após intervenção na

23

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Humano, v.5, n.2, p.33-45, 2008. Disponível em: <

1

http://www.upf.br/seer/index.php/rbceh/article/view/127>. Acesso em: 20 jul. 2011.

2

MUELLER, E.N. et al. Avaliação do efeito da lavagem do canal auditivo externo em orelhas

3

com otite externa purulenta bilateral. MEDVEP – Revista Científica de Medicina

4

Veterinária – Pequenos Animais e Animais de Estimação, v.9, n.28, p.147-150, 2011a.

5

MUELLER, E.N. et al. Otite externa ceruminosa e purelenta em cães. A Hora Veterinária,

6

v.30, n.179, p.38-40, 2011b.

7

MURPHY, K.M. A review of techniques for the investigation of otitis externa and otitis

8

media. Clinical Techniques in Small Animal Practice, v.16, p.236-241, 2001. Disponível

9

em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1096286701800426>. Acesso em: 15

10

jul. 2011. doi:10.1053/svms.2001.27601.

11

NASCENTE, P.S. et al. Otite externa em pequenos animais: uma revisão. MEDVEP –

12

Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação,

13

v.4, n.11, p.52-59, 2006.

14

VERTEDOR-HURTADO, M.V. et al. Termometría timpánica en pediatría como alternativa

15

al termómetro de mercurio. Enfermería Clínica, v.19, n.3, p.115-120, 2009. Disponível em:

16

<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1130862109000485>. Acesso em: 15 jul.

17

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18

WHITE, P.D. Medical management of chronic otitis in dogs. Small Animal/ Exotics, v.21,

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20

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21

clinical infrared ray thermometer in dogs. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e

22

Zootecnia, v.58, n.4, p.503-505, 2006. Disponível em:

23

<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-09352006000400008&script=sci_arttext>.

24

Acesso em: 15 jul. 2011. doi: 10.1590/S0102-09352006000400008.

(39)

Tabela 1- Escore da diferença das temperaturas retal e

1

auditiva média de acordo com a conformação da concha

2

acústica hígida de cães

3 Conformação da concha acústica Escore* A n(%) B n(%) Total n(%) Ereta 13(11,71) 24(21,62) 37(33,3) Semi-pendular 15(13,51) 22(19,82) 37(33,3) Pendular 12(10,81) 25(22,52) 37(33,3) Total 40(36,04) 71(63,96) 111(100,0)

*A= temperatura auditiva média menor que a retal

4

(TAM<TR) em até 1,2ºC; B= quando temperatura

5

auditiva média menor que a retal (TAM<TR) em mais de

6 1,2ºC 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

(40)

4.3 Artigo 3

Rosmarinus officinalis L. e Triticum vulgare no tratamento da otite externa

Referências

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