BrazJOtorhinolaryngol.2017;83(6):609---610
www.bjorl.org
Brazilian
Journal
of
OTORHINOLARYNGOLOGY
EDITORIAL
Ethical
and
legal
aspects
in
the
care
of
singers
and
actors
夽
Aspectos
éticos
e
legais
no
atendimento
de
cantores
e
atores
Ao atendermos cantorese atores,principalmente na fase aguda, muitos questionamentos clínicos estão presentes, como: Ele/elapodecantarouatuar?Ele/eladeveria can-tar ou atuar? Já existe uma lesão? Risco de uma lesão? Além disso, aspectos éticos e legais também merecem considerac¸ãonoatendimentodessaparceladapopulac¸ão.
Anãoobservânciapoderesultareminfrac¸õesaoCódigo de Ética Médica e às Resoluc¸ões do Conselho Federal de Medicina.Dessaforma,épertinenteapresentaralguns cui-dadoseorientac¸õesnomomentodoatendimento,quetem início na recepc¸ão. A postura dos funcionários do esta-belecimento é fundamental. Eles devem ser orientados a tratar as pessoas famosas como qualquer outro paciente, é proibido pedido de autógrafo ou tirar selfies. O can-tor ou ator quando procura um servic¸o médico está em uma possível situac¸ão de vulnerabilidade e necessita ser bemacolhido.Umapostagemdesseselfieemredessociais ouenvio porWhatsAppviolao princípiodosigilo médico, pois é vedado ao médico fazer referência a casos clíni-cos identificáveis, exibir pacientes ou seus retratos, em meiosdecomunicac¸ãoemgeral,mesmocomautorizac¸ãodo paciente.
Narecepc¸ão,alémdopaciente, podemestarpresentes membros da família, seguranc¸a(s), empresário, produtor, assessor de imprensa, entre outros. Ainda na questão do sigilo médico, é importante perguntar ao paciente quem permite que entre na sala de consulta, que acompanhe a anamnese, o exame físico e a discussão das hipóteses diagnósticas e a conduta, que raramente pode resultar em suspensão daperformance.1 Ao falar como paciente, é fundamental o cuidado com as palavras e sempre dar
DOIserefereaoartigo:
http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2017.08.005 夽
Como citareste artigo:Korn GP, MichaelisJr. C,Moraes VR. Ethicaland legalaspectsinthecare ofsingersand actors.Braz JOtorhinolaryngol.2017;83:609---10.
apoio.Emrelac¸ãoàproduc¸ão,sempreselembrardosigilo. A depender da situac¸ão, é recomendável solicitar a não parentesquedeemprivacidadeaoclientenomomentode darumdiagnósticonãofavorável.
Nocaso deumaorientac¸ãode cancelamento,é funda-mentalinformaropacientesobreoriscodefibroseoulesão casoopteporfazeraperformance.Talinformac¸ãodeveser colocadanoprontuáriodopaciente,pois,conforme preconi-zadopeloConselhoFederaldeMedicina,oprontuáriodeve conterosdadosclínicosnecessáriosparaaboaconduc¸ãodo caso,é preenchido, em cada avaliac¸ão, em ordem crono-lógicacomdata,hora,assinaturaenúmerodoregistrodo médiconoCRM.2
Qualquerinformac¸ãoreferenteaoclientedeveficar den-tro do estabelecimento de saúde. Deve-se ressaltar que outras pessoas podem competir para obter informac¸ões sobrea saúde e a carreira docliente.3 Quando é o paci-entequemdecidepublicarfotoscomomédico,essetema liberdadedeconcordarounão.Oaconselhamentodo Con-selhoFederaldeMedicinaéparaquenãopermitam,pois, constatadoqueo médicoé‘‘muitoelogiado’’por pacien-tes,o CFMinvestigará. O usode WhatsApptambémdeve serparcimoniosoedecaráterprivativo,confidencial,enão pode extrapolar os limites do próprio grupo fechado de especialistas,docorpoclínicoouentremédicoseseus paci-entes.Consultar, diagnosticar ouprescrever por qualquer meiodecomunicac¸ãocontinuaproibido,sobaspenasdalei, conformedestacaoDepartamentoJurídicodaABORL-CCF, queparticipadesteeditorial.
Porúltimo,casosclínicosdevozprofissionalsãodemuito interessedoscolegasqueatuammaisnaáreadelaringee voz.Noscongressos,simpósiosecursos,muitosdoscasos, devidoaparticularidades,sãodegrandeimportância didá-tica.Aidentidadedopaciente merece totaldiscric¸ãoe o usosomente deveria acontecer mediante autorizac¸ão por escrito pelo paciente ou por seu responsável legal.4 Da mesmaforma,opalestrantepodenãoautorizaragravac¸ão, afilmagem oufotos,poisessematerialpodeserusadode
610 EDITORIAL
formaincorretapeloparticipantedoevento,porexemplo, emredessociais.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Referências
1.MishraS,RosenCA,MurryT.24hourspriortocurtain.JVoice. 2000;14:92---8.
2.Brasil,Resoluc¸ãoCFMn(1931,de24desetembrode2009,aprova oCódigodeÉticaMédica,DiárioOficialdaUniãode13deoutubro de2009,Sec¸ãoI,p.90.Retificac¸ãopublicadanoDiárioOficialda Uniãode13deoutubrode2009,Sec¸ãoI,173.
3.SataloffRT,BenningerMS.Medical-legalimplicationsof professi-onalvoicecare.IN:BenningerMS,MurryT,eds.Theperformer’s voice.SanDiego:PluralPublishing;2006:289-94.
4.Brasil,Resoluc¸ãoCFMn(1974, de19deagostode2011, Esta-beleceos critériosnorteadoresda propaganda médica,Diário OficialdaUniãode19deagostode2011,Sec¸ãoI,p.241-244.
GustavoPolacowKorna,∗,CarlosMichaelisJr.b,c,d
e VaniaRosaMoraesd
aUniversidadeFederaldeSãoPaulo(Unifesp/EPM),Escola
PaulistadeMedicina,SãoPaulo,SP,Brasil
bUniversidadedeCoimbra,DireitoemMedicina,Coimbra,
Portugal
cEscolaPaulistadeDireito(EPD),DireitoMédico,
SãoPaulo,SP,Brasil
dAssociac¸ãoBrasileiradeOtorrinolaringologiaeCirurgia
Cérvico-Facial(ABORL-CCF),DepartamentoJurídico, SãoPaulo,SP,Brasil