• Nenhum resultado encontrado

Arq. NeuroPsiquiatr. vol.5 número2

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Arq. NeuroPsiquiatr. vol.5 número2"

Copied!
21
0
0

Texto

(1)

ATUALIZAÇÃO

B A R R E I R A H E M O E N C E F Á L I C A

J O S É M A R I O T A Q U E S B I T T E N C O U R T *

H O R A C I O M A R T I N S C A N E L A S *

D o c o n h e c i m e n t o da a n á t o m o - f i s i o l o g i a d o a p a r e l h o s e l e t i v o i n t e r p o s t o a o s a n g u e e ao s i s t e m a n e r v o s o central d e c o r r e o e s c l a r e c i m e n t o de r e l e v a n t e s p r o b l e m a s l i g a d o s à n e u r o f i s i o l o g i a n o r m a l e p a t o l ó g i c a e à t e r a p ê u t i c a d a s e n f e r m i -d a -d e s n e r v o s a s .

J á e m fins d o s é c u l o p a s s a d o a d m i t i a - s e1

a e x i s t ê n c i a d e u m a e s t r u t u r a d e s tinada a c o n t r o l a r o a c e s s o , a o s i s t e m a n e r v o s o , de e l e m e n t o s q u í m i c o s o u b i o l ó -g i c o s c i r c u l a n t e s n o s a n -g u e . G o l d m a n na

r e a l i z o u e x p e r i ê n c i a s f u n d a m e n t a i s c o m o a z u l t r i p a n , o b s e r v a n d o que, q u a n d o i n j e t a d o na v e i a , t o d o s o s ó r g o ã s s e c o r a -v a m , c o m e x c e ç ã o d o s i s t e m a n e r -v o s o c e n t r a l * * ; p o r é m , q u a n d o era e m p r e g a d a a v i a intratecal, e s s e t e c i d o t o m a v a c o l o r a ç ã o a z u l . P o r outra s é r i e de e x p e r i ê n -c i a s , f i -c o u d e m o n s t r a d o que a t o x i n a t e t á n i -c a8

e o s v í r u s n e u r o t r ó p i c o s s ó u t i -l i z a m a via neura-l e m s e u t r a j e t o para o s i s t e m a n e r v o s o . F o i e n t ã o que, a p ó s e s t u d o s e x p e r i m e n t a i s e x t e n s o s e a d m i t i n d o que o l i q ü i d o c e f a l o r r a q u e a n o f o s s e o m e i o n u t r i e n t e do s i s t e m a n e r v o s o , S t e r n e G a u t i e r * c r i a r a m o c o n c e i t o de barreira hemoliquórica. S t e r n a f i r m a v a que " d i s t ú r b i o s n e r v o s o s a t r i b u í v e i s a

* A s s i s t e n t e s d a C l í n i c a N e u r o l ó g i c a d a F a c . M e d . U n i v . S ã o P a u l o ( P r o f . A d h e r b a l T o l o s a ) .

** E n t r e t a n t o , e s t u d o s p o s t e r i o r e s d e S c h u l e m a n n ( B e i t r ä g e z u r V i t a l f ä r b u n g . A r c h . f. m i k r . A n a t . , 79:223246, 1912), R a c h m a n o w ( B e i t r ä g e z u r v i t a l e n F ä r b u n g d e s Z e n t r a l n e r v e n -s y -s t e m . F o l . N e u r o b i o l . , 7:750-771, 1913), B i o n d i ( S t u d i -sulla g h i a n d o l a p i n e a l a . I I I : I fe¬ n o m e n i s e c r e t o r a e d i l i p o i d i ; i r e s u l t a t i d e l l a coloraziotve v i t a l e alia G o l d m a n n . R i v . i t a l . N e u r o p a t o l . , 9:303-321, 1916), W i s l o c k i e P u t n a m ( N o t e o n t h e a n a t o m y of t h e a r e a e p o s t r e ¬ m a e . A n a t . R e c , 19:281-288, 1920), P u t n a m ( T h e i n t e r c o l u m n a r t u b e r c l e , a n u n d e s c r i b e d a r e a i n t h e a n t e r i o r wall of t h e t h i r d v e n t r i c l e . B u l l . J o h n s H o p k i n s H o s p . , 33:181-182, 1922) e M a n d e l s t a m m e K r y l o w ( V e r g l e i c h e n d e U n t e r s u c h u n g e n ü b e r d i e F a r b e n s p e i c h e r u n g i m Z e n -t r a l n e r v e n s y s -t e m b e i I n j e k -t i o n e n d e r F a r b e i n s B l u -t u n d i n d e r L i q u o r c e r e b r o s p i n a l i s . Z -t s c h r . f. d. g e s . e x p e r . M e d . , 55:256274, 1927) v i e r a m d e m o n s t r a r q u e , e m r e s t r i t o s s e t o r e s d o e n -céfalo, p o d e m s e r e n c o n t r a d o s g r â n u l o s d o c o r a n t e .

==1. a) R o u x , E . e B o r r e l , A . — T é t a n o s cérébral et i m m u n i t é c o n t r e le t é t a n o s . A n n . I n s t . P a s t e u r , 12:225239 ( a b r i l ) 1898. b) B i e d l , A . e K r a u s , R . — Ü b e r e i n e b i s h e r u n b e -k a n n t e t o x i s c h e r W i r -k u n g d e r G a l l e n s ä u r e n a u f d a s Z e n t r a l n e r v e n s y s t e m . Z b l a t t . f. i n n . M e d . , 19:1185, 1898. c) L e w a n d o w s k y , M . — Z u r L e h r e v o n d e r C e r e b r o s p i n a l f l ü s s i g k e i t . Z t s c h r . f. k l i n . M e d . , 40:480, 1900.

==2. G o l d m a n n , E . E . — a) D i e ä u s s e r e u n d i n n e r e S e k r e t i o n d e s g e s u n d e n u n d k r a n k e n O r g a n i s m u s im L i c h t e d e r v i t a l e n F ä r b u n g . B e i t r . z. k l i n . C h i r . , 64:192265, 1909. b) E x p e -rimentelle U n t e r s u c h u n g e n ü b e r d i e F u n k t i o n d e r P l e x u s c h o r i o i d e u s u n d d e r H i r n h ä u t e . A r c h , f. k l i n . C h i r . , 101:735-741, 1913.

==3. M e y e r , H . e R a n s o m , F . — U n t e r s u c h u n g e n ü b e r d e n T e t a n u s . A r c h . f. d. g e s . P a t h o l , u . P h a r m a k o l . , 39:369-416, 1903.

(2)

u m a a ç ã o primária s o b r e os centros n e r v o s o s , s ó s ã o o b s e r v a d o s quando as subs-t â n c i a s injesubs-tadas na circulação geral puderem ser reveladas n o liqüido cefalorra-quídio "5

e que " o s diversos a g e n t e s q u í m i c o s só p o d e m e x e r c e r a ç ã o sobre os e l e m e n t o s n e r v o s o s n o caso de poderem penetrar n o liqüido c e f a l o r r a q u í d i o " \ T a m b é m M o n a k o wT

assinalou a importância dos p l e x o s corióideos para o f u n -cionamento n o r m a l d o sistema n e r v o s o c e n t r a l ; a barreira e c t o m e s o d é r m i c a , de q u e eles s e r i a m os constituintes principais, regularia a p a s s a g e m de h o r m ô n i o s e outras substâncias circulantes n o s a n g u e e, se estes elementos franqueassem tal obstáculo, p o d e r i a m determinar perturbações n e r v o s a s , m e s m o psicoses, especial-m e n t e a esquizofrenia.

O substrato a n a t ô m i c o da barreira hemoliquórica seria m ú l t i p l o , representado pelos p l e x o s c o r i ó i d e o s , epêndima, l e p t o m e n i n g e s e bainhas adventiciais ( l i n f á -t i c a s e c o n j u n -t i v a s ) e n e u r ó g l i c a s dos v a s o s e n c e f a l o m e d u l a r e s . D e v e - s e referir ainda que Z y l b e r b l a s t - Z a n d8

realizou e x p e r i ê n c i a s que contribuíram para o c o -n h e c i m e -n t o da l o c a l i z a ç ã o d e s s a barreira. E s t a autora, a p ó s retirar u m f r a g m e -n t o d a pia-máter cerebral, verificou que, pela i n j e ç ã o intravenosa, o azul-tripan in-v a d i a o c ó r t e x s o m e n t e na r e g i ã o d e s n u d a ; na espessura da pia-máter restante f o r a m encontrados histiócitos c a r r e g a d o s de corante. D i v e r s a s d e n o m i n a ç õ e s f o -ram propostas para a barreira entre s a n g u e e l i q u o r : limitante b i o l ó g i c a ( N i s s l ) , barreira e c t o m e s o d é r m i c a ( M o n a k o w ) , hemoencefálica ( S t e r n e G a u t i e r ) , h e m o l i -quórica ( W a l t e r ) .

A s idéias de S t e r n e Gautier t i v e r a m a m p l a r e p e r c u s s ã o e o c a s i o n a r a m o d e s e n v o l v i m e n t o de v á r i o s m é t o d o s destinados a o e s t u d o da permeabilidade da barreira h e m o l i q u ó r i c a e m diversas m o l é s t i a s d o sistema n e r v o s o9

. Q u a t r o são, fundamentalmente, a s modalidades de e x a m e da barreira h e m o l i q u ó r i c a1 0

: 1 — P r o c e s s o s mediante o s quais é e s t u d a d a a e l i m i n a ç ã o pela urina de substâncias i n -troduzidas n o sistema v e n t r í c u l o - s u b a r a c n ó i d e o : processos da f e n o l s u l f o n a f t a l e í n a

( D a n d y ) e d o iodeto de s ó d i o ( F o e r s t e r ) ; 2 — V e r i f i c a ç ã o da p a s s a g e m de substâncias e n d ó g e n a s d o s a n g u e para o l i q u o r ; h e m o l i s i n a s ( W e i l e K a f k a ) e r e a g i n a s luéticas ( D u j a r d i n ) ; 3 — E s t u d o d a p a s s a g e m de substâncias e x ó g e n a s : i o d e t o de p o t á s s i o ( M e s t r e z a t ) , nitrato ( M e s t r e z a t e G a u j o u x ) , uranina ( K a f k a ) , p r o c e s s o da c r o m o n e u r o s c o p i a ( F l a t a u ) ; 4 — D e t e r m i n a ç ã o d o quociente h e m o -l i q u ó r i c o de distribuição de substâncias p e r m e á v e i s : sa-lici-lato de sódio ( L o b e r g ) , cloro ( L e i p o l d ) e b r o m o ( W a l t e r ) . E n t r e t a n t o , os resultados obtidos pelos v á -r i o s pesquisado-res n e m semp-re s ã o conco-rdantes.

A importância do c o n c e i t o de barreira hemoliquórica, embora ainda admitida p o r m u i t o s , j á n ã o resiste às críticas que l h e t ê m sido feitas. E m t o d o s os s e t o r e s da e c o n o m i a orgânica, o s a n g u e é o nutriente dos t e c i d o s ; n ã o seria l ó -g i c o que s ó as estruturas n e r v o s a s e s c a p a s s e m a esta re-gra. Cestan, Laborde e R i s e r1 1

, f a z e n d o i n j e ç õ e s de ferrocianeto de p o t á s s i o e citrato de ferro a m o n i a -cal n o s ventrículos cerebrais e e s p a ç o s subaracnóideos, o u utilizando a uréia e o

==5. S t e r n , L . — Le l i q u i d e c é p h a l o - r a c h i d i e n a u p o i n t d e v u e d e ses r a p p o r t s a v e c la c i r c u l a t i o n s a n g u i n e et a v e c les é l e m e n t s n e r v e u x d e l ' a x e c é r é b r o s p i n a l . S c h w e i z . A r c h . f.

N e u r o l , u . P s y c h i a t , 8:215-232, 1921.

==6. S t e r n , L . — L a b a r r i è r e h é m a t o - e n c é p h a l i q u e d a n s les c o n d i t i o n s n o r m a l e s e t d a n s l e s c o n d i t i o n s p a t h o l o g i q u e s . S c h w e i z . A r c h . f. N e u r o l , u . P s y c h i a t . , 13:604-616, 1923.

==7. M o n a k o w , C. v o n — a) Biologie u n d P s y c h i a t r i c S c h w e i z . A r c h . f. N e u r o l , u . P s y ¬ c h i a t . , 4:13-44, 1919 e 4:235-276, 1919. b) S c h i z o p h r e n i e u n d P l e x u s c h o r i o i d e i . S c h w e i z . A r c h , f. N e u r o l , u . P s y c h i a t . , 4:363-376, 1919.

==8. Z y l b e r b l a s t - Z a n d , N . — R ô l e p r o t e c t e u r d e la p i e - m è r e et des p l e u x u s c h o r o ï d e s . R e v N e u r o l . , 42:235-252 ( s e t e m b r o ) 1924.

==9. D i s e r t o r i , B . — S u l p a s s a g g i o del cloro e del b r o m o a t t r a v e r s o la b a r r i e r a e m a t o ¬ l i q u o r a l e . R í c e r c h e s p e r i m e n t a l e e c l i n i c h e . R i v . s p e r i m . di f r e n i a t . , 57:880-936 (31 dezem¬ "bro) 1 9 3 3 .

(3)

salicilato de s ó d i o por via intravenosa, c h e g a r a m à c o n c l u s ã o de que n ã o se l i m i t a a o s p l e x o s corióideos a capacidade seletiva, m a s t a m b é m a leptomeninge d e s e m -penha importante papel nas relações hemoliquóricas. P o r é m , a p r o p ó s i t o das r e l a ç õ e s entre sangue e sistema n e r v o s o , estes autores p r e f e r e m falar e m p e r -meabilidade capilar e n ã o meníngea, e r e a l ç a m o valor da per-meabilidade d o s v a s o s intraparenquimatosos. E s t a constitui a primeira refutação relevante a o c o n ceito de Stern e Gautier, de que o liqüido cefalorraqueano é o v e t o r , para o n e u -r a x e , das substâncias veiculadas pelo sangue. P a -r a Cestan, Labo-rde e Rise-r, o s i s t e m a n e r v o s o e o liquor são setores a u t ô n o m o s , embora e m íntimo c o n t a c t o , m a s dependentes diretamente dos v a s o s . M o r g e n s t e r n e B i r j u k o w " , p r o v o c a n d a f e n ô m e n o s inflamatorios n o encéfalo, d e m o n s t r a r a m que as alterações da p e r m e a -bilidade da barreira entre sangue e sistema n e r v o s o n ã o se relacionam c o m o s p l e x o s corióideos, mas c o m todo o sistema capilar e précapilar das redes c e r e -brais.

J á tinha sido verificado por S t e r n e G a u t i e rM

que o s corantes b á s i c o s d e anilina c o r a m intensamente o n e u r a x e , m a s n ã o aparecem n o liqüido cefalorra-quídio. F r i e d m a n n e E l k e l e su

realizaram e x p e r i ê n c i a s c o m d i v e r s o s corantes vitais básicos e t a m b é m c o m a alizarina azul S ( a n i ó t e r a ) ; após i n j e ç ã o i n t r a v e -n o s a , obtiveram c o l o r a ç ã o da substâ-ncia -n e r v o s a , especialme-nte da ci-nze-nta, p o r é m n ã o encontraram os corantes n o liquor. R e c e n t e m e n t e , foi v e r i f i c a d o1 5

que, a p ó s i n j e ç ã o intravenosa, o cloridrato de cocaína apresentava u m a c o n c e n t r a ç ã o n o c é -rebro m a i s de 7 v e z e s superior a o teor no liquor. P o r o u t r o lado, e x p e r i ê n c i a s c o m certos corantes á c i d o s1 4

v i e r a m d e m o n s t r a r que é possível obter apenas a c o l o r a ç ã o d o liquor, s e m que seja atingida a substância nervosa.

P r e s c i n d i m o s de m a i s a r g u m e n t o s contrários à c o n c e p ç ã o original de S t e r n e Gautier. A troca de substâncias entre s a n g u e e sistema n e r v o s o central é

di-reta, n ã o se efetua por intermédio d o liqüido cefalorraqueano. D e v e , entretanto, r e g i s t r a r - s e que Stern, e m trabalho r e c e n t e " , d e s i g n a c o m o liquor n ã o s o m e n t e o fluido contido nos espaços subaracnóideos, mas t a m b é m o l i q ü i d o perivascular e pericelular. P o r t a n t o , os elementos a n a t ô m i c o s de real importância d e s l o c a m s e dos p l e x o s corióideos, epêndima, l e p t o m e n i n g e s e bainhas linfáticas e n e u r o -g l i a s , para o s capilares cerebrospinais, especialmente os intraparenquimatosos. O substrato m o r f o l ó g i c o , tanto da barreira hemoencefálica, c o m o da hemoliquórica,

==11. C e s t a n , L a b o r d e e R i s e r — a) P h y s i o l o g i e d e s v e n t r i c u l e s c é r é b r a u x c h e * 1'homme. A n n . d e M é d . , 13:289-314 ( a b r i l ) 1923. b) L e s b a s e s e x p e r i m e n t a l e s d u t r a i t m e n t i n t r a - v e n ¬ t r i c u l a i r e et i n t r a - m é n i n g é . R e v . N e u r o l . , 41:12-22 ( j a n e i r o ) 1924. c) L a p e r m e a b i l i t é m é n i n ¬ gée n ' e s t q u ' u n d e s m o d e s d e la p e r m e a b i l i t é v a s c u l a i r e . P r e s s e m é d . , 33:13301332 (7 o u t u -b r o ) 1925.

==12. M o r g e n s t e r n , S . e B i r j u k o w , M . — W e i t e r e e x p e r i m e n t e l l e E r g e b n i s s e z u r F r a g e d e r P e r m e a b i l i t ä t d e r G e h i r n c a p i l l a r e n . Z t s c h r . f. d. g e s . N e u r o l , u. P s y c h i a t . , 113:640-650, 1928.

==13. S t e r n , L . e G a u t i e r , R . — a) R e c h e r c h e s s u r le l i q u i d e c é p h a l o - r a c h i d i e n . I : L e s r a p p o r t s e n t r e le l i q u i d e c é p h a l o - r a c h i d i e n et la c i r c u l a t i o n s a n g u i n e . A r c h . I n t e r n a t . P h y s i o l . , 17:138-192 (30 n o v e m b r o ) 1921. b) I I : L e s r a p p o r t s e n t r e le l i q u i d e c é p h a l o - r a c h i d i e n e t les é l e m e n t s n e r v e u x d e l ' a x e c é r é b r o s p i n a l . A r c h . I n t e r n a t . P h y s i o l . , 17:391-448 ( 5 m a r ç o ) 1922.

c) I I I : R a p p o r t s e n t r e le l i q u i d e c é p h a l o - r a c h i d i e n d e s e s p a c e s v e n t r i c u l a i r e s e t celui d e s es¬

p a c e s s o u s a r a c h n o ï d i e n s . A r c h . . I n t e r n a t . P h y s i o l . , 20 :403-436 (31 m a r ç o ) 1923.

= = 1 4 . F r i e d e m a n n , U . e E l k e l e s , A . — K a n n d i e L e h r e v o n d e r B l u t h i r n s c h r a n k e in i h r e r h e u t i g e r F o r m a u f r e c h t e r h a l t e n w e r d e n ? D e u t s c h e M e d . W c h n s c h r . , 57:19341935 (13 n o v e m

-b r o ) 1931.

==15. A i r d , R . B . e S t r a i t , L . — P r o t e c t i v e b a r r i e r s of t h e c e n t r a l n e r v o u s s y s t e m . A n e x p e r i m e n t a l s t u d y w i t h t r y p a n r e d . A r c h . N e u r o l , a. P s y c h i a t . , 51:54-66 ( j a n e i r o ) 1944.

==16. W i t t g e n s t e i n , A . e K r e b s , H . A . — S t u d i e n z u r P e r m e a b i l i t ä t d e r M e n i n g e n u n t e r b e s o n d e r e r B e r ü c k s i c h t i g u n g p h y s i k a l i s c h - c h e m i s c h e r G e s i c h t s p u n k t e . Z t s c h r . f. d. g e s . e x p e r .

M e d . , 49:553-622, 1926.

(4)

é o endotélio, c u j o papel j á h a v i a sido destacado por L e w a n d o w s k yl c

. S p a t z1 8 ampliou estas idéias e baseou seu conceito de barreira endotelial n o fato de que certas substâncias a l c a n ç a m facilmente o n e u r a x e quando é utilizada a via intra-tecal, m a s não o a t i n g e m se a via e m p r e g a d a é a venosa. O s corantes ácidos, e m g e r a l —• c o m o o azul-tripan — c o r a m os ó r g ã o s de todos o s sistemas, e x c e t o os d o n e r v o s o ; pelo contrário, quase t o d o s o s corantes básicos a l c a n ç a m o n e u r a x e pela i n j e ç ã o intravenosa ( M a n d e l s t a m1 8

, F r i e d m a n n2 0

) . E m vista disso, F r i e d e -m a n n 2 1

realizou e x p e r i ê n c i a s n o sentido de demonstrar que n ã o são c o m p a r á v e i s os resultados d a s i n j e ç õ e s intravenosa e subaracnóidea, pois que parte dos corantes combinase c o m as proteínas p l a s m á t i c a s ; colocando pequenos f r a g m e n t o s de t e c i d o n e r v o s o e m várias diluições do corante n o soro s a n g ü í n e o , determinava a c o n -centração m í n i m a capaz de corar e s s e tecido ( C v ) ; por outro lado, as quanti-dades corantes m í n i m a s das substâncias injetadas na veia, divididas p e l o v o l u m e plasmático, correspondiam à concentração m í n i m a n o plasma s a n g ü í n e o ( C b ) . T e o r i c a m e n t e , Cv seria igual a Cb se os capilares f o s s e m perfeitamente p e r m e á veis ; entretanto, se isto praticamente se o b s e r v a v a e m relação aos corantes b á -sicos, para o s ácidos o quociente C b / C v era m u i t o e l e v a d o ( 4 a 1 6 ) .

A c o l o r a ç ã o obtida pela i m e r s ã o de tecido n e r v o s o e m s o l u ç õ e s de anilinas, tal c o m o a produzida pela i n j e ç ã o intratecal, decorre da d i f u s ã o do corante, s e n d o muito raro o a c h a d o de granulos intracelulares. E s t e s fatos poderão ser e x p l i c a d o s de duas m a n e i r a s : o u o endotélio d o s capilares encefalomedulares apresenta c o m -portamento especial e m r e l a ç ã o aos c o r a n t e s , o u essas diferenças d e c o r r e m da di-versa afinidade d o tecido n e r v o s o para essas substâncias. P a r a F r i e d e m a n n , os resultados obtidos nas experiências a c i m a referidas indicam que os capilares c e -rebrais s ã o as estruturas responsáveis pela s e l e ç ã o da p a s s a g e m de substâncias d o s a n g u e para o sistema nervoso. V a l e r e f e r i r aqui as experiências de B r o m a n e L i n d b e r g - B r o m a n8 2

: injetaram, e m v á r i a s concentrações, s o l u ç õ e s de substâncias lesivas e m artérias cerebrais o u v a s o s piais, e f e t u a n d o , t a m b é m , perfusão dos v a s o s c e r e b r a i s ; verificaram distúrbios da barreira hemoencefálica, o s quais eram m a i s acentuados quando a l e s ã o era f e i t a na íntima do que se a i n j e ç ã o f o s s e praticada na a d v e n t i c i a ; para e s s e s autores, pois, aquela camada constituiria a e s t r u -tura endotelial dotada de faculdade seletiva. P o r outro lado, K i n g3

* , ampliando idéias de R a c h m a n o w1 4

e M e n d e lM

, n e g a aos capilares e n c e f á l i c o s propriedades peculiares e m relação aos v a s o s dos outros s i s t e m a s ; t a n t o o endotélio vascular do sistema n e r v o s o , c o m o o dos outros ó r g ã o s , seriam f i s i o l ó g i c a m e n t e idênticos, e as particularidades d e seu c o m p o r t a m e n t o , n o n e u r a x e , seriam devidas às p r o -priedades de afinidade d e s t e tecido. " Q u a n d o o corante é injetado n a veia, o

==18. S p a t z , H . — D i e B e d e u t u n g d e r v i t a l e n F ä r b u n g f ü r d i e L e h r e v o n S t o f f a u s t a u s c h z w i s c h e n d e m Z e n t r a l n e r v e n s y s t e m u n d d e m u b r i n g e n K ö r p e r . A r c h . f. P s y c h i a t . , 101:267-358, 1933.

==19. M a n d e l s t a m , M . — B e i t r ä g e z u r v i t a l e n F ä r b u n g d e s Z e n t r a l n e r v e n s y s t e m s m i t ba-s i ba-s c h e n F a r b e n ; e i n l e i t e n d e U n t e r ba-s u c h u n g e n . Z t ba-s c h r . f. d. g e ba-s . e x p e r . M e d . , 96:499-611, 1935.

==20. F r i e d e m a n n , U . — B l o o d - b r a i n b a r r i e r . P h y s i o l . R e v . , 22:125-145 ( a b r i l ) 1942. ==21. F r i e d e m a n n , - U. — F u r t h e r i n v e s t i g a t i o n s o n t h e b l o o d - b r a i n b a r r i e r . T h e s i g n i f i c a n c e of t h e d z e t a - p o t e n t i a l i n t h e p r o b l e m of t h e b l o o d - b r a i n b a r r i e r a n d c a p i l l a r y p e r m e a b i l i t y i n g e n e r a l . J . I m m u n o l . , 32:97-117 ( f e v e r e i r o ) 1937.

= = 2 2 . B r o m a n , R , e L i n d b e r g - B r o m a n , A . M . — E s t u d o e x p e r i m e n t a l d a s d e s o r d e n s n a p e r m e a b i l i d a d e d o s v a s o s c e r e b r a i s ( b a r r e i r a h e m o e n c e f á l i c a ) p r o d u z i d a s p o r a g e n t e s q u í m i c o s e f i s i c o q u í m i c o s ( s u e c o ) . A c t a P h y s i o l . S c a n d . , 10:102-125, 1945. Ref. i n J . M e n t . S c . , 92:657-658 ( j u l h o ) 1946.

= = 2 3 . K i n g , L. S . — a) S o m e a s p e c t s of t h e h e m a t o e n c e p h a l i c b a r r i e r . P r o c . A s s o c . R e s . N e r v . a. M e n t . D i s . , 18:150-177, 1938. b) T h e h e m a t o e n c e p h a l i c b a r r i e r . A r c h . N e u r o l . a. Pav¬ c h i a t . , 41:51-72 ( j a n e i r o ) 1939.

==24. R a c h m a n o w , A . — B e i t r ä g e z u r v i t a l e n F ä r b u n g d e s Z e n t r a l n e r v e n s y s t e m . F o l . N e u ¬ robiol., 7:750-771, 1913.

(5)

éndotélio comporta-se c o m o membrana semipermeável. A p a s s a g e m das substân-cias injetadas é determinada, e m parte pela natureza da membrana, e em parte pelo que está de cada lado da membrana. O s dois m e i o s , e o éndotélio, f o r m a m um sistema c o m p l e x o " * * . A s s i m , para K i n g , o azul-tripan n ã o c o r a o tecido n e r v o s o porque este n ã o apresenta afinidade para o c o r a n t e ; atribui o fato à ine-x i s t ê n c i a de estroma c o n j u n t i v o no sistema n e r v o s o central, tecido esse presente e m todos os demais ó r g ã o s e que se c o r a facilmente pelo azul-tripan.

A n ó s n ã o nos parece que o é n d o t é l i o vascular d o n e u r a x e se comporte da m e s m a forma que o dos demais ó r g ã o s . A l i á s , atualmente, é e s t e o ponto de v i s t a de S t e r n2

" ; assinala m e s m o ter observado, por m e i o da microscopía vital, que difere, s e g u n d o os ó r g ã o s , o m o d o de p a s s a g e m dos corantes d o sangue para o liqüido intersticial; a esta diferença f i s i o l ó g i c a parece corresponder diversidade h i s t o l ó g i c a . O estudo d o ponto isoelétrico dos c a p i l a r e s *7

revela, i g u a l m e n t e , que êle varia s e g u n d o o ó r g ã o e x a m i n a d o . A l i á s , a c o n s t i t u i ç ã o anatômica das barreiras entre s a n g u e e n e u r a x e n ã o parece restringir-se a o éndotélio capilar. W a l l a c e e B r o d i e2 8

, r e v i v e n d o conceito j á e x p r e s s o por W e e d2 9

, fizeram participar da barreira hemoliquórica o fluido e x t r a c e l u l a r d o sistema n e r v o s o central, e x i s -tente n o s espaços perineurônicos e pericapilares. A s substâncias d i s s o l v i d a s n o s a n g u e passariam, seletivamente, para o fluido extracelular e

deste,

pelos e s p a ç o s perivasculares, atingiriam a r e g i ã o subaracnóidea. O equilíbrio se estabeleceria entre

este

h u m o r e o fluido e x t r a c e l u l a r , e n ã o entre o liquor e o plasma s a n g ü í neo. A s substâncias e x i s t e n t e s n o s a n g u e passariam por u m a fase seletiva, a t r a -v é s das paredes dos pré-capilares do n e u r a x e , e u m a fase mecânica, n o t r a j e t o para o e s p a ç o sübaracnóideo. R e c e n t e m e n t e8 0

, o e s t u d o da p a s s a g e m de i s ó t o p o s radioativos, d o s a n g u e para o liqüido c e f a l o r r a q u e a n o , permitiu confirmar

esse

ponto d e vista, pois foi v e r i f i c a d o que a p a s s a g e m dos ions d o s a n g u e para o fluido e x t r a c e l u l a r ( e s p a ç o s linfáticos e pericapilares) d o o r g a n i s m o e m g e r a l era dez v e z e s m a i s intensa que o a c ú m u l o n o l i q u o r ; é admissível, pois, que a p a s s a g e m para o fluido e x t r a c e l u l a r de ó r g ã o s n ã o pertencentes a o sistema n e r v o s o se dê por difusão e ultrafiltração, a o p a s s o que o a c e s s o a o liqüido c e f a l o r r a -quídio é lento e seletivo.

V i s a n d o aclarar a questão, A i r d e S t r a i t1 5

apresentaram u m c o n c e i t o que p a rece conciliar, e m parte, o s pontos de vista de Spatz, F r i e d e m a n n e K i n g : a d m i -t e m que o éndo-télio capilar é o locus, -tan-to da barreira hemoencefálica, c o m o da hemoliquórica. P a r a B r o m a n e L i n d b e r g - B r o m a n **, c o m o v i m o s , seria a íntima a camada endotelial dotada de propriedades s e l e t i v a s ; o éndotélio, portanto, seria e l e m e n t o c o m u m a ambas as barreiras. 0 liquor poderia ser c o n s i d e r a d o c o m o resultante direto d o fluido extracelular do sistema n e r v o s o . P a r a alcançar a i n -timidade das células n e r v o s a s , as substâncias provenientes d o s a n g u e teriam que transpor uma segunda barreira, denominada " c o r t i c a l " por A i r d e Strait e r e -presentada pela membrana interposta à substância

lipoidica

do citoplasma n e r v o s o e a o fluido aquoso extracelular. A a ç ã o secundária desta estrutura e x p l i c a r i a as v a r i a ç õ e s de permeabilidade e x i s t e n t e s entre as barreiras hemoliquórica e h e m o e n

-==26. S t e r n , L . — B a r r e i r a s h i s t o - h e m á t i c a s ( t r a d u ç ã o ) . T h e r a p i a ( S ã o P a u l o ) , 7:11-16 ( j a n e i r o - j u n h o ) 1946.

= = 2 7 . R o s k i n , G. — P u n t o s isoeléctricos d e los c a p i l a r e s . R e v . C u b . M e d . S o v i é t . , 1:78-82

X j u n h o ) 1946.

==28. W a l l a c e , G. B . e B r o d i e , B . B . — O n t h e s o u r c e of t h e c e r e b r o s p i n a l f l u i d . T h e d i s t r i b u t i o n of b r o m i d e a n d iodide t h r o u g h o u t t h e c e n t r a l n e r v o u s s y s t e m . J . P h a r m a c o l , a. E x p e r . T h e r a p . , 70 :418-427 ( d e z e m b r o ) 1940.

==29. W e e d , L . H . — S t u d i e s on c e r e b r o s p i n a l f l u i d . I I I : T h e p a t h w a y s of e s c a p e f r o m t h e s u b a r a c h n o i d s p a c e s w i t h p a r t i c u l a r r e f e r e n c e t o t h e a r a c h n o i d v i l l i . J . M e d . R e s . ,

31:51-110 ( s e t e m b r o ) 1914.

(6)

c e f á l i c a . V a l e referir que, e v o l v e n d o e m s e u conceito sobre a s barreiras entre s a n g u e e n e u r a x e , S t e r n admite a t u a l m e n t e * que elas n ã o e x i s t e m s o m e n t e entre s a n g u e e liqüido intersticial: " barreiras semelhantes d e v e m e x i s t i r , também, entre a s próprias células d o liqüido tecidual e até m e s m o dentro das células, entre os d i v e r s o s líquidos e as diferentes fases estruturais destes elementos a n a t ô m i c o s ". A p r o p ó s i t o da fisiologia dessa barreira cortical, d e v e m o s recordar que O v e r t o n j á assinalara c o m o caraterístico da m e m b r a n a celular o ser permeável aos corantes básicos e impermeável a o s ácidos. Q u a n t o a sua natureza, é oportuno salientai o fato de W e a t h e r b y8 1

ter verificado que m e m b r a n a s artificiais de cefaliña e le-citina a p r e s e n t a v a m caracteres de permeabilidade semelhantes aos da barreira hem o e n c e f á l i c a ; j u l g a , hem e s hem o , provável que " a barreira h e hem o e n c e f á l i c a seja c o n s -tituída por u m o u m a i s sistemas de m e m b r a n a s , c u j o a l t o g r a u de seletividade seria d e v i d o a seu conteúdo e m f o s f o l í p i d e s " .

E m r e s u m o , p o d e m o s c o n c e i t u a r * : 1 — H á , entre s a n g u e e tecido n e r v o s o , u m sistema capaz de controlar a p a s s a g e m de e l e m e n t o s e x ó g e n o s o u e n d ó g e n o s : a barreira hemoencefálica; 2 — A barreira hemoencefálica difere, f i s i o l ó g i c a m e n te, da barreira h e m o l i q u ó r i c a , embora de ambas participe, c o m o substrato a n a t ô m i c o , o endotélio c a p i l a r ; 3 — A diversidade funcional entre as barreiras h e m o e n -cefálica e h e m o l i q u ó r i c a decorre da a ç ã o secundária da barreira cortical ( A i r d o

S t r a i t " ) , constituída pela membrana neurocelular.

E m b o r a t o r n e s e evidente que a barreira hemoencefálica é a única a d e s e m -penhar papel de r e l e v o nas trocas entre s a n g u e e sistema n e r v o s o central, seu estudo está adstrito a e x p e r i ê n c i a s in anima vili. N o h o m e m , portanto, apenas é acessível a barreira h e m o l i q u ó r i c a ; o e s t u d o desta, p o r é m , n ã o deixa de ser importante, pois permite conhecer o c o m p o r t a m e n t o d o s endotélios capilares frente a determinadas substâncias. O s dados o b t i d o s a respeito da barreira h e m o l i q u ó -rica representam indício d o s p r o c e s s o s que se efetuam na barreira h e m o e n c e f á l i c a e fornecem e l e m e n t o s positivos para presumir do f u n c i o n a m e n t o desta última. A t u a l m e n t e , S t e r n1 7

admite que o liqüido dos e s p a ç o s subaracnóidèos " n ã o é s e -melhante a o que preenche os e s p a ç o s pericelulares, a o que banha diretamente os e l e m e n t o s n e r v o s o s e, por isso, êle dá u m a representação a p r o x i m a d a do estado d o m e i o e m que v i v e m o s e l e m e n t o s n e r v o s o s " .

Estabelecido, a s s i m , o conceito de barreira h e m o e n c e f á l i c a e barreira h e m o l i -quórica, resta-nos considerar a fisiologia d e s s e s aparelhos. A s experiências c o m corantes de anilina indicam que " a permeabilidade dos capilares cerebrais indepen-de da constituição química, t a m a n h o molecular e solubilidaindepen-de nos lipóiindepen-des. E l a decorre u n i c a m e n t e da c a r g a e l é t r i c a " *\ F o i verificado que, e m geral, os corantes básicos a t r a v e s s a m a barreira, o que n ã o sucede c o m o s ácidos. E s t u d o s realizados c o m outras substâncias v i e r a m demonstrar que, e f e t i v a m e n t e , o s capilares c e rebrais são p e r m e á v e i s a o s corpos eletropositivos e impermeáveis aos e l e t r o n e g a -tivos. P e l o e x a m e das f ó r m u l a s e propriedades fisicoquímicas das várias substân-cias, W e a t h e r b y *1

concluiu que aquelas capazes d e transpor a barreira h e m o e n c e

-==31. W e a t h e r b y , J . H . — T h e a r t i f i c i a l phospholipid m e m b r a n e , s e m i p e r m e a b i l i t y , a n d t h e b l o o d - b r a i n b a r r i e r . J . L a b . a. C l i n . M e d . , 28:1817-1820 ( d e z e m b r o ) 1943.

(7)

fálica e x i s t e m , n o p H do sangue, a o m e n o s e m parte, c o m o m o l é c u l a s n ã o i o n i zadas ; a barreira seria impermeável aos corpos sob f o r m a iónica. Isto se e x p l i -caria pela ionização das m o l é c u l a s de lecitina o u cefalina, cuja natureza depende do p H d o m e i o em contacto c o m as m e m b r a n a s ; o s ions c o m sinais iguais aos desta são repelidos, m a s as m o l é c u l a s n ã o ionizadas podem penetrar.

D e v e m o s salientar, ainda, que a barreira entre sangue e sistema n e r v o s o sofre v a r i a ç õ e s fisiológicas, não constituindo, pois, um aparelho estático. Stern, que estudou inúmeros aspectos da barreira hemoliquórica, d e s c r e v eM

a e x i s t ê n c i a de uma c o n e x ã o onto e filogenética entre seu d e s e n v o l v i m e n t o e a e v o l u ç ã o d o s i s -tema n e r v o s o central. E m b o r a K a t z e n e l b o g e n1 0

, posteriormente, fornecesse resul-tados n e g a t i v o s , Stern e P e y r o t8

* e, recentemente, K a l z e c o l .M

são de opinião que, e m crianças e animais j o v e n s , a permeabilidade dos endotélios e n c e f a l o m e d u lares esteja aumentada. E s t e s ú l t i m o s c o m p a r a m o e s t a d o da barreira h e m o l i q u ó -rica nas crianças normais a o que se v e r i f i c a e m adultos s i f i l í t i c o s ; nas crianças c o m sífilis congênita pode h a v e r p a s s a g e m de reaginas luéticas d o sangue para o liquor, dando falsa i m p r e s s ã o de n e u r o s s í f i l i s ; a l é m d i s s o , a maior permeabilidade e x p l i c a o s m e l h o r e s resultados obtidos pela arsenoterapia e m crianças n e u -roluéticas.

É g e r a l m e n t e admitido que a barreira t a m b é m esteja enfraquecida durante a prenhez e períodos menstruais *. O u t r o s s i m , a hipertermia parece favorecer a transposição dos endotélios cerebrospinais pelas d r o g a s circulantes n o s a n g u e ( F l a -t a u " , K a n -t e M a n nw

, M e h r t e n s e P o u p p i r tM

) . A d m i t e m a l g u n s8 8

que as v a -r i a ç õ e s da p -r e s s ã o o s m ó t i c a d o s a n g u e p o s s a m afeta-r a ba-r-rei-ra hemoliquó-rica. O estado coloidal t a m b é m repercutiria sobre o f u n c i o n a m e n t o d e s t e a p a r e l h o : à l a -bilidade do plasma, revelada pelo a u m e n t o da h e m o s s e d i m e n t a ç ã o , corresponderia a u m e n t o da permeabilidade capilar*7

.

A P L I C A Ç Õ E S P R A T I C A S D O C O N C E I T O D E B A R R E I R A H E M O E N C E F Á L I C A

VARIAÇÕES ARTIFICIAIS DA BARREIRA HEMOENCEFÁLICA

V á r i a s i n v e s t i g a ç õ e s t ê m sido realizadas c o m o intento de aumentar a p a s s a -g e m de d r o -g a s d o san-gue para o sistema n e r v o s o , ou de evitar o a c e s s o , a este tecido, de substâncias t ó x i c a s .

1. Aumento artificial da permeabilidade — H e i l i g e H o f f8

, fazendo e s t u -dos c o m a uranina, obtiveram diminuição da resistência da barreira hemoliquórica pelo e m p r e g o de e x t r a t o s tireóideos e o v á r i c o s . F l a t a u " , p o r é m , p e l o u s o i s o

-==32. S t e r n , L . — D i r e c t c h e m i c a l a c t i o n u p o n n e r v e c e n t r e s i n biology a n d m e d i c i n e . N a t u r e , 156:7-9 (7 julho) 1945.

==33. S t e r n , L . e P e y r o t , R . — L e f o n c t i o n n e m e n t d e la b a r r i è r e h é m a t o - e n c é p h a l i q u e a u x d i v e r s Stades d e d é v e l o p p e m e n t chez les d i v e r s e s s p è c e s a n i m a l e s . C o m p t . r e n d . S o c . d e Biol., 96:1124-1126 (6 m a i o ) 1927.

==34. K a l z , F . , F r i e d m a n , H . , S c h e n k e r , A . e F i s c h e r , I . — P e r m e a b i l i t y of blood-spinal fluid b a r r i e r i n i n f a n t s a n d i n n o r m a l a n d s y p h i l i t i c a d u l t s . A r c h . N e u r o l , a. P s y c h i a t . , 56:55-64 ( j u l h o ) 1946.

==35. H e i l i g , R . e H o f f , H . — M e n s t r u a t i o n u n d L i q u o r . K l i n . W c h n s c h r . , 3:2049-2051 (4 n o v e m b r o ) 1924.

==36. F l a t a u , E.. — a) L a c h r o m o n e u r o s c o p i e . R e v . N e u r o l . , 45:5-10 ( j a n e i r o ) 1926. b) R e c h e r c h e s e x p e r i m e n t a l e s s u r la p e r m é a b i l i t é d e la b a r r i è r e n e r v e u s e c e n t r a l e . R e v . N e u r o l . , 46:521-540 ( d e z e m b r o ) 1926.

==37. K a n t , F . e M a n n , F . — E x p e r i m e n t e l l e U n t e r s u c h u n g e n ü b e r d i e B l u t l i q u o r s c h r a n k e . A r c h . f. P s y c h i a t . , 85:394-403, 1928.

==38. M e h r t e n s , H . G. e P o u p p i r t , P . S. — E f f e c t of h y p e r p y r e x i a , p r o d u c e d by b a t h s , on p e r m e a b i l i t y of t h e m e n i n g e s . P r o c . S o c . E x p e r . B i o l . a. M e d . , 26 :287-288 ( j a n e i r o ) 1929.

(8)

lado de e x t r a t o s tireóideos, bem c o m o de hipófise e epífise, n ã o obteve m o d i f i c a -ç õ e s do c o m p o r t a m e n t o endotelial. D u r a n - R e y n a l s 4 0

e F r i e d e m a n n e E l k e l e s 1 4 e s -tudaram a a ç ã o sobre a barreira hemoencefálica dos e x t r a t o s testiculares e da adrenalina, r e s p e c t i v a m e n t e ; ambos verificaram que a permeabilidade dos capilares a u m e n t a v a c o m o e m p r e g o dessas substâncias, tendo os últimos d e n o m i n a d o de e f e i t o a u x o n e u r o t r ó p i c o a tal propriedade da epinefrina.

Quanto à repercussão das m o l é s t i a s d o sistema n e r v o s o sobre a barreira h e -m o e n c e f á l i c a , d e v e -m - s e citar qs estudos de F a b e ra

, que obteve, em m a c a c o s c o m poliomielite, c o l o r a ç ã o do n e u r a x e por m e i o de injeções intravenosas de azul-tripan. S t e r n " o b s e r v o u que as t o x i n a s da difteria, t é t a n o e tuberculose d e t e r m i n a v a m , e m cobaias, o e n f r a q u e c i m e n t o da barreira hemoliquórica a c r i s t a l o i d e s ; a infecção experimental de c o e l h o s c o m o B a c i l l u s anthracis produzia o m e s m o resultado, havendo, t a m b é m , alterações e m relação aos coloides. K r a l tí

, V o n k e n n e l4 3 e W a l -ter 4 4

verificaram a u m e n t o da permeabilidade da barreira h e m o l i q u ó r i c a durante a malária, tal c o m o acontece c o m a febre r e c u r r e n t e4 5

. S t e r n4

* v e r i f i c o u notável redução da resistência da barreira hemoliquórica e m relação a coloides e b i s m u t o injetado na veia, e m conseqüência da i n t o x i c a ç ã o c r ô n i c a pelo álcool. Resultados semelhantes foram obtidos c o m a i n t o x i c a ç ã o p e l o arsênico, m o n ó x i d o de carbono, ácido cianídrico, ácido s u l f í d r i c o4 T

e m o r f i n a4 8

. Q u a n t o aos m e i o s físicos, foi notado que a diatermia, e m altas d o s e s , produz diminuição da resistência da bar-reira h e m o l i q u ó r i c a4 9

, m e s m o a cristaloides que n o r m a l m e n t e n ã o c o n s e g u e m transpor o s c a p i l a r e sw

. Stern, R o m e l e G u e r t c h i k o w aB l

p r o v o c a r a m alterações do p H do s a n g u e , entre os valores 6.61 e 7,72, o b s e r v a n d o que os desvios para m a i s ou para m e n o s d e t e r m i n a v a m a u m e n t o da permeabilidade dos endotélios c e r e b r o s -pinais tanto e m r e l a ç ã o a cristaloides, c o m o a c o l o i d e s ; e f e i t o s mais acentuados eram obtidos c o m os p H m a i s b a i x o s . S t e r n , K a s s i l e L o k c h i n a6 2

obtiveram, e m

==40. D u r a n R e y n a l s , F . — G e n e r a l p e r m e a b i l i t y i n c r e a s i n g effect of f a c t o r f r o m m a m m a -l i a n t e s t i c -l e on b-lood c a p i -l -l a r i e s . Y a -l e J . B i o -l . a. M e d . , 11:601-612 ( j u -l h o ) 1939.

= = 4 1 . F a b e r , H . K . — V i s u a l i z a t i o n of p r e p a r a l y t i c lesions of poliomyelitis b y i n t r a v i t a l s t a i n i n g . P r o c . Soc. E x p e r . Biol. a. M e d . , 35:10-12 ( o u t u b r o ) 1936.

==42. K r a l , A . — U n t e r s u c h u n g e n ü b e r d a s V e r h a l t e n d e r B l u t l i q u o r s c h r a n k e w ä h r e n d d e r M a l a r i a b e h a n d l u n g d e r p r o g r e s s i v e n P a r a l y s e , n e b s t w e i t e r e n P e r m e a b i l i t ä t s b e s t i m m u n g e n m i t t e l s d e r W a l t e r s c h e n B r o m m e t h o d e bei P s y c h o s e n . Z t s c h r . f. d. g e s . N e u r o l , u . P s y c h i a t . , 117:315-329, 1928.

= = 4 3 . V o n k e n n e l , J. — W i s m u t b e h a n d l u n g z w i s c h e n d e n F i e b e r a t t a c k e n d e r I m p f m a l a r i a a u f G r u n d q u a n t i t a t i v e r B i b e s t i m m u n g e n i m L i q u o r . M ü n c h , m e d . W c h n s c h r . , 74:6466 (14 j a -n e i r o ) 1927.

==44. W a l t e r , F . K . — D e r E i n f l u s s d e r M a l a r i a B e h a n d l u n g a u f d i e P e r m e a b i l i t ä t d e r B l u t l i q u o r s c h r a n k e . D e u t s c h e Z t s c h r . f. N e r v e n h e i l k . , 117-119:699-715, 1931.

==45. B i e l i n g , R . e W e i c h b r o d t , R . — A u s t a u s c h b e z i e h u n g e n z w i s c h e n B l u t , L i q u o r u n d G e h i r n . D e u t s c h e m e d . W c h n s c h r . , 51:551-554, 1925.

==46. S t e r n , L . , K a s s i l , G. N . e L o k c h i n a , E . L . — E f f e c t d e P a l c o o l et d u C O s u r le p a s s a g e d u b i s m u t h d u s a n g d a n s le l i q u i d e c é p h a l o - r a c h i d i e n . C o m p t . r e n d . S o c . d e B i o l . , 97:648-650 (26 a g ô s t o ) 1927.

==47. S t e r n , L . e L o k c h i n a , E . L . — E f f e c t d e l ' e m p o i s o n n e m e n t p a r l ' o x y d e d e c a r b o n e ( g a s d e l ' é c l a i r a g e ) , 1 ' h y d r o g è n e s u l f u r é et l ' a c i d c c y a n h y d r i q u e , s u r le f o n c t i o n n e m e n t d e la b a r r i è r e h é m a t o - e n c é p h a l i q u e . C o m p t . r e n d . S o c . d e Biol., 97:647-648 (26 a g ô s t o ) 1927.

==48. L e m a i r e , H . e D e b r é , R . — É t u d e s s u r le p a s s a g e d e s s é r u m s a n t i t o x i q u e s d a n s le l i q u i d e c é p h a l o - r a c h i d i e n . J. d e P h y s i o l , e t d e P a t h . Gén., 13:233, 1911.

= = 4 9 . S p i e g e l , E . A . e Q u a s t l e r , H . — E x p e r i m e n t e l l e u n d k l i n i s c h e . . U n t e r s u c h u n g e n ü b e r d e n E i n f l u s s v o n R ö n t g e n s t r a h l e n u n d D i a t h e r m i e a u f d i e D u r c h l ä s s i g k e i t d e r B l u t l i q u o r s -c h r a n k e . W i e n . m e d . W -c h n s -c h r . , 81:1059-1061 ( 8 a g ô s t o ) 1931.

==50. S t e r n , L - , Z e i t l i n , S . M . e R a p o p o r t , H . H . — L ' i n f l u e n c e d e la d i a t h e r m i e s u r le f o n c t i o n n e m e n t d e la b a r r i è r e h é m a t o - e n c é p h a l i q u e . C o m p t . r e n d . S o c . d e B i o l . , 103:299-301

(7 f e v e r e i r o ) 1930.

==51. S t e r n , L . , R o m e l , E . L- e G u e r t c h i k o w a , C. A . — L ' i n f l u e n c e d e s c h a n g e m e n t s d u p H d u s a n g s u r le f o n c t i o n n e m e n t d e la b a r r i è r e h é m a t o - e n c é p h a l i q u e . C o m p t . r e n d . Soc. d e B i o l . , 99:363-364 (6 j u l h o ) 1928.

(9)

c o e l h o s , enfraquecimento da barreira hemoliquórica, por i n t e r m é d i o de choques anafiláticos.

F r ö h l i c h e Z a k5 8

realizaram e x p e r i ê n c i a s e m sapos c o m o acetato de teofilina sódica, verificando notável a u m e n t o da permeabilidade dos capilares cerebrospi-nal s e m r e l a ç ã o a o ferrocianeto de sódio, que n o r m a l m e n t e n ã o c o n s e g u e penetrar n o sistema n e r v o s o . E x p e r i ê n c i a s c o m resultados semelhantes f o r a m e f e t u a d a s

e m c a m o n d o n g o s e cobaias. O c o m p o r t a m e n t o da barreira h e m o e n c e f á l i c a foi e s -tudado, também, n o tocante à fucsina, uranina e morfina, s e n d o v e r i f i c a d o que estas substâncias a t i n g i a m c o m maior facilidade o n e u r a x e após as i n j e ç õ e s d e teofilina. F r ö h l i c h e Zak relacionam estes resultados c o m o aumento da p e r m e a bilidade d o s capilares e m geral atribuído a é s t e diurético. T a l processo foi u t i -l i z a d o para aumentar a concentração de a r s ê n i c o n o -liquor. C o o k e e co-l.8

* e s -tudaram o e f e i t o desta d r o g a e das i n j e ç õ e s de adrenalina e pituitrina, p o r é m n ã o verificaram l e s õ e s difusas d o sistema n e r v o s o central após inoculação intravenosa d e vírus d o herpes e pseudo-raiva. Contudo, L e F è v r e de A r r i e e M i l l e t5 5

obti-v e r a m , sob a influência d a urotropina, encefalites fatais após a introdução de v í r u s do herpes na v e i a ; os animais inoculados e que n ã o h a v i a m recebido u r o -tropina não t i v e r a m encefalite. E s t e s autores verificaram, ainda, que sais e ácidos

biliares, uréia, salicilato de s ó d i o e b r o m e t o de p o t á s s i o apresentam propriedades semelhantes às da teofilina e urotropina. W e i r5 8

o b s e r v o u que i n j e ç õ e s intracisternais de b r o m e t o de sódio, e m quantidade apenas suficiente para alterar l e v e -mente o teor s a n g ü í n e o , a b a i x a v a m a resistência da barreira hemoliquórica ao b r o m o , alterando t a m b é m seu c o m p o r t a m e n t o e m relação a o p o t á s s i o e sódio.

A l g u n s a u t o r e s6 7

observaram, pela d r e n a g e m do liqüido cefalorraqueano, a u -m e n t o da per-meabilidade da barreira he-moliquórica, tendo o p r o c e s s o sido utilizado

n o tratamento da neurossífilis, c o m o f i m de facilitar o a c e s s o d e salvarsan ao n e u r a x e . E s s a a ç ã o é atribuída à hiperemia subseqüente à d r e n a g e m liquórica. D e s e n v o l v e n d o essas idéias, K u b i e5 8

s u g e r i u , n o t r a t a m e n t o d e infecções n e r v o s a s , p r o l o n g a d a drenagem d o liquor, associada a i n j e ç õ e s intravenosas de s o l u -ç õ e s hipotônicas, ou à i n g e s t ã o de g r a n d e quantidade de líquidos. F r e m o n t - S m i t h , P u t n a m e Cobb * utilizaram e s s e p r o c e s s o n o tratamento d a e s c l e r o s e e m placas.

O f a t o de que os processos t o x i n f e c c i o s o s das m e n i n g e s s ã o acompanhados pelo a u m e n t o de permeabilidade da barreira hemoliquórica levou a l g u n s a u t o r e s8 0

==53. F r ö h l i c h , A . e Z a k , E . — Ü b e r m e d i c a m e n t ö s e B e e i n f l u s s u n g d e s G e w e b s d u r c h l ä s s i g k e i t . W i e n . k l i n . W c h n s c h r . , 39:493-497, 1926.

==54. Cooke, B . T . , H u r s t , E . W . e S w a n , C h . — R o u t e s of e n t r y i n t o t h e n e r v o u s sys-t e m of v i r u s i n sys-t r o d u c e d i n sys-t o sys-t h e b l o o d s sys-t r e a m . E x p e r i m e n sys-t s w i sys-t h sys-t h e v i r u s e s of p s e u d o - r a b i e s , h e r p e s a n d i n f e c t i o u s m y x o m a t o s i s . A u s t r a l . J . E x p e r . Biol. a. M e d . S c . , 20:129138 ( j u -n h o ) 1942.

==55. L e F è v r e d e A r r i e , M . e M i l l e t , M . — L o c a l i s a t i o n d e v i r u s h e r p é t i q u e s u r le n é v r a x e p a r v o i e s a n g u i n e sous l ' i n f l u e n c e d ' a g e n t s m o d i f i c a t e u r s d e la b a r r i è r e h é m a t o e n c e -p h a l i q u e . C o m -p t . r e n d . S o c . d e B i o l . , 94:782-784, 1926

==56. W e i r , E . G. — T h e e f f e c t s of i n t r a c i s t e r n a l i n j e c t i o n of s o d i u m b r o m i d e u p o n t h e blood-spinal fluid b a r r i e r . A m . J . P h y s i o l . , 143:83-88 ( j a n e i r o ) 1945.

==57. a) G i l p i n , S. F . e E a r l e y , T . B . — D r a i n a g e of c e r e b r o s p i n a l f l u i d s a s a f a c t o r i n t h e t r e a t m e n t of n e r v o u s s y p h i l i s . J . A . M . A . , 66:260-262, 1916. b) D e r c u m , F . X . — T h e f u n c t i o n s of t h e c e r e b r o s p i n a l fluid w i t h a special c o n s i d e r a t i o n of s p i n a l d r a i n a g e a n d of i n t r a s p i n a l i n j e c t i o n s of a r s p h e n a m i z e d s e r u m . A r c h . N e u r o l , a. P s y c h i a t . , 3:230-251 ( m a r ç o ) 1920. c) H o f f , H . — E x p e r i m e n t e l l e U n t e r s u c h u n g e n ü b e r d a s E i n d r i n g e n d e s S a l v a r s a n s i n d a s Z e n t r a l n e r v e n s y s t e m . J a h r b . f. P s y c h i a t . u . N e u r o l . , 42:201, 1923.

==58. K u b i e , L . S. — F o r c e d d r a i n a g e of t h e c e r e b r o s p i n a l f l u i d , i n r e l a t i o n to t h e t r e a t m e n t of i n f e c t i o n s of t h e c e n t r a l n e r v o u s s y s t e m . A r c h . N e u r o l , a. P s y c h i a t . , 19:997-1005

( j u n h o ) 1928.

==59. F r e m o n t S m i t h , F . , P u t n a m , T . J . e Cobb. S. — F o r c e d d r a i n a g e of t h e c e n t r a l n e r -v o u s s y s t e m . A r c h . N e u r o l , a. P s y c h i a t . , 23:219-227 ( f e -v e r e i r o ) 1930.

==60. a) M e h r t e n s , H . G. e M c A r t h u r , C. G. — T h e r a p y of n e u r o s y p h i l i s j u d g e d b y a r -s e n i c p e n e t r a t i o n of m e n i n g e -s . M e t h o d -s of t r e a t i n g n e u r o -s y p h i l i -s . A r c h . N e u r o l , a. P -s y c h i a t . ,

(10)

a utilizar a m e n i n g i t e asséptica c o m o fim de facilitar a p a s s a g e m de arsênico do s a n g u e para o liquor. A inflamação m e n í n g e a pode ser provocada pela i n j e ç ã o intraspinal de substâncias estranhas, c o m o soluto fisiológico e soro. A questão foi estudada e x p e r i m e n t a l m e n t e por F l a t a uw

. F l e x n e r e A m o s s8 1

verificaram, e m m a c a c o s , que anticorpos do s a n g u e p a s s a v a m c o m facilidade d o s a n g u e para o l i -qüido cefalorraquídio, após a produção de m e n i n g i t e asséptica, por m e i o de admi-nistrações intratecais de s o r o de cavalo.

N o estudo dos fatores que a u m e n t a m a permeabilidade dos capilares c e r e -brospinais, ocupa p o s i ç ã o especial o trauma, pelo papel que pode desempenhar na determinação de m o l é s t i a s do sistema n e r v o s o central, a o facilitar a p a s s a g e m d e t ó x i c o s ou g e r m e s d o s a n g u e para o n e u r a x e8 2

. S o b a a ç ã o dos t r a u m a t i s m o s , este tecido c o m p o r t a s e c o m o qualquer outro, desaparecendo a seletividade dos e n -dotélios e n c e f a l o m e d u l a r e s n ã o s ó e m r e l a ç ã o aos c o r a n t e s * * , c o m o aos v í r u sr A

. D e s t e s c o n h e c i m e n t o s sobre a a ç ã o d o trauma decorrem o s e f e i t o s obtidos pela d r e n a g e m d o liqüido c e f a l o r r a q u e a n o ; a l é m disso, t ê m sido verificadas a l t e r a ç õ e s da barreira hemoliquórica a p ó s pneumencefalografias, anestesias espinas e v e n -triculografias.

2 . Diminuição artificial da permeabilidade — É evidente a importância clí-nica que reveste o aumento artificial da resistência da barreira hemoencefálica e m processos i n f e c c i o s o s e p ó s - t r a u m á t i c o s e, principalmente, t ó x i c o s . Spiegel e Q u a s t l e rm

verificaram que as aplicações rõntgenterápicas p r o v o c a m a u m e n t o da resistência da barreira h e m o l i q u ó r i c a à p a s s a g e m da uranina injetada i n t r a v e n o s a -m e n t e . A i r d " verificou que o corante supravital ver-melho-brilhante, tanto c -m animais c o m o e m pacientes portadores de estados c o n v u l s i v o s , diminuía sensivel-m e n t e a persensivel-meabilidade da barreira hesensivel-moencefálica e e x e r c i a a ç ã o protetora. E s t e corante, s e g u n d o verificações e s p e c t r o f o t o m é t r i c a s , reduzia de 4 0 % a p a s s a g e m de cloridrato de cocaína para o liqüido cefalorraqueano. O m e s m o efeito foi obtido, e m r e l a ç ã o a outros agentes c o n v u l s i v a n t e s . F o i c o m p r o v a d o , m a i s , que o c o -rante n ã o atuava diretamente sobre o sistema n e r v o s o central, n e m neutralizava os a g e n t e s e p i l e p t ó g e n o s circulantes. P o r t a n t o , s u a a ç ã o se fazia sentir e x c l u s i -v a m e n t e sobre os endotélios e n c e f a l o m e d u l a r e s . E m trabalho posterior, A i r d e

S t r a i t " puderam v e r i f i c a r que o v e r m e l h o - t r i p a n atuava de maneira idêntica a o vermelho-brilhante, reduzindo consideravelmente a p a s s a g e m de cocaína para o n e u r a x e . E s t a s substâncias c o r a m seletivamente o s endotélios capilares que, c o m o

sabemos, d e v e m ser considerados c o m o locus primário das barreiras h e m o l i q u ó -rica e h e m o e n c e f á l i c a . A s diversidades entre estes dois sistemas refletem-se na

==61. F l e x n e r , S. e A m o s s , H . L . — T h e p a s s a g e of n e u t r a l i z i n g s u b s t a n c e s f r o m t h e blood i n t o t h e c e r e b r o s p i n a l fluid i n a c t i v e l y i m m u n i z e d m o n k e y s . J . E x p e r . M e d . , 28:11, 1918. ==62. B i t t e n c o u r t , J . M . T . e C a n e l a s , H . M . — T r a u m a e n e u r o s s i f i l i s . A r q . N e u r o -P s i q u i a t . , 3:347-408 ( d e z e m b r o ) 1945.

= = 6 3 . a) M a c C u r d y , J . T . e E v a n s , H . M . — E x p e r i m e n t e l l e L ä s i o n e n d e s Z e n t r a l n e r v e n -s y -s t e m -s , u n t e r -s u c h t m i t H i l f e d e r v i t a l e n F ä r b u n g . B e r l . k l i n . W c h n -s c h r . , 49:1695, 1912. b)

M a c k l i n , C. C. e M a c k l i n , M . T . — A s t u d y of b r a i n r e p a i r i a t h e r a t b y t h e u s e of t r y p a n b l u e , w i t h special r e f e r e n c e t o t h e v i t a l s t a i n i n g of t h e m a c r o p h a g e s . A r c h . N e u r o l , a. P s y ¬ c h i a t . , 3:353-394 ( a b r i l ) 1920. c) B r o m a n , T . — Ü b e r d i e B l u t - H i r n s c h r a n k e , i h r e B e d e u t u n g u n d i h r e B e z i e h u n g z u r B l u t l i q u o r s c h r a n k e . A r c h . f. P s y c h i a t . , 112:309-326, 1940.

==64. a) N i c o l a u . S . e G a l l o w a y , I . A . — N o u v e l l e s r e c h e r c h e s s u r le v i r u s d e l ' e n c é p h a ¬ l o m y é l i t e e n z o o t i q u e ( m a l a d i e d e B o r n a ) . C o m p t . r e n d . S o c . d e B i o l . , l00:534-536 (1 m a r ç o ) 1929. b) Z w i c k , W . , S e i f r i e d , O . e W h i t e , J . — W e i t e r e B e i t r ä g e z u r E r f o r s c h u n g d e r Bor-n a s c h e Bor-n K r a Bor-n k h e i t d e s P f e r d e s . A r c h . f. w i s s e Bor-n s c h . u . p r a k t . T i e r h e i l k . , 59:511-545 (18 i u Bor-n h o ) 1929. c) S a w y e r , W . A . e L l o y d , W . — U s e of m i c e i n t e s t s of i m m u n i t y a g a i n s t yellow f e v e r . J . E x p e r . M e d . , 54:533-555 ( o u t u b r o ) 1931. d) L e n n e t t e , E . H . e H u d s o n , N . P . — B l o o d - c e n t r a l n e r v o u s s y s t e m b a r r i e r i n e x p e r i m e n t a l p o l i o m y e l i t i s . P r o c . Soc. E x p e r . B i o l . a. M e d . , 34:470-472 ( m a i o ) 1936. e) B u r n e t , F . M . e L u s h , D . — I n f e c t i o n of t h e c e n t r a l n e r v o u s s y s t e m b y louping-ill v i r u s ; i n v e s t i g a t i o n s b y q u a n t i t a t i v e e g g m e m b r a n e t e c h n i q u e . A u s t r a l . J . E x p e r . B i o l . a. M e d . S c . , 16:233-240 ( s e t e m b r o ) 1938.

(11)

diferença verificada quanto à p a s s a g e m d o alcalóide para o tecido n e r v o s o ( r e d u ç ã o de 3 1 % ) e para o liqüido c e f a l o r r a q u í d i o ( r e d u ç ã o de 4 0 % ) , após a i n j e -ç ã o de vermelho-tripan.

COMPORTAMENTO SELETIVO DA BARREIRA HEMOENCEFÁLICA

O comportamento seletivo da barreira hemoencefálica e m relação às c a r g a s elétricas das substâncias circulantes r e f l e t e s e no m o d o de ação de diversas s u b s -tâncias, c o m o t o x i n a s , anticorpos, vírus, parásitos e d r o g a s .

1. Permeabilidade às toxinas — Q u a n t o à t o x i n a tetánica, c o n c o r d a m com. o ponto de vista de M e y e r e R a n s o m8

o s resultados obtidos por F r i e d e m a n n e col.*", que o s l e v a r a m à s seguintes c o n c l u s õ e s : a t o x i n a tetánica injetada n o m ú s c u l o c h e g a a o n e u r a x e m e s m o se a via circulatória estiver impedida por g r a n de quantidade de antitoxina c i r c u l a n t e ; a t o x i n a tetánica c h e g a a o n e u r a x e a t r a -v é s dos n e r -v o s m o t o r e s ; o tétano local é de o r i g e m c e n t r a l ; a t o x i n a tetánica n ã o atinge o sistema n e r v o s o central pela c i r c u l a ç ã o , pois os capilares c e r e b r o s p i n a i s lhe são impermeáveis. É preciso assinalar, porém, que as idéias de F r i e d e m a n n e col. n ã o representem conceito u n a n i m e m e n t e a c e i t o : ainda h á autores 9 7

que a d m i -tem a e x i s t ê n c i a da v i a h e m a t o g ê n i c a . B i e l i n g e G o t t s c h a l k *8

injetaram a t o x i n a diftérica na veia e a pesquisaram nos ó r g ã o s , n ã o a tendo encontrado n o cérebro. P o r outro lado, o rato é quase imune à t o x i n a injetada pelas v i a s c o m u n s e alta-mente sensível à inoculação intracerebral; F r i e d e m a n n3 0

verificou que o fato n ã o é e x p l i c á v e l pela teoria de R o u x e B o r r e iu

, de que a t o x i n a f o s s e desviada do c é r e b r o pela a b s o r ç ã o por outros ó r g ã o s , m a s d e v e - s e à impermeabilidade que os capilares e n c e f á l i c o s apresentam e m r e l a ç ã o à t o x i n a ; aliás, o m e s m o parece o c o r -rer n o s coelhos. A s l e s õ e s produzidas pela t o x i n a botulínica n o sistema n e r v o s o a u t ô n o m o s ã o de distribuição periférica e n ã o c e n t r a l ; t a m b é m quanto a o sistema cerebrospinal a t o x i n a a g e nas t e r m i n a ç õ e s m o t o r a s e n ã o n o n e u r a x e ; a barreira hemoencefálica é impermeável à t o x i n a b o t u l í n i c a6 8

. A t o x i n a disentérica ( b a c i -l o s tipo S h i g a - K r u s e ) produz -l e s õ e s dispersas e h e m o r r a g i a s n o sistema n e r v o s o central ( m e d u l a ) de c o e l h o s , o que indica l e s ã o dos c a p i l a r e s7 0

; ainda é impossí-vel dizer se ela atravessa o s capilares intactos. Burnet e K e l l a w a y *1

, baseados em estudos f a r m a c o l ó g i c o s , e F r i e d e m a n n *1

, estudando o e f e i t o a u x o n e u r o t r ó p i c o em c o e l h o s , d e m o n s t r a r a m que a t o x i n a estafilocócica n ã o atravessa a barreira h e m o e n c e f á l i c a , sendo cerca de 10 v e z e s mais t ó x i c a por i n j e ç ã o intracerebral^

= = 6 6 . F r i e d e m a n n , U . , Z u g e r , B . e H o l l a n d e r , A . — a) I n v e s t i g a t i o n s on t h e p a t h o g e n e s i s of t e t a n u s . I : T h e p e r m e a b i l i t y of t h e c e n t r a l n e r v o u s s y s t e m b a r r i e r t o t e t a n a l t o x i n . P a s s i v e i m m u n i t y a g a i n s t t o x i n i n t r o d u c e d b y v a r i o u s r o u t e s . J . I m m u n o l . , 36:473-484 ( m a i o ) 1939.

b) I I : T h e i n f l u e n c e of s e c t i o n of n e r v e on t h e n e u t r a l i z a t i o n of i n t r a m u s c u l a r l y injected t e

-t a n a l -t o x i n b y c i r c u l a -t i n g a n -t i -t o x i n . J . I m m u n o l . , 36:485-488 ( m a i o ) 1939.

F r i e d e m a n n , U . , H o l l a n d e r , A . e T a r l o v , I . M . — I n v e s t i g a t i o n s o n t h e p a t h o g e n e s i s of t e t a n u s . J . I m m u n o l . , 49:325-364 ( m a r ç o ) 1941.

==67. Meyer, F. K. — Critical analysis of the blood-brain barrier. J. Nerv. a. Ment. Dis.„ 99:768-782 (maio) 1944.

==68. B i e l i n g , R . e G o t t s c h a l k , A . — B i n d u n g , A u s s c h e i d u n g u n d V e r n i c h t u n g v o n T o x i n e n im K ö r p e r . Z t s c h r . f. H y g . u . I n f e k t i o n s k r . , 9 9 : 1 4 2 - 1 6 5 , 1923.

==69. D i c k s o n , E . C. e S h e v k y , R . — a) S t u d i e s on t h e m a n n e r i n w h i c h t h e t o x i n of C l o s t r i d i u m b o t u l i n u m a c t s u p o n t h e b o d y . I : T h e effect u p o n t h e a u t o n o m i c n e r v o u s s y s t e m . J . E x p e r . M e d . , 37:711-732 ( m a i o ) 1923. b) I I : T h e e f f e c t u p o n t h e v o l u n t a r y n e r v o u s s y s t e m . J . E x p e r . M e d . , 38:327-346 ( o u t u b r o ) 1923.

==70. D o e r r , R . e S e i d e n b e r g , S. — D i e L o k a l i s a t i o n im L e n d e n m a r k n a c h d e r V e r g i f t u n g m i t D y s e n t e r i e t o x i n u n d n a c h I n f e k t i o n e n m i t P o l i o m y e l i t i s - u n d H e r p e s v i r u s . Z t c h r . f. H y g ¬ n I n f e k t i o n s k r . . 119:72-90 (4 n o v e m b r o ) 1936.

(12)

que intravenosa. F r i e d e m a n n e E l k e l e s7 2

d e m o n s t r a r a m que a t o x i n a da disenteria das ovelhas ( l a m b - d y s e n t e r y ) e o veneno de cobra c o n s e g u e m franquear a barrei-ra hemoencefálica.

A s c a r g a s elétricas das t o x i n a s , d e v e m - s e , possivelmente, ou à ionização de u m g r u p o da molécula, o u à a d s o r ç ã o de ions. F o i verificado que as t o x i n a s que n ã o a t r a v e s a m a barreira, o u só c o m dificuldade o f a z e m , p o s s u e m c a r g a e l é -trica n e g a t i v a : tetánica, diftérica, botulínica, e s t a f i l o c ó c i c a ; por outro lado, a t o x i n a da lambdysentery é isoelétrica n o p H do sangue, sendo e l e t r o p o s i t i v o o v e -n e -n o de cobra. F r i e d e m a -n -nn

relaciona o período de incubação das t o x i n a s a seu respectivo dzeta-potencial, isto é, à diferença d e potencial entre a dupla camada elétrica na superfície das partículas, e o liqüido circundante. O estudo deste p o -tencial permite avaliar quantitativamente a permeabilidade das t o x i n a s , o que se não c o n s e g u e apenas pela determinação da c a r g a elétrica. O s resultdos obtidos p o r esse autor r e v e l a m que as t o x i n a s , diftérica, tetánica e botulínica p o s s u e m

dzeta-potencial m u i t o m a i s b a i x o que o da t o x i n a e s t a f i l o c ó c i c a ; o dzeta-dzeta-potencial da t o x i n a da l a m b - d y s e n t e r y é z e r o e o d o veneno de cobra é p o s i t i v o n o p H 7,4.

2 . Permeabilidade aos anticorpos — É discutida a permeabilidade d a bar-reira hemoencefálica aos anticorpos. O s que admitem a intransponibilidade dos capilares cerebrospinals b a s e i a m s e n o resultado precário da soroterapia n o t é -tano e na poliomielite, e nas e x p e r i ê n c i a s de R o u x e B o r r e iJ

* , d e m o n s t r a n d o que c o e l h o s altamente imunizados ativa o u passivamente contra o tétano n ã o ficavam protegidos contra a i n j e ç ã o intracerebral de u m a única dose letal da t o x i n a . P o r é m , D e s c o m b e y7 3

e M u t e r m i l c h e Salamon™ obtiveram resultados o p o s t o s : cobaias imunizadas ativa o u passivamente contra a t o x i n a tetánica f i c a v a m p r o -tegidas da inoculação cerebral de quantidades atingindo a t é vinte doses letais. E s s a discordância deve ser atribuída a o fato de que a dose letal intracerebral de t o x i n a tetánica é cerca de cem v e z e s m a i o r para o c o e l h o que para a cobaia. F r e u n d7 3

trabalhou c o m a febre t i f ó i d e , encontrando anticorpos no n e u r a x e , após imunização ativa ou passiva, e m título maior que n o l i q u o r ; e s t e fato e a verifica-ção de que os anticorpos penetram n o e n c é f a l o e m t e m p o muito menor que n o liqüido cefalorraqueano destrói a suposição de que esses corpos atinjam o encéfalo por via liquórica. E x p e r i ê n c i a s de W e i c h s e l e S a l f e l d7 6

— que demonstraram a presença de antitoxina e m cérebro livre de sangue, após imunização passiva com antitoxina h o m ó l o g a e h e t e r ó l o g a — e trabalhos de outros a u t o r e s7 7

l e v a m à c o n -clusão de que os capilares cerebrais são p e r m e á v e i s aos anticorpos. Entretanto, sua concentração n o n e u r a x e é m u i t o inferior à sangüínea, m o t i v o que justifica a administração intra-raquídia de antitoxinas.

3 . Permeabilidade aos vírus — Y u i e n7 8

observou que s o l u ç õ e s injetadas nos n e r v o s eram levadas à medula pelos espaços p e r i n e u r a i s ; notou, ainda, que a

==72. F r i e d e m a n n , U . e E l k e l e s , A . — T h e b l o o d - b r a i n b a r r i e r i n i n f e c t i o u s d i s e a s e s . I t s p e r m e a b i l i t y t o t o x i n s i n r e l a t i o n to t h e i r e l e c t r i c a l c h a r g e s . L a n c e t , 236:719-724 (7 a b r i l ) 1934 e 236:775-777 (14 a b r i l ) 1934.

==73. D e s c o m b e y , P . — a) V a c c i n a t i o n d u c o b a y e p a r i n j e c t i o n i n t r a c é r é b r a l e d ' a n a t o x i n e t é t a n i q u e . C o m p t . r e n d . Soc. d e Biol., 9 2 : 4 8 2 - 4 8 3 , 1925. b) S u r la v a c c i n a t i o n d u c o b a v e c o n t r e le t é t a n o s p a r i n j e c t i o n i n t r a c é r é b r a l e d ' a n a t o x i n e t é t a n i q u e . A n n . Tnst. P a s t e u r , 4 3 : 634-643 ( m a i o ) 1929.

==74. M u t e r m i l c h , S. e S a l a m o n , E.. — S u r la v a c c i n a t i o n d u l a p i n et d u cobaye c o n t r e le t é t a n o s c é r é b r a l . A n n . I n s t . P a s t e u r . 4 5 : 8 5 - 1 0 1 , 1930.

==75. F r e u n d , J . — A c c u m u l a t i o n of a n t i b o d i e s i n t h e c e n t r a l n e r v o u s s y s t e m . J . E x p e r . M e d . . 51:889-902 ( j u n h o ) 1930.

==76. W e i c h s e l , M . e S a l f e l d , H . — T h e p a s a g e of d i p h t e r i a a n t i t o x i n i n t o t h e b r a i n . J I n f e c t . D i s . . 61:73-78 ( j u l h o - a g ô s t o ) 1937.

=77. a) A b e l , J . J. e C h a l i a n , W . — R e s e a r c h e s on t e t a n u s . V I I : A t w h a t p o i n t i n t h e c o u r s e of t e t a n u s does a n t i t e t a n i c s e r u m fail t o s a v e life? B u l l . J o h n s H o p k i n s H o s p . , 62:610-633, 1938. b) N é l i s , P . — L ' h y p o t h è s e d ' u n e i m m u n i t é m é n i n g é e locale peut-elle ê t r e d é f e n d u e ? R e v . d ' I m m u n o l . , 6:159-182 ( m a i o ) 1940.

Referências

Documentos relacionados

Sem dúvida alguma, trata-se de uma síndrome de alto interêsse neurocirúrgico e a monografia, além da discussão da fisiopatologia de cada um de seus componentes, apresenta

Agrupando seus casos de atrofias musculares e hipotireoi- dismo aos de outras formas de síndromes mio-hipotireóideas registrados na lite- ratura, o A.. A s síndromes

Aproveitando a lição da primeira grande guerra, os autores chamam a atenção para a necessidade do tratamento imediato das neuroses entre combatentes, visando evitar evolução para

Julgamos digna de reparo a afirmação do A., de que a sulfamidoterapia intra-raqueana é completamente destituída de riscos, opinião esta não compartilhada pela maioria

Na prática, uma observação legítima de rigidez de decerebração deve satisfazer, senão na totalidade absoluta, pelo menos ao máximo, as seguintes condições: caráter plástico

A segunda parte compreende: anátomo-fisiologia e semiologia medular e métodos complementares de exame, sempre sob o ponto de vista estritamente cirúrgico; nosologia das

Não se trata de obra completa sôbre o assunto, nem o autor a propõe como tal, pois apenas são focalizados aspectos diversos da patologia das neoformações intracranianas.. empreende

desenvolvem os assuntos, não consideramos que êste livro seja de grande valor para o estudo da neuranatomia, a qual deve ser aprendida na peça anatômica, sob pena de se perderem