AULA VI – INTIMAÇÃO (art. 234-242, CPC)
É o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos termos e atos processuais para que faça ou deixe de fazer alguma coisa.
Normalmente se dá por meio de publicação em diário oficial, mas pode ser realizado pelo correio, pelo oficial de justiça, na própria audiência e pelo Diário de Justiça eletrônico. Atenção! Não confunda com notificação: ato futuro.
Formas de Intimação (são as mesmas da citação)
Intimação pela imprensa (236, § 1º, CPC): deverá conter o nome das partes e respectivos procuradores. Em caso de procuração com vários advogados habilitados, basta que a intimação seja feita a um deles.
Note que essa forma de intimação contempla o dinamismo processual, evitando a proliferação de intimações pessoais através do oficial de justiça. Contudo, em situações excepcionais a
Logo, a regra será a seguinte: No DF e capitais a intimação ocorrerá pela imprensa oficial. Nas demais comarcas, somente se possuírem órgão de publicação. Caso contrário, deverá ser feita pessoalmente, por carta registrada (art. 237, CPC) ou por meio eletrônico (Lei 11.419,06). Ver arts. 4º, 5º e 6º.
Prévio credenciamento no Poder Judiciário: intimações feitas aos Procuradores da Fazenda Pública, aos membros do MP, aos Defensores Públicos e aos integrantes da Advocacia Geral da União são consideradas como intimações pessoais para todos os efeitos legais. Serão consideradas realizadas no dia em que o intimando efetivar a consulta eletrônica (art. 5º , § 1º).
Assim, o prazo começa a fluir do primeiro dia útil após a consulta ao teor da intimação (CPC , art. 184 , § 2º). Se a consulta for realizada em dia não útil, a intimação será considerada no primeiro dia útil seguinte (art. 5º , § 2º).
A consulta deve ser feita em até 10 (dez) dias, contados da data de sua disponibilização (ainda que o acesso não seja efetivado será considerado automaticamente).
Prazo: considera-se prorrogado o prazo, até o primeiro dia útil seguinte, se o vencimento cair em feriado ou em dia não útil (CPC , art. 184 , § 1º) ou, ainda, quando houver prejuízo em razão de problemas técnicos no sistema eletrônico. (art. 10 , § 2º).
Empresas de leitura: interposta pessoa, paga por advogados, selecionam as publicações que constam o nome destes. Todavia, em caso de falha no serviço prestado a intimação será considerada realizada.
Intimação por vistas dos autos: Prerrogativa de ser intimado apenas com a abertura de vistas dos autos: MP (seja como parte ou fiscal da lei), AGU e Defensores Públicos (art. 5º, § 5º, da Lei nº
A intimação do MP deverá ocorrer pessoalmente, em qualquer espécie de ação judicial e em qualquer fase do processo (art. 236,
§2º, CPC; art. 41, IV, LONMP, Lei 8625/93). Leciona Eduardo Espínola Filho que "ao MP, o escrivão levará os autos pessoalmente, obtendo dele o ‘ciente’, datado e assinado, o que servirá para assinalar o termo inicial do prazo”.
PRAZO PARA RESPONDER: A intimação só obrigará o comparecimento quando feita com 24h de antecedência (art. 192).
Caso a intimação tenha sido feita em dia que não haja expediente forense, considera-se, para fins de prazo processual, como se tivesse sido feita no primeiro dia útil seguinte (art. 240, § único).
Projeto CPC: No tocante às intimações, há proposta prevendo que os advogados poderão intimar o advogado da outra parte através do correio, juntando aos autos o AR. Outra novidade é a inclusão do nome da sociedade a que pertencem os advogados, desde que devidamente registrada na OAB.
COMUNICAÇÃO DE ATOS PROCESSUAIS EM OUTRA COMARCA
Tanto as citações como as intimações de pessoas residentes ou domiciliadas em outras comarcas, podem ser feitas pelo correio, via AR. Porém, quando não for possível citar ou intimar por AR, e estando o comunicando em lugar certo e sabido em outra comarca, ou em país estrangeiro, far-se-á a citação ou intimação por carta precatória, rogatória ou de ordem (art. 200).
Ver as seguintes súmulas: STF – 263 e 310; STJ – 223, 273, 282 e 414.
AULA VII – RESPOSTA DO RÉU
Não se resume à contestação, veja: reconhecimento da procedência do pedido do autor; impugnação ao valor da causa;
réplica; chamamento de terceiros; revelia; reconvenção; oposição de exceções instrumentais etc. (Fredie Didier Jr.).
Após a citação, o réu poderá exercer sua defesa no processo (P.
do contraditório e da ampla defesa).
Ação simboliza o autor
Exceção simboliza o demandado CLASSIFICAÇÃO DAS DEFESAS
a) Defesas de admissibilidade e defesas de mérito:
Defesas de admissibilidade: são aquelas que têm por objetivo o questionamento da possibilidade de o juiz examinar o pedido do autor (o réu questiona a validade do processo). Ex.: alegação de falta de competência; alegação de falta de pressuposto processual ou condições da ação; perempção etc.
Defesas de mérito: é toda aquela que tem por objetivo impedir o acolhimento do pedido. O réu tem o objetivo de impedir não o exame, mas o acolhimento do pedido. Ex.: alegação de pagamento; todas as exceções substanciais; decadência etc.
Obs.: Exceções substanciais são direitos que neutralizam outros direitos, sem negá-los (veneno Vs antídoto). Ex.: prescrição. Tal matéria é de direito material, contudo, é amplamente estudada no CPC. Ver: Pontes de Miranda e Humberto Theodoro Jr.
b) Defesas diretas e indiretas:
Defesa direta: é aquela que não traz ao processo, fato novo. O réu se defende dos fatos alegados. Só existem duas espécies de defesa direta:
1. o réu nega os fatos do autor; e
2. o réu reconhece os fatos do autor, mas nega suas consequências jurídicas (confissão qualificada).
Por não ser alegado fato novo, o ônus da prova será exclusivo do autor, não havendo réplica (manifestação do autor acerca da contestação). Toda defesa direta será de mérito, entretanto, nem toda defesa de mérito será direta, como no caso das exceções substanciais, que são de mérito e indireta.
Defesa indireta: o réu agrega fato novo, assumindo o ônus de demonstrá-los. Toda exceção substancial será uma defesa indireta, assim como toda defesa de admissibilidade também o é. No caso de existência de defesa indireta, o autor será intimado para replicar (direito do autor). Ocorre o que se denomina de confissão complexa: quando o réu aceita os fatos do autor, mas traz fatos novos modificativos, impeditivos ou extintivos do direito.
A confissão complexa é DIVISÍVEL, ou seja, o juiz poderá aceitar apenas parte da confissão, negando outra, podendo, por exemplo, aceitar a confissão, mas negar a alegação. Em regra, a confissão é indivisível, sendo a confissão complexa uma exceção. É a única confissão cindível, consoante art. 354, do CPC.
c) Objeções e Exceções (em sentido estrito):
Objeções: são as defesas que o juiz pode conhecer de ofício. Ex.:
decadência legal; incompetência absoluta; carência de ação;
pagamento etc.
Exceções em sentido estrito: são as defesas que o juiz não pode conhecer de ofício. Ex.: decadência convencional; incompetência relativa; compromisso arbitral; as exceções substanciais, ressalvada a prescrição etc.
Obs: a exceção de pré-executividade (defesa na execução) é efetivamente uma exceção no sentido processual e não uma objeção, já que abrange qualquer defesa que não exija dilação probatória.
d) Defesas dilatórias e peremptórias:
Defesa dilatória: tem por objetivo retardar a eficácia do que o autor pretende (o exame ou o acolhimento do pedido). Ex.:
incompetência; conexão; exceção de contrato não cumprido – assim, existe defesa dilatória de mérito, como no caso ainda, do direito de retenção.
Defesa peremptória: tem por objetivo extinguir ou perimir a demanda do autor (ex.: carência de ação; pagamento; prescrição).
Obs: elas podem ser tanto de mérito como de admissibilidade.
Lembre que o usucapião é uma defesa de mérito, indireta, peremptória e não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz (exceção). Cuidado! A exceção de pré-executividade é uma exceção em sentido amplo, abrangendo qualquer alegação na fase de execução.
PRAZOS PROCESSUAIS
Legais: são os fixados pela lei (interposição de recursos) Judiciais: fixados pelo juiz
Convencionais: fixado pelas partes
Peremptórios: aqueles que não podem ser alterados pela vontade das partes (ex: resposta do réu)
Dilatórios: podem ser alterados pela vontade das partes (alegações finais).
Comuns: para ambas as partes
Particulares: para uma das partes (ex: réplica)
Próprios: aquele cujo descumprimento não acarrete consequência específica (ex: contestação)
Impróprios: aqueles cujo descumprimento não acarreta consequência específica (prazo para sentenciar)
Obs. 1: os serventuários possuem prazo de 24h para levar os autos e 48h para executar atos (art. 190, CPC).
Obs. 2: se a intimação for realizada por DO de sábado, considera-se feita na segunda-feira com prazo iniciado na terça.
Obs. 3: o juiz tem prazo de 2 dias para despachar e 10 para decidir.
Contestação: é um instrumento de defesa
O prazo é de 15 dias. Para a Fazenda Pública é em quádruplo, ou seja, 60 dias – mesmo que em litisconsórcio – afinal, as regras não se somam; litisconsórcio passivo com advogados diferentes o prazo será de 30 dias; réu patrocinado por defensor público também terá o prazo em dobro (30 dias).
Obs.: ordinário 15 d; busca e apreensão 3 d; cautelar 5 d;
divisória / demarcatória 20 d; rescisória 15 a 30 d. No silêncio da lei e do juiz, o prazo será de 05 dias.
A contestação se submete a duas regras básicas ou pilares normativos, quais sejam:
1ª regra CONCENTRAÇÃO DA DEFESA OU DA EVENTUALIDADE:
toda a defesa deve ser deduzida na contestação. O réu tem de formular todas as hipóteses possíveis.
Exceções: aditamento da contestação (art. 303, CPC); e as defesas legais. Ex.: incompetência relativa; impedimento; suspeição etc.
Art. 303. Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações quando:
I - relativas a direito superveniente; [ex.: pagamento]
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; [ex.: objeções]
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo. [ex.: decadência convencional].
2ª regra ÔNUS DA IMPUGNAÇÃO ESPECIFICADA: o réu, em sua defesa, deve impugnar, especificadamente, cada um dos fatos afirmados pelo autor, não podendo se limitar a uma contestação genérica, já que o fato não impugnado especificadamente será entendido como verdadeiro, considerando-se ter havido admissão, que é justamente a não impugnação de um fato.
Esse pilar também se submete a duas mitigações previstas no art.
302, do CPC, sendo: A primeira o fato de que alguns sujeitos são dispensados do ônus da impugnação especificada (curador especial, advogado dativo, MP quando atuava como curador em razão da ausência de Defensoria Pública); e A segunda no sentido de que existem fatos cuja ausência de impugnação não poderá gerar presunção de veracidade, quais sejam:
Fatos relacionados a direitos indisponíveis art. 302 do CPC c/c art.
213 do CC;
Ausência de instrumento essencial para a prova dos fatos; e
Não se aplica à presunção de veracidade quando o fato não impugnado estiver em contradição com o contexto da defesa (art.
302, III, CPC).
Obs. 1: ser Defensor Público, por si só, não mitiga a regra do art.
302, do CPC. Contudo, se estiver na função de curador especial estará dispensado.
Obs. 2: objeções processuais não precluem se não alegadas na contestação (incompetência absoluta, nulidade da citação, decadência etc).
Questão: O que são ônus processuais? São encargos impostos às partes. Podem ser: i) perfeitos / plenos – resulta em prejuízo irreversível; ii) imperfeitos / diminuídos – não ocorre preclusão; iii) postulatório; iv) declaratório; v) reais / materiais.
REVELIA [próxima aula]
EXCEÇÕES INSTRUMENTAIS.
