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IV EREEC João Pessoa - PB 19 a 21 de setembro de 2017

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19 a 21 de setembro de 2017

CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGEM QUANTO À CATEGORIA DE RISCO E DANO POTENCIAL ASSOCIADO – UM ESTUDO DE CASO

Jonatã Gomes de Souza (jonatagomes83@gmail.com) Igor Martins Costa Ferreira Silva (igor-martinss@hotmail.com)

Resumo: As barragens são obras fundamentais para o desenvolvimento humano até os dias atuais, porém, os vários acidentes ocorridos com esses empreendimentos ao longo dos anos, traz a necessidade da implementação de metodologias que determinem o nível de exposição ao risco ao qual à sociedade está submetida. No Brasil, A Lei 12.334/2010, que instituiu a Política Nacional de Segurança de Barragens, defi niu obrigações e procedimentos a se seguir para garantir a observância de padrões de segurança de barragens, de maneira a reduzir a possibilidade de acidentes e suas consequências. Neste artigo, propomos a classifi cação de uma barragem destinada ao acúmulo de água, quanto à categoria de risco e o dano potencial associado, de acordo com os critérios estabelecidos pela resolução Nº 143/2012 do CNRH. A aplicação desta metodologia, trouxe como resultado para a barragem Santa Cruz do Trairi, a obtenção de 66 pontos para o risco e 25 pontos para o dano potencial, o que enquadrou-a como uma barragem de categoria de risco alta e dano potencial associado alto.

Palavras-chave: Lei 12.334. Resolução Nº 143. Barragens. Segurança. Santa Cruz RN.

Abstract: The dams are fundamental works for the human development until the present day, however, the various accidents that occurred with these ventures over the years, necessitate the implementation of methodologies that determine the level of exposure to risk to which society is subject. In Brazil, the Law 12.233, which established the National Dam Safety Policy, defi ned obligations and procedures to be followed in order to guarantee standards of safety for the dams so minimizing accidents and their consequences. In this article, we propose the classifi cation of a dam for water accumulation on the category of risk and potential damage associated, according to the criteria established by the CNRH Resolution Nº 143/2012. The application of this methodology, resulted in the achievement of 65 points for risk and 25 points of potential damage, classifying the Santa Cruz do Trairi dam as a high risk category dam and associated high potential damage.

Keywords: Law 12.333. Resolution Nº 143. Dams. Safety. Santa Cruz RN.

INTRODUÇÃO

As barragens são obras impressionantes e incontestáveis até hoje quanto sua serventia para o desenvol- vimento humano, seja na irrigação, na produção de energia elétrica, na reserva hídrica para o abastecimento de água, no lazer etc. No entanto, o grande número de casos registrados de acidentes em todo o mundo envolven- do esses empreendimentos, faz com que surja por parte da sociedade, a necessidade do conhecimento do nível de exposição ao risco ao qual estão submetidos.

De acordo com Nichele e Jung[1], as pessoas evoluíram juntamente com as barragens e hoje compreen- dem que a segurança não possui garantia absoluta, mas que existem riscos e que eles devem ser mensurados a fi m de enquadra-lós como toleráveis ou não. Em razão disto, Veról et al.[2] constatou que houve em todo o mundo o anseio pelo estabelecimento de legislações que regulamentassem esses empreendimentos e defi nis- sem planos de ações emergenciais com o intuito de garantir a observância dos padrões de segurança das barra- gens de maneira a reduzir a possibilidade de acidentes e suas consequências.

No Brasil, somente em 2010 foi sancionada a primeira lei relacionada ao tema: a Lei Nº 12.334, que es- tabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) e cria o Sistema Nacional de Informações so- bre Segurança de Barragens (SNISB). Entre os sete instrumentos previstos no Art. 6º da PNSB, o primeiro e, de

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certo modo, o mais importante para o cumprimento do objetivo deste trabalho, é o sistema de classificação de barragens, por categoria de risco, por dano potencial associado e por volume. Este instrumento é tomado como base para a escolha dos procedimentos e medidas que visam tornar as barragens mais seguras, determinando a periodicidade, a qualificação técnica da equipe responsável, o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento das inspeções regulares e especiais de segurança, além da obrigatoriedade ou não da elaboração do Plano de Ação Emergencial (PAE) da barragem[3].

Hoje existem vários métodos de análise com enfoque probabilístico que avaliam a possibilidade de rup- tura de uma barragem, no entanto, essas probabilidades são muito pequenas e difíceis de serem determinadas pelo o estado da arte da engenharia atual[4]. Assim, quando há dificuldade na quantificação de probabilidades é possível fazer uso de outra metodologia que esteja inserida no conceito de gestão de riscos, no qual é definido como o conjunto de ações de caráter normativo, bem como aplicação de medidas para prevenção, controle e mitigação de riscos[3]. Nesse contexto, a Resolução CNRH Nº 143/2012 que estabelece critérios gerais de clas- sificação de barragens por categoria de risco, dano potencial associado e pelo seu volume, em atendimento ao art. 7º da Lei nº 12.334, foi tomada como base para a classificação da barragem Santa Cruz do Trairi no interior do estado do Rio Grande do Norte.

1. A PNSB E O SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS

A Lei Nº 12.334, de 20 de setembro de 2010, conhecida como a Lei de Segurança de Barragens e que estabeleceu a PNSB, aplica-se a barragens destinadas à acumulação de água para quaisquer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais que apresentem pelo menos uma das se- guintes características:

I - altura do maciço, contada do ponto mais baixo da fundação à crista, maior ou igual a 15m (quinze metros);

II - capacidade total do reservatório maior ou igual a 3.000.000m³ (três milhões de metros cúbicos);

III - reservatório que contenha resíduos perigosos conforme normas técnicas aplicáveis;

IV - categoria de dano potencial associado, médio ou alto, em termos econômicos, sociais, ambientais ou de perda de vidas humanas, conforme definido no art. 6º.

Ainda dentro da fundamentação legal, foi atribuída ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CN- RH) a competência de designar critérios gerais de classificação para as barragens por categoria de risco, dano potencial associado e volume, sendo este um instrumento da Política Nacional de Segurança de Barragens es- tabelecido nas resoluções Nº 143 e Nº 144 do CNRH[3].

1.1 Categoria de Risco e Dano Potencial Associado

A importância de classificar as barragens quanto à categoria de risco e quanto ao dano potencial associa- do, está no momento da tomada de decisão de quais procedimentos serão adotados pelos os empreendedores ou operadores no domínio da lei, que visem minimizar a possibilidade de acidentes com essas estruturas, ga- rantindo assim, a segurança do meio ambiente e da população que se encontra à jusante[5]. Perante esse tipo de classificação, a realização do Plano de Segurança de Barragem (PSB), do Plano de Ação de Emergência (PAE) e a determinação da frequência de inspeções, são alguns dos procedimentos que podem vir a ser adotados.

No que concerne à categoria de risco (CRI), as barragens são classificadas com base no Art. 4º da resolu- ção Nº 143, onde se avaliam os aspectos da própria barragem que possam influenciar na possibilidade de ocor- rência de um acidente, fazendo uso dos seguintes critérios: características técnicas intrínsecas ao projeto (CT), o estado vigente de conservação das estruturas e do barramento (EC) e, por último, a existência de documentos e procedimentos de manutenção que atendam o Plano de Segurança da Barragem (PS).

Para o Dano Potencial Associado (DPA), a classificação que foi estabelecida no Art. 5º da resolução Nº 143, consiste na identificação de riscos que as barragens apresentam para o território à jusante em caso de rompimento, vazamento, infiltração no solo ou mau funcionamento. Além do volume do reservatório que é determinante na mensuração de quão grande seria os impactos socioambientais à jusante da barragem, o co- nhecimento do potencial de perda de vidas humanas, de infraestrutura e serviços, são outros parâmetros que definem esse tipo de classificação.

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2. CARACTERIZAÇÃO DA BARRAGEM SANTA CRUZ DO TRAIRÍ

A barragem tema deste estudo, na qual fará uso do instrumento de classificação por CRI e DPA da Lei Nº 12.334, está localizada no município de Santa Cruz no interior do estado do Rio Grande do Norte, barran- do o rio trairi. A bacia hidrográfica do empreendimento que possui uma área total de 453 km² e uma média de precipitação anual de 500 mm, faz parte da bacia hidrográfica Trairi (Figura 1).

Figura 1. Bacia Hidrográfica Trairi

Fonte: Disponível em: <http:www.semarh.rn.gov.br/>. Acesso em: 10 de março de 2017.

Trata-se de um empreendimento cuja bacia hidráulica é da ordem de 135,6 ha, e que com um volume de 5.158.750,00 m³, foi construído entre os anos de 1994-1995 pelo Departamento Nacional de Obras Contra Secas (DNOCS) que é o responsável legal, com a finalidade principal de abastecimento de água da cidade de Santa Cruz. A barragem Santa Cruz do Trairi (Figura 2), é uma estrutura em terra, de seção homogênea, com altura máxima de 16,24 m, extensão do coroamento de 594 m, largura do coroamento de 5,50 m, com taludes à montante e jusante protegidos por “rip-rap” e sangradouro do tipo soleira livre[6].

Figura 2.

Barragem Santa Cruz do Trairi recém- construída

Fonte: Disponível em: <http:www.1bec.eb.mil.

br/>. Acesso em: 10 de março de 2017.

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3. METODOLOGIA DA CLASSIFICAÇÃO

A classificação de barragens é um processo com várias etapas, que envolve a coleta de dados relativos as características técnicas, estado de conservação, condições de segurança e do vale à jusante, para assim utilizar os critérios classificativos estabelecidos por lei e os métodos de cálculo mais indicados. Desse modo, a resolu- ção Nº 143/2012 por meio do CNRH, estabeleceu os critérios de avaliação que compõem a matriz de classifi- cação de barragens, como pode ser vista na Figura 3.

Figura 3. Matriz composta pelos critérios de classificação

Fonte: Do autor (2017).

Cada um dos critérios que compõem a matriz de classificação apresentam seus parâmetros e respectivas pontuações para cada característica ou condição, que estão sintetizados em quatro quadros no anexo II da re- solução em estudo.

3.1 Categoria de Risco (CRI)

A categoria de risco é composta por três critérios, sendo eles: I - Características Técnicas (CT); II - Es- tado de Conservação (EC); e III - Plano de Segurança de Barragem (PS). O somatório das pontuações de cada um dos critérios da CRI, representa o nível de propensão da barragem em desenvolver um acidente com o seu barramento ou maciço. Caso o somatório da pontuação dos critérios de avaliação da categoria de risco obtiver um valor superior a 62 pontos, ou se algum dos parâmetros do critério EC obtiver pontuação igual ou superior a 8, a barragem é enquadrada como de alto risco. Se a pontuação estiver entre 35 e 62 pontos, a barragem é en- quadrada como de risco médio. Agora, caso a barragem apresente uma pontuação inferior a 32 pontos, a cate- goria de risco é considerada baixa, como pode ser visto na Figura 4.

Figura 4. Classificação quanto à categoria de risco

Fonte: Do autor (2017).

I - O critério de Característica Técnica (CT) trata de questões intrínsecas ao projeto da barragem, são elas: altura, comprimento, tipo de barragem quanto ao material de construção, tipo da fundação, idade da bar- ragem e vazão de projeto.

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II - Já o critério de Estado de Conservação (EC) diz respeito às questões de gerenciamento da barra- gem tangíveis ao empreendedor ou empresa responsável, são elas: confiabilidade das estruturas extravaso- ras e de adução, existência de percolação, deformações e recalques do barramento, deterioração dos taludes e, por fim, a existência e condições de manutenção de eclusas. Portanto, as condições em que a barragem se encontra, necessárias de avaliação para o critério EC, está condicionada as práticas de gestão desempenhadas no empreendimento.

III - Por fim, o critério de Plano de Segurança da Barragem (PS) concerne às questões de avaliação da existência de documentação de projeto, na estrutura organizacional e qualificação técnica dos profissionais da equipe de segurança da barragem, nos procedimentos de roteiros de inspeções de segurança e de monitoramen- to, na regra operacional dos dispositivos de descarga da barragem e nos relatórios de inspeção de segurança com análise e interpretação.

3.2 Dano Potencial Associado (DPA)

A classificação da barragem por Dano Potencial Associado traz o nível de danos que de maneira poten- cial pode atingir os elementos distribuídos à jusante de uma barragem com a cheia decorrente do rompimento do seu barramento, e que na maioria das vezes faz surgir um cenário de destruição, ambiental, socioeconômi- ca e de vidas humanas. Assim, essa categoria requer o conhecimento de informações sobre, o volume total do reservatório, a ocupação de vidas humanas à jusante, a existência áreas ambientais protegidas por lei e a pre- sença de instalações e serviços de cunho socioeconômico.

De acordo com o esquema disposto na Figura 5, a barragem apresentará a classificação de DPA alto quan- do o somatório das pontuações dos parâmetros supracitados for superior a 16. Entre 10 e 16 pontos, a barragem será avaliada como de DPA médio, e com uma pontuação inferior a 10 pontos é classificada como de DPA baixo.

Figura 5. Classificação quanto ao Dano Potencial Associado

Fonte: Do autor (2017).

3.3 Inspeção da Barragem Santa Cruz do Trairi

Para aplicação da matriz de classificação (Figura 3) na barragem Santa Cruz do Trairi, além da coleta de dados sobre as características técnicas por meio dos endereços eletrônicos do DNOCS e da Secretaria de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH)[7,8], se fez necessário à inspeção visual do empreendimento, na qual ocorreu no dia 25 de maio de 2017, dia ensolarado com temperatura ambiente de aproximadamente 31ºC.

Durante a inspeção foi percorrido toda a extensão da barragem em suas estruturas de crista, taludes e verte- douro, onde buscou-se identificar os parâmetros de pontuação dos critérios de classificação, principalmente no que tange ao Estado de Conservação da Barragem (EC), e através de imagens foram registradas algumas das potenciais irregularidades encontradas.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O procedimento de classificação da barragem Santa Cruz do Trairi por Categoria de Risco e Dano Poten- cial Associado, assim como consta no anexo II da resolução Nº 143, faz o uso de quatro tabelas, onde em cada uma delas há a descrição dos parâmetros e respectivas pontuações a atribuir no julgamento da barragem, tanto para a Categoria de Risco (CRI) com os critérios CT, EC e PS, quanto para o Dano Potencial Associdado (DPA).

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4.1 Classificação por Categoria de Risco

Para a Categoria de Risco, as tabelas 1, 2 e 3 dispõem dos parâmetros e pontuações para os critérios de Característica Técnica (CT), Estado de Conservação (EC) e Plano de Segurança (PS), respectivamente. Com o intuito de tornar o procedimento de classificação mais claro, as características relevantes acerca da barragem Santa Cruz do Trairi e a correspondente pontuação obtida são apresentadas nas próprias tabelas 1, 2 e 3. As Equações 1, 2, 3 e 4, sintetizam essa classificação.

CRI = Σ(CT) + Σ(EC) + Σ(PS) (Eq. 1)

CT = (a) + (b) + (c) + (d) + (e) + (f) (Eq. 2) EC = (h) + (h) + (i) + (j) + (k) + (l) (Eq. 3)

PS = (n) + (o) + (p) + (q) + (r) (Eq. 4)

Aplicando a equação 2 para a Tabela 1, na qual dispõe das pontuações obtidas pela barragem em estudo no critério de Característica Técnica, temos que:

CT = (1) + (3) + (3) + (1) + (2) + (10)

CT = 20 (Eq. 5)

Tabela 1. Características Técnicas (CT)

Parâmetro Descrição da característica técnica Barragem Santa

Cruz do Trairi Altura (a) Alt. ≤ 15m (0) 15m ≤ Alt. ≤ 30

m (1) 30m ≤ Alt. ≤ 60

m (2) Alt. > 60 m (3) 16,24 m

a = 1 Comprimento

(b) Comp. ≤ 200 m (2) Comp. > 200

m (3) * * * 594,00 m

b = 3 Tipo de

Barragem quanto ao material de construção (c)

Concreto

Convencional (1) Alvenaria de Pedra/Concreto Ciclópico/

Concreto Rolado - CCR (2)

Terra Homogênea / Enrocamento / Terra

Enrocamento (3)

* * Terra Homogênea

Compactada c = 3

Tipo de fundação

(d) Rocha sã (1) Rocha alterada

dura com tratamento (2)

Rocha alterada sem tratamento / Rocha alterada fraturada com tratamento (3)

Rocha alterada mole/ Saprolito / Solo compacto (4)

Solo residual/

aluvião (5)

Rocha Sã d = 1

Idade da

Barragem (e) Entre 30 e 50 anos

(1) Entre 10 e 30

anos (2) Entre 5 e 10 anos

(3) < 5 anos ou >

50 anos ou sem informação (4)

* 22 anos e = 2 Vazão de Projeto

(f) Decamilenar

ou CMP (Cheia Máxima Provável) – TR = 10.000 anos (3)

Milenar – TR =

1.000 anos (5) TR = 500 anos (8) TR < 500 anos ouDesconhecida / Estudo não confiável (10)

* Desconhecida f = 10

Fonte: Do autor (2017).

Aplicando a equação 3 para a Tabela 2, na qual dispõe das pontuações obtidas pela barragem Santa Cruz do Trairi no critério de Estado de Conservação, temos que:

EC = (4) + (0) + (8) + (8) + (5) + (0)

EC = 25 (Eq. 6)

(7)

Tabela 2. Estado de Conservação da Barragem (EC)

Parâmetro Descrição do estado de conservação Barragem Santa

Cruz do Trairi Confiabi-

lidade das Estruturas Extravaso- ras (g)

Estruturas ci- vis e eletro- mecânicas em pleno funciona- mento / canais de aproxima- ção ou de res- tituição ou vertedouro (ti- po soleira livre desobstruídos (0)

Estruturas civis e ele- tromecânicas prepara- das para a operação, mas sem fontes de su- primento de energia de emergência / ca- nais ou vertedouro (ti- po soleira livre) com erosões ou obstruções, porém sem riscos a es- trutura vertente (4)

Estruturas civis compro- -metidas ou Dispositivos hidroeletromecanicos com problemas identificados, com redução de capaci-dade de adução e com medidas corretivas em implantação / canais ou vertedouro (tipo soleira livre) com erosões e/

ou parcialmente obstruídos, com risco de comprome- -timento da estrutura ver- tente (7)

Estruturas civis comprometidas ou Dispositivos hidroe- letromecanicos com problemas identifica- dos, com redução de capacidade de adução e sem medidas corre- tivas/ canais ou ver- tedouro (tipo soleira livre) obstruídos ou com estruturas danifi- cadas) (10)

Vertedouro tipo soleira livre, com erosões e obstru- ção por vegetação generalizada, po- rém sem riscos a estrutura vertente g = 4

Confiabi- lidade das Estruturas de Adução (h)

Estruturas civis e dispositivos hidroeletrome- cani-cos em condi-

ções adequadas de manutenção e funcionamen- to (0)

Estruturas civis com- prometidas ou Dis- positivos Hidroele – tromecanicos com problemas identifica- dos, com redução de capacidade de adução e com medidas cor- retivas em implanta- ção (4)

Estruturas civis compro- metidas ou Dispositivos hi- droeletromecanicos com problemas identificados, com redução de capacidade de adução e sem medidas corretivas (6)

* Estrutura de adu-

ção não identifi- cadah = 0

Percola-

ção (i) Percolação to- talmente con- trolada pelo sistema de dre- nagem (0)

Umidade ou surgência nas áreas de jusante, paramentos, taludes ou ombreiras estabi- lizada e/ou monitora- da (3)

Umidade ou surgência nas áreas de jusante, paramen- tos, taludes ou ombreiras sem tratamento ou em fase de diagnóstico (5)

Surgência nas áreas de jusante, taludes ou ombreiras com carre- amento de material ou com vazão crescen- te (8)

Percolação da crista para os ta- ludes de montan- te e jusante com carreamento de material i = 8 Deforma-

ções e Re- calques (j)

Inexistente

(0) Existência de trincas e abatimentos de peque- na extensão e impacto nulo (1)

Trincas e abatimentos de impacto considerável geran- do necessidade de estudos adicionais ou monitoramen- to (5)

Trincas, abatimen- tos ou escorregamen- tos expressivos, com potencial de compro- metimento à seguran- ça (8)

Trincas na crista da barragem j = 8

Deterio- ração dos Taludes / Paramen- tos (k)

Inexistente (0) Falhas na proteção dos taludes e paramentos, presença de arbustos de pequena extensão e impacto nulo (1)

Erosões superficiais, ferra- gem exposta,

crescimento de vegetação generalizada, gerando ne- cessidade de monitoramen- to ou atuação corretiva (5)

Depressões acentu- adas nos taludes, es- corregamentos, sulcos profundos de erosão, com potencial de com- prometimento a segu- rança (7)

Erosões nos talu- des e crescimento generalizado de vegetação k = 5

Eclusa (*)

(l) Não possui

eclusa (0) Estruturas civis e ele- tromecânicas bem mantidas e funcionan- do (1)

Estruturas civis compro- -metidas ou Dispositivos hi- droeletromecanicos com problemas identificados e com medidas corretivas em implantação (2)

Estruturas civis comprometidas ou Dispositivos hidroe- letromecanicos com problemas identifi- cados e sem medidas corretivas (4)

Não possui eclusa l = 0

Fonte: Do autor (2017).

A Figura 1 mostra algumas das irregularidades encontradas através da inspeção realizada em toda a ex- tensão da barragem em suas diversas estruturas. No que diz respeito ao estado de conservação da barragem, foi constatado problemas em toda sua crista, onde esta desenvolveu trincas profundas devido à remoção irregular da camada de proteção (brita) existente, permitindo a percolação de água pluvial da crista para a fundação e da crista para os taludes de montante e jusante com carreamento de solo. Os taludes apresentam erosões em locais

(8)

isolados e crescimento de vegetação generalizada em todos os 594 metros de barramento. Por último, o verte- douror encontra-se obstruído por vegetação generalizada, porém sem risco a estrutura vertente.

Figura 6. 1- Vertedouro e taludes com vegetação generalizada; 2- Trincas na crista da barragem; 3- Erosão com percolação da crista para fundação; 4- Erosão com percolação da crista para o talude

Fonte: Do autor (2017).

Aplicando a equação 4 para a Tabela 3, na qual dispõe das pontuações obtidas pela barragem no critério de Plano de Segurança, temos que:

PS = (2) + (8) + (6) + (0) + (5)

PS = 21 (Eq. 7)

Tabela 3. Plano de Segurança da Barragem (PS)

Parâmetro Descrição do plano de segurança da barragem Barragem Santa

Cruz do Trairi Existência de docu-

mentação de proje- to (n)

Projeto execu- tivo e “como construído” (0)

Projeto execu- tivo ou “como construído”

(2)

Projeto bási-

co (4) Anteproje-

to ou Projeto conceitual (6)

Inexiste Documenta- ção de proje- to (8)

Existência de pro- jeto executivo ou como construído n = 2

Estrutura organiza- cional e qualificação técnica dos profis- sionais da equipe de Segurança da Barra- gem (o)

Possui estrutu- ra organizacio- nal com técnico responsável pe- la segurança da barragem (0)

Possui técni- co responsável pela seguran- ça da barra- gem (4)

Não possui es- trutura orga- nizacional e responsável técnico pela segurança da barragem (8)

* * Não possui estru-

tura organizacional nem responsável o = 8

Procedimentos de roteiros de inspeções de segurança e de monitoramento (p)

Possui e aplica procedimentos de inspeção e monitoramen- to (0)

Possui e apli- ca apenas pro- cedimentos de inspeção (3)

Possui e não aplica proce- dimentos de inspeção e monitoramen- to (5)

Não possui e não aplica procedimento- -s para moni- to-ramento e inspeções (6)

* Não possui e não aplica procedimen- tos para monitora- mento e inspeções p = 6

Regra operacional dos dispositivos de descarga da barra- gem (q)

Sim ou Verte- douro tipo solei- ra livre (0)

Não (6) * * * Vertedouro tipo so-

leira livre q = 0 Relatórios de ins-

peção de segurança com analise e inter- pretação (r)

Emite regular- mente os relató- rios (0)

Emite os rela- tórios sem pe- riodicidade (3)

Não emite os

relatórios (5) * * Não emite os rela-

tórios r = 5 Fonte: Do autor (2017).

(9)

O resultado da classificação da barragem Santa Cruz do Trairi quanto a categoria de risco é dada aplican- do-se a equação 1, que corresponde ao somatório das pontuações dos critérios CT, EC e PS. Portanto, temos que:

CRI = Σ(20) + Σ(25) + Σ(21)

CRI = 66 (Eq. 8)

4.3 Classificação por Dano Potencial Associado

Para o Dano Potencial Associado, a Tabela 4 dispõe dos parâmetros e pontuações para a classificação da barragem de acordo com a equação 9. Da mesma maneira que a classificação anterior, as características relevantes acerca da barragem Santa Cruz do Trairi e suas correspondentes pontuações são apresentadas na própria Tabela 4.

DPA = (s) + (t) + (w) + (v) (Eq. 9)

Tabela 4. Dano Potencial Associado (DPA)

Parâmetro Descrição do dano potencial associado Barragem Santa

Cruz do Trairi Volume Total do

Reservatório pa- ra barragens de uso múltiplo ou aproveitamento energético (s)

Pequeno < = 5hm³

(1) Médio 5 a 75hm³

(2) Grande 75 a 200hm³ (3) Muito Grande >

200hm³ (5) Volume = 5,158hm³ s = 2

Potencial de per- das de vidas hu- manas (t)

INEXISTENTE (Não existem pes- soas permanentes/

residen-tes ou tem- porárias /transitando na área a jusante da barragem) (0)

POUCO FRE- QUENTE (Não existem pessoas ocupando perma- nentemente a área a jusante da barra- gem, mas existe es- trada vicinal de uso local (4)

FREQUENTE (Não exis- tem pessoas ocupando permanentemente a área a jusante da barragem, mas existe rodovia municipal ou estadual ou federal ou outro local e/ou empreen- dimento de permanência eventual de pessoas que poderão ser atingidas (8)

EXISTENTE (Existem pesso- as ocupando per- manentemente a área a jusan- te da barragem, portanto, vidas humanas pode- rão ser atingidas.

(12)

Existente t = 12

Impacto ambien-

tal (u) SIGNIFICATIVO

(quando a área afeta- da da barragem não representa área de interesseambien-tal, áreas protegidas em legislaçãoespecí-fica ou encontra-se total- mente descarac-teri- zada de suas condições naturais) (3)

MUITO SIGNIFI- CATIVO (quando a área afetada da barragem apresenta interesse ambiental relevante ou prote- gida em legislação específica) (5)

* * Faixa marginal

antropizada u = 3

Impacto sócio-

-econômico (v) INEXISTENTE (Quando não exis- tem quaisquer insta- lações e serviços de navega-ção na área afetada por acidente da barragem) (0)

BAIXO (quan- do existe pequena concentração de instalações residen- ciais e comerciais, agrícolas, indus- triais ou de infra- estrutura na área afetada da barra- gem) (4)

ALTO (quando existe grande concentração de instalações residenciais e comerciais, agrícolas, industriais, de infraestru- tura e serviços de lazer e turismo na área afetada da barragem ou instala- ções portuárias ou servi- ços de navegação) (8)

* Alto

v = 8

Fonte: Do autor (2017).

(10)

Aplicando a equação 9 para a Tabela 4, na qual dispõe das pontuações obtidas pela barragem no que tan- ge ao Dano Potencial Associado, temos que:

DPA = (2) + (12) + (3) + (8)

DPA = 25 (Eq. 10)

Através da Figura 7 é possível localizar que a jusante da barragem existe uma alta concentração de ha- bitações, além de serviços públicos e de infraestrutura fundamentais para o desenvolvimento da cidade, o que torna explícito o grande impacto socioeconômico gerado caso a barragem venha a se romper.

Figura 7. Potencial de destruição socioeconômico à jusante

Fonte: Google Mapas (2017). Acesso em 10 de março de 2017.

4.4 Resultado da classificação da Barragem Santa Cruz do Trairi

Considerando as faixas de classificação expostas nas figuras 4 e 5 deste trabalho, e que constam no ane- xo II da resolução Nº 143/2012, para a classificação de barragens de acúmulo de água no que concerne a Ca- tegoria de Risco e o Dano Potencial Associado, com os valores obtidos de 66 pontos para o CRI e 25 pontos para o DPA, temos que a barragem Santa Cruz do Trairi é classificada como “Categoria de Risco Alta” e “Da- no Potencial Associado Alto” de acordo com esta avaliação.

CONCLUSÕES

A classificação de barragens quanto à categoria de risco e dano potencial associado da Lei 12.334/2010, permitiu a verificação de maneira satisfatória do que se evidencia ao visitar as estruturas da barragem Santa Cruz do Trairi: um empreendimento em estado crítico de segurança, que sofre com o descaso por parte de seus responsávei legais e que coloca a vida de milhares de moradores em risco, já que em função da inexistência de procedimentos de operação, mantenção e reparo da barragem, foi enquadrada nesta classificação como uma barragem de categoria de risco alta e dano potencial alto.

A avaliação conjunta das barragens com Categoria de Risco Alto e Dano Potencial Associado Alto per- mite concluir para quais barragens as ações de acompanhamento, fiscalização e recuperação devem ser prio- rizadas, pois a Categoria de Risco alto signfica maior número de ameaças à segurança da barragem e, por sua

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vez, o Dano Potencial Associado alto indica que, em caso de um acidente, as consequências seriam graves.

Desta maneira, a classificação da Barragem Santa Cruz do Trairi atendeu uma das necessidades atuais da po- pulação santacruzense, que é necessidade do conhecimento do nível de exposição ao risco ao qual estão sub- metidos.

Além disso, em observância ao art. 11 da Lei nº 12.334/2010, a entidade fiscalizadora deverá determinar a elaboração do PAE em função da Categoria de Risco e do Dano Potencial Associado à barragem, devendo estabelecer, de acordo com seu art.12, as ações a serem executadas pelo empreendedor, como a identificação e análise das possíveis situações de emergência, os procedimentos para identificação e notificação de mau fun- cionamento ou de condições potenciais de ruptura da barragem; os procedimentos preventivos e corretivos a serem adotados em situações de emergência, com indicação do responsável pela ação; a estratégia e meio de divulgação e alerta para as comunidades potencialmente afetadas em situação de emergência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] NICHELE, R. M.; JUNG, J. G. Aplicação das matrizes de classificação de risco e dano potencial associado da Lei 12.334 na UHE ITAÚBA - RIO JACUI/RS. In: 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental, 15., 2015. Bento Gonçalves. Anais... Bento Gonçalves: CBGE, 2015.

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