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Nascerá o Príncipe da paz em Moçambique?

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Academic year: 2022

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Nascerá o “Príncipe da paz” em Moçambique?

Q

uando era criança aprendi na catequese que Jesus Cristo nasceu no dia 25 de dezembro. Quando comecei o estudo da Teologia aprendi que, segundo os estudos, a data de 25 de dezembro não é a data real do nascimento de Jesus. Na verdade, para o cristão não importa o dia que Jesus nasceu (naqueles tempos não havia registo civil). O que importa é que nasceu, que se encarnou o Verbo de Deus “vestindo pele humana” e, o mais importante, que está vivo no meio de nós.

Os profetas anunciaram e apresentaram Jesus como o

“Príncipe da paz”. Mas hoje nos perguntamos se nós, os cristãos, os discípulos do Príncipe da paz, somos dignos imitadores e construtores daquela paz que ele representa.

Em muitos países (como em Moçambique) um sem-número de presidentes e líderes da oposição se dizem cristãos, mas não procuram de coração sincero a paz; atacam (e matam) os outros, com esquadrões da morte, com ataques nas es- tradas, com sequestros e desaparições, queimando casas e pondo em fuga milhares de pessoas que se refugiam (como Jesus e Maria) em países vizinhos. Tudo isto sob o “cúmpli- ce” silêncio de outros tantos que também dizem ser cristãos.

Será que pode haver paz em Moçambique dessa ma- neira? Pode haver paz sem justiça social? Pode haver paz num lar quando há fome, quando há desemprego e quando todos vivem com medo de serem atacados e mortos durante a noite?

Celebrar o nascimento de Jesus é celebrar a Vida que vence a morte, é celebrar as nossas lutas, sem desani- mar, sem baixar os braços, sem perdermos a esperan- ça de um Moçambique me- lhor. Celebremos este Natal de “olhos abertos”, lutando pelos nossos direitos, levan- tando a voz contra os que se acham “donos” do país, construindo o respeito e a paz. Celebremos o Natal exi- gindo a reconciliação nacio- nal. Não esqueçamos que o verdadeiro Natal traz “glória a Deus no Céu e Paz na Terra a todos os homens e mulhe- res de boa vontade”.

Juntos na caminhada:

Victor Hugo Garcia, mccj.

“A propósito de…”

m

“As idéias e opiniões expostas nos artigos desta revista são de exclusiva responsabilidade de seu autor”

«Mas o anjo lhes disse: “Não tenham medo. Estou trazendo boas-novas de grande alegria para vocês, que são para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor. Isto servirá de sinal para vocês: encontrarão o bebê envolto em panos e deitado numa manjedoura”»,

Lucas 2:10-12

«O que importa é que nasceu, que se encarnou

o Verbo de Deus

“vestindo pele humana”.

Celebremos este Natal de “olhos abertos”,

lutando pelos nossos direitos,

levantando a voz contra os que se acham

“donos” do país e exigindo a reconciliação

nacional.»

Administração:

Tiago Palagi e Cecília Constantino

Ed. e Impr.: Centro Catequético Paulo VI - Anchilo VN-CP-564-3100 Nampula. Telefone: 26911649 Celular: 844212899 e 860484388

Conta: BIM 177614082 M-Pesa: 847798947

E-mail:

vidanovaanchilo@gmail.com Segue-nos em:

facebook.com/vidanova.anchilo

VIDA NOVA (VN)

Revista de Formação e Informação Cristã

Ano 56. Número 672. Dezembro 2016. Assinatura anual Direitos de propriedade: Arquidiocese de Nampula Responsável jurídico da publicação: Pe. Fernão Magalhães Redação:

Diretor Editorial: Víctor Hugo García U.

Revisão: CCS Nampula Projeto Gráfico: Nível + (México) Paginação: Rosário Ugalde Tiragem: 21,000 ex.

Reg. No. 5/RRA/DNI/94

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Vida Nova informa

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Mais de 800 jornalistas assassinados na última década no mundo

A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) afirma que, na última década, mais de 800 jornalistas foram assassinados, em todo o mundo, por causa de suas reportagens. Isso representa, em média, uma morte por semana, sendo que em 90 por cento dos casos, os responsáveis pelas mortes não foram punidos.

Segundo a Unesco, “a impunidade leva a mais assassinatos e é, geralmente, um sinto- ma da piora de um conflito ou da falência do sistema judiciário”. Segundo o Comitê para Proteger Jornalistas, somente neste ano de 2016 foram assassinados 55 profissionais da imprensa. ONU.

Assim falaram:

Sudão do Sul:

Conflito provoca milhares de deslocados A Agência da ONU para Refugiados (Acnur) aler- tou que o conflito no Sudão do Sul, que se tornou uma das maiores crises humanitárias do mundo, continua a gerar grande sofrimento e desloca- mentos. Dados do mês de outubro mostram que, em média, a cada dia, 3.500 pessoas fugiram para países vizinhos: Uganda, República Democrática do Congo, Etiópia e Sudão. Os recém-chegados relataram assédio a civis por grupos armados, mortes e tortura de pessoas suspeitas de apoia- rem facções rivais, vilas queimadas, violência se- xual contra mulheres e raparigas e recrutamento forçado de homens e rapazes. Além-mar.

Sudão do Sul:

Papa quer visitar o país

O Papa aceitou o convite dos líderes religiosos do Sudão do Sul para visi- tar o país e respondeu que quer ir ao país mais jovem do mundo destroça- do pela guerra civil desde dezembro de 2013 e que já fez mais de 300 mil mortos e 2,6 milhões de deslocados e refugiados. A provável visita do Papa ao Sudão do Sul vem na sequência da viagem que fez à República Centro -africana (RCA) em dezembro passa- do para parar o conflito etnico-religio- so que paralisou o país. Zenit.

Cristãos do Iraque estão à beira da extinção A Igreja Perseguida no Iraque teme pelo seu futuro, uma vez que os extremistas do Estado Is- lâmico dominaram grandes ter- ritórios do país, em áreas onde haviam grande concentração de cristãos. “Nós estamos ameaça- dos de extinção”, afirmou o pa- dre Muyessir al-Mukhalisi, que dirige uma igreja na região les- te de Bagdá, capital do Iraque.

Como se sabe, os extremistas islâmicos estabeleceram seu complexo e hediondo sistema de governo, chamado califado, na região que fica no norte do Iraque, e começou a destruir igrejas centenárias, além de ul- timar os cristãos a converterem- se ao islamismo ou morrerem pelo fio da espada. VAT.

«A delegação do FMI não veio olhar a dimensão política da redistribuição, veio olhar a dimensão económica. E o que diz? Que é necessário baixar o metical e reduzir os custos do Estado, quer dizer, diminuir os funcionários, baixar os salários e aumentar os impostos, para que Mo- çambique tenha uma economia e um metical viável», Se- verino Ngoenha, académico e filósofo Moçambicano.

«Num mundo onde a crise económica, conflitos armados e mudanças climáticas obrigam muitas pessoas a aban- donarem a sua pátria, acolher o estrangeiro apresenta- se como uma obra de misericórdia muito atual. Uma ajuda que deve ser promovida por todos sem exceção. As dioceses, as paróquias, os institutos de vida consagra- da, as associações e os movimentos, como cada um dos cristãos, somos todos chamados a acolher os irmãos e as irmãs que fogem da guerra, da fome, da violência das condições desumanas. Todos juntos somos uma grande força de apoio para os que perderam pátria, família, tra- balho e dignidade», Papa Francisco.

Em Moçambique quase metade da população é analfabeta

Moçambique possui mais de oito milhões da população que não sabem ler, escrever e fazer cálculo, dos quais cinco milhões são adolescentes e jovens dos 15 aos 19 anos de idade, e outros três milhões são idosos principalmente as mulheres. O índice do analfabetismo em Moçambique situa-se atualmente

em 44,9 por cento. Os dados foram revelados recentemente pela direto- ra Nacional do Ensino Primário, Gina Guibunda, por ocasião do Dia Interna- cional de Alfabetização. Ela explicou que em cada 100 pessoas somente 55 sabem ler e escrever. DW.

Exército de Moçambique executa e viola em Tete

A organização internacional de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) diz ter ouvido dezenas de relatos de refugiados no Malawi, que acusam as forças armadas na província central de Tete de execuções sumárias, abusos sexuais e maus-tratos. Segun- do um comunicado da organização, uma testemunha contou que viu soldados a fazer cortes, com uma “faca de grande dimensão”, na cabeça de um homem, que acusavam de pertencer ao grupo armado do maior partido da oposição, a Renamo. Um refugiado disse que chegou ao Malawi “só com a roupa do corpo” depois de soldados incendiarem a sua casa e tudo o que tinha. Desde o final do ano passado, mais de 6.000 pessoas fu- giram de Moçambique para o vizinho Malawi, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Foram obriga-

das a sair das suas casas após confrontos na região entre as forças de segurança e homens armados da Renamo. Agora, temem regressar. A HRW advoga que é preciso investigar “com urgência” as acusa- ções dos refugiados. HRW.

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Panorama eclesial

m m Conheça a Bíblia

nas mesmas. Deseja que o Evangelho continue a ser anuncia- do sem distorções, após a sua morte, pois havia o perigo de, o povo, seguir os falsos anunciadores que apresentavam dou- trinas erradas e assim se desviar do verdadeiro ensinamento de Jesus. Por isso, exorta Timóteo para que renove seu com- promisso pastoral e para que seja perseverante no anuncio da Boa Nova. Pede-lhe que corrija os errados e incentive com paciência todos na vivencia do espírito de Cristo e, assim, o Evangelho permanecerá vivo na Igreja. Paulo manifesta um desejo profundo de ver Timóteo, seu filho amado, vivo e ze- lante na fé e no compromisso com o Evangelho.

Por último, o apóstolo exprime a convicção de que a sua missão chegou ao fim e de que ele fez tudo o que foi possível.

Revela a certeza de ter cumprido fielmente a sua missão e de que será digno de receber a “coroa da justiça” que o Senhor lhe dará.

Que seja essa também a nossa certeza de termos feito tudo em favor do Evangelho! Que estejamos verdadeiramente comprometidos com a justiça e a paz que brota do anuncio da Boa Noticia de Jesus Cristo. Boa reflexão!

2ª carta a Timóteo

Por: Judith Hanauer

Jubileu dos Catequistas em Roma

– O testemunho do catequista Francisco –

Esta é a segunda carta que Paulo escreve para o jovem Timóteo. Tudo indica que esta foi escrita enquanto Paulo se encontrava na pri- são em Roma, antes do seu martírio. Paulo faz um desa- bafo ao amigo, colocando seu sentimento de tristeza por ter sido abandonado por todos os companheiros de missão.

A

pesar do sofrimento, Pau- lo escreve a Timóteo para lhe dar conselhos impor- tantes, a fim de que ele, não venha a desistir do minis- tério que lhe foi conferido.

Faz um pedido a Timóteo para que fique ao seu lado, para que o não abandone uma vez que se encontrava na prisão e necessitava mui- to do seu apoio. Pede para que Timóteo seja forte o suficiente para poder acei- tar os sofrimentos que hão de vir por causa do Evange- lho de Cristo.

Paulo revela a Timóteo a preocupação que tem com as comunidades por ele fun- dadas e com a continuidade do anúncio do Evangelho catequista é isto: dizer sim,

sempre, nos momentos fa- voráveis e nos momentos difíceis.”

No final do seu testemu- nho, Francisco, sintetizou o porquê do seu compro- misso como catequista há cerca de 40 anos: “Deus deu-me um dom. Um dom gratuito. O de ser catequis- ta e levar a sua palavra e o seu amor a todos os meus irmãos, mesmo aos que nos fazem mal.”

Em setembro passado, em Roma, Itália, 4 catequistas da dio- cese de Inhambane, participaram na cerimónia do Jubileu dos catequistas. Na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, diante de 4 mil catequistas de todo o mundo, Francisco Nhassope, de Inhambane, partilhou o seu testemunho.

F

rancisco Nhassope e Rafael Miguel Guirrugo, da Paróquia do Guiúa, Abel Catinhane Mavie, da Paróquia de Inharrime, e Mateus Copeu Ucuelo, da Paróquia de Vilanculos estiveram entre milhares de catequistas provenientes de diferentes dioceses de todo o mundo.

A presença de Moçambique foi notada, sobretudo pelo testemunho de Francisco Nhassope que foi chamado a fa- lar sobre a sua experiência de catequista em Moçambique.

Impressionou a todos a sua coragem nos tempos difíceis da perseguição e da guerra. Comoveu também pela sua simpli- cidade e pela fortaleza da sua fé.

Francisco começou por se apresentar: “Quando fui nas- cido, deram-me o nome de Rungo, quando fui baptizado, depois de um longo catecumenado, deram-me o nome de Francisco. No ano de 1980 fui chamado para a formação catequética no Centro do Guiúa e deram-me o nome de ca- tequista. Nome que conservo até hoje. Já como catequista, parte da equipa formativa do Centro Catequético do Guiúa, em 1987, quando o Centro foi atacado pela primeira vez, eu fui aprisionado e levado, juntamente com a minha fa- mília e outros catequistas em formação. A caminhada pelo mato foi dura e só ao final de três dias chegámos à base militar. Deus protegeu-nos. Mas o sofrimento não reduziu.

Às vezes eu me punha a chorar, sem que as minhas crian- ças vissem, para não os fazer sofrer mais. O cansaço, os maus tratos, a falta de alimentação não diminuíram a mi- nha fé. Nunca me arrependi de ser catequista. E depois de trinta dias, conseguimos fugir, sem que ninguém se desse conta. Por isso, penso que uma das respostas do que é ser

«O cansaço, os maus tratos, a falta de alimentação não diminuíram a minha fé.

Nunca me arrependi de ser catequista»

«Paulo revela a Timóteo a preocupação que tem com as comunidades por ele fundadas e com a continuidade do anúncio do Evangelho nas mesmas.

Deseja que o Evangelho continue a ser anunciado sem distorções, após a sua morte»

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Respost as: 1 c); 2 a); 3 a); 4 b); 5c); 6 c); 7 a); 8 b); 9 b); 10 b); 11 c); 12 a); 13 a); 14 c); 15 b); 16 b);

17 a); 18 c); 19 b); 20 c)

Após consultar a Bíblia coloca um x na resposta certa.

10. Quem pronunciou estas palavras: “Achaste graça diante de Deus”? (Lc 1,30)

a) Sacerdote b) O anjo c) Um parente

11. Como se chamava a mãe de João Baptista? E o pai? (Lc 1,5.57)

a) Ana e Zacarias b) Maria e José c) Isabel e Zacarias 12. Que disse Isabel a Maria quando esta a foi visitar? (Lc 1,42)

a) Bendita és tu entre as mulheres b) Achaste graça diante de Deus c) És uma mulher de sorte

13. Quem falou assim?: “A minha alma glorifica o Senhor?” (Lc 1,46)

a) Maria de Nazaré b) Isabel c) José 14. Porque é que S. José teve que ir a Belém recensear-se? (Lc 2,4)

a) Porque o nome dele saiu na lista desta cidade b) Porque era a cidade mais próxima

c) Porque ele era natural de Belém

15. Que notícia foi comunicada aos pastores por um anjo? (Lc 2,8-12)

a) Vigiai, haverá hoje uma surpresa b) Nasceu hoje o Salvador

c) Neste mês vão nascer muitos cabritinhos

16. Que cantaram os anjos quando Jesus nasceu? (Lc 2,14)

a) Maravilhoso é o nosso Deus

b) Glória a Deus nas alturas e paz na terra c) Acabou-se a guerra

17. Que falaram os pastores após a visita do anjo? (Lc 2,15)

a) Vamos a Belém ver o que aconteceu b) Vamos a Jerusalém comunicar a notícia c) Vamos dormir mais um pouco

18. Quando os pastores visitaram o menino quem estava com ele? (Lc 2,16)

a) Maria, uma tia e o menino b) José, a mãe de José e o menino c) Maria, José e o menino

19. Que presentes trouxeram os magos a Jesus? (Mt 2,11)

a) Ouro, Chá de Cachinde e mirra b) Ouro, Incenso e Mirra c) Incenso, ouro e prata 20. Para que país teve de fugir o menino Jesus para não ser morto? (Mt 2,13-14)

a) Síria b) Etiópia c) Egipto

1. Como se chamava o noivo de Maria de Nazaré? (Mt 1,18)

a) Joaquim b) António c) José

2. Quem falou assim: “José , Filho de David, não temas receber Maria como tua esposa, pois o que nela se gerou è fruto do Espírito Santo”? (Mt 1,20)

a) Um anjo b) O ancião da comunidade c) Um vizinho 3. O que significa a Palavra “Emanuel”? (Mt 1,23)

a) Deus connosco b) Deus vigia c) Deus protetor 4. Como se chamava o mensageiro que Deus enviou a Maria de Nazaré? (Lc 1,26)

a) Miguel b) Gabriel c) Rafael

5. Qual foi o profeta que profetizou que o Messias iria nascer em Belém? (Mt 2,5-6)

a) Jeremias b) Isaías c) Miqueias 6. Quem falou assim: “Ide e informai-vos cuidadosamente acerca do menino e depois de o encontrardes vinde comunicar-me, para que eu também o vá adorar”? (Mt 2,8) a) Sacerdote b) O rei da Síria c) Herodes 7. Que respondeu Maria de Nazaré ao

mensageiro de Deus? (Lc 1,38)

a) Faça-se em mim segundo a Palavra de Deus b) Vou pensar e depois dou resposta

c) Essa missão é muito dificil

8. Em que cidade morava Maria, Mae de Jesus? (Lc 1,26)

a) Magdala b) Nazaré c) Naim

9. Que palavras pronunciou o anjo dirigindo-se a Maria? (Lc 1,28)

a) Tu és muito bonita b) O Senhor está contigo

c) Tu és uma jovem cheia de qualidades

O Natal

Por: Maria do Céu Costa

«Faça-se em mim segundo a Palavra de Deus»

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Cronicas da rúa…

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O Henriques e o custo de vida

Por: Jafar Buana

O ano ora prestes a terminar, sem dúvida, deixará poucas sau- dades para muitos, tendo em conta o cenário pouco famoso que trouxe, principalmente nesta recta final, em termos de índices de custo de vida, com quase tudo a subir de forma ver- tiginosa.

“O

h, 2016! Tinhas mesmo que ser assim para nós?”, inter- rogava-se o Henriques, o homem que tentou fazer tudo por tudo, com vista a contornar a situação, mas... praticamente, sem resultados. O ano de 2016 foi tão violento, que nin- guém quer se recordar dele.

E foi por causa da atual crise económica e financeira que o país está a atravessar que o Henriques já não é aquele ho- mem famoso do bairro. Já perdeu três das quatro esposas e, das cinco motorizadas que tinha, hoje só lhe resta uma que, se anda um dia é porque durante uma ou duas semanas está parada. Se não é por falta de combustível, é, então, porque tem problemas mecânicos. E assim, a vida vai andando ao

“Deus dará”.

«O ano de 2016 foi tão violento que ninguém quer se recordar dele.

E foi por causa da atual crise económica e financeira que o país está a atravessar que o Henriques já não é aquele homem famoso do bairro. Já perdeu três das

quatro esposas, e quatro das cinco motorizadas que tinha»

«Este é o cenário que não é só vivido por Henriques, mas também por muitas outras famílias no país, face ao atual custo de vida, que deixa as pessoas sem a noção do futuro e muito menos a data do regresso à esperança»

paga as “rodadas” aos ami- gos lá nas barracas, como fazia antigamente. Só di- zia: “Bebam, que a conta é minha”. E pagava “cash”.

Um sinal próprio de quem a vida agora está ao pescoço, como muitos de moçambi- canos por aí.

Para o Henriques – e isso tem vindo a acontecer com muitos outros compatriotas – a medida foi repensar nas despesas lá em casa, algu- mas delas que até doem, como é o caso de fechar a despensa, pessoalmente, para evitar gastos desne- cessários ou desvios para os vizinhos ou amigos, por parte da esposa ou dos seus 13 filhos, durante a sua au- sência.

O custo da vida está

“na moda”

Já não vai mais à barraca, desde que o assunto do cus- to da vida começou a andar

“na moda”. Talvez, para não passar a vergonha de men- digar copos, quando num passado recente era ele o

“mandão das rodadas”. Ou, até pode ser, porque não tem nada no bolso mesmo.

Como dizia um meu amigo makonde: “Cada um curte quando pode e em momen- to próprio”. De facto, é isso mesmo. Às vezes, somos

nós próprios que definimos por quanto tempo queremos ser famosos, autossuficientes e alegres. Basta escolher o melhor caminho, sobretudo quando temos à fartura.

Quem imaginaria que aquela família, sempre que chega a hora, havia de ficar à espera do Henriques para jantarem juntos? Hoje isso está a acontecer. Não é uma questão de disciplina, mas de contenção de custos, ou seja, para poupar.

Quando a vida andava na bonança não havia isso. Cada um lá em casa do Henriques comia o que quisesse e a hora que preferisse. Aliás, diz-se que o Henriques hoje até entra na cozinha para verificar as coisas. Não quer ver desperdícios de comida, nem ouvir casos de esbanjamento.

Dos cortes necessários e decididos, o Henriques destacou, primeiro, o fim das festas que dava, lá em casa, quase men- salmente; segundo, a opção por uma refeição principal diá- ria, nomeadamente o jantar; terceiro, o cabelo natural nas cabeças das meninas, nada de cabelos artificiais, mechas ou outros produtos de moda ou beleza. E ainda outras medidas drásticas estão por vir.

Este é o cenário que não é só vivido por Henriques, mas também por muitas outras famílias no país, face ao atual custo de vida, que deixa as pessoas sem a noção do futuro e muito menos a data do regresso à esperança. Mas, esse dia chegará. Acreditemos. Deus é grande e não abandona os seus filhos. Estamos a atravessar uma fase da vida, apenas.

Que venha um melhor ano de 2017.

A vida tem dessas! Quem diria que o Henriques pas- saria por isso? Sobretudo quando nós, às vezes, nos achamos de ricos, esban- jando tudo aos quatro ven- tos, feitos “manda molas”.

Na pocilga de Henriques já nem tem um suíno sequer;

e o mesmo se pode dizer em relação aos coelhos que enchiam o seu quintal, às hortícolas que enchiam os mercados, às barracas que andavam abarrotadas de produtos, etc.

O mais visível nisto tudo é que o Henriques, já desde o primeiro semestre, não

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Realidad (é)

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Como

surgiu o Natal?

– História duma tradição cristã –

Por: Redação Vida NOVA

Para entendermos a his- tória do Natal temos que buscar a origem da palavra

“natal”. Nas línguas latinas, como em português, o vo- cábulo Natal deriva de Nati- vidade, ou seja, referente ao nascimento de Jesus.

No primeiro século, os cristãos não tinham outras festas além da celebração semanal da Ressurreição do Senhor. No primeiro dia da semana – que até o impe- rador romano Constantino continuou a ser chamado

“Dia do sol” – era habi- tual que se reunissem os cristãos para escutarem a palavra de Deus, para cele- brarem a Eucaristia e, nos primeiros anos, também para tomarem uma refeição em comum. Depois, todos voltavam às suas casas, des- pedindo-se até ao domingo seguinte.

Pouco tempo passou até que a Igreja sentisse a ne- cessidade de dedicar um dia do ano à comemoração dos acontecimentos culminan- tes da vida e Jesus, e por este motivo instituiu a Pás- coa. Em meados do século II, esta festa encontrava-se já muito difundida entre to- das as comunidades cristãs.

Mas um só dia para celebrar a Ressurreição de Cristo parecia pouco, e pensou-se O Natal é a data em que os

cristãos comemoramos o nascimento de Jesus Cris- to. Na antiguidade, o Natal era comemorado em várias datas diferentes, pois não se sabia com exatidão a data do nascimento de Jesus. Foi somente no século IV, no ano 354 d.C., que o 25 de dezembro foi estabelecido como data oficial de come- moração.

O

ano civil começa a 1 de Janeiro; mas a liturgia cató- lica segue um outro calen-

«Não conhecemos o dia nem o ano exato em que nasceu Jesus. A escolha deriva do facto de, nessa

data, ser celebrada em Roma a festa do solstício

do Inverno e do aproximar-se da Primavera. Era uma festa caracterizada por uma alegria imensa, porque o sol recomeçava

a resplandecer»

dário e inicia o seu ano litúrgico com o primeiro domingo do Advento. Com efeito, parece lógico que os acontecimentos da vida de uma personagem sejam apresentados a partir do dia do seu nascimento.

então em prolongar a alegria desta festa durante sete sema- nas, os 50 dias do Pentecostes.

A festa do Natal entrou para o calendário cristão muito mais tarde. Em 354, foi estabelecida pelo Papa Libério a data de 25 de Dezembro para recordar o nascimento de Jesus.

Evidentemente não foi encontrado nenhum documento no registo civil de Nazaré – não conhecemos o dia nem o ano exato em que nasceu Jesus – e a escolha deriva do facto de, nessa data, ser celebrada em Roma a festa do solstício do In- verno e do aproximar-se da Primavera. Era uma festa carac- terizada por uma alegria imensa, porque o Sol recomeçava a resplandecer.

Era habitual para a Igreja dos primeiros séculos, mais do que reprimir, dar uma nova interpretação dos ritos e das ce- rimónias pagãs. Foi assim que os cristãos, em vez de com- baterem contra a libertinagem das Saturnálias (festas pagãs em homenagem a Saturno, deus da agricultura) mudaram o nome e o significado da festa do Sol invicto. Diziam: é Jesus o Sol que nos visita «para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte» (Lc 1, 79); é Ele «a Luz verdadeira que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina» (Jo 1, 9) e a

«brilhante Estrela da manhã» (Ap 22, 16).

«Natal é a Boa Nova do nascimento de Jesus.

É o cumprimento de um plano traçado na eternidade.

É a consumação da mensagem dos profetas.

É a realização da expectativa do povo de Deus.

Natal é a encarnação do Verbo de Deus.

É Deus “vestindo pele humana”»

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Por volta do ano 600, os cristãos consideraram que a festa do Natal deveria ser precedida por um período de prepara- ção. Surgiram assim os domingos de Advento e decidiu-se que o ano litúrgico se iniciasse com o primeiro destes domin- gos, ou seja, no final de Novembro ou no inicio de Dezembro.

A Bíblia e as tradições do Natal

Os evangelhos canônicos de Lucas e Mateus contam que Je- sus nasceu em Belém, na província romana da Judeia de uma mãe ainda virgem. No relato do Evangelho de Lucas, José e Maria viajaram de Nazaré para Belém para comparecer a um censo e Jesus nasceu durante a viagem numa simples manje- doura. Os Anjos o proclamaram “salvador” de todas as pes- soas e pastores vieram adorá-lo. No relato de Mateus, astrô- nomos seguiram uma estrela até Belém para levar presentes a Jesus, nascido o “rei dos judeus”. O rei Herodes ordenou então o massacre de todos os meninos com menos de dois anos de idade, mas a família de Jesus escapou para o Egito e depois voltou para Nazaré; um evento que tradicionalmente marca o fim do período conhecido como “Natividade”.

Embora tradicionalmente seja um dia santificado cristão, o Natal é amplamente comemorado por muitos não-cristãos, sendo que alguns de seus costumes populares e temas co- memorativos têm origens pré-cristãs ou seculares. Costumes populares modernos típicos do feriado incluem a troca de presentes e cartões, a Ceia de Natal, músicas natalinas, festas de igreja, uma refeição especial e a exibição de decorações diferentes; incluindo as árvores de Natal, pisca-piscas e pre- sépios. Além disso, o “Papai Noel” (conhecido como Pai Natal em Portugal) é uma figura mitológica popular em muitos paí- ses, associada com os presentes para crianças.

Como a troca de presentes e muitos outros aspectos da fes- ta de Natal envolvem um aumento da atividade econômica entre cristãos e não-cristãos, a festa tornou-se um aconte- cimento significativo e um período chave de vendas para os comerciantes e para as empresas. O impacto econômico da comemoração é um fator que tem crescido de forma constan- te ao longo dos últimos séculos em muitas regiões do mundo.

O Natal é uma festa cristã e não pagã

Há uma onda entre alguns cristãos, na atualidade, taxando

ro Natal. Encantar-se com a embalagem e dispensar o conteúdo que ela pretende apresentar é um lamentável equívoco. Terceiro, os ban- quetes gastronômicos e a troca de presentes não ex- pressam o sentido do Natal.

Embora, nada haja de erra- do celebrarmos com a famí- lia e amigos expressando o nosso carinho com a troca de presentes, esse não é o cerne do Natal. Longe de lançar luz sobre o seu sen- tido, cobre-o com um véu.

2. A proibição do Natal. Tão grave quando a distorção do Natal é a proibição da ce- lebração do Natal. Na igreja primitiva a festa do ágape (amor), realizada como prelúdio da Santa ceia foi distorcida. A igreja não dei- xou de celebrar a ceia por causa dessa distorção. Ao contrário, aboliu a distorção e continuou com a ceia. Não podemos “jogar a criança fora com a água da bacia”.

Não podemos considerar o Natal, o nascimento do Salvador, uma festa pagã.

Pagãos são os acréscimos feitos pelos homens. Não celebramos os acréscimos, celebramos Jesus! Não ce- lebramos o Papai-Noel, ce- lebramos o Filho de Deus.

Não celebramos a árvore enfeitada, celebramos o aqueles que comemoram

o Natal de serem infiéis e de estarem errados, dizen- do que essa comemoração não é legítima nem cristã.

A forte comercialização no período faz com que o ver- dadeiro sentido do Natal se perca. Precisamos, a bem da verdade, pontuar algu- mas coisas:

1. A distorção do Natal. Ao longo dos anos o Natal tem sido desfigurado com algu- mas inovações estranhas às Escrituras. Vejamos: Pri- meiro, o Papai-Noel. O bo- judo velhinho, propaganda do comércio guloso, tem sido o grande personagem do Natal secularizado, tra- zendo a ideia de que Natal é comércio e consumismo.

Natal, porém, não é pre- sente do homem para o ho- mem, é presente de Deus para o homem. Natal não é a festa do consumismo; é a festa da graça. Natal não é festa terrena; é festa celes- tial. Natal é a festa da salva- ção. Segundo, os símbolos do Natal secularizado. Há muitos símbolos que foram sendo agregados ao Natal, que nada tem a ver com ele, como a árvore natalina, as luzes, a troca de presentes...

Essa embalagem, embora, tão atraente, esconde em vez de revelar o verdadei-

Verbo que se fez carne.

Não celebramos os ban- quetes gastronômicos, celebramos o banquete da graça. Não celebra- mos a troca de presentes, celebramos Jesus, a dádi- va suprema de Deus.

3. A celebração do Natal.

O Natal de Jesus Cristo foi celebrado com gran- de entusiasmo em Be- lém. Natal é a Boa Nova do nascimento de Jesus.

É o cumprimento de um plano traçado na eternidade. É a consumação da mensagem dos profetas. É a realização da expectativa do povo de Deus. Natal é a encarnação do Ver- bo de Deus. É Deus “vestindo pele humana”. Natal é Deus se fazendo homem e o eterno entrando no tempo. Natal é Jesus sendo apresentado como o Salvador do mundo, o Messias prometido, o Senhor soberano do universo. Quando essa mensagem foi proclamada, os céus se cobriram de an- jos, que cantaram: “Glória a Deus nas alturas e paz na Terra entre os homens, a quem ele quer bem” (Lc 2.14).

Conclusão

A adoção do 25 de dezembro de maneira nenhuma pode ser vista como adoção de alguma crença pagã pelos cristãos.

Ao contrário, é precisamente este o melhor sentido da data de celebração do Natal, no mesmo dia de uma antiga festa pagã. Não é fraqueza da Igreja diante do paganismo: é uma solene declaração de vitória da fé cristã sobre o paganismo!

Cristo triunfa: os falsos deuses são esquecidos, substituídos pela Luz da Verdade. É a conversão dos pagãos. É o nascer do verdadeiro Sol invicto sobre as trevas das antigas crenças: se antes celebravam um mito, agora celebram o Filho de Deus!

O verdadeiro Natal traz glória a Deus no céu e paz na terra entre os homens. Natal é Boa Nova de grande alegria para todo o povo. O verdadeiro Natal foi celebrado com efusiva alegria no Céu e na Terra. Portanto, prossigamos em cele- brar o nascimento do nosso glorioso Salvador!

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O exame de escarro detecta bactérias ou fungos que podem causar infecções nos pulmões ou vias respiratórias. A expec- toração é um líquido espesso produzido nos pulmões e vias respiratórias que é eliminada com a tosse.

O

exame de escarro é feito para localizar e identificar as bactérias ou os fungos que causam uma infecção dos pul- mões ou vias respiratórias (tais como pneumonia ou tuber- culose). Os sintomas de infecção pulmonar podem incluir dificuldade em respirar, dor ao respirar ou uma tosse que produz expectoração sanguinolenta ou castanho esverdea- da. Também é útil para identificar o melhor antibiótico para tratar uma infecção e monitorar o tratamento de uma in- fecção.

Quais são os possíveis resultados?

O exame de escarro é um teste para a detecção e iden- tificação de bactérias ou fungos que estão infectando os pulmões ou vias respira- tórias. Os resultados podem ser normais ou anormais. O resultado é normal quando o escarro que passou pela boca normalmente contém vários tipos de bactérias inofensi- vas, que normalmente são encontrados na garganta.

Resultados de cultura nor- mal são negativos. É anormal quando apresenta bactérias nocivas ou fungos presentes.

As bactérias nocivas mais comuns de uma cultura de escarro são aquelas que po- dem causar bronquite, pneu- monia ou tuberculose. Se os resultados dos testes apon- tarem para uma infecção, o teste de sensibilidade pode ser feito a fim de determinar o melhor antibiótico para matar as bactérias ou fungos.

Razões que podem impedir você de fazer o teste ou que afetam os resultados, neces- sitando fazê-lo novamente, incluem quantidade de es- carro inadequada ou uso de antisséptico bucal antes de coletar uma amostra de es- carro.

Verdades sobre o exame de escarro

Por: Éden Mucache

A nossa saúde

m m Palavra da vida

Janeiro 2017

Por: José Julio Marques

01/01/2017 – Festa de S. Maria, Mãe de Deus [Num. 6, 22-27; Gal. 4, 4-7; Luc. 2, 16-21]

A Paz é dom de Deus

Por iniciativa do Papa Paulo VI, os cristãos começaram, em 1968, a celebrar o 1º dia do ano como “Dia Mundial da Paz”.

Viver o novo ano na paz de Jesus: eis a proposta!

A 1ª leitura de hoje é uma oração de bênção: depois de pedir a Deus todos os bens, conclui pedindo o maior de to- dos: a Paz. Os judeus pensavam que a Paz só podia vir do Alto. Eles viam, e nós também, que o coração do homem está normalmente inclinado para o mal e, por isso, deseja os bens dos outros: a sua casa, a sua machamba, o seu empre- go, a sua mulher… É um coração que quer ser rico depressa, não só para ter o que precisa para si, para educar os filhos e para comprar o que é necessário para uma vida digna, mas para ser mais do que os outros. Sente inveja daquilo que o

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vizinho veste, come e faz. E é assim que, muitas vezes, se estraga a boa vizinhança e a mútua ajuda, até mesmo entre familiares.

O Evangelho apresenta-nos a figura de Maria, aquela que gerou o Príncipe da Paz: Jesus. Ele é a Paz que vem do Alto, através de Maria. Ele tem um coração humano, mas é um coração que está cheio do Espíri- to de Deus: é um coração novo! Bem sabemos como Ele procurou fazer o bem a todos e como, com todos, viveu em paz.

Quando as pessoas escu- tam e imitam Jesus, quando leem a Palavra de Deus com fé e a vivem, também elas ganham um coração novo e começam a querer bem uns aos outros e a respeitar os seus direitos. Por aí come- ça o caminho que conduz à paz verdadeira.

Maria é um bom exem- plo de mãe: Ela, ao mesmo tempo que amamentava o Príncipe da paz, também o educava, desde pequenino.

Os filhos nunca esquecem os ensinamentos das mães, porque são ensinamentos dados com muito amor e carinho. As mães são as pri- A amostra será coletada em casa e guardada em um re-

cipiente estéril oferecido pelo hospital ou laboratório de análises clínicas, devendo ser encaminhada para lá após a coleta. Normalmente, a amostra de escarro é feita pela ma- nhã, antes da pessoa comer ou beber qualquer coisa. Você será orientado a lavar a boca com água, respirar fundo e depois tossir profundamente para produzir uma amostra de escarro.

«O exame de escarro é útil para identificar o melhor antibiótico para tratar uma infecção e monitorar o

tratamento de uma infecção»

«Quando as pessoas escutam e imitam Jesus, quando leem a Palavra de Deus com fé e a vivem, também elas

ganham um coração novo e começam a querer bem uns aos outros e a respeitar os seus direitos. Por aí começa o caminho que conduz à paz verdadeira»

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meiras educadoras do coração dos seus filhos. Mães com um coração bom, como o de Jesus, podem ter filhos com bom coração. Mesmo antes de eles começarem a falar, já estão a aprender com os sorrisos, os gestos e os olhares da mãe.

Elas podem ser as primeiras a introduzir os seus meninos no conhecimento de Jesus e na amizade com Ele, com proveito para toda a sociedade.

08/01/2017 – Festa da “Epifania”

(“Manifestação” aos de longe) [Is. 60, 1-6; Ef. 3, 2-3. 5-6; Mat. 2, 1-12]

Jesus é a Estrela que ilumina todos os povos

Para o Povo de Israel, com um sentido fortemente naciona- lista, o Messias deveria ser luz e salvação para os Israelitas e basta. Os outros povos eram pagãos e assim haviam de ficar sempre, porque só Israel era o “povo escolhido”. Como ve- mos na leitura de Isaías, os profetas não tinham dito isso.

Eles diziam que a luz se haveria de manifestar em Jerusalém, mas o seu brilho haveria de atrair todos os povos e todos iriam ser iluminados, isto é, abrangidos pela salvação. Por isso o Evangelho de Mateus conta que uns ‘magos’ vieram de longe e, guiados por uma estrela, encontraram o Salvador e voltaram para as suas terras “por outro caminho”. A luz de Jesus já não os deixou voltar pelo caminho do mal, mas

guiou-os por um caminho novo: o caminho da salva- ção, o caminho do amor…

bem diferente do caminho de Herodes, que é caminho de morte. O Messias veio para todos, sem distinção.

O novo “povo de Israel”, a Igreja, entendeu bem a mensagem dos profetas e, por isso, desde o princípio, se lançou a evangelizar fora das fronteiras do povo de Israel. O livro dos Atos dos Apóstolos mostra isso mes- mo: como a luz de Jesus vai iluminando cada vez mais longe, até chegar a Roma, o centro do mundo de então, onde Pedro, Paulo e muitos outros dão o maior teste- munho do amor, através do martírio.

Por isso, a festa de hoje é uma festa missionária, que mostra uma das cara- terísticas mais essenciais da Igreja: Povo aberto para deixar entrar todos os po- vos, raças, línguas e nações;

Povo que não se fecha em si mesmo, mas que parte ao encontro dos outros povos, sobretudo dos mais neces- sitados, para lhes levar o amor que salva e liberta, o amor de Cristo.

Hoje é a festa da Infância Missionária: ajudemos os mais pequenos a crescer na abertura à universalidade

chegar a luz que irá destruir essa escuridão. Chegará o Príncipe da Paz que há-de fortalecer o reinado de Da- vid com o direito e a justiça.

Mateus diz que esta pro- fecia se cumpre quando Jesus deixa Nazaré e vai viver para Cafarnaum, que é a capital da Galileia onde viviam as tribos de Zabulão e Neftali.

No tempo de Jesus esta região não era habitada por judeus puros, mas por judeus que se tinham mis- turado com os pagãos. Por isso, a Lei de Moisés era seguida mais ou menos: a escuridão estava sobretu- do no mal praticado pelas pessoas, mais preocupadas com o gozo dos bens deste mundo do que com a justiça e o amor pelos outros.

Mateus diz claramente que foi esta a zona que Je- sus escolheu para começar a sua atividade, de modo que a sua luz começasse a mudar os corações e a tor- nar-se Evangelho (Boa No- tícia) para muita gente. E, segundo Mateus, também é daqui, da Galileia, que Jesus envia os seus Apóstolos a evangelizar o mundo intei- ro, depois da sua ressurrei- ção.

Ficamos então a saber que a Igreja, para a constru- da salvação, ensinando-os a colaborar na atividade missioná-

ria da Igreja, em benefício dos povos mais pobres, sobretudo as suas crianças. De entre as crianças mais generosas hão de surgir certamente vocações missionárias, tão necessárias para que a nossa Igreja de hoje continue a ser verdadeira Igreja de Jesus.

15/01/ 2017 – 2º Domingo Comum – Ano A [Is. 49, 3.5-6; 1Cor. 1, 1-3; Jo. 1, 29-34]

Cada cristão com a sua vocação

Muita gente pensa que só quem entra no seminário para ser Padre, ou num convento para ser Irmã, é que recebe uma vocação da parte de Deus. Eles são de facto chamados para algumas funções, mas também há chamamentos para ou- tras tarefas. Eles não casam, porque são chamados a mos- trar que Deus deve ser amado sobre todas as coisas, sem intermediários. Outros… é precisamente através do amor pela esposa ou pelo marido que são chamados a mostrar o amor de Deus. Uns são chamados a guiar o povo de Deus em lugares de mais responsabilidade. Outros em lugares me- nos visíveis… mas todos trabalham na igreja como filhos de Deus, num mesmo batismo, num mesmo Espírito e tendo um único Senhor. Todos os ministérios são importantes, a começar pelo dos bispos, passando pelo dos sacerdotes, dos animadores paroquiais, dos anciãos, até ao dos catequistas, leitores, cantores, justiça e paz, animadores sociais, cáritas, etc. É através da comunidade que Deus chama e distribui, a cada um, a sua missão.

O que é pedido a todos, e a cada um, é que se entregue, de alma e coração, a desempenhar a missão para a qual foi chamado.

22/01/2017 – 3º Domingo Comum – Ano A [Is. 8, 23b-9, 3; 1Cor. 1, 10-13.17; Mat. 4, 12-23]

A luz de Jesus começa a ser uma “Boa Notícia”

As tribos de Zabulão e Neftali, no tempo do profeta Isaías, estavam a passar mal por causa dos Assírios que as opri- miam, violentavam e faziam passar fome: estavam mergu- lhados nas trevas da morte. Mas o profeta vê que está para

«Ficamos então a saber que a Igreja, para a construção da qual são chamados, não só os Apóstolos, mas todos os cristãos, não deve ficar só nos lugares onde quase tudo já está bem, mas onde há

mais sofrimento... É lá, onde há maior escuridão, que ela é chamada a fazer brilhar o amor de Cristo»

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Pensamentos...

Por: Sérgio Lisboa

O melhor da vida...

O dia mais belo: hoje.

A coisa mais fácil: errar.

O maior erro: a inveja.

O maior obstáculo: o medo.

A distração mais proveitosa: o trabalho.

A raiz de todos os males: o egoísmo.

Os melhores professores: as crianças.

A pior derrota: o desânimo.

O melhor remédio: o optimismo.

O pior defeito: o mau humor.

A verdadeira alegria: ser útil aos outros.

A pessoa mais perigosa: a dissimulada.

A proteção efetiva: o sorriso.

O presente mais belo: o perdão.

A sensação mais agradável: a paz interior.

As pessoas mais necessárias: os pais.

O mais imprescindível: o lar.

A força mais potente do mundo: a fé.

A mais bela de todas as coisas: o amor.

de vós. Por isso, os últimos, os que eram desprezados começavam a ser os preferi- dos!

Jesus podia dizer: felizes os pobres, porque ele es- tava ao lado deles para os enriquecer; felizes os que choram, porque ele estava lá para mudar a sorte deles;

felizes os oprimidos, porque ele estava disposto a dar a vida para os libertar.

Agora, há uma coisa a con- siderar: quem é que ajuda os pobres? Os ricos, a quem nada lhes falta? Não. Geral- mente são os mesmos po- bres que já passaram pelas mesmas situações. Por isso é que o Filho de Deus se fez pobre e veio habitar no meio de nós. Aí está a grande mi- sericórdia do nosso Deus e o seu grande amor que salva.

Para que os pobres, os aflitos, os marginalizados e os perseguidos do nosso tempo sejam felizes é preci- so que nós nos tornemos um pouco mais pobres e gene- rosos na doação, passemos por dificuldades e sacrifícios para lutar pelos direitos de quem sofre injustiça, esteja- mos dispostos a morrer para dar vida. E então nos sentire- mos felizes nós também, por vermos que Deus, através de nós, cuida de todos os seus filhos.

ção da qual são chamados, não só os Apóstolos, mas todos os cristãos, não deve ficar só nos lugares onde quase tudo já está bem, mas onde há mais necessidade, porque há mais maldade, mais injustiça, mais problemas, mais sofrimento.

É lá, onde há maior escuridão, que ela é chamada a fazer brilhar o amor de Cristo, mesmo que “lá” seja num país dis- tante, nos confins da terra: porque ela é missionária.

29/01/2017 – 4º Domingo Comum – Ano A [Sof. 2,3; 3, 12-13; 1Cor. 1, 26-31; Mt. 5, 1-12]

Quem é feliz, segundo a maneira de pensar de Jesus?

Se perguntarmos a muita gente, quem é feliz? A grande maioria vai responder que são os que têm muito dinheiro, boas casas, bons empregos, muitas festas, muitos aplausos.

E todos procuram ser amigos dessas pessoas, para tirar al- gum proveito.

Mas hoje ouvimos Jesus dizer: Felizes os pobres, os que choram, os que têm fome, os que são perseguidos…. Será que é bom ser pobre, sofrer, passar mal? Será que Deus gos- ta que as pessoas vivam com dificuldades, com dores, perse- guidos pela injustiça? Certamente que não!

Então, o que é que Jesus quer dizer? As pessoas doentes, com fome, expulsas da sinagoga e do Templo, quando en- contraram Jesus, não ficaram felizes? Certamente que sim!

Ele fazia o que dizia. Ele dizia: o Reino de Deus está no meio

Eu creio...

Eu creio em Deus que os anjos e de- mónios, justos e pecadores, cristãos e muçulmanos, velhos e crianças, cha- mam de Pai.

Eu creio em Jesus Cristo, irmão pre- sente em todos: nos missionários, professores, catequistas, mensagei- ros da paz, marginalizados e, espe- cialmente, nos pobres.

Eu creio no Espírito Santo, que ilu- mina o coração do homem e que da inteligência aos cientistas, que vibra nos corações amorosos, que se ma- nifesta nas pessoas de boa vontade e que traz harmonia e conversão aos homens perdidos.

Eu creio na presença viva do Senhor nas pessoas humildes e acolhedoras, nas pessoas generosas e honestas e nas pessoas que sabem perdoar e amar.

Creio na comunidade onde reina a união e a harmonia, onde juntos fazemos um só corpo e uma só for- ça na busca de soluções para o bem comum. Creio na comunidade onde nasce a fraternidade e a paz.

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mulher

Rosto de

O tempo passa depressa e o 2016 está para terminar. Em Moçambique, porém, não terminam as incertezas, as crises e outras contingências que obscurecem o futuro das novas gera- ções. Apesar desta nefasta situação, sempre aparece a espe- rança e o desejo de sobreviver.

A

guerra deixou feridas que ainda sangram e que são difíceis de sarar. Existem acordos e pactos “a favor do povo moçam- bicano” sem objetivos transparentes, sem transcendência e sem interesse comum porque não há disposição nem boa vontade para mudar de mentalidade, para depor interesses pessoais e procurar o bem de todos. Para quem lidera o país,

«Com as armas, não se constrói vida digna para ninguém. A experiência diz-nos que “a violência gera mais violência”, vingança e frustração;

por isso, a estratégia para procurar e consolidar a paz será promover a educação e a justiça social,

com mente aberta e diálogo, com respeito e amor para com os outros»

«Mulher, não podes deixar de sonhar e fazer dos teus sonhos uma realidade! É urgente a tua participação na família, na comunidade, na escola, na sociedade.

Exige os teus direitos e ensina os teus a viverem a democracia, o respeito, a honestidade e a prática de

valores como estilo de vida»

Mulher construtora de paz

Por: Elizabeth Carrillo

mais violência”, vingança e frustração; por isso, a estra- tégia para procurar e conso- lidar a paz será promover a educação e a justiça social, com generosidade e bonda- de, com mente aberta e diá- logo, com respeito e amor para com os outros. A paz nasce da prática de valores que transcendem o indivi- dualismo, a família e a etnia.

Como exemplo disso, lem- bremos a liderança de mui- tas mulheres, como Madre Teresa de Calcutá, que nos ensina como se devem ge- rir as finanças a favor dos pobres: ela recebia muitas ofertas de benfeitores e

“considerava-se adminis- tradora de um dinheiro sagrado” por ser fruto da generosidade e do sacrifício dos outros, cuja vontade respeitava e exigia que fosse escrupulosamente respeita- da por estar destinado aos pobres. Uma mulher santa e sábia que soube cumprir o que lhe fora confiado.

As riquezas naturais de um país são dos seus cida- dãos: administrá-las sabia- mente e fazer justiça é o caminho certo para criar um mundo de paz. No presente, existem leis incompreen- síveis para os pobres, os preços sobem sem nenhum controlo, as famílias deba-

tem-se na miséria, as mães – pilares da sociedade – fazem milagres para manter os seus. A falta de pão e do mais ne- cessário para uma vida condigna e a incerteza perante uma

“fantasmagórica” guerra cria uma sociedade agonizante e exposta a tudo.

Mulher, não podes deixar de sonhar!

Mulher, a tua função é importante, pensar no pão com que alimentarás os teus é necessário, mas isso não é tudo. Não po- des deixar de sonhar e fazer dos teus sonhos uma realidade!

É urgente a tua participação na família, na comunidade, na escola, na sociedade. Ensina os teus a viverem a democracia, o respeito, a honestidade e a prática de valores como estilo de vida. Ensina a tua família e aos outros a administrarem os bens de casa. Exige os teus direitos, exige que os bens públi- cos sejam tratados com honestidade e transparência. Lem- bra-te de que os bens que os governantes administram são do povo e para o povo, por isso são sagrados, pois servem para o bem-estar de todos.

Implantar a justiça e construir os fundamentos para uma paz duradoira, seja este o nosso compromisso de mulheres mensageiras de paz para o 2017.

a paz é um conceito difícil de entender e de levar até ao fim.

A falta de diálogo e o cli- ma de guerra e violência no país, parece não ter fim; não só causa mortes e destrui- ção, corrói a alma e impede os jovens desenvolverem as suas aptidões e possi- bilidades, a guerra acaba com os sonhos dum futuro promissório. Como se pode

“sonhar” num país instável política e socialmente?

Combater a pobreza, a desigualdade social e as in- justiças são passos neces- sários para instituir a paz, e são as tarefas primordiais de quem governa e deve fa- zê-lo com soluções criativas que não prejudiquem o povo que confia neles, não com revoluções que implicam violência, confrontos, riva- lidades. Com as armas, não se constrói vida digna para ninguém. A experiência di- z-nos que “a violência gera

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Olhar profundo

m

Na edição de Janeiro de 2016, a minha pergunta de partida era a seguinte: “Va- mos ver renovada a esperan- ça de termos uma vida me- lhor, ou vamos ver afundar ainda mais o clima de deses- pero que reina na sociedade moçambicana?” Neste texto pretendo dar o ponto de si- tuação de como foi o percur- so de Moçambique em 2016.

É claro que se trata da minha opinião baseada na vivência e acompanhamento dos fac- tos nos três níveis principais em que pode e costuma ser resumida a vida humana em comunidade: política, econo- mia e sociedade.

T

enho para mim que o ba- lanço do nosso 2016 como país é negativo. Se este mo- desto artigo fosse um “Esta- do da Nação”, eu diria que o

“o nosso Estado da Nação é mau.” Senão vejamos, ao longo do ano vimos a crise político-militar ganhar pro- porções graves, inadmissí- veis e injustificáveis seja de

Balanço de 2016 em Moçambique – Deterioração da crise política e económica e “o silêncio dos bons” –

Por: Thomas Selemane, thomselemane9@gmail.com

dades e anciãos, bem como todos os cristãos batizados.

Parodiando o ativista nor- te-americano dos direitos humanos, Martin Luther King, que dizia: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”, eu diria que não me surpreendeu nem preocu- pou o grito dos maus – pois como é natural e inevitável que se tenha comichão me- diante o contacto com a ortiga (ou “feijão maluco”), também é natural e inevi- tável que tenhamos o grito dos maus numa situação de crise, de matanças e de de- sespero. A mim preocupa, pois, o silêncio dos bons a que me referi acima.

E daqui para frente, o que nos espera e o que se nos oferece? Ao que tudo indica não temos razões para boas perspectivas. Mas como costumo repetir neste es- paço: não devemos baixar os braços, não devemos ca- pitular, nunca nos devemos render. Temos de insistir e persistir na busca da paz, da reconciliação nacional que é, afinal, o que mais falta nos faz como nação.

Sem reconciliação nacional não poderemos ter uma paz efectiva por mais encontros de “diálogo político” que possamos assistir entre as

delegações do Governo e da Renamo. E sem paz efectiva não poderemos nunca ver com frieza os desafios económicos e sociais que se abatem sobre nós.

Necessária reforma do nosso sistema político-eleitoral

Se queremos um Moçambique melhor daqui para diante, te- mos de investir esforços e tempo na reforma do nosso sis- tema político-eleitoral. Está visto que o nosso sistema de “o vencedor leva e o perdedor fica sem nada” só traz problemas.

De facto, não faz sentido que uma província inteira vote num determinado sentido e, no fim das contas, não consiga per- ceber o efeito do seu voto. Para além de que está também visto que é contraproducente continuarmos a insistir na go- vernação centralizada deste país. Precisamos de ter coragem para enfrentarmos o desafio da descentralização. As nossas províncias têm de se autogovernar com base na sua vontade e orientação política, sem com isso querer defender uma divi- são do país, que na minha opinião a ninguém interessa.

Faço votos de que tenhamos festas felizes, um santo Natal e próspero 2017. Que a crise fique para trás e que os “bons”

desistam de ficar calados perante matanças e banalização da vida humana.

«Tristemente vimos que os “bons” preferiram ficar calados. E esses bons são todos aqueles “homens

e mulheres de boa vontade de que fala o santo Evangelho.” Trata-se dos nossos líderes religiosos, sacerdotes, animadores das comunidades e anciãos,

bem como todos os cristãos batizados»

«De facto, não faz sentido que uma província inteira vote num determinado sentido e, no fim das

contas, não consiga perceber o efeito do seu voto.

Precisamos de ter coragem para enfrentarmos o desafio da descentralização. As nossas províncias

têm de se autogovernar com base na sua vontade e orientação política»

que ponto de vista for – o conflito militar entre o Governo e a Renamo tomaram dimensões reprováveis de matanças selec- tivas. A nossa situação económica deteriorou-se ainda mais:

exacerbadas pelo cada vez mais crescente nível da nossa dívi- da pública (130% do produto interno bruto, PIB) subiram os preços de todos os bens e serviços com a gravidade dos mais essenciais como água, electricidade, combustíveis e produtos alimentares.

Os “bons” ficaram calados

Em face das ondas de matanças com motivações políticas e da deterioração da nossa economia, o que assistimos no cam- po social? Tristemente vimos que os “bons” preferiram ficar calados. E esses bons são todos aqueles “homens e mulheres de boa vontade de que fala o santo Evangelho.” Trata-se dos nossos líderes religiosos, sacerdotes, animadores das comuni-

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Igreja e

cidadania

Escrever para dezembro é, inevitavelmente, fazer balanço do ano que declina. Logo em janeiro deste mesmo ano, Tomás Selemane nos perguntava se, em 2016, iríamos “Renovar a esperança ou afundar o desespero?” No declinar do ano, todos sentimos que foi um tempo de esperanças frustradas.

A

guerra alastrou e o povo, de novo massacrado, vive na incerteza e na angústia. E prossegue o mesmo Selemane:

“Terminámos o ano de 2015.... a dívida pública em alta, a moeda nacional desvalorizada. Subiu o preço do pão, da eletricidade e de vários bens de primeira necessidade. Em suma, a vida tornou-se muito mais cara, mais difícil”.

Uma infernal máquina de guerra, agravada com os sucessi- vos assassinatos dos anónimos “Esquadrões da morte”, a sol- do dos que querem ser donos exclusivos da riqueza nacional, continua a ser-nos imposta.

A (des) Esperança do Natal

Por: José Júlio II

Começo a escrever este texto com a brutal notícia do assassinato de Jeremias Pondeca, membro da Rena- mo na Comissão Mista para o diálogo para a Paz. Este assassinato é imitação da opção belicista angolana, vergonha da África, onde uma tribo de ladrões se ins- talou no poder em Luanda, deixando o povo a morrer de doenças, fome e misé- rias. Desenha-se no nosso horizonte uma nova guer- ra civil, cruel e prolongada.

Por isso, o diálogo apregoa- se com descarada hipocri- sia. Como diz o jornal O au- tarca (Raptos, assassinatos e detenções com rosto po- lítico - nº3151): “A polícia continua num aparente tra- balho de investigação, sem nada concluir, da já longa lista de assassinatos. O po- der, mudo que nem pedra tumular, mais parece rir-se destes repetidos crimes, porque ‘quem cala consen- te’. O Presidente da Repú- blica, por dever de Estado, teve de se fazer presente no velório de Pondeca! Que amargura terá sentido, sa- bendo que os olhos de um país inteiro o acusavam!”

Os presumíveis nomes dos generais partidários da guerra, retirados, alguns, da ribalta política, atuando

como hienas escondidas, já correm de boca em boca.

Quem é que os não conhe- ce? Mas quem se poderia atrever a pronunciar clara e distintamente os seus no- mes sem ir parar à cadeia, ou bem pior do que isso, ser também linchado como Jeremias Pondeca, Giles Cistac, Marcelino Vilancu- lo, Manuel Lole (deputado da Renamo), José Manuel (membro da Renamo e do Conselho de Seguran- ça do Estado), com dois acompanhantes à saída do aeroporto da Beira, e o guarda-costas de Manuel Bissopo (deputado da Re- namo, que, alvejado a tiro, escapou à morte)?

Riqueza de Moçambique:

benção ou maldição?

Maldita a hora em que se descobriu tanta riqueza neste país? Maldito o car- vão, o gás e o petróleo?

Não, malditos os ganancio- sos que querem tudo para si. Já no tempo de Chissano me dizia uma sua ministra:

“Era o que faltava, deixar- mos ir um poder que nos custou tanto a conquistar!”.

Nesse dia comecei a per- ceber que as tão desejadas eleições ditas livres, justas e transparentes, caminho

para um país de direito democrático, terão sido sempre opa- cas e injustas, fraudulentas e nunca livres.

É tempo de o povo sair dos seus esconderijos de medo e de se levantar contra a ditadura dos generais sem escrúpulos! É tempo de todos os crentes se darem as mãos em procissões orantes de Paz, demonstrando aos pútridos falcões da guer- ra que a fé no Ressuscitado nos impele a cantar, o sonho e a senha do poeta:

«É preciso avisar toda a gente dar notícia, informar, prevenir que por cada flor estrangulada há milhões de sementes a florir.

É preciso avisar toda a gente que há fogo no meio da floresta e que os mortos apontam em frente o caminho da esperança que resta”

É preciso avisar toda a gente que a Paz é possível! Basta de- sejá-la de coração livre de obscuros e gananciosos desejos!

Há cristãos em ambos os campos da guerra: católico é o Presidente da República; católico é o Presidente da Renamo.

Será que a fé comum a um e ao outro é inútil?

«Uma infernal máquina de guerra, agravada com os sucessivos assassinatos dos anónimos “Esquadrões da

morte”, a soldo dos que querem ser donos exclusivos da riqueza nacional, continua a ser-nos imposta»

«É preciso avisar toda a gente que a Paz é possível!

Basta desejá-la de coração livre de obscuros e gananciosos desejos! Há cristãos em ambos os campos da guerra: católico é o Presidente da

República; católico é o Presidente da Renamo.

Será que a fé comum a um e ao outro é inútil?»

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Curso Bíblico

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No número de Outubro vi- mos como a Constituição Dogmática Dei Verbum do Concílio Vaticano II (sobre a Revelação Divina) é fruto de uma longa caminhada que vinha desde o começo do século XX. O seu conteúdo aborda o delicado e comple- xo problema da relação entre a Sagrada Escritura (Bíblia) e a Tradição.

A

Dei Verbum é um dos menores documentos do Vaticano II. São seis peque- nos capítulos com 26 pa- rágrafos. Mas é um escrito bastante objetivo e denso, com um conteúdo muito amplo. Ela apresenta como linha central o processo de comunicação, iniciado por Deus, buscando levar a hu- manidade para o próprio Deus, passando pela cami- nhada histórica do povo de Israel, pelo mistério de Jesus Cristo e pela caminhada his- tórica da Igreja até chegar aos nossos dias e prolon- gando-se em direção aos fins dos tempos. Todo este

A Palavra de Deus no

Concílio Vaticano II (Parte II)

Por: Carlos Mesters

Um novo olhar que anima a interpretação da Escritura

O documento Dei Verbum começa com estas palavras: «O sagrado Concilio, ouvindo religiosamente a Palavra de Deus proclamando-a com confiança, faz suas as palavras de S. João:

“Anunciamos-vos a vida eterna, que estava junto do Pai e nos apareceu: anunciamos-vos o que vimos e ouvimos, para que também vós vivais em comunhão conosco”», (1 Jo. 1, 2-3).

Nesta citação explícita da primeira carta de São João, os bispos se referem ao que eles mesmos puderam ver e ouvir nos dias do Concílio. O nós que, no texto original, é João, ago- ra, no documento conciliar, são os bispos. Os destinatários eram cristãos do século I, agora são os cristãos do século XXI.

Os bispos usam as mesmas palavras usadas por João, mas na boca dos bispos estas palavras se tornam veículo de uma ex- periência bem diferente. Mudou tudo: os destinatários, o re- metente, o conteúdo, o lugar e a data. A única coisa que não mudou é a letra da Bíblia, o envelope, a embalagem.

Todos nós usamos a Bíblia assim: você, eu, Jesus, Pedro, Lutero, São Francisco, os bispos, os pastores, os papas, as co- munidades, os religiosos, os católicos, os protestantes, todos e todas! Todos e todas, quando temos uma experiência de Deus e da vida, tentamos expressá-la usando as palavras da Bíblia.

Nesta maneira de ligar a Bíblia com as experiências da vida, transparece a incrível novidade deste livro antigo e nela se revela algo do novo olhar com que a Bíblia começou a ser lida e interpretada pelos padres conciliares. É o olhar

de uma nova experiência de Deus que se faz presente, quase imperceptivelmente, nesta surpreendente e tão sincera ligação entre Bíblia e Vida, a partir do desejo do Papa João XXIII para que o Concílio fosse pastoral e re- velasse a Boa Nova de Deus ao povo e a partir da expe- riência e das atitudes dos bispos ao longo dos quatro anos do Concílio. É a fé na presença do mesmo Deus de Jesus Cristo, que acom- panha o seu povo desde os tempos de Abraão até hoje.

O mesmo está aconte- cendo na leitura popular da Bíblia. A partir da nova liga- ção entre Bíblia e Vida, os pobres fazem a descoberta, a maior de todas: “Se Deus esteve com aquele povo no passado, então ele está também conosco nesta luta que fazemos para nos liber- tar. Ele escuta também o nosso clamor!” (cf. Ex 2,24;

3,7). Assim foi nascendo, imperceptivelmente, uma nova experiência de Deus e da vida que se tornou o cri- tério mais determinante da leitura popular e que menos aparece nas suas explicita- ções e interpretações. Pois o olhar não se enxerga a si mesmo. O mesmo se pode dizer do Documento Conci- liar Dei Verbum.

«A Dei Verbum apresenta como linha central o processo de comunicação, iniciado por Deus, buscando levar a humanidade para o próprio Deus, passando pela caminhada histórica do povo de Israel,

pelo mistério de Jesus Cristo e pela caminhada histórica da Igreja até chegar aos nossos dias»

«A partir da nova ligação entre Bíblia e Vida, os pobres fazem a descoberta, a maior de todas: “Se Deus

esteve com aquele povo no passado, então ele está também conosco nesta luta que fazemos para nos

libertar. Ele escuta também o nosso clamor!”»

processo é fruto da atuação do Espírito Santo, revelando um rosto trinitário a este processo de comunicação divina.

O centro e a plenitude de todo este processo é o mistério de Cristo.

Para descrever este processo de comunicação divina, a Dei Verbum se apresenta em capítulos com os seguintes conteúdos:

I. A Revelação como tal.

II. Transmissão da Divina Revelação

III. Inspiração divina da Sagrada Escritura e sua interpretação IV. O Antigo Testamento

V. O Novo Testamento.

VI . A Sagrada Escritura na vida da Igreja

Referências

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