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CONSIDERAÇÕES DO ENCONTRO REGIONAL (PREPARATÓRIO) DE EDUCAÇÃO DE RORAIMA 2014

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CONSIDERAÇÕES DO ENCONTRO REGIONAL (PREPARATÓRIO) DE EDUCAÇÃO DE RORAIMA 2014

O Encontro Regional de Educação de Roraima (Preparatório para o Encontro Nacional de Educação) ocorreu nos dias 25 e 26 de julho 2014, na cidade de Boa Vista, Roraima.

O Encontro foi promovido e organizado pela CSP-CONLUTAS, SESDUF – Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Roraima, IFRR - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima, SINDUERR – Seção Sindical dos Docentes da Universidade Estadual de Roraima e SINTRACOMO – Sindicato dos trabalhadores da construção civil de Roraima.

Não houve participação do Sindicato dos profissionais da rede pública estadual, a qual comporta grande quantitativo de profissionais ligados à educação.

O evento foi organizado da seguinte forma: discussão e deliberação nos GTs, com base em três eixos temáticos, nos dias 25 e 26/07 e palestra proferida pela Profa. Ângela Siqueira (Universidade Federal Fluminense) sobre o PNE 2011-2020 sancionado em junho/2014, no dia 26/07.

INFORMAÇÕES, REFLEXÕES, DELIBERAÇÕES E PROPOSTAS RELATIVAS AOS EIXOS TEMÁTICOS:

Eixo 1 - Financiamento da educação

Embora exista a prerrogativa constitucional da vinculação de receitas destinadas à educação, a maior parte do orçamento destina-se ao pagamento dos serviços da dívida pública interna e externa. Segundo Helene (2013), o Brasil investe aproximadamente 5,8% do PIB na educação; contudo, tal montante certamente está superestimado, posto que muitos gastos não diretamente destinados à educação são computados nesta rubrica.

Ademais, como um montante considerável de dinheiro público é destinado ao custeio e manutenção da educação escolar pública e privada, há enorme ingerência de setores privados e ligados ao capital financeiro-produtivo/indústria da educação privada na condução das políticas públicas em educação no Brasil.

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pública;

- modificação radical do modelo de financiamento da educação escolar pública. A destinação de recursos deve ocorrer via conta única, abolindo-se todas as outras formas secundárias de financiamento (FUNDEB e FNDE inclusive), as quais seriam direcionadas para uma conta única;

- o cômputo do orçamento destinado à educação deve considerar o valor per capita por aluno e não o percentual em relação ao PIB. Para fins imediatos de cálculo, sugere-se estipular como base de cálculo a média do valor per capita por aluno investido atualmente na Educação Superior (aproximadamente R$ 11.000,00 / ano), passível de aumento;

- tornar o controle do atual sistema de financiamento mais rigoroso;

- assim como existe o INEP, deve ser criado um sistema de controle e acompanhamento do financiamento da educação, com transparência pública total, com dados sobre a origem das verbas, para quem e como são destinadas, como são investidas e gastas. Inclusive gastos com o FUNDEB e FNDE, financiamentos externos e de agências de financiamento internacionais, FIES, PROUNI, PRONATEC, Programas do MEC em todos os níveis escolares etc. Tal sistema deverá permitir acesso fácil e ágil e deve estar disponível a toda e qualquer pessoa interessada;

Eixo 2 – Democratização da educação

A democratização da educação não deve ser considerada um fim em si mesmo, mas um objetivo estratégico para superação do autoritarismo, do individualismo e das desigualdades econômicas, sociais e educacionais. Nesse sentido, a democratização da educação deve estar presente nas ações, valores e ideário de todos os envolvidos no processo educacional: alunos, pais, profissionais, comunidade, fazendo parte do cotidiano dos sistemas educacionais.

O caso de Roraima é emblemático: assim como em muitas outras unidades da federação, aqui existe ingerência e interferência política na condução da política educacional local, em termos pedagógicos, na autonomia da escola e dos profissionais; bem como flagrante cooptação e coerção quanto à adesão forçada em campanhas eleitorais.

Propostas / reivindicações:

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Eixo 3 – Precarização das atividades dos trabalhadores da Educação

A precarização das condições de trabalho não é um fenômeno que atinge exclusivamente os trabalhadores da educação escolar. Sua conformação contemporânea é decorrente do desmonte do Estado do Bem Estar social, após o qual houve duríssimo ataque ao polo trabalho: perdas de direitos trabalhistas, desemprego, flexibilização das jornadas de trabalho, “terceirização”, arrocho salarial, superexploração do trabalho infantil, feminino etc.

No caso dos profissionais da educação, além dos fatos descritos acima, o estado de Roraima não difere da realidade do resto do Brasil, ocorrendo: intensificação do trabalho docente, com atribuição de múltiplas atividades ao professor; formação continuada concomitante ao desempenho da atividade docente; responsabilização do professor pelos problemas não apenas de ensino-aprendizagem do aluno, mas sociais, culturais, familiares; em geral baixo nível salarial; assunção de mais de uma jornada de trabalho, com impossibilidade de melhor planejamento e dedicação às atividades pedagógicas; desgaste físico, mental e emocional; falta de autonomia e democracia no ambiente escolar; muitos casos de sujeição à violência física, emocional, psicológica, moral; falta de condições físicas e materiais de trabalho.

Propostas / reivindicações:

- investir na valorização do trabalhador em educação nas dimensões da formação (inicial e continuada), da carreira profissional e das condições de trabalho;

- garantir a cada unidade de ensino da Educação Básica e Ensino Superior dos sistemas públicos, os recursos materiais e humanos necessários para o desenvolvimento do trabalho educativo em condições dignas e condizentes com a tarefa de educar;

- fortalecer os programas de formação inicial e continuada dos professores da área urbana, da zona rural e das escolas indígenas, assegurando um currículo que atenda as dimensões teórica, prática e política, ao mesmo tempo em que valorize os conhecimentos científicos produzidos e acumulados pela humanidade e as especificidades de cada realidade;

- garantir condições de trabalho dignas para as escolas rurais e indígenas, de modo que seja garantido aos trabalhadores da educação o desenvolvimento de suas tarefas, mesmo estando longe das áreas urbanas;

- garantir ao trabalhador aposentado as mesmas conquistas dos trabalhadores ativos, de modo que possam usufruir do seu direito à aposentadoria;

- garantir o planejamento anual das necessidades materiais de cada unidade de ensino, de modo que seja superada a realidade tão comum nas escolas roraimenses de falta de

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para a realização de atividades e provas, tonner, tinta para impressora, lápis, caderno, caneta, apagador, cartolinas e papéis diversos, EVA, hidrocores, lápis de cor, réguas, livros didáticos, etc.;

- garantir a cada unidade de ensino as condições dignas para trabalhar e aprender, tais como: ambiente climatizado, água potável em condições propicias para o consumo humano, bibliotecas, laboratórios de informática com acesso à internet, telefones (em Roraima, há anos que as escolas, mesmo as da capital passam longos períodos com a linha telefônica cortada);

- desenvolver um programa de prevenção e combate à violência no ambiente escolar;

- garantir um programa de saúde voltado para a prevenção e combate às doenças causadas pelo exercício do magistério nas condições de trabalho atuais, tais como: problemas psíquicos, desgaste da voz, problemas de vista, problemas respiratórios, problemas de coluna, tendinites, bursite, Síndrome de Burnout, etc.

- eliminar no prazo de um ano os “contratos temporários” dos trabalhadores em educação e garantir concursos públicos periódicos para atender às necessidades dos sistemas de ensino;

- eliminar os contratos terceirizados de trabalhadores da educação, especialmente, para o desenvolvimento de serviços gerais, que são vítimas de empresas que chegam a passar seis meses sem fazer o pagamento dos funcionários;

- garantir em cada plano de carreira o tempo necessário para que os docentes possam realizar suas tarefas de ensinar, planejar, corrigir trabalhos, atividades e provas, elaborar material didático, estudar, participar dos colegiados escolares, projetos e reuniões, dentro da sua jornada de trabalho, sem ter que comprometer o seu tempo de descanso;

- garantir ao professor o exercício do magistério na área para a qual foi contratado, evitando que os profissionais sejam obrigados a lecionar disciplinas para as quais não têm formação acadêmica;

- valorizar e expandir os programas de formação inicial e continuada dos professores indígenas, de modo a atender às necessidades das comunidades indígenas e sua luta pela cidadania;

- garantir planos de carreira que favoreçam o regime de trabalho com dedicação exclusiva do professor e dos trabalhadores em educação, de modo que com salários dignos, possam se dedicar a um único emprego.

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Eixo 4 – Avaliação meritocrática e educação

Atualmente, no Brasil, a avaliação é um dos eixos do sistema educacional: a proposta é avaliar a tudo e a todos. Porém, a concepção que fundamenta e embasa tal sistema avaliativo é uma concepção burocrática, meritocrática, meramente de aferição de resultados e não uma avaliação qualitativa, processual, cujo objetivo é contribuir e aperfeiçoar o processo de ensino-aprendizagem.

Em verdade, o sistema educacional tem tratado a avaliação e o financiamento como elementos pareados: o financiamento e a dotação de verbas estão condicionados ao alcance dos índices nos rankings de avaliação oficiais (provinha Brasil, prova Brasil, SARESP, ENEM, ENADE, IQC, PISA etc.). E de forma ainda mais prejudicial, o não alcance dos índices não raro implica em punições como o não recebimento de verbas e incentivos.

Tal conjuntura, além do prejuízo flagrante ao processo de ensino-aprendizagem, estimula e cria uma série de distorções gravíssimas, como a manipulação de dados, índices e resultados; o boicote às avaliações; a competição entre escolas, sistema público e privado, alunos.

O fracasso desse modelo avaliativo expressa-se, entre outros, pelo relato contundente da pessoa responsável pela implantação do modelo de avaliação na era Bush (RAVITCH, 2011), atestando sua inadequação, pelos resultados pífios obtidos por países (EUA, Suécia, Brasil) que adotaram tal modelo (SUÉCIA está revendo..., 2014), atestados pelo próprio PISA, entre outros.

Finalmente, os presentes ao Encontro Regional ratificaram seu apoio aos princípios contidos no PNE – Proposta da Sociedade Brasileira, de 1997 e também decidiram pela criação de um Fórum Estadual em Defesa da Escola Pública, no sentido de se fortalecer o Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública.

Assinam: CSP-CONLUTAS, SINTRACOMO, SINDUERR, SINASEFE-RR, SESDUF-RR.

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HELENE, Otaviano. Um diagnóstico da educação brasileira e de seu financiamento. Campinas, SP: Autores Associados, 2013. (Coleção educação contemporânea)

RAVITCH, Diane. Vida e morte do grande sistema escolar americano. Porto Alegre: Sulina, 2011.

SUÉCIA está revendo neoliberalismo na educação. Disponível em:

http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/por-que-a-suecia-esta-revendo-a-privatizacao-do-ensino/ Acesso em: 06 jan.2014.

Referências

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