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Desenvolvimento de um Protótipo de Dispensador Automático de Medicamentos

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Desenvolvimento de um Protótipo de

Dispensador Automático de Medicamentos

BÁRBARA ZITA TORRES MARTINS

Novembro de 2015

(2)

Desenvolvimento de um Prot´ otipo de Dispensador Autom´ atico de Medicamentos

B´ arbara Zita Torres Martins zt.martins@hotmail.com

Tese submetida ao Instituto Superior de Engenharia do Porto para a obten¸c˜ ao do grau de

Mestre em Engenharia de Computa¸c˜ ao e Instrumenta¸c˜ ao M´ edica

Orientadores

Prof

a

. Dr

a

Goreti Marreiros Prof. Dr. Lino Figueiredo

Departamento de F´ısica - ISEP

Instituto Superior de Engenharia do Porto

Porto, 16 de Novembro de 2015

(3)
(4)

”N˜ ao sou nada.

Nunca serei nada.

N˜ ao posso querer ser nada.

A parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.” `

Alvaro de Campos (Fernando Pessoa) ´

(5)
(6)

Agradecimentos

Com a entrega desta disserta¸c˜ ao vejo chegar ao fim 5 anos de um percurso acad´ e- mico que sempre desejei e que realizam a minha vida tanto a n´ıvel pessoal como profissional.

Tudo isto n˜ ao seria poss´ıvel sem o esfor¸co not´ orio de uma vida de duro trabalho por parte dos meus pais, her´ ois da minha vida. Aos meus pais o meu eterno e mais sincero agradecimento.

Aos meus orientadores, Goreti Marreiros e Lino Figueiredo, por todo o apoio e por me ofertarem com grandes ideias ao longo de todo o desenvolvimento do projeto.

O meu muito obrigado pela aten¸c˜ ao e disponibilidade que sempre mostraram ter.

Aos meus av´ os, motiva¸c˜ ao de todo este projeto, obrigada pelas palavras s´ abias, pela experiˆ encia de vida partilhada e por todo o amor que vejo nos vossos sorrisos de cada vez que apare¸co l´ a por casa.

Ao Carlos e ` a Sara pela companhia durante as horas de trabalho no GECAD, pela partilha de ideias e por toda a ajuda.

A todos os meus amigos, por estarem sempre presentes, em especial ´ aqueles que me acompanharam durante estes 5 anos de forma¸c˜ ao acad´ emica, pelas noitadas de trabalho e de estudo e por partilharem comigo as melhores experiˆ encias de uma vida acad´ emica.

E por fim, mas n˜ ao menos importante, ao meu namorado, por me acompanhar ao

longo destes anos, por me dirigir sempre as melhores e mais reconfortantes palavras

e por toda a paciˆ encia, compreens˜ ao e confian¸ca que sempre demonstrou nas minhas

capacidades.

(7)
(8)

Resumo

O n´ umero de pessoas com idade superior a 65 anos aumentou consideravelmente nos

´

ultimos 40 anos. Este incremento de longevidade tem levado ao aparecimento de v´ arias patologias relacionadas com a idade e ao aumento da prevalˆ encia das patolo- gias cr´ onicas. Uma grande maioria desta popula¸c˜ ao ´ e polimedicada e assim sendo a gest˜ ao de medicamentos ´ e uma ´ area que pode proporcionar grandes benef´ıcios aos idosos. A grande quantidade de medicamentos assim como as diferentes dosagens e os diferentes hor´ arios de toma fazem com que os idosos se confundam no cumpri- mento do esquema terapˆ eutico aconselhado pelo m´ edico, nomeadamente devido ao decl´ınio cognitivo a que est˜ ao sujeitos devido ao envelhecimento humano. Torna-se, portanto, fundamental o desenvolvimento de sistemas inteligentes que auxiliem os idosos na gest˜ ao da sua medica¸c˜ ao.

A presente disserta¸c˜ ao de mestrado foi materializada num dispositivo, designado ElderlySafety, que visa responder aos problemas da polimedica¸c˜ ao, atrav´ es de uma solu¸c˜ ao tecnol´ ogica que incorpora as vertentes de controlo e comunica¸c˜ ao. O obje- tivo do ElderlySafety ´ e relembrar, de forma autom´ atica, o idoso da toma atempada dos seus medicamentos e consiste num prot´ otipo de um dispositivo com v´ arias com- parti¸c˜ oes para organiza¸c˜ ao dos v´ arios medicamentos. Este aparelho apresenta 24 compartimentos, um deles referente a uma posi¸c˜ ao est´ atica, considerada a posi¸c˜ ao

‘home’ e os restantes dizem respeito a 23 tomas de medica¸c˜ ao durante uma semana.

Os compartimentos em quest˜ ao devem ser preenchidos com a devida medica¸c˜ ao, pelo

cuidador do idoso, no in´ıcio de cada semana. O aparelho est´ a conectado via Blueto-

oth a uma aplica¸c˜ ao denominada ElderlySafety Online que permite monitorizar todo

o sistema. ´ E aqui que ´ e feito o registo, com data, hora e nome do medicamento, de

toda a medica¸c˜ ao prescrita ao paciente. Tamb´ em ´ e poss´ıvel a verifica¸c˜ ao de poss´ıveis

intera¸c˜ oes medicamentosas, bem como o acesso a informa¸c˜ oes acerca do que fazer

(9)

viii

em caso de esquecimento de uma ou mais tomas. Aquando a chegada da data e hora da toma de cada medica¸c˜ ao, o aparelho desenvolvido emite um lembrete ao idoso e esse lembrete ´ e feito atrav´ es de um alerta luminoso.

Se o sistema ElderlySafety verificar que o idoso se esquece da toma dos medica- mentos tem a capacidade de interagir via e-mail com o cuidador, que poder´ a ser um familiar pr´ oximo, alertando-o para o esquecimento da toma de medica¸c˜ ao do paci- ente a seu cuidado. Os testes de valida¸c˜ ao realizados ao ElderlySafety revelaram que o prot´ otipo se mostra funcional e apto para integrar um ambiente de vida assistido de qualquer idoso.

Palavras-chave: Dispensador Autom´ atico de Medicamentos; Dispensador In-

dividual; Ambiente de Vida Assistido; Medica¸c˜ ao em Idosos.

(10)

Abstract

The number of people aged over 65 years has grown considerably in the last 40 years.

This increase in longevity has caused the occurrence of various diseases related to age and the increasing prevalence of chronic pathologies. A large majority of this population is poly medicated and therefore the medication management is an area that can provide great benefits to elderly. The large amount of drugs as well as the different doses and different dosing schedules mean that older people could get confused to comply with the treatment regime advised by doctor, mainly because of cognitive decline that are subject to due to human aging. It is therefore critical to develop intelligent systems that help elderly managing their medication.

This master dissertation was materialized in a device, designated ElderlySafety, which aims to respond to polypharmacy problems, through a technological solution that incorporates aspects of monitoring and reporting. The ElderlySafety goal is to automatically remind elderly to take their medications in time and itˆ as a prototype device with several compartments to organise various medications. This device has 24 compartments, one of them is related to a static position, considered as the

’home’ position and the rest relate to 23 doses of medication for one week. The compartments in question must be filled with correct medication, by the elderly carer at the beginning of each week. The device is connected via Bluetooth to an application called ElderlySafety Online which allows to monitor the entire system.

This is where the registration is made with date, time and name of the drug, of all patients medications prescription. Itˆ as also possible to check for drug interactions, as well as access information about how to proceed in case of missing one or more doses. Upon of each medication arrival date and timings, the developed device sends a reminder to the elderly and that reminder is done through a luminous alert.

If the ElderlySafety realise that the elderly has forgotten to take medication, is

(11)

x

able to interact via email with the carer, who may be a close relative, alerting to the medication neglect of the patient taken care of. Validation tests carried out ElderlySafety revealed that the prototype shown functional and able to integrate an ambient assisted living of any elderly.

Key-words: Automatic Pill Dispenser, Individual Dispenser, Ambient Assisted

Living, Elderly Medication.

(12)

Conte´ udo

Agradecimentos . . . . v

Resumo . . . . vii

Abstract . . . . ix

Conte´ udo . . . . xi

Lista de Figuras . . . . xv

Lista de Tabelas . . . . xvii

Lista de Abreviaturas . . . . xix

1. Introdu¸ c˜ ao . . . . 1

1.1 Enquadramento . . . . 1

1.2 Motiva¸c˜ ao . . . . 2

1.3 Objetivos . . . . 4

1.4 Estrutura da Disserta¸c˜ ao . . . . 5

2. O Idoso e a sua Medica¸ c˜ ao . . . . 7

2.1 Aspetos Epidemiol´ ogicos do Envelhecimento em Portugal . . . . 7

2.2 Gest˜ ao da Medica¸c˜ ao pelo Idoso . . . . 9

2.3 Ades˜ ao ao Regime de Medica¸c˜ ao . . . . 10

2.3.1 A n˜ ao ades˜ ao ` a medica¸c˜ ao e suas implica¸c˜ oes . . . . 11

2.3.2 Fatores que influenciam a ades˜ ao do doente ` a medica¸c˜ ao . . . 12

2.3.3 Estrat´ egias para melhorar a ades˜ ao do doente ` a medica¸c˜ ao . . 13

2.4 Polimedica¸c˜ ao nas Pessoas Idosas . . . . 16

2.5 Ambientes de Vida Assistido . . . . 16

2.6 Dispensadores de Medicamentos . . . . 17

(13)

xii Conte´ udo

3. Microcontrolador Ardu´ıno . . . . 23

3.1 Enquadramento . . . . 23

3.2 Microcontroladores e Microprocessadores . . . . 24

3.2.1 Arquitetura dos Microcontroladores . . . . 25

3.2.2 Set de Instru¸c˜ oes . . . . 27

3.3 Hardware do Ardu´ıno Uno . . . . 28

3.3.1 Alimenta¸c˜ ao . . . . 29

3.3.2 Mem´ oria . . . . 29

3.3.3 Pinos de Entrada/Sa´ıda . . . . 30

3.4 Software do Ardu´ıno Uno . . . . 31

3.4.1 IDE . . . . 32

3.4.2 Ciclo de Desenvolvimento . . . . 33

3.4.3 Comunica¸c˜ ao S´ erie . . . . 35

4. Desenvolvimento do sistema ElderlySafety . . . . 37

4.1 Enquadramento . . . . 37

4.2 Requisitos Funcionais da Arquitetura do Sistema . . . . 38

4.3 M´ odulos do Dispositivo ElderlySafety . . . . 39

4.3.1 Push Button . . . . 40

4.3.2 LED . . . . 40

4.3.3 LCD . . . . 41

4.3.4 Motor de Passo . . . . 42

4.3.5 Bluetooth . . . . 45

4.3.6 Tabuleiro de tomas . . . . 46

4.4 Desenvolvimento do ElderlySafety Online . . . . 48

4.4.1 Microsoft Visual Studio . . . . 50

4.4.2 ASP.NET MVC . . . . 51

4.4.3 Informa¸c˜ oes pessoais sobre o paciente . . . . 52

4.4.4 Registo de medica¸c˜ ao . . . . 53

4.4.5 Bul´ ario eletr´ onico dos medicamentos . . . . 54

4.4.6 Notifica¸c˜ ao de esquecimento de toma . . . . 58

4.4.7 Cria¸c˜ ao da base de dados . . . . 59

5. Resultados Obtidos . . . . 63

5.1 Funcionalidades do Sistema . . . . 63

5.2 Entradas e Sa´ıdas do Dispositivo . . . . 64

5.3 Design do Prot´ otipo Final . . . . 65

5.4 Valida¸c˜ ao do Dispositivo . . . . 66

5.4.1 Caracter´ısticas da Amostra . . . . 66

5.4.2 Resultados e Discuss˜ ao . . . . 67

6. Conclus˜ ao . . . . 71

6.1 Conclus˜ oes . . . . 71

6.2 Trabalhos Futuros . . . . 72

(14)

Conte´ udo xiii

Bibliografia . . . . 79

A. Anexos . . . . 81

A.1 Formul´ ario de valida¸c˜ ao do ElderlySafety . . . . 82

(15)
(16)

Lista de Figuras

2.1 Popula¸c˜ ao residente por grupos et´ arios . . . . 8

2.2 Exemplo de uma caixa de medicamentos semanal . . . . 18

2.3 Exemplos de dispensadores de medicamentos de formato circular . . . 21

2.4 Exemplos de dispensadores de medicamentos de formato particular . 22 3.1 Diagrama de blocos de uma cadeia de processamento . . . . 24

3.2 Arquitetura Von-Neumann . . . . 25

3.3 Arquitetura Harvard . . . . 26

3.4 Hardware do Ardu´ıno . . . . 28

3.5 IDE do Ardu´ıno . . . . 32

3.6 Esquema da fase de desenvolvimento de uma aplica¸c˜ ao . . . . 33

3.7 Exemplo da estrutura de um sketch . . . . 34

4.1 Diagrama de blocos do sistema ElderlySafety completo . . . . 39

4.2 Diagrama de blocos do sistema ElderlySafety . . . . 39

4.3 Representa¸c˜ ao de um push button . . . . 40

4.4 Representa¸c˜ ao esquem´ atica de um LED . . . . 41

4.5 Representa¸c˜ ao de um LCD adapt´ avel para utiliza¸c˜ ao no Ardu´ıno . . . 41

4.6 Motor de passo . . . . 45

4.7 Representa¸c˜ ao esquem´ atica do m´ odulo Bluetooth . . . . 46

4.8 Design do tabuleiro de tomas, fora do ElderlySafety . . . . 47

4.9 Tabuleiro de tomas ideal para o sistema ElderlySafety . . . . 48

4.10 Arquitetura do software do sistema . . . . 49

4.11 P´ agina inicial do ElderlySafety Online . . . . 50

4.12 Esquema da tecnologia ASP.NET MVC . . . . 51

4.13 P´ agina de informa¸c˜ oes do paciente . . . . 52

4.14 P´ agina de registo de medica¸c˜ ao do paciente . . . . 54

4.15 Janela de um novo registo de medica¸c˜ ao . . . . 55

4.16 P´ agina do bul´ ario eletr´ onico de medicamentos . . . . 57

4.17 E-mail autom´ atico recebido em caso de esquecimento . . . . 58

4.18 Representa¸c˜ ao do login e registo . . . . 59

4.19 Representa¸c˜ ao da base de dados utilizada neste prot´ otipo . . . . 60

(17)

xvi Lista de Figuras

5.1 Montagem do circuito do sistema ElderlySafety . . . . 65

5.2 Design do sistema ElderlySafety . . . . 66

5.3 Contribui¸c˜ ao do ElderlySafety num estilo de vida mais aut´ onomo . . 68

(18)

Lista de Tabelas

2.1 Fatores de ades˜ ao. . . . . 13

2.2 Interven¸c˜ oes para aumentar a ades˜ ao ` a terapˆ eutica - interven¸c˜ oes edu- cacionais . . . . 14

2.3 Interven¸c˜ oes para aumentar a ades˜ ao ` a terapˆ eutica - interven¸c˜ oes comportamentais . . . . 15

3.1 Quantidade de mem´ oria dispon´ıvel em cada modelo de MCU, segundo o datasheet de cada um . . . . 30

3.2 Explica¸c˜ ao do funcionamento de cada um dos bot˜ oes da Toolbar . . . 33

3.3 Fun¸c˜ oes de Comunica¸c˜ ao S´ erie . . . . 36

4.1 Passo Completo 1 (Full-Step) . . . . 43

4.2 Passo Completo 2 (Full-Step) . . . . 44

4.3 Meio Passo (Half-Step) . . . . 44

5.1 Detalhes da amostra da popula¸c˜ ao . . . . 67

(19)
(20)

Lista de Abreviaturas

AAL Ambient Assisted Living ALU Unidade L´ ogico-Aritm´ etica

AINE Anti-Inflamat´ orios N˜ ao Esteroides API Interface de Programa¸c˜ ao de Aplica¸c˜ oes ASA American Society on Aging

ASCP American Society of Consultant Pharmacists CISC Complex Instruction Set Computer

CPU Unidade Central de Processamento

EEPROM Electrically Erasable Programmable Read-Only Memory FTDI Future Technology Devices International

GSM Global System for Mobile Communications IDE Interface de Desenvolvimento

INE Instituto Nacional de Estat´ıstica

INFARMED Instituto Nacional da Farm´ acia e do Medicamento LCD Liquid Crystal Display

LED Light Emitting Diode

MCU Microcontrolador

MPU Microprocessador

NFC Near Field Communication OMS Organiza¸c˜ ao Mundial de Sa´ ude PDA Personal Digital Assistant PWM Pulse Width Modulation

RAM Random Access Memory

RFID Radio Frequency Identification RISC Reduced Instruction Set Computer

RMAIS RFID-based Medication Adherence Intelligence System SGBD Sistema de Gest˜ ao de Bases de Dados

SMMS Smart Medication Management System SPI Serial Peripheral Interface

SQL Structured Query Language

SRAM Static Random Access Memory

TTL Transistor-Transistor Logic

USB Universal Serial Bus

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(22)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸c˜ ao

Este cap´ıtulo pretende fornecer uma vis˜ ao global do tema da disserta¸c˜ ao, ou seja, o desenvolvimento de um dispensador autom´ atico de medicamentos. Ap´ os o enqua- dramento do tema, s˜ ao expostas as motiva¸c˜ oes que estiveram subjacentes ao desen- volvimento deste trabalho. Em seguida, de uma forma resumida, s˜ ao apresentados os objetivos que se pretendem atingir. Por ´ ultimo, ser´ a apresentada a organiza¸c˜ ao de todo o documento.

1.1 Enquadramento

O envelhecimento ´ e um dos fen´ omenos mais marcantes na sociedade do s´ eculo XXI.

Individualmente, o envelhecimento caracteriza-se por uma maior longevidade das pessoas traduzido por um aumento da esperan¸ca m´ edia de vida e tamb´ em por um aumento da propor¸c˜ ao de pessoas idosas

1

na popula¸c˜ ao portuguesa. Esta ´ e uma realidade que se passa n˜ ao s´ o em Portugal, mas a n´ıvel mundial, como consequˆ encia da diminui¸c˜ ao da fecundidade e, claro est´ a, do aumento da longevidade [1].

E um processo comum a todos os seres vivos, que pode ser analisado sob uma ´ perspetiva biol´ ogica, psicol´ ogica e social, estando os idosos mais vulner´ aveis ` as mo- difica¸c˜ oes sofridas pelos ´ org˜ aos que poder˜ ao diminuir o seu funcionamento e deter- minar altera¸c˜ oes mentais e de comportamentos [2]. Numa perspetiva social o idoso fica mais suscet´ıvel a situa¸c˜ oes de pobreza, solid˜ ao e exclus˜ ao social. Esta classe

1Para fins estat´ısticos, as pessoas idosas s˜ao normalmente referenciadas a grupos de idades espec´ıficos, pessoas com 60 e mais anos, dependendo de fatores culturais e individuais. N˜ao existe no entanto consenso quanto aos limites de idade dos grandes grupos que devem sustentar a an´alise do envelhecimento (INE. As Gera¸c˜oes Mais Idosas. No. 83, Lisboa, 1999). Neste documento consideram-se pessoas idosas os homens e as mulheres com idade igual ou superior a 65 anos.

(23)

2 Cap´ ıtulo 1. Introdu¸ c˜ ao

et´ aria vˆ e-se assim com necessidades acrescidas, proporcionando, consequentemente, um acr´ escimo no consumo de servi¸cos de sa´ ude.

Devido ` a sua vulnerabilidade, a pessoa idosa tem uma maior prevalˆ encia do consumo de medicamentos, quer sejam prescritos, ou n˜ ao, pelo m´ edico de fam´ılia.

Esta prevalˆ encia ´ e bem maior nos idosos do que em jovens em consequˆ encia de v´ arios fatores como por exemplo as doen¸cas cr´ onicas e degenerativas e altera¸c˜ oes da capacidade cognitiva e motora.

Uma grande percentagem dos pacientes com doen¸cas degenerativas n˜ ao cumpre com os hor´ arios de medica¸c˜ ao prescrita [3]. O n˜ ao cumprimento e a n˜ ao ades˜ ao a um correto regime de medica¸c˜ ao pode trazer consequˆ encias graves para o paciente, como complica¸c˜ oes do estado de sa´ ude que muitas vezes levam a uma necessidade de internamento m´ edico e at´ e mesmo a morte.

E dif´ıcil para alguns pacientes cumprir um regime de medica¸c˜ ´ ao complexo. Quando se trata, de pacientes com uma vasta gama de medica¸c˜ ao, torna-se complicada a ges- t˜ ao da polimedica¸c˜ ao, das diferentes dosagens e dos diferentes hor´ arios de toma. Os doentes de Alzheimer, por exemplo, s˜ ao um alvo muito f´ acil no descuido da medica-

¸c˜ ao e muitas das vezes a toma ´ e totalmente esquecida.

Com todos estes problemas surge ent˜ ao a necessidade de ajudar estes doentes, atrav´ es do desenvolvimento de um sistema inteligente que dispense os medicamentos automaticamente, a uma hora previamente programada por um cuidador, possibili- tando assim que o doente n˜ ao se preocupe com a gest˜ ao da sua pr´ opria medica¸c˜ ao.

Tudo isto visa melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas com algumas difi- culdades cognitivas, e permitir assim uma vida menos dependente de terceiros.

1.2 Motiva¸ c˜ ao

Em Portugal, a propor¸c˜ ao de pessoas idosas com mais de 65 anos tem aumentando de forma bastante significativa nos ´ ultimos anos. Em 1960 essa propor¸c˜ ao era de apenas 8%, sendo que em 1981 j´ a se registavam 11%, 14% em 1991, 16.5% em 2001 e 19.1% em 2011. O Instituto Nacional de Estat´ıstica

2

(INE) estima que esta propor¸c˜ ao duplique nos pr´ oximos 50 anos, representando, em 2060, quase 40% da popula¸c˜ ao portuguesa [4].

O envelhecimento ´ e um processo, ou conjunto de processos, inerente a todos os seres vivos e expressa-se pela perda de capacidade de adapta¸c˜ ao e pela diminui¸c˜ ao

2https://www.ine.pt/

(24)

1.2. Motiva¸ c˜ ao 3

da funcionalidade. O envelhecimento est´ a, assim, associado a um conjunto de al- tera¸c˜ oes com repercuss˜ oes na mobilidade, funcionalidade, autonomia e claro est´ a, na sa´ ude, nomeadamente altera¸c˜ oes nas aptid˜ oes cognitivas. Segundo o Portal dos Psicol´ ogos

3

, as aptid˜ oes cognitivas atingem o seu pico por volta dos 30 anos, con- tinuam est´ aveis at´ e ` a idade de 50-60 anos e a partir da´ı come¸cam a diminuir, com uma diminui¸c˜ ao ainda mais substancial a partir dos 70 anos. Com todos os da- dos estat´ısticos acima mencionados torna-se necess´ aria a adapta¸c˜ ao da tecnologia para melhorar a qualidade de vida destas pessoas idosas cujas doen¸cas cognitivas e degenerativas impedem a sua total autonomia.

Em 2012, Foreman et al. [5] relatou que os pacientes que adotam um programa que gera lembretes para a toma da medica¸c˜ ao, usando, para isso, mensagens de texto no telem´ ovel, mostram uma maior ades˜ ao ao tratamento em compara¸c˜ ao com indiv´ıduos que n˜ ao usam esse sistema de lembretes. Assim, pode-se supor que um sistema de lembretes de medica¸c˜ ao ir´ a fornecer uma resposta direta e que vai de- terminar a melhoria da qualidade de vida dos doentes idosos, nomeadamente os doentes de Alzheimer que na sua generalidade s˜ ao os que mais tˆ em tendˆ encia para o esquecimento da toma da medica¸c˜ ao.

Desde os tempos mais remotos, que o Homem tem vindo a desenvolver tecno- logias com o prop´ osito de aumentar o seu bem-estar. ´ E gra¸cas a estes avan¸cos nas tecnologias m´ edicas e farmacˆ euticas que hoje em dia se pode afirmar que os medi- camentos podem curar ou controlar m´ ultiplas doen¸cas ajudando as pessoas a viver ativamente e com uma melhor qualidade de vida durante largos anos. O problema surge quando os sujeitos alvos de medica¸c˜ ao s˜ ao pessoas com necessidades especiais, idosos com alguma demˆ encia, ou ent˜ ao, idosos que vivem sozinhos e n˜ ao tˆ em qual- quer tipo de ajuda para a toma adequada dos respetivos medicamentos. Muitas das vezes, devido ` a quantidade de medicamentos, os idosos acabam por fazer uma m´ a gest˜ ao dos mesmos [6]. A gest˜ ao da medica¸c˜ ao ´ e uma das maiores preocupa¸c˜ oes para quem cuida de um idoso. Tanto o abuso como a falta de um medicamento podem resultar em situa¸c˜ oes cr´ıticas e potencialmente fatais.

O envelhecimento da popula¸c˜ ao est´ a normalmente associado a doen¸cas cr´ onicas ou incapacitantes, por exemplo, perdas de mem´ oria, dificuldades de orienta¸c˜ ao, di- ficuldades de ades˜ ao quer a um correto regime de medica¸c˜ ao, quer a tratamentos cl´ınicos, etc. Dos v´ arios problemas existentes, real¸cam-se a perda de mem´ oria e a polimedica¸c˜ ao, dada a sua generalidade. A perda de mem´ oria decorrente do enve- lhecimento bem como as doen¸cas cr´ onicas associadas a perdas cognitivas causam

3http://www.psicologia.pt/

(25)

4 Cap´ ıtulo 1. Introdu¸ c˜ ao

uma progressiva dependˆ encia de terceiros e necessidades de assistˆ encia permanente.

Estes problemas colocam dificuldades na vida di´ aria das pessoas, contudo podem ser colmatados ou mitigados por sistemas integrados de apoio ambulat´ orio e domicili´ ario a pessoas idosas ou pessoas com necessidades especiais.

E nesse sentido que nesta disserta¸c˜ ´ ao se prop˜ oe o desenvolvimento de um pro- t´ otipo de dispensador autom´ atico de medicamentos, denominado ElderlySafety, na expectativa de contribuir para colmatar o problema da gest˜ ao da medica¸c˜ ao e conse- quentemente para a melhoria da qualidade de vida dos idosos. O prot´ otipo Elderly- Safety consiste n˜ ao apenas do hardware onde se vˆ em dispensados os medicamentos mas tamb´ em de uma aplica¸c˜ ao, designada de ElderlySafety Online, onde o cuidador poder´ a fazer o registo de toda a medica¸c˜ ao do paciente. O ElderlySafety Online tam- b´ em possibilita o acessso a informa¸c˜ oes como o que fazer em caso de esquecimento de uma ou mais tomas ou a pesquisa de poss´ıveis intera¸c˜ oes medicamentosas.

1.3 Objetivos

O principal objetivo desta disserta¸c˜ ao ´ e o desenvolvimento de um sistema microcon- trolado capaz de gerir um equipamento que dispense comprimidos de forma auto- m´ atica, fornecendo assim uma solu¸c˜ ao para os pacientes que n˜ ao conseguem fazer uma boa gest˜ ao da sua medica¸c˜ ao, como por exemplo os doentes de Alzheimer. A disserta¸c˜ ao consiste no desenvolvimento de hardware, utilizando o microcontrolador Ardu´ıno e aplica¸c˜ ao, ElderlySafety Online, que permite a gest˜ ao e monitoriza¸c˜ ao de todo o sistema desenvolvido.

O ElderlySafety Online deve abordar os seguintes requisitos:

• Informa¸c˜ oes sobre o paciente (dados pessoais e patologias previamente diag- nosticadas pelo prestador de cuidados de sa´ ude);

• Registo de toda a medica¸c˜ ao do idoso, consoante prescri¸c˜ ao m´ edica;

• Consulta da bula eletr´ onica de cada medicamento (descri¸c˜ ao e utilidade do medicamento, intera¸c˜ oes medicamentosas e informa¸c˜ oes acerca do que fazer aquando o esquecimento de uma ou mais tomas, bem como o n´ıvel de gravidade desse mesmo esquecimento).

O sistema microcontrolador, ou seja, o hardware do sistema deve seguir tamb´ em

alguns requisitos, tais como:

(26)

1.4. Estrutura da Disserta¸ c˜ ao 5

• Fazer a leitura dos dados do registo de medica¸c˜ ao e dispensar os medicamentos no dia e hora exata;

• Alertar o paciente aquando a liberta¸c˜ ao da medica¸c˜ ao (atrav´ es do piscar do LED ou do beep intermitente de um buzzer );

• Fazer a leitura da toma da medica¸c˜ ao (se o paciente pressionar o bot˜ ao, a toma foi efetuada, caso contr´ ario deve considerar o esquecimento da toma e alertar o cuidador).

1.4 Estrutura da Disserta¸ c˜ ao

Esta sec¸c˜ ao apresenta a estrutura da disserta¸c˜ ao, com um resumo do conte´ udo de cada cap´ıtulo, de modo a fornecer uma no¸c˜ ao geral do assunto a ser desenvolvido, antes de entrar, em detalhe, na sua descri¸c˜ ao. Esta disserta¸c˜ ao compreende 6 cap´ı- tulos, sendo que o primeiro ´ e o cap´ıtulo introdut´ orio, onde para al´ em de se efetuar um enquadramento do tema desta disserta¸c˜ ao, se apresentam as motiva¸c˜ oes que es- tiveram subjacentes ` a concretiza¸c˜ ao de um conjunto de objetivos, e se descreve de forma sucinta o trabalho a ser realizado.

No Cap´ıtulo 2, Envelhecimento em Portugal, ser´ a apresentada a situa¸c˜ ao de- mogr´ afica do envelhecimento em Portugal evidenciando os aspetos epidemiol´ ogicos desta problem´ atica. De seguida apresenta-se tamb´ em a problem´ atica da gest˜ ao da medica¸c˜ ao para as pessoas idosas, que muitas vezes se torna um processo muito complexo. ´ E introduzido o conceito de ades˜ ao e n˜ ao ades˜ ao, bem como estrat´ egias para melhorar a ades˜ ao a um regime terapˆ eutico por parte das pessoas idosas. Por

´

ultimo faz-se uma introdu¸c˜ ao ao conceito de Ambientes de Vida Assistida e tamb´ em uma pequena revis˜ ao de literatura sobre os dispenadores de medicamentos autom´ a- ticos j´ a desenvolvidos bem como uma enumera¸c˜ ao de alguns dispensadores que j´ a se encontram ` a venda no mercado.

Posteriormente, no Cap´ıtulo 3, ser´ a apresentada a plataforma de desenvol- vimento Ardu´ıno, pois foi esta a plataforma utilizada para o desenvolvimento do dispensador autom´ atico apresentado neste trabalho. Ser˜ ao abordadas as principais diferen¸cas entre microcontroladores e microprocessadores bem como todo o hardware e software desta plataforma de desenvolvimento.

No Cap´ıtulo 4 ´ e descrito todo o processo efetuado para o desenvolvimento e

implementa¸c˜ ao do dispensador autom´ atico de medicamentos, ElderlySafety. Ser˜ ao

exibidas todas as etapas inerentes ` a sua implementa¸c˜ ao, come¸cando pela abordagem

(27)

6 Cap´ ıtulo 1. Introdu¸ c˜ ao

ao desenvolvimento do hardware detalhando todas as funcionalidades dos compo- nentes utilizados. Posteriormente ´ e descrito todo o processo de desenvolvimento do ElderlySafety Online, software necess´ ario ao bom funcionamento do dispositivo ElderlySafety onde ser˜ ao explicadas as tecnologias utilizadas, quer para o desenvol- vimento da p´ agina web como para a cria¸c˜ ao e manuten¸c˜ ao da base de dados onde ´ e armazenada toda a informa¸c˜ ao que diz respeito ao idoso e respetiva medica¸c˜ ao. Ser´ a ainda abordada a interliga¸c˜ ao entre o hardware e o software que foi desenvolvido.

No Cap´ıtulo 5, ser˜ ao apresentados todos os resultados obtidos ap´ os o desenvolvi- mento do dispensador autom´ atico de medicamentos, tanto da parte v´ısivel (hardware do dispensador ElderlySafety ) como da parte n˜ ao v´ısivel, ou seja, o software.

Finalmente, no Cap´ıtulo 6, s˜ ao apresentadas as conclus˜ oes do trabalho efetuado

e descrito ao longo desta disserta¸c˜ ao. S˜ ao ainda apresentadas algumas perspetivas

de desenvolvimentos futuros, que visam ultrapassar as limita¸c˜ oes referidas, e abrir

novos horizontes a partir do trabalho efetuado.

(28)

Cap´ıtulo 2

O Idoso e a sua Medica¸c˜ ao

Neste cap´ıtulo, numa primeira fase, pretende-se apresentar a problem´ atica do en- velhecimento em Portugal, abordando v´ arios aspetos importantes na vida social de um idoso. Inevitavelmente, o envelhecimento acarreta largas altera¸c˜ oes a n´ıvel cog- nitivo, o que faz com que a gest˜ ao da pr´ opria medica¸c˜ ao por parte do idoso seja uma problem´ atica que aqui ser´ a tamb´ em apresentada. Muitos s˜ ao os idosos que n˜ ao aderem a um correto regime de medica¸c˜ ao, muitas das vezes s˜ ao polimedicados o que os leva a cometerem muitos erros na toma da sua medica¸c˜ ao. Todos estes aspe- tos ser˜ ao aqui evidenciados. No final deste cap´ıtulo, ser´ a descrito um levantamento dos dispensadores autom´ aticos de medicamentos, salientando alguns dispensadores dispon´ıveis para compra no mercado.

2.1 Aspetos Epidemiol´ ogicos do Envelhecimento em Portugal

Nas sociedades desenvolvidas, o envelhecimento demogr´ afico ´ e o fen´ omeno mais re- levante do s´ eculo XXI devido ` as suas implica¸c˜ oes na esfera socioecon´ omica, para al´ em das modifica¸c˜ oes que se refletem a n´ıvel individual e em novos estilos de vida.

O fen´ omeno do envelhecimento demogr´ afico desencadeia-se quando a dinˆ amica populacional se caracteriza pelo aumento da propor¸c˜ ao das pessoas idosas no total da popula¸c˜ ao. Durante muito tempo considerou-se que a causa do envelhecimento residia exclusivamente na redu¸c˜ ao da mortalidade. No entanto, hoje reconhece-se que o decl´ınio da fecundidade e os fluxos migrat´ orios, quer internos quer externos, tˆ em um papel mais preponderante no processo do envelhecimento demogr´ afico [7].

Segundo Carrilho et al. [7], o s´ eculo XXI ´ e j´ a considerado o s´ eculo do envelheci-

(29)

8 Cap´ ıtulo 2. O Idoso e a sua Medica¸ c˜ ao

mento, visto ser um dos acontecimentos mais marcantes na sociedade e com v´ arias implica¸c˜ oes. Esta tendˆ encia pode ser melhor interpretada analisando a Figura 2.1 que, segundo o INE em 2009, mostra claramente a proje¸c˜ ao do aumento do ´ındice de envelhecimento em Portugal.

Fig. 2.1: Popula¸c˜ ao residente por grupos et´ arios (em milhares), Portugal, 2008 – 2060.

Fonte: INE 2009

Ainda de acordo com estes resultados, at´ e 2060 a percentagem de popula¸c˜ ao jovem, no total da popula¸c˜ ao, diminuir´ a de 15.2%, em 2009, para 11.9%, o peso relativo da popula¸c˜ ao em idade ativa tamb´ em diminuir´ a de 66.9% para 55.7%, au- mentando a propor¸c˜ ao de idosos de 17.9% para 36.1% num cen´ ario sem migra¸c˜ oes.

Em resultado da esperada redu¸c˜ ao da percentagem de popula¸c˜ ao jovem e do au- mento da propor¸c˜ ao de popula¸c˜ ao idosa, manter-se-´ a a tendˆ encia de envelhecimento demogr´ afico, pelo que o ´ındice de envelhecimento, que em 2009 se situou em 118 idosos por cada 100 jovens, poder´ a atingir, em 2060, um valor de 271 idosos por cada 100 jovens.

Deste modo, n˜ ao ´ e de estranhar o crescente interesse, particularmente nas ´ ultimas d´ ecadas, que se tem vindo a observar, por parte de investigadores de diferentes ramos do conhecimento, pela promo¸c˜ ao do bem-estar, sa´ ude e qualidade de vida dos idosos. O envelhecimento tem sido descrito como um processo, ou conjunto de processos, inerente a todos os seres vivos e que se expressa pela perda da capacidade de adapta¸c˜ ao e pela diminui¸c˜ ao da funcionalidade [8].

O envelhecimento est´ a, assim, associado a m´ ultiplas altera¸c˜ oes com repercuss˜ oes

(30)

2.2. Gest˜ ao da Medica¸ c˜ ao pelo Idoso 9

na funcionalidade, mobilidade, autonomia e sa´ ude desta popula¸c˜ ao, tornando-se evidente um decr´ escimo na sua qualidade de vida. Neste sentido, e em termos de sa´ ude p´ ublica, interessa sobretudo conhecer as formas de tentar melhorar e/ou atenuar esta degenera¸c˜ ao progressiva. Ao aumento da longevidade deve corresponder a manuten¸c˜ ao da qualidade de vida associada ` a melhor sa´ ude, ao bem-estar e ` a capacidade de realizar autonomamente as tarefas quotidianas [8].

Para al´ em dos aspetos diretamente relacionados com a sa´ ude, ´ e hoje entendido como tarefa priorit´ aria o desenvolvimento de competˆ encias que permitam ao idoso realizar as suas tarefas b´ asicas di´ arias independentemente do aux´ılio de terceiros [9].

2.2 Gest˜ ao da Medica¸ c˜ ao pelo Idoso

A toma de medicamentos, utilizada como resposta aos problemas de sa´ ude, ´ e uma das interven¸c˜ oes mais comuns, constituindo um alicerce crucial ao aumento da es- peran¸ca m´ edia de vida da popula¸c˜ ao. Os idosos s˜ ao o grupo et´ ario que consome mais medicamentos nos pa´ıses ocidentais, com uma m´ edia de cerca de 6 a 8 me- dicamentos por dia [10]. Avorn [11], em 1995, referiu at´ e que ‘os medicamentos s˜ ao provavelmente a interven¸ c˜ ao na sa´ ude mais importante na preven¸ c˜ ao de les˜ oes, incapacidades e mortes na popula¸ c˜ ao geri´ atrica’.

A gest˜ ao de medicamentos constitui, segundo Von Korff et al. [12], um dos prin- cipais elementos do processo de gest˜ ao da doen¸ca cr´ onica, em que ´ e fundamental, ensinar os doentes a controlar a sua doen¸ca da melhor forma poss´ıvel. Para as pessoas com 65 ou mais anos de idade, as doen¸cas cr´ onicas s˜ ao uma realidade e acarretam uma complexidade do regime medicamentoso. Hoje em dia ´ e poss´ıvel contribuir para uma melhor qualidade na sa´ ude e bem-estar da pessoa idosa com estrat´ egias de prescri¸c˜ ao adequadas e supervis˜ ao de medicamentos, e tudo isto com uma diminui¸c˜ ao dos custos de sa´ ude.

N˜ ao ´ e apenas a complexidade de um regime medicamentoso que conduz ` a inefic´ a- cia da gest˜ ao dos medicamentos por parte do idoso. O n´ıvel de capacidade, cognitiva e psicomotora, que as pessoas idosas detˆ em, em cada momento, influencia a sua ca- pacidade de gest˜ ao eficaz dos medicamentos (por exemplo, adquirir e administrar medicamentos de acordo com a prescri¸c˜ ao). Segundo Kripalani et al. [13], a baixa escolaridade est´ a associada a uma incapacidade de autogest˜ ao do regime medica- mentoso. Conhecer os fatores que podem influenciar esta gest˜ ao de medicamentos

´ e o primeiro passo para o diagn´ ostico e identifica¸c˜ ao de necessidades de sa´ ude, no

sentido de poder vir a ajudar o idoso a gerir adequadamente o seu bem-estar, a sua

(31)

10 Cap´ ıtulo 2. O Idoso e a sua Medica¸ c˜ ao

qualidade de vida, a sua doen¸ca e o seu regime terapˆ eutico.

Os idosos com doen¸ca cr´ onica apresentam necessidades diferentes em fun¸c˜ ao do decl´ınio f´ısico ou cognitivo, que lhes possa condicionar o autocuidado de sa´ ude.

A capacidade para gerir a pr´ opria medica¸c˜ ao ´ e definida como uma competˆ encia funcional e cognitiva para autogerir o regime medicamentoso, quando ele ´ e prescrito, constituindo-se como um fator da ades˜ ao terapˆ eutica [13, 14].

Para que seja capaz de gerir de forma eficaz o seu regime medicamentoso e conse- quentemente aumentar a ades˜ ao, a pessoa idosa deve identificar e enumerar o nome dos medicamentos, conhecer a aparˆ encia do medicamento, as a¸c˜ oes terapˆ euticas e os efeitos secund´ arios da medica¸c˜ ao, as indica¸c˜ oes para uma medica¸c˜ ao segura, fazer uso de memorandos, armazenar corretamente os medicamentos e saber administr´ a- los adequadamente.

2.3 Ades˜ ao ao Regime de Medica¸ c˜ ao

O conceito de ades˜ ao segundo afirmou a Organiza¸c˜ ao Mundial de Sa´ ude

1

(OMS) em 2003 ´ e o ‘grau ou extens˜ ao em que o comportamento da pessoa, em rela¸ c˜ ao ` a toma de medicamentos, ao cumprimento da dieta e altera¸ c˜ ao de h´ abitos ou estilos de vida, corresponde ` as instru¸ c˜ oes veiculadas por um profissional de sa´ ude.’ Em 2008, Haynes et al. [15] sintetiza o conceito de ades˜ ao afirmando que a ades˜ ao entende-se como o grau de conformidade entre as recomenda¸c˜ oes dos profissionais de sa´ ude e o comportamento da pessoa relativamente ao regime terapˆ eutico proposto. Pode tamb´ em ser definida como um conjunto de comportamentos, tais como: tomar a medica¸c˜ ao, seguir dietas ou executar mudan¸cas de h´ abitos de vida que coincidam com o regime terapˆ eutico prescrito [16]. Um estudo de Leite e Vasconcelos [17] refere que h´ a ades˜ ao quando s˜ ao seguidas pelo menos 80% das prescri¸c˜ oes no seu total.

A ades˜ ao ` a medica¸c˜ ao est´ a normalmente associada a um regime regular de me- dicamentos prescritos pelo m´ edico mediante as patologias diagnosticadas ao do- ente [18]. Essa ades˜ ao ao regime medicamentoso prescrito est´ a associada ao aumento de resultados positivos na sa´ ude, na seguran¸ca e na qualidade de vida das pessoas.

Na perspetiva dos sistemas de sa´ ude, a ades˜ ao est´ a associada a melhores resultados econ´ omicos, atrav´ es de poupan¸ca direta e indireta na redu¸c˜ ao da utiliza¸c˜ ao de servi-

¸cos de sa´ ude (por agravamento da doen¸ca, crises agudas causadas por uma m´ a gest˜ ao de regime de medica¸c˜ ao). Na perspetiva dos profissionais, a ades˜ ao pode significar

1http://www.who.int/

(32)

2.3. Ades˜ ao ao Regime de Medica¸ c˜ ao 11

uma maior efic´ acia do tratamento recomendado, que por sua vez pode melhorar o estado de sa´ ude e a qualidade de vida do doente [19].

2.3.1 A n˜ ao ades˜ ao ` a medica¸ c˜ ao e suas implica¸ c˜ oes

Segundo a American Society on Aging e a American Society of Consultant Phar- macists

2

(ASA&ASCP) a n˜ ao ades˜ ao ´ e a falha no cumprimento da prescri¸c˜ ao, interrup¸c˜ ao da medica¸c˜ ao antes do tempo previsto, omiss˜ ao de doses, toma de mais ou menos medica¸c˜ ao do que o prescrito ou a toma de uma dose na hora errada. A n˜ ao ades˜ ao ´ e hoje um dos grandes problemas de sa´ ude em todo o mundo por poder provocar um agravamento das doen¸cas cr´ onicas. De acordo com a OMS o risco de n˜ ao ades˜ ao aumenta com a dura¸c˜ ao e a complexidade do regime terapˆ eutico e ambos est˜ ao presentes em situa¸c˜ oes de doen¸ca cr´ onica.

Para que o idoso adira ao tratamento ´ e necess´ ario que este o entenda como necess´ ario e essencial perante a sua situa¸c˜ ao de doen¸ca. O n˜ ao cumprimento do regime medicamentoso, o facto de o doente n˜ ao comparecer ` as consultas m´ edicas e n˜ ao seguir as mudan¸cas no estilo de vida recomendadas s˜ ao bons exemplos de n˜ ao ades˜ ao ao regime terapˆ eutico [20]. A n˜ ao ades˜ ao ´ e hoje conhecida como a principal causa para o aumento da morbilidade e mortalidade, redu¸c˜ ao da qualidade de vida, aumento dos custos m´ edicos e da utiliza¸c˜ ao excessiva dos servi¸cos de sa´ ude [20].

Assim, n˜ ao aderir ao regime terapˆ eutico influencia, de certo modo, o sucesso dos tratamentos. Estima-se que 30 a 50% dos doentes, independentemente da doen¸ca, do tratamento e do progn´ ostico, n˜ ao aderem ao regime terapˆ eutico [21].

A n˜ ao ades˜ ao terapˆ eutica pode ser classificada em intencional, quando o doente n˜ ao cumpre o tratamento apesar de o conhecer, ou n˜ ao intencional, quando este n˜ ao compreende a informa¸c˜ ao prestada pelo profissional de sa´ ude, quando se esquece ou sente dificuldade em gerir a medica¸c˜ ao. A n˜ ao ades˜ ao n˜ ao intencional ´ e muitas vezes resultado de m´ a comunica¸c˜ ao entre o doente e o profissional de sa´ ude [19].

A OMS afirma que a n˜ ao-ades˜ ao ´ e considerada como um ‘problema mundial de magnitude impressionante’. Nos pa´ıses desenvolvidos, a taxa de ades˜ ao ao trata- mento nos doentes cr´ onicos ´ e, em m´ edia, de 50%, sendo esta percentagem mais baixa nos pa´ıses em desenvolvimento.

A n˜ ao ades˜ ao ´ e um fen´ omeno preocupante nas pessoas idosas, pois contribui para o aumento do risco de rea¸c˜ oes adversas, estimando-se que 21% dos casos de rea¸c˜ oes adversas registadas se poderiam ter evitado [22]. Cerca de 28% das admiss˜ oes hospi-

2http://www.adultmeducation.com/

(33)

12 Cap´ ıtulo 2. O Idoso e a sua Medica¸ c˜ ao

talares dos idosos est˜ ao relacionadas com a medica¸c˜ ao. A n˜ ao ades˜ ao ´ e respons´ avel por 11% dessas admiss˜ oes e 17% s˜ ao devidas a rea¸c˜ oes adversas. A n˜ ao ades˜ ao ´ e tamb´ em respons´ avel por cerca de 23% das admiss˜ oes de idosos em lares [23].

Considerando que cerca de 90% da popula¸c˜ ao idosa consome pelo menos um medicamento di´ ario e que um ter¸co dessa percentagem toma quatro a cinco medica- mentos simultaneamente [24, 25] a n˜ ao ades˜ ao ´ e um fen´ omeno previs´ıvel de grande impacto para as pessoas idosas.

A ades˜ ao ao tratamento pode ser afetada por fatores cognitivos e emocionais, tais como o esquecimento, a falta ou diminui¸c˜ ao da motiva¸c˜ ao, a ausˆ encia de perce¸c˜ ao da sua necessidade, a desconfian¸ca em rela¸c˜ ao ` a obten¸c˜ ao de resultados positivos, a ansiedade inerente ` as tomas de f´ armacos, sobretudo em regimes terapˆ euticos com- plexos, bem como o medo de poss´ıveis efeitos adversos ou de dependˆ encia. [24, 26].

De todos estes fatores, o esquecimento ´ e um dos comportamentos mais observado em estudos sobre a mat´ eria, sendo frequentemente referido pelos pacientes como o principal motivo para a n˜ ao ades˜ ao, seja o esquecimento quotidiano do momento das tomas ou o esquecimento de informa¸c˜ ao relevante sobre a forma como o tratamento deve ser aplicado e outras recomenda¸c˜ oes feitas pelo m´ edico.

Ap´ os a anterior explica¸c˜ ao do conceito de ades˜ ao e n˜ ao ades˜ ao a um regime terapˆ eutico torna-se fundamental explicar os fatores que influenciam a ades˜ ao do doente ` a terapˆ eutica.

2.3.2 Fatores que influenciam a ades˜ ao do doente ` a medica¸ c˜ ao

Assim como a ades˜ ao ao tratamento influencia a qualidade de vida dos doentes e a qualidade dos servi¸cos de sa´ ude, tamb´ em esta ´ e afetada por uma multiplicidade de fatores intr´ınsecos ou extr´ınsecos ao doente. Esses fatores determinam a atitude do doente perante o tratamento proposto [27]. A raz˜ ao da n˜ ao ades˜ ao ` a medica¸c˜ ao

´

e dif´ıcil de definir de forma absoluta, pois depende de um conjunto consider´ avel de fatores, da sua prevalˆ encia em cada pessoa e da forma como a pessoa consegue controlar toda a sua medica¸c˜ ao, com ou sem ajudas externas.

Na popula¸c˜ ao em geral, podem identificar-se como preditores de n˜ ao ades˜ ao: o

baixo estatuto socioecon´ omico, a pobreza o analfabetismo e baixo n´ıvel educacional,

o desemprego, a distˆ ancia aos centros de tratamento, o custo elevado do transporte

ou da medica¸c˜ ao, as caracter´ısticas da doen¸ca, altera¸c˜ oes ambientais, a cultura e as

cren¸cas acerca da doen¸ca e do tratamento e disfun¸c˜ oes familiares.

(34)

2.3. Ades˜ ao ao Regime de Medica¸ c˜ ao 13

Os problemas da ades˜ ao verificam-se em todas as situa¸c˜ oes em que existe au- toadministra¸c˜ ao do tratamento, independentemente do tipo de doen¸ca, qualidade e/ou acessibilidade aos recursos de sa´ ude [28]. A OMS agrupa os diferentes fatores que poder˜ ao influenciar a ades˜ ao ao regime terapˆ eutico em cinco categorias: s´ ocio- demogr´ aficos, cl´ınicos, medica¸c˜ ao, comportamentais e econ´ omicos. Estas categorias s˜ ao descritas de forma sucinta, na Tabela 2.1.

Tab. 2.1: Fatores de ades˜ ao.

Categoria Fatores

Idade Sexo Ocupa¸c˜ ao N´ıvel educa¸c˜ ao S´ ocio-demogr´ aficos

Educa¸c˜ ao para Sa´ ude Tipo de doen¸ca

Gravidade e dura¸c˜ ao da doen¸ca N´ umero de doen¸cas associadas Frequˆ encia do uso dos servi¸cos de sa´ ude Satisfa¸c˜ ao dos doentes com os servi¸cos de sa´ ude Cl´ınicos

Qualidade dos cuidados Regime de doses

N´ umero e tipo de medicamentos Tipo de embalagem

Sistema de distribui¸c˜ ao medicamentosa Uso de ajudas de ades˜ ao

Medica¸c˜ ao

Regime terapˆ eutico e Rea¸c˜ oes adversas Interac¸c˜ ao doente profissional de sa´ ude

Conhecimento, compreens˜ ao e cren¸cas face ` a doen¸ca Comportamentais

Conhecimento e cren¸cas do cuidador Classe social

Tipo de assistˆ encia na sa´ ude

Custo da medica¸c˜ ao e dos cuidados de sa´ ude Econ´ omicos

Rendimento do doente

2.3.3 Estrat´ egias para melhorar a ades˜ ao do doente ` a medica¸ c˜ ao

Para Osterberg e Blaschke [24] os m´ etodos para aumentar a ades˜ ao ao regime tera- pˆ eutico podem ser agrupados em quatro categorias principais: a educa¸c˜ ao do doente;

a comunica¸c˜ ao estabelecida entre profissionais de sa´ ude e doente; a posologia e tipo

(35)

14 Cap´ ıtulo 2. O Idoso e a sua Medica¸ c˜ ao

de f´ armaco e a disponibilidade dos servi¸cos de sa´ ude em atender o doente.

Alguns autores, [23, 29, 28, 30], apresentam dois tipos de interven¸c˜ oes para me- lhorar a ades˜ ao terapˆ eutica: as interven¸c˜ oes educacionais e as interven¸c˜ oes compor- tamentais. As interven¸c˜ oes educacionais (Tabela 2.2), promotoras de conhecimento acerca da medica¸c˜ ao e/ou doen¸ca, facultam informa¸c˜ ao oral, escrita, audiovisual e informatizada, atrav´ es de programas educacionais individuais ou em grupo. ´ E obrigat´ oria a clareza e a objetividade da linguagem, que deve ir de encontro com o n´ıvel cultural e cognitivo do doente e ser de f´ acil memoriza¸c˜ ao. Assim, a educa¸c˜ ao

´

e uma medida simples e vital destinada a melhorar a ades˜ ao ` a medica¸c˜ ao. [28, 30].

As interven¸c˜ oes educacionais que envolvam os doentes, os seus familiares ou os seus cuidadores, tˆ em-se revelado eficazes na ades˜ ao ao regime terapˆ eutico. Para al´ em disso, a comunica¸c˜ ao entre os profissionais de sa´ ude e o doente ´ e um ponto fulcral e eficaz para o impulsionar a seguir um regime de tratamento [24].

Tab. 2.2: Interven¸c˜ oes para aumentar a ades˜ ao ` a terapˆ eutica - interven¸c˜ oes educacionais

INTERVEN ¸ C ˜ OES EDUCACIONAIS

* Administra¸c˜ ao de informa¸c˜ ao

* Oral

* Escrita

* Audiovisual e/ou inform´ atica

* Programas educacionais individuais

* Programas educacionais em formato de grupo

As interven¸c˜ oes comportamentais (Tabela 2.3) tˆ em como objetivos: incorporar mecanismos de adapta¸c˜ ao na pr´ atica di´ aria; facilitar o cumprimento dos tratamen- tos propostos; otimizar a comunica¸c˜ ao e o aconselhamento; simplificar os regimes terapˆ euticos; envolver os doentes no tratamento; fornecer memorandos e atribuir um refor¸co ou recompensa pela melhoria da ades˜ ao ` a medica¸c˜ ao [28]. ´ E fundamental que haja uma melhoria da comunica¸c˜ ao e do aconselhamento direto, tanto para o doente como para a sua fam´ılia, podendo-se aproveitar a consulta m´ edica para o realizar. Poder´ a tamb´ em ser utilizado o contacto direto por via telef´ onica ou por mensagens de correio eletr´ onico. Dever´ a ainda, se poss´ıvel, haver uma simplifica¸c˜ ao do esquema terapˆ eutico, ou seja, uma diminui¸c˜ ao do n´ umero de doses e do n´ umero total de f´ armacos [28].

A explica¸c˜ ao e compreens˜ ao das suas indica¸c˜ oes, efeitos secund´ arios e a forma

de os ultrapassar, bem como as exigˆ encias ou restri¸c˜ oes alimentares, s˜ ao algumas

das estrat´ egias que facilitam a ades˜ ao, sendo imprescind´ıvel manter o doente infor-

mado sobre os progressos e os resultados dos exames laboratoriais [26]. Os doentes

(36)

2.3. Ades˜ ao ao Regime de Medica¸ c˜ ao 15

Tab. 2.3: Interven¸c˜ oes para aumentar a ades˜ ao ` a terapˆ eutica - interven¸ c˜ oes comporta- mentais

INTERVEN ¸ C ˜ OES COMPORTAMENTAIS AUMENTO DA COMUNICA ¸ C ˜ AO E ACONSELHAMENTO:

* Direto (por exemplo em consulta m´ edica);

* Seguimento direto por via telef´ onica;

* Mensagens telef´ onicas autom´ aticas;

* Mensagens geradas automaticamente por computador;

* Interven¸c˜ ao familiar.

SIMPLIFICA ¸ C ˜ AO DOS ESQUEMAS TERAPˆ EUTICOS:

* Diminui¸c˜ ao do n´ umero de doses medicamentosas;

* Diminui¸c˜ ao do n´ umero total de f´ armacos;

* Fornecimento da medica¸c˜ ao no local de trabalho.

ENVOLVIMENTO DOS DOENTES NO SEU TRATAMENTO:

* Automonitoriza¸c˜ ao da doen¸ca;

* Autoadministra¸c˜ ao do tratamento.

MEMORANDOS:

* Embalagens especiais;

* Informa¸c˜ ao visual sobre a toma da medica¸c˜ ao;

* Caixas de contagem e distribui¸c˜ ao da medica¸c˜ ao;

* Alertas para a ades˜ ao a consultas m´ edicas e ` a terapˆ eutica;

* Alertas para manuten¸c˜ ao do esquema proposto.

RECOMPENSA PELA MELHORIA DA ADES ˜ AO ` A MEDICA ¸ C ˜ AO:

* Redu¸c˜ ao da frequˆ encia das consultas m´ edicas;

* Incentivos monet´ arios;

* Facilita¸c˜ ao da aquisi¸c˜ ao de bens.

devem envolver-se ativamente no seu tratamento, atrav´ es da autoadministra¸c˜ ao da

terapˆ eutica, permitindo a monitoriza¸c˜ ao e o controlo da sua doen¸ca. Para o efeito, o

doente dever´ a recorrer a estrat´ egias de forma a prevenir o esquecimento da toma da

medica¸c˜ ao, socorrendo-se de memorandos, tais como a utiliza¸c˜ ao de caixas de con-

tagem com a medica¸c˜ ao di´ aria distribu´ıda, a marca¸c˜ ao das consultas no calend´ ario e

a necessidade de adquirir novas receitas m´ edicas. Dever-se-´ a, tanto quanto poss´ıvel,

evitar a altera¸c˜ ao dos esquemas terapˆ euticos, pois este ´ e um fator que interfere des-

favoravelmente na correta memoriza¸c˜ ao, levando consecutivamente a esquecimentos

e ` a n˜ ao ades˜ ao [28]. A ades˜ ao ` a medica¸c˜ ao ´ e um comportamento que deve ser incen-

tivado e refor¸cado, podendo ser utilizados meios de recompensa. Deve-se, por isso,

facilitar a aquisi¸c˜ ao de equipamentos de sa´ ude necess´ arios para melhorar a qualidade

de vida e bem-estar e reduzir a frequˆ encia das consultas m´ edicas.

(37)

16 Cap´ ıtulo 2. O Idoso e a sua Medica¸ c˜ ao

2.4 Polimedica¸ c˜ ao nas Pessoas Idosas

A polimedica¸c˜ ao, de elevada prevalˆ encia nos idosos, n˜ ao ´ e um problema, nem um conceito novo. Como conceito ´ e usado h´ a d´ ecadas, contudo no meio cient´ıfico, ainda falta uma defini¸c˜ ao universal [31].

A polimedica¸c˜ ao ´ e considerada por alguns autores como a prescri¸c˜ ao inadequada para a situa¸c˜ ao cl´ınica [32, 33], por muitos outros como o uso de v´ arios medicamentos em simultˆ aneo [31, 34, 35] e quando explicitada em n´ umero de medicamentos, como o uso concomitante de quatro ou mais medicamentos [33, 34, 36, 37].

Em alguns estudos a polimedica¸c˜ ao ´ e apresentada com um sentido classificativo de acordo com o n´ umero de medicamentos prescritos em simultˆ aneo [38], sendo classificada em:

– polimedica¸c˜ ao minor (dois a quatro medicamentos);

– polimedica¸c˜ ao major (mais do que quatro). [31, 37]

Ou noutras situa¸c˜ oes, a polimedica¸c˜ ao ´ e classificada em:

– polimedica¸c˜ ao ligeira (dois a trˆ es medicamentos);

– moderada (quatro a cinco medicamentos);

– grave (mais de cinco medicamentos).

A prevalˆ encia da polimedica¸c˜ ao aumenta com a idade e est´ a associada ao sexo feminino, ` a residˆ encia em meio rural, ao baixo n´ıvel de escolaridade e ` a falta de disponibilidade de consultas m´ edicas [34]. Nos idosos a polimedica¸c˜ ao ´ e respons´ avel por custos excessivos, em termos individuais e institucionais, decorrentes de rea¸c˜ oes adversas, do grande n´ umero de intera¸c˜ oes medicamentosas poss´ıveis e de erros na medica¸c˜ ao. Destes fatores, nomeadamente a n˜ ao ades˜ ao ` a medica¸c˜ ao e as rea¸c˜ oes adversas est˜ ao associados ao aumento do risco de hospitaliza¸c˜ ao e internamentos em lares [33, 34]. Cerca de 70 a 80% dos idosos j´ a tiveram problemas relacionados com os medicamentos [37] devido a erros de medica¸c˜ ao.

2.5 Ambientes de Vida Assistido

O Ambient Assisted Living (AAL), tecnologias de vida assistida com base em ambi-

entes inteligentes, tem investigado a tendˆ encia do aumento da popula¸c˜ ao de idosos,

(38)

2.6. Dispensadores de Medicamentos 17

e tem como objetivo descobrir uma solu¸c˜ ao eficiente para ajudar as pessoas idosas que vivem de forma independente. ´ E certo que, cada vez mais, os idosos preferem viver numa casa pr´ opria do que viver em lares ou viver a cargo de qualquer familiar.

O AAL pode ser utilizado para prevenir, curar, melhorar o bem-estar e as con- di¸c˜ oes de sa´ ude da popula¸c˜ ao adulta, nomeadamente idosos com 65 ou mais anos de idade. As tecnologias AAL, para al´ em de ajudarem estes adultos mais velhos na gest˜ ao da medica¸c˜ ao, podem tamb´ em proporcionar mais seguran¸ca para os idosos, utilizando sistemas de resposta de emergˆ encia m´ oveis, sistemas de dete¸c˜ ao de queda e sistemas de videovigilˆ ancia [39]. O objetivo dos AAL ´ e alargar o tempo de vida com qualidade das pessoas mais idosas sem que nunca abandonem o ambiente fa- miliar, aumentando a sua autonomia e ajudando-os na realiza¸c˜ ao de atividades da vida di´ aria com o uso de sistemas inteligentes e de presta¸c˜ ao de servi¸cos de cuidados m´ edicos [40].

Os pacientes deixam de seguir a prescri¸c˜ ao de medicamentos, por muitas raz˜ oes, sendo que 30% devido ao esquecimento, 16% devido ao facto dos pacientes terem outras prioridades, 11% optam por n˜ ao os tomar, 9% n˜ ao tem a informa¸c˜ ao ade- quada e 7% dos pacientes n˜ ao cumprem a medica¸c˜ ao por estarem com instabilidade emocional [24].

O uso de sistemas inteligentes para a gest˜ ao de medicamentos pode regular e gerir de forma remota o uso de medicamentos mediante a prescri¸c˜ ao m´ edica de cada paciente. ´ E importante que a toma da medica¸c˜ ao seja feita com rigor e que se evite que, por qualquer raz˜ ao, o paciente n˜ ao tome a sua medica¸c˜ ao.

Na sec¸c˜ ao seguinte iremos abordar os dispensadores autom´ aticos de medicamen- tos que podem incorporar um ambiente de vida assistido.

2.6 Dispensadores de Medicamentos

Desde os tempos mais remotos que a humanidade tem aproveitado os recursos exis- tentes para melhorar o seu bem-estar e qualidade de vida. ´ E disso exemplo a grande diversidade de dispositivos, mais ou menos evolu´ıdos tecnologicamente, que povoam as nossas vidas e nos auxiliam.

A ´ area da medicina claramente n˜ ao ´ e exce¸c˜ ao e j´ a existem solu¸c˜ oes que auxi-

liam as pessoas no cumprimento do seu regime de medica¸c˜ ao. Inicialmente, e sem

qualquer recurso a tecnologia, foram criadas caixas de medicamentos port´ ateis, com-

partimentadas com alguns espa¸cos, normalmente com os sete dias da semana. Estas

caixas s˜ ao geralmente feitas de pl´ astico e tˆ em o aspeto das caixas da Figura 2.2.

(39)

18 Cap´ ıtulo 2. O Idoso e a sua Medica¸ c˜ ao

Elas auxiliam os pacientes na gest˜ ao da toma e dosagem da sua medica¸c˜ ao e s˜ ao bastante eficientes para ocasi˜ oes em que o paciente se ausenta da sua habita¸c˜ ao mas, como n˜ ao envolvem tecnologia, n˜ ao alertam o paciente para a toma atempada da sua medica¸c˜ ao.

Fig. 2.2: Exemplo de uma caixa de medicamentos semanal

Hoje em dia, existem no mercado equipamentos com funcionalidades mais avan-

¸cadas. S˜ ao dispositivos com recurso a tecnologia onde o principal objetivo ´ e evitar que o paciente se esque¸ca da toma da medica¸c˜ ao. Os dispositivos tˆ em um tabuleiro com compartimentos, ou algo similar, onde se colocam os medicamentos divididos por tomas, previamente configurados com os respetivos hor´ arios. No momento exato do instante programado os dispositivos emitem sinais sonoros ou luminosos alertando o utilizador para uma nova toma de medica¸c˜ ao. No caso de o paciente n˜ ao tomar o medicamento dentro do espa¸co de tempo previamente estabelecido poder´ a ficar impedido de o fazer e o cuidador, ou at´ e mesmo o m´ edico de fam´ılia, ´ e alertado da situa¸c˜ ao de esquecimento. Quase todos os dispositivos dispon´ıveis no mercado s˜ ao alimentados atrav´ es da rede el´ etrica, no entanto, caso esta falhe, possuem uma bateria que mant´ em o dispositivo a funcionar num determinado intervalo de tempo.

Em 2008, Atiyeh et al. [41], fez um estudo onde ´ e apresentado um prot´ otipo de dispensador de medicamentos, iQueue, baseado na plataforma open-source Ardu´ıno.

Este dispositivo combina o melhor de 3 ideias j´ a existentes e consiste de 2 partes:

um distribuidor port´ atil e uma ‘base’ n˜ ao port´ atil que deve permanecer na casa do

utilizador. Esta ‘base’ ´ e alimentada atrav´ es de energia el´ etrica e comunica com o

dispositivo port´ atil usando ou o m´ odulo Bluetooth ou uma conex˜ ao Ethernet. O dis-

tribuidor port´ atil tem uma bateria recarreg´ avel. O iQueue permite o agendamento,

armazenamento, corte e entrega de medica¸c˜ ao bem como a gera¸c˜ ao de alertas.

(40)

2.6. Dispensadores de Medicamentos 19

V´ arios projetos j´ a desenvolvidos utilizam sistemas baseados em tecnologia RFID

3

(Radio Frequency Identification). Loc Ho et al. [42], desenvolveu um prot´ otipo que combina tecnologia RFID com redes de sensores sem fios. O sistema monitoriza a quantidade de medica¸c˜ ao necess´ aria para os idosos e ajuda-os a tomar a quan- tidade exata de medicamento. S˜ ao feitas leituras no ambiente de forma peri´ odica para verificar se os pacientes tomaram a devida medica¸c˜ ao e, quando o utilizador est´ a ao alcance do prot´ otipo ´ e alertado atrav´ es de um sinal sonoro ou de uma luz intermitente para tomar os respetivos medicamentos.

Um sistema proposto por McCall [43], em 2010, permite que os doentes cumpram o hor´ ario da toma da medica¸c˜ ao atrav´ es de um alerta sonoro ou de uma mensagem de texto com hora e data da toma da medica¸c˜ ao. O sistema ´ e baseado em RFID e intitula-se de RMAIS (RFID-based Medication Adherence Intelligence System ).

Este sistema utiliza uma base girat´ oria, uma balan¸ca e um leitor RFID. A base girat´ oria coloca a respetiva dose de medica¸c˜ ao em frente ao paciente sem que, assim, haja a necessidade de escolha por parte deste. A balan¸ca permite a pesagem de cada frasco, antes e ap´ os a toma da medica¸c˜ ao. Com base na diferen¸ca entre as duas medi¸c˜ oes de peso e o peso de cada comprimido (o peso de cada comprimido ´ e previamente gravado na etiqueta RFID), o sistema RMAIS verifica o peso de cada frasco e determina se o paciente tomou a quantidade certa de medicamento. Este sistema permite tamb´ em notificar/alertar automaticamente o cuidador, via e-mail ou mensagem de texto, de incidentes (ex: falha na toma, sobre ou subdosagem).

Fazendo agora uma abordagem aos dispensadores que j´ a se encontram dispon´ıveis para compra no mercado, sabe-se que a maior parte s˜ ao de formato circular, seme- lhantes a pratos. Possuem um tabuleiro onde s˜ ao colocadas as tomas, encontrando-se dividido radialmente em compartimentos, tipicamente m´ ultiplos de sete. Para con- dicionar o acesso aos medicamentos, existe uma tampa com uma pequena ranhura que possibilita o acesso somente ` a toma atual. H´ a alguns modelos onde esta tampa

´ e trancada com recurso a uma chave. Os dispositivos Pivotell, o AlertMed e E-pill MedSmart s˜ ao trˆ es exemplos de dispensadores autom´ aticos de medicamentos com formato circular.

O dispensador Pivotell

4

foi lan¸cado no Reino Unido e desde 2002 at´ e ent˜ ao tem sido amplamente utilizado. Comumente aos dispensadores comerciais circulares normais, o Pivotell alerta o utilizador n˜ ao s´ o atrav´ es de um alarme mas tamb´ em

3RFID consiste de dois componentes: uma etiqueta e um leitor. A etiqueta ´e ligada a um objeto de rastreamento e o leitor controla os objetos marcados pela etiqueta.

4http://www.pivotell.co.uk/

(41)

20 Cap´ ıtulo 2. O Idoso e a sua Medica¸ c˜ ao

de uma luz intermitente aquando a hora da toma da medica¸c˜ ao. Na hora de soar o alarme a correta medica¸c˜ ao ´ e dispensada para o ´ unico compartimento vis´ıvel. Os restantes compartimentos est˜ ao fora de vista. A medica¸c˜ ao ´ e distribu´ıda atrav´ es de uma ‘bandeja’ interna com 28 compartimentos. ´ E poss´ıvel programar duas doses para a mesma hora (quando uma dose ´ e constitu´ıda por v´ arios medicamentos que n˜ ao cabem no respetivo compartimento). Tem tamb´ em um ajuste autom´ atico de data/hora para o hor´ ario de ver˜ ao e um indicador do n´ıvel de bateria. (Figura 2.3 a).

Um outro sistema comercial ´ e o AlertMed

5

que se encontra dispon´ıvel para com- pra online. A descri¸c˜ ao do produto n˜ ao se afasta muito do anteriormente descrito. ´ E tamb´ em um dispensador eletr´ onico de medicamentos que faz soar um alarme e sinais luminosos no hor´ ario programado para a toma da medica¸c˜ ao. De salientar que ´ e um dispensador n˜ ao s´ o adequado a pessoas idosas como tamb´ em se adequa perfeitamente em hospitais, cl´ınicas, escolas, creches e a pessoas que necessitem de medica¸c˜ ao con- t´ınua ou espor´ adica. O sistema AlertMed garante a ingest˜ ao de medica¸c˜ ao conforme prescrito pelo m´ edico nos hor´ arios e doses certas. Permite programar a medica¸c˜ ao at´ e um m´ aximo de 28 dias. Este dispositivo traz consigo uma chave de seguran¸ca que evita o acesso aos medicamentos fora dos hor´ arios programados. Opera com 4 pilhas alcalinas comuns, ´ e port´ avel e pode ser transportado sem necessidade de energia externa (Figura 2.3 b).

Por sua vez, o sistema E-pill MedSmart

6

´ e um modelo que se destaca por possuir um display externo, que cont´ em mais informa¸c˜ oes dispon´ıveis do que os seus concorrentes, como por exemplo, o aviso da pr´ oxima toma e o n´ umero de tomas di´ arias. Este modelo tem duas variantes: a normal e a plus. Para al´ em do pre¸co, a

´

unica diferen¸ca entre ambas ´ e a capacidade de monitoriza¸c˜ ao exterior. O dispensador permite o envio dos relat´ orios das tomas, a programa¸c˜ ao remota do dispositivo e o envio de alertas sobre a necessidade de recarregamento de stock (Figura 2.3 c).

Para al´ em dos dispensadores com formatos circulares existem outros dispensa- dores, seguidamente apresentados, com formatos particulares que os distinguem dos anteriores. S˜ ao exemplos desses dispensadores particulares o dispositivo GlowCaps, a Maya e o Jon lan¸cados pela empresa MedMinder e o sistema Medimi.

O dispensador GlowCaps

7

oferece funcionalidades consideradas b´ asicas como agenda, liberta¸c˜ ao programada de f´ armacos, alarmes e notifica¸c˜ oes, que permitem

5http://www.alertmed.com.br/

6http://www.epill.com/

7http://www.glowcaps.com/

(42)

2.6. Dispensadores de Medicamentos 21

(a) (b) (c)

Fig. 2.3: Exemplos de dispensadores autom´ aticos de medicamentos de formato circular (a)

Pivotell; (b) AlertMed

; (c)

E-pill MedSmart.

enviar semanalmente um hist´ orico das tomas para o cuidador e mensalmente para o m´ edico. Para al´ em disso tem a possibilidade de enviar uma notifica¸c˜ ao para o farmacˆ eutico quando h´ a a necessidade de reposi¸c˜ ao de stock (Figura 2.4 a).

A empresa MedMinder

8

apresenta no mercado dois dispensadores: o Maya e o Jon. Nestes dispensadores os comprimidos s˜ ao organizados em compartimentos numa matriz 4x7, sendo os comprimidos colocados em pequenos recipientes. Ambos os dispensadores n˜ ao possuem ecr˜ a LCD nem bot˜ oes e toda a sua parametriza¸c˜ ao ´ e realizada atrav´ es de uma p´ agina web. O dispositivo, possui um modem GSM para enviar os registos das anomalias e receber a parametriza¸c˜ ao consoante prescri¸c˜ ao m´ edica do paciente. A diferen¸ca entre os dois modelos ´ e o facto de o Jon ter todos os compartimentos bloqueados, impossibilitando o acesso indevido ` as tomas, o que n˜ ao acontece no Maya. A supervis˜ ao pode ser partilhada entre um prestador profissional de cuidados de sa´ ude e, por exemplo, familiares ou cuidadores. A empresa tamb´ em disponibiliza um servi¸co de entrega de tabuleiros j´ a carregados com a prescri¸c˜ ao m´ edica do paciente, simplificando assim a tarefa do cuidador (Figura 2.4 b).

Por ´ ultimo, o Medimi

9

´ e um outro aparelho para liberta¸c˜ ao de comprimidos que se encontra ` a venda no mercado, mas que se destaca de todos os outros aqui referenciados por ter um tamanho significativamente mais pequeno e por ser per- feitamente ambulat´ orio. Este dispositivo foi concebido para ser port´ atil e cabe na palma da m˜ ao humana. Possui capacidade para 7 ou 15 tomas. Como meio de aviso da hora da toma da medica¸c˜ ao, o dispositivo possui alarme sonoro, sinal luminoso e vibra¸c˜ ao. Possui tamb´ em um m´ odulo que possibilita comunica¸c˜ oes via GSM e

8http://www.medminder.com/

9http://www.medicpen.se/

(43)

22 Cap´ ıtulo 2. O Idoso e a sua Medica¸ c˜ ao

Bluetooth. Em termos monet´ arios, ´ e o mais caro de todos os dispensadores j´ a aqui referenciados (Figura 2.4 c).

(a) (b) (c)

Fig. 2.4: Exemplos de dispensadores autom´ aticos de medicamentos com formato parti- cular (a)

GlowCaps

; (b)

MedMinder - Jon; (c)Medimi.

Ap´ os esta abordagem e contextualiza¸c˜ ao acerca da problem´ atica do envelheci-

mento em Portugal e ap´ os apresenta¸c˜ ao e revis˜ ao bibliogr´ afica dos dispensadores

autom´ aticos de medicamentos ` a venda no mercado, segue-se, num novo cap´ıtulo, a

explica¸c˜ ao do funcionamento do microcontrolador Ardu´ıno que foi o microcontrola-

dor utilizado neste projeto para o desenvolvimento e implementa¸c˜ ao do dispensador

autom´ atico de medicamentos.

(44)

Cap´ıtulo 3

Microcontrolador Ardu´ıno

Neste cap´ıtulo, ser´ a apresentada a plataforma de desenvolvimento Ardu´ıno, pois foi esta a plataforma utilizada para o desenvolvimento do dispensador autom´ atico de medicamentos apresentado neste trabalho. Ser˜ ao abordadas as principais diferen¸cas entre microcontroladores e microprocessadores bem como uma abordagem a todo o hardware e software desta plataforma de desenvolvimento.

3.1 Enquadramento

O Ardu´ıno ´ e uma plataforma de desenvolvimento open-source que permite construir sistemas interativos que percebam a realidade e respondam com a¸c˜ oes f´ısicas, capaz tanto de receber dados do sistema como tamb´ em de control´ a-lo. Por outras palavras, o Ardu´ıno ´ e uma plataforma que pode interagir com o seu ambiente atrav´ es de hardware e software [44].

O conceito de Ardu´ıno surgiu na It´ alia, em 2005, com o objetivo de criar um dispositivo que fosse utilizado em prot´ otipos constru´ıdos de uma forma menos dis- pendiosa e de mais f´ acil manuseio do que outros sistemas dispon´ıveis no mercado. O equipamento em quest˜ ao ´ e uma plataforma de computa¸c˜ ao f´ısica: s˜ ao sistemas digi- tais ligados a sensores e atuadores, que permitem construir sistemas que percebam a realidade e respondam com a¸c˜ oes f´ısicas [45]. ´ E baseado numa placa microcon- trolada, com acessos de entrada/sa´ıda, sobre a qual foram desenvolvidas bibliotecas com fun¸c˜ oes que simplificam a sua programa¸c˜ ao, atrav´ es de uma sintaxe similar ` as linguagens C e C++.

Em resumo, o Ardu´ıno pode ser visto como uma unidade de processamento

capaz de mensurar vari´ aveis provenientes de um ambiente externo, transformadas

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