CAMILA DE PONTES
ANALISE DE FATORES DE FIDELIZACAO DE CLIENTES EM FARMACIA E DRUGSTORE
Monografia apresentada ao Departamento de Administrac;ao, do Setor de Ciencias Soclais Aplicadas da UFPR, como requisito para obtenc;ao do trtulo de Especialista em Gestao Empresarial.
Orientador: Prof. Dr. Pedro Steiner
CURITIBA
2009
A minha familia amada que sempre acreditou
na minha capacidade e me apoiou em
todas as minhas conquistas e vit6rias.
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus o Pai de todos n6s que sempre me deu forc;as para continuar e acreditar na minha capacidade e persistir em meus objetivos.
A minha famflia, fator essencial para minha existencia e sobrevivencia pelo amor, carinho, afeto, compreensao e paciencia.
Aos professores que passaram pela minha formac;ao academica contribuindo efetivamente para minha formac;ao.
Aos meus amigos de corac;ao e de alma, presentes ou ausentes, pessoas especiais.
Em especial:
A todos aqueles que de forma direta ou indireta contribuiram para minha formac;ao profissional na teoria e na pratica.
Prof. Pedro Steiner pelos ensinamentos e apoio para realizac;ao desta etapa academica.
A todos que pensam e transmitem coisas boas para minha pessoa.
Muito obrigada a todos!
SUMARIO
1. INTRODUCAO 6
2. ANALISE SETORIAL FARMACIAS 7
2.1 PERSPECTIVAS ECONQMICAS PARA 0 SEGMENTO 9
3. EXCELENCIA EM ATENDIMENTO: ATENCAO FARMACEUTICA E
SUA IMPORTANCIA 10
3.1 TROCA DE INFORMACOES E INTERACAO ENTRE PACIENTE/PRESCRITOR
/DISPENSADOR 14
3.2 PRODUCAO E DIFUSAO DE INFORMACOES A RESPEITO DE
MEDICAMENTOS 18
4. 0 CLIENTE E SUAS PECULIARIDADES 20
4.1 DEFINICOES PARA CLIENTES 20
4.2 CATEGORIA DE CLIENTES 21
4.2.1 CLASSIFICACAO QUANTO AO USC DO PRODUTO 21
4.2.2 CLASSIFICACAO QUANTO A IMPORTANCIA 22
4.2.3 CLASSIFICACAO QUANTO A INTERFACE 22
4.2.4 CLASSIFICACAO QUANTO A DECISOR DE COMPRA 23
4.3 NECESSIDADES MANIFESTADAS POR CLIENTES 23
4.3.1 CONTRIBUICOES PARA ESTUDO DAS NECESSIDADES 24
4.3.1.1 0 HOMU ECONOMICUS 25
4.3.1.2 TEORIA DE LANCASTER 25
4.3.2VARIAVEIS INFLUENTES NO COMPORTAMENTO DO CLIENTE 26
4.3.2.1 VARIAVEIS INDIVIDUAlS 26
4.3.2.2 VARIAVEIS PERMANENTES 31
4.3.2.3 VARIAVEIS SOCIOLOGICAS 33
4.4 A PRODUCAO E MARKETING PARA QUALIDADE 36
4.4.1 A FUNCAO DA PRODUCAO 37
4.5 ENTENDER E SATISFAZER AS EXPECTATIVAS E NECESSIDADES
DO CLIENTE 38
4.6 GESTAO DO RELACIONAMENTO COM 0 CLIENTE 39
4.7 GESTAO DA EXPERIENCIA DO CLIENTE 41
5. A FARMACIA DIRECIONADA PELA GESTAO DA EXPERIENCIA DO
CLIENTE 42
6. CONCLUSAO 43
7. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 44
1.1NTRODUCAO
E impressionante como nossa rela9ao como consumidores se estreitou com o segmento farmaceutico nos ultimos 20 anos. Quando que, ha algum tempo atras, poderfamos imaginar que encontrarfamos a variedade e a quantidade de itens que hoje a farmacia nos coloca a disposi9ao?
Sem perceber a farmacia virou urn local onde encontramos quase tudo.
Produtos de beleza, utensflios e produtos para bebes, produtos de higiene pessoal e limpeza, alimentos nao s6 para humanos como tambem para animais (e possfvel comprar ra9ao de cachorro em uma farmacia e drugstore), revistas sao alguns dos itens que a farmacia e drugstore possui para comercio, e acredite, tem ate medicamento. lronicamente ouso dizer que o foco em farmacia atualmente e totalmente diferente do que era ha 20 anos.
Em verdade o consumidor precisa e exige praticidade e agilidade quando se trata de atendimento, e o segmento de farmacia e drugstore pegaram carona nesta 6tica. Voltou-se para um mercado vasto com urn montante de possibilidades infinite.
Com isto o segmento de farmacia entrou em uma guerra de foice entre si e com os mercados e hipermercados.
0 mercado consumidor de Curitiba em farmacia e drugstore e muito cobi9ado, pois o consumidor da regiao aceitou e incluiu a ideia de conseguir tudo o que precisa na farmacia. Por esta razao e que hoje possufmos uma variedade e quantidade enorme de farmacias e drugstore em Curitiba e agora recente na regiao metropolitana.
E af que surge o primeiro entrave e grande problema das organiza96es em geral. Como atender e satisfazer o cliente, em especial o cliente de farmacia? Como fidelizar este cliente que possui uma infinidade de op96es em farmacia?
Como vemos a complexidade e extensao do assunto e vasta. Dentre varios pontos que poderiam sugerir urn tema para esta pesquisa, um a meu ver e de suma importancia e considero que seja o maior problema das organiza96es envolvidas no segmento: como conseguir fidelizar o cliente em meio ha tantos concorrentes e fatores externos? Como atender as necessidades de urn nicho de clientes tao particular como e
0cliente de farmacia?
Um ponto bastante crftico deste estudo sera analisar o atendimento e os
fatores de fideliza9ao deste cliente. Os meios de satisfazer e fidelizar o cliente e que
estaremos discutindo a seguir.
2.Analise Setorial Farmacias
ANTECEDENTES HISTORICOS No Mundo
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A divisao da natureza do trabalho no seculo XVI reserva ao medico (ffsico ou clfnico) a atividade intelectual, enquanto ao cirurgiao, ao dentista e ao boticario as atividades manuais, com caracterfsticas laborais de offcio, organizado e formado nas corpora<;5es de artifices. Nesse perfodo o offcio praticado par partfcipes da classe dos artesaos e a pratica monastica, eram apenas manifesta<;5es do exercicio da profissao de boticario, embora ate o seculo XVII o exercicio da farmacia ainda fosse uma pratica predominantemente clerical. A assistencia a saude variava de acordo com a classe social, onde os reis e os nobres eram atendidos par protomedicos (universitarios formados), a burguesia par medicos e cirurgi5es que deram origem ao medico de cabeceira, e os pobres eram atendidos par curandeiros e barbeiros.
Um grande surto de lepra na Fran<;a faz com que Luiz XIV amplie o numero de farmacias hospitalares, o que mais adiante, no seculo XVIII, levaria a separa<;ao da profissao farmaceutica da medicina.
No final do seculo XVIII e infcio do XIX, o desenvolvimento da qufmica a partir dos estudos de Lavoisier, imprime mais velocidade nos avan<;os das ciencias farmaceuticas, come<;ando a partir daf os isolamentos dos primeiros principios ativos como a morfina e outros. Ainda no seculo XVIII, a profissao farmaceutica separa-se da Medicina, ao mesmo tempo em que cresce o numero de farmacias leigas, com a atividade completamente secularizada ate a idade moderna, ja sob a proibi<;ao de que os seus proprietaries sejam medicos.
Com os estudos de Lavoisier o desenvolvimento da qufmica, como disciplina, representa uma nova fase para a farmacologia com o usa dos primeiros princfpios ativos, como a morfina e outros alcal6ides. A cria<;ao na Baviera, em 1808, do ensino universitario para forma<;ao do farmaceutico (pratica que rapidamente se espalha pela Europa) juntamente com os maiores conhecimentos em fisiologia e toxicologia criam as condi<;5es para o avan<;o do conhecimento na area da farmacologia, que culmina na primeira metade do seculo XIX com a cria<;ao dos primeiros laboratories farmaceuticos, responsaveis par grandes avan<;os, inclusive profissionais. Enquanto o modo de produ<;ao se manteve artesanal, o farmaceutico detinha todas as etapas do processo, incluindo a propriedade dos meios de produ<;ao. Estas caracterfsticas
serao profundamente alteradas, a partir da crescente industrializa<;ao da produ<;ao.
A segunda metade do seculo XIX e o infcio do seculo XX sao marcados pelo
desenvolvimento da farmacologia cientffica, da sfntese qufmica de medicamentos, de
imunoterapia e da terapeutica experimental. Surgem nesse periodo os primeiros institutes de pesquisa de produc_;ao de medicamentos, de vacinas e sores.
0 seculo XX caracteriza-se por uma verdadeira explosao farmacol6gica, tendo sido sintetizado um grande numero de moleculas farmacologicamente ativas.
Durante a Primeira Guerra Mundial, desenvolveu-se a terapia antimicrobiana com avanc_;os significativos em quimioterapia, antibioticoterapia e imunoterapia.
Pesquisas sobre guerra quimica, durante a Segunda Guerra, levaram ao descobrimento dos primeiros antineoplaticos. 0 processo crescente de industrializac_;ao tornou o farmaco urn produto industrial, integrado a dinamica da sociedade de consume e objeto de interesse economico e politicos. Grandes investimentos publicitarios fomentam a chamada "medicalizac_;ao" da conduta, atribuindo ao medicamento a soluc_;ao para todos os problemas e produzindo o aumento do seu valor social.
No Brasil
Apesar das poucas referencias bibliograficas sobre a hist6ria da farmacia no Brasil, e provavel que o primeiro boticario a aqui chegar tenha sido o portugues Diogo de Castro, em 1549, trazido por Tome de Souza, Governador Geral da Bahia.
Como afirma Mario de Almeida em 0 Comercio no Brasil, "a saude, no Brasil, tem uma hist6ria rica de fates pitorescos e navegou ao saber da muitas legislac_;oes".
Na epoca em que barbeiro fazia cirurgia podia-se afirmar, sem maldade, que a medicina tinha sua porc_;ao comercio. A botica e a farmacia navegaram em mares nem sempre tranquilos, onde praticos e licenciados exerciam suas atividades num mercado onde a charlatanice tambem tinha alvara". S6 em 1839, com a criac_;ao na Provincia da Minas Gerais, funda-se a primeira escola farmaceutica que deu ares academicos a
profissao.
Na verdade a botica e depois a farmacia sempre foram uma atividade
significativa no comercio varejista no Brasil, como informa Mario de Almeida. Em 1799, quando o Rio de Janeiro nao possuia 60 mil habitantes, ja contava com 28 boticas, numero muito superior ao de outras cidades do mesmo porte no exterior. Em 1928, por exemplo, o Egito, com longa tradic_;ao na alquimia e depois quimica, possuia 447 farmacias para 3,3 milhoes de habitantes e s6 o Rio de Janeiro concentrava 512 farmacias para 1,5 mil hoes de habitantes.
Com as caracteristicas que se tern hoje, as primeiras farmacias brasileiras
datam do inicio da segunda metade do seculo XIX, sendo a Pellicano a primeira com
nome reconhecido e fundado em Sao Paulo. Funcionando ate hoje temos a Botica Ao
Veado D'Ouro, fundada em 1858 tambem em Sao Paulo. Em Curitiba, em 1857, era
aberta a Farmacia Stellfeld e no Rio de Janeiro, ate hoje funciona no centro a Casa Granada.
2.1 PERSPECTIVAS ECONQMICAS PARA 0 SEGMENTO.
A partir da percepc;ao de uma conjuntura econ6mica brasileira e mundial de retrac;ao do nfvel de atividade, temos as seguintes perspectivas para as farmacias:
· Aprofundamento da expansao das "farmacias de conveniencia" com urn alargamento dos produtos comercializados. A tendencia mundial do comercio e buscar a facilidade no atendimento das menores demandas dos consumidores e certamente que o motive de "parar" em uma farmacia para comprar urn medicamento possibilitara uma serie de pequenas compras que costumam ser esquecidas ou colocadas em segundo plano.
· Formac;ao de redes de adesao como forma de enfrentar as vantagens competitivas das grandes redes, especialmente quanta a uma agressiva.
polftica de marketing com marcas unificadas, razoavel padronizac;ao mobiliaria e de atendimento, alem da nao menos importantes economias de escala nas compras.
· Fortalecimento dos servic;os puxados pela entrega a domicflio, pratica ja utilizada pela maioria absoluta dos estabelecimentos e pelo recebimento de contas como telefone, fornecimento e agua e energia.
· No curta prazo a melhoria na renda disponfvel impulsionara fortemente a demanda
por remedies, tanto em func;ao da citada maier disponibilidade de renda, que afeta
diretamente a quantidade de medicamentos consumidos, quanta em razao das
limitac;oes na sua distribuic;ao gratuita, bern como no tocante ao grau de atenc;ao do
governo com o Sistema Unico de Saude.
3. Excelencia em atendimento
Aten~ao
farmaceutica e sua importancia
0 C6digo de Etica Farmaceutica Brasileiro (Conselho Federal de Farmacia, 2001) rege que o profissional deve atuar buscando a saude do paciente, orientando-o em todos os sentidos. A Atengao Farmaceutica consiste no mais recente caminho a ser tornado para tal finalidade. Esta, segundo a Organizagao Mundial da Saude, conceitua-se como a pratica profissional na qual o paciente e o principal beneficiario das ag6es do farmaceutico (OMS, 1993). Sua atuagao profissional inclui uma somat6ria de atitudes, comportamentos, co-responsabilidades e habilidades na prestagao da farmacoterapia, com o objetivo de alcangar resultados terapeuticos eficientes e seguros, privilegiando a saude e a qualidade de vida do paciente (Martinez, 1996). Para isso, a pratica da Atengao Farmaceutica envolve macrocomponentes como a educagao em saude, orientagao farmaceutica, dispensagao, atendimento farmaceutico e seguimento farmacoterapeutico, alem do registro sistematico das atividades, mensuragao e avaliagao dos resultados (lvama, 2002). Essa postura requer do profissional conhecimento, empenho e responsabilidade, frutos da formagao academica e da vivencia profissional conquistada cotidianamente (Miguel, 2000).
Para tanto, o farmaceutico atende o paciente diretamente, avalia e orienta em relagao a farmacoterapia prescrita pelo medico (Furtado, 2001), par meio da analise das suas necessidades relacionadas aos medicamentos e detectando problemas relacionados a medicamentos (PRMs). Oeste modo, consolida a relagao existente entre a pratica e o conhecimento te6rico na atuagao farmaceutica, promovendo, sobremaneira, saude, seguranga e eficacia (Peretta e Ciccia, 2000). 0 sistema corresponde a urn trabalho conjunto entre o medico, o paciente e o farmaceutico (Oliveira et. a/., 2002) garantindo, portanto, o cumprimento do artigo 196, tftulo VIII da Constituigao Federativa Brasileira: "A saude e urn direito de todos e dever do Estado" (Brasil, 1988).
Em prol de iniciativas de projetos de Atengao Farmaceutica, existe a
regencia de normatizag6es legais, especialmente a ROC 357/01 (Brasil, 2001), a qual
exige sua realizagao exclusiva pelo profissional farmaceutico, talhado para tal fungao,
devido a formagao voltada ao farmaco e ao medicamento em todas as abrangencias,
ampliada pelo conhecimento analftico, administrative, social e biol6gico com enfase
clfnico-patol6gica, entre outros (Oliveira et. a/., 2001 ). Contudo, inumeros obstaculos
erguem-se frente a classe farmaceutica no trilhar deste caminho para seu reencontro
como profissional da saude por meio da realizac;ao plena da Atenc;ao Farmaceutica.
Entre eles, o despreparo do profissional na area clfnica, atualmente sendo reduzido pela busca de atualizac;ao e pelo aprofundamento do conhecimento dentro da formac;ao academica. A formac;ao generalista, preconizada pelas novas diretrizes curriculares para os cursos de farmacia, representa uma mudanc;a conceitual, estrutural e filos6fica da profissao farmaceutica, enfatizando os temas relacionados as quest6es sanitarias e sociais, incluindo a pratica da atenc;ao farmaceutica, formando um profissional de multiplas habilidades, apto a exercer a farmacia em todos os seus segmentos e atividades. Porem, para atuar plenamente como farmaceutico, atingindo os objetivos preconizados pela nova formac;ao generalista, e seguir a normatizac;ao legal, o profissional tera de enfrentar o atual sistema de farmacia, o qual inclui o comissionamento de funcionarios para aumento das vendas, e a delegac;ao de atividades burocraticas e de gerenciamento aos farmaceuticos, em detrimento de sua atuac;ao junto aos usuaries.
0 farmaceutico enfrenta entao um impasse, entre a sua sobrevivemcia no mercado, incluindo o sucesso da empresa e a garantia do seu emprego, e a realizac;ao plena das atividades do profissional farmaceutico, definida no C6digo de Etica (Conselho Federal de Farmacia, 2001) e cobrada por diversas leis, refletindo a necessidade do profissional atuando na sociedade e que resulta na realizac;ao profissional. 0 relacionamento do farmaceutico com os funcionarios da farmacia muitas vezes fica comprometido. Este conflito da relac;ao representa um obstaculo diario a ser enfrentado pelo farmaceutico na aplicac;ao de seu ambito de maneira plena, dentro da etica e da idealizac;ao da profissao. Dentro deste perfil ha uma competic;ao entre os funcionarios e o farmaceutico, justificada principalmente por quest6es centradas na venda comissionada, a qual gera um aumento na renda mensal bruta do balconista, levando a uma competic;ao de atendimento com o farmaceutico. Alem disso, este encontra- se impedido, por determinac;ao administrativa, de atender o paciente, exceto quando solicitado.
Os pr6prios farmaceuticos representam uma barreira contra a
Atenc;ao Farmaceutica. No que diz respeito a disposic;ao para o atendimento
ao publico em suas farmacias, a maioria dos farmaceuticos s6 pratica
quando solicitado, justificado pela grande carga labutaria considerada e a
consequente falta de tempo, alem da falta de experiencia para atuar na Aten<;ao Farmaceutica.
A Aten<;ao Farmaceutica constitui uma pratica profissional centrada no paciente, que encontra-se em fase de implanta<;ao em algumas farmacias de diversas regi6es do Brasil, enfrentando, porem muitos empecilhos, os quais devem ser superados em prol do resgate da profissao perante a sociedade.
A implanta<;ao da Aten<;ao Farmaceutica como parte des servi<;os farmaceuticos prestados em farmacias comunitarias exige ampla mobiliza<;ao de profissionais e academicos. Esta come<;a com a elabora<;ao da Proposta de Consenso Brasileiro de Aten<;ao Farmaceutica (lvama, 2002), passa pelas novas diretrizes curriculares des curses de farmacia, que enfocam a atua<;ao como profissional da saude, e exige do farmaceutico a busca de urn nivel de aperfei<;oamento interdisciplinar condizente com as novas responsabilidades, remetendo-o a assumir efetivamente a autonomia de seu cargo liberal, incorporando os componentes da moral, etica e ideologia dentro de sua atua<;ao.
Constatou-se que as dificuldades encontradas pelos profissionais farmaceuticos na aplica<;ao pratica da Aten<;ao Farmaceutica representam grande expressao dentro de sua atua<;ao, e a analise des dados obtidos reflete a necessidade de estimulo e seguran<;a des profissionais. Neste contexte, ocorre a necessidade do estimulo aos academicos e profissionais recem-formados, os quais possuem integra a energia e o anseio de colabora<;ao com a saude da comunidade, de modo que ultrapasse as barreiras para realiza<;ao de programas de Aten<;ao Farmaceutica, implantando-os alem das perspectivas de aceita<;ao pela administra<;ao geral do estabelecimento farmaceutico e promovendo admissao e entendimento da real necessidade do programa per parte da comunidade atendida.
Os medicamentos constituem atualmente ferramentas poderosas
para mitigar o sofrimento humane. Produzem curas, prolongam a vida e
retardam o surgimento de complica<;6es associadas as doen<;as, facilitando
o convivio entre o individuo e sua enfermidade. Alem disso, e possivel
considerar o usc apropriado e inteligente des medicamentos como
tecnologia altamente custo-efetiva, uma vez que pede influenciar, de modo substantive, a utiliza9ao do restante do cuidado medico (Avorn, 1995).
0 medicamento, como arma terapeutica, apresenta dois gumes. Per um lade, seu emprego inadequado pede provocar doen9as iatrogenicas. Per outre, enquanto os pafses desenvolvidos investem na descoberta de novas substancias com melhores caracterfsticas intrfnsecas para o combate de problemas ja resolvidos, os pafses em desenvolvimento ainda apresentam problemas de saude que emergem das pessimas condi96es de vida da popula9ao, diminuindo a efetividade des tratamentos medicamentosos ja existentes.
A falta de servi9os basicos de saneamento - redes de agua e esgoto - que sirvam as camadas mais carentes e mais submetidas as desigualdades sociais, pede provocar, per exemplo, a recrudescencia de doen9as simples, como as parasitoses.
Neste case, o tratamento medicamentoso ja nao garantiria, per se, a cura do paciente.
A timidez - ou, mesmo, inexistencia - de polfticas sanitarias bem estruturadas, nao resulta, de modo geral, em a96es de promo9ao e preven9ao a saude. Ao contrario, traduz-se em medicina antes curativa que preventiva. Um contexte desprovido de polftica coerente para o setor saude, dificilmente abrigara meios e esfor9os voltados para o desenvolvimento de polftica de medicamentos. No entanto, os medicamentos assumem importancia exagerada frente a hegemonia da medicina curativa e desempenham papeis simb61icos tanto no sistema de saude como para os pr6prios consumidores. De ferramentas disponfveis para promover e manter a saude, costumam envergar o onus de, entre outros, representar a propria saude (Lefevre, 1991; Sevalho, 1992; Scott & Ferner, 1994).
Nao obstante, ha grande heterogeneidade de demanda medicamentosa nos pafses em desenvolvimento, o que reflete, muitas vezes, os desnfveis s6cio- econ6micos e culturais prevalentes (Lee et al., 1993). A Organiza9ao Mundial de Saude (OMS, 1993), examinando o conceito de aten9ao farmaceutica, cita o acesso aos medicamentos como um des fatores necessaries para a presta9ao da assistencia a saude. Assim, o acesso aos medicamentos essenciais a saude da popula9ao e o primeiro passe para o estabelecimento de uina polftica de medicamentos.
lsto posto, interessa-nos ressaltar os mementos que pressup6em o contato
direto entre as franjas do sistema de saude - representado pelos profissionais medicos
e farmaceuticos que nele atuam - e o alvo des cuidados de saude, o paciente. E
durante o contato com o medico que o paciente recebe (ou nao) a prescrigao de medicamento. Entretanto, o uso adequado dos medicamentos nao depende apenas de uma prescrigao de qualidade, mas e tambem fruto de dispensagao responsavel. A interagao entre paciente/medico/farmaceutico possibilita a emergencia de expectativas, demandas e troca de informagoes que terao consequencia direta no
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