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PRODUTIVIDADE DE MILHO-GRÃO EM FUNÇÃO DE DIFERENTES QUALIDADES DE ÁGUA DE REGA E DE FERTILIZAÇÃO AZOTADA

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PRODUTIVIDADE DE MILHO-GRÃO EM FUNÇÃO DE DIFERENTES QUALIDADES DE ÁGUA DE REGA E DE

FERTILIZAÇÃO AZOTADA

Castanheira, N. L.1, Neves, M. J.2, Reis, J. L.1, Silva, S. D.1, Dias, L. M.1, Santos, F. L.1, Gonçalves, M. C. 2, Martins, J. C. 2, Prazeres, A.2, Fonte, S. 2., Ramos, T. 2, Pires, F. 2, Varela, A. 2

1 Dep. Eng. Rural, Universidade de Évora, Pólo da Mitra, Apartado 94, 7000-554 Évora. E-mail:

nlsc@uevora.pt, jlar@uevora.pt, fls@uevora.pt.

2 Dep. Ciência do Solo, Estação Agronómica Nacional, 2784-505 OEIRAS. E-mail:

m_joao_neves@yahoo.com

Resumo

Na Herdade da Mitra e no Posto de Culturas Regadas de Alvalade do Sado instalaram- se duas áreas experimentais, com cerca de 200 m2 cada, em diferentes solos, com sistema de mobilização convencional e utilizando a cultura de milho-grão regado com o sistema de rega gota-a-gota em fonte tripla linear. Neste sistema de rega existem 3 fontes, água salina (água de rega com NaCl), água de rega+fertilizante (NH4NO3), de modo a obter dois gradientes, um de salinidade, com a adição de NaCl, e outro de fertilizante, com a adição de solução azotada, e outro de água apenas, de boa qualidade.

Este dispositivo, que permite observar a resposta do conjunto do solo e da cultura a diferentes níveis de salinidade e adubação azotada, ajudará a avaliar se a variação da salinidade da água da rega pode ser compensada com a variação dos nutrientes, sem deixar de se conseguir níveis de produção aceitáveis, mesmo regando com águas de má qualidade (salinas).

No ensaio foram monitorizados o teor de água e a solução do solo (condutividade eléctrica, teores em catiões solúveis, cloretos e nitratos) no Grupo I e no Grupo IV às profundidades de 20, 40 e 60 cm. Efectuou-se também a colheita do milho-grão para avaliação da produção nas diferentes modalidades, com determinação da matéria seca da parte aérea (folhas, colmo e espiga), da altura e número de maçarocas das plantas de milho da linha central de cada Grupo. Apresentam-se resultados relativos à monitorização da solução do solo e da produção de milho que mostram as tendências da evolução da salinidade do solo ao longo do tempo e a produtividade do milho em função dos tratamentos aplicados.

Palavras chave: milho-grão, produção, salinidade, azoto

Abstract

Two experimental fields in Herdade da Mitra and Alvalade do Sado, were installed in small plots with 200 m2 each, and in different soils, using conventional field operations.

The crop was Zea Mays irrigated with a triple emitter source irrigation system. In this layout scheme there are 3 sources of water with different water quality: salty water (water source with NaCl dissolved), irrigation water+fertilizer (water source with NH4NO3 added) and irrigation water only (fresh water). With the layout it is intended to

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obtain two gradients: one with different levels of salinity and another with different levels of nitrogen fertilizer, in order to be able to observe the responses of soil and culture to different levels of salinity and fertilizer. So, the objective of the work is to evaluate if different irrigation water salinity levels can be compensated by nitrogen, and still be able to achieve acceptable crop production levels even with low quality irrigation water. In the process soil moisture and soil solution (EC, Soluble Cations, Chloride and nitrates) were monitored in the groups I and IV of the layout system, at the depths of 20, 40 and 60 cm. The maize harvest was done in a way to evaluate the different production in the various treatment, determining the dry matter of the plants (leafs, stem and ear), height and number of corn cobs in each plant of the central line of the group. The paper shows results related with the impact of treatments on the soil solution and crop production, and reveals tendencies of the soil salinity progression in time and the productivity of maize.

Keywords: Zea Mays, production, salinity, fertilizer

1. Introdução

O aumento da concentração de sais na solução do solo faz aumentar a energia dispendida pela planta para extrair do solo a água que necessita, reduzindo em simultâneo a transpiração (Alvim, 1975). A partir de certo limite de concentração atinge-se a fase em que a planta morre por não poder vencer, por extracção radical, a pressão negativa total com que a água é retida pelo solo. Contudo, Heimann (1966) refere que, dentro de limites bastante largos de concentração e pressão osmótica, os efeitos prejudiciais da salinidade são causados por razões iónicas desequilibradas e não propriamente pela pressão osmótica. Ainda refere que equilibrando convenientemente essas razões iónicas, muitas plantas podem ser produzidas economicamente com níveis de salinidade muito elevados no solo.

Segundo a FAO (1998), em presença de sais a cultura de milho mantém níveis de produção aceitáveis até a um limiar em que a condutividade eléctrica do extracto de saturação do solo na zona das raízes atinge 1.7 dS/m. Acima deste valor limite, os decréscimos nas produções ocorrem de modo directamente proporcional aos acréscimos de salinidade (relação linear), a uma taxa expressa pelo declive da recta, em que por cada dS/m de aumento da condutividade eléctrica do extracto de saturação há um decréscimo na produção de 12 %.

Estudos mais tradicionais de aplicação de diferentes níveis de salinidade e de fertilizante às culturas normalmente envolvem o uso de esquemas de rega por sectores com bombas de injecção de soluções com diferentes concentrações. O esquema de Fonte Tripla Linear permite simplificar esse processo muito laborioso e observar a resposta do solo a diferentes níveis de salinidade e de adubação azotada e a resposta que a cultura apresenta a esses factores. O esquema de Fonte Tripla Linear é uma adaptação, com três fontes de alimentação, do esquema Fonte Dupla Linear de Malach et al. (1995, 1996).

Também Beltrão (1998) refere que a introdução de esquemas experimentais de gradientes de rega gota a gota oferece uma ferramenta muito vantajosa na obtenção de dados para a definição das funções de produção e de contaminação ambiental.

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O objectivo deste estudo é avaliar se a variação da salinidade da água da rega pode ser compensada com a variação de nutrientes azotados, conseguindo-se assim obter bons níveis de produção mesmo regando com águas de rega de qualidade inferior (salinas).

Pretende-se obter e divulgar a combinação adequada do binómio sais-fertilizante azotado que melhor responda às necessidades das culturas anuais regadas, em especial o milho-grão, maximizando a sua produtividade e minimizando os impactes ambientais da rega e do uso de azoto no solo e nas águas subterrâneas e superficiais.

2. Material e métodos

2.1. Ensaios experimentais

Os ensaios experimentais e de demonstração foram realizados na Herdade da Mitra e no Posto de Culturas Regadas de Alvalade do Sado. Instalaram-se dois campos experimentais, com cerca de 200 m2 cada, em solos diferentes mas usando sistemas de mobilização convencional e tendo como cultura o milho-grão, regado com o sistema de rega gota a gota em fonte tripla linear. Este sistema de rega é alimentado por 3 fontes de água, a saber: água salina (água de rega com NaCl dissolvido), água de rega (não salina) e água+fertilizante (água de rega com adição de NH4NO3), o que permite obter dois gradientes, um de salinidade (com adição de sal – NaCl), e outro de fertilizante (com adição de solução azotada – Nitrato de Amónio).

Cada área experimental é composta por 4 grupos ou blocos (I a IV), com três repetições em cada um deles (que correspondem a 3 linhas de milho regadas). A injecção de água salina (com NaCl) permite estabelecer um gradiente de salinidade ao longo da linha da cultura obtendo-se, em função do caudal dos gotejadores de cada rampa em cada ponto de rega (que corresponderão às 4 modalidades estudadas – A, B, C e D), 4 níveis de concentração de sal. O gradiente de fertilizante é também estabelecido ao longo dos 4 grupos ou blocos, isto é, do Grupo I para o IV, com a aplicação da maior dotação de fertilizante no Grupo I e nenhuma solução azotada no Grupo IV. O resultado é a obtenção, com esses dois gradientes, de 16 diferentes modalidades, conforme se refere na figura 1. Assim, cada linha de cultura é regada por três tubagens com três conjuntos de gotejadores, cuja dotação aplicada é sempre constante em cada ponto de rega (modalidade) debitando 18 l/h por metro linear de cultura de milho. A figura seguinte ilustra os débitos de cada rampa de gotejadores dos vários grupos e modalidades.

Grupo I Grupo II Grupo III Grupo IV

Sal N Água Sal N Água Sal N Água Sal N Água 12 6 0 12 4 2 12 2 4 12 0 6 A 12 6 0 12 4 2 12 2 4 12 0 6 8 6 4 8 4 6 8 2 8 8 0 10 B 8 6 4 8 4 6 8 2 8 8 0 10 4 6 8 4 4 10 4 2 12 4 0 14 C 4 6 8 4 4 10 4 2 12 4 0 14 0 6 12 0 4 14 0 2 16 0 0 18 D 0 6 12 0 4 14 0 2 16 0 0 18 M

o d a l i d a d

e 18 l/h 18 l/h 18 l/h 18 l/h

Figura 1. Esquema dos campos experimentais, podem observar-se os 4 grupos e os débitos dos gotejadores nas linhas e diferentes modalidades.

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A rede total de rega do ensaio é consequentemente constituída por 4 grupos e 3 repetições (que corresponde às linhas). O ramal principal é conectado, a montante, a 3 ramais secundários, sendo cada um por sua vez conectado a 12 terciários, à excepção de um secundário que só liga a 9 terciários. Como ilustra a figura seguinte, cada linha tem 8 pontos de rega (modalidades A a D), distanciados entre si de 1m na linha e de 0,75m na entrelinha.

Figura 2. Esquema experimental fonte tripla linear gota a gota podendo observar-se os quatro grupos, os débitos dos gotejadores nas linhas e os gradientes de salinidade e fertilizante.

Com metodologias de aplicação de sal e monitorização dos vários parâmetros do solo e cultura idênticas para os dois campos de experimentação, a água salina e a água+fertilizante existentes em soluções concentradas preparadas previamente foram injectadas na tubagem através de uma bomba doseadora. As quantidades totais de sais são apresentadas no Quadro 1, obtidas a partir da injecção de água salina e de água+fertilizante das soluções preparadas previamente em reservatórios, por dissolução de 10 kg de sal em 70 L de água, com condutividade eléctrica de cerca de 150 dS/m na solução salina e diluição de 8,3 L de Nitrato de Amónio em 50 L de água com 90 dS/m na solução concentrada de água com solução fertilizante (Figura 2).

Quadro 1. Quantidade total de sais na água de rega salina e de fertilizante azotado (N), aplicados em cada Grupo e modalidade.

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Grupos Modalidades Sais (g/m2) Fertilizante (g/m2)

A 680 20

B 455 20

C 225 20

I

D 0 20

A 680 13

B 455 13

C 225 13

II

D 0 13

A 680 7

B 455 7

C 225 7

III

D 0 7

A 680 0

B 455 0

C 225 0

IV

D 0 0

Com a campanha de rega que decorreu entre Junho e Setembro de 2004 foi aplicada água à saída dos gotejadores com uma condutividade eléctrica de cerca de 8 dS/m. Para os dois locais, o início da aplicação de água salina e água+fertilizante foi em Julho, tendo sido utilizada água proveniente de 2 poços, cujas principais características químicas se apresentam no Quadro 1.

Quadro 2. Caracterização química da água de rega de Alvalade do Sado e da Herdade da Mitra.

Parâmetros Alvalade do Sado

Herdade da Mitra

pH 8,12 7.58

CE (dS/m) 0,843 0.50

N-NO3- (mg/L) - 2.830

N-NH4+ (mg/L) - 2.030

Cl (mmol(c)/L) 2,83 0.64

Na 2,9 1.040 Ca 1,61 2.54 Mg 2,29 1.38 Catiões

(meq/L)

K 0,07 0.03 Σ Catiões (meq/L) 0,687 0.50

SAR 2,077 0.74

A dotação média total aplicada foi de 935 mm na Herdade da Mitra (total de 76 regas) e de 950 mm em Alvalade do Sado (total de 51 regas), com a qualidade da água de rega monitorizada ao longo do tempo de duração do ensaio através de recolhas mensais de amostras de água. Para a monitorização da solução do solo foram usadas cápsulas porosas (lisímetros), instaladas às profundidades de 20, 40 e 60 cm no Grupo I, modalidade A e Grupo IV, modalidade D, que correspondem aos máximos e mínimos valores obtidos com os gradientes de salinidade e de fertilizante, isto é, máximo de sal e de fertilizante (12 L/h e 6 L/h de débito, respectivamente) e mínimos de sal e fertilizante (ambos com débito nulo). As recolhas de amostras de solução do solo foram realizadas duas vezes por semana em média, durante os ciclos de rega e mais esporadicamente durante o resto do ano, consoante a precipitação verificada, para avaliação dos seguintes parâmetros químicos: condutividade eléctrica, teores em catiões solúveis (Na+, Ca2+, Mg2+, K+), cloretos e azoto nítrico e amoniacal (N-NO3-, N-NH4+). No final do ciclo da

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cultura de milho-grão foram avaliadas as produções nas várias modalidades e grupos, separadamente, de forma a poder verificar com maior precisão que produções teriam resultado dos vários tratamentos aplicados (de um total de 16 tratamentos). Assim, as produções resultantes da amostragem de uma área correspondente a 2 metros lineares por modalidade foram secas na estufa a 65 ºC., para avaliação da matéria seca da parte aérea, nomeadamente, das folhas, do colmo, do carolo e do grão.

2.1. Características dos solos

Nos dois campos experimentais foram abertos perfis para caracterização dos solos, não só por observação e descrição pedológica como também para colheita de material perturbado e não perturbado para a sua caracterização física, hidrológica e química. Os solos são de textura franco-arenosa na Herdade da Mitra e franca a franco-limosa em Alvalade do Sado, tendo sido classificados como mistura de terras ou Antrossolo de origem granítica (Antrossolo, FAO 2001) e Aluviossolo moderno não calcário de textura mediana (Fluvissolo êutrico, FAO 2001), respectivamente. Nos Quadros 3 e 4 apresentam-se as características físicas, químicas e hidrodinâmicas dos solos das duas áreas experimentais.

Quadro 3. Características hidrodinâmicas e físicas médias das amostras no estado natural dos perfis 82 (Herdade da Mitra) e 83 (Alvalade-Sado).

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Perfil P 82 - Mitra P 83 - Alvalade

Prof. (cm) 0-30 30-50 50-90 0-30 30-75 75-160 massa volúmica aparente (Mg m-3) 1.51 1.70 1.69 1.32 1.67 1.67

Porosidade total (cm3 cm-3) 0.4361 0.3850 0.3668 0.4500 0.3950 0.3743 0,25 kPa (pF 0,4) 0.4166 0.3704 0.3312 …. 0.3835 0.3466

1 kPa (pF 1,0) 0.3547 0.3356 0.3013 0.3942 0.3596 0.3271 Teor de 3 kPa (pF 1,5) 0.2742 0.3028 0.2652 0.3132 0.3384 0.3009

Água 6 kPa (pF 1,8) 0.2518 …. 0.2375 0.2943 0.3214 0.2860 (cm3 cm-3) 10 kPa (pF 2,0) 0.2400 0.2842 0.2214 0.2836 0.3014 0.2782

à sucção 20 kPa (pF 2,3) 0.2230 …. 0.2002 0.2758 0.2979 ….

30 kPa (pF 2,5) 0.2196 0.2622 0.1818 0.2666 0.2767 0.2671 50 kPa (pF 2,7) …. 0.2539 0.1746 0.2598 0.2678 ….

100 kPa (pF 3,0) …. 0.2373 0.1538 …. 0.2398 ….

1500 kPa (pF 4,2) 0.0993 0.1254 0.0896 0.1029 0.1449 0.1971 Ksat (cm d-1) 274.89 173.85 600.05 416.88 312.69 310.55

A composição granulométrica foi obtida utilizando os limites da escala de Atterberg e seguindo a metodologia descrita por Silva et al. (1975). A massa volúmica aparente (ρb) foi determinada por secagem do solo a 105º C em amostras no estado natural (100 cm3), sendo a condutividade hidráulica saturada (Ks), determinada em amostras não perturbadas (cilindros com diâmetro de 10 cm e volume de 630 cm3) pelo método da carga constante (Stolte, 1997). A curva de retenção de água no solo foi obtida através de caixas de sucção (Stakman, 1974) e de placas de pressão. Quanto à condutividade eléctrica, foi determinada com recurso a um condutivímetro (Silva et al., 1975), os teores de catiões solúveis por espectrofotometria de absorção atómica, os catiões extraíveis perlo método da trietanolamina e cloreto de bário (TEA+BaCl2) a pH 8.1, a capacidade de troca catiónica pelo método de Bascomb, descritos por Mesquita &

Alvim (1981). Os teores de catiões de troca obtiveram-se pela diferença entre os teores de catiões extraíveis e os de catiões solúveis. Os cloretos foram determinados por potenciometria e o azoto nítrico e amoniacal pelo método de Bertholet em aparelho automático de fluxo contínuo segmentado. O valor de pH em água, na relação solo:

água, de 1:2,5 foi determinado pelo método potenciométrico descrito por Hissink (1930), sendo o teor de matéria orgânica (MO) obtido através da relação MO = 1.724C, em que C é o teor em carbono orgânico determinado segundo a metodologia descrita em Nelson & Sommers (1982).

Quadro 4. Características físicas e químicas médias das amostras dos perfis 82 (Herdade da Mitra) e 83 (Alvalade-Sado).

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Perfil 82 - Mitra Perfil 83 – Alvalade Prof. (cm) 0-30 30-50 50-90 90-110 0-30 30-75 75-160 Textura Fr.Aren. Fr.Aren Fr.Aren Fr.Aren Franca Fr. Lim. Franca Areia Grossa (%) 46,1 43,1 42,3 45,5 8,3 6,5 5,8 Areia Fina (%) 35,9 38,2 39,1 35,0 52,4 46,2 42,0 Limo (%) 10,1 10,2 9,2 9,3 26,3 29,3 27,6 Argila (%) 7,9 8,5 9,4 10,2 13,0 18,0 24,6 pH (H2O) 6,63 6,59 7,11 7,41 7,00 7,13 7,33 CE (dS m-1) 0,483 0,632 0,248 0,260 0,423 1,224 0,959 SAR (meq L-1)0,5 0,25 0,22 0,46 0,57 3,25 3,87 2,96 Cl (mmol (c) L-1) 0,60 0,44 0,22 0,55 0,82 7,42 5,73 M. O. (g kg-1) 33,26 38,06 8,25 2,41 26,46 17,30 11,69 Carbono Orgânico (g kg-1) 19,29 22,07 4,79 1,40 15,35 10,04 6,78

Ca 0,066 0,096 0,018 0,020 0,023 0,094 0,083 Mg 0,030 0,038 0,008 0,008 0,016 0,070 0,071 Na 0,009 0,009 0,007 0,100 0,083 0,204 0,163 Cs

(cmol(c) kg-1)

K 0,020 0,024 0,009 0,006 0,008 0,003 0,002 Σ Cs (cmol(c) kg-1) 0,124 0,167 0,042 0,044 0,130 0,371 0,319 Ca 7,600 7,900 5,150 5,200 6,000 6,950 6,700 Mg 1,400 1,300 1,250 1,100 1,850 2,350 3,250 Na 0,095 0,090 0,078 0,115 0,363 0,533 0,508 Ce

(cmol(c) kg-1)

K 0,650 0,600 0,535 0,390 0,450 0,240 0,160 Σ Ce (cmol(c) kg-1) 9,745 9,890 7,013 6,805 8,663 10,073 10,618

Ca 7,534 7,804 5,132 5,180 5,977 6,856 6,617 Mg 1,370 1,262 1,242 1,092 1,834 2,280 3,179 Na 0,086 0,081 0,070 0,105 0,280 0,329 0,345 Ct

(cmol(c) kg-1)

K 0,630 0,576 0,526 0,384 0,442 0,237 0,158 Σ Ct (cmol(c) kg-1) 9,621 9,723 6,971 6,761 8,533 9,701 10,299 CTC (cmol(c) kg-1) 13,72 13,74 10,59 11,91 13,59 15,64 16,01 ESP (%) 0,629 0,587 0,664 0,884 2,059 2,103 2,152 V (%) 70,15 70,75 65,83 56,76 62,81 62,04 64,32 N-NO3- 4,87 10,67 0,88 0,64 3,87 4,02 4,30 N inorgânico

(mg kg-1) N-NH4+ n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

N total (g kg-1) 1,28 1,39 0,45 0,23 1,15 0,92 0,26 P assimilável (mg kg-1) 458 499 109 56 131 96 9 K assimilável (mg kg-1) 118 125 115 85 100 53 33

3. Resultados e discussão

3.1. Parâmetros químicos da solução do solo

Na Figura 3 e 4 apresentam-se os resultados considerados mais representativos da monitorização da solução do solo nos Grupos I (máximos de salinidade e de fertilizante) e IV (aplicação nula de salinidade e fertilizante), recolhida através das cápsulas porosas

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colocadas às profundidades de 20, 40 e 60 cm, tanto nos ensaios em Alvalade do Sado como na Herdade da Mitra.

No Grupo I o solo apresenta os valores mais elevados de CE (entre 3 e 8 dS/m) e de sódio solúvel na profundidade de 40 cm, e os valores mais baixos na profundidade de 20 cm (Figuras 3A e B). No Grupo IV, em que não se aplicou água salina e fertilizantes, os correspondentes valores aí encontrados são inferiores, embora com alguns picos devido à ocorrência de escorrimentos superficiais a partir de modalidades adjacentes.

Observa-se que os comportamentos de CE e de Na no solo são semelhantes, como era esperado, visto que a CE é um indicador da salinidade do solo que integra a totalidade dos catiões solúveis, dos quais o Na é o mais relevante. Até Janeiro não foi evidente a lavagem do solo pela água da chuva, certamente pela fraca pluviosidade ocorrida em 2004 e pelas características do solo, com elevado teor de limo (ver Quadro 2).

Relativamente ao azoto nítrico (Figura 3C), a solução do solo apresenta valores bastante elevados, entre 25 e 150 mg/L em todas as profundidades, ainda que se tenham observado valores entre 150 e 350 mg/L à profundidade de 20 cm, reflexo da aplicação do fertilizante azotado efectuado em finais de Julho.

Na Herdade da Mitra não foi possível recolher a solução do solo a 40 cm de profundidade. Os valores mais elevados de CE durante o período da rega verificaram-se a 20 cm de profundidade e situam-se entre 4 e 6 dS/m. Após este período e devido à pluviosidade ocorrida em Outubro e à textura franco-arenosa do solo, verificou-se lavagem dos sais, tendo a salinidade a 20 cm baixado para valores inferiores a 1 dS/m e a 60 cm descido para valores entre 2 e 3 dS/m. O Grupo IV onde o solo apresentava boa infiltrabilidade e sem escorrimentos superficiais, a salinidade da solução do solo (traduzida pela CE e Na solúvel) foi manifestamente mais reduzida. Quanto ao azoto nítrico só se encontraram valores na solução do solo bastante elevados (entre 25 e 350 mg/L) no período correspondente à adubação azotada (fins de Julho).

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Alvalade

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

20-7-04 8-9-04 28-10-04 17-12-04 5-2-05

Data

Na (meq/L)

GI-20 cm GI-40 cm GI-60 cm GIV-20 cm GIV-40 cm GIV-60 cm

Alvalade

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

20-7-04 8-9-04 28-10-04 17-12-04 5-2-05

Data

CE (dS/m)

GI-20cm GI-40 cm GI-60 cm GIV-20 cm GIV-40 cm GIV-60 cm

Alvalade

0 50 100 150 200 250 300 350

20-7-04 8-9-04 28-10-04 17-12-04 5-2-05 Data

N-NO3- (mg/L)

GI-20 cm GI-40 cm GI-60 cm GIV-20 cm GIV-40 cm GIV-60 cm

Figura 3. Monitorização da solução do solo a 3 profundidades (20, 40 e 60 cm) nos Grupos I e IV em Alvalade. A- Sódio solúvel (meq/L); B- Condutividade eléctrica (dS/m) e C- Azoto

nítrico (mg/L).

A

B

C

(11)

Mitra

0 10 20 30 40 50 60

20-7-04 8-9-04 28-10-04 17-12-04 5-2-05 27-3-05 Data

Na (meq/L)

GI-20 cm GI-40 cm GI-60 cm GIV-20 cm GIV-40 cm GIV-60 cm

Mitra

0 1 2 3 4 5 6 7

20-7-04 8-9-04 28-10-04 17-12-04 5-2-05 27-3-05 Data

CE (dS/m)

GI-20 cm GI-40 cm GI-60 cm GIV-20 cm GIV-40 cm GIV-60 cm

Mitra

0 50 100 150 200 250 300 350

20-7-04 8-9-04 28-10-04 17-12-04 5-2-05 27-3-05 Data

N-NO3- (mg/L)

GI-20 cm GI-40 cm GI-60 cm GIV-20 cm GIV-40 cm GIV-60 cm

Figura 4. Monitorização da solução do solo a 3 profundidades (20, 40 e 60 cm) nos Grupos I e IV na Mitra. A- Sódio solúvel (meq/L); B- Condutividade eléctrica (dS/m) e C- Azoto na forma

nítrica (mg/L).

3.2. Produções

Verificou-se, como esperado, variações nas produções conforme as diferentes modalidades estudadas, de acordo com os gradientes de salinidade e fertilizante impostos, tendo-se observado no Grupo IV os valores mais baixos de produção em ambos os campos experimentais. De recordar que o Grupo IV corresponde ao sem aplicação de fertilizante (Figura 5).

A

B

C

(12)

Produções Alvalade 2004

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000

Mod. A Mod. B Mod. C Mod. D Mod. A Mod. B Mod. C Mod. D Mod. A Mod. B Mod. C Mod. D Mod. A Mod. B Mod. C Mod. D

Grupo I Grupo II Grupo III Grupo IV

kg/ha

1,4 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9 2,0 2,1 2,2

Altura média (m)

Grão (kg/ha) Matéria Vegetal (kg/ha) Altura (m)

Produções Mitra 2004

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000

Mod. A Mod. B Mod. C Mod. D Mod. A Mod. B Mod. C Mod. D Mod. A Mod. B Mod. C Mod. D Mod. A Mod. B Mod. C Mod. D

Grupo I Grupo II Grupo III Grupo IV

Kg/ha

1,4 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9 2,0 2,1 2,2

Altura média (m)

Grão (kg/ha) Matéria vegetal (Kg/ha) Altura (m)

Figura 5. Produções da cultura de milho, grão e matéria vegetal (folhas, colmo e carolo) e altura média dos pés de milho por modalidade.

Obteve-se o máximo de produção de grão no Grupo III modalidade A (cerca de 15500 kg/ha, em Alvalade e de 13100 kg/ha, na Mitra) e rendimentos mais equilibrados (entre 12500 e 13800 kg/ha) com as várias modalidades do Grupo II. Do Grupo IV obtiveram- se as produções mais baixas quer em grão quer em material vegetal (colmo, folhas e carolo), facto que poderá ser atribuído à não aplicação de fertilização azotada. Também a altura média das plantas é mais baixa neste grupo.

Parece ter havido uma interacção positiva da aplicação da água salina com os teores mais baixos de solução azotada, dado que em todas as modalidades em que foi aplicada água salina conjuntamente com as menores doses de fertilizante azotado (7 g/m2), as produções foram superiores.

(13)

4. Conclusões

Os valores mais elevados de salinidade da solução do solo, da ordem dos 8 dS/m, foram obtidos na profundidade de 40 cm no Grupo I dos ensaios realizados em Alvalade do Sado. Quanto à Herdade da Mitra, a salinidade foi ligeiramente inferior. De Setembro a (fim das regas) a Janeiro, a monitorização de água do solo mostra que em Alvalade do Sado o solo não sofreu lixiviação, facto que parece estar relacionado com a reduzida precipitação ocorrida no período, bem como à infiltrabilidade relativamente baixa do solo. Pelo contrário, na Mitra houve nítida lavagem de sais, com decréscimo da salinidade para valores abaixo de 1 dS/m.

No Grupo IV dos dois ensaios em que não se aplicou água salina e fertilizantes, a salinidade foi sempre baixa a reduzida, salvo em Alvalade, onde foram aí registados alguns valores elevados devido à ocorrência de escorrimentos superficiais oriundos de modalidades adjacentes.

Os teores de azoto nítrico encontrados na solução do solo variaram, em regra, entre 25 e 150 mg/L, em Alvalade e entre 25 e 350 mg/L na Mitra, mas neste último caso apenas ocorreram durante o período da adubação azotada. A precipitação escassa ocorrida no período Outono/Invernal promoveu a lavagem de nitratos do solo apenas na Mitra, devido às suas condições favoráveis de drenagem interna.

Relativamente às produções obtidas neste primeiro ano de ensaios infere-se que o efeito conjunto da água de rega mais salina e de 7 g/m2 de adubação azotada, correspondente à modalidade A do Grupo III, deu origem aos valores de rendimento em milho-grão mais elevados. Pelo contrário, e como seria de esperar, os valores mais baixos de produção, em ambos os ensaios, corresponderam ao grupo sem aplicação de fertilizante (Grupo IV). Os resultados obtidos terão de ser confirmados nos próximos anos do ensaio.

5. Agradecimentos

Este estudo foi realizado no âmbito do projecto AGRO 727, financiado no quadro do Programa AGRO, medida 8.1.

6. Referências Bibliográficas

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