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GOLPE DE ESTADO VER TAMBÉM SUGESTÕES DE LEITURA

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Academic year: 2021

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acesso à internet e à cultura globalizada, crianças e adolescentes de baixa renda estão excluídos desse meio. Por outro lado, o acesso cotidiano que os jovens de classe média e alta têm à cultura mundial traz outros problemas, como a generalização da sociedade de consumo. Em ambos os casos, os profissionais em sala de aula precisam se adaptar ao tipo de realidade que encontram e procurar contornar uma exclusão social crescente, tentando evitar o preconceito social que se desenvolve no Brasil e gira em torno da posse ou não do acesso aos bens econômicos e culturais da globalização.

VERTAMBÉM

Capitalismo; Cidadania; Imperialismo; Indústria Cultural; Liberalismo; Pós- modernidade; Trabalho.

SUGESTÕESDELEITURA

BARBOSA, Alexandre de Freitas. O mundo globalizado: política, sociedade e economia. São Paulo: Contexto, 2001.

CASTELLS, Manuel. A era da informação. São Paulo: Paz e Terra, 1999, 3v.

FARIA, Ricardo Moura; LIZ, Mônica Miranda. Da Guerra Fria à nova ordem mundial. São Paulo: Contexto, 2003.

HOBSBAWM, Eric. O novo século. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

LIMA, Marcos Costa (org.). O lugar da América do Sul na nova ordem mundial.

São Paulo: Cortez, 2001.

MARQUES, Adhemar; BERUTTI, Flávio; FARIA, Ricardo. História do tempo presente.

São Paulo: Contexto, 2000.

PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi (orgs.). História da cidadania. São Paulo:

Contexto, 2003.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2003.

SINGER, Paul. O Brasil na crise: perigos e oportunidades. São Paulo: Contexto, 1999.

GOLPEDE ESTADO

Na história da América Latina, o cenário político desde a independência sempre foi tumultuado por insurreições e movimentos armados. Durante os séculos XIX e XX, tornou-se comum uma forma específica de insurreição política, o golpe de Estado. A expressão golpe de Estado vem do francês coup d’Etat, fórmula empregada para designar

Golpe de Estado

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a tomada de poder por Napoleão no 18 Brumário, quando este, em 1799, assumiu o poder da França pós-Revolução Francesa, substituindo o governo do Diretório por um consulado com três nomes, o seu incluído, e logo pelo seu governo individual e ditatorial. Golpe de Estado passou então a denominar todo movimento de subversão da ordem constitucional, toda derrubada de um regime político, em geral por elementos de dentro do Estado, principalmente as Forças Armadas. Nesse sentido, golpe de Estado é um movimento realizado contra uma Constituição, e como tal está bastante atrelado ao Ocidente contemporâneo, visto ser nesse contexto histórico que predominam os regimes constitucionais. De forma geral, o golpe de Estado é um fenômeno político quase sempre de caráter violento, uma ação radical contra a ordem vigente.

No caso do golpe de Napoleão, além de inaugurar o golpe de Estado como conceito, iniciou também a tradição da ditadura de tipo bonapartista, na qual um governante assume caráter supremo, enfraquecendo todas as formas de organização política de sua sociedade e governando em relação direta com o povo. Esse caso define ainda uma outra importante característica do golpe de Estado, o fato de que ele está frequen- temente associado ao estabelecimento de uma ditadura. O objetivo de todo golpe de Estado é tomar o poder, derrubando o governo em exercício. Mas o golpe não é um regime de governo, não é governo. Ele é um movimento político de contestação da ordem que prepara o caminho para outra forma de governo, em geral uma ditadura.

Existem várias expressões utilizadas como sinônimos de golpe de Estado na História: na América Latina e Espanha é o “pronunciamiento” ou quartelada, o golpe militar clássico. Na Alemanha, é o putsch. Termos correlatos para o golpe de Estado de tipo militar, com finalidades políticas. E, no entanto, não devemos generalizar, pois nem todos os golpes de Estado são militares.

Apesar do pronunciamiento ou quartelada ser o mais conhecido e o mais difundido não é de forma nenhuma o único tipo de golpe de Estado. Primeiro, na própria classificação de golpe militar, temos de diferenciar o golpe de Estado bem-sucedido, o pronunciamiento, das outras formas: as intentonas, por exemplo, são revoltas militares também com fins políticos, mas que ao fracassarem são consideradas golpes insensatos, sendo este o significado da palavra intentona. Os motins, por sua vez, são revoltas militares contra a hierarquia, normalmente sem objetivos políticos, nem finalidade de derrubar a ordem vigente. Temos ainda as insurreições, levantes muitas vezes populares e civis. Lembrando que a maioria das intentonas, insurreições e motins não chega a abalar gravemente a ordem social a que pertencem. Os golpes de Estado, pelo contrário, por sua organização, mesmo que não sejam bem-sucedidos, causam graves abalos à ordem política.

Por outro lado, existem os golpes não militares. Por exemplo, o chamado golpe branco, que acontece quando grupos políticos e sociais usam de pressão – e não de

Golpe de Estado

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força – para forçar uma decisão governamental ou impor um governante. Um caso de golpe branco aconteceu após a renúncia do presidente brasileiro Jânio Quadros, em 1961, quando os militares e as elites se recusaram a aceitar a posse do vice-presidente, o esquerdista João Goulart, e pressionaram politicamente, conseguindo transformar o regime de governo de presidencialismo em parlamentarismo. No entanto, a crise gerada pelo governo de João Goulart, que conseguiu a volta do presidencialismo um ano depois, terminou por levar ao golpe de 1964, desfechado por militares de direita. Enquanto o golpe do parlamentarismo foi um golpe branco, realizado pelo Congresso, o movimento de 1964, por sua vez, foi um pronunciamiento típico, ou seja, um exemplo de golpe de Estado militar clássico.

Um terceiro modelo de golpe de Estado é o autogolpe, em que um governante legítimo, eleito, cancela os direitos constitucionais, revoga ilegalmente o poder do Legislativo e do Judiciário, impondo-se de forma autoritária sobre a sociedade e se configurando como uma ditadura. Exemplo desse tipo de golpe também pode ser encontrado na América Latina, como é o caso do governo de Fujimori no Peru, que, apesar de eleito democraticamente em 1992, apoiou-se nas Forças Armadas para empreender um governo autoritário, fechando o Congresso e suspendendo a Constituição.

O golpe de Estado como conceito se aproxima de outros, como revolução: em comum, ambos se apresentam como rupturas bruscas da ordem institucional. Além disso, o objetivo dos dois é derrubar um governo e instituir outro, mas enquanto a revolução é uma modificação radical das estruturas econômicas e sociais, o golpe, em geral, é apenas a substituição pura e simples das elites no poder, quase sempre levado a cabo pelas chamadas elites orgânicas, ou seja, as elites inseridas no próprio Estado, como os burocratas e os militares. Normalmente é comum o golpe de Estado ser apresentado como movimento conservador e a revolução, como progressista.

Mas isso não pode ser um critério definidor, pois, por um lado, existem revoluções consideradas conservadoras, como a iraniana de 1979, e, por outro, o próprio conceito de progresso e conservadorismo é relativo.

Para alguns autores, o golpe de Estado é uma característica de sociedades politicamente instáveis e subdesenvolvidas, sobretudo no século XX, raríssimas vezes sendo visível na Europa e na América do Norte anglo-saxã. Nessa abordagem, a maior ou menor ocorrência de golpes de Estado está atrelada à existência ou ausência de uma cultura política democrática instituída na sociedade. Assim, países com sólidas instituições democráticas e representativas em geral têm pequena ou nenhuma incidência de golpes de Estado. No entanto, se tais instituições são mais comuns na Europa ocidental, não podemos esquecer exemplos como o da Índia, que durante o século XX não conheceu golpes militares, sendo sua única experiência golpista um

Golpe de Estado

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golpe branco proferido por Indira Ghandi em 1970, que desmantelou a oposição no Congresso. Isso se explica porque a Índia, apesar de ser Terceiro Mundo, possui sólida tradição de representatividade legislativa, com uma cultura popular muito voltada para a discussão política.

Quanto à historicidade do golpe de Estado, ou seja, sua delimitação temporal, alguns pensadores defendem que esse movimento político é uma característica específica do Estado nacional com Constituição, e logo existe apenas na Idade Contemporânea. Outros afirmam que o golpe de Estado pode ser definido, de forma mais ampla, como um meio político para derrotar inimigos dentro do Estado, pela utilização da força, e nesse caso pode ser visto desde as mais antigas civilizações.

De qualquer forma, um golpe de Estado é por natureza subversivo, construído na clandestinidade, preparado com considerável antecedência e planejamento. Não podemos, assim, estudar o golpe simplesmente a partir da tomada do poder. Sua preparação talvez diga mais sobre seus objetivos e componentes do que o golpe em si. Além disso, é comum que antes mesmo da tomada de poder, os golpistas iniciem um processo de destruição da legitimidade do governo junto ao povo, atacando politicamente e por meio da mídia. Esse foi o caso, por exemplo, do golpe conservador contra o presidente socialista eleito democraticamente no Chile, Salvador Allende, em 1970-73. Antes mesmo da quartelada ser desfechada, a oposição conservadora tentou um golpe branco no Congresso, sem sucesso, e iniciou um intenso processo de sabotagem do governo, por meio de boicotes e campanhas negativas. Não é incomum também que no período de preparação os golpistas invistam na cooptação de aliados, de lideranças políticas e sociais. O golpe de 1964, no Brasil, pode ser tomado como exemplo em que os militares golpistas se preocuparam de antemão em constituir alianças e conseguir apoio social antes do golpe, nesse caso, o apoio da Igreja e do empresariado.

Durante o século XX, uma importante característica do golpe de Estado foi a ligação entre os golpistas e uma ideologia internacional. Caso dos golpes do Terceiro Mundo durante a Guerra Fria, quando tanto os EUA quanto a União Soviética foram grandes incentivadores de golpes de direita e de esquerda, respectivamente.

Se definirmos o golpe de Estado como um fenômeno da História contemporânea, ligado à existência do Estado nacional constitucional, podemos entender melhor a razão da grande incidência de golpes na América Latina entre os séculos XIX e XX, pois nessa região e nesse momento o próprio Estado nacional era não só recente como importado de modelos externos europeus, e como tal tinha pouca ou nenhuma base na sociedade. Além disso, também as Constituições, elaboradas por elites dominantes, não tinham sido construídas em cooperação com a sociedade. Logo, a mudança brusca de elites governantes pouco interessava às massas, que, de qualquer forma, não participavam nem do processo de construção do Estado nem de seu governo.

Golpe de Estado

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Seja como for, o golpe de Estado é uma realidade na América Latina até hoje, como bem demonstra o golpe branco de Fujimori no Peru da década de 1990.

O Brasil, a exemplo de muitos outros países na região, teve sua vida política e social no século XX grandemente influenciada por diversos golpes de Estado, o último dos quais, em 1964, levou um governo militar ao poder por vinte anos, com consequências visíveis até hoje na vida do país. Nessa perspectiva, o tema tem grande importância para o ensino da História. Estudar os golpes de Estado ao longo da história é uma importante ferramenta para a compreensão do mundo contemporâneo e da América Latina, além de possibilitar diversas discussões em sala de aula, como a falta de consciência social, de cidadania e de participação política no Brasil e na América Latina. Uma carência que permite a existência de golpes de Estado e de outras mazelas políticas da região.

VERTAMBÉM

Cidadania; Democracia; Ditadura; Estado; Fascismo; Liberdade; Massa/Multidão/

Povo; Militarismo; Nação; Política; Revolução; Terrorismo; Violência.

SUGESTÕESDELEITURA

CASALECCHI, José Ênio. O Brasil de 1945 ao golpe militar. São Paulo: Contexto, 2002.

COGGIOLA, Osvaldo. Governos militares na América Latina. São Paulo: Contexto, 2001.

FERREIRA, Mário; NUMERIANO, Roberto. O que é golpe de Estado. São Paulo:

Brasiliense, 1993.

GOODSPEED, Donald. Conspiração e golpes de Estado. Rio de Janeiro: Saga, 1966.

LUTTWAK, Edward. Golpe de Estado: um manual prático. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991.

MALAPARTE, Curzio. Técnica do golpe de Estado. Lisboa: Europa-América, 1983.

PINSKY, Jaime (org.). História da América através de textos. São Paulo:

Contexto, 1994.

Golpe de Estado

Referências

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