IMPRESSO
Nº 32 Agosto de 2009
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Cuidar do ambiente é um gesto de
amor à vida!
As mudanças ambientais no mundo são sinais de alerta. Algumas espécies de animais e plantas desapareceram ou estão em fase de extinção. A água está escassa para milhões de pessoas. A poluição mudou o clima. A temperatura media sobe anualmente. O ar está mais seco. Os desastres naturais intensos, com vítimas no campo, na floresta e nas cidades.
Todos nós sofremos as consequências do desequilíbrio que acontece na natureza.
O ser humano está ameaçado com o desastres que ele mesmo provoca.
Dividimos as responsabilidades pelo cuidado com o meio ambiente. Como assinala o recente documento do Papa Bento XVI, Caritas in Veritate (Caridade na Verdade), “a natureza é um dom de Deus, e precisa ser usada com responsabilidade”.
O Boletim REBIDIA aborda o assunto meio
ambiente com o propósito de proteger e
defender todas as formas de vida. Elas são
presente sagrado de Deus. O texto destaca
as consequências geradas com o aumento
da força das chuvas, o valor dos materiais
recicláveis e a colaboração da Pastoral da
Criança com o meio ambiente. Além disso,
descreve os principais objetivos da 1ª
Conferência Nacional de Saúde Ambiental,
que acontece em Brasília de 08 a 12 de
dezembro de 2009.
Chove e as casas ficam alagadas!
Com mais frequência e mais intesidade as chuvas que anualmente chegam em certas regiões do país afetam milhares de pessoas. Algumas situações geram calamidade, são extremas e inesperadas, como os recentes secas e ciclones no Sul, acompanhados de enchentes no Norte e Nordeste do país.
Outras nem tanto, pois se repetem no mesmo local a cada ano, o que a princípio possibilitaria que providências fossem tomadas para evitar sofrimentos anunciados. Na busca por um abrigo, normalmente os espaços públicos mais utilizados são as escolas e creches. Como consequência, além dos problemas causados pela enchente, as crianças ficam semanas e até meses sem aulas.
Nas grandes cidades as situações mais comuns tem a ver com o lixo jogado nos bueiros, córregos e rios, o que impede o escoamento da água. Ainda existem os desabamentos de casas nas encostas dos morros, na beira dos rios, e a ausência de obras de limpeza e de contenção das águas para prevenir os desastres causados pelas fortes chuvas.
As cheias dos rios em algumas regiões no Nordeste e no Norte do país fazem parte do ciclo de vida destas Regiões. Além de possibilitar a navegação, ao avançar naturalmente sobre as margens, os rios enriquecem o solo e contribuem para a produção de alimentos. Mas como explicar as situações recentes de enchentes que mudaram a vida nestas Regiões do Brasil?
As enchentes e desastres naturais são oportunidades para refletir sobre o desequilíbrio que causamos ao meio ambiente com nosso jeito de viver. No campo e na floresta existem regras para que todos respeitem as reservas naturais, os animais, as margens dos rios, matas e nascentes. Como fazer para cumprir a lei? Nas cidades deveriam existir políticas públicas para que o lixo produzido fosse coletado e depositado em lugares adequados.
As mudanças no clima e o descaso com o meio ambiente, em qualquer lugar, prolifera doenças, como a dengue e malária, e destrói a vida das pessoas, principalmente dos mais pobres.
Os problemas e as soluções ambientais são específicas em cada cidade ou área rural. Mas de modo geral, é possível apontar algumas situações mais comuns:
• a construção de casas ou barracos próximos aos rios, por mais que seja a única alternativa de moradia para muita gente, é um perigo para as pessoas. O poder público tem obrigação de discutir e agir com a comunidade para evitar uma possível tragédia nestas áreas urbanas;
• a cada ano, muitas cidades com história de enchentes sabem que pessoas ficarão desabrigadas pelas chuvas. Por isso é preciso que os governos tenham uma estratégia de defesa civil e espaços adequados para abrigar as famílias. As escolas não deveriam ser sempre os únicos locais de refúgio. Quando isso acontece, ano após ano, no mínimo significa que a educação continua a ter baixa prioridade,
sem a qualidade desejada, o que prejudica os alunos para o resto de suas vidas;
• o sistema de coleta e tratamento do lixo e do esgoto evita o aumento de doenças durante o período de chuvas. A oferta destes serviços de saneamento é obrigação da prefeitura. Cada centavo investido em saneamento gera economia com os gastos no tratamento de doenças;
• a preservação da margem dos rios e nascentes é obrigação da coletividade e do Estado, e significa defender e preservar um bem para as presentes e futuras gerações (artigo 225, da Constituição Federal). A discussão sobre a preservação com as pessoas que vivem nestes locais deve ter como objetivo construir condições para a convivência com o meio ambiente. Nos casos necessários, é obrigação do Estado transferir as pessoas, com a garantia de oferecer melhores condições de vida.
• as áreas com a vegetação
destruída voltam a ter vida
com o plantio de árvores. A
comunidade pode participar de
projetos de reflorestamento
das margens dos rios, praças,
ruas e espaços públicos .
A mudança de consciência com
relação ao ambiente deve ser
acompanhada da experiência das
pessoas. Os pequenos gestos de
cada um são necessários para
completar o esforço de todos, e
quem sabe evitarmos grandes
desastres na comunidade e no
planeta. Promova o debate deste
assunto na sua comunidade!
A história da Associação dos Trabalhadores na Separação de Resíduos Recicláveis de Colombo, município da região metropolitana de Curitiba, Paraná, começou em 2001. Na época, as pessoas que iam à missa na Igreja Nossa Senhora da Saúde de Colombo foram convidadas pelo padre a levar o material reciclável como gesto concreto do ofertório durante a missa. Foi um jeito de envolver a comunidade para ajudar o próximo. Um grupo da paróquia se encarregava de separar e vender o material, e junto com as famílias pobres utilizavam o dinheiro de acordo com a maior necessidade de cada família.
Para algumas delas o problema era pagar uma conta atrasada, comprar material escolar.
Outras precisavam de gás, alimentos ou mesmo ajuda para transporte.
A partir dessa experiência, um grupo se organizou, conseguiu
alugar um galpão, e fez da reciclagem uma fonte de renda.
Depois veio o apoio da prefeitura e das empresas locais, como os mercados e lojas. Atualmente seis pessoas participam da Associação. Eles recebem o material transportado pela prefeitura, separam e vendem. A renda chega a um salário mínimo por pessoa da Associação.
“Aprendi com meus companheiros que nosso produto de sobrevivência é o material reciclável. Não lidamos com lixo!”, descreve Edna Freitas Meneses Martins, uma das pioneiras do grupo e líder da Pastoral da Criança. A lição veio com a luta para que o trabalho fosse respeitado pela sociedade.
O grupo está associado ao Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (www.mncr.org.br) um simbolo do protagonismo das pessoas que encontraram na reciclagem uma forma de
sobreviver e evitar a poluição do meio ambiente.
“Mas existem barreiras neste negócio. Quando as pessoas percebem que o trabalho é lucrativo, começam a se encostar na iniciativa para tirar proveito”, avalia Edna. “Existem também os atravessadores, que querem comprar sempre a um preço mais baixo. Ainda é preciso contar com as despesas de aluguel do barracão, luz e manutenção. Temos também uma preocupação com a saúde, pois qualquer descuido, como trabalhar sem luvas, pode ser uma porta aberta para as doenças. Felizmente fomos contemplados com a oferta de um barracão desocupado da Embrapa, e esperamos em breve mudar para o novo local e formar uma cooperativa. Com a união dos catadores e uma quantidade maior de material poderemos vender direto para a indústria.”
Muitas prefeituras descobriram o que era óbvio: é alto o custo para tratar as doenças e os prejuízos causados pelo lixo. As boas experiências mostram que com a participação da comunidade e boa vontade dos governos é possível despertar o interesse das pessoas pela preservação ambiental.
Felizmente, a coleta seletiva de materiais chegou a muitas cidades . As pessoas separam em casa, nas escolas e nas empresas o lixo dos materiais recicláveis. A prefeitura coleta esses materiais.
Depois de selecionados, eles são vendidos e o recurso fica com os grupos ou cooperativas de reciclagem. Os produtos para reciclagem que normalmente rendem mais dinheiro são latas de alumínio, latas de aço, papel e papelão, plástico e vidro. Eles representam cerca de 90% das vendas de recicláveis.
Hoje cerca de 400 cidades tem sistema público de coleta seletiva. Poucos municípios, no entanto, tem um programa que faz chegar o serviço a 100%
das residências – o que seria ideal. Além disso, o segredo para haver qualidade nos produtos recicláveis é a limpeza, que se consegue com a separação entre material e restos orgânicos.
Nas comunidades a implantação de programas de troca para fazer a coleta dos materiais recicláveis traz bons resultados. Cada cinco quilos de material, por exemplo, poderia dar direito a um quilo de alimento ou material escolar, brinquedos e ingressos para apresentações. O princípio é sempre o mesmo: construir uma mentalidade de cuidado e respeito pelo meio ambiente.
A coleta seletiva do material reciclável
Material reciclável é fonte de renda para as famílias
Aproveitamento integral dos Alimentos A alimentação sem variedade e com poucos nutrientes pode contribuir para o aparecimento de doenças. A Pastoral da Criança ensina os líderes e as famílias da comunidade a aproveitar melhor os alimentos (cascas, talos, folhas e sementes), evitar o desperdício e terem saúde com economia.
Utilização de caixas, garrafas e latas para o plantio
Os quintais das casas podem oferecer alimentos para enriquecer a mesa da família. Com orientação da Pastoral da Criança, a horta caseira nos espaços reduzidos produz hortaliças, legumes e temperos com o uso de vasilhas,
garrafas PET e caixas para o plantio. Além de reciclar materiais, a ideia é evitar a sujeira, e aproveitar o lixo orgânico como restos de frutas e legumes, cascas de ovos e pó de café para fazer adubo para as plantas.
Construção de brinquedos com materiais recicláveis
Brincar é um direito da criança. Ao oferecer oportunidades para o desenvolvimento infantil, a Pastoral da Criança ensina a fazer brinquedos. As crianças aprendem que os materiais podem ser reaproveitados. Com uma garrafa plástica é possível fazer um carrinho. Uma folha de palmeira amarrada se transforma em cavalinho. Os brinquedos também podem ser consertados, limpos e renovados com ajuda das famílias e da comunidade.
Expediente:
Rebidia– Rede Brasileira de Informação e Documentação sobre Infância e Adolescência
Coordenação geral:Dra. Zilda Arns Neumann, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança,
• Irmã Vera Lúcia Altoé, coordenadora nacional da Pastoral da Criança. Elaboração:Clóvis Boufleur – Gestor de Relações Institucionais da Pastoral da Criança e representante titular da CNBB no Conselho Nacional da Saúde.
Projeto gráfico: Fernando Ribeiro Tiragem: 40 mil exemplares.
Apoio: