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Contabilidade Financeira

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Academic year: 2022

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Pró-reitoria de EaD e CCDD

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Contabilidade Financeira

Aula 5

Prof. Guilherme Teodoro Garbrecht

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Pró-reitoria de EaD e CCDD

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Conversa inicial

Esta é a quinta aula da disciplina de Contabilidade Financeira e o tema estudado hoje é a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) e a Demonstração do Valor Adicionado (DVA).

A DFC não é obrigatória para todas as empresas brasileiras, somente para aquelas que possuem um patrimônio líquido superior a R$ 2 milhões. Ela permite a análise do caixa e suas variações, auxiliando as empresas a gerenciar seu caixa.

Por sua vez, a DVA só é obrigatória para as empresas constituídas sob a forma de sociedade anônima de capital aberto e evidencia o valor gerado por uma empresa em determinado período, e também a forma como ela distribuiu esses valores.

Contextualizando

A gestão financeira desempenha um importante papel na empresa, possibilitando o planejamento e o controle das necessidades de recursos financeiros. A Contabilidade auxilia o processo de controle dos recursos financeiros e a projeção dos fluxos de caixa das empresas. Entre as ferramentas contábeis disponíveis para esse fim encontra-se a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), que evidencia o movimento do caixa em determinado período.

A gestão financeira utiliza o fluxo de caixa como ferramenta importante para auxiliar a gestão da empresa. O fluxo de caixa mostra os valores a receber e a pagar, com movimentações diárias, semanais, mensais e possibilita projeções desses valores, de acordo com a necessidade de controle da empresa. A DFC segue o conceito do Regime de Caixa, e nesse aspecto difere das demais demonstrações, que são elaboradas segundo o preceito do Regime de Competência.

A situação financeira de uma empresa pode ser descrita e analisada

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3 mediante a utilização da DFC, que representa a visão passada e presente do caixa. Porém, uma importante contribuição dessa demonstração se dá quando ela é empregada para fazer previsões de valores do caixa. Esse efeito preditivo amplia a sua importância, pois auxilia as decisões financeiras operacionais, de investimentos e de financiamentos.

A análise da DFC de uma empresa ao longo do tempo pode evidenciar a necessidade de caixa, o nível de endividamento e os valores dos investimentos. Uma empresa que não gera capital suficiente na sua atividade operacional necessita de recursos externos, que podem ser angariados junto aos sócios e acionistas ou por meio de instituições financeiras.

Caso a empresa busque tais recursos com empréstimos e financiamentos bancários ou provenientes de outros fornecedores de capitais de terceiros, estará aumentando seu endividamento e seu risco. Um fluxo operacional que não gera entradas de caixa por período prolongado acarreta um endividamento que pode comprometer a saúde financeira da empresa. A análise desse tipo de situação pode ser realizada mediante a elaboração e interpretação da Demonstração dos Fluxos de Caixa, como veremos nesta aula.

Tema 1: Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) – Conceito e Estrutura

A Demonstração do Resultado evidencia o resultado econômico da entidade, o qual, como já foi explicado na Aula 4, difere do resultado financeiro.

Uma empresa pode ter lucros contínuos na DR e mesmo assim encontrar-se em dificuldades financeiras, motivadas pelo descompasso entre recebimentos e pagamentos. Estes são monitorados pela gestão financeira da empresa, por meio de controles financeiros e orçamentos.

Entre as demonstrações contábeis, uma não é elaborada com base no regime de competência, e sim no regime de caixa, com o objetivo de demonstrar a movimentação ocorrida no caixa da companhia. Trata-se da

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4 Demonstração dos Fluxos de Caixa.

A Demonstração dos Fluxos de Caixa tornou-se obrigatória a partir da edição da Lei nº 11.638/07, que alterou a Lei nº 6.404/76, incluindo a DFC no rol das demonstrações obrigatórias. Porém, essa obrigatoriedade não se estende a todas as empresas, somente àquelas com Patrimônio Líquido superior a R$ 2 milhões.

Vamos, agora, estudar o conceito e o objetivo da DFC:

Iudícibus et al. (2010, p.

567)

O objetivo primário da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) é prover informações relevantes sobre os pagamentos e recebimentos, em dinheiro, de uma empresa, ocorridos durante um determinado período, e com isso ajudar os usuários das demonstrações contábeis na análise da capacidade da entidade de gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como suas necessidades para utilizar esses fluxos de caixa.

Crepaldi (2010, p. 245) A informação sobre os fluxos de caixa proporciona aos usuários das demonstrações contábeis uma base para avaliar a capacidade da entidade para gerar caixa e seus equivalentes e as necessidades da entidade para utilizar esses fluxos de caixa.

Assaf Neto (2010, p. 84) A DFC permite que se analise, principalmente, a capacidade da empresa de honrar seus compromissos financeiros, gerar resultados de caixa futuros e sua liquidez e solvência financeira.

Ávila (2011, p. 163) Tem por objetivo evidenciar a capacidade da empresa em gerar caixa, bem como demonstrar a necessidade de caixa para o desenvolvimento de suas atividades. Por meio da DFC, podemos verificar o quanto a empresa consegue captar ou qual é a necessidade de captação.

De acordo com o exposto pelos autores citados acima, a DFC é a demonstração que evidencia o caixa e seus equivalentes, bem como sua movimentação (entradas e saídas) em determinado período.

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5 Os conceitos citados recorrem à denominação de Caixa e Equivalentes de Caixa, mas, o que são esses itens?

 Caixa: compreende o numerário em espécie (dinheiro em caixa) e os depósitos bancários disponíveis.

 Equivalentes de Caixa: são as aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor.

Para ser considerada um Equivalente de Caixa, a aplicação financeira precisa apresentar três características:

a) Ser de curto prazo: O CPC 03, no seu item 7, indica que um investimento normalmente se qualifica como equivalente de caixa somente quando tem vencimento de curto prazo; por exemplo, três meses ou menos, a contar da data da aquisição. A norma não estabelece explicitamente uma definição de curto prazo, mas o CPC toma como exemplo o período de três meses.

b) Alta liquidez: as aplicações financeiras precisam ser rapidamente conversíveis em caixa, se houver necessidade por parte da empresa.

Uma aplicação que se enquadre nas demais características de equivalente de caixa, mas não possa ser facilmente convertida em dinheiro, ou seja, não tenha a liquidez necessária ou seja de difícil venda, não será considerada como tal.

c) Insignificante risco: as aplicações consideradas como equivalentes de caixa são as que têm baixo risco de alteração do seu valor.

Investimentos mais arriscados, de caráter especulativo, como as aplicações em ações ou outros títulos de maior risco, não devem ser enquadrados como equivalentes de caixa, pois não há certeza do recebimento dos valores correspondentes, em função da flutuação das cotações desse tipo de aplicação.

A definição dos itens enquadrados como Caixa e Equivalentes de Caixa

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6 é importante, pois a DFC busca explicar as variações ocorridas nesses itens.

Por ser uma demonstração que busca a aproximação com o regime de caixa, a mesma fornece apoio à gestão do fluxo de caixa da entidade, demonstrando o que ocorreu em determinado período e auxiliando na projeção para os períodos seguintes. No entanto, a DFC permite a análise de diversos fatores, como exemplificam Iudícibus et al. (2010, p. 568):

a) a capacidade de a empresa gerar futuros fluxos líquidos positivos de caixa;

b) a capacidade de a empresa honrar seus compromissos, pagar dividendos e retornar empréstimos obtidos;

c) a liquidez, a solvência e a flexibilidade financeira da empresa;

d) a taxa de conversão de lucro em caixa;

e) a performance operacional de diferentes empresas, por eliminar os efeitos de distintos tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos;

f) o grau de precisão das estimativas passadas de fluxos futuros de caixa;

g) os efeitos, sobre a posição financeiro da empresa, das transações de investimento e de financiamento etc.

A DFC deve apresentar os fluxos de caixa do período em estudo classificados, no mínimo, por atividades operacionais, de investimento e de financiamento, o que amplia a quantidade das análises proporcionadas pelas informações obtidas.

Tema 2: Atividade Operacional

A natureza da transação é que define seu enquadramento nos três fluxos de caixa elencados na DFC. Porém, uma mesma operação pode alterar fluxos de caixa de mais de uma atividade; por isso é necessário analisar, além da operação em si, a utilização que a empresa fará da mesma.

Ribeiro (2010, p. 365) explica o motivo da divisão em fluxos diferentes:

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“tendo em vista a grande variedade de transações que podem ocorrer tanto em relação às entradas quanto em relação às saídas do caixa em um período, há necessidade de se agrupar as ocorrências de mesma natureza para que o demonstrativo possa ser o mais claro possível”. Esse autor explica que a classificação em fluxos distintos possibilita que os usuários da Contabilidade compreendam os motivos que provocaram a variação do saldo da conta caixa, demonstrando assim as origens e valores dos recursos financeiros e a consequente aplicação dos mesmos, ou seja, o destino das saídas dos recursos.

A Lei nº 6.404/76, no seu art. 188, e o CPC 03, no seu item 10, disciplinam a abertura das informações da DFC em três fluxos distintos:

O primeiro fluxo que estudaremos é o Operacional, que, segundo Iudícibus et al. (2010, p. 569), é o fluxo que envolve as atividades relacionadas à produção e à entrega de bens e serviços. As operações demonstradas no Fluxo Operacional relacionam-se, normalmente, com as principais atividades geradoras de receita da entidade, que aparecem na Demonstração de

Operacionais Financiamento Investimento

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8 Resultado.

A atividade operacional demonstra a geração de caixa da entidade, utilizada para as demais operações da empresa, como explica o CPC 03, no seu item 13:

O montante dos fluxos de caixa advindos das atividades operacionais é um indicador chave da extensão pela qual as operações da entidade têm gerado suficientes fluxos de caixa para amortizar empréstimos, manter a capacidade operacional da entidade, pagar dividendos e juros sobre o capital próprio e fazer novos investimentos sem recorrer a fontes externas de financiamento.

A DFC demonstra as entradas e saídas, ou seja, se ocorrerem no período mais entradas de caixa na Atividade Operacional, significa que o caixa gerou recursos; mas, se ocorreram saídas em montante superior às entradas, o caixa da atividade consumirá recursos, gerando um fluxo negativo para essa atividade.

A seguir estão alguns exemplos de entradas de caixa na Atividade Operacional:

 recebimentos de caixa resultantes da venda de mercadorias e da prestação de serviços;

 recebimentos de caixa decorrentes de royalties, honorários, comissões e outras receitas;

 recebimento de juros sobre empréstimos concedidos e sobre aplicações em instituições financeiras;

 recebimento de dividendos e juros sobre capital próprio pela participação no patrimônio de outras empresas.

 recebimentos por seguradora de prêmios e sinistros, reembolso de valores, valores de causas judiciais etc.

São exemplos de saídas de caixa na Atividade Operacional:

 pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e serviços;

 pagamentos de caixa a empregados ou por conta de empregados;

 pagamentos a fornecedores de outros insumos de produção e serviços prestados por terceiros;

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 pagamentos de impostos, taxas e contribuições;

 pagamentos de juros (despesas financeiras) dos financiamentos (comerciais e bancários) obtidos;

 pagamento para a produção ou aquisição de ativos destinados a aluguel e subsequente venda.

Vejamos, agora, alguns exemplos de operações e do resultado da atividade operacional num determinado período:

Operações:

 Recebimento pela venda de mercadorias R$ 10.000,00

 Pagamento a fornecedores de mercadorias R$ 3.000,00

 Pagamento de salários R$ 4.000,00

 Recebimento pela prestação de serviços R$ 2.000,00

 Pagamento de Imposto de Renda R$ 1.000,00

 Pagamento de energia elétrica R$ 1.500,00

 Pagamento de honorários R$ 2.000,00

Demonstração do Fluxo da Atividade Operacional:

1. Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais

(+) Recebimento de Clientes 10.000,00

(+) Recebimento por Serviços 2.000,00

(-) Pagamento de Fornecedores (3.000,00)

(-) Pagamento de Despesas (salários, energia elétrica, honorários) (7.500,00)

(-) Pagamento de Tributos (1.000,00)

(=) Caixa Gerado na Atividade Operacional 500,00

Na análise do fluxo apresentado, verifica-se que o valor da Atividade Operacional foi positivo, gerando R$ 500,00 no período. Caso as despesas tivessem sido maiores que as receitas, teríamos um valor negativo, significando mais saídas de caixa que entradas.

Tema 3: Atividades de Investimento e Financiamento

A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) classifica os fluxos em

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10 Operacionais, Financiamentos e Investimentos. Vimos que a Atividade Operacional relaciona as operações ligadas à atividade principal da empresa, como compra e venda de mercadorias, produção de bens e prestação de serviços. Vamos ver, agora, os outros dois fluxos: Investimento e Financiamento.

Atividade de Investimento

Os fluxos operacionais gerados são utilizados para amortizar empréstimos, manter a capacidade operacional da entidade e fazer novos investimentos. As movimentações de entrada e saída de recursos de investimentos são demonstradas no Fluxo da Atividade de Investimento.

A Atividade de Investimento, de acordo com Ribeiro (2010, p. 366), compreende as transações com os ativos financeiros, as aquisições ou vendas de participações em outras entidades e de ativos utilizados na produção de bens ou na prestação de serviços ligados ao objeto social da entidade.

Encontramos as operações que devem ser descritas como Atividade de Investimento no grupo Ativo Não Circulante do Balanço Patrimonial. Estas compreendem os ativos de longo prazo da companhia, como as operações do Realizável a Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível.

A importância da segregação das Atividades de Investimento é destacada pelo CPC 03, no seu item 16:

A divulgação em separado dos fluxos de caixa advindos das atividades de investimento é importante em função de tais fluxos de caixa representarem a extensão em que os dispêndios de recursos são feitos pela entidade com a finalidade de gerar lucros e fluxos de caixa no futuro. Somente desembolsos que resultam em ativo reconhecido nas demonstrações contábeis são passíveis de classificação como atividades de investimento.

São exemplos de entradas de fluxos de caixa advindos das atividades de investimento:

 recebimentos de caixa resultantes da venda de ativo imobilizado, intangíveis e outros ativos de longo prazo;

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 recebimentos de caixa provenientes da venda de instrumentos patrimoniais ou instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em joint ventures;

 recebimentos de caixa pela liquidação de adiantamentos ou amortização de empréstimos concedidos a terceiros (exceto aqueles adiantamentos e empréstimos de instituição financeira);

 recebimentos de caixa por contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação imediata ou venda futura, ou os recebimentos forem classificados como atividades de financiamento.

Observe agora alguns exemplos de saídas de fluxos de caixa advindos das atividades de investimento:

 pagamentos em caixa para aquisição de ativo imobilizado, intangíveis e outros ativos de longo prazo;

 pagamentos em caixa para aquisição de instrumentos patrimoniais ou instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em joint ventures;

 adiantamentos em caixa e empréstimos feitos a terceiros (exceto aqueles adiantamentos e empréstimos feitos por instituição financeira);

 pagamentos em caixa por contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação imediata ou futura, ou os pagamentos forem classificados como atividades de financiamento.

Atividade de Financiamento

Quando os fluxos operacionais não são suficientes para a realização de investimentos ou existe vantagem para a empresa em buscar recursos de instituições financeiras, como empréstimos e financiamentos, ocorre a movimentação no fluxo de caixa de Financiamento.

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12 As operações que são descritas na Atividade de Financiamento compreendem algumas das registradas no Balanço Patrimonial, nos grupos do Passivo Circulante, Passivo Não Circulante e Patrimônio Líquido. São exemplos as operações envolvendo empréstimos, financiamentos, arrendamentos, notas promissórias, debêntures e as que envolvem investidores, como os sócios e acionistas.

A importância da segregação das Atividades de Financiamento é destacada pelo CPC 03, no seu item 17: “A divulgação separada dos fluxos de caixa advindos das atividades de financiamento é importante por ser útil na predição de exigências de fluxos futuros de caixa por parte de fornecedores de capital à entidade”.

A seguir, uma lista de exemplos de entradas de fluxos de caixa advindos das atividades de financiamento:

 caixa recebido pela emissão de ações ou outros instrumentos patrimoniais;

 caixa recebido pela emissão de debêntures, notas promissórias, outros títulos de dívida, hipotecas e outros empréstimos de curto e longo prazos;

 empréstimos obtidos de instituições financeiras.

São exemplos de saídas de fluxos de caixa advindos das atividades de financiamento:

 pagamentos em caixa a investidores para adquirir ou resgatar ações da entidade;

 amortização de empréstimos e financiamentos;

 pagamentos em caixa, pelo arrendatário, para redução do passivo relativo a arrendamento mercantil financeiro.

Vejamos, agora, exemplos de operações e da classificação nas atividades de investimento e financiamento em um determinado período:

Operações:

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 Recebimento pela obtenção de empréstimo bancário R$ 15.000,00

 Pagamento para aquisição de máquinas para uso R$ 11.000,00

 Investimento em ações de outra empresa R$ 5.000,00

 Aquisição de uma marca para uso da empresa R$ 4.000,00

 Integralização de dinheiro pelos acionistas R$ 10.000,00

 Pagamento de parcela de financiamento R$ 2.000,00

 Recebimento pela venda de um veículo R$ 12.000,00

 Pagamento de dividendos para os acionistas R$ 3.000,00

Demonstração do Fluxo da Atividade de Investimento:

2. Fluxo de Caixa das Atividades de Investimento

(+) Recebimento pela venda de ativo imobilizado 12.000,00 (-) Pagamento para aquisição de investimento em ações (5.000,00) (-) Pagamento para aquisição de ativo imobilizado (11.000,00) (-) Pagamento para aquisição de ativo intangível (4.000,00) (=) Caixa Consumido na Atividade de Investimento (8.000,00)

Demonstração do Fluxo da Atividade de Financiamento:

3. Fluxo de Caixa das Atividades de Financiamento

(+) Recebimento de empréstimo bancário 15.000,00

(+) Aumento de Capital Social 10.000,00

(-) Pagamento de financiamento (2.000,00)

(-) Pagamento de dividendos (3.000,00)

(=) Caixa Consumido na Atividade de Financiamento 20.000,00

No exemplo apresentado, o fluxo da atividade de investimento não gerou caixa, mas sim consumiu-o. Ocorreram mais saídas do que entradas de recursos no caixa da empresa.

Já o fluxo da atividade de investimento apresentou valores positivos, indicando a geração de caixa, ou seja, entraram mais recursos provenientes dessa atividade do que saíram.

Para uma análise mais aprofundada dos fluxos de caixa é necessário sabermos qual a atividade da empresa, o seu tamanho, a estrutura acionária,

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14 entre outros fatores, mas, no exemplo apresentado, pode-se perceber que a empresa está realizando investimentos no seu Ativo Não Circulante, que são aplicações, máquinas e marcas que objetivam a geração de fluxos futuros.

Esses investimentos são, em parte, suportados pelo Fluxo de Financiamento, provenientes de empréstimos contraídos com instituições financeiras e de aporte de capital pelos sócios.

Tema 4: Método Direto e Método Indireto

A Demonstração dos Fluxos de Caixa pode ser elaborada de duas maneiras: pelo Método Direto ou pelo Método Indireto. A Lei nº 6.404/76 e o CPC 03 permitem a elaboração da DFC por qualquer um dos métodos, mas as empresas de capital aberto devem elaborá-la pelo Método Indireto, conforme determinação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Vamos estudar os dois métodos, a seguir.

Método Direto

O método direto, de acordo com Ávila (2011, p. 164), consiste em demonstrar o fluxo de atividades operacionais com base nas movimentações ocorridas nas disponibilidades (caixas e equivalentes de caixa), ou seja, todos os itens que tenham ocasionado entrada ou saída de disponibilidade.

Nesse método são utilizadas as operações realizadas no caixa, bancos e aplicações financeiras enquadradas como Equivalentes de Caixa, classificadas de acordo com o fluxo a que a operação pertence.

Exemplo de DFC pelo Método Direto (adaptado de Iudícibus e Marion, 2010, p. 269):

Fluxo de Caixa – Método Direto Exercício de 2015

1. Caixa das Atividades Operacionais R$ R$

Recebimento de Vendas 128.000

(-) Pagamento das Compras (81.000)

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(-) Pagamentos das Despesas (34.000)

(=) Caixa Líquido das Atividades Operacionais 13.000

2. Caixa das Atividades de Investimento

(-) Compra de Terrenos (3.000)

(=) Caixa Líquido das Atividades de Investimento (3.000)

3. Caixa das Atividades de Financiamento

(-) Pagamento de Dividendos (4.000)

(-) Pagamento de Empréstimos de Longo Prazo (7.000)

(=) Caixa Líquido das Atividades de Financiamento (11.000)

(=) Aumento Líquido no Caixa e Equivalentes de Caixa (1.000)

Saldo do Caixa e Equivalentes de Caixa em 31/12/2015 2.000 (-) Saldo do Caixa e Equivalentes de Caixa em 31/12/2014 3.000

(=) Redução do Caixa e Equivalentes de Caixa (1.000)

Interpretações:

Pela interpretação dos números apresentados no exemplo, pode-se perceber que a atividade operacional gera recursos para a empresa, que são consumidos com investimentos e quitações de financiamentos. O caixa, no período, reduziu-se em R$ 1.000,00, o que pode ser comprovado pela subtração dos saldos no final (2015) e no início do período (2014).

Essa DFC pode demonstrar também que a empresa possui dívidas resultantes de financiamentos de períodos passados e está atualmente efetuando os pagamentos desses valores. A empresa poderia, também, ter passado por um período de crescimento, durante o qual buscara financiamentos para suas atividades operacionais e para a realização de investimentos, e na atualidade estaria realizando as amortizações dos valores dessa dívida.

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16 Método Indireto

O método indireto é elaborado partindo-se do resultado apurado no exercício. Também é conhecido como método da conciliação ou reconciliação.

Segundo Ribeiro (2010, p. 267):

i) Parte-se do lucro líquido para, após os ajustes necessários, chegar-se ao valor das disponibilidades produzidas no período, pelas operações registradas na Demonstração do Resultado. Os ajustes na DR referem-se às adições e exclusões das operações que não afetam o caixa da empresa, como a depreciação, o resultado da equivalência patrimonial e o registro de provisões.

ii) Após o ajuste no resultado do exercício, são feitos ajustes mediante a comparação dos itens operacionais dos balanços, ativos e passivos, que são os que estão diretamente vinculados às contas de Resultado, com exceção da própria conta relativa às Disponibilidades (Caixa e Equivalentes de Caixa).

Exemplo de DFC pelo Método Indireto (adaptado de Iudícibus e Marion, 2010, p. 271)

Fluxo de Caixa – Método Indireto Exercício de 2015

4. Caixa das Atividades Operacionais R$ R$

Lucro Líquido 9.000

(+) Depreciação 1.000

(=) Lucro Ajustado 10.000

(+) Aumento em Fornecedores 11.000

(+) Diminuição em Impostos a Recolher 1.000

(-) Aumento em Clientes (2.000)

(-) Aumento em Mercadorias (estoque) (7.000)

(=) Caixa Líquido das Atividades Operacionais 13.000

5. Caixa das Atividades de Investimento

(-) Compra de Terrenos (3.000)

(=) Caixa Líquido das Atividades de Investimento (3.000)

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6. Caixa das Atividades de Financiamento

(-) Pagamento de Dividendos (4.000)

(-) Pagamento de Empréstimos de Longo Prazo (7.000)

(=) Caixa Líquido das Atividades de Financiamento (11.000)

(=) Aumento Líquido no Caixa e Equivalentes de Caixa (1.000)

Saldo do Caixa e Equivalentes de Caixa em 31/12/2015 2.000 (-) Saldo do Caixa e Equivalentes de Caixa em 31/12/2014 3.000

(=) Redução do Caixa e Equivalentes de Caixa (1.000)

Interpretação:

Podemos observar que os valores dos fluxos são os mesmos demonstrados pelo Método Direto. A metodologia de elaboração é diferente somente na Atividade Operacional. Nas outras atividades, o método de elaboração é o direto, ou seja, apresentando as operações que promovem entradas nos caixas e as operações que retiram recursos do caixa.

A elaboração da atividade operacional inicia-se pelo resultado obtido na Demonstração do Resultado do período, sendo ajustada pelas operações que pertencem à DR, mas não afetam o caixa, como as despesas de depreciação.

Uma despesa registrada na DR que não afeta o caixa diminui o lucro da empresa. Portanto, para fazer o ajuste na DFC, é necessário somar a depreciação ao lucro do período. Caso não houvesse a despesa de depreciação (que reduz o lucro por ser uma despesa), o lucro do período seria de R$ 10.000,00.

Com o ajuste de adições e exclusões, o lucro ajustado demonstrado na DFC aproxima-se do lucro convertido em caixa. Não corresponde exatamente ao lucro financeiro, pois podem existir vendas a prazo e compras ainda não pagas.

Após o ajuste do lucro, são demonstradas as variações nas contas operacionais dos Ativos e Passivos, dando origem, então, ao caixa gerado ou

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18 consumido pela atividade operacional.

Tema 5: Demonstração do Valor Adicionado (DVA)

A Demonstração do Valor Adicionado foi introduzida como demonstração, no Brasil, pela Lei nº 11.638/07, que alterou a Lei nº 6.404/76. A Demonstração do Valor Adicionado é obrigatória somente para as sociedades anônimas de capital aberto, que têm suas ações listadas na BM&FBovespa. No Brasil, foi editado o CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado, que regulamenta a forma de elaboração e divulgação dessa demonstração.

Segundo o CPC 09, item 5, a DVA deve proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis informações relativas à riqueza criada pela entidade em determinado período e a forma como tais riquezas foram distribuídas.

Segundo esse conceito, a DVA divide-se em duas partes:

 Valor Adicionado

 Distribuição do Valor Adicionado

A DVA é considerada uma demonstração que tem uma vertente de demonstrativo social, pois informa o desempenho da empresa e o modo como a mesma distribui riqueza criada por ela, contribuindo assim para a sociedade, por meio de salários, impostos e remuneração das fontes de capital. Iudícibus et al. (2010, p. 584) explicam que a importância das informações da DVA consiste em:

 analisar a capacidade de geração de valor e a forma de distribuição das riquezas de cada empresa;

 permitir a análise do desempenho econômico;

 auxiliar no cálculo do PIB e de indicadores sociais;

 fornecer informações sobre os benefícios obtidos por cada um dos fatores de produção e pelo governo;

 auxiliar a empresa a informar sua contribuição na formação da riqueza à região, estado, país etc., em que se encontra instalada.

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19 Valor Adicionado

Segundo Araujo e Assaf Neto (2010, p. 38) a DVA revela quanto a empresa conseguiu acumular em termos de valores, além do lucro do período, chamado então de riqueza. Esse montante é calculado a partir da diferença entre o valor da produção e o dos bens e serviços produzidos por terceiros, consumidos no processo de produção de bens.

Os principais componentes da criação de riqueza são:

1. Receita: composto pelas vendas de mercadorias, produtos e serviços, outras receitas, receitas com construção de ativos e perdas de crédito de liquidação duvidosa.

2. (-) Insumos Adquiridos de Terceiros: valores das compras de mercadorias, produtos, serviços, materiais, energia e outros, adquiridos de terceiros.

3. (=) Valor Adicionado Bruto: corresponde à diferença entre a Receita e os Insumos do período.

4. (-) Depreciação, Amortização e Exaustão: corresponde aos valores das despesas com depreciação, amortização e exaustão do período.

5. (=) Valor Adicionado Líquido: representa a diferença entre o Valor Adicionado Bruto e a depreciação, amortização e exaustão.

6. (+) Valor Adicionado Recebido em Transferência: corresponde aos valores do resultado de equivalência patrimonial, receitas financeiras, aluguéis recebidos etc.

7. (=) Valor Adicionado Líquido: equivale ao somatório do Valor Adicionado Líquido e do Valor Adicionado Recebido em Transferência.

Distribuição do Valor Adicionado

A segunda parte da DVA demonstra como a riqueza criada na primeira parte foi distribuída. Detalha a distribuição da riqueza em:

a) Pessoal;

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20 b) Impostos, Taxas e Contribuições;

c) Remuneração de Capital de Terceiros;

d) Remuneração do Capital Próprio.

Abaixo, demonstramos a segunda parte da DVA:

8. (=) Distribuição do Valor Adicionado: corresponde ao somatório dos quatro itens da distribuição. A DVA apresenta o valor da riqueza criada e o mesmo valor deve ser demonstrado na distribuição.

8.1. Pessoal: demonstra os valores dos salários, 13º salário, férias, comissões, horas extras, benefícios aos empregados e FGTS.

8.2. Impostos, Taxas e Contribuições: dividido em impostos federais, estaduais e municipais.

8.3. Remuneração de Capital de Terceiros: nesse item são demonstrados os valores de juros pagos, aluguéis pagos, pagamento de royalties, franquias etc.

Remuneração de Capitais Próprios: demonstra os valores pagos como dividendos, juros sobre capital próprio, lucros retidos ou prejuízos do exercício.

Trocando ideias

A Demonstração dos Fluxos de Caixa evidencia a movimentação ocorrida em determinado período nas contas do Caixa, Bancos e Aplicações Financeiras. A gestão do fluxo de caixa é um dos aspectos mais importantes na gestão financeira da empresa, e a DFC pode auxiliar no controle e no gerenciamento do caixa.

Compartilhe com seus colegas sua opinião sobre a importância do controle financeiro nas empresas e como a DFC pode auxiliar esse controle.

Síntese

A nossa quinta aula trabalhou a Demonstração dos Fluxos de Caixa e a Demonstração do Valor Adicionado, que fornecem informações sobre os fluxos de caixa e sobre a geração de valor de uma empresa, respectivamente.

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Pró-reitoria de EaD e CCDD

21 A DFC evidencia a variação do caixa de uma empresa em determinado período, dividindo-a em três fluxos: operacional, investimento e financiamento.

As operações de entrada e saída de caixa oriundas das operações principais da empresa são evidenciadas na atividade operacional. Já as operações de recebimentos e pagamentos oriundos dos ativos de longo prazo, como o imobilizado e o intangível, são evidenciadas na atividade de investimento. Por fim, as entradas e saídas de caixa obtidas de fontes de financiamento de terceiros e de capital próprio são evidenciadas na atividade de financiamento.

A elaboração da DFC pode ser feita por dois métodos distintos, o direto e o indireto. A legislação permite que a elaboração seja feita por qualquer um desses métodos, mas as empresas de capital aberto utilizam o método indireto para apresentar a variação do caixa e equivalentes de caixa.

Finalizamos a aula apresentando os principais conceitos e aspectos da Demonstração do Valor Adicionado, que, diferentemente das demais

demonstrações, tem um cunho social, pois demonstra a geração de valor pela empresa, bem como a aplicação do valor gerado em itens como pagamentos de pessoal, tributos e remuneração dos capitais de terceiros e próprio.

Referências

ARAUJO, A. M. P. de; ASSAF NETO, A. Aprendendo contabilidade. Ribeirão Preto: Inside Books, 2010.

ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico- financeiro. 9. Ed. São Paulo: Atlas, 2010.

ÁVILA, C. A. Gestão contábil para contadores e não contadores. 2. Ed.

Curitiba: Intersaberes, 2011.

BAZZI, S. Contabilidade em ação. Curitiba: Intersaberes, 2014.

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Pró-reitoria de EaD e CCDD

22 COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 09 – Demonstração

do Valor Adicionado. Disponível em:

http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/175_CPC_09.pdf. Acesso em:

01/05/2016.

CREPALDI, S. A. Curso básico de contabilidade: resumo da teoria, atendendo às novas demandas da gestão empresarial. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2010.

IUDÍCIBUS, S. et al. Manual de contabilidade societária. São Paulo: Atlas, 2010.

IUDÍCIBUS, S. (Org.). Contabilidade introdutória. 11. Ed. São Paulo: Atlas, 2010.

RIBEIRO, O. M. Contabilidade comercial fácil. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

Referências

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