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PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS E MUSCULARES RELACIONADOS À CAPACIDADE FUNCIONAL EM IDOSOS

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Academic year: 2022

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PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS E MUSCULARES RELACIONADOS À CAPACIDADE FUNCIONAL EM IDOSOS

1Bruno Monteiro de Moura, 1Raphael Luiz Sakugawa, 1Josefina Bertoli, 1Thales Henrique de Brito & 1Fernando Diefenthaeler

1Laboratório de Biomecânica, Universidade Federal Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil E-mail: mmourabruno@gmail.com, web: http://biomec.paginas.ufsc.br

Principais contribuições deste trabalho

§ A qualidade muscular pode ser utilizada para os pontos de corte de inaptidão física em idosos.

§ Fatores musculares não explicam totalmente o desempenho nos testes de capacidades funcionais.

INTRODUÇÃO

O envelhecimento é acompanhado por uma progressiva perda de massa muscular (sarcopenia), de força e de potência muscular (dinapenia) [1]. Devido a essas perdas contínuas o idoso torna-se menos independente e frágil, pois a sua capacidade funcional é reduzida [2]. O risco de quedas aumenta e consequentemente o número de fraturas, podendo levar o indivíduo a óbito [3].

Independentemente da sua etiologia, a sarcopenia e a dinapenia têm consequências com várias implicações negativas, incluindo a redução na capacidade de realizar as atividades da vida diária (AVD) [3]. A determinação do tamanho muscular e da massa muscular esquelética (MME) são medidas de difícil acesso. No entanto, equações preditivas da massa muscular total por meio de análise de bioimpedância elétrica e antropometria têm sido desenvolvidas [4].

Por meio dessas equações preditivas o estudo de Janssen et al. [5] determinou pontos de corte (i.e. normal, moderado e severo) para identificar o nível de inaptidão física nas capacidades funcionais em idosos. Entretanto, o ganho/perda de força muscular devido ao treinamento/destreinamento de força, não pode ser associado ao aumento da massa muscular em idosos. Ou seja, o nível de sarcopenia não pode ser exclusivamente associado a um baixo nível de capacidade funcional. Dessa maneira, a dinapenia pode ter uma maior influencia no nível de capacidade funcional do idoso [2,6]. A capacidade de desenvolver força tem um importante papel nos esportes e na capacidade física de idosos [7,8]. Alguns testes vêm sendo utilizados para mensurar a habilidade do individuo de produzir força [9-11]. Um deles é a força de preensão máxima (FPM), que mensura a força máxima dos músculos flexores dos

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dedos [12] e outra forma de mensuração é a força dinâmica máxima (i.e. 1-RM) que vem sendo muito utilizada para esse proposito em indivíduos idosos.

Entretanto, o desempenho no teste de 1- RM pode ser influenciado não apenas pela morfologia do tecido muscular (e.g.

ângulo de penação), mas também pode ser influenciado pela massa muscular esquelética, inputs neurais [2] e pela qualidade muscular (QM), que representa a normalização da carga pela massa muscular esquelética [13].

Com isso, o propósito do presente estudo é verificar se existe diferença entre grupos com baixa e alta capacidade funcional em variáveis antropométricas e neuromusculares. Nós hipotetizamos que a QM, a FPM e o desempenho no teste de 1-RM podem divergir entre grupos de idosos com uma maior capacidade funcional sem histórico de treinamento de força.

MATERIAIS E MÉTODOS

Vinte voluntários participaram do estudo, com idade média de 63 ± 2,30 anos.

Todos os participantes eram fisicamente ativos. Foram inclusos voluntários com idade a partir de 60 anos, que não praticavam nenhum tipo de treinamento sistematizado, há pelo menos três meses do inicio da pesquisa. Foram excluídos da pesquisa pessoas com doenças coronarianas, doenças osteomioarticular (artrose na articulação de quadril e

joelho), doenças neurodegenerativos (Mal de Parkinson e Mal de Alzheimer).

Foram mensuradas a massa corporal com uma balança digital (SoehnleTM,Inglaterra) e a estatura com o estadiômetro (Sanny®, São Paulo, Brasil). Posteriormente, os perímetros de quadril e abdominal foram obtidos com uma fita antropométrica (Cescorf®, Porto Alegre, Brasil). Para uma melhor reprodutibilidade e validade, as avaliações foram realizadas por avaliadores nível ISAK I. Foram utilizadas equações [14] específicas para idosos tendo em consideração a etnia e a partir delas obteve-se o percentual de gordura [15]. Para obter a massa muscular esquelética foi utilizada a equação de Lee [16].

Para mensurar a força de preensão manual dos sujeitos foi utilizado um dinamômetro de preensão manual (Saehan Corp.®, Coreia do Sul), com escala de zero a 90 kgf, e com cinco diferentes regulagens de empunhadura.

Os sujeitos foram posicionados sentados, conforme padronizado pela Sociedade Americana de Terapeutas da Mão, com o ombro em adução entre 30 a 60° e sem rotação (posição neutra), o cotovelo fletido de 90º a 110º, o antebraço e punho em posição neutra, sem desvio radial ou ulnar. Foi permitida uma breve familiarização com o dinamômetro, assim como um aquecimento do membro superior previamente à realização dos testes. O teste consistiu de três contrações voluntárias máximas (CVM)

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em cada uma das cinco posições de empunhadura do dinamômetro de preensão manual, em ordem da posição de encurtamento máximo até posição de alongamento máximo. Foi solicitado aos sujeitos que atingissem a força máxima em aproximadamente 1 s, mantendo a contração isométrica por 2 s e retornando a posição de relaxamento em 1 s. Esse procedimento foi realizado para garantir que todas as fibras musculares estivessem com o mesmo comprimento durante a CVM. Houve um intervalo de 1 min entre as contrações, a fim de minimizar o processo de fadiga muscular.

A primeira posição de teste no dinamômetro foi repetida ao final do protocolo para avaliar os possíveis efeitos da fadiga. Para análise dos dados foi utilizado a maior média dentre as cinco posições da mão.

Também foram realizados os testes de capacidade funcional de sentar e levantar, o teste de subir e descer escadas [17] e o teste de ir e voltar de 3 m [18].

Foi realizado o teste 1-RM. Previamente foram realizadas três familiarizações (com intervalo de 48h entre cada) ao teste de 3- RM para o aparelho leg press 45º (Righetto Freestyle, Campinas, Brasil) e após 48h foi realizado o protocolo de 1- RM [10]. No dia do teste, foi realizado aquecimento geral no cicloergômetro durante 5 min, seguido de alongamento passivo para os grupos musculares envolvidos, e em seguida aquecimento específico no leg press 45º para posterior

aplicação do teste 1-RM. O aquecimento consistiu em oito repetições a aproximadamente 50% de 1-RM estimado seguido de séries de três repetições a 70% de 1-RM estimado. No teste propriamente dito, os sujeitos executaram uma única repetição com aumento progressivo da carga até a falha muscular com intervalo de 4 min entre cada tentativa (ICC=0,98).

Para o cálculo da QM, foi utilizada a equação do valor do 1-RM dividido pela massa muscular esquelética [19].

O teste de Shapiro Wilk foi utilizado para analisar a normalidade dos dados, a homogeneidade dos dados foi avaliada pelo teste de Levene foi realizado para analisar a variância dos dados. A análise por cluster (K-means) foi realizada. Esse tipo de procedimento pode identificar a homogeneidade em categoria de grupos baseado em características comuns [20].

Após procedimento de K-means os participantes foram divididos em: (1) grupo alta capacidade funcional (ACF) ou (2) baixa capacidade funcional (BCF). As variáveis para identificar os grupos foram qualidade muscular e 1-RM. Foi utilizada Anova one-way tendo os clusters como fator (ACF e BCF), para identificar diferenças entre os clusters. A magnitude da diferença entre as variáveis analisadas (1–RM, QM e FPM) foram determinadas pelo cálculo do effect size (ES) segundo [21].

Foi adotado o nível de significância p<0,05 e os resultados foram expressos como

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média e desvio padrão. Foi utilizado o software SPSS 17 e G*Power 3.1 para a análise estatística.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 1 são apresentados os valores das variáveis 1-RM, QM, FPM Direita e FPM Esquerda. Em nosso estudo demonstramos que a força máxima (1- RM) tem diferença significativa entre os dois grupos (155,06 ± 44,12 [ACF] e de 109,75 ± 29,84 [BCF], p<0,001 e ES=0,72), conforme ilustra a figura 1.

Figura 8: Valores em média e desvio padrão para os valores de 1-RM para os ambos os grupos.

Tal resultado pode ter ocorrido devido às perdas, neurais e morfológicas, relacionadas ao avançar da idade. A sarcopenia acontece a partir dos 40 anos e é mais acentuado em idosos a partir da quinta década de vida, momento que ocorre a menopausa (mulheres) e andropausa (homens), que parece acelerar a perda de massa muscular [13].

Além disso, a perda de força e potência

(i.e. dinapenia) ocorre concomitantemente com a sarcopenia e apesar de estarem relacionadas são dois fenômenos distintos [2]. A sarcopenia está mais relacionada a aspectos ligados a alimentação, enquanto a dinapenia está relacionado à perda de unidades motoras [22].

Quanto à FPM o presente estudo também demonstrou existir diferença para ambas as mãos entre os grupos (28,75 ± 9,09 [ACF] e 22,37 ± 3,92 [BCF], p<0,05 ES=0,90) (Figura 2).

Figura 9: Valores em média e desvio padrão para os valores de FPM mão direita e FPM mão esquerda para os ambos os grupos.

A FPM tem sido utilizada para predizer a capacidade funcional assim como a saúde psicológica e social em idosos [12]. Estes

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autores afirmam que uma baixa FPM pode predizer uma acelerada dependência nas AVD e o declínio cognitivo em idosos.

Segundo Bohannon e Magasi [23], a FPM máxima diminui significativamente com a idade e sugerem que tal perda poderia estar relacionada com a dinapenia.

Apesar da diminuição da capacidade funcional e aparição da dinapenia existem formas de reverter este quadro. No estudo de Nascimento et al. [24] foi avaliado o efeito do treinamento de força com duração de 14 semanas em idosas hipertensas sobre a FPM. Foram realizados exercícios de membros inferiores e superiores observando-se um aumento na FPM após a intervenção.

Além disso, a variável QM também apresentou diferença significativa para ambos os grupos (7,03 ± 1,95 [ACF] 6,80

± 2,04 [BCF], p<0,05, ES=0,11) (Figura 3).

Figura 10: Valores em média e desvio padrão para os valores de QM para os ambos os grupos.

No estudo de Barbat-Artigas et al. [25] foi demonstrado que atividades com treinamento de força têm um efeito

positivo na QM, e que atividades aeróbias influenciam a QM, porém em menor escala em idosas com mais de 70 anos.

Entretanto, parece não afetar idosas na faixa etária entre 50 e 60 anos.

A QM está associada com altos índices das capacidades funcionais, porém no estudo de Barbat-artigas et al. [26], os autores sugerem que a QM não é o único fator que influencia na capacidade funcional. Segundo os autores, deve-se levar em consideração a massa muscular absoluta, idade e gênero, para a melhor interpretação da QM. Shin et al. [27]

encontraram resultados diferentes quando os autores analisaram a marcha de idosos. Os autores encontraram uma relação inversa na QM dos músculos extensores com a marcha, e sugerem que a força e a massa muscular não são os principais preditores para a marcha, mas que a marcha de idosos está mais associada com a conexão neural dos indivíduos.

Diversos estudos [27-29] utilizam o teste de 1-RM na cadeira extensora, que representa a força muscular dos extensores de joelho, entretanto esse aparelho pode não representar a especificidade dos movimentos das capacidades funcionais e AVDs. Por isso em nosso estudo utilizamos o exercício leg press 45º para a mensuração da força e da qualidade muscular dos indivíduos.

Porém, também encontramos resultados semelhantes ao de Shin et al. [27], demonstrando que a massa muscular e a

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QM têm influência na capacidade funcional do idoso, mas não são os fatores determinantes para o desempenho nos testes de capacidade funcional.

CONCLUSÃO

Os fatores musculares, 1-RM, FPM e antropométricos diferem entre idosos que apresentam diferentes níveis capacidade funcional.

AGRADECIMENTOS

A CAPES e ao CNPq pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS

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Tabela 1: Média e desvio padrão das variáveis uma repetição máxima (1-RM), qualidade muscular (QM), força de preensão manual direita (FPMD) e esquerda (FPME) para os grupos alta capacidade funcional (ACF) e baixa capacidade funcional (BCF).

ACF BCF ES

1 - RM (kg)

155,06 ± 44,12*

109,75 ± 29,84

0,72

QM (kg/m2)

7,03 ± 1,95#

6,80 ± 2,04

0,11

FPMD (kgf)

28,75 ± 9,09#

22,37 ± 3,92

0,90

FPME (kgf)

29,83 ± 9,11*

22,21 ± 5,42

1,01

* p<0,001; #p<0,05

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