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ORAÇÃO Gilberto Brina - M 23/05/2008

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ORAÇÃO

Gilberto Brina - MM23/05/2008

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Queridos Irmãos,

Não quero aqui de forma alguma falar de religião ou da oração religiosa propriamente dita. Quero sim, tentar traze-los a reflexão da importância da oração dentro da sessão maçônica, no sentido da elevação do coração, da alma, junto ao G∴A∴D∴U∴.

Nossas sessões são certamente um culto à religiosidade, o silêncio desde entrada ao templo, a leitura do salmo 133, a oração do 1º Vig∴ na abertura da loja, o mantra Huz∴, toda a fala iniciada no oriente, ecoando pelas colunas até seu retorno ao ponto de origem e a oração de encerramentos do trabalho, dentre outros. Sem falar na iniciação, que, se colocássemos neste trabalho todos os momentos de oração e introspecção, falaríamos pela noite toda tamanha quantidade de elevação espiritual proporcionada.

Mas com qual o objetivo que a maçonaria nos leva em todos seus momentos a esta experiência de integração com plano superior?

É comum dizermos que, a busca do obreiro, ao participar dos trabalhos, é desbastar a pedra bruta para a construção de seu templo, o crescimento interior, o preparo do cidadão para atuação social. No entanto, a mágica cerimônia que faz parte do nosso ritual pressupõe o intento de alcançar estados alterados de consciência, interiorização, penetração em estados sutis de energia ou ainda o conhecimento gradual de outras dimensões de nós mesmos.

Jacob Boheme, escritor alemão nascido em 1575 escreveu: “A essência divina não pode ser inteiramente expressa pela linguagem humana. Apenas o sopro da vida, o espírito da alma que perscruta a luz, a compreende”.

O ritual maçônico, praticado com sacralidade e conhecimento, movimentam um potencial energético elevadíssimo, dando vida ao Templo Interior, e expressando com precisão um movimento homem-templo-universo.

Edificando justo e perfeito nosso templo interior, colaboramos na obra de criação do Templo Universal, aderindo desta maneira à obra da Arte Real.

Como dizia um texto de Confúcio: “Os rituais permitem unir as vontades, orientar a ações, harmonizar as almas e atingir um equilíbrio geral de forças tanto físicas como sociais”.

O ritual permite transmitir uma influência espiritual que facilita uma realização metafísica e sacraliza o tempo e o espaço. Como? Ao nos reunirmos simbolicamente do meio-dia à meia-noite estamos penetrando no tempo do não-tempo e realizando nosso ritual nesse tempo e no nosso Espaço Sagrado (o Templo Maçônico). Saímos do tempo uniforme do mundo profano e ingressamos nesse outro templo, da nossa Jerusalém Celeste. Pois o nosso templo é o espaço onde habita o sagrado que é a nossa própria interioridade.

São Paulo Apóstolo escreveu: “Não sabeis que sois templos do Espírito Santo e que o Espírito de Deus habita em vós? Não profaneis, pois o Templo de Deus que é santo, e isto sois vós”.

É essa uma das grandes virtudes do ritual e dos símbolos: são condicionadores ativos, produzindo efeitos saneadores no interior do maçom, despertando sua consciência em todos os minutos e o conhecimento de outras

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realidades de ordem metafísica, pois o objetivo maior é produzir a iluminação da alma por meio da Luz Interna.

O templo é outra fonte catalisadora de energia, sua construção hermética, proporciona um fluxo harmônico e dinâmico como expressão de um plano divino.

O templo construído segundo a geometria mística é um ser vivo, algo que respira, que tem pulsação, está envolto numa energia e numa eletricidade peculiar. È um organismo organizado no quais todas as suas partes se inter- relacionam e se integram naturalmente com seus habitantes. A Egrégora é fortalecida, a energia circundante beneficia e é sentida por todos. As absides do templo, orientam-se para o leste, à saída do sol, assim correspondendo ao signo Zodiacal de Áries, onde se senta o V∴M∴ na loja, isto é, ao equinócio da primavera (no Hemisfério Norte), quando o gelo se dilui e a vida reaparece no mundo, a rosa de cinco pétalas se abre, manifestando o retorno do Espírito de Deus sobre a Terra. Assim, ao entrar no templo, viajamos em direção ao leste, isto é, em direção à origem do mundo, do Criador, onde nasce o Sol que o aquecerá. Da mesma forma, no templo maçônico ideal, onde o Sol nasce no Oriente e se coloca no Ocidente, o profano entra com a abóbada escura, quando os raios do Sol ainda não chegam em plenitude, e faz sua carreira até chegar ao Oriente, onde brilha o Sol e seus raios de sabedoria o aquecerão. Por isso voltamos a afirmar: o templo maçônico é um ser vivo que deve estar integrado ao Cosmos e ao maçom.

A energia circundante no templo é a espiral que une o homem à Radiação Divina, ao ato da criação e transcendência. Essa união se reflete na egrégora do templo material em afinidade com o templo interior. Tanto um quanto outro vivem um ritmo, uma pulsação constante da espiral cabalística, do centro para a periferia, da periferia para o centro. A fim de ser reconstruído e consolidado no interior é preciso haver uma sincronia dos dois ritmos para que eles se tornem uma só respiração. Junto ao ritual está o esotérico, a re-união espírito- matéria, o final da construção, transmutação alquímica do iniciado. Reproduzirei uma oração de Hermes sobre essa união templo-homem: “Universo, atende à minha prece. Terra, abre-te, que a massa das águas reabrirá. Árvores, não tremais: que o céu se abra e os ventos se calem. Que todas as faculdades celebrem em mim ao todo o Uno.”

O templo torna-se um veículo poderoso para a sedimentação da fé, uma contribuição à harmonia e felicidade do homem, um reencontro com o seu eu interior, ele então descobre que faz parte natural do ambiente, integrando-se maravilhosamente à estrutura do templo.

E nosso Templo, como o tratamos e convivemos nele? Sentimo-nos bem nele? Preparamo-lo como devem ser preparado para uma Sessão, não o profanando? E na Sala dos Passos Perdidos, nossa prévia conversação é saudável e pura? Pedimos favores obscuros a nossos irmãos? Todas essas reflexões são um alerta para todos nós. Devemos seguir a orientação, que recomenda que, quando o V∴M∴ indaga ao 1º Vig∴ se o “Templo está a coberto”, não o fazemos o mesmo com nosso templo interior, resguardando-o de mágoas entre nossos irmãos ou vicissitudes da vida profana?

A sessão maçônica inicia-se muito antes da entrada do templo. Desde o ritual de colocarmos nossas calças pretas, sapatos pretos, prepararmos as

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alfaias, separar o ritual, dirigirmos ao templo, integrar-se aos irmãos, silenciar ao adentrar ao Templo, isso tudo é uma oração de preparação para a formação da egrégora, tão importante para a realização de nossas sessões.

Egrégora é um termo que teve origem junto ao ocultismo ocidental e vem do grego, “velar”, e, basicamente, pode ser definida como a consciência coletiva de um grupo, uma forma-pensamento que vive, a alma coletiva desse grupo. Em outra definição é uma força viva, um corpo psicodinâmico originário das vibrações volitivas por grupos de pessoas. A egrégora tem uma existência real no plano astral e quando evocada durante o ritual maçônico ela se regenera, brilha com mais força, envolve os irmãos, percorre os caminhos da árvore sefirotal, criando um clima de união e força. Quanto mais bem trabalhada a cerimônia mágica, mais forte a corrente de pensamento de seus operadores, e tanto mais rápida se dá à formação da Egrégora da Loja.

A coletividade humana que pensa nas mesmas idéias lhe confere uma forma-pensamento que passa a viver no astral e atrair entidades e elementos afins com a mesma faixa vibratória. A egrégora protege, restabelece e estimula o corpo de pensamento da coletividade para que seus membros possam atuar e ser úteis na concretização de um objetivo desse grupo. Uma das cerimônias que mais evidenciam, evocam e reforça a egrégora da Loja é a C∴U∴, aumentando seu potencial de energia do grupo, que o espalha em benefício da humanidade e reforça a vida interna da Loja. Quando os irmãos se unem em atividade tão poderosa, que reúnem milhares de obreiros guardiões do mesmo símbolo, assegura um contato por meio da C∴U∴ ao G∴A∴D∴U∴.

Já vimos que o templo maçônico é um espaço sagrado, um dínamo que concentra considerável poder energético. É imprescindível então que devemos seguir regras rígidas para nossas cerimônias. É através da ritualística seguida a risca e participada por todos, oficiais ou não que nos levam a atingir estados alterados de consciência e poderes que estão nos transcendentes, mais alem da imediata existência humana, para atingir este estado, é importante frisar, não podemos praticar o ritual maçônico forma mecânica e displicente sob pena de estarmos transformando uma pratica iniciática milenar em uma medíocre representação teatral, vazia em sua finalidade. A correta prática ritualística, praticada por todos, com sua compenetração, seriedade, vibração mental positiva, é a chave para se atingir alto teor de concentração energética e alcançar uma compreensão mais profunda da natureza humana.

Fazendo uma analogia aos símbolos e lendas da maçonaria, cabe muito bem o que Jesus disse: “Porque a vós vos é dado o conhecer dos mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado. Por isso lhes falo em parábolas, porque vendo não vêem; e ouvindo, não ouvem, nem entendem.” Também Paulo em sua carta aos Coríntios escreve: “Todavia, falamos sabedoria entre os perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem a dos príncipes deste mundo, que se aniquilam; mas falamos a sabedoria de Deus oculta em mistério”.

Nossa vida, meus irmãos, cada palavra, movimento, pensamento, ação, atitude, valor, podem ser traduzidos em oração, essa busca ao contato espiritual. A maçonaria riquíssima em símbolos e ensinamentos, envolve-nos espiritualmente e nos eleva ao plano superior graças ao templo, ao ritual e aos obreiros. Essa ligação é conseguida através da oração, que vimos, deve ser

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parte de cada segundo que dedicamos à edificação deste templo e deste mundo.

Finalizando, reiteramos que não pratiquemos nossos rituais mecanicamente ou por rotina. Deixemos as vibrações da egrégora da Loja penetrar no nosso campo sutil. Em cada reunião o tempo se regenera, regenerando, igualmente, a nós mesmos.

Obrigado.

Gilberto Brina M∴M∴

Bibliografia

- Guerra, Pe. Aloísio, Religiosidade e Maçonaria. 1ª Ed. – Londrina: Ed.

Maçônica “A Trolha”, 2006.

- Carvalho, Paulo Sérgio Rodrigues, Torre do Silêncio. 1ª Ed. – Londrina:

Ed. Maçônica “A Trolha”, 1998.

- Charlier, René Joseph, Mosaico Maçônico. 1ª Ed. – Ribeirão Preto: Edi.

EDO, 1966.

- Monteiro, Eduardo Carvalho, O Esoterismo na Ritualística. 1ª Ed. – São Paulo: Editora Madras, 2002.

- Figueiredo, Joaquim Gervásio, Dicionário de Maçonaria. 12ª Ed. – São Paulo, 2002.

- Lemes, Cyro de Carvalho, Os Diálogos e as Lições do Mestre Quercus Rocy. 1ª Ed. São Paulo: Ed. Mageart, 1997.

- Bíblia.

- Ritual do Aprendiz, REAA. 2001.

Referências

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