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Instituto de Investigação das Pescas e do Mar Centro Regional de Investigação Pesqueira do Sul

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RELATÓRIO DE PROGRESSO RELATIVO AO PERÍODO 2003-2004

DO PROJECTO MARE:

IMPLANTAÇÃO E ESTUDO INTEGRADO DE SISTEMAS RECIFAIS

Janeiro de 2005

Instituto de Investigação das Pescas e do Mar

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3.1 – Socio-economia

Ao estudar as componentes socio-económicas dos RAs, temos que incluir obrigatoriamente os objectivos referidos anteriormente, nomeadamente no que diz respeito à exploração dos recursos pesqueiros associados às estruturas e a sua consequente gestão. A dimensão do programa (maior sistema recifal deste tipo na Europa), requer o estudo dos melhoramentos provocados pela implantação e utilização adequadas.

Neste estudo torna-se essencial identificar no processo quem são os actores ou intervenientes. Após essa identificação, é importante dar-lhes a conhecer o que são estas novas estruturas e quais são as suas potencialidades. Reciprocamente, os actores vão criar expectativas em relação aos RAs; e são convidados a antever, na sua perspectiva, quais serão os impactes da implantação. Porém, convém de antemão explicar que actores estão envolvidos neste programa de RAs:

 Utilizadores directos, utentes, beneficiários ou destinatários – são todos aqueles que tiram proveito da implantação recifal, quer seja através da prática profissional (exercício da pesca comercial), quer seja através do uso recreativo (incluem-se: a pesca recreativa, o mergulho por escafandro autónomo ou apneia, a prática de surfe, a observação de vida marinha, etc.);

 Promotores – aqui incluem-se não só os utilizadores, mas fundamentalmente os técnicos de diferentes domínios com implicação no projecto (pescas, autarquias, ambiente, turismo, e ainda gestores de recursos marinhos);

 Consignatários – nesta categoria podemos encontrar os financiadores do programa que são a administração central e comunitária (Governo Português, e União Europeia), através do fundo europeu de desenvolvimento regional (FEDER).

Assim sendo, na parte socio-económica do estudo de pré-instalação recifal houve dois objectivos específicos, aqui apresentados em estudos distintos:

(1) Avaliar as expectativas dos diferentes utilizadores; e

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3.1.1 - Avaliar as expectativas dos diferentes utilizadores Colheita de dados

O inquérito

Para poder compreender as motivações dos beneficiários potenciais e efectivos, e que mais valias podem tirar das estruturas consoante a elegibilidade das suas artes ou práticas, adaptou-se uma metodologia proposta por Milon et al. (2000). A avaliação preliminar visa estudar os beneficiários nos seguintes aspectos:

a. Identificar grupos de potenciais utilizadores; b. Caracterizar padrões de uso corrente ou potencial; c. Verificar o grau de conhecimento dos interessados; d. Determinar o interesse promovido pelas estruturas; e

e. Identificar, escalonar e testar os principais determinantes de uso recifal.

Para dar resposta aos aspectos acima referidos, foi desenhado um questionário direccionado às actividades de pesca profissional (frotas local e costeira) e um outro ao uso recreativo (pesca e mergulho). Os questionários foram primeiramente pré-testados de modo a serem ajustados e a minorar as anomalias.

No que diz respeito à pesca profissional (figura 3.1.1.1), tomou-se em atenção que:

 No segmento da frota local as artes elegíveis para pescar nos RAs são as redes de emalhar e tresmalho, os covos e os alcatruzes; as artes de arrasto tais como as ganchorras não são consideradas como elegíveis;

 Na frota costeira, as artes elegíveis são as armadilhas, as cercadoras de fundo (rápa) e pelágicas; sendo não elegíveis quaisquer tipo de artes arrastantes;

 As embarcações com artes palangreiras podem ou não ser elegíveis de acordo com a sua profundidade de calagem.

a) b)

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Quanto aos beneficiários recreativos, estão contemplados essencialmente os representantes da pesca recreativa e mergulho com escafandro autónomo e apneia (figura 3.1.1.2). A elegibilidade neste grupo de destinatários está sobretudo dependente de dois factores que determinam a acessibilidade aos RAs:

 A utilização de barco (caso dos praticantes de pesca recreativa);

 A profundidade (caso dos praticantes de caça submarina por apneia).

a) b)

Figura 3.1.1.2 – Actividades recreativas: a) pesca recreativa, e b) mergulho.

A amostragem decorreu entre Julho e Setembro de 2002. Para a amostragem utilizou-se o método de entrevistas semi-estruturadas com o auxílio de questionários. Foram envolvidos no processo três entrevistadores treinados para o efeito, que desenvolveram entrevistas oportunistas directas. As entrevistas estavam previstas para durarem entre 10 a 30 minutos. Após a colheita dos questionários, foi criada uma base de dados e feitas análises de estatística descritiva e comparação de médias usando o programa SPSS® versão 10.

Resultados

a. Identificar grupos de potenciais utilizadores

 Pesca comercial

Depois de localizados todos os portos e varadouros ao longo da costa Sul do Algarve (DGPA, 2000), foram seleccionados catorze de acordo com a sua dinâmica. O número de questionários por porto/varadouro foi decidido através da análise empírica das artes elegíveis a pescar nos RAs e com a quantidade de mestres e/ou proprietários de embarcações disponíveis para responder ao questionário. Ao todo foram validados os questionários de 78 profissionais da pesca como potenciais utilizadores (tabela 3.1.1.1). Dentre os barcos amostrados, 59 pertenciam ao segmento da pesca local (75,6%) e 19 ao segmento da pesca costeira (24,4%). De acordo com a DGPA (2002), 70% dos barcos a

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operar na região do Algarve estavam segmentados na pesca local, e cerca de 30% na pesca costeira.

Tabela 3.1.1.1 – Número total de embarcações registadas por segmento e amostradas para este estudo no Algarve em 2002. Fontes: DGPA (2000, 2002).

Área e portos/varadouros amostrados Segmento da frota Total por segmento Total barcos Amostra por segmento Amostra barcos % Amostrada VRSA Local 113 12

(Altura, Monte Gordo) Costeira 47 160 0* 12 7,5

Tavira Local 52 5

(Cabanas, Santa Luzia, Tavira) Costeira 49 101 4 9 8,9

Olhão Local 389 24

(Culatra, Faro, Olhão, P. Faro, Quarteira) Costeira 109 498 6 30 6,0

Portimão Local 195 17

(Alvor, Armação de Pêra, Portimão) Costeira 53 248 4 21 8,5

Lagos** Local 80 1

(Lagos) Costeira 31 111 5 6 5,4

Total 1 118 1 118 78 78 7,0

* – Os barcos costeiros registados em VRSA são na sua maioria arrastões. Estes não são potenciais utilizadores porque não possuem artes elegíveis para pescar na área dos RAs.

** – Foi excluída a área de Sagres por ser uma área com abundância de recifes naturais.

De acordo com o local de amostragem, as sessões foram levadas a cabo em alturas específicas do dia, i.e., quando os pescadores regressavam do mar ou à hora do almoço. Em todo o processo de amostragem houve poucas recusas.

 Actividades recreativas

Existe na região uma associação de pesca recreativa composta por dezassete clubes regionais associados, onde se podem contar mais de 230 praticantes desportivos que entram em competições conforme é referido pelo sítio oficial da ARPDA (2004). Existem clubes que não pertencem à ARPDA, e podem ainda encontrar-se outros praticantes de pesca recreativa que não estão filiados em nenhuma entidade.

Quanto ao mergulho, segundo a FPAS (2001), existiam em 2001 treze entidades filiadas a operar no Algarve. Entre elas contavam-se pelo menos quatro clubes e escolas de mergulho activos durante todo o ano. Os restantes são freelancers que operam turisticamente durante o Verão e núcleos locais que promovem diversas actividades subaquáticas. As escolas para além de fornecer serviços de mergulho, formam também novos mergulhadores Hidroespaço (2004), Pinguinsub (2004). Algumas delas chegam a ter mais de 400 associados (Portisub, 2004).

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A amostragem para as actividades recreativas foi estratificada, e os locais de amostragem localizaram-se ao longo da costa Sul do Algarve, mas sobretudo nas zonas de Faro e Olhão. Constatou-se que é difícil estimar a quantidade de praticantes nas modalidades recreativas.

No presente estudo foram amostrados 40 indivíduos, relacionados com a pesca recreativa e com o mergulho. Dos respondentes 45% eram pescadores recreativos, 25% mergulhadores de escafandro autónomo, 15% praticavam a actividade anterior mas também caça submarina por apneia, 10% praticavam um pouco de todas as actividades, e finalmente 5% praticavam apenas caça submarina por apneia.

Os horários de amostragem variaram consoante o tipo de respondentes. Os pescadores recreativos foram na sua maioria contactados depois das 18h nos dias de semana e durante a manhã aos fins-de-semana. Para os restantes utilizadores recreativos a amostragem foi levada a cabo por conveniência.

b. Caracterizar padrões de uso corrente ou potencial

 Pesca comercial

De acordo com os dados colhidos a partir dos respondentes, fez-se uma caracterização da pesca comercial para as frotas local e costeira cujas embarcações tinham artes elegíveis a pescar na costa algarvia. Na caracterização constam diversas variáveis, conforme está descrito na tabela 3.1.1.2.

Tabela 3.1.1.2 – Caracterização das actividades de pesca local e costeira elegíveis para pescar nos RAs.

Embarcações de pesca

Local Costeira

Variável (por embarcação)

Média I.C. 95% Média I.C. 95%

Características sociológicas do mestre

Idade (anos) 47,5 44,45 – 50,54 46,2 41,73 – 50,58

Agregado familiar (n.º pessoas) 3,6 3,11 – 4,05 3,3 3,04 – 3,60

Características da embarcação

Idade da embarcação (anos) 9,2 6,63 – 11,80 21,8 14,61 – 29,08

Idade do motor (anos) 3,5 2,56 – 4,40 7,0 3,87 – 10,13

Potência do motor (Cv) 63 54,80 – 71,23 146 117,17 – 174,41

Eficiência da actividade

Companha (n.º pessoas) 1,8 1,58 – 2,02 4,8 3,80 – 5,89

Distância máxima para pescar (milhas) 9,6 8,00 – 11,28 14,9 11,32 – 18,47

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Investimento e custos

Investimento total (€) 20.072 15.732 – 24.406 97.989 63.736 – 132.236

Gastos para operar as artes (€/ano) 2.564 1.945 – 3.182 9.492 6.305 – 12.684

Gastos em combustível (€/dia) 21,27 10,12 – 32,41 36,23 24,06 – 58,40

Valores relativos à actividade

Venda da embarcação (€) 13.739 9.971 – 17.507 96.553 57.521 – 135.586

Venda da(s) arte(s) (€) 4.995 3.359 – 6.631 24.260 14.616 – 33.904

Transferência de licença(s) (€) 4.503 3.050 – 5.957 15.417 6.803 – 24.032

A maior parte dos respondentes admitiu usar uma ou duas artes de pesca. Alguns chegam a ter licenças para sete artes, mas usam no máximo até quatro artes de pesca por ano, e só as usam todas em condições extremas (i.e., quando se verifica a escassez das espécies alvo com o uso das outras artes). Os respondentes admitiram que as espécies preferenciais (alvo) para as artes que operam e que têm boa aceitação no mercado (procura e valor) são conforme a tabela 3.1.1.3:

Tabela 3.1.1.3 – Percentagens das espécies preferenciais referidas pelos respondentes.

Preferência Grupo ou espécie* Nomes comuns Percentagem Preços médios de mercado (€/ Kg)

1 Soleidae Linguados e afins 73% 2,30 a 20,00**

2 Sepia officinalis Choco 71% 6,00

3 Sparidae Esparídeos vários 54% 4,50 a 12,00**

4 Octopus vulgaris Polvo comum 37% 7,00

5 Mullus surmuletus Salmonete 20% 20,00

* – Note-se que apesar de parcialmente elegíveis, as artes cercadoras foram sub-amostradas neste estudo. Daí o facto de muito provavelmente não entrarem espécies pelágicas tais como: sardinha, carapau, etc.

** – Os preços variam consoante as espécies em questão.

A existência de subsídios europeus que facilitam a aquisição de equipamento para modernizar as embarcações, pode servir de incentivo para a pesca no que diz respeito a abandonar barcos antigos e a investir em modernos (tabela 3.1.1.4). A substituição de material obsoleto a bordo poderá ser interpretada como uma forma de acreditar na actividade piscatória. Este tipo de informação pode ser constatada através da consulta das bases de dados destes programas (CMO, 2003).

Tabela 3.1.1.4 – Percentagens de modernização da frota em período recente.

Segmentação Aquisição de equipamento

nos últimos 2 anos Local Costeira Total

Sim 41% 58% 45%

Não 59% 42% 55%

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 Actividades recreativas

Quanto à caracterização dos respondentes que praticam actividades recreativas na região algarvia e que são elegíveis nos RAs, fez-se uma abordagem simples: características do respondente, contributo económico da actividade recreativa e com quem pratica o respondente a actividade. Os resultados das variáveis em análise são os seguintes conforme mostra a tabela 3.1.1.5.

Tabela 3.1.1.5 – Caracterização das actividades recreativas elegíveis para os RAs.

Tipo de actividade Variáveis em análise

Pesca Mergulho Variáveis contínuas Média Características do respondente

Idade (anos) 53,9 31,4

Certificados e outras habilitações (n.º/respondente) 0,9 1,7

Frequência da actividade (x por semana) 2,1 1,9

Variáveis categóricas Percentagem Pratica a actividade:

Em qualquer altura do ano 94 83

Numa determinada estação do ano 6 17

Embarcação:

Tem 77 45

Não tem 23 55

A actividade praticada é:

A principal fonte económica 9 14

Um contributo económico 18 41

Apenas lazer 73 45

Pratica a actividade geralmente:

Sozinho 36 5

Em grupo (familiares, amigos, colegas, clube) 36 41

De outra forma (competição, ou por motivos profissionais) 27 55

Conforme se pode verificar pela figura 3.1.1.3, existe uma grande diferença de interesses nas actividades recreativas. Enquanto que na pesca recreativa a grande maioria dos respondentes afirma que pratica a actividade para capturar pescado para consumo próprio; no mergulho, o lazer é o incentivo mais importante (a excepção será para os praticantes de caça submarina).

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Figura 3.1.1.3 – Comparação entre os principais propósitos que levam os respondentes a praticar as actividades recreativas.

c. Verificar o grau de conhecimento dos interessados

 Pesca comercial

Os complexos recifais não deixam de ser uma novidade em grande parte da região devido à escala do programa. Na altura em que os respondentes foram abordados com o questionário, o programa recifal ainda não estava completamente concluído. O grau de conhecimento depende muitas das vezes da categorização dos interessados, pois estes podem ser apenas utilizadores potenciais, ou então utilizadores efectivos, onde a sua experiência empírica já conta como uma mais valia para esse conhecimento. A quantidade de respondentes que admitiram conhecer as estruturas e já as ter usado em pelo menos um evento de pesca, coloca os mestres da frota costeira em vantagem quanto ao conhecimento dos RAs, conforme se pode verificar na figura 3.1.1.4.

Pesca recreativa 6 6 % 1 0 % 0 % 1 4 % 1 0 % 0 % 0 %

1. Capturar pes c ado para c ons umo próprio 2. Por puro praz er que a ac tiv idade proporc iona 3. Ens ino (c omo ac tiv idade remunerada) 4. Competiç ão 5. Oportunidade de f az er negóc io 6. Fotograf ia ou v ídeo 7. Ciênc ia Mergulho 2 7 % 3 5 % 2 3 % 0 % 5 % 5 % 5 %

1. Capturar pes c ado para c ons umo próprio 2. Por puro praz er que a ac tiv idade proporc iona 3. Ens ino (c omo ac tiv idade remunerada) 4. Competiç ão

5. Oportunidade de f az er negóc io 6. Fotograf ia ou v ídeo 7. Ciênc ia

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Uso de pelo menos um RA 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Frota local Frota costeira T ip o d e u ti li z a d o re s Percentagem de utilizadores Não Sim

Figura 3.1.1.4 – Percentagem de respondentes da pesca comercial que afirmaram já ter utilizado pelo menos um RA numa ocasião.

 Actividades recreativas

Nesta categoria são os respondentes que pertencem ao mergulho a maioria dos que conhecem as estruturas e já as ter usado em pelo menos um evento. Porém, a margem de diferença é baixa em comparação com os pescadores recreativos. De salientar que a maior parte dos respondentes (de ambos os tipos), não usaram ainda as estruturas (figura 3.1.1.5). Isto pode dever-se à falta de conhecimento das mesmas, mas também à falta de oportunidade de os usar (pescadores recreativos sem barco), ou à incapacidade para os usar devido à sua profundidade de implantação (limitação fisiológica no caso dos apneístas).

Uso de pelo menos um RA

0 10 20 30 40 50 60 70 Pesca recreativa Mergulho T ip o d e u ti li z a d o re s Percentagem de utilizadores Não Sim

Figura 3.1.1.5 – Percentagem de respondentes de actividades recreativas que afirmaram já ter utilizado pelo menos um RA em pelo menos uma ocasião.

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d. Determinar o interesse promovido pelas estruturas

 Pesca comercial

Quando confrontados com a questão: “Deveriam ser implantados mais RAs na costa algarvia?”, a maioria dos respondentes é favorável à implantação das estruturas. Pela análise da figura 3.1.1.6, nota-se que na frota local se encontram mais indivíduos desinformados ou sem experiência recifal, o que os impede de formar uma opinião.

Opiniões acerca da implantação recifal

0 10 20 30 40 50 60 70 80 Favorável aos blocos Sem opinião ou desfavorável Favorável a outras estruturas recifais Tipo de opinião Pe rc e n ta g e m d e re s p o n d e n te s Frota local Frota costeira

Figura 3.1.1.6 – Percentagem de respondentes da pesca comercial e suas respostas em relação à implantação recifal futura.

 Actividades recreativas

Da mesma forma, quando confrontados com a mesma questão que os profissionais da pesca, os utilizadores recreativos são na sua maioria favoráveis à implantação das estruturas (figura 3.1.1.7). Os mergulhadores foram aqueles que mostraram ser os grandes apologistas das estruturas, daí que na sua maioria tenham posições favoráveis à implantação de mais estruturas recifais.

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Opiniões acerca da implantação recifal 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Favorável aos blocos Sem opinião ou desfavorável Favorável a outras estruturas recifais Tipo de opinião P e rc e n ta g e m d e re s p o n d e n te s Pesca Mergulho

Figura 3.1.1.7 – Percentagem de respondentes das actividades recreativas e suas respostas em relação à implantação recifal futura.

e. Identificar, escalonar e testar quais são os principais determinantes de uso recifal

Os determinantes de uso recifal são variáveis qualitativas que influenciam na escolha da área dos RAs como área de pesca ou de recreio, onde o respondente é confrontado com a mudança que houve antes e depois da implantação dos recifes (Simard, 1997).

 Pesca comercial

A tabela 3.1.1.6 mostra que o interesse despoletado pela implantação das estruturas reflecte-se na percentagem de respostas positivas relativas à quantidade e diversidade de pescado: respectivamente para 65% e 56% dos respondentes. Os outros determinantes de uso, colhem uma opinião neutra devido à incerteza e ao desconhecimento de estruturas deste tipo. No entanto, muitos respondentes pensam que os custos para pescar nos RAs serão acrescidos de qualquer forma, i.e., pois são apologistas da opinião de que possivelmente vão-se perder mais artes, ou de que os custos de construção e implantação recifais têm que ser pagos de qualquer forma.

Tabela 3.1.1.6 – Percentagens encontradas para os determinantes de uso nos respondentes da pesca comercial.

Embarcações de pesca

Local Costeira

Determinantes para o uso dos RAs

Sim Não Neutro Sim Não Neutro

% Positivo

1. Há maior quantidade de pescado nos RAs? 66 0 34 63 5 32 65

2. Há maior diversidade de espécies nos RAs? 56 3 41 58 0 42 56

3. O pescado tem melhor qualidade nos RAs? 47 3 49 53 5 42 49

4. Os RAs ficam a menor distância para pescar? 27 20 53 21 5 74 26

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Apenas 26% dos inquiridos afirma que os RAs ficam em média mais perto do seu porto/varadouro de abrigo do que a média dos pesqueiros onde habitualmente costumam ir. Como a questão da distância aos RAs foi aquela em que houve mais de 50% de indecisos, quis-se saber se a distância era condicionante da escolha recifal, independentemente da segmentação do barco. Deste modo, analisaram-se quais foram as respostas dadas à pergunta: “Vale a pena pescar nos RAs?”, consoante as distâncias do porto/varadouro de abrigo ao RA mais próximo. Os resultados obtidos foram os seguintes (tabela 3.1.1.7):

Tabela 3.1.1.7 – Descritivos estatísticos mostrando a relação entre a escolha para pescar num RA e a distância que medeia o porto/varadouro ao recife mais próximo.

I.C. de 95% para a média Distância ao RA mais próximo (milhas) Vale a pena pescar nos RAs? N Distância média ao RA mais próximo (milhas) Desvio padrão Erro padrão

Inferior Superior Mínima Máxima

Não 7 4,71 2,50 0,94 2,40 7,02 1 8

Não sabe 18 4,61 3,18 0,75 3,03 6,19 1 10

Sim 53 3,38 2,72 0,37 2,63 4,13 1 8

Total 78 3,78 2,84 0,32 3,14 4,42 1 10

A tabela acima mostra-nos que a distância média varia ligeiramente entre os respondentes, mostrando-se mais favoráveis a pescar nos RAs os que situam mais perto das estruturas. No entanto, convém-nos saber se a distância média varia entre eles ou não. Para tal testaram-se as seguintes hipóteses:

H0 : as distâncias médias são as mesmas H1 : as distâncias médias são diferentes

Com os resultados da Análise de Variância (ANOVA) da tabela 3.1.1.8, podemos verificar que as distâncias são as mesmas. Assim sendo, entre os determinantes de uso, a distância não é condicionante para decidir se se pesca nos RAs ou não.

Tabela 3.1.1.8 – Análise de Variância (ANOVA) mostrando que devido ao facto do valor calculado do F = 1,713 ser menor do que o valor tabular de F = 3,13 com o α = 0,05 e gl = 2 e 75, aceitamos a H0. ANOVA Soma de quadrados Graus de liberdade Quadrado médio F Sig.

Entre grupos 27,136 2 13,568 1,713 0,187

Dentro de grupos 594,159 75 7,922

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Um outro possível determinante de uso não referido anteriormente é a existência de tecnologias de posicionamento geográfico, detecção de cardumes e avaliação batimétrica a bordo (existência de GPS e/ou sonda). Actualmente, toda a frota costeira e grande parte da frota local já possui esta tecnologia, o que significa que potencialmente pode estar melhor preparada para usufruir das mais valias recifais. A partir dos resultados da tabela 3.1.1.9, pode-se verificar que de todos os respondentes, apenas 15% não possuía tecnologia a bordo. A tecnologia é um factor determinante para as embarcações da frota local se “aventurarem” na pesca em zonas recifais. Conforme se pode constatar na tabela abaixo, cerca de metade dos respondentes possui uma área recifal perto do seu porto/varadouro de abrigo, e desses cerca de 83% possui tecnologia a bordo. No entanto, apenas 41% já pescaram em zonas de RA e apenas 2% de todos os inquiridos (i.e. 5% dos que lá pescaram) não eram possuidores de tecnologia de navegação e detecção a bordo. Daqui se pode interpretar que a oportunidade que os pescadores têm em modernizar as suas embarcações é uma mais valia para a exploração recifal e eficiência na pesca.

Tabela 3.1.1.9 – Quadro com variáveis dicotómicas: recifes na área do porto/varadouro de abrigo (presença ou ausência), prática da pesca em zona recifal (sim ou não) e tecnologia de navegação e/ou detecção de pescado (presença ou ausência).

Combinação de variáveis

RA na área Pesca em RA Tecnologia a bordo %

+ + + 25 - + + 14 - - + 31 + - + 15 + - - 8 - + - 2 + + - 0 - - - 5 Total 100  Actividades recreativas

Pela análise da tabela 3.1.1.10, as respostas das actividades recreativas tem uma percentagem mais positiva e põem à cabeça os mesmos determinantes de uso quanto à quantidade e diversidade de pescado: 80% e 64% dos respondentes. Para além disso, a qualidade do pescado é eleita como sendo um determinante positivo. Tal como os pescadores profissionais, os amantes das actividades recreativas revelam alguma incerteza ou desconhecimento sobre outros aspectos relativos aos RAs. Saliente-se o facto de que para muitos mergulhadores os RAs ficam a uma distância menos atractiva para serem usufruídos.

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Tabela 3.1.1.10 – Percentagens encontradas para os determinantes de uso nos respondentes das actividades recreativas.

Tipo de actividade

Pesca Mergulho

Determinantes para o uso dos RAs

Sim Não Neutro Sim Não Neutro

% Positivo

1. Há maior quantidade de pescado nos RAs? 64 9 27 95 0 5 80

2. Há maior diversidade de espécies nos RAs? 55 9 36 73 9 18 64

3. O pescado tem melhor qualidade nos RAs? 55 9 36 59 0 41 57

4. Os RAs ficam a menor distância para desfrutar? 18 9 73 23 32 45 20

5. Há diminuição de custos ao usar os RAs? 5 14 82 9 32 59 7

Referências

Associação Regional de Pesca Desportiva no Algarve (ARPDA), 2004. Associação: historial. [Online] Disponível em: http://arpda.no.sapo.pt/ [Acedido 20 Dezembro de 2004].

Câmara Municipal de Olhão (CMO), 2003. Reestruturação sectorial: frota. Base de dados em Access®. O acesso à base de dados foi cedido gentilmente pela Drª Margarida Leal. Clube Subaquático de Portimão (Portisub), 2004. O clube e Locais de mergulho. [Online] Disponível em: http://www.portisub.com/default.aspx [Acedido 20 Dezembro de 2004].

Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas (FPAS), 2001. Entidades filiadas. [Online] Disponível em: http://www.fpas.pt/links_ent_filiadas.asp [Acedido 20 Dezembro de 2004].

Hidroespaço, 2004. Quem somos. [Online]. Disponível em: http://www.hidroespaco.com

[Acedido 21 Dezembro de 2004].

Direcção Geral de Pescas e Aquicultura (DGPA), 2000. As pequenas comunidades piscatórias do sul: descoberta de uma realidade. Plano de extensão pesqueira do Sul (PEPE): DGPA

Direcção Geral de Pescas e Aquicultura (DGPA), 2002. Distribuição das licenças de pesca pelos portos do Algarve – ano 2002. Documento não oficial.

Milon, J. W., S. M. Holland, D. J. Whitmarsh, 2000. Social and economic evaluation methods. In: Seaman, W. (ed.) 2000. Artificial Reef Evaluation With Application to Natural marine Habitats Seaman: CRC press: 165-194.

Pinguim Sub, 2004. Centro de mergulho. [Online]. Disponível em: http://www.pinguimsub.pt/ [Acedido 21 Dezembro de 2004].

Simard, F. 1997. Socio-economic aspects of artificial reefs in Japan. Proceedings of the 1st European Artificial Reef Conference. Ancona, Italy, March 1996. 233-240.

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Referências

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