• Nenhum resultado encontrado

Deve ser negado provimento ao presente recurso, confirmando-se

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Deve ser negado provimento ao presente recurso, confirmando-se"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

Cópias da sentença do 7.° Juízo Cível da Comarca de Lisboa e dos acórdãos da Relação de Lisboa e do Supremo Tribunal de Justiça proferidos no processo de registo da marca nacional n° 214 797.

Cópia da sentença proferida de fl 150 a fl 152 v ° nos autos de recurso de marca em que são recorrente NEOBLANC - Produtos de Higiene e Limpeza, L da, e recorrido o Instituto Nacional da Propriedade Industri- al

Vem o presente recurso, ao abrigo dos artigos 203 ° e segumtes do Código da Propriedade Industrial interposto por NEOBLANC - Produtos de Higiene e Lunpeza, L da, com sede na Rua do Monte dos Pipos, 109, Custóias, Matosinhos, do despacho de 4 de Agosto de 1986 do Sr Director do Serviço de Marcas do Instituto Nacional da Propriedade Industrial que recusou o registo da marca n ° 214 797, Higilanque, públicado no Boletim da Proprie- dade Industrial, n° 8 de 1986, de 27 de Feve@@ d e 1987 (doc n° 1), fundamentando a recusa em confusão com a marea nacional n° 214 441, Higilanc (docs nos 1, 2 e 3)

Alega a recorrente que, sem poderem negar-se as mani- festas semelhanças gráficas e fonéticas das marcas em presença, o registo da marca Higilanque foi indevidamente concedido, pelo que não poderia ter sido oposto como recusa à protecção requenda para a marca Higilanc da recorrente, a qual interpôs oportunamente o competente recurso judicial, para obter a revogação do despacho que concedeu o registo da marca n° 214 441 Higilanc, recurso este pendente na 3 ª Secção do 5 ° Juízo Cível de Lisboa sob o n° 9470, no qual alega factos e situações, que volta a mencionar, donde denva a ilegalidade do dito registo, por violação de várias disposições do Código da Proprie- dade Industrial

Pede, pois, se ordene a suspensão da instância até ser profenda decisão final no refendo recurso

Apensado o processo administrativo do Instituto Naci- onal da Propriedade Industrial em que foi proferido o despacho recorrido, nos termos do artigo 206 ° do Código da Propriedade Industrial, dele consta a resposta da enti- dade recorrida - director do Serviço de Marcas do Instituto Nacional da Propriedade Industrial-, que é no sentido de concordar com a pedida suspensão da instância até decisão do recurso interposto do despacho que concedeu o registo da marca n° 214 441, Higilanc

A parte contrária IIIGILANC- Produtos de Higiene e Limpeza, L da, contra-alegou, designadamente dizendo que o registo da sua marca foi prioritariamente requerido por si em Janeiro de 1982, sendo mapropnada e inconsequente a discussão aqui dos fundamentos do recurso pendente no 5 Juízo Cível, 3 ª Secção, sob o n° 9470, além de que a recorrida é também titular do registo n° 2 5 764 do nome de estabelecimento «IIIGILANC», pelo que ao registo da marca Higilanque da recorrente sempre se aplicaria o disposto no n ° 6 do artigo 93 ° do Código da Propriedade Industrial, devendo ser indeferida a suspensão da instância requenda pela recorrente, já que apenas está em causa decidir se, à data em que foi proferido, o despacho re- corrido fez ou não correcta aplicação da lei, ao denegar o registo da marca n° 214 797 Termina imputando à re- corrente um uso manifestamente reprovável do processo, com o propósito de obter um objectivo ilegal - o registo da marca indeferida, pelo que deverá ser condenada, como litigante de iná-fé, em multa e em indemnização condigna à recorrida

Ordenada a requenda suspensão da instância, a recorrida agravou do respectivo despacho, agravo esse que não mereceu provimento no Tribunal da Relação de Lisboa, tendo o acórdão sido confirmado pelo Supremo Tribunal de Justiça, pelo que a instância permaneceu suspensa até que a recorrida HIGILANC, L da, veio juntar certidão do trânsito em julgado da decisão final do processo n ° 9470 do 5 ° Juízo Cível de Lisboa, 3' Secção, Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa de 12 de Dezembro de 1989 (fls 140/146), o qual, confirmando a decisão da 1ª ins- tância, decidiu julgar unprocedente o recurso em que a aqui recorrente NEOBLANC, L da, impugna o despacho do Instituto Nacional da Propriedade Industrial de 15 de Novembro de 1985 que concedeu o registo à marca na- cional n ° 214 441, Higilanc, publicado no Boletim da Propriedade Industrial, n ° 12, de 11 de Junho de 1986

Estamos agora em posição e na oportunidade de deci- dir, o que cumpre fazer

Com interesse para a decisão, podem dar-se como pro- vados os seguintes factos

a) No Boletim da Propriedade Industrial, n ° 8 de 1986, de 27 de Fevereiro de 1987, foi publicado

(2)

o despacho do Instituto Nacional da Propnedade Industrial de 4 de Agosto de 1986 que recusou a concessão de registo à marca nacional Higilanque, pedida por N E O B L A N C -Produtos de Higiene e Limpeza, L da, sob o n ° 214 797, sendo o mo- tivo da recusa o confundir-se com a marca naci- onal n° 214 441, Higilanc, nos termos do artigo 93 °, n° 1 2 °, do Código da Propnedade Industri- al (docs n os 1 e 3, a fls 6/8 e 10),

b) No Boletim da Propriedade Industrial, n ° 12 de 1985, de 11 de Junho de 1986, foi publicado o despacho do Instituto Nacional da Propnedade Industrial de 15 de Novembro de 1985 que concedeu o registo à marca nacional n ° 214 441, Higilanc, requenda por HIGILANC-Produtos de Higiene e Limpeza, L da (acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, certif a fls 140/146, e sentença do 5 ° Juízo Cível, a fls 133/139), c) A marca n° 214 441, Higilanc, é destinada a

lixívia, produtos para limpar, preparações para branquear, produtos (substâncias) para polir e produtos ou líquidos para desengordurar (doc n° 2, a fl 9),

d) A marca n ° 214 797, Higilanque, é destinada a produtos líquidos para desengordurar, detergentes, substâncias para branquear, substâncias para lavar e cera para soalhos (doc n ° 3, a fl 10), e) Ambas as marcas refendas se incluem na classe

3 ª (docs n os 2 e 3, a fls 9 e 10),

f) A recorrida HIGILANC-Produtos de Higiene e Limpeza, L da, foi constituída por escritura pú- blica de 4 de Janeiro de 1982, no 2 ° Cartório Notarial de Lisboa, sendo titular do registo n ° 25 764 do nome de estabelecimento comerci- al «HIGILANC» (acórdão do Tribunal da Rela- ção de Lisboa, a fls 140/146),

g) A recorrente NEOBLANC - Produtos de Higiene e Lunpeza, L da, é titular da denominação social com que se apresenta (idem),

h) Por sentença do 5 ° Juízo Cível de Lisboa no processo n ° 9470 da 3 ª Secção, foi negado provimento ao recurso interposto por NEOBLANC, L da, do despacho refendo na alí- nea b) supra e confirmado este (cert de fls 132/ 139),

i) Por Acórdão de 12 de Dezembro de 1989 do Tnbunal da Relação de Lisboa, toi negado provi- mento ao recurso da sentença refenda na alínea h) supra e confirmada a mesma (cert de fls, 140/ 146)

Apreciando e decidindo

O presente recurso tem como único e exclusivo funda- mento a eventual e então litigiosa legalidade do despacho que defenu o registo da marca n° 214 441, Higilanc, re- tendo na alínea b) supra, com a qual se confundia a mar- ca n ° 214 797, Higilanque, cujo registo foi recusado com base em tal confusão, nos termos do artigo 93 °, n ° 12 °, do Código da Propnedade Industrial, quando, no dizer da recorrente, o registo da marca n° 214 797 ainda estava pendente de recurso, pelo que a mesma não podia ser oposta à marca n° 214 797 da recorrente

Ora, uma vez transitada em julgado a decisão que deci- diu tal recurso, retenda na alínea l) supra, fica o recurso destes autos carente de qualquer fundamento táctico e jurí- dico, uma vez que os demais factos mencionados na res- pectiva petição-alegações respertam àquele outro recurso re- fendo na alínea h) supra e ali apreciados e considerados

Por outro lado, também é pertinente a alegação da re- corrida HIGILANC, Lda, de que sempre tena de ser re- cusado o registo da marca Higilanque da recorrente, com base no disposto no artigo 93 °, n° 6 °, do Código da Pro- pnedade Industnal, por manifesta confusão com a desig- nação da recomda e atento o facto atrás refendo na alínea f)

Pelo exposto, e dado que, como a própna recorrente admite, é manifesta a possibilidade de confusão entre as duas marcas em causa, por na registanda haver reprodu- ção ou imitação quase total desta, gráfica e fonética, e serem os mesmos os produtos a que se destinam, nada há a reprovar na bondade do despacho recorrido, que deve manter-se, julgando assim este recurso improcedente

Custas pela recorrente

Registe e notifique e, após trânsito, remeta-se o apenso ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial e cumpra- -se o disposto no artigo 210 ° do Código da Propriedade Industrial

Lisboa, 16 de Novembro de 1990 - Dário Pinto Andrade Rainho

Está confonne

Lisboa, 2 de Janeiro de 1991 - A Escriturária, (Assi- natura ilegível )

Cópia dactilografada do acórdão do Tnbunal da Relação de Lisboa, de fl 84 a fl 86, do recurso de marca n ° 4827/87 e em que são recorrente NEOBLANC - Produtos de Higiene e Limpeza, Lda, e recomdo o Ins- tituto Nacional da Propnedade Industrial

Acordam, em conferência, no Tnbunal da Relação de Lisboa

1 - NEOBLANC - Produtos de Higiene e Limpeza, Lda, sociedade comercial por quotas com sede na Rua do Monte dos Pipos, 109, Custólas, Matosinhos, veio, ao abngo dos artigos 203 ° e seguintes do Código da Pro- pnedade Industrial, recorrer do despacho proferido em 4 de Agosto de 1986 pelo director do Serviço de Marcas do Instituto Nacional da Propnedade Industnal que recusou o registo da marca n ° 214 797, Higilanque, e que está pu- blicado no Boletim da Propriedade Industrial, n ° 8 de 1986, de 27 de Fevereiro de 1987, confonne fl 8

Tal despacho recusou o registo da marca nacional n° 214797, Higilanque, com o fundamento de que tal marca se confunde com a marca nacional n° 214441, Higilanc (fls 8 e 9)

Todavia, a recorrente interpôs postenormente o com- petente recurso judicial tendente a obter a revogação do despacho que concedeu o registo da referida marca n° 214 441, Higilanc, e que coube ao 5° Juízo Cível, 3ª Secção, com o n ° 9470

No seu requerimento pediu a recorrente, subsnbanamente, que fosse ordenada a suspensão da ins- tância até que fosse profenda sentença no recurso inter- posto no 5 ° Juízo Cível, 3a Secção, com o n ° 9470

O Sr Director do Serviço de Marcas, na sua resposta junta ao processo apenso, declara que nada opõe à sus- pensão, uma vez que «a recusa agora recorrida para V E x só tem sentido se o processo de registo n° 2 1 4 441, Higilanc (e não Higilanque), vier a ser mantido na sen- tença judicial que está a conhecer deste registo

Na sua contra-alegação de fls 19 a 22 e que aqui se dá como reproduzida, a HIGILANC - Produtos de Higiene e Limpeza, Lda, opõe-se à suspensão pedida

(3)

A fls. 29 a 38 veio a HIGILANC - Produtos de Higi- ene e Limpeza, L.da, juntar certidão da sentença proferida no 5.° Juízo Cível, 3." Secção, processo n.° 9470/85, em que se confirmou o despacho recorrido que concedeu pro- tecção de registo à marca Higilanc, pertencente à recor- rida.

A fl. 40 veio a NE-OBLANC - Produtos- de Higiene e Limpeza, L.da, insistindo pela suspensão- da instância, uma vez que da decisão proferida foi interposto recurso para o Tribunal da Relação de Lisboa, conforme documento de fl. 46.

No seu despacho de fl. 47, o M.mo Juiz considerou a existência de uma questão prejudicial à decisão do recurso de marca ora em causa e, tendo em atenção o disposto no artigo 279.° do Código de Processo Civil, ordenou a sus- pensão do recurso com trânsito em julgado relativo ao registo da marca Higilanc.

Não se conformou a HIGILANC - Produtos de Higie- ne e Limpeza, L.da, com esta decisão e daí ter interposto recurso que foi recebido como agravo por despacho de fl. 49.

Nas suas alegações de recurso juntas a fls. 51 a 55, concluiu a agravante:

a) A recorrente não pode acompanhar o M.mo Juiz a quo quando no despacho de 25 de Novembro de 1988 se pronunciou pela «existência de uma questão prejudicial», pois que, atenta a específica natureza do despacho recorrido do Instituto Na- cional da Propriedade Industrial (acto administra- tivo), apenas há que averiguar, em sede de apre- ciação jurisdicional, se, com os elementos cons- tantes do processo registral, a decisão foi bem tomada ou mal tomada;

b) Não existindo, assim, qualquer causa prejudicial, de que possa depender a apreciação do mérito da causa pendente no processo n." 4827, da 3." Secção do 7." Juízo Cível de Lisboa, o M.mo Juiz a quo fez errada interpretação e aplicação do artigo 279.° do Código de Processo Civil, e desse modo «errou improcedendo».

Deve o presente recurso ser previsto, revogando-se o despacho recorrido e ordenando-se o reenvio dos autos ao tribunal a quo para que, na 1." instância, seja proferida decisão sobre o mérito da causa.

Contra-alegou a agravada a fls. 65 a 67, em que con- cluiu:

a) O registo de marca da agravada foi recusado com fundamento na sua confundibilidade com a marca da agravante;

b) A marca da agravante constitui, portanto, funda- mento da recusa de protecção à marca da agravada; c) Pelo que, estando pendente recurso de anulação daquela marca, tal processo constitui causa pre- judicial à resolução deste;

d) Com efeito, sendo o recurso de registo de marca um recurso de plena jurisdição, cabe ao tribunal não só aceitar o despacho recorrido como ainda emendar a protecção recusada;

e) Pelo que bem andou o tribunal a quo ordenando a suspensão da instância até decisão final sobre a questão prejudicial, nos termos do artigo 279.° do Código de Processo Civil.

Deve ser negado provimento ao presente recurso, con- firmando-se o despacho recorrido.

A fls. 68 e 69 manteve o M.mo Juiz o seu despacho. O Ministério Público junto deste Tribunal emitiu o seu parecer a fls. 70 e 71, em que se manifesta no sentido de que o recurso não merece provimento.

Tudo visto.

2 - No artigo 279.°, n° 1, do Código de Processo Civil permite-se que o tribunal possa ordenar a suspensão, quando a decisão da causa esteja dependente do julgamento de outra já proposta.

«Quando deve entender-se que a decisão de uma causa depende do julgamento de outra? Quando na causa pre- judicial esteja a apreciar-se uma questão cuja resolução possa mistificar uma situação jurídica que tem de ser considerada para decisão de outro pleito», conselheiro Jaime Bastos, Notas do Código de Processo Civil, vol. i, 1965, p. 45.

Descreve o Prof. A. Reis, vol. i, 3.ª ed., p. 384: O nexo de prejudicialidade ou de dependência define-se assim: estão pendentes duas acções e dá-se o caso de a decisão de uma poder afectar o julga- mento a proferir na outra. Aquela acção terá o ca- rácter de prejudicial em relação a esta?

No presente caso vemos que se encontram pendentes recursos de despachos do director do Serviço de Marcas a recusar o registo da marca nacional n.° 214 797, Higilanque. pedido pela NEOBLANC - Produtos de Hi- giene e Limpeza, L.da (processo n.° 4827/87, 7.° Juízo Cível, 3.ª Secção), e o que concedeu à marca nacional n.° 214 441, Higilanc, pedida por HIGILANC-Produtos de Higiene e Limpeza, L.da (processo n.° 9470/86, 5.° Juízo Cível, 3.ª Secção).

Acontece que a recusa da marca nacional n.° 214 797 teve como fundamento a existência da marca n.° 214 441, anteriormente registada, e pelo facto de entre elas haver confusão.

A decisão definitiva a proferir no processo n.° 9470/86, 5.° Juízo Cível, 3.ª Secção, é, sem dúvida, prejudicial em relação à que vier a proferir-se neste processo, pois ela poderá ter influência na decisão desta.

E não obsta a esta conclusão o facto de já ter sido decidida a questão no 5.° Juízo Cível, uma vez que da sentença foi interposto recurso e da outra não consta que já tenha sido decidido com trânsito em julgado.

Por outro lado, e como correctamente consta do pare- cer do Ministério Público a fl. 81 v.°:

O tribunal cível intervém, em pleno, no exercício da sua função, apreciando não só a legalidade do acto mas também e sobretudo do mérito da questão, e, apreciando do mérito, não só pode anular o acto recusado, como sobretudo, o que a lei prevê, o substitui por outro de acordo com a apreciação do fundo da questão.

Improcedem assim as conclusões a) e b) das alegações da agravante.

3 - Em face do exposto negam provimento ao recurso e, consequentemente, confirmam o despacho recorrido.

Custas pela agravante.

Lisboa, 24 de Outubro de 1989. - Os Juízes Desembargadores.

Está conforme.

Lisboa, 30 de Outubro de 1991. - A Escriturária, (Assinatura ilegível.)

(4)

Cópia do acórdão do Supremo Tribunal de Justiça. Acordam no Supremo Tribunal de Justiça:

I - Relatório

1 - E m 1 de Junho de 1987, NEOBLANC -Produtos de Higiene e Limpeza, L.da, recorreu, ao abrigo do dispos- to nos artigos 203.° e seguintes do Código da Propriedade Industrial, do despacho do director do Serviço de Marcas do Instituto Nacional da Propriedade Industrial que lhe recusou o registo da marca n.° 214 797, Higilanque. O fundamento para tal indeferimento residiu na susceptibili- dade da sua confusão com a marca nacional n.° 214 441, Higilanc, mas a N E O B L A N C invoca que este último re- gisto foi ilegal, o que motivou recurso tendente a obter a revogação do despacho em que o mesmo se baseou. Neste último recurso, então pendente, com o n.° 9470, no 5.° Juízo Cível, 3.ª Secção, do Tribunal Cível de Lisboa, ale- gou-se que a ilegalidade decorria do facto de a marca ser constituída pela expressão «Higilanc», o que não oferece «aspecto geral próprio de palavra portuguesa ou latina». Sendo assim, o registo apenas poderia ter sido pedido para exportação (artigos 78.° e 201.° do citado Código da Propriedade Industrial). Acresce que, no dizer da NEOBLANC, ela é uma sociedade produtora e vendedora de produtos idênticos aos da marca Higilanc e encontra-se legalmente constituída sob a denominação social referida e também é dona do nome de estabelecimento n.° 13 350, «NEOBLANQUE», registado desde 14 de Abril de 1965, bem como titular das marcas n.os 163 113.e 171 886, Neoblanque. Em conclusão, o registo dá marca n.° 214 441 seria ilegal por violar não só o exclusivo decorrente das marcas, da denominação social e do nome de estabeleci- mento da recorrente, como por possibilitar situações de concorrência desleal, o que, nos termos do artigo 137.°, n.° 4.°, do Código da Propriedade Industrial, constituiria fundamento de recusa do registo.

Desta forma, a marca n.° 214 441, Higilanc, não poderá deixar de ser recusada por ser posterior quer à constitui- ção da recorrente sob a denominação NEOBLANC, quer ao registo do nome de estabelecimento e das marcas Neoblanque pertencentes à citada NEOBLANC.

2 - A recorrida HIGILANC - Produtos de Higiene e Limpeza, L.da, respondeu ao recurso por ser manifesta a confundibilidade entre a marca requerida (Higilanque) e aquela de que é titular (Higilanc) e que lhe foi concedida para o mesmo tipo de produtos da classe 3.ª (lixívia, pro- dutos para limpar, preparações para branquear, produtos - substâncias - para polir e produtos ou líquidos para desengordurar).

Quanto à suspensão da instância, opôs-se por não con- siderar questão prejudicial o recurso pendente no citado 5.° Juízo Cível de Lisboa.

3 - Depois de comprovada a pendência deste último recurso, o Ex.mo Juiz, considerando que ele constitui uma questão prejudicial à decisão do recurso deste processo, suspendeu a instância, nos termos do artigo 279.° do Có- digo de Processo Civil.

A HIGILANC - Produtos de Higiene e Limpeza, L.da, agravou para a Relação mas sem êxito, pelo que surge agora este agravo de 2.ª instância, assim concluído:

a) O despacho recorrido (o do director do Serviço de Marcas) constitui um acto administrativo, pelo que apenas se teria de averiguar na 1.ª instância

se, com os elementos constantes do processo de registo, a decisão do Instituto Nacional da Propri- edade Industrial foi bem ou mal tomada; b) Isto decorre dos artigos 93°, n.° 12.°, e 172.° do

Código da Propriedade Industrial;

c) À suspensão da instância opõem-se os registos, já concedidos à agravante, do nome do seu estabele- cimento e da própria denominação social, ambos integrando a expressão «HIGILANC»;

d) Isto decorre do artigo 93.°, n.° 6.°, do Código da Propriedade Industrial;

e) O acórdão impugnado violou o artigo 279.° do Código de Processo Civil e os artigos 93.°, n.os 6.° e 12.°, e 172.° do Código da Propriedade Indus- trial.

Termina por pedir a revogação do decidido pela 2.ª instância, ordenando-se à comarca o julgamento sobre o mérito da causa, se não houver lugar à declaração da extinção da instância por inutilidade da lide.

A agravada não contra-alegou. II - Fundamentos

1 - Ambas as partes estão de acordo em que na altura da entrada do recurso no tribunal da comarca já estava pendente um outro com o objectivo de obter a revogação do despacho que concedera o registo da marca cuja confundibilidade com a pretendida pela ora agravada ser- viu de fundamento à recusa do registo desta.

Acresce que a marca n.° 214 441 (Higilanc) foi regis- tada em consequência de despacho de 15 de Novembro de 1985, publicado no Boletim da Propriedade Industrial, de 11 de Julho de 1986; por outro lado, o despacho que re- cusou o registo da marca Higilanque tem a data de 4 de Agosto de 1986 e foi publicado no citado Boletim, de 27 de Fevereiro de 1987.

2 - Como refere Miguel Teixeira de Sousa (Revista de Direito e Estudos Sociais, ano xxiv, n.° 4, pp. 305 e segs.), as situações de prejudicialidade entre acções situam-se no âmbito das relações de dependência entre objectos proces- suais, ou, como o mesmo professor acrescenta, a prejudicialidade diz respeito a hipóteses de objectos pro- cessuais que são antecedente da apreciação de um outro objecto que os inclui como premissas de uma decisão mais extensa.

Todavia, quando é possível conhecer de uma das recu- sas sem abarcar a apreciação da outra, já não existe rela- ção de prejudicialidade, pois nestes casos poderá, ao contrário, verificar-se contraditoriedade de julgados.

Exemplo daquela primeira alternativa encontra-se nos artigos 97.°, n.° 1, e 279.°, n.° 1, ambos do Código de Processo Civil, «pois que a dependência aí referida assen- ta na relação de pertença de um objecto processual preju- dicial - administrativo ou penal no caso do artigo 97.° - a um outro de âmbito mais extenso» (cf. citado estudo, p. 306).

Exemplo do segundo tipo de casos pode encontrar-se quando a consumpção entre os objectos processuais das duas causas é total e recíproca, verificando-se, assim, uma relação de identidade: «se numa acção se discutir como thema decidendum fundamental uma situação de cumpri- mento obrigacional, pode o juiz de uma outra causa sus- pender a instância se nesta o pagamento for invocado pelo réu como meio de defesa, assim prevenindo a colisão de julgados» (cf. autor e estudo citados, p. 307). Nesta se- gunda categoria de casos, a suspensão da instância será admissível com base na segunda parte do primeiro trecho do artigo 279.°, n.° 1, do Código de Processo Civil (quando o juiz entender que ocorre outro motivo justificado).

(5)

3 - Ora, no recurso em apreço, quando se pede a re- vogação do despacho que recusou o registo da marca da ora agravada, alega-se exactamente o que se alegou quan- do esta impugnou o despacho a conceder o registo da marca concedido à ora agravante. Isto é: a ora recorrida NEOBLANC insurgiu-se primeiramente quanto ao deferi- mento da marca Higilanc à agora agravante, com funda- mentos e exposição de factos exactamente iguais àqueles que na petição de fls. 2 e seguintes articulou para de- monstrar a suposta ilegalidade ao ser-lhe recusado o regis- to que pediu.

Por isso, o Ex.mo Juiz da 1.ª instância, embora sem o afirmar explicitamente, temeu que neste segundo processo se fosse contrariar o caso julgado a formar no primeiro, e daí a suspensão decretada que, no entanto, só pode funda- mentar-se na citada segunda parte do primeiro trecho do artigo 279.°, n.° 1, do Código de Processo Civil, e não na sua primeira parte (a decisão da causa estar pendente do julgamento de outra já proposta).

4 - Salvo o devido respeito, a outra argumentação da agravante, tal como ficou referida, não tem qualquer consistência. Citando Afonso Queiró (Revista de Legisla- ção e Jurisprudência, 98.°, pp. 13 e segs.) e um acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, a agravante afirma que o recurso a que se reporta o artigo 203.° do Código da Propriedade Industrial não pode deixar de ter como objecto um certo e determinado acto administrativo com o respectivo objecto e conteúdo, e, como tal, é em relação a esse objecto específico que devem ser suscitados os vícios, sob pena de improcedência do recurso.

Já está há muito assente (e nisso também concorda Afonso Queiró) que a lei (artigo 203.° citado), ao facultar aos interessados o recurso para o Tribunal da Comarca de Lisboa, permite-lhes rever o acto da Administração e pronunciar uma decisão que é, materialmente falando, um acto administrativo de declaração constitutiva. ou seja, a substituição do decidido por outra decisão, quando, como é evidente, julgue procedente a impugnação (o contencioso, neste caso, é, pois, de plena jurisdição).

De qualquer maneira, nada impede em contencioso administrativo a suspensão da instância do recurso quando se verifiquem os pressupostos do Código de Processo Civil, aplicável subsidiariamente.

5 - Finalmente, uma palavra sobre a inutilidade superveniente da lide que conduziria à extinção da ins- tância. A agravante juntou agora certas fotocópias desti- nadas a provar terem sido julgados improcedentes pedidos de declaração de ilegalidade formulados pela ora agravada contra ela e relativamente ao nome de estabelecimento e à denominação social.

Para além de os documentos não provarem o que se alega (consistem apenas em fotocópias de decisões a jul- garem desertos recursos cujos objectos se desconhecem e sem certificarem os respectivos trânsitos em julgado), o certo é que nenhum deles se refere à causa que determi- nou a suspensão da instância questionada neste processo.

III - Decisão

Com os fundamentos expostos, nega-se provimento ao agravo, confirma-se a decisão impugnada e condena-se a recorrente nas custas.

Lisboa, 15 de Maio de 1990. - (Assinaturas ilegíveis.) Está conforme.

Lisboa, 16 de Maio de 1990. - A Escriturária, (Assi- natura ilegível.)

Referências

Documentos relacionados

Inscrições na Biblioteca Municipal de Ourém ou através do n.º de tel. Organização: Município de Ourém, OurémViva e grupos de teatro de associações e escolas do

De Innisfree a Guest, sua obra ganha transcendência para se pensar no estado transitório e frágil da memória, mas também para entender como as imagens são intermediarias e

PRESSURE poderá validar a aplicação da garantia. 7) São excludentes da garantia componentes que se desgastam naturalmente com o uso regular e que são influenciados pela insta- lação

As admissões e as aberturas de evacuação de ar devem estar dimensionadas no seu conjunto para o mesmo caudal total, determinado de acordo com a secção 6.2. As passagens de

Este medicamento é exclusivamente de uso tópico nasal e não deve ser ingerido. Se ocorrer a ingestão deste produto, especialmente em grandes quantidades, o paciente deverá ser

DISCIPLINA: DIREITO AQUAVIÁRIO II – DIR5958.. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS. DEPARTAMENTO

- Exclusividade na internet: a partir de março de 2009, o Roda Viva passou a ser transmitido ao vivo na internet, às 17h30, com a exibição do programa, dos bastidores e do

Ali diz que, ao voltar, Jesus permanecerá nos ares enquanto somos levados ao Seu encontro: “Porquanto o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada