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Os textos bíblicos citados neste livro são da versão Almeida Revista e Atualizada, salvo outra indicação.

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Academic year: 2021

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Título original em inglês: HOW TO SURVIVE ARMAGEDDON Direitos de tradução e publicação em língua portuguesa reservados à CASA PUBLICADORA BRASILEIRA Rodovia SP 127 – km 106 Caixa Postal 34 – 18270-970 – Tatuí, SP Tel.: (15) 3205-8800 – Fax: (15) 3205-8900 Atendimento ao cliente: (15) 3205-8888 www.cpb.com.br 1ª edição neste formato Versão 1.1 2013 Coordenação Editorial: Marcos De Benedicto Editoração: Márcio Nastrini e Guilherme Silva Revisão: Adriana Seratto Design Developer: Fábio Fernandes e Cristiano Soares Vieira Capa: Flávio Oak Projeto Gráfico: Paloma Cartaxo Imagens da Capa: Montagem sobre fotos SXC Os textos bíblicos citados neste livro são da versão Almeida Revista e Atualizada, salvo outra indicação. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem prévia autorização escrita do autor e da Editora. 14287/28731

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Dois anos atrás, passei alguns dias na cidade de Nova York. Enquanto eu caminhava pelas ruas repletas de gente, era comum que as pessoas me entregassem alguma coisa. A maioria dessas coisas eram anúncios de diferentes produtos. Mas o segundo tipo de anúncio mais comum eram os panfletos sobre o fim do mundo. Muitos pretensos profetas parecem estar falando e pensando sobre o que vai acontecer no fim e, ao que parece, vários deles têm colocado seus pensamentos no papel para tentar convencer os demais.

Por exemplo, na Times Square, uma mulher me entregou dois panfletos sobre o fim do mundo e os eventos dos últimos dias. Um deles era sobre o número 666. O tal panfleto alegava que, agora mesmo, nosso governo e os de outras nações estão tentando criar uma sociedade sem dinheiro. Para isso, estão fabricando um chip de computador, o qual seria implantado em todos nós. O chip seria a marca da besta, e todos que o receberem irão para o inferno. De acordo com o panfleto, é de importância vital que compreendamos os detalhes da conspiração. Do contrário, seremos levados a aceitá-la.

O segundo panfleto era sobre o que alguns chamam de arrebatamento secreto. Este apresentava a ideia de que logo chegará o dia em que todo o povo de Deus simplesmente desaparecerá da Terra. Deus vai raptá-lo e levá-lo para o Céu. O resto do mundo, entretanto, continuará funcionando como antes. Todavia, um tempo de terrível tribulação terá início logo em seguida, o qual durará sete anos. Depois disso, Jesus voltará à Terra.

Da Times Square, fui até a Estação Central, passando pela Rua 42. Ali, alguém me entregou mais um panfleto. Este alegava que, quando Jesus disse que ninguém conhecia o dia nem a hora de Sua vinda (Mateus 24:36), isso era verdade apenas até 1988. Nessa data, Deus teria começado a revelar o tempo exato da vinda de Jesus para os verdadeiros crentes. De acordo com os autores, se você quiser estar pronto para esse dia, precisa conhecer o esboço dos eventos finais apresentado no folheto.

Mas nem preciso ir até Nova York para que me encham de material sobre cenários dos eventos dos últimos dias e o fim do mundo. Poucas semanas atrás, a alguns metros de minha igreja, em Grand Terrace, Califórnia, alguém me entregou um DVD. Cheguei a ver um pouco daquele material, mas não todas as quatro horas do vídeo. Ali alguém dizia que o fechamento da porta da graça, em preparação para a segunda vinda de Cristo, havia começado em 11 de setembro de 2001, quando os terroristas destruíram o World Trade Center, em Nova York. No vídeo, o locutor insistia que, para estar preparado para o fim do mundo e ser salvo, eu precisaria saber sobre os eventos ali apresentados em detalhes. Parece que as cenas dos últimos tempos estão mesmo em todas as partes. Outro dia, entrei no supermercado e encontrei uma prateleira cheia de livros em promoção. Eram livros sobre os eventos do fim dos tempos. O que se deve fazer? É, de fato, importante saber como o mundo vai acabar, ou mesmo pensar sobre essas coisas? Por que não vivemos apenas um dia após o outro sem nos preocupar sobre o futuro do mundo? Houve um tempo em que as pessoas simplesmente acreditavam que a história da Terra iria continuar para sempre. Um dos principais teólogos do Novo Testamento no século 20, escrevendo cerca de 80 anos atrás, rotulou de mito o cenário da volta de Jesus apresentado no Novo Testamento. Ele disse que a escatologia (palavra que significa o estudo das últimas coisas e do fim do mundo) do Novo Testamento nunca ocorreu, e que hoje sabemos que nunca ocorrerá.

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esperança de que os fiéis O encontrarão nos ares. [….]

É impossível usar a eletricidade, o telégrafo, beneficiar-nos das descobertas recentes da medicina e, ao mesmo tempo, acreditar no mundo de espíritos e milagres do Novo Testamento. […] A escatologia mítica é insustentável pelo simples fato de que a parousia (vinda) de Cristo nunca ocorreu como era esperado no Novo Testamento. A história não chegou ao seu fim, e, como qualquer aluno da escola fundamental sabe, ela seguirá seu curso.1 Hoje, porém, nem todo aluno da escola fundamental está seguro de que a história seguirá seu curso. Cientistas e líderes políticos estão pensando seriamente na maneira como o mundo vai acabar. Alguns cientistas sugerem que o aquecimento global poderá causar o fim da história humana. Outros estão preocupados com a possibilidade de sermos sufocados em um oceano de ar poluído. Cientistas políticos consideram a possibilidade de que venhamos a destruir a vida humana por meio de uma guerra nuclear. De alguma maneira, a ideia de que o mundo vai continuar em sua marcha perene está perdendo a popularidade. Isso, por si só, pode ser um sinal de que Deus está preparando a Terra para seu grande clímax.

As pessoas, naturalmente, também fazem brincadeiras com a ideia do fim do mundo. Desenhos animados zombam de pretensos profetas que carregam cartazes anunciando a tragédia iminente. Há pouco tempo, assisti a um vídeo que fazia galhofa sobre os debates concernentes ao ensino do evolucionismo ou do criacionismo nas escolas públicas. Nessa simulação de debate, cientistas e teólogos discutem se as crianças devem aprender na escola sobre as visões científicas ou religiosas do fim do mundo. Os cientistas queriam instruir as crianças no sentido de que o mundo iria acabar devido ao calor do aquecimento global. Os personagens religiosos buscavam alertar os estudantes de que o mundo iria perecer no fogo do Armagedom. Nenhuma das opções era muito atrativa.

É possível que, por trás da sátira e da galhofa, exista um medo genuíno sobre o que acontecerá, algum dia, ao mundo? Será que os diversos cenários que aparecem nos livros, folhetos e vídeos realmente se originam em algo que esteja arraigado no profundo da mente de um grande número de pessoas? Se assim for, isso acaba levantando o dilema sobre qual das opiniões devemos escutar. Todas elas parecem ser diferentes e todas defendem ser a opinião correta. Em quem acreditar, então? Às vezes, parece que o melhor mesmo é esquecer tudo isso. Pessoalmente, sinto certo desconforto com a maioria dos cenários relativos ao fim do mundo. Em primeiro lugar, todos eles parecem dizer que você precisa conhecer e entender a ordem dos eventos proposta por eles, se quiser mesmo estar preparado para o fim do mundo. Em outros cenários cristãos, o fim do mundo significa compreender como as tribulações, as pragas, a marca da besta, o surgimento do anticristo, o fechamento da porta da graça e demais eventos se encaixam entre si. Mas as sequências propostas, com seus elementos contraditórios, não podem estar corretas.

Outro problema que tenho com esses cenários é o senso generalizado de medo e de pressentimentos que eles têm em comum. Existe um espírito de constante roer de unhas. E isso se aplica não somente a pessoas seculares pessimistas que têm preocupações com a poluição e com guerras nucleares. Muitas pessoas religiosas têm medo do fim, porque veem nele a obra final de um Deus severo e vingativo.

Em terceiro lugar, muitos desses cenários tentam estabelecer datas e tempos proféticos com o objetivo de decifrar o futuro e datar o fim dos tempos. Talvez toda essa tarefa de mapear os eventos que levarão ao fim do mundo seja um esforço mal dirigido. Em vez disso, minha intenção é virar todo esse assunto de cabeça para baixo. Acredito que existam boas notícias sobre o fim do mundo. Ademais, embora eu sinta que possamos conhecer o que virá no futuro, minha conclusão é de que a maioria dos cenários do fim dos tempos sobre os quais lemos contém grandes equívocos.

A Bíblia nos apresenta a história de Jesus, e essa história inclui não somente o que Ele fez enquanto esteve na Terra, mas está repleta de promessas sobre o futuro. No próximo capítulo, veremos uma dessas promessas. Ela nos dará a informação mais vital que precisamos saber sobre o futuro e o fim do mundo. Essa informação afasta o medo e o substitui por felicidade e esperança. Ela desafia a ideia contida na maioria dos gráficos e cenários do fim do mundo exibidos nas ruas, nos vídeos e em muitas igrejas.

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O livro de Atos é o quinto livro do Novo Testamento e o segundo dos dois volumes escritos por Lucas, um dos companheiros do apóstolo Paulo. Em seu primeiro livro, o Evangelho de Lucas, ele conta a história do nascimento, ministério, morte e ressurreição de Jesus. No segundo, ele mostra, então, como o Espírito Santo inspirou os seguidores de Jesus a levar a todo o mundo as boas-novas registradas no primeiro livro, formando assim a igreja cristã. Uma das grandes promessas da Bíblia aparece no capítulo de Atos, em que Lucas relata como Jesus e Seus discípulos estiveram juntos por 40 dias, após Sua ressurreição.

Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel? Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela Sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis Minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da Terra. Ditas estas palavras, foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem O encobriu dos seus olhos. E, estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles e lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao Céu virá do modo como O vistes subir (Atos 1:6-11).

Os discípulos de Jesus estavam emocionados. Eles haviam esperado que o Mestre estabelecesse um reino na Terra e acreditavam que aquele era o melhor momento para isso. Portanto, perguntaram-Lhe se era isso mesmo. Queriam saber quando Jesus iria estabelecer Seu reino terrestre. Mas, se não fosse naquele momento, quando seria, então? E o que iria acontecer depois?

Em vez disso, Jesus reorientou o entendimento dos discípulos. Disse-lhes que não lhes competia conhecer tempos, épocas ou eventos. Deus, o Pai, cuidaria disso. Tampouco era tarefa deles decifrar datas e eventos do fim dos tempos. No que lhes dizia respeito, eles deveriam ser testemunhas daquilo que Jesus fizera e levar a mensagem de onde estavam – Jerusalém – até as áreas em redor – Judeia e Samaria – e, então, até os confins da Terra. Sua responsabilidade, portanto, não era conhecer tudo acerca do tempo do estabelecimento do reino de Deus, mas ir e ser testemunhas de Cristo, preparando as pessoas para a chegada do reino.

Depois que Jesus deixou isso muito claro, Ele foi envolto em uma nuvem e desapareceu. Então, dois homens, presumidamente anjos ou mensageiros de Deus, vieram até eles e perguntaram por que estavam olhando para o céu. Prometeram aos discípulos que Jesus voltaria da mesma maneira pela qual eles O haviam visto subir. Como veremos ao longo deste livro, é essa promessa (ao lado de muitas outras semelhantes a ela, no Novo Testamento) que dá aos cristãos esperança quanto ao futuro. Cremos que o futuro do mundo está nas mãos desse mesmo Jesus cuja história nos é contada de forma dramática nos evangelhos, os quatro primeiros livros do Novo Testamento.

Essa é uma notícia particularmente boa, pois o Jesus que encontramos nos evangelhos é Alguém que pode ser amado e em quem se pode confiar. É Ele quem virá outra vez e que sustém o futuro do mundo em Suas mãos. Nós, os cristãos, nos preparamos para o fim da história da Terra não por conhecer os eventos, mas por conhecer a Jesus.

Quem é esse Jesus? Por que podemos confiar nEle? Pensemos sobre isso.

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voltará é o mesmo ser que Se dispôs a deixar as glórias do Céu para nascer em um estábulo junto a animais malcheirosos, em razão de Seu grande amor por nós. Em um lindo hino sobre Jesus, encontrado em Filipenses 2:6 e 7, Paulo diz que Cristo, “subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a Si mesmo Se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-Se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana”. Esse Jesus que, em Sua própria natureza, é Deus, mas que veio ao mundo para Se tornar humano e nos salvar, virá outra vez. Isso é uma ótima notícia.

A promessa de Atos 1 declara que Aquele que está voltando à Terra e que sustenta o futuro de nosso mundo em Suas mãos é o mesmo Jesus que foi confrontado por aqueles furiosos acusadores que flagraram uma mulher em adultério. Eles estavam prestes a apedrejá-la, mas Jesus os afastou dali. Depois perguntou à mulher onde estavam seus acusadores. Ao ver que eles haviam desaparecido, Jesus lhe disse: “Nem Eu tampouco te condeno; vai e não peques mais” (João 8:11).

Esse mesmo Jesus, compassivo e pronto a perdoar, virá outra vez. Isso é uma ótima notícia. A promessa de Atos 1 assegura que Aquele que irá nos encontrar no fim da história é o mesmo que, por gostar tanto das pessoas, e por frequentar suas festas, chegou a ser acusado de andar em más companhias. Ele realizou Seu primeiro milagre numa festa de casamento. Jesus aceitava as pessoas sem Se importar se elas pertenciam à alta sociedade ou se eram simples mendigos.

Esse mesmo Jesus que amava as pessoas, virá outra vez. Isso é uma ótima notícia.

A promessa de Atos 1 nos conforta com o fato de que Aquele que está prestes a voltar à Terra é o mesmo que Se dispôs a enfrentar a cruz, o pior instrumento de tortura conhecido em Seu tempo, embora tivesse o poder de livrar-Se dela, evitando o sofrimento – tudo isso por nos amar. Paulo continua o hino que citamos anteriormente: “A Si mesmo Se humilhou, tornando-Se obediente até à morte e morte de cruz” (Filipenses 2:8).

Esse mesmo Jesus, que foi crucificado, virá outra vez. Isso é uma ótima notícia.

Ao sofrer a tortura pendurado naquela cruz, Jesus olhou para aqueles que cuspiram nEle, que zombaram dEle, que O espancaram e O feriram com uma coroa de espinhos, e orou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).

Esse mesmo Jesus perdoador virá outra vez. Isso é uma ótima notícia.

Finalmente, quando tiraram Jesus daquela cruz e O colocaram em uma tumba, esta não foi capaz de detê-Lo ali. A despeito da enorme pedra, dos poderosos soldados e do próprio Satanás, Jesus saiu da tumba como a ressurreição e a vida. Esse mesmo Jesus vivo e doador da vida virá outra vez. Isso é uma ótima notícia. Se você nunca fez isso antes, peço-lhe que busque um dos quatro evangelhos, logo no começo do Novo Testamento, e o leia do começo ao fim. Veja quem é esse Jesus. Contemple o que Ele fez por nós. Obtenha uma clara visão de Seu caráter e amor. Pense, então, sobre o significado de ter o seu futuro em Suas mãos. Considere como seria saber que é Ele quem sustenta não somente seu futuro, mas também o futuro do mundo. Reflita sobre tudo isso e veja se não é mesmo uma ótima notícia.

A promessa da segunda vinda de Jesus só poderá se tornar a esperança que Deus quer que tenhamos em nosso coração quando soubermos que é “este mesmo Jesus” quem está voltando para este mundo, e que Ele vem para nos salvar, trazendo um fim ao pecado e à morte.

Estaremos preparados para Sua chegada não porque temos conhecimento dos eventos que ocorrerão, mas por conhecer Jesus e confiar nEle como nosso Salvador, pois é Ele quem nos resgatará do pecado e da morte, dando-nos a vida eterna. A maioria dos cenários do fim do mundo desconsidera isso. A ênfase está em descobrir quando Jesus aparecerá e como os eventos atuais podem nos ajudar a decifrar os tempos e as datas, aquelas mesmas coisas que, segundo o próprio Jesus declarou, Seus discípulos não deveriam saber (como veremos nos próximos capítulos). Em vez disso, Ele nos convida a conhecê-Lo.

Por outro lado, Jesus alertou que, antes de Sua volta, apareceriam falsos profetas e falsos messias. Satanás os usaria para tentar enganar o povo de Deus (ver Mateus 24). É importante entender, portanto, o que Jesus nos diz sobre Sua volta. O foco está em conhecê-Lo, mas Ele também nos alerta para que não sejamos seduzidos por cenários falsos e especulativos. Por isso é importante ver o que o Novo Testamento ensina acerca da volta de Cristo e como ela ocorrerá. É isso que faremos ao longo deste livro.

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devemos nos preparar para aquele dia conhecendo-O de tal maneira, que nenhum dos enganos e falsificações de Satanás possam nos derrubar.

Hoje, muitas pessoas estão preocupadas com possíveis monstros que estariam à espreita no limiar da história do mundo. Elas tremem de medo diante das ameaças de destruição nuclear, aquecimento global, um oceano sufocante de ar poluído ou mesmo de um Deus furioso e vingador. Mas para os cristãos, o fim do mundo é uma ótima notícia, pois esse mesmo Jesus, Aquele a quem conhecemos por intermédio dos evangelhos e passamos a amar, é quem abriga o futuro em Suas mãos.

Recentemente, estive com dois de meus três netos, um de dois anos e meio e outro de cinco anos e meio. Foi uma alegria quando, depois de trazer para mim uma pilha de livros, eles subiram em meu colo e disseram: “Vovô, leia para nós.” O mais novo me entregou um livro, dizendo: “Primeiro esse!”

Era um livro sobre um dos personagens da Vila Sésamo, o Grover. O livro, escrito por Jon Stone e Michael Smollin, intitula-se The Monster at the End of This Book: Starring Lovable,

Furry Old Grover2 [O Monstro do Fim do Livro: Estrelando o Adorável, Peludo e Velho Grover,

em tradução livre]. Quando começamos a ler o livro, aprendemos que Grover tinha um medo mortal de monstros, e que havia um monstro no fim do livro. Assim, Grover implorava, insistia, alertava e rogava aos leitores que não virassem as páginas do livro, pois ele não queria se aproximar do monstro.

Ao terminar a primeira página, perguntei: “Devemos virar a página? O Grover não quer que façamos isso.” E meus netos disseram: “Vire a página, vovô!” Quando a viramos, Grover estava em pânico, implorando que não passássemos para a próxima página. Mas os meninos me pediram para continuar. À medida que a história avançava, Grover ia ficando mais agitado e insistente: “Vocês não sabem o que estão fazendo comigo. Não virem nem mais uma página!” Mas os meninos insistiam: “Vire a página, vovô!”

Finalmente chegamos ao fim do livro, só para descobrir que não havia monstro nenhum – apenas o adorável, peludo e velho Grover. E os meninos riram muito.

Muitos se preocupam com monstros que estariam à espreita no fim do livro, ao virarmos as páginas da história de nosso mundo. Mas a Bíblia diz que não devemos temer. Não há nenhum monstro da destruição nuclear ou de uma catástrofe natural no fim do livro. Em vez disso, ali está esse mesmo Jesus. Isso é uma ótima notícia.

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Se você fosse desenhar um gráfico dos eventos dos últimos dias, por onde começaria? Quais são os primeiros “eventos dos últimos dias”? Fiquei pensando sobre isso e fui pesquisar sobre esses eventos na internet. Encontrei um bom número de exemplos. Vi que muitos deles situam os eventos dos últimos dias cerca de 200 anos atrás.

Parece ser muito tempo no passado. Eu trabalho com um bocado de jovens que pensam na Guerra do Vietnã como se fosse história antiga. Para eles, se alguma coisa não aconteceu poucos anos atrás, não pode ter nada que ver com os “últimos dias.” Gráficos que iniciam 200 anos atrás não significam nada para eles. Nossa era é a dos microondas, das refeições rápidas e de ter tudo “agora mesmo”. Quem vai se preocupar com a história antiga? Qualquer coisa que seja de 200 anos atrás provoca um grande bocejo.

Quando vamos à Bíblia, porém, percebemos que os últimos dias não se estendem por apenas 200 anos em direção ao passado, mas alcançam 2.000 anos atrás! De maneira consistente, o Novo Testamento fala do primeiro século, o tempo em que foi escrito, como se já fossem os últimos dias. Mas não fique apenas com minha palavra nessa questão. Examinemos alguns textos.

As primeiras palavras do livro de Hebreus se referem ao primeiro século como os últimos dias. “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o Universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do Seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do Seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-Se à direita da Majestade, nas alturas” (Hebreus 3:1-3).

Notemos que o livro de Hebreus contrasta o passado, quando Deus falou de maneira fragmentada, com o tempo em que o livro foi escrito (1º século), quando Deus falou decisivamente por meio do Filho, Jesus Cristo. O livro exalta a Jesus como Aquele por intermédio de quem Deus criou o Universo, quem mantém tudo em funcionamento e quem mais claramente revela Deus ao mundo. Jesus também fez provisões para nos purificar de nossos pecados (morrendo na cruz), e agora, em virtude de Sua ressurreição, está sentado à destra do trono de Deus no Céu. Tudo isso aconteceu dentro daquilo que o autor bíblico chama de “últimos dias”. Estamos falando de mais de 1.900 anos atrás, e o autor bíblico já considerava como os “últimos dias”.

Essa passagem de Hebreus, todavia, não é a única que define o 1º século como últimos dias. Em Atos 2, quando o Espírito Santo foi derramado sobre os apóstolos, as pessoas que tinham vindo de diferentes nações ouviram os apóstolos em suas respectivas línguas, e chegaram a pensar que os seguidores de Jesus estavam embriagados. Mas Pedro lhes disse que aquilo que estavam vendo não era resultado de embriaguez, mas da ação do Espírito Santo. Ele interpretou isso como um cumprimento de uma profecia de Joel a qual diz que, nos “últimos dias”, Deus derramaria Seu Espírito sobre todas as pessoas (ver Joel 2:28-32). “Então, se levantou Pedro, com os onze; e, erguendo a voz, advertiu-os nestes termos: Varões judeus e todos os habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e atentai nas minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como vindes pensando, sendo esta a terceira hora do dia. Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel: [...] derramarei o Meu Espírito sobre toda a carne” (Atos 2:14-17). O apóstolo diz que aquilo que eles testemunharam era evidência de que os últimos dias eram em seu tempo.

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mesquinhos e entesouram suas riquezas. Aponta nada menos que a ironia de assim agirem nos últimos dias: “As vossas riquezas estão corruptas, e as vossas roupagens, comidas de traça; o vosso ouro e a vossa prata foram gastos de ferrugens, e a sua ferrugem há de ser por testemunho contra vós mesmos e há de devorar, como fogo, as vossas carnes. Tesouros acumulastes nos últimos dias” (Tiago 5:2, 3).

Como é possível que os dias finais durem tanto tempo? Será que aqueles dias, há 2.000 anos, já eram os últimos dias? Se assim for, não seria o caso de a palavra “últimos” ser motivo para chacotas? Precisamos recorrer a outra passagem para ver por que os últimos dias começaram há tanto tempo. Em 1 Coríntios, Paulo se dirige a algumas pessoas que parecem negar que haverá uma futura ressurreição dos mortos. Ele diz que o ensinamento da ressurreição dos mortos é crucial e vital para a fé cristã. Note a parte seguinte do capítulo. É uma passagem longa, mas leia com atenção, pois ela contém a chave para o porquê de terem os últimos dias começado tanto tempo atrás.

Ora, se é corrente pregar-se que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como, pois, afirmam alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, então, Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé; e somos tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado contra Deus que Ele ressuscitou a Cristo, ao qual Ele não ressuscitou, se é certo que os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram. Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.

Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo Ele as primícias dos que dormem. Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo. Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na Sua vinda. E, então, virá o fim, quando Ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque convém que Ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés. O último inimigo a ser destruído é a morte (1 Coríntios 15:12-26).

O apóstolo declara que a ideia de uma ressurreição dos mortos é absolutamente necessária para nossa fé. Ele faz uma ligação entre a ressurreição de Jesus e a ressurreição dos crentes no fim da história da Terra, quando nosso Salvador retornar. Faz isso por meio do conceito de “primícias”. Ao longo de sua história, o antigo Israel tinha como costume separar a primeira parte da colheita, apresentando-a como oferta a Deus. Essa prática resultava em duas coisas: mostrava a gratidão da nação a Deus por aquela colheita e era, também, uma expressão de confiança em Deus de que o resto da colheita estava assegurada. Paulo diz que Jesus é a primícia da ressurreição final dos mortos. Em outras palavras, a ressurreição dos mortos já começou com a ressurreição de Jesus Cristo.

A ressurreição de Jesus não é um evento isolado. Ela é o começo da vitória de Deus sobre a morte e a destruição do “último inimigo”. Portanto, se a ressurreição teve início, ela já é o começo dos últimos dias, pois as primícias nos garantem que o restante da colheita – a ressurreição dos que creem em Cristo – certamente virá a seguir.

Ouvi, certa vez, meu professor e mentor, Sakae Kubo, usar uma interessante ilustração para ajudar a compreender uma ideia. Ele usou a analogia do relâmpago e o trovão.

Atualmente, moro no sul da Califórnia, onde não vemos muitos relâmpagos nem ouvimos muitos trovões. Mas, por três anos, morei em Atlanta, estado da Geórgia, onde quase podíamos acertar a hora em nossos relógios pelas tormentas de fim de tarde. O tempo todo, nosso gramado permanecia verde e viçoso, embora nunca o regássemos. Os temporais cuidavam disso.

Podíamos ouvi-los se aproximando ao longe. Primeiro víamos um clarão leve e, depois de alguns segundos, um rugido suave. À medida que a tormenta se aproximava, os clarões ficavam mais brilhantes, o estrondo, mais forte, e o tempo entre os dois, mais curto. Quando o estrondo e o clarão eram simultâneos, sabíamos que a tormenta estava sobre nós.

Aqui está a comparação: experimentamos o relâmpago e o trovão em momentos diferentes porque a velocidade da luz e do som não são iguais. Em realidade, as duas coisas são um só evento, mas dependendo da distância em que nos encontramos, elas parecem ser duas coisas

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separadas. Assim é com a ressurreição de Jesus e Sua segunda vinda. Embora elas sejam realmente parte da mesma ocorrência, a vitória de Deus sobre o poder da morte, nós as experimentamos em momentos diferentes. Mesmo assim, as duas coisas estão interligadas de tal maneira, que a ressurreição de Jesus nos dá certeza absoluta de que a morte está sendo derrotada e de que nossa ressurreição ocorrerá a seu tempo.

De posse dessa notícia, o mundo se torna um lugar diferente. Ainda temos que enfrentar a morte, mas sabemos que ela é um inimigo derrotado, que pode nos manter na sepultura apenas temporariamente. Paulo chama esse período de “sono”. Mas ele ensina que, quando Jesus retornar, Ele vai despertar todos os que “dormem”, ou seja, todos os que morreram crendo nEle.

Que diferença faz, para nossa vida, saber que a ressurreição de Jesus já é o começo do fim? Em primeiro lugar, isso transforma a maneira como vemos os eventos dos últimos dias. Em vez de ser algo que seguimos em nossos gráficos para tentar decifrar quando Jesus estará aqui, os eventos dos últimos dias são aqueles acontecimentos por meio dos quais Deus está operando para derrotar a morte e estabelecer Seu reino em todo o Universo. Em outras palavras, eles não são apenas quantitativos, mas qualitativos. Também não são apenas cronológicos, mas teológicos. Eles são a ação de Deus a fim de oferecer-nos salvação a todos. E eles já tiveram início com a ressurreição de Jesus.

Por isso, se você estiver esperando que este livro apresente um gráfico que lhe permita ver quando Jesus vai voltar ou como o Oriente Médio se encaixa na cronologia do fim dos tempos, você vai se desapontar. Na verdade, se você espera descobrir algo assim na Bíblia, está perdendo seu tempo. Mas o que você vai encontrar trará a você muito mais satisfação, a saber, a certeza de que a morte é um inimigo derrotado e a segurança da salvação em Cristo. Eu sei que você pode encontrar pessoas que dizem ter descoberto tudo a respeito dos últimos dias. Tenho encontrado cenários como esse a vida toda. Lembro-me de um pregador, durante a primeira metade dos anos 70, que estava absolutamente convencido de que a Guerra do Vietnã era o Armagedom. Antes que ela terminasse, Jesus iria voltar. Outros diziam que os eventos de 11 de setembro de 2001, em cinco anos, iriam nos levar à segunda vinda. Quando eu nasci, alguns membros da igreja que meus pais frequentavam naquela época não lhes deram os parabéns. Eu nasci durante a Segunda Guerra Mundial, e eles disseram aos meus pais que achavam uma coisa terrível o fato de terem trazido uma criança ao mundo quando a batalha do Armagedom já havia começado. Abrindo a Bíblia em Mateus 24, eles citavam o verso que mostra a aflição das mães que estivessem grávidas ou tivessem bebês no colo quando ocorressem as dificuldades que anteciparão a segunda volta de Jesus. Mas aqueles membros da igreja provaram não ser bons profetas. Essa falha, entretanto, não faz com que percamos a esperança. Se levarmos a sério o que os anjos disseram aos discípulos de Jesus, não deveremos esperar que homem algum seja capaz de predizer quando Jesus vai voltar. Todavia, isso não nos tira a certeza de que o fim já começou, pois Jesus está vivo e podemos, portanto, confiar em suas promessas.

Em segundo lugar, essa boa notícia, de que a ressurreição de Jesus já é o começo do fim, transforma o modo com que vemos a morte. Amamos a vida, pois Deus é o autor da vida. Como resultado, fazemos todo o possível para melhorá-la e preservá-la. Mas não ficamos aterrorizados com a morte, pois, embora ela seja uma inimiga, sabemos que é uma inimiga derrotada, e não pode ter a última palavra. A última palavra é a palavra de vida e de ressurreição dada por Deus. Faz pouco tempo, eu estava ao lado de um homem em seu leito de morte. Ele é muito jovem para morrer, mas o câncer tem cobrado o seu preço, e a ciência médica já não pode fazer mais nada. Certamente ele não quer morrer. E embora tenha lindos netinhos que adoraria ver crescer, ele não se sente amargurado. Ao contrário, sente paz e calma. Agradece a Deus as bênçãos da vida que até agora viveu. E, o mais importante, ele tem plena confiança de que, ao Jesus voltar, nosso Salvador o ressuscitará, e ele verá sua família outra vez. Embora seja muito triste vê-lo morrer, também é inspirador observar a fé e a confiança que tem em Jesus Cristo e na promessa de Sua volta. Eis aí a diferença que faz para nossa vida conhecer a boa notícia sobre a ressurreição de Cristo.

Mesmo assim, a boa notícia de que os últimos dias já começaram com a ressurreição de Cristo ainda nos deixa perturbados com uma importante questão. Uma vez que somos uma geração tão impaciente; uma vez que somos pessoas que queremos as coisas agora mesmo, não depois; uma vez que nos alimentamos com comida rápida e usamos o forno micro-ondas para esquentar rapidamente a comida; como será possível manter nossa esperança considerando que os últimos dias têm durado tanto tempo? Isso parece requerer mais paciência do que a maioria de nós tem. Esse será o assunto do próximo capítulo.

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Já no tempo do Novo Testamento, algumas pessoas aparentemente se preocupavam com a demora no cumprimento da promessa que Jesus fizera de voltar. Apocalipse 6:10 apresenta a linguagem simbólica de almas sob o altar, representando mártires cristãos que clamam e perguntam quanto vai demorar até que Deus comece o julgamento: “Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a Terra?”

Mateus 25 apresenta várias histórias sobre a segunda vinda. Na parábola das dez virgens, o noivo atrasa sua chegada e, na parábola dos talentos, o senhor se ausenta durante bastante tempo. Mateus parece estar preparando seus leitores para um período de tempo mais longo do que eles esperavam, antes da volta de Jesus.

Primeiramente, devemos nos lembrar do que vimos antes, em Atos 6:6-11. Jesus deixou muito claro para os discípulos que não competia a eles saber os tempos e as estações. Sua responsabilidade era testemunhar sobre o que Ele havia feito. Mas poderemos manter a esperança por tanto tempo? Seriam 2.000 anos tempo demasiado para se esperar?

Não o seria se lembrássemos que o problema não é o tempo, mas a confiança em Deus. Somente Deus sabe o tempo da volta de Jesus (Mateus 24:36). Ele não nos pediu para contar ou decifrar, mas para confiar e continuar fazendo Seu trabalho até que Ele venha. Temos que admitir que isso é difícil, especialmente para uma geração impaciente como a nossa. Mas é aí que a confiança em Deus nos sustém. Deus nos confirmou Sua promessa ao ressuscitar Jesus dos mortos. Confiamos que, uma vez que já vimos as primícias, o restante será cumprido no tempo determinado por Deus. Para nós, entretanto, é difícil esperar. Como já mencionei, não estamos acostumados a isso. Recentemente, viajei de Spokane, estado de Washington, até Nova York, com meu filho e meu neto de sete anos de idade, Marcus. O voo de Spokane para Chicago saiu na hora. Na verdade, aterrissamos um pouco antes do horário previsto. Ao desembarcarmos no portão B, examinamos um enorme monitor para ver qual era o portão indicado para nosso próximo voo. Era o portão C. Ao lado do número do voo, o monitor mostrava duas pequenas e maravilhosas palavras: “No horário.”

Marcus gostou muito de caminhar do portão B até o C. Descemos por uma escada rolante, passamos por baixo de uma autopista e seguimos por uma passarela móvel com peças artísticas feitas de neon bem em cima de nossas cabeças e sinos soando à nossa volta. Ele queria passar de novo por ali. Como tínhamos tempo, deixamos que ele o fizesse. Ao chegarmos ao nosso portão, outra vez olhamos o monitor, só para descobrir que aquelas maravilhosas palavras “No horário” tinham sido substituídas por “Cancelado”.

Fui até o balcão de atendimento ao cliente pedir ajuda, mas não havia ninguém, só quiosques informatizados, os quais não consegui fazer funcionar. Mas havia um telefone ao lado do quiosque com um número para se chamar em caso de necessidade de ajuda pessoal. Liguei para o tal número e escutei uma mensagem gravada dizendo que aquele telefone havia sido desativado. Peguei, então, meu telefone celular e liguei para a companhia aérea. Fiquei sabendo que nos haviam colocado em outro voo, com partida prevista para cinco horas mais tarde.

Ficamos todos frustrados, pois os planos para aquela noite em Nova York estavam arruinados. Então soubemos que havia outro voo dali duas horas e meia. Poderíamos entrar em uma lista de espera. Não estávamos muito esperançosos, uma vez que éramos o número 17 na lista, logo caindo para o número 20. Mas poucos minutos antes de fecharem o portão, nossos nomes foram chamados, e entramos no avião. Embora aliviados por estar dentro da aeronave,

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mesmo assim nos sentíamos frustrados. Ainda reclamando um pouco, disse para meu filho que, em momentos como aquele, eu me lembrava da história de um velho amigo. Era um professor universitário que estava prestes a se aposentar quando comecei a lecionar na mesma instituição, na primeira metade dos anos 70.

Sempre que estou frustrado por algum atraso, lembro-me da história daquele professor. Nos anos 30, ele e a esposa foram para a África do Sul como missionários. Terminado seu tempo de serviço, já com um novo trabalho esperando-o nos Estados Unidos, eles empacotaram os pertences, compraram as passagens para um navio de passageiros e estavam prontos para a viagem, que aconteceria em poucos dias. Mas a viagem foi adiada, pois o navio estava atrasado. A espera não durou apenas cinco horas, nem cinco dias, nem cinco semanas, nem cinco meses. O navio atrasou cinco anos! Ocorre que a Segunda Guerra Mundial fora deflagrada, e os militares haviam requisitado aquele navio. Além disso, aqueles mares não ofereciam nenhuma segurança aos viajantes. Cinco anos se passaram! E eu estava ali me queixando por causa de duas horas e meia!

Na metade dos anos 80, viajei para a África do Sul para dar aulas por apenas um trimestre. Antes de partir, aquele velho professor, já aposentado por vários anos, perguntou-me se eu faria um grande favor para ele e sua esposa. Quando estiveram na África do Sul, eles tiveram um filho que faleceu com poucos meses de vida. Eles deixaram aquele país convencidos de que Jesus voltaria em breve e logo veriam seu filho. Meu amigo disse que ele e sua esposa estavam tão certos da iminente volta de Cristo que estavam dispostos a deixar a sepultura do filho naquela terra na esperança de vê-lo muito em breve. Mas 40 anos haviam se passado, e Jesus não tinha vindo, tampouco eles haviam voltado à África do Sul. Agora, eles se perguntavam se a sepultura de seu filho ainda estaria lá. Uma vez que eu estaria perto daquele cemitério, eles queriam saber se eu poderia tentar encontrar a sepultura do filho.

Assim, em uma das tardes que passei na África do Sul, saí à procura daquela tumba. Encontrei-a meio desarrumada, mas depois de arrancar um pouco do capim que crescia em volta dela, coloquei algumas flores que achei por ali mesmo e tirei algumas fotos. Quando regressei aos Estados Unidos, levei as fotos para eles, pelo que ficaram muito agradecidos. Com os olhos marejados de lágrimas, expressaram sua confiança em Deus e a esperança que tinham na volta de Jesus Cristo. Eles nunca imaginaram que 40 anos iriam se passar desde a morte de seu querido filho, mas sua esperança não desvaneceu. Hoje, também eles descansam em uma tumba, a milhares de quilômetros do filho. Mas os três aguardam a mesma ressurreição.

Há pouco tempo, meu pai morreu, na mesma cidade do leste do estado de Washington em que viveu meu amigo professor. Quando fomos escolher o local para enterrar meu pai, acabei comprando um lote sem chegar a reparar nas sepulturas que estavam ao redor. Dois dias depois, minha irmã e eu fomos olhar o local em que nosso pai seria enterrado. Ao olhar com mais atenção, vi, surpreso, que ali estava a sepultura de meu velho professor e de sua esposa, a apenas poucos metros da tumba do meu pai. Foi mais uma lembrança da esperança da ressurreição.

Nossa esperança está baseada não no tempo, mas na confiança de que Deus é fiel e que cumprirá Sua promessa. Não sabemos quanto ainda vai tardar, embora vejamos razões para crer que estamos na última parte dos últimos dias e que Jesus em breve voltará, conforme veremos mais adiante neste livro. Todavia, mais importante do que “quanto ainda vai tardar” é a certeza absoluta de que podemos confiar em Deus e saber que Sua promessa é fiel. Jesus ressuscitou. Ele vive. E por causa disso, podemos ter essa certeza. O mais impressionante é que essa confiança é tão forte que a Bíblia diz que a vida que vivemos neste mundo já pode ser chamada de “vida eterna”. Esse será o assunto do próximo capítulo.

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Cerca de 50 anos atrás, um conjunto de música folclórica bastante popular chamado Trio Kingston cantava uma música intitulada “The Merry Minuet” (O Minueto Alegre, em tradução livre). A música até podia ser alegre, mas as palavras certamente não eram. Vejamos:

Há tumultos na África. Estão passando fome na Espanha. Furacões assolam a Flórida e, no Texas, precisa-se de chuva.

O mundo inteiro está infestado de almas aflitas. Os franceses odeiam os alemães; os alemães odeiam os poloneses.

Os italianos odeiam os iugoslavos, os sul-africanos odeiam os holandeses. E tem bastante gente de quem eu mesmo não gosto!

Mas posso ficar tranquilo, agradecido e até orgulhoso, pois a humanidade foi dotada de uma nuvem em forma de cogumelo.

Estamos certos de que algum dia alguém vai acender o pavio, e pereceremos em uma grande explosão. Há tumultos na África. Há problemas no Irã. Aquilo que a natureza não nos fizer, o próprio homem o fará. Mas isso foi há 50 anos. Talvez não tenha tanta importância nos dias de hoje. Será mesmo? Parece que alguns dos problemas não mudaram muito. Na verdade, estão piorando. Vivemos em um mundo cheio de problemas e dores. E o pior de tudo: habitamos um mundo marcado pela morte.

Enfrentamos a ameaça de nuvens atômicas em forma de cogumelo, vemos aviões de passageiros serem sequestrados para se tornarem armas de destruição em massa, sabemos que sepultaremos nossos queridos, a menos que eles nos sepultem primeiro e, mesmo assim, o apóstolo João teve a audácia de sugerir que podemos ter a vida eterna agora – nesse contexto. Podemos entender como a promessa de vida eterna pode se tornar realidade no futuro, em outro mundo onde já não haverá pecado e morte. Mas João fala da vida eterna como realidade presente para os que creem em Jesus Cristo. Vamos ver, em primeiro lugar, alguns textos em que ele faz sua afirmação aparentemente absurda e, então, tentaremos compreender o sentido da mensagem. A seguir estão cinco textos sobre a vida eterna, todos extraídos ou do Evangelho ou das cartas de João.

João 3:36

“Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.” O apóstolo declara que quem crê ou confia no Filho, Jesus Cristo, tem a vida eterna. Ele não declara que “talvez” ou “pode ser” que tenha a vida eterna. Tampouco declara que “terá” a vida eterna no futuro. Em vez disso, ele diz “tem” vida eterna agora. Por meio de contraste, ele também nos faz pensar que quem crê no Filho está livre da ira de Deus.

João 5:24-30

Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a Minha palavra e crê nAquele que Me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida. Em

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verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão. Porque assim como o Pai tem vida em Si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em Si mesmo. E Lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do homem. Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a Sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo. Eu nada posso fazer de Mim mesmo; na forma por que ouço, julgo. O Meu juízo é justo, porque não procuro a Minha própria vontade, e sim a dAquele que Me enviou.

Note as várias coisas que João tem a dizer aqui sobre a pessoa que ouve as palavras de Jesus e crê nelas. Primeiro, ela tem a vida eterna. Outra vez, o tempo está no presente. Jesus está falando sobre uma realidade presente. Segundo, ela já passou da morte para a vida – outra realidade presente. Ele diz que a hora vem, e já chegou, em que o morto viverá. Obviamente Jesus aqui tem em mente a vida e a morte espirituais, uma vez que, nos versos 28-30, Ele contrasta isso com a ressurreição literal. Os que têm vida eterna não somente vão da morte para a vida como também não serão julgados. Tudo isso está no presente.

Isso não nega, todavia, a promessa de uma ressurreição literal no futuro. Note que no verso 28 Jesus diz que a hora vem – Ele não diz que já chegou – quando os mortos que estão nas sepulturas se levantarão para viver outra vez.

Portanto, Jesus, como registra João, faz uma distinção entre a vida eterna e a futura ressurreição dos mortos, quando Ele retornar à Terra. A vida eterna inclui a ressurreição futura e a subsequente eternidade com Deus, mas isso não é tudo: a vida eterna também tem uma qualidade de vida que o crente desfruta em Cristo Jesus, agora.

João 6:53, 54

“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o Seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. Quem comer a Minha carne e beber o Meu sangue tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia.” Nesse verso, vemos a mesma ideia. O crente recebe alimento espiritual por meio de Cristo e tem vida eterna agora, e Jesus o despertará na ressurreição do último dia. A vida eterna é uma qualidade de vida que podemos experimentar no momento presente, mas também inclui uma futura ressurreição, quando os mortos serão despertados de seu sono na sepultura.

João 17:3

“E a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.”

Aqui, em Sua oração ao Pai na noite anterior à Sua morte, Jesus define o que realmente é a vida eterna. É conhecer a Deus e Seu Filho, Jesus Cristo. Afinal de contas, Deus é a própria origem da vida. Quando estamos em conexão com Ele, temos vida eterna. Esta é a qualidade de vida que resulta de conhecermos a Deus e a promessa da ressurreição, um prenúncio, também, de como será viver para sempre com Deus no futuro. Vejamos mais um texto:

1 João 5:13, 14

“Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus.”

Se estivermos conectados a Cristo, não somente teremos a vida eterna, mas também saberemos que já a desfrutamos. É como diz o antigo hino escrito por Fanny Crosby: “Que segurança! Sou de Jesus! Eu já desfruto bênçãos da luz!”

Quando colocamos esses textos juntos, uma mensagem clara emerge: Confiar em Jesus Cristo como o Filho de Deus e nosso Salvador significa estar livre não apenas da ira divina mas também da preocupação com o julgamento. Indica ainda que já passamos da morte para a vida e que, embora possamos morrer, a morte será apenas um sono temporário até que se dê a ressurreição dos mortos, por ocasião da segunda vinda de Cristo, quando Ele nos ressuscitará para vivermos com Deus para sempre.

Que diferença isso faz? Continuamos vivendo em um mundo de morte onde ainda sepultamos nossos queridos. Haveria algo mais que meras palavras em tudo isso?

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Eu creio que esta mensagem transforma a vida presente de diversas maneiras. Primeiramente, ela nos livra da preocupação sobre nossa salvação e relacionamento com Deus. Temos a vida eterna agora. Mas ela não provoca em nós uma atitude arrogante que nos faz pensar que já temos a situação resolvida, não importa o que façamos. Por ser Cristo a fonte de vida e esperança, devemos ter os olhos sempre focalizados nEle. Quando damos tapinhas nas próprias costas e olhamos para nossas supostas realizações, desviamos o olhar de Cristo. Ou quando nos damos pontapés achando que alguém tão mau jamais poderia ser salvo, tampouco estamos focalizados no Salvador. Em ambos os casos, temos o foco em nós mesmos e estamos em perigo. Mas quando fazemos de Cristo o centro, podemos ter confiança. Já não temos que nos preocupar com nossa salvação. As Escrituras prometem que o Deus que começou uma boa obra em nós a completará no dia de Jesus Cristo (Filipenses 1:6). Em segundo lugar, ela muda nossa abordagem quanto ao fim dos tempos. Em vez de ficarmos tentando nervosamente descobrir que eventos marcam o fim dos tempos, mantemos a esperança e anelamos a segunda vinda de Jesus Cristo, pois isso significa vê-Lo face a face. Não entramos em pânico com a proximidade do tempo, pois percebemos que já estamos vivendo no fim por conhecermos a Jesus e estarmos nos relacionando com Ele agora. Embora ainda não tenhamos um relacionamento face a face com Jesus, nossa experiência presente com Ele nos dá certeza de que o relacionamento face a face logo ocorrerá. Finalmente, essa certeza nos deixa livres para entregar nossa vida a Deus e a serviço de Seu Reino. Em Mateus 10:39, Jesus diz que aquele que achar sua vida irá perdê-la, mas o que perder sua vida por amor de Cristo irá achá-la. Encontramos a verdadeira vida ao gastarmos nossa vida por Deus. A confiança em Cristo nos deixa livres para correr riscos em nome do reino de Deus. Não é uma questão de temeridade. Tenho um neto de quase de seis anos de idade para quem “perigo” é sempre uma palavra convidativa. Se há perigo, é isso o que ele quer. Às vezes, seu desejo atrapalha o bom senso. Seu irmão, de dois anos e meio, por outro lado, é mais prudente e muitas vezes admoesta o irmão a ter cuidado. Em alguns momentos, minha filha se refere ao filho mais novo como seu assistente.

Deus não nos pede para correr riscos por mera diversão, mas Ele nos convida a dar-nos em serviço a outros em vez de cultivarmos o egoísmo. A confiança na vida eterna nos deixa livres para assim fazermos.

Penso em um amigo que já não vive mais. Ele cresceu em Nova York, cidade que amava. Professor e engenheiro de sucesso, tinha uma família maravilhosa – esposa e dois filhos pequenos. Ele foi convidado a deixar sua querida cidade, a vida de sucesso e se mudar para uma pequena cidade ao sul do estado de Washington chamada Walla Walla para ali começar o programa de engenharia em um pequeno colégio cristão. Isso aconteceu em 1947. Foi aí que sua vida mudou totalmente.

Sentindo a mão de Deus nesse convite, ele e a família atravessaram o país até Walla Walla. O choque cultural foi impressionante. Aquela pequena cidade em nada se parecia com Nova York. Ali, ele e a esposa passaram as primeiras semanas agachados, esfregando uma velha barraca do exército que serviria como abrigo para sua nova atividade. Mas Ed Cross permaneceu em Walla Walla até a morte, e ali estabeleceu uma excelente escola de engenharia, altamente credenciada, que hoje leva seu nome – Edward F. Cross School of Engineering of Walla Walla University. Uma placa na parede contém uma de suas declarações por ocasião da aposentadoria: “Isso aqui não era um trabalho, era um chamado do Senhor.”

A certeza de vida eterna em Cristo, tanto agora como no futuro, nos deixa livres para aceitar o chamado feito por Deus para dar-nos em sacrifício pelos outros e por Ele.

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Nos dias de Jesus, muitos declaravam ser o messias. Até encontramos alguns deles no Novo Testamento. Em Atos 5, quando os saduceus prenderam Pedro e João e os trouxeram diante do conselho judaico, o Sinédrio, um sábio rabino aconselhou o grupo que tentava matar os apóstolos.

Eles, porém, ouvindo, se enfureceram e queriam matá-los. Mas, levantando-se no Sinédrio um fariseu, chamado Gamaliel, mestre da lei, acatado por todo o povo, mandou retirar os homens, por um pouco, e lhes disse: Israelitas, atentai bem no que ides fazer a estes homens. Porque, antes destes dias, se levantou Teudas, insinuando ser ele alguma coisa, ao qual se agregaram cerca de quatrocentos homens; mas ele foi morto, e todos quantos lhe prestavam obediência se dispersaram e deram em nada. Depois desse, levantou-se Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e levou muitos consigo; também este pereceu, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos. Agora, vos digo: dai de mão a estes homens, deixai-os; porque, se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, se é de Deus, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados lutando contra Deus. E concordaram com ele (Atos 5:33-39).

Os dois indivíduos citados não eram os únicos que alegavam ser o messias. Um punhado deles parecia seguir o mesmo padrão. Um líder carismático reunia um grupo e apresentava promessas maravilhosas, demonstrando como ele iria triunfar sobre os romanos. Fazia, então, uma lavagem cerebral nas pessoas para que seguissem tudo o que ele ordenava. Depois as levava à ruína. Um desses indivíduos reuniu um grupo nas proximidades do Rio Jordão. Aquele falso messias afirmou que o rio se fenderia ali, diante deles, do mesmo modo que se fendera para os israelitas quando eles entraram na terra de Canaã. O rio, porém, não se fendeu, e as autoridades mataram todos eles. Outro reuniu um grupo no Monte das Oliveiras, de onde se podia ver o Templo, e anunciou que suas paredes cairiam qual os muros de Jericó depois do êxodo do Egito. Sua promessa falhou, e as autoridades exterminaram seus seguidores.

Quando veio Jesus, o verdadeiro Messias, Ele sabia que falsos messias continuariam a enganar as pessoas. Ele também reconheceu que, antes de Sua segunda vinda, o problema dos falsos messias se intensificaria. Alertou, então, Seus discípulos sobre isso.

Certa vez, no Monte das Oliveiras, Jesus lhes disse que chegaria o dia em que não ficaria pedra sobre pedra naquele Templo. Os discípulos ficaram horrorizados. Como poderia isso ocorrer? Um acontecimento assim seria, certamente, o fim do mundo. Então eles O questionaram: “No monte das Oliveiras, achava-se Jesus assentado, quando se aproximaram dEle os discípulos, em particular, e Lhe pediram: Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da Tua vinda e da consumação do século” (Mateus 24:3).

Para eles era apenas uma pergunta, pois consideravam que a destruição do Templo corresponderia ao fim do mundo. Assim, na resposta dada por Jesus ao longo do restante do capítulo, algumas coisas se aplicam à destruição do Templo; outras, ao fim do mundo; e ainda outras, a ambos. Mas Jesus não respondeu exatamente à pergunta dos discípulos. Eles queriam saber que sinais lhes mostrariam que o fim estava próximo. Em outras palavras, eles estavam preocupados com perguntas sobre o que e quando.

Jesus redirecionou a questão ao responder-lhes a pergunta. Ele não lhes disse quando. Na verdade, Ele mencionou uns poucos eventos possíveis de ser identificados sobre o fim do mundo. Sua preocupação era alertá-los sobre os falsos messias e falsos cristos que tentariam

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enganá​-los. De fato, Ele estava tão preocupado com esse assunto que, por três vezes, o repetiu no mesmo capítulo.

Ele começa com um alerta: “Vede que ninguém vos engane. Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos” (versos 4, 5).

Jesus procura proteger do engano Seus seguidores. No meio de Seu sermão, Ele declara: “Nesse tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros; levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (versos 10-13).

Mas nem mesmo esses dois severos alertas foram suficientes. No fim do sermão, Jesus mencionou mais detalhes: “Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis; porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos. Vede que vo-lo tenho predito. Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto!, não saiais. Ou: Ei-lo no interior da casa!, não acrediteis. Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente, assim há de ser a vinda do Filho do homem” (versos 23-27).

Cristo afirma que esses falsos cristos e falsos profetas serão tão espertos e tão peritos em falsificações que poderão enganar até mesmo os que creem e confiam nEle. Se até mesmo os próprios eleitos correm o risco de ser enganados, para onde, então, isso nos leva? Como evitar o engano? Aparentemente, Satanás fará todo o possível para nos iludir ou enganar.

Felizmente, tanto nesse capítulo como em outras partes do Novo Testamento, Jesus nos dá algumas diretrizes para que estejamos protegidos. Se os enganadores são tão espertos, a ponto de enganar até os escolhidos, devemos prestar muita atenção a Seus alertas. Como, então, estar seguro?

Jesus menciona alguns princípios básicos que, de imediato, desmascaram a maioria dos que falsamente afirmam ser o Cristo. Em primeiro lugar, Ele explica que Sua segunda vinda será visível a todos. Ela será como um relâmpago que ilumina o céu do Oriente ao Ocidente. Um fenômeno como esse não pode ser secreto. Isso quer dizer que, se alguém afirma que Jesus voltou e que existe um lugar para onde devemos ir para encontrá-Lo, essa pessoa é um falso cristo. Todos O verão quando Ele voltar. Ele não vai estar em algum esconderijo nem irá aparecer em um estádio. Sua chegada será visível para todos.

Em segundo lugar, em 1 Tessalonicenses 4:16 e 17, a Bíblia revela outro fato que deve nos manter seguros em relação à volta de Jesus. Ali diz que, ao voltar, Jesus permanecerá nos ares enquanto somos levados ao Seu encontro: “Porquanto o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor.” Como resultado, podemos estar seguros de que qualquer um que esteja na Terra conosco e afirme ser o Messias ou o Cristo que já voltou está mentindo. Assim, ao dar instruções sobre a maneira como Ele irá voltar, Jesus deseja nos proteger do engano. A segunda vinda de Jesus será visível ao mundo inteiro. Todos O verão. Ele reunirá um grupo de pessoas para encontrá-Lo nos ares. Esse fato bíblico derruba qualquer alegação de que alguém seja Cristo entre nós, na Terra. Ele também rejeita qualquer afirmação feita por aqueles que ensinam que Cristo está em algum lugar secreto.

Infelizmente, quando falsos cristos aparecem em nossos dias, o resultado é geralmente o mesmo do primeiro século. Seja Jim Jones, seja David Koresh, as pessoas ainda se deixam levar à tragédia. É por isso que essas afirmações são tão perigosas. Nossa primeira proteção contra o engano é conhecer os fatos bíblicos sobre a segunda vinda de Cristo. A segunda proteção é nos certificarmos de que jamais devemos consentir que seja entregue o controle de nosso pensamento a outra pessoa. Esses enganadores frequentemente buscam fazer uma lavagem cerebral nas pessoas. Mas Deus espera que usemos a mente com a qual Ele nos dotou. Algumas pessoas tentam de forma errada colocar a fé e as Escrituras contra a razão e a mente. Mas essa dicotomia é falsa. Apenas com a mente é que podemos conhecer a Deus, escutar o que dizem as Escrituras e ter fé. Assim, quando Jesus caminhou com os dois discípulos na estrada para Emaús, Ele “lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras” (Lucas 24:45). E quando Paulo se preocupou com os coríntios por terem se tornado tão dependentes dos sinais exteriores do Espírito, tais como falar em línguas estranhas, e por fazerem desses sinais, em vez da fé em Cristo, uma evidência de sua saúde espiritual, ele disse: “Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o espírito, mas também

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cantarei com a mente” (1 Coríntios 14:15).

Servimos a Deus com a mente, e isso significa que nunca devemos deixar que ninguém tenha domínio sobre nosso raciocínio. Se permitirmos que alguém pense por nós, esse será o primeiro passo para sermos enganados. O resultado inicial é uma perda do bem-estar espiritual. Então, um desastre espiritual também pode ocorrer. Com frequência, pretensos messias usam o controle da mente para levar as pessoas ao adultério e outras violações da lei divina, e terminam causando sua morte.

Deus nos tem dado o privilégio e a responsabilidade de pensar por nós mesmos, guiados por Sua Palavra e Seu Espírito. Usar essa liberdade nem sempre é fácil e, portanto, pode ser tentador passar para outra pessoa a responsabilidade de viver com a liberdade dada por Deus. Isso me faz lembrar da época em que, por algum tempo, trabalhei como pastor voluntário em uma penitenciária estadual. Vários presos haviam escapado recentemente da prisão. Todos eles foram imediatamente capturados. Um dia, perguntei ao capelão como tantos puderam escapar, quando parecia que os muros da prisão eram à prova de fuga. Ele me disse que os homens não estavam escapando da prisão, mas para a prisão. Parece incrível, mas ele me garantiu que era verdade. Explicou que todos os fugitivos faziam parte de uma turma que estava se adaptando à transição para o mundo exterior, naquelas suas últimas semanas de aprisionamento. Ele lhes perguntou por que fugiram justamente quando estavam para ser libertados, e eles disseram que não poderiam suportar sequer um dia a mais naquela prisão. Mas isso não era verdade. O capelão disse que a razão real daquela tentativa de fuga era saberem que, ao serem capturados, teriam a sentença aumentada e, assim, evitariam ter de enfrentar a responsabilidade que vem com a liberdade. Portanto, eles realmente escaparam de volta para a prisão! Sempre que tentamos evitar a liberdade e a responsabilidade de usar a mente que Deus nos deu, abrimos espaço para o engano.

Temos ainda uma terceira salvaguarda. Se ficarmos tão perto de Jesus, a ponto de nos acostumarmos à Sua voz e de poder reconhecê-la, será muito mais difícil sermos enganados. Se permanecermos conectados por meio do estudo da Bíblia e da oração, poderemos chegar a conhecê-Lo tão bem que qualquer coisa falsa será facilmente percebida. Conhecer Jesus e manter-se junto a Ele é a terceira e mais importante defesa.

Quando minha filha, agora adulta, tinha apenas um ano de idade, encontramos um gatinho amarelo no meio de um movimentado estacionamento. Temendo que um carro pudesse passar por cima dele, decidimos resgatá-lo. Levamos o gatinho para casa e, no dia seguinte, voltamos para bater à porta dos vizinhos daquele local, esperando achar a casa à qual aquele gatinho pertencia. Logo encontramos seus donos. Eles estavam tristes porque o gatinho havia fugido, mas, ao mesmo tempo, como estavam tentando doá-lo a alguém, perguntaram se eu gostaria de ficar com o animalzinho. Como minha filha já estava apaixonada pelo gatinho, não tive muita escolha. Ficamos com ele.

Durante os 21 anos seguintes, Laura e aquele gato foram a companhia constante um do outro. No começo, ela não conseguia nem pronunciar a palavra “gatinho”. O mais próximo era “Datito”. E esse passou a ser o seu nome. Ele se enrodilhava junto ao pescoço de Laura e ali dormia. Temos fotografias dessa mesma cena quando nossa filha tinha um ano de idade, quando tinha sete, quando era uma adolescente e quando tinha 21 anos de idade.

Quando Laura foi estudar em um colégio interno, o gato ficou conosco. Mas, quando ela retornava, o gato estava à porta para saudá​-la. Finalmente, Datito envelheceu e começou a ficar debilitado. Perdeu o olfato, a audição e a visão, ficando, finalmente, sem condições de se movimentar. Tínhamos que pôr a comida junto ao seu nariz para que pudesse encontrá-la.

Mas aquele gato era surpreendente. Mesmo sem olfato, audição e visão, sempre que Laura voltava para casa, lá estava ele para saudá-la no momento em que ela abria a porta. Era como se algo, além dos seus sentidos, o atraísse para Laura. De fato, era grande a proximidade que havia entre os dois. Se ficarmos perto de Jesus, não seremos vítimas das intensas falsificações dos últimos dias, quando Satanás operará com artimanhas que, de tão sagazes, poderão enganar até os próprios eleitos. Ele mesmo tentará aparecer como se fosse um anjo de luz (2 Coríntios 11:14). Podemos estar em segurança, sabendo como ocorrerá a segunda vinda, usando a mente dada por Deus, não permitindo que ninguém a possa controlar e ficando tão próximos a Jesus que reconheçamos Sua voz.

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Alguns dias atrás, eu seguia de carro desde a igreja onde sirvo como pastor até um hospital próximo para fazer uma visita. Enquanto esperava pela luz verde de um semáforo, notei que na caminhonete à minha frente havia um adesivo no para-choque com os seguintes dizeres: “Em caso de arrebatamento secreto, esta caminhonete é sua.”

Difícil saber se o dono da caminhonete acreditava seriamente na doutrina do rapto secreto ou se apenas fazia pilhéria com essa ideia. O fato é que muitos cristãos levam essa doutrina a sério, e ela é bastante popular. Uma série de 16 livros sobre o tempo do fim vendeu mais de 63 milhões de cópias e rendeu quatro filmes. Todos os livros e todos os filmes dessa série apresentam a ideia de que haverá um rapto secreto dos verdadeiros crentes antes da segunda vinda de Jesus.

Neste capítulo, focalizaremos quatro aspectos. Primeiramente, veremos um esboço da ideia básica do rapto secreto. Em segundo lugar, reconheceremos quais textos são usados para apoiar essa doutrina. Depois disso, examinaremos esses textos dentro de seu contexto para sabermos o que eles verdadeiramente ensinam. Finalmente, faremos a pergunta: “E daí?”

O que ensinam, afinal, os defensores da crença no arrebatamento secreto? Aqui está o cenário básico: Sete anos antes da real segunda vinda de Cristo, Deus simplesmente vai arrebatar secretamente os verdadeiros seguidores de Jesus Cristo e os levará com Ele para o lar eterno. A vida na Terra continuará, mas os verdadeiros crentes desaparecerão subitamente, o que os livrará de um tempo de terrível tribulação, o qual ocorrerá durante os sete anos seguintes até que Jesus chegue nas nuvens dos céus.

De acordo com essa crença, durante os sete anos, o anticristo governará o mundo, trazendo perseguição, calamidade e problemas como nunca foram vistos antes. Mas os verdadeiros crentes serão poupados. Durante esse tempo, o Templo de Jerusalém será reconstruído e, de acordo com alguns, todos os judeus serão convertidos ao cristianismo. Os cristãos que não estavam preparados para o arrebatamento terão uma segunda oportunidade. Se passarem pelas tribulações e forem fiéis a Deus, poderão ser salvos na segunda vinda, que será visível.

Os que apoiam essa ideia apontam para vários textos bíblicos como evidência para sua posição. Um deles é Mateus 24:40, 41: “Então, dois estarão no campo, um será tomado, e deixado o outro; duas estarão trabalhando num moinho, uma será tomada, e deixada a outra.”

Eles interpretam essa passagem bíblica como se duas pessoas estivessem lado a lado e, de repente, uma delas simplesmente desaparecesse. Para eles o texto está falando sobre o desaparecimento súbito de todos aqueles que são verdadeiros crentes, no momento em que se dá o arrebatamento secreto.

Outra passagem usada para apoiar esse ensinamento é 1 Coríntios 15:51 e 52, em que Paulo declara que os crentes serão transformados em um instante. “Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.”

Os defensores do arrebatamento secreto consideram esse verso como uma referência ao rapto instantâneo que ocorrerá no começo da grande tribulação. As pessoas simplesmente estarão ocupadas com os afazeres da vida quando, de repente, desaparecerão. Além disso, muitos veem na palavra “arrebatados”, de 1 Tessalonicenses 4:17, uma referência ao súbito desaparecimento dos verdadeiros cristãos: “Depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares.”

Referências

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