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COM FUTEBOL SE FAZ CIDADANIA Rose Mary Marques Papolo Colombero Profª EMEF Ministro Synésio Rocha

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Academic year: 2021

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COM FUTEBOL SE FAZ CIDADANIA

Rose Mary Marques Papolo Colombero Profª EMEF Ministro Synésio Rocha O resumo apresenta relato de experiência em andamento desenvolvido nas aulas de educação física. A partir dos encontros entre os professores em horário coletivo constatou-se que a falta de interesconstatou-se, respeito e a indisciplina eram a maior problemática para o desenvolvimento das práticas pedagógicas. Neste sentido o projeto pautado nos estudos culturais, com o tema futebol, esporte considerado predominantemente masculino, trazido para dentro da escola trouxe grandes questionamentos como identidade, diferença, poder, gênero, racismo, torcida organizada, valor de ingresso, horário de jogo, produto de mercado, a prática do esporte, etc. Durante o processo, numa relação dialógica, os alunos foram percebendo como o futebol foi culturalmente se construindo e se transformando.

Palavras Chave: Futebol, Cultura e Identidade

O Projeto “Com futebol se faz cidadania” teve início no 1º semestre de 2010, com duas turmas do 3º ano e quatro do 4º ano do Fundamental II. Iniciei a ação pedagógica com uma roda de conversa, anunciando a temática a ser desenvolvida. A princípio tive resistência dos meninos pelas turmas serem mista, onde sugeriram a separação da mesma. Após a sugestão ter sido colocada em votação e ser derrotada, discutiu-se que a questão não era de gênero e sim de identidade, pois as meninas que jogavam bem eram aceitas e os meninos que jogavam mal eram discriminados. A partir do mapeamento dos saberes, organizei questionamentos como: É possível jogar futebol na escola? Qual esporte praticado na escola que mais se assemelha com o futebol? Os alunos identificaram o futsal como o esporte praticado que mais se aproxima ao futebol, estabelecendo semelhanças e diferenças entre os mesmos. Relataram “possuírem o mesmo objetivo que é fazer gol”, “pode fazer gol com a mesma parte do corpo”, “o uniforme é parecido, só difere a chuteira”, “falta na área é pênalti” “também é diferente o espaço utilizado, a gente joga futebol no campo e futsal na quadra”, “a trave no futebol é maior”, “a bola é maior”, “as regras em geral são diferentes, o número de jogadores no futebol são onze, no futsal são cinco”, “no futebol só pode haver três substituições e no futsal não tem limite”, “o tempo de jogo no futebol são quarenta e cinco minutos e no futsal sabemos que é menor”, “no futebol a cobrança de lateral é com as mãos, no futsal é com os pés”. Qual competição está acontecendo que envolve equipes de todo o Brasil? Os alunos citaram a Copa do Brasil, porém nem todos sabiam o número de equipes participantes. Está acontecendo a Copa Libertadores da América. Quais equipes do Brasil estão participando, como se classificaram? Os alunos

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responderam “Corinthians, SPFC, Flamengo, Internacional e Cruzeiro” e maioria sabia “são classificados os quatro primeiros do Campeonato Brasileiro e o Campeão da Copa do Brasil”. Qual competição de futebol está acontecendo no momento que envolve equipes tradicionais no estado de São Paulo? A grande maioria dos alunos respondeu Paulistão, Campeonato Paulista. Informei que para o desenvolvimento do projeto futebol estariam embasados neste campeonato e tudo relacionado á ele, como por exemplo, regulamento, tabela, classificação, as participações das torcidas, valor ingresso horário de jogo, etc. Os alunos se manifestaram sobre a violência ocorrida na última rodada (21/02/2010) no jogo entre Palmeiras e SPFC. Na oportunidade trouxe dois textos jornalísticos ”Um morto e muitos feridos após brigas entre torcidas” e “Pela cidade brigas por todos os cantos”, fonte Caderno de Esportes 22/02/2010 Jornal O Estado de São Paulo. No último texto discutimos a opinião do promotor de justiça que defendeu torcida única nos clássicos paulistas. A maioria dos alunos discordou da torcida única, mas concordou com a fala do promotor ao dizer que alguns não são torcedores, são maus elementos predispostos ao confronto.

Nestas discussões havia uma participação maior por parte dos meninos e levantamos opiniões acerca da questão, também concluindo que esta identificação é cultural e que vem se transformando.

Para a vivência do futebol na quadra retomamos alguns conhecimentos do futsal adquiridos no ano anterior, como: as posições e suas funções em quadra, e algumas regras. Foi adaptado o número de jogadores em quadra e nas posições, assim como nas regras.

Na semana de 08 a 12/03/10 os alunos foram divididos em grupo. E em sala realizaram análise e interpretação da tabela de classificação do campeonato na 13ª rodada, texto do Caderno de Esportes do Jornal Estado de São Paulo de 8 de março de 2010, com as seguintes questões:

1ª) O que significa série A1?

2ª) Quantas equipes participam do Campeonato Paulista série A1? 3ª) Abaixo da classificação existem duas legendas:

- O que significa a coluna mais clara? – O que significa a coluna mais escura?

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4ª) A equipe que vocês analisarão é:...

Complete os dados da sua equipe e o significado de cada sigla PG:.... ,J:.... , V:.... ,E:.... ,D:... ,GP:... ,GC:... ,SG: ....

5ª) Portuguesa, Ituano e Barueri possuem a mesma pontuação ( 19 ) , por quê estão em 7º 8º e 9º lugar respectivamente?

6ª) Quantos resultados aparecem na última rodada? 7ª) Qual jogo falta acontecer para completar a 13ª rodada? 8ª) Quantos jogos acontecerão na próxima rodada?

9ª) O que significa ser artilheiro de uma competição? Quem é o artilheiro nesta fase e com quantos gols?

10ª) Qual o significado de clássico no futebol?

11ª) Qual jogo ou jogos da próxima rodada é considerado clássico?

Ao socializarmos a atividade, a 4ª, 5ª e 10ª questões geraram grande discussões, ao tentarem interpretar a sigla GP e GC, a maioria dos alunos identificava os resultados, mas não tinham familiaridade com as siglas, muitos levantaram hipóteses que não se confirmaram na 5ª e 10ª questão.

Na semana que antecedeu a 16ª rodada do Campeonato Paulista os alunos foram divididos em quatro grupos, cada grupo escolheu uma equipe do G4 para observação do sistema tático utilizado pelos técnicos nesta rodada, após a observação, os alunos trouxeram um trabalho escrito com o nome do campeonato, a rodada, o adversário, a escalação, o resultado do jogo e um desenho do campo identificando o sistema tático utilizado. Para a aula expositiva utilizamos tabuleiro e jogos de botão, onde os alunos identificavam o nome do jogador, sua posição e a função da posição. Durante esta rodada foi colada matéria de jornal com os sistemas e resultados no Cantinho de Futebol.

Após definirmos o conceito de ídolo no futebol, muitos exemplificaram os goleiros Rogério Ceni do SPFC, o Marcos do Palmeiras, o jogador Neymar do Santos e o mais citado foi o Ronaldo do Corínthians. Será que os ídolos influenciavam na vida dos torcedores e vice-versa? Alguns lembraram os cortes de cabelo imitados do Ronaldo em

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2006, assim como na atualidade a influência do jogador Neymar do Santos com seu cabelo e suas dancinhas. Na oportunidade trouxe a matéria “Ronaldo se irrita e mostra dedo do meio para torcedores” e “O técnico Mano Menezes não se surpreendeu com o fim da idolatria de alguns torcedores por Ronaldo”. Alguns alunos defenderam a postura do jogador dizendo ser ele ser humano como outro qualquer, outros acharam que como pessoa pública ele jamais poderia ter tomado essa atitude, concluímos que a relação entre os ídolos e a torcida é muita próxima tanto na vitória quanto na derrota.

Na semana da última rodada da 1ª fase foi colado texto jornalístico da Folha de São Paulo – Esportes 05/04/10 com a última rodada que aconteceria em 07/04/10, perguntando por que todos os jogos da última rodada vão acontecer no mesmo dia e horário? Em todas as turmas houve a manifestação de alunos que explicaram aos outros sobre resultados combinados tanto para a classificação para a 2ª fase, quanto para o rebaixamento.

Os alunos foram convidados a dar um nome para a prática do futebol adaptado para realização do torneio interno. Retomando o regulamento do Campeonato Paulista, algumas regras foram mantidas, outras adaptadas e criadas, como a obrigatoriedade da participação de duas jogadoras. O torneio recebeu o nome de “FUSBOL” e foi dividido em três fases (1ª fase, semifinal e final) totalizando nove rodadas, com dezenove jogos.

A tabela foi exposta num grande mural, juntamente com algumas regras. Foi obrigatória a participação de toda a sala, inclusive com chamada. Os alunos que não participavam do jogo atuavam como técnicos, fazendo observações, durante o intervalo para o 2º tempo davam as instruções aos colegas. Alguns alunos foram mesários fazendo a súmula. Foi montado um quadro branco para classificação, nos moldes do Campeonato Paulista e a cada rodada eram alterados os resultados, inclusive com a artilharia masculina e feminina. Não houve nenhum “w.o.”, num jogo uma classe apresentou-se com cinco jogadoras. Na final duas classes que não haviam se classificado tiveram como trabalho de campo a realização de súmulas.

Com a chegada da visita ao Museu do Futebol achei pertinente passar para os alunos o filme “Pelé Eterno”, aproximando-os do contexto do futebol da época e da trajetória do jogador. A partir do filme levantamos alguns nomes de jogadores que foram considerados ídolos na época e anteriormente, estudando a biografia do jogador Leônidas da Silva e Garrincha.

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Em pequenos grupos levantaram hipóteses do que poderiam encontrar no museu. A sala foi dividida em grupos para desenvolverem um trabalho de campo durante a visita, com o propósito de um olhar mais atento. Os alunos foram convidados para a visita sem a exclusão de ninguém. Foi grande o interesse e a presença, alguns estavam saindo pela primeira vez. Aqueles considerados mais indisciplinados envolveram-se com o propósito e serviram de colaboradores. Posteriormente os alunos realizaram uma avaliação da visita, alguns relacionaram a visita com o conteúdo de história. Concluímos que visitas contextualizadas contribuem para aprendizagens significativas.

Aproveitando o “Projeto Bullying” que estava acontecendo na escola perguntei se nas aulas de educação física alguém já havia sofrido algum tipo de exposição ou até mesmo perseguição. Alguns deram depoimentos de fatos ocorridos dentro e fora das aulas. Perguntei se alguém conhecia algum fato de racismo no futebol, alguns citaram o caso do jogador Grafite, lemos textos envolvendo jogadores nacionais e europeus. Foi retomada a discussão do jogador Danilo do Palmeiras que xingou de macaco o jogador Manoel do Atlético-PR e teve 4 jogos de suspensão, finalizamos com o texto “Brasil e África apresentam campanha contra racismo na Copa do Mundo”.

Percebendo que alguns alunos circulavam com o álbum da copa, perguntei por que alguns jogadores presentes no álbum não iam para a copa? E se existem outros álbuns além do tradicional? Os alunos concluíram que os organizadores do álbum fizeram uma base pelas últimas convocações e se esperassem a última o tempo seria curto, também achavam que no álbum tradicional é mais fácil trocar figurinhas. Agendamos e realizamos um grande encontro para troca de figurinhas com toda a escola, percebendo que o tempo destinado foi muito pequeno.

Na sala de informática os alunos foram divididos em grupo com os seguintes temas para pesquisa; história das copas, a escolha da África do Sul e da mascote, regulamento, tabela e calendário, seleção brasileira. Após a pesquisa os temas foram socializados.

Caminhada: “O bairro e a Copa do mundo 2010” (Como o bairro se manifestou para a copa e como a mesma influencia sua rotina).

A ação pedagógica inspirada nos estudos culturais possibilitou tematizar o futebol não só como prática esportiva, mas também o que acontece ao seu redor,

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levando os alunos a interpretá-lo com outros olhares, ampliando e aprofundando seus conhecimentos.

Referências Bibliográficas:

SÃO PAULO. Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica. Referencial de expectativas para o desenvolvimento da competência leitora e escritora no ciclo II do ensino fundamental: Caderno de orientação didática de educação física. São Paulo: SME/DOT, 2006.

SÃO PAULO (SP). Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica. Orientações curriculares e proposição de expectativas de aprendizagem para o ensino Fundamental: ciclo II: Educação Física / Secretária Municipal de Educação. São Paulo: SME / DOR, 2007.

MOREIRA, A. F. B.; CANDAU, V.M., Educação escolar e cultura(s): construindo caminhos. Revista Brasileira de Educação: jul/ago/set/ 2003.

NEIRA, M.G.; NUNES, M.L.F., Pedagogia da Cultura Corporal: crítica e alternativas. São Paulo: Phorte, 2006.

NEIRA, M.G.; NUNES, M.L.F., Ensino de Educação Física Thomson 2007.

NEIRA, M.G.; NUNES, M.L.F. Educação Física, Currículo e Cultura – São Paulo: Phorte, 2009.

FILME:“Pelé Eterno”

Referências

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