• Nenhum resultado encontrado

Relatório com o estado da flora e da vegetação na Lagoa de Albufeira e zona envolvente

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Relatório com o estado da flora e da vegetação na Lagoa de Albufeira e zona envolvente"

Copied!
86
0
0

Texto

(1)

MONITORIZAÇÃO NO LITORAL ABRANGIDO PELA ÁREA DE JURISDIÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DA REGIÃO HIDROGRÁFICA DO TEJO

Estudo da Lagoa de Albufeira

Relatório com o estado da flora e da

vegetação na Lagoa de Albufeira e zona

envolvente

Entregável 3.2.2.3

(2)
(3)

MONITORIZAÇÃO NO LITORAL ABRANGIDO PELA ÁREA DE JURISDIÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DA REGIÃO HIDROGRÁFICA DO TEJO

Este relatório corresponde ao Entregável 3.2.2.3 do projeto “Consultoria para a Criação e Implementação de um Sistema de Monitorização do Litoral abrangido pela área de Jurisdição da ARH do Tejo”, realizado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), para a Agência Portuguesa do Ambiente, I.P. / Administração da Região Hidrográfica do Tejo (APA, I.P. /ARH do Tejo).

AUTORES

Jorge Marques da Silva (1), (2) Otília Correia (1), (3)

Cristina Branquinho (3) Cristina Antunes (3)

Ricardo Cruz de Carvalho (3) Teresa Mexia (3)

Susana Tápia (3)

(1)

Departamento de Biologia Vegetal (FCUL)

(2)

BioFIG (Centro para a Biodiversidade, Genómica Integrativa e Funcional)

(3)

(4)

REGISTO DE ALTERAÇÕES

Nº Ordem Data Designação

1 Dezembro de 2012 Versão inicial 2 Junho de 2013 Revisão geral de formatos

(5)

Componentes do estudo da Lagoa de Albufeira

3 Estudo da Lagoa de Albufeira

3.1 Estudo da dinâmica da barra de maré e das suas relações com a agitação marítima incidente e as marés

3.1.1 Levantamentos topo-hidrográficos da barreira e sistema lagunar em situação de barra fechada Entregável 3.1.1.a Batimetria de todo o sistema lagunar

3.1.2 Levantamentos topo-hidrográficos da área mais próxima do canal de maré após a abertura da barra Entregável 3.1.2.a Topo-hidrografia da área próxima do canal

3.1.3 Cartografia das modificações morfológicas da secção da barra de maré Entregável 3.1.3.a Cartas de diferenças entre levantamentos sucessivos

3.1.4 Avaliação das características e modificações geométricas da secção da barra ao longo da sua existência Entregável 3.1.4.a Perfis topográficos da secção da barra da Lagoa de Albufeira

3.1.5 Estudo das relações entre morfologia da barra de maré e magnitude do prisma de maré lagunar, e 3.1.6 Caracterização da evolução morfodinâmica da embocadura através de modelação

Entregável 3.1.5.a e 3.16.a Morfodinâmica da embocadura da Lagoa de Albufeira 3.1.7 Caracterização da hidrodinâmica e das trocas entre a laguna e o mar

Entregável 3.1.7.a Caracterização das trocas entre a Lagoa de Albufeira e o mar com o modelo ELCIRC e cálculo dos tempos de residência para várias configurações da embocadura

3.1.8 Medição das correntes de maré na barra

Entregável 3.1.8.a Séries temporais de dados de velocidade de corrente integrada na coluna de água, séries temporais de valores de velocidade de escoamento superficial

3.1.9 Integração dos dados: modelo do comportamento morfodinâmico da barra de maré da Lagoa de Albufeira e estabelecimento das condições favoráveis à abertura da barra de maré

Entregável 3.1.9.a Síntese do comportamento morfodinâmico da barra de maré da Lagoa de Albufeira, incluindo relações empíricas específicas deste sistema e orientações conducentes à maximização da eficácia das trocas de água entre a laguna e o oceano em cada abertura artificial

3.2 Estudo e caracterização da qualidade da água no espaço lagunar baseada em parâmetros físico-químicos e biológicos (macroinvertebrados bentónicos, fitoplâncton, peixes, macrófitas)

3.2.1 Monitorização dos parâmetros físico-químicos in situ e análises laboratoriais 3.2.1.1 Monitorização dos parâmetros físico-químicos in situ

Entregável 3.2.1.1.a Parâmetros físico-químicos medidos in situ na Lagoa de Albufeira 3.2.1.2 Análises laboratoriais

Entregável 3.2.1.2.a Análises laboratoriais da água da Lagoa de Albufeira 3.2.1.3 Monitorização da qualidade da água das ribeiras

Entregável 3.2.1.3.a Qualidade da água das ribeiras afluentes à Lagoa de Albufeira 3.2.2 Monitorização dos parâmetros biológicos

3.2.2.1 Biomonitorização das ribeiras (qualidade da água e grau de stress)

Entregável 3.2.2.1.a Dados de poluentes e parâmetros fisiológicos das ribeiras afluentes à Lagoa de Albufeira 3.2.2.2 Monitorização do fitoplâncton

Entregável 3.2.2.2.a Dados da monitorização do fitoplâncton na Lagoa de Albufeira

3.2.2.3 Monitorização do estado da flora e da vegetação na Lagoa de Albufeira e zona envolvente

Entregável 3.2.2.3 Relatório com o estado da flora e da vegetação na Lagoa de Albufeira e zona envolvente

Entregável 3.2.2.3.a Lista das unidades de vegetação representativas da Lagoa de Albufeira e zona envolvente Entregável 3.2.2.3.b Lista com a composição florística de cada unidade de vegetação

(6)

Entregável 3.2.2.3.d Lista anotada das ameaças identificadas para a vegetação da Lagoa de Albufeira e zona envolvente

Entregável 3.2.2.3.e Índices QBR

Entregável 3.2.2.3.f Dados e gráficos de síntese de biomassa e parâmetros fisiológicos das macrófitas 3.2.2.4 Caracterização da comunidade bentónica

Entregável 3.2.2.4.a Dados de caracterização da comunidade bentónica 3.2.2.5 Caracterização da comunidade de peixes

Entregável 3.2.2.5.a Dados de caracterização da comunidade de peixes 3.2.3 Integração de toda a informação obtida

Entregável 3.2.3.a Síntese das características físico-químicas do hidrossoma lagunar e das características biológicas do sistema

3.3 Estudo da capacidade de suporte do sistema lagunar face à atividade de miticultura ali instalada

3.3.1 Monitorização da qualidade dos sedimentos do fundo lagunar

Entregável 3.3.1.a Contrastes texturais e composicionais decorrentes da atividade da miticultura e cartografia dos parâmetros analisados

3.3.2 Monitorização do fitoplâncton

Entregável 3.3.2.a Monitorização do fitoplâncton 3.3.3 Monitorização dos invertebrados bentónicos

Entregável 3.3.3.a Avaliação da influência das plataformas de mexilhão na comunidade bentónica 3.3.4 Estudo da componente parasitológica

Entregável 3.3.4.a Relação entre a comunidade de macroparasitas e indicadores parasitológicos, e sua influência no sistema lagunar

3.3.5 Integração da monitorização dos parâmetros físico-químicos do corpo aquoso Entregável 3.3.5.a Monitorização dos parâmetros físico-químicos do corpo aquoso 3.3.6 Definição da capacidade de carga da Lagoa de Albufeira para a miticultura

Entregável 3.3.6.a Definição da capacidade de carga da Lagoa de Albufeira para a miticultura

3.4 Definição das zonas de dragagem das áreas assoreadas

3.4.1 Comparação de levantamentos topo-hidrográficos

Entregável 3.4.1.a Carta de diferenças topo-hidrográficas: zonas assoreadas/erodidas 3.4.2 Definição da volumetria e da área a dragar

Entregável 3.4.2.a Relatório e mapa de perímetro de manchas de dragagem 3.4.3 Realização de sondagens nas áreas a dragar

Entregável 3.4.3.a Localização e logs das sondagens, boletins dos resultados analíticos e interpretação quanto ao grau de contaminação dos sedimentos

3.4.4 Caracterização e comparação da hidrodinâmica da lagoa em diferentes configurações

Entregável 3.4.4.a Contribuição para a definição das dragagens da embocadura da Lagoa de Albufeira 3.4.5 Estudo de incidências ambientais nos fatores bióticos e abióticos

Entregável 3.4.5.a Estudo de incidências ambientais nos fatores bióticos e abióticos; matrizes de impacto

3.5 Definição dos locais de deposição dos dragados

3.5.1 Avaliação de alternativas para a colocação de dragados de natureza vasosa

Entregável 3.5.1.a Avaliação de alternativas para a colocação de dragados de natureza vasosa; mapas de deposição dos dragados

3.5.2 Avaliação de alternativas para a colocação dos dragados de natureza arenosa

Entregável 3.5.2.a Avaliação de alternativas para a colocação dos dragados de natureza arenosa; mapas de deposição dos dragados

(7)

Índice

1 INTRODUÇÃO ... 9

2 MÉTODOS ... 10

2.1 Vegetação de margem ... 11

2.2 Vegetação macrófita aquática ... 11

2.2.1 Diversidade, distribuição e abundância ... 11

2.2.2 Vitalidade ... 14

2.3 Estado ecológico das zonas ribeirinhas ... 15

3 RESULTADOS ... 17

3.1 Unidades de vegetação ... 17

4 SPARTINA ... 24

5 TAMARIX AFRICANA... 24

5.1.1 Caracterização das unidades de vegetação ... 25

5.1.2 Ameaças identificadas para a vegetação ... 30

5.2 Vegetação Macrófita Aquática - Diversidade, Cobertura e Biomassa ... 33

5.3 Vegetação Macrófita Aquática – Vitalidade ... 34

5.3.1 Razão Fv/Fm ... 34

5.3.2 Índice de Performance (IP) ... 35

5.3.3 Área complementar ... 35

5.3.4 Eficiência fotoquímica efetiva do PSII (φPSII) ... 35

5.3.5 Quocientes de amortecimento fotoquímico (qP) e não-fotoquímico (qN) ... 36

5.3.6 Amortecimento não-fotoquímico (NPQ) ... 36

5.3.7 Parâmetros α, β, Ek e ETRmáx da curva rápida de resposta à luz (RLC, Rapid Light Curve) ... 37

5.4 Zonas Ribeirinhas – Avaliação estado ecológico ... 38

5.4.1 Índice Qualidade Bosques Ribeirinhos - QBR ... 38

5.4.2 Avaliação biológica da qualidade da água em sistemas fluviais segundo a Diretiva Quadro da Água – QAgua ... 43

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 53

7 ANEXOS ... 59

Anexo 1. Flora e vegetação na Lagoa de Albufeira e zona envolvente ... 61

Anexo 2. Lista de espécies da flora existentes na zona envolvente à Lagoa de Albufeira ... 71

Anexo 3. Cobertura e Biomassa da macrófita aquática Ruppia cirrhosa nos transectos A e B na zona da Lagoa de Albufeira ... 75

(8)

Anexo 4. Lista de espécies da flora e caraterísticas base para cálculo dos índices utilizados para cada troço das ribeiras de Aiana, Apostiça e Ferraria ... 79

(9)

1 Introdução

A Lagoa de Albufeira está situada na orla ocidental da Península de Setúbal, no Concelho de Sesimbra, cerca de 20km a sul de Lisboa. Ocupa actualmente em média uma superfície de aproximadamente 1.3km2 e apresenta uma geometria alongada com o eixo maior oblíquo relativamente à linha de costa, orientado SW-NE; tem um comprimento máximo de 3.5km e uma largura máxima de 625m.

A Lagoa de Albufeira está separada do mar por uma barreira arenosa contínua, ancorada em terra em ambos os extremos, por vezes interrompida por uma barra de maré única, aberta artificialmente, em regra, com periodicidade anual.

A laguna é formada por dois corpos contíguos - a Lagoa Pequena (assim designada na toponímia local) e o corpo lagunar principal a Lagoa Grande - ambos ligados por um canal estreito, sinuoso e pouco profundo. A Lagoa Grande é constituída por dois corpos elípticos, separados por duas cúspides arenosas aproximadamente simétricas, localizadas em margens opostas, sendo a da margem direita dupla.

A monitorização do estado da flora e da vegetação na Lagoa de Albufeira e zona envolvente é um fator chave para identificar situações de rutura funcional da vegetação causadas por pressões antrópicas. A caracterização e mapeamento da composição florística terrestre existente na área de intervenção, que inclui uma faixa envolvente da Lagoa de Albufeira (área drenante para a lagoa), são fundamentais para a monitorização do estado ecológico da vegetação da Lagoa. A avaliação da alteração na composição florística de cada classe de coberto ao longo de um gradiente ambiental pode permitir: (1) detetar sinais precoces de impactes sobre as comunidades vegetais, (2) identificar a presença de espécies relevantes para a Conservação e (3) identificar, mapear e monitorizar a presença de espécies infestantes ou com potencial infestante.

Igualmente, o estudo das macrófitas aquáticas, que representam uma parte importante na produtividade primária das lagoas litorais (Wetzel, 1975), é imprescindível para a compreensão da dinâmica deste ecossistema. Da análise das amostras recolhidas na campanha de agosto de 2012, foi detetada apenas uma macrófita aquática, tendo sido identificada como Ruppia

cirrhosa (Petagna) Grande. Esta espécie mostrou-se pontual, ocupando apenas parte da zona

submersa da lagoa. Esta é uma espécie que normalmente apresenta um aumento de desenvolvimento e biomassa a partir de junho/julho, possuindo o seu máximo em setembro/outubro, como foi observado em sistemas lagunares semelhantes por outros autores (Antunes et al., 2012; Menéndez e Comín, 1989; Cancela da Fonseca et al., 1989). O género Ruppia (Potamogetonaceae) engloba espécies anuais e perenes de macrófitas aquáticas submersas. São regra geral espécies dominantes em lagos e lagoas salinas, sendo consideradas um dos mais importantes produtores primários nestes sistemas. Por outro lado, os caules, raízes, folhas, rizomas, turiões e sementes são reconhecidos como sendo uma fonte

(10)

importante de alimento para animais herbívoros (Nicol, 2005). Ruppia cirrhosa é uma angiospérmica aquática que habita locais costeiros de águas com alguma salinidade e é comum em grandes massas de água permanentes (Calado e Duarte, 2000). Tem um ciclo de vida anual, hibernando sob a forma de estolhos dormentes. Na primavera inicia um rápido crescimento vegetativo, com a maturação do rizoma e desenvolvimento de ramos fortes, colonizando o fundo e a coluna de água. Nas semanas seguintes, entra em floração e frutificação. Após setembro, quando atinge o seu pico de biomassa, inicia um declínio e no final do outono os ramos verticais começam a perder o contacto com a massa vegetativa junto ao fundo iniciando-se o processo de decomposição (Verhoeven, 1979; Menéndez e Peñuelas, 1993). Tendo presente o papel desta espécie como produtor primário, e também como fonte de energia nas cadeias alimentares e nos processos de reciclagem interna ao nível dos ciclos biogeoquímicos, considera-se importante a avaliação da sua distribuição e abundância no seu pico de desenvolvimento (setembro) na Lagoa de Albufeira.

Constituintes da envolvente da laguna, as ribeiras que para ela drenam são sistemas que podem representar um impacto acrescido na situação ecológica da Lagoa de Albufeira. Atualmente, e tendo em conta a Diretiva Quadro da Água, um rio ou ribeira é avaliado pela sua componente biótica, como os seres vivos que lá habitam ou a vegetação envolvente. Desta forma, a monitorização do estado da flora e da vegetação nas principais ribeiras que alimentam a Lagoa de Albufeira, é crucial para a avaliação do estado da área de estudo e da integridade ecológica das zonas ribeirinhas.

Resumindo, os principais objetivos deste estudo são:

1. Delimitação e caraterização das unidades de vegetação existentes na área envolvente à laguna (composição florística);

2. Definição da área de ocupação, diversidade, estado de desenvolvimento e vigor (fisiologia) das macrófitas aquáticas;

3. Avaliação do estado ecológico das zonas ribeirinhas envolventes.

2 Métodos

Os dados recolhidos, para além da caracterização específica, devem servir de referência para comparar e avaliar no futuro as alterações da comunidade florística nos vários pontos de amostragem selecionados. Estes pontos de amostragem incluem a massa de água da Lagoa de Albufeira, as margens envolventes (vertentes que drenam para a laguna, numa faixa de cerca de 200 m, delimitada pelas estradas ou caminhos de acesso à praia a norte e sul, pelo mar a oeste e pelos campos agrícolas - a leste) e a zona ribeirinha das 3 principais ribeiras que drenam para a Lagoa.

(11)

2.1 Vegetação de margem

A caracterização das zonas de vegetação e espécies de margem foram avaliadas recorrendo à observação da distribuição da vegetação e identificação das espécies de flora encontradas (Rosselló-Graell et al., 2003). Na área de amostragem selecionada (Figura 1) foi delimitada/ cartografada cada unidade de vegetação observada, amostrada a diversidade florística e avaliada a dominância das espécies. A interpretação da fotografia aérea (ortofotos 1:8000 e imagens aéreas de 2007) correspondente à área de estudo, georreferenciada, permitiu definir as unidades de vegetação existentes e delimitar as suas áreas de distribuição. A identificação das espécies foi efetuada no campo, sempre que possível, tendo-se, porém, recolhido vários exemplares de cada espécie para ulterior identificação no laboratório, quando necessário. Os exemplares recolhidos foram identificados até à espécie, sempre que possível, recorrendo à Flora de Portugal (Franco, 1971), Flora Ibérica (Castroviejo et al., 1986-2012) e Flora da Andaluzia (Valdés et al., 1987).

A amostragem para a caracterização e delimitação das unidades de vegetação existentes na área envolvente à laguna realizou-se (1) no início de abril (04 a 06 de abril) e em junho de 2011 (margem sul) e (2) setembro de 2012 (margem norte). Foram delimitadas unidades de vegetação de acordo com o biótopo e a vegetação dominante em cada um, tendo-se definido formações herbáceas, arbustivas e arbóreas.

2.2 Vegetação macrófita aquática

Considerando a informação existente relativa aos picos de desenvolvimento das macrófitas aquáticas, considerou-se ideal realizar a amostragem no início do mês de setembro (Antunes

et al., 2012; Calado e Duarte, 2000; Cancela da Fonseca et al., 1989; Menéndez e Comín, 1989;

Menéndez e Peñuelas, 1993; Duarte et al., 2002; Freitas et al., 2008). Desta forma, a primeira avaliação (reconhecimento) decorreu no dia 30 de agosto de 2012 e a amostragem das macrófitas decorreu nos dias 11 e 12 de setembro de 2012.

Para a definição da localização dos pontos de amostragem foi utilizada a informação da primeira campanha (reconhecimento): distribuição e vitalidade da espécie de macrófita aquática existente na Lagoa de Albufeira. Assim, foram definidos dois locais de amostragem para a avaliação de abundância das macrófitas aquáticas (Toivonen e Lappalainen, 1980) (Figura 1).

2.2.1 Diversidade, distribuição e abundância

Determinou-se a diversidade, distribuição e abundância da vegetação macrófita aquática, através da avaliação da cobertura e da biomassa utilizando a metodologia adaptada do Protocolo para amostragem de ervas marinhas (projeto EEMA) (EEMA, 2010). Em cada local

(12)

foram avaliados os seguintes parâmetros em dois transectos de 25 m paralelos à linha de margem (Figura 1):

1. Cobertura - Avaliação visual da % de cobertura de espécies macrófitas emersas em parcelas quadradas de 625 cm2 (25 cm x 25 cm com 9 sub-quadrados de 8.33 cm x 8.33 cm) (Figura 2), e medindo a sua altura vertical.

2. Biomassa - Recolha de todo o material vegetal, realizada de barco, recorrendo a um “core” cilíndrico com 20 cm de diâmetro (Antunes et al., 2012; Menéndez e Comín, 1989) (Figura 3). No caso da ocorrência de macroalgas, o material foi recolhido e separado em laboratório. A biomassa foi expressa em % de peso seco do material recolhido por m2, após secagem em estufa de ar forçado a 50 oC.

Figura 1. (A) Área de estudo e pontos de amostragem de macrófitas aquáticas (pontos vermelhos); (B) Metodologia utilizada na avaliação das macrófitas aquáticas – esquema das medidas realizadas em

cada local e transecto de amostragem.

B

B

A

1 Km N N

(13)

Figura 2. Grelha utilizada para medição de cobertura submersa de macrófitas aquáticas.

Figura 3. Grelha utilizada para medição de cobertura submersa e “core” (20 cm diametro) utilizado para recolha e medição de biomassa de macrófitas aquáticas.

(14)

2.2.2 Vitalidade

A energia luminosa absorvida pelas moléculas de clorofila numa folha pode ter três destinos possíveis: pode ser utilizada para promover a fotossíntese (fotoquímica); o excesso de energia pode ser dissipado como calor, ou pode ser reemitido como luz (fluorescência das clorofilas), existindo competição entre estes três processos (Maxwell e Johnson, 2000). Assim, a medição da emissão de fluorescência fornece informações sobre o processo complementar de utilização fotoquímica da energia, que está na base da produtividade vegetal.

Embora a quantidade total de fluorescência das clorofilas seja muito pequena (apenas 1 a 3 % do total de luz absorvida), foram desenvolvidas várias técnicas e equipamentos que permitem a sua medição com precisão. A análise da fluorescência da clorofila a é, pois, uma técnica não invasiva que permite avaliar in vivo os eventos fotossintéticos e o status fisiológico das plantas de uma forma eficiente e rápida, podendo recolher-se informações acerca da eficácia fotoquímica (Marques da Silva et al., 2007). Esta técnica foi recentemente aplicada, com sucesso, à caracterização ecofisiológica de populações de macrófitas de lagoas litorais (Antunes et al., 2012).

A amostragem forneceu exemplares que foram fotoquimicamente caracterizados em laboratório, com o objetivo de avaliar o seu vigor fisiológico. Essa caracterização assentou na medição de parâmetros de fluorescência. Por um lado, efetuaram-se medições da fase rápida da cinética de Kautsky utilizando um fluorómetro contínuo (Handy-PEA, Hansatech

Instruments, Norfolk, Reino Unido), mantendo as amostras 5 minutos no escuro, após o qual se

aplicou um pulso de luz saturante. Desta forma determinou-se a eficiência fotoquímica potencial máxima do Fotossistema II (PSII) (Fv/Fm), razão entre a fluorescência variável (Fv=Fm-Fo) e a fluorescência máxima (Fm), que é muito utilizado na análise de vigor fisiológico das plantas (Kitajima e Butler, 1975; Maxwell e Johnson, 2000; Marques da Silva et al., 2007); Fo é a fluorescência basal. Determinou-se também o Índice de Performance (IP) que permite avaliar a vitalidade da amostra de modo a resistir a fatores externos, integrando (1) a eficiência na captura de energia, (2) a eficiência com que a energia capturada é transformada em energia química nos centros de reação e (3) o transporte eletrónico produzido, que está dependente da fixação biológica de carbono (Strasser et al., 2000; Strasser et al., 2004), e ainda a Área Complementar que corresponde à área acima da curva de fluorescência entre Fo e Fm e é proporcional à dimensão do pool de quinonas (Qa), isto é, dos aceitadores de eletrões do PSII (Strasser et al., 2000; Strasser et al., 2004). Por outro lado utilizou-se o fluorómetro modulado PAM 210 (Walz, Effeltrich, Alemanha) para obtenção de outros parâmetros. A luz de medição foi regulada para a intensidade 6, os pulsos saturantes para a intensidade 10 e a radiação infravermelha para a intensidade 8. Após 5 minutos no escuro, aplicou-se um pulso de luz saturante e determinaram-se os valores de Fo e Fm. Após o período de escuridão, foi então ligada a luz actínica (430 µmol m-2 s-1) e após 5 minutos de iluminação aplicou-se um segundo pulso saturante, obtendo-se os valores de Ft (fluorescência basal medida durante o período de luz e imediatamente antes do pulso de luz saturante), Fm’ (fluorescência máxima medida durante o período de luz e após o pulso de luz saturante) e Fo’ (fluorescência medida após o

(15)

pulso de luz saturante e após a aplicação de radiação infravermelha). A eficiência fotoquímica efetiva do PSII (φPSII) (Genty et al., 1989) é calculada através da fórmula (Fm’ – Ft)/Fm’ e indica a quantidade de luz absorvida pela clorofila do PSII que é utilizada na fotoquímica. O amortecimento fotoquímico (qP) é calculado através da fórmula (Fm’ – Ft)/(Fm’ – Fo’) e é um indicador da fração de centros de reação do PSII que estão abertos, i.e., capazes de operar fotoquimicamente (Schreiber et al., 1986). Por outro lado, existe o quociente de amortecimento não-fotoquímico (qN), calculado através da fórmula (Fm – Fm’)/(Fm – Fo), que indica a presença de dissipação da energia por processos não-fotoquímicos, ou seja, por dissipação de calor (Van Kooten e Snel, 1990). O amortecimento não fotoquímico de

Stern-Volmer (NPQ) é um outro indicador de existência de dissipação térmica da energia luminosa

absorvida (Bilger e Björkman, 1990) e é calculado através da fórmula (Fm – Fm’)/Fm’.

Adicionalmente, utilizou-se um fluorómetro de imagem (Imaging-PAM, Walz) para construir curvas rápidas de resposta à irradiância (RLCs, Rapid Light Curves). Para tal, procedeu-se à iluminação das amostras por um período de 30 minutos a uma luz actínica de 300 µmol m-2 s-1 após o qual se colocou cada amostra no fluorómetro expondo a períodos de 30 segundos a um ciclo crescente de intensidades luminosas (0, 43, 111, 223, 320, 491, 782, 996, 1270 µmol m-2 s

-1

) entre os quais se procedia à medição da fluorescência após um pulso saturante de luz. Através da aplicação do modelo de Platt et al. (1980) foi possível determinar o parâmetro α, eficiência fotossintética que caracteriza as reações fotoquímicas da fotossíntese, e o parâmetro β, que caracteriza o processo de fotoinibição. Obteve-se ainda o parâmetro Ek que consiste no valor de densidade de fluxo de fotões (PFD) a partir da qual ocorre fotoinibição, ou seja, em que ocorre saturação, e o parâmetro ETRmáx que corresponde à taxa máxima de transporte de eletrões derivada a partir do modelo.

Todas as medições foram efetuadas em 7 réplicas (n=7) no dia seguinte à colheita das plantas. Os parâmetros foram analisados estatisticamente através de análise de variância (ANOVA,

Tukey's Multiple Comparison Test, p <0.05) para observar diferenças entre os vários locais e

através de teste de t-Student (p <0.05) para observar diferenças entre os locais da margem norte e os da margem sul da Lagoa de Albufeira. As análises estatísticas foram realizadas com

GraphPad Prism 5.03 for Windows (2009) (GraphPad Software, San Diego, Califórnia, EUA).

2.3 Estado ecológico das zonas ribeirinhas

Atualmente e tendo em conta a Diretiva Quadro Água, um rio ou ribeira é avaliado não só tendo em conta os seus parâmetros físico-químicos, mas também fatores bióticos como os seres vivos que lá habitam ou a vegetação envolvente. Assim, um rio deixa de ser apenas um reservatório de água e passa a ser considerado um suporte de vida para o ecossistema. Neste contexto, avaliou-se a qualidade e estrutura do corredor ribeirinho em 3 ribeiras afluentes da Lagoa de Albufeira: ribeiras da Apostiça, Ferraria e Aiana. Selecionaram-se 3 locais em cada ribeira (Figura 4) e em cada ponto de amostragem usaram-se duas metodologias de avaliação de qualidade ribeirinha: (1) índice de qualidade da vegetação e da estrutura ribeirinha

(16)

desenvolvido por Munné et al. (2003) designado por Qualidade dos Bosques Ribeirinhos (QBR); (2) avaliação biológica da qualidade da água em sistemas fluviais segundo a Diretiva Quadro da Água desenvolvido pelo INAG, Instituto da Água (INAG, 2008).

Este tipo de avaliação baseada na flora tem sido reconhecido pela sua capacidade de proporcionar informação integrada sobre a qualidade ecológica geral dos habitats ribeirinhos (Salinas et al., 2000; Riis et al., 2000; Thiebaut et al., 2002; Ferreira et al., 2005), proporcionando um instrumento adequado para avaliar o estado ecológico das ribeiras da Lagoa de Albufeira.

Figura 4. Locais de amostragem de biomonitorização das ribeiras da Apostiça (Ap), Ferraria (Fer) e Aiana (Aian): pontos de transplantes de F. antipyretica e avaliação da qualidade ribeirinha (QBR e Parâmetros

do Quadro de Água). 1 Km Legenda: F. antipyretica QBR + Quadro Água N

(17)

3 Resultados

Os resultados apresentados vêm cumprir os principais objetivos que nos propusemos realizar: (1) Delimitação e caracterização das unidades de vegetação existentes na área envolvente à laguna; (2) Definição da área de ocupação, diversidade, estado de desenvolvimento e vigor (fisiologia) das macrófitas aquáticas; (3) Caracterização e avaliação do estado ecológico das zonas ribeirinhas envolventes.

3.1 Unidades de vegetação

Após o reconhecimento do local, a 30 de agosto 2012, foi possível, em função do gradiente de encharcamento, distinguir diferentes hábitos de vida das plantas, desde a zona de meio terrestre à zona aquática propriamente dita. A flora do local de estudo é fortemente marcada por condições ecológicas contrastantes resultantes, em larga medida, da existência de um gradiente de distância à massa de água. Por um lado, estão presentes os meios aquáticos e palustres, que vão desde a massa de água da laguna até às zonas húmidas e, por outro lado, ocorrem zonas mais secas ocupadas por areia ou solos mais consolidados. Esta variedade de condições ambientais leva a que exista uma diversidade significativa de habitats e espécies. Assim, foram identificadas 3 zonas de vegetação: (1) vegetação envolvente à laguna, constituída por espécies associadas a locais mais secos e plantas ocasionalmente encontradas nas proximidades de zonas marginais; (2) vegetação de margem de laguna, constituída por helófitas adaptadas às flutuações do nível da água; (3) vegetação hidrofítica, ocupando a massa de água da laguna.

Foram delimitadas 21 unidades na área de estudo distribuídas por formações herbáceas, arbóreas e arbustivas, e incluindo as estruturas rígidas existentes na área de estudo:

a. Acacial

b. Areias com vegetação c. Canavial d. Caniçal e. Chorão f. Eucaliptal g. Juncal h. Linha de Água i. Pinhal Bravo j. Pinhal Manso k. Pinhal Misto l. Prado m. Prado salgado n. Salgueiral

(18)

o. Silvado

p. Comunidade de Spartina q. Tamargal

r. Vegetação Dunar – cordão dunar s. Vegetação da Massa de água t. Solo nu

u. Urbano

Como se pode observar na Figura 5, a massa de água ocupa uma grande parte da área de estudo, constituindo 58 % da área total (Tabela 1). As areias expostas com solo nu representam uma parte importante da área de estudo, distribuindo-se de este a oeste em ambas as margens e ocupando 11.4 % da área total (e 27.2 % da área terrestre, i.e, excluindo a massa de água) (Tabela 1 e Figura 5). Estas zonas de solo exposto são maioritariamente zonas inundáveis, sujeitas a elevadas variações de encharcamento. Quanto às comunidades de vegetação envolventes da laguna, o Pinhal Manso é o que ocupa maior área (0.205 km2), representando 8.4 % da área total de estudo. Esta unidade de vegetação possui várias formações, sendo a mais representativa a de Pinhal Manso com Matos (ocupando 10.4 % da área terrestre existente), e a mais pontual a de Pinhal Manso com Juniperus navicularis apenas presente na margem norte (Tabela 1 e Figura 5). Os prados, que incluem zonas húmidas de transição e mais xéricas, ocupam 4.2 % da área total (representando 10.1 % das formações vegetais existentes) (Tabela 1 e Figura 5). Apenas presente nas dunas a oeste (cordão dunar embrionário e duna primária) encontra-se uma vegetação dunar típica que ocupa 3.1 % da área de estudo, o que representa 7.3 % da área terrestre existente (Tabela 1 e Figura 5). Os juncais identificados, existentes em ambas as margens, incluem várias formações (que dependem das espécies constituintes e sua dominância) e ocupam 2.5 % da área de estudo, sendo uma das principais formações de interface com a zona aquática (Tabela 1 e Figura 5). Os caniçais ocupam maioritariamente as margens da Lagoa Pequena e formam manchas homogéneas com uma área de ocupação de 2.5 % da área total de estudo, ou seja, 6 % da área de ocupação potencial terrestre (Tabela 1 e Figura 5).

As restantes unidades de vegetação apresentam uma área de ocupação menor, sendo mais pontuais na área de estudo (<2.5 % de ocupação da área total) (Tabela 1 e Figura 5). As zonas de maior impacto humano foram encontradas na margem sul, que incluem o parque de campismo e as habitações, representando uma parte significativa desta margem (2.12 % da área de estudo). Muito provavelmente, por influência das pressões antropogénicas, a vegetação da margem sul encontra-se mais fragmentada (Figura 5).

(19)

A

B

C

D

(20)

Figura 5A. Cartografia das Unidades de Vegetação existentes na área envolvente à Lagoa de Albufeira. Ver legenda na Figura 5.

A

A

(21)

Figura 5B. Cartografia das Unidades de Vegetação existentes na área envolvente à Lagoa de Albufeira. Ver legenda na Figura 5.

B

B

(22)

Figura 5C. Cartografia das Unidades de Vegetação existentes na área envolvente à Lagoa de Albufeira. Ver legenda na Figura 5.

C

C

(23)

Figura 5D. Cartografia das Unidades de Vegetação existentes na área envolvente à Lagoa de Albufeira. Ver legenda na Figura 5.

D

D

(24)

Tabela 1. Área de ocupação de comunidades vegetais (m2) e sua percentagem (%) de ocupação na área de estudo considerada (2.425 km2) e na área terrestre (1.018 km2).

Unidade de Vegetação Área (m2) % Ocupação do solo - Área total

% Ocupação do solo - Área terrestre

Acácia 7483.90 0.31 0.74

Areias com Vegetação

0.93 2.22

Vegetação esparsa 20143.86 Veget esparsa + Pinus pinea 2442.27

Canavial 992.92 0.04 0.10

Caniçal

Caniçal 60204.91

2.55 6.08

Caniçal + Juncus 1712.63

Cercas restauro dunar 6108.92 0,25 0.60

Chorão 3416.87 0.14 0.34 Eucaliptal 29247.04 1.21 2.87 Juncal de Juncus 28611.26 2.54 6.04 de Scirpoides holoschoenus 17460.96 Misto 11877.79 com Caniço 3536.79 Linha de Água 2624.55 0.11 0.26 Pinhal Bravo Simples 5593.54 0.75 1.80 com Thymus 12687.90 Pinhal Manso + Eucaliptal + Acácia 25499.39 8.42 20.07 com Arrelvado 52741.09 + Juniperus 19899.35 com Matos 106113.36 Pinhal Misto com Matos 43749.00 2.22 5.29 + Acácia 10087.01 Prado Simples 23025.20 4.24 10.11 húmido 72166.00 húmido + Caniço 7718.29 Prado salgado simples 20073.68 0.90 2.14 + Caniço 1741.08 Salgueiral 7557.53 0.31 0.74 Silvado simples 7852.21 0.41 0.97 húmido 1986.36 4 Spartina 347.11 0.01 0.03 5 Tamarix africana 204.68 0.01 0.02 Vegetação Dunar 74540.11 3.07 7.32

Vegetação da Massa de Água 1407393.27 58.03 -

Solo nu 277056.56 11.42 27.22

Urbano 51348.79 2.12 5.04

(25)

5.1.1 Caracterização das unidades de vegetação

De um modo geral o local de estudo divide-se em dois tipos de meios: os meios húmidos e os meios secos arenosos. Nos meios húmidos, que abrangem um gradiente de encharcamento e salinidade e diferentes profundidades, existe um vasto conjunto de espécies ubíquas associadas: nos meios inundáveis observa-se a presença de várias espécies de juncos como por exemplo o junco-das-esteiras (Juncus maritimus) e Scirpoides holoschoenus; nas zonas com alguma profundidade, de inverno domina o caniço (Phragmites australis), em zonas mais planas podem formar-se arrelvados e em zonas de maior salinidade observam-se formações halófitas típicas (como prados salgados). Nos meios arenosos, ambientes mais xéricos, que compreendem o cordão dunar, dunas mais estabilizadas e os pinhais, desenvolve-se um conjunto de espécies característico. No cordão dunar sensu lato assinala-se a presença de cardo das dunas (Eryngium maritimum), do estorno (Ammophila arenaria) e de Pancratium

maritimum e nas areias estabilizadas mais interiores (com ou sem pinhal), observa-se a

presença (dominância) de Stauracanthus genistoides, Halimium halimifolium, H. calycinum e

Thymus capitellatus.

Após avaliação da composição florística de cada unidade de vegetação, obteve-se a lista de espécies apresentada na Tabela A do Entregável 3.2.2.3.b e a caracterização que se segue.

A. Acacial

Formações arbóreas de porte baixo, dispersas, caracterizadas pela presença de Acacia

cyanophylla e/ou Acacia longifolia. Podem coexistir com Pinus pinaster, Carpobrotus edulis e

algumas espécies de matos dunares. Estas espécies exóticas caracterizadas por um potencial invasor elevado, com um desenvolvimento muito rápido e um enorme banco de sementes viável, devem ser consideradas uma ameaça à vegetação natural envolvente (Anexo 1 - Figura

A; Entregável 3.2.2.3.b - Tabela A).

B. Areias com vegetação

Vegetação dunar esparsa caracterizada pela presença de moitas de Thymus capitellatus (endemismo do sul de Portugal), Corynephorus canescens, Helicrysum sp. e Ononis

ramosíssima e presença frequente das herbáceas Silene niceeensis, Carpobrotus edulis, Linaria

sp. e Euphorbia paralias. Existe em zonas de dunas mais estabilizadas, marginais a formações de matos ou pinhais. Adicionalmente, e embora possa existir como sub-coberto de formações arbóreas (pinhais) e acompanhante de zonas de juncal, a espécie Armeria rouyana (endemismo restrito às areias da região costeira a sul do Tejo, com as maiores populações na envolvente ao estuário do Sado e aparecendo mais pontualmente para sul) é frequente neste tipo de comunidade, formando pontualmente agregados monoespecíficos (Anexo 1 - Figura B;

Entregável 3.2.2.3.b - Tabela A). Podem incluir os habitats da Diretiva: 2260 + 2330 + 2230 +

(26)

C. Canavial

Formações inundadas de inverno, sempre húmidas no verão, caracterizadas por um coberto contínuo monoespecífico de Arundo donax. Esta espécie exótica, caracterizada por um desenvolvimento muito rápido, pode ser considerada uma ameaça à vegetação natural envolvente dos locais onde existe (Anexo 1 - Figura C; Entregável 3.2.2.3.b - Tabela A).

D. Caniçal

Formações inundadas de inverno, sempre húmidas no verão, caracterizadas por um coberto contínuo quase monoespecífico de Phragmites australis. Estes caniçais (classe

Phragmito-Magnocaricetea) estão encerrados no habitat da Diretiva 1150pt1* Lagunas costeiras (Anexo 1

- Figura D; Entregável 3.2.2.3.b - Tabela A).

E. Chorão

Formações monoespecíficas da espécie Carpobrotus edulis que ocupam várias zonas nas margens da laguna. A presença pontual desta espécie invasora é também observada em conjunto com outras formações, podendo ser considerada uma ameaça para as espécies nativas (Anexo 1 - Figura E).

F. Eucaliptal

Formações arbóreas de porte alto, densas, com o estrato arbóreo composto por Eucalyptus

globulus e por vezes com presença de Pinus pinea, Acacia sp.ou Pinus pinaster. O sub-coberto consiste frequentemente em formações herbáceas dominadas por gramíneas (Anexo 1 -

Figura F; Entregável 3.2.2.3.b - Tabela A).

G. Juncal

Formações geralmente inundadas de inverno e superficialmente húmidas a secas no verão, caracterizadas por um coberto desde contínuo a mais ou menos descontínuo, onde dominam as espécies Juncus maritimus e/ou Scirpoides holoschoenus. Formam geralmente aglomerados monoespecíficos, mas em alguns casos são acompanhadas por outra comunidade vegetal: podem ser acompanhados por caniço (Phragmites australis), Cynodon dactylon, Polypogon sp.

e Paronychia argentea, para além da presença pouco expressiva e marginal de outras herbáceas. Têm potencial para incluir os habitats da Diretiva 1410 (Prados salgados mediterrânicos) e 6420 (Pradarias húmidas mediterrânicas de ervas altas da Molinio –

(27)

H. Linha de Água

Formações vegetais resultantes da presença de ribeiras afluentes que drenam para a Lagoa. Estas podem ser mais ou menos densas, com um coberto vegetal sobreposto, com presença de componentes arbóreas (Salix sp.) e com uma estrutura herbácea expressiva (Anexo 1 – Figura

H; Entregável 3.2.2.3.b - Tabela A). A vegetação ribeirinha estrutura-se em faixas de largura

muito reduzida, com uma identidade muito distinta das áreas envolventes, com grande importância na funcionalidade dos ecossistemas fluviais.

I. Pinhal Bravo

Formações arbóreas de porte médio-alto, mais ou menos densas, com o estrato arbóreo composto por Pinus pinaster. O estrato arbustivo é variado, podendo consistir em formações do tipo matos xerófilos (ver Matos) em zonas de pinhal menos denso e com clareiras ou comunidades dominadas por herbáceas em pinhais mais densos (Anexo 1 – Figura I;

Entregável 3.2.2.3.b - Tabela A).

J. Pinhal Manso

Formações autóctones arbóreas de porte médio-alto, mais ou menos densas, com o estrato arbóreo composto por Pinus pinea. O sub-coberto pode ser constituído por um estrato arbustivo variado, com formações do tipo matos xerófilos (ver Matos), ou constituído por arrelvados dominados por espécies herbáceas (dominância de gramíneas). Podem ainda incluir a presença pontual e esparsa de Juniperus navicularis (endemismo de Portugal) em zonas de pinhal menos denso e com matos compondo o sub-coberto (margem norte). Na área de estudo pode observar-se pontualmente uma mistura deste tipo de formação com Eucaliptal e Acacial. Tem potencial para incluir o habitat 2270* (Dunas com florestas de Pinus pinea e ou

Pinus pinaster).

Os matos dunares podem tomar forma em dois tipos de formações sobre dunas estabilizadas: por um lado, formações arbustivas esparsas, caracterizadas por moitas compactas dispersas numa matriz de areia – mato rasteiro ou indivíduos dispersos das espécies de Thymus

capitellatus (endemismo do sul de Portugal), Armeria sp., Lavandula pedunculata, Jasione montana, entre outras; por outro lado, podem formar comunidades localizadas em zonas de

maior declive em dunas estáveis litorais dominadas ou co-dominadas por arbustos mais altos como Stauracanthus genistoides, Halimium halimifolium, H. calycinum, Helichrysum sp., Ulex

australis e Pistacia lentiscus. Têm potencial para incluir os habitats da Diretiva: 2260 + 2150 +

2250pt2 (Juniperus navicularis) + cf. 5330pt5 (Anexo 1 – Figura J; Entregável 3.2.2.3.b - Tabela

(28)

K. Pinhal Misto

Formações arbóreas de porte médio a alto, mais ou menos densas, com o estrato arbóreo composto por uma mistura de Pinus pinaster e Pinus pinea. O estrato arbustivo e herbáceo é variado, podendo consistir nas formações descritas para o sub-coberto dos Pinhais Bravos e Pinhais Mansos. Estas formações podem ainda integrar espécimes de Acacia sp. (Anexo 1 –

Figura K; Entregável 3.2.2.3.b - Tabela A).

L. Prado

Este tipo de vegetação abrange dois tipos de arrelvados: (1) Xerófilo - toma a forma de comunidades anuais formadas por um relvado esparso de variadas espécies, com predominância devárias gramíneas e presença de Plantago sp., Cakile marítima e Dittrichia

viscosa; (2) Húmido - locais que podem inundar de inverno e manter-se húmidos no verão,

caracterizados por formações compactas higrófilas de Cynodon dactylon, Paronychia argentea,

Schoenoplectus lacustris e Trifolium sp.. Estes prados húmidos podem ser acompanhados por

caniço (Phragmites australis) (Anexo 1 – Figura L; Entregável 3.2.2.3.b - Tabela A).

M. Prado salgado

Comunidades vegetais que se desenvolvem em zonas de alguma salinidade, pouco perturbadas e de inundação quase constante (em volta da Lagoa Pequena). São compostas por formações halófitas típicas dominadas por Artemisia gallica, Arthrocnemum macrostachyum e

Polypogon maritimum e com presença de Atriplex prostrata e Suaeda sp. (Anexo 1 – Figura M;

Entregável 3.2.2.3.b - Tabela A). Os prados de Artemisia gallica (classe Artemisietea vulgaris,)

estão encerrados no 1150pt1 - * Lagunas costeiras, e estas formações podem ainda integrar o habitat 1420pt4.

N. Salgueiral

Comunidade ripícola densa e preservada, composta por Salix atrocinerea e S. alba e um sub-coberto diverso. Encontra-se na foz da ribeira da Apostiça que desagua na Lagoa Pequena, local conservado e mais protegido de pressões antropogénicas (Anexo 1 – Figura N; Entregável

3.2.2.3.b - Tabela A). Pode incluir o habitat 92A0 (Florestas-galerias de Salix alba e Populus

alba).

O. Silvado

Formações arbustivas de porte médio, compactas, que ocorrem em locais húmidos e dominadas por Rubus ulmifolius. Os silvados da área de estudo podem ser mais ou menos húmidos e podem coexistir com a cana vulgar (Arundo donax) (Anexo 1 – Figura O; Entregável

(29)

P. Comunidade de Spartina

Comunidade monoespecifica de Spartina marítima (Anexo 1 – Figura P; Entregável 3.2.2.3.b -

Tabela A). Poderá incluir o habitat da Diretiva: 1320, embora a sua extensão seja bastante

reduzida.

Q. Tamargal

Formações de pequena extensão, muito pontuais, constituídas maioritariamente por indivíduos isolados de Tamarix africana (Anexo 1 – Figura Q; Entregável 3.2.2.3.b - Tabela A).

R. Vegetação dunar

Esta unidade de vegetação abrange dois tipos de duna: (1) Duna embrionária, representada por comunidades quase desprovidas de espécies vegetais, caracterizadas por tufos de vegetação ou plantas isoladas que ocupam a pequena faixa de areia mais exterior recém depositada e (2) Duna primária, representada por comunidades com algum coberto, que se localizam nas cristas dunares imediatamente após a duna embrionária. Estas formações são dominadas por tufos de Ammophila arenaria, Elymus farctus e Crucianella marítima, acompanhados de Eryngium maritimum, Otanthus maritimus, Pancratium maritimum e

Thymus carnosus (endemismo ibérico), entre outras (Anexo 1 – Figura R; Entregável 3.2.2.3.b -

Tabela A). Poderão ser considerados os habitats da Diretiva 2110 (Dunas móveis

embrionárias), 2120 (Dunas móveis do cordão litoral com Ammophila arenaria [“dunas brancas”]) e 2130 (Dunas fixas com vegetação herbácea: “dunas cinzentas”).

S. Vegetação da massa de água

Comunidades submersas todo o ano, constituídas por hidrófitos da espécie Ruppia cirrhosa enraizados na vasa. As comunidades desenvolvidas são monoespecíficas, estão sob a influência de um gradiente elevado? de salinidade e de profundidade da massa de água e fazem-se acompanhar na maioria dos casos por macroalgas. Encontram-se restritas a três pequenas zonas: duas junto à margem norte e uma junto à margem sul. Tal como os lodaçais e areias mais a oeste, ficam a descoberto na altura de maré baixa. A zona central (muito profunda) é desprovida de vegetação vascular. Na Lagoa Pequena, pouco profunda, apenas se encontram tapetes de macroalgas, estando as macrófitas ausentes desta zona da laguna. Inclui o habitat prioritário 1150* (Lagunas costeiras) (Anexo 1 – Figura S).

(30)

5.1.2 Ameaças identificadas para a vegetação

As ameaças identificadas na área de estudo, para além do impacto humano direto, causado pelas estruturas físicas e pisoteio (mais intenso na margem sul), incluem a presença de algumas espécies de plantas infestantes, invasoras e com potencial invasor. Das referidas no Decreto-Lei 565/99, a Acacia cyanophylla encontra-se presente em mancha na zona oeste da margem norte (impacto significativo) e a Acacia longifolia encontra-se pontualmente dispersa por toda a área de estudo; Carpobrotus edulis encontra-se pontualmente em várias comunidades vegetais, mas forma também agregados monoespecíficos na margem sul a oeste (sendo o seu impacto mais significativo) (Figura 6A e 6B). Outra espécie a ter em conta devido ao seu elevado potencial invasor (Marchante et al., 2005) é Arundo donax (cana-comum) presente em manchas na margem sul (Figura 6A e 6B). A presença destas espécies é mais representativa a oeste, e em alguns casos em agregados não pontuais, podendo representar uma ameaça à vegetação natural da área de estudo.

(31)

Figura 6A. Espécies invasoras (Decreto-Lei 565/99) ou de potencial invasor muito elevado (Marchante et

(32)

Figura 6B. Espécies invasoras (Decreto-Lei 565/99) ou de potencial invasor muito elevado (Marchante et

(33)

5.2 Vegetação Macrófita Aquática - Diversidade, Cobertura e Biomassa

A determinação da diversidade, área de cobertura e biomassa das macrófitas foi realizada no mês de setembro de 2012, seguindo a metodologia descrita anteriormente nos pontos de amostragem apresentados na Figura 1.

A única espécie encontrada na laguna, Ruppia cirrhosa, não apresentou uma abundância elevada, concentrando-se apenas nos locais de amostragem considerados e não chegando a cobrir a superfície da massa de água. Um fator determinante do comportamento desta espécie é a salinidade: R. cirrhosa tolera valores elevados de salinidade (Shili et al., 2007), mas vários fatores podem influenciar a variação (temporal e espacial) de cobertura e biomassa desta espécie, tais como a profundidade, o pH, ou a transparência (Antunes et al., 2012).

A altura vertical de R. cirrhosa variou entre 20 cm e 40 cm, sendo o transecto Norte B o que apresentou plantas com maior comprimento e Norte A as com menor comprimento vertical. A cobertura de R. cirrhosa variou dentro de um mesmo transecto (Anexo 3 – Figura T), sendo os componentes de ocupação do espaço nos diferentes pontos de amostragem variáveis. Os valores de cobertura (média) de R. cirrhosa mantiveram-se semelhantes nos transectos a sul e a norte, embora a cobertura submersa de macroalgas seja superior nos transectos a norte (Figura 7) com diferenças significativas entre as duas margens (Kruskal-Wallis p=0.019). A percentagem de cobertura submersa observada foi sempre superior a 30 % e com um máximo de 90 % observado (Figura 7). Na margem norte, observou-se ainda uma maior variação de biomassa de R. cirrhosa, sendo o transecto Norte B o que demonstrou maior biomassa e o Norte A menor. Embora a margem norte pareça ter maior potencial para o desenvolvimento da espécie R. cirrhosa, com menor impacto humano associado e com valores máximos de biomassa superiores, não se observaram diferenças significativas entre a margem norte e sul considerando os dois transectos (Kruskal-Wallis p> 0.05, n=6). O valor máximo de biomassa de

R. cirrhosa obtido foi de 409.84 gpeso seco/m2, no local Norte B P4 (NBP4), sendo o valor médio

na Lagoa de Albufeira de 119.9 gpeso seco/m2 ± 125.1, considerando os locais onde a espécie

existe. Como expectável, os valores de biomassa de R. cirrhosa estão associados a uma maior cobertura da macrófitas (Spearman R=0.596; n=6), e à estrutura vertical apresentada (Spearman R=0.783; n=6).

Os valores de biomassa de macrófitas observados na Lagoa de Albufeira estão dentro de valores observados para algumas lagoas europeias (Verhoeven, 1980; Menendez e Comín, 1984; Pérez e Camp, 1986), embora bastante abaixo dos valores observados para a Lagoa de Melides na mesma altura do ano (Antunes et al., 2012) e abaixo dos valores máximos de Lagoa de Santo André (Bernardo, 1990; Calado e Duarte, 2000).

(34)

Figura 7. Cobertura (%) e Biomassa (g peso seco / m2) da macrófita Ruppia cirrhosa e macro-algas existentes na Lagoa de Albufeira. n=6 para cada transecto (SUL A, SUL B, NORTE A e NORTE B).

5.3 Vegetação Macrófita Aquática – Vitalidade

5.3.1 Razão Fv/Fm

Genericamente este parâmetro é considerado como um indicador sensível à performance fotossintética da planta, com amostras saudáveis, isto é, sem que estejam sujeitas a qualquer tipo de stress, atingindo tipicamente um valor de 0.85, embora em plantas aquáticas o valor possa estar mais próximo de 0.75-0.80 (Rau et al., 2007; Cruz de Carvalho et al., 2011). Valores inferiores a estes indicam que a planta foi exposta a algum tipo de stress biótico ou abiótico, o qual reduziu a capacidade fotoquímica do PSII. Como se pode observar na Tabela 2, à exceção dos locais de amostragem NAP1 e NBP2, todas as amostras apresentam valores inferiores a 0.75 indicando que se encontram em condições fotoquímicas sub-óptimas. Destaca-se o local de amostragem NBP4 por apresentar um valor médio bastante inferior (0.65) ao observado nos outros locais de amostragem. Tal revela uma maior diminuição da eficiência fotoquímica máxima das plantas em NBP4, sugerindo a presença de stress ambiental mais intenso. Não houve diferenças significativas entre os locais da margem norte e os da margem sul.

(35)

5.3.2 Índice de Performance (IP)

As amostras com melhor performance situam-se nos locais de amostragem NAP1, NBP2 e SBP4 com valores superiores a 0.6 (Tabela 2) enquanto as plantas com performance mais reduzida foram recolhidas em NBP4 e SAP5 com valores inferiores a 0.5. No entanto, não existem diferenças significativas entre os locais da margem norte e os da margem sul.

5.3.3 Área complementar

Se houver um bloqueio da transferência de eletrões dos centros de reação do Fotossistema II para este pool de quinonas, esta área irá sofrer uma redução. Neste caso, as plantas dos locais de amostragem SAP1, SAP5 e SBP2 apresentaram um valor mais baixo de área complementar que as plantas dos restantes locais de amostragem. Neste parâmetro também não existem diferenças significativas entre os locais da margem norte e os da margem sul, apresentando o total das plantas da margem sul, no entanto, um valor de Área Complementar médio inferior (20058 ± 3298) ao das plantas da margem norte (25915 ± 6689).

Tabela 2. Parâmetros característicos da fase rápida da curva de indução de fluorescência da clorofila a (Média ± desvio padrão; n=7). Diferentes letras correspondem a diferenças estatisticamente

significativas entre os vários locais.

Local Fv/Fm IP Área

NAP1 0.76 ± 0.02a 0.73 ± 0.14a 23067 ± 5098ac

NAP5 0.73 ± 0.03a 0.58 ± 0.12a 24597 ± 3844a

NBP2 0.75 ± 0.01a 0.75 ± 0.10a 23343 ± 2912ac

NBP4 0.65 ± 0.06b 0.42 ± 0.18b 32655 ± 8939b

SAP1 0.72 ± 0.02a 0.52 ± 0.17ab 17015 ± 2949c

SAP5 0.73 ± 0.02a 0.47 ± 0.11b 18831 ± 918ac

SBP2 0.74 ± 0.01a 0.59 ± 0.13ab 20516 ± 1875ac

SBP4 0.73 ± 0.02a 0.60 ± 0.16ab 23871 ± 2475ac

5.3.4 Eficiência fotoquímica efetiva do PSII (φPSII)

Em todos os locais as amostras apresentam um valor de φPSII de 0.35-0.40, à exceção do local

NBP4 que apresentou um valor inferior (0.30 ± 10) (Tabela 3). Não existem diferenças significativas entre os locais da margem norte e os da margem sul.

(36)

5.3.5 Quocientes de amortecimento fotoquímico (qP) e não-fotoquímico (qN)

O quociente de amortecimento fotoquímico (qP) é calculado através da fórmula Fm’ – Ft/Fm’ – Fo’ e é um indicador da fração de centros de reação do PSII que estão abertos, i.e., capazes de operar fotoquimicamente (Maxwell e Johnson, 2000). Embora as diferenças não sejam estatisticamente significativas, observa-se um valor mais elevado em NBP2 (0.80 ± 0.14) enquanto as plantas do local SBP4 foram as que apresentaram o valor mais baixo (0.72 ± 0.07) (Tabela 3). Por outro lado, o quociente de amortecimento não-fotoquímico (qN), calculado através da fórmula Fm – Fm’/Fm – Fo, indica a presença de dissipação da energia por processos não-fotoquímicos, ou seja, por dissipação térmica. Os locais com o valor mais elevado são NBP4 (0.59 ± 0.11) e NBP2 (0.59 ± 0.13) enquanto o local SBP4 apresentou o valor mais baixo (0.40 ± 0.05) (Tabela 3). Em ambos os parâmetros não houve diferenças significativas entre os locais da margem norte e os da margem sul.

5.3.6 Amortecimento não-fotoquímico (NPQ)

Numa planta típica, os valores encontram-se entre 0.5 e 3.5. Neste caso, todos os locais apresentam valores típicos (0.58-0.69) à excepção de SBP4 que apresenta um valor inferior (0.37 ± 0.08), embora não seja estatisticamente significativo. Não houve diferenças significativas entre os locais da margem norte e os da margem sul.

Tabela 3. Parâmetros obtidos por análise de amortecimento da fluorescência da clorofila (Média ± desvio padrão; n=7). Diferentes letras correspondem a diferenças estatisticamente significativas entre

os vários locais.

Local φPSII qP qN NPQ

NAP1 0.40 ± 0.02a 0.77 ± 0.07a 0.54 ± 0.10ab 0.64 ± 0.24a

NAP5 0.35 ± 0.04ab 0.77 ± 0.09a 0.57 ± 0.09ab 0.63 ± 0.16a

NBP2 0.36 ± 0.05ab 0.80 ± 0.14a 0.59 ± 0.13a 0.69 ± 0.25a

NBP4 0.30 ± 0.10b 0.79 ± 0.18a 0.59 ± 0.11a 0.58 ± 0.23a

SAP1 0.36 ± 0.05ab 0.83 ± 0.10a 0.58 ± 0.11a 0.64 ± 0.22a

SAP5 0.36 ± 0.05ab 0.81 ± 0.11a 0.58 ± 0.12ab 0.67 ± 0.28a

SBP2 0.40 ± 0.03a 0.83 ± 0.06a 0.56 ± 0.08ab 0.64 ± 0.14a

(37)

5.3.7 Parâmetros α, β, Ek e ETRmáx da curva rápida de resposta à luz (RLC,

Rapid Light Curve)

O parâmetro α corresponde ao declive inicial da RLC e permite observar a taxa de transporte de eletrões em condições de fotossíntese limitada pela irradiância, pelo que depende essencialmente dos processos que se passam ao nível do aparelho fotoquímico. Neste aspeto as plantas do local NAP1 apresentaram um valor de α mais elevado (0.174 ± 0.028) e as do local NBP4 e SBP4 os valores mais baixos (0.131 ± 0.040 e 0.132 ± 0.032, respetivamente) embora as diferenças não sejam estatisticamente significativas. Por outro lado, as plantas do local NAP1 e SAP1 são as que apresentam maior fotoinibição (β) (90.6 ± 14.0 e 80.9 ± 11.4, respetivamente) e os valores de Ek mais baixos (115.1 ± 18.1 e 128.1 ± 16.3 µmol fotões m-2s-1,

respetivamente) (Tabela 4). As plantas dos locais NAP5 e SBP2 são as que apresentam menor fotoinibição (51.9 ± 5.1 e 52.8 ± 11.8, respetivamente) e as que possuem maiores valores de Ek

(198.3 ± 20.7 e 201.2 ± 44.0 µmol fotões m-2 s-1, respetivamente) (Tabela 4). Tais factos refletem-se na ETRmáx atingida pelas plantas de cada local, com os locais NAP1 e SAP1 com as

taxas mais reduzidas (20.0 ± 3.9 e 21.7 ± 4.2 µmol eletrões m-2 s-1, respetivamente) e os locais NBP2 e SBP2 com as taxas mais elevadas (29.6 ± 4.9 e 31.9 ± 5.3 µmol eletrões m-2 s-1, respetivamente). No entanto, não foram observadas diferenças significativas entre as plantas da margem norte e as da margem sul relativamente a estes parâmetros.

Tabela 4. Parâmetros de performance fotossintética obtidos a partir da aplicação do modelo de Platt et

al. (1980) através de uma curva rápida de luz no Imaging PAM. Cada parâmetro de cada local foi obtido

a partir de sete curvas rápidas de luz individuais. Diferentes letras correspondem a diferenças estatisticamente significativas entre os vários locais.

Local α β Ek

(µmol fotões m-2 s-1)

ETRmáx

(µmol eletrões m-2 s-1)

NAP1 0.174 ± 0.028a 90.6 ± 14.0a 115.1 ± 18.5a 20.0 ± 3.9a

NAP5 0.145 ± 0.020a 51.9 ± 5.1b 198.3 ± 20.7b 29.0 ± 6.4ab

NBP2 0.168 ± 0.032a 59.1 ± 14.4b 180.6 ± 40.2b 29.6 ± 4.9b

NBP4 0.131 ± 0.040a 63.0 ± 21.6b 177.3 ± 53.2b 23.0 ± 8.5ab

SAP1 0.170 ± 0.026a 80.9 ± 11.4a 128.1 ± 16.3ac 21.7 ± 4.2a

SAP5 0.149 ± 0.037a 57.5 ± 13.5b 185.7 ± 42.5b 26.6 ± 4.8ab

SBP2 0.161 ± 0.021a 52.8 ± 11.8b 201.2 ± 44.0bc 31.9 ± 5.3b

SBP4 0.132 ± 0.016a 57.4 ± 11.6b 183.7 ± 36.4b 24.0 ± 3.6ab

Tendo em conta a avaliação dos parâmetros de fluorescência da clorofila a, as plantas apresentaram na sua maioria um bom desempenho fotoquímico, à exceção das plantas do local NBP4 que poderão estar sujeitas a algum stress local, biótico ou abiótico. Este local foi o

(38)

que apresentou maior biomassa (tanto de macrófitas como de macroalgas), podendo existir deplecção local de nutrientes ou autoensobramento devido a uma maior acumulação de biomassa. Este fator já tinha sido apontado como potencial inibidor da fotossíntese noutros estudos com um sistema semelhante e na mesma espécie macrófita (Antunes et al., 2012). A

performance fisiológica de Ruppia cirrhosa é menor no local onde a espécie se desenvolve

melhor (maior biomassa), podendo a espécie encontrar condições mais propícias ao seu desenvolvimento inicial na margem norte, mas sofrer posterior stress fisiológico devido à acumulação de biomassa.

5.4 Zonas Ribeirinhas – Avaliação estado ecológico

5.4.1 Índice Qualidade Bosques Ribeirinhos - QBR

Em cada ponto de amostragem aplicou-se o índice de qualidade da vegetação e estrutura ribeirinha: QBR num troço de 50 metros. Este índice tem em conta quatro níveis de informação, cada um classificado com um máximo de 25 %: (1) cobertura vegetal total da ribeira - TRC; (2) tipo de estrutura vertical da vegetação ribeirinha - CS; (3) natureza do tipo de coberto vegetal relativamente à sua origem (autóctone vs introduzida) - CQ; (4) forma do leito da ribeira e as alterações que sofreu – CA. Este índice permite uma classificação do habitat ribeirinho desde Má qualidade (degradação extrema) até Qualidade excelente (condições naturais) (Tabela 5). De uma forma geral, para a avaliação da cobertura vegetal total ribeirinha (TRC), avaliou-se a percentagem de cobertura arbórea e arbustiva total e a sua conectividade com os ecossistemas adjacentes. A estrutura da vegetação (CS), foi avaliada através da proporção relativa entre árvores e arbustos existentes. Na avaliação da qualidade da cobertura (CQ) teve-se em conta a proporção de espécies nativas e não-nativas e o tipo geomorfológico da ribeira. Por fim, na secção que avalia as alterações que existem no leito da ribeira (CA), verificou-se o grau de artificialidade do mesmo e o nível de intervenção humana que existe.

Tabela 5. Tabela adaptada de Munné et al., 2003 representando as classes de qualidade das ribeiras em função do valor obtido no índice de qualidade da vegetação ribeirinha (QBR).

Classe de qualidade do habitat ribeirinho QBR Cor

Qualidade excelente. Habitat ribeirinho nas condições naturais ≥ 95 Azul

Boa qualidade. Alguma perturbação 75 – 90 Verde

Qualidade suficiente. Grande perturbação 55 – 70 Amarelo

Qualidade pobre. Alteração forte. 30 – 50 Laranja

(39)

De acordo com a classificação QBR, os troços observados das ribeiras da Lagoa de Albufeira estudadas em 2011 apresentaram-se distintos, classificados desde má a boa qualidade. Os valores do índice QBR nos pontos da ribeira da Apostiça variam entre 70 e 75, nos troços da ribeira de Ferraria entre 45 e 85, e na ribeira de Aiana de 25 a 40 (Tabela 6, a Tabela 8). A ribeira de Aiana é a que apresenta menor qualidade, apresentando-se com má qualidade ou qualidade pobre, com fortes alterações do habitat. A ribeira de Apostiça apresentou-se muito semelhante ao longo da linha de água, sendo os troços avaliados de qualidade suficiente (grande perturbação) ou boa qualidade. A ribeira de Ferraria foi a que mais variou, sendo classificada desde qualidade pobre (em Ferraria 1) até boa qualidade (em Ferraria 3 e 4) (Tabela 6 a Tabela 8). De uma forma geral, as ribeiras de melhor qualidade (Apostiça e Ferraria) diminuem a sua qualidade ecológica para jusante, diminuindo os valores de QBR nos pontos mais perto da foz.

Considerando os quatro componentes do índice QBR, verifica-se que o componente cobertura total da vegetação ribeirinha (TRC), apresenta valores mais baixos (5) na ribeira de Aiana (Tabela 7). A ribeira de Ferraria apresenta valores máximos (25) de TRC, e a ribeira da Apostiça, embora com uma cobertura ripária superior a 80 %, apresenta valores de 20 em todos os pontos devido à sua conectividade com a floresta ser reduzida (campos agrícolas com manutenção) (Tabela 6 e Tabela 8). Assim, para além da cobertura ribeirinha propriamente dita, um fator que influencia fortemente a descida desta componente é a manutenção das margens ribeirinhas com o corte de coberto vegetal e exploração agrícola ou de pastoreio. A estrutura de vegetação (CS) não é muito variável nas ribeiras da Apostiça e Aiana, variando apenas 5 pontos (10-15 em Aiana e 15-20 em Apostiça). Nestes casos, o fator mais determinante é a ausência de elevada percentagem de coberto arbóreo em Aiana e a distribuição regular em Apostiça (Tabela 6 e Tabela 7). Na ribeira de Ferraria existe uma variação de 10 a 25 pontos, sendo o troço Ferraria 1 o menos pontuado na sua componente estrutural (Tabela 8). A qualidade da cobertura, associada à diversidade de espécies (nativas) que a zona ribeirinha comporta, é mais reduzida na ribeira de Aiana, chegando a apresentar valores nulos (Tabela 7). Associado a esta componente está o número de espécies nativas que apresentam as ribeiras, sendo mais elevadas nas ribeiras da Apostiça (com contribuição de espécies arbustivas) e de Ferraria (Tabela 6 e Tabela 8). A alteração do canal (CA) apresenta-se mais significativa nos troços perto da estrada, sendo Aiana 1 e Ferraria 1 os troços que apresentam valores de CA mais baixos (=5), resultado da construção de barreiras laterais (muros, etc.) e de presença de estruturas rígidas transversais à ribeira. Os restantes troços das ribeiras apresentam valores mais elevados (de 15), exibindo de uma forma geral menos estruturas rígidas, mas longe de um estado natural principalmente devido a terraços agrícolas de manutenção constante (Tabela 6 a Tabela 8).

Resumindo, as perturbações que mais se fazem sentir nas ribeiras são antropogénicas, com estruturas rígidas (como estradas) a atravessarem as ribeiras e exploração agrícola nas suas margens, fatores mais notórios na ribeira de Aiana. Estas condições não permitem o desenvolvimento da vegetação ribeirinha natural, resultando numa integridade ecológica menor.

Referências

Documentos relacionados

Assim, sob a égide das discussões literárias em torno da linguagem, estão os artigos A essência nômade da palavra roseana: uma incursão pelo espaço literário de Ave,

RESUMO: Relatam-se os resultados do levantamento de dados referentes ao diagnóstico etiológico, distribuição e letalidade das encefalites na região do Vale do Ribeira, São

The UV-B treatments did not show any important effect on glucose levels of tomatoes at any harvest stages; whereas, UVB8 treatment showed high glucose levels in tomatoes at the

ter se passado tão lentamente como muda uma montanha, aos nossos olhos eternamente parada e cujas mudanças só são percebidas pelos olhos de Deus” (DOURADO, 1999, p.

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

43, tradução nossa e reconhecem o papel fundamental dos meios de comunicação social na alteração da representação dos idosos: b Encorajar os meios de comunicação a promover

Grande parte das professoras revela que apenas vê o PPP da unidade como um instrumento burocrático a ser entregue para a Secretaria de Educação no início do ano e não o utiliza

Diante do exposto, pode ser observado que a estabilidade química de poliésteres em sistemas de liberação em sua forma micro e nanoestruturada foi investigada e que