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Influência da Regulação Emocional na Qualidade em Relacionamentos Românticos: Um Estudo Exploratório com Brasileiros

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Influência da Regulação Emocional na Qualidade em Relacionamentos Românticos: Um Estudo Exploratório com Brasileiros

Alexsandro Luiz de Andrade

Universidade Federal do Espírito Santo

Caroline Egert

Universidade Federal do Espírito Santo

Resumo

O campo de estudo científico das relações amorosas, no Brasil, é bastante recente, despontando, na última década, com diferentes pesquisas com enfoque em metodologias de investigação do amor, fatores associados ao conflito conjugal, à qualidade do relacionamento e à atração interpessoal. O presente estudo buscou explorar a relação entre aspectos da regulação emocional individual em relações amorosas e a qualidade em relacionamentos, a partir de uma investigação com delineamento do tipo survey junto a com brasileiros envolvidos em relacionamentos relacionamentos românticos estáveis. A amostra do presente estudo contou com 220 casais autodenominados como heterossexuais, de diferentes regiões do território brasileiro. Os resultados do estudo demonstram a preditividade de estratégias de regulação emocional na qualidade do relacionamento em termos de aspectos de comunicação, relacionamento sexual e amor. Variações por gênero também são encontradas, em termos de estratégias de regulação.

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Brasil e o estudo sobre relações amorosas

De acordo com dados do recenseamento demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia, o Brasil conta, no seu último levantamento, com aproximadamente 200 milhões de habitantes (IBGE, 2010). Uma população marcada historicamente pela diversidade étnica e miscigenação de brancos, negros, indígenas e colonizadores de diferentes países (Portugal, Itália, Alemanha, Holanda, França, Japão, etc) (Ribeiro, 2014). No campo interpessoal, o povo brasileiro pode ser definido como carismático, alegre e extrovertido, sendo tal caracterização comum, principalmente, nas representações midiáticas, embora tal caracterização não opere como uma representação fiel de um povo, de um país marcado por instabilidades econômicas, políticas e inúmeras contradições sociais, que repercutem de cenários de concentração de renda e de diferentes tipos de discriminações (Schwarcz & Starling, 2015).

As diferentes características acima mencionadas, com certeza acarretam consequências para as relações entre os membros dos casais e, consequentemente, seus familiares. De acordo com dados atuais, o Brasil é um país adulto, predominantemente católico, porém com grande expansão de outras religiões protestantes (IBGE 2010). No contexto das relações amorosas e conjugais, o povo brasileiro é comumente associado às representações de amor romântico marcado por expressões de intensidade e paixão (De Andrade & Wachelke, 2011). Nas direções de estudos sociológicos e da psicologia social, as relações amorosas entre brasileiros também norteiam estão relacionadas a aspectos de gênero e violência, sendo presente, em alguns relacionamentos, dimensões de pouca equidade, violência física e sexual entre os parceiros (Waiselfisz, 2012).

O campo de estudo científico das relações amorosas no Brasil é bastante recente, sendo grande parte da produção científica, sobre o tema, posterior a 2004

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(Cassepp-Borges & De Andrade, 2013). O crescimento dessas publicações indica uma maior preocupação e um maior interesse dos pesquisadores brasileiros sobre a temática e demonstra, também, a necessidade de analisar os relacionamentos amorosos na atualidade, considerando sua importância para a felicidade, o bem estar e a qualidade de vida (Schlösser & Camargo, 2014).

De acordo com a revisão sistemática de Schlösser e Camargo (2014), foram encontrados 114 artigos em periódicos brasileiros, desde pesquisas quantitativas, qualitativas, até revisões de literatura e estudos clínicos, envolvendo os temas: Relacionamento Conjugal, Instrumentos Psicométricos, Tecnologia, Violência, Saúde, Psicanálise, Sexualidade, Adolescência/Juventude, Ciúme e Outros. Os resultados da quantidade de produções, divididas nas categorias metodológicas e temáticas de investigação, mostraram os Estudos Teóricos aparecendo com maior frequência, 50,8%, em seguida, estão os Estudos Empíricos, com 40,5%, seguidos dos Estudos Psicométricos e de Caso. Na A categoria temática Relacionamento Conjugal aparece com maior frequência, corroborando com os estudos de Mosmann, Lomando e Wagner (2010) sobre coesão e adaptabilidade conjugal e de Scorsolini-Comin e Santos (2010) que fazem a associação do construto Satisfação Conjugal com a saúde e a qualidade de vida. As próximas categorias temáticas, com maiores ocorrências, são: Psicanálise, Sexualidade, Adolescência/Juventude e Saúde, respectivamente. A temática Violência obteve 7,9% do total das publicações, Ciúme foram 5,2%, Tecnologia, também 5,2%, a categoria Psicometria com 4,3 % e a Outros com 9,6%.

Com diferentes metodologias e concepções epistemológicas, os estudos sobre Relacionamento Conjugal buscaram respostas e trouxeram novos questionamentos no que diz respeito ao estabelecimento, à manutenção, à qualidade, à satisfação e ao término

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de relacionamentos, um dos pontos mais importantes nos estudos deste campo. Os estudos cujo público alvo foi a adolescência e a juventude também se destacaram, bem como sua relação com os estudos sobre saúde e violência (Schlösser & Camargo, 2014).

Os resultados desse estudo mostraram uma diversidade de perspectivas teóricas, metodologias utilizadas e, também, fenômenos específicos dentro do campo de relacionamentos amorosos. Mesmo que as produções nesse campo estejam crescendo, ainda há uma carência de estudos no Brasil, principalmente estudos empíricos de cunho quantitativo e experimental. O grande número de teorias e pesquisas oferecendo diferentes horizontes e explicações possibilita afirmar que esse é um campo do conhecimento recente e em contínua construção. Essa construção é de demasiada importância, uma vez que, no Brasil, essas pesquisas ainda trazem lacunas que necessitam de maiores sustentações e fundamentos teórico-metodológicos. Assim, pesquisas, sistematizações e rigor metodológico são contribuições fundamentais para o entendimento, cada vez mais apurado, desse campo do conhecimento.

Contexto do presente Estudo

O presente artigo propõe-se a uma análise sobre dimensões de regulação emocional e suas predições para o entendimento de diferentes aspectos da qualidade das relações amorosas em uma amostra de casais brasileiros. Entre as variáveis envolvidas, nesse estudo, destacam-se: qualidade multidimensional em relacionamentos românticos e regulação emocional individual em relações amorosas.

Qualidade em relacionamentos é definida, segundo Fincham e Bradbury (1987), como uma avaliação global subjetiva de um indivíduo sobre seu relacionamento romântico, correspondendo a um julgamento cognitivo do relacionamento de namoro,

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casamento ou mesmo de um relacionamento pouco formalizado, em termos de sua qualidade, como: bom, ruim, razoável e assim por diante (Wachelke, De Andrade, Cruz, Faggiani & Natividade, 2004). Concepções recentes sobre qualidade em relações amorosas demonstraram que aspectos específicos do relacionamento amoroso contribuem, com relativa influência, sobre sua avaliação global, assim sendo, múltiplos construtos podem ser definidos como representantes da qualidade no relacionamento, como, por exemplo: intimidade, amor, comunicação, comprometimento e sexo (Fletcher, Simpson & Thomas, 2000).

Dados de pesquisas sugerem que a qualidade da vida conjugal contribui mais para a felicidade global do que qualquer outra variável, incluindo a satisfação no trabalho e a amizade (Kiecolt - Glaser & Newton, 2001). A saúde mental de uma pessoa pode afetar sua saúde em geral e, por consequência, o bem-estar de seu parceiro (Bischkopf, Wittmund, & Angermeyer de 2002 como citado em Sanchez Montañes, Latorre & Fernández - Berrocal, 2006). Estudos mostraram que, para os casais, aqueles (as) parceiros (as) que têm a capacidade adequada de compreender e regular emoções, têm uma melhor saúde mental, o que resultará em uma melhor saúde mental para seu (sua) parceiro (a) e sua família.

Regulação Emocional é conceituada como o processo de iniciar, evitar, inibir, manter e modular a ocorrência, a forma, a intensidade e a duração dos sentimentos internos, processos fisiológicos e de atenção relativos à emoção, aos estados emocionais e correlatos comportamentais relacionados à adaptação social, biológica ou ao cumprimento de metas individuais (Thompson, 1994; Cole, Michel & Teti, 1994; Campos, Munne, Kermoian & Campos, 1994; Eisenberg & Spinrad, 2004). Processos de regulação de emoções são comportamentos, habilidades e estratégias que servem para

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modular, inibir ou estimular a experiência e a expressão emocional (Macedo, Lídia Suzana Rocha de, & Sperb, Tania Mara, 2013).

Na regulação emocional individual, segundo o modelo de Gross e Thompson (2007), a emoção pode ser regulada por meio de cinco estratégias: 1) seleção da situação; 2) modificação da situação; 3) investimento da atenção; 4) mudança cognitiva e; 5) modulação de resposta. A seleção da situação acontece no início do processo emocional, envolve a implementação de ações para a ocorrência, ou não, de uma situação que antecipamos que irá dar origem a uma determinada emoção desejável, ou indesejável. A modificação da situação diz respeito à modificação externa, criando diferentes situações, em detrimento da que ocorre no momento. Em investimento da atenção é possível regular as emoções através da modificação do foco atencional pelos mecanismos de distração ou de concentração. A mudança cognitiva consiste na modificação do significado que o indivíduo atribuiu à situação, através da alteração do pensamento acerca da própria situação ou da sua capacidade para lidar com as exigências apresentadas. A modulação de resposta tem o objetivo de modificar, diretamente, a dimensão fisiológica, experiencial e comportamental da emoção experienciada.

Há, ainda, duas estratégias de regulação emocional: a reavaliação cognitiva e a supressão emocional. A mudança ou reavaliação cognitiva envolve a construção de uma situação eliciadora de uma emoção, de tal forma que modifique seu impacto emocional. A supressão emocional consiste na inibição consciente do comportamento de expressão emocional que está em curso (Gross & Levenson, 1993). A reavaliação cognitiva, em comparação com as estratégias de supressão emocional e modulação de resposta, associa-se a maiores índices de satisfação com a vida (Shutte, Manes & Malouff, 2009). Em uma perspectiva mais interpessoal, Cicchetti, Ackerman e Izard (1995) indicaram, como um

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elemento central da Regulação Emocional, a intercoordenação das emoções e dos sistemas cognitivos.

Procurando enriquecer o campo de estudo das relações amorosas, o presente estudo pretende explorar a relação entre aspectos de emoção e qualidade em relacionamentos, a partir de uma investigação com casais brasileiros envolvidos em relacionamentos amorosos.

Método

Participantes

A amostra do presente estudo contou com 220 casais, de diferentes cidades da Região Sudeste, divididos equitativamente entre o sexo masculino e o feminino. Todos participantes do estudo autoavaliaram-se como envolvidos em relacionamentos românticos, assumidos como estáveis e heterossexuais, no momento da pesquisa. A média de idade dos participantes do estudo foi de 29,60 anos (desvio padrão = 11,45 anos), com tempo médio de relacionamento de 91,12 meses (desvio padrão = 114,29 meses).

Instrumento

O instrumento utilizado, neste estudo, foi um formulário autoaplicável, que possuía as seguintes variáveis e escalas psicológicas: a) Questionário sociodemográfico contendo as informações prévias dos participantes (sexo, idade, tempo de relacionamento, crença religiosa, etc); b) A Escala de Avaliação da Qualidade dos Relacionamentos Amorosos (Aquarela-R) – o instrumento original possui 44 itens bipolares e avaliados por escala de sete intervalos, dispostos em uma estrutura multidimensional que avalia aspectos ligados à qualidade e desejabilidade que o relacionamento possui para o

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indivíduo, diante dos aspectos de comunicação, sexo, compromisso, amor e intimidade; todas as subescalas possuem indicadores de precisão superiores a 0,90 (De Andrade & Garcia, 2012). Para uso, na presente pesquisa, os autores optaram pela supressão das dimensões Intimidade e Compromisso, da escala de Qualidade, focando nas dimensões de Comunicação (ex. fácil-díficil), Relacionamento Sexual (ex. intenso-não intenso) e Amor (ex. forte-fraco) e; c) Escala de Estratégias de Regulação Emocional Individual em Relações Românticas: medida de 37 itens, com forma de resposta do tipo Likert de cinco pontos, desenvolvida originalmente no México (Sánchez Aragón, 2012). A versão português brasileiro, da medida, possui bons indicadores de validade e precisão para cinco dimensões: Reavaliação cognitiva de medo (ex. Antes de ficar com muita raiva eu penso se faz sentido se sentir dessa forma.); Controle da tristeza e da raiva (ex. Eu me controlo e tento esconder como me sinto.); Supressão expressiva de amor e felicidade (ex. Quanto eu estou muito feliz, eu tento esconder isso.); Reavaliação cognitiva de amor e felicidade (ex. Quando eu me apaixono, eu analiso se é bom expressar isso, ou não.) e; Supressão expressiva de medo e tristeza (ex. Defrontado com o medo, eu finjo que não estou sentindo-o).

Procedimento de coleta e análise dos dados

A presente pesquisa, anterior ao seu processo de coleta de dados, foi avaliada e obteve parecer favorável do comitê de ética em pesquisa da Universidade vínculo dos pesquisadores (protocolo número: 38697914.8.0000.5542). O processo de coleta de dados foi conduzido por dois assistentes de pesquisa, sendo os participantes recrutados pelo método “bola de neve” (snowball). A aplicação dos questionários ocorreu de maneira individual e foi supervisionada pelos assistentes de pesquisa. Anterior a todas as aplicações de questionário, um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, com

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informações sobre a pesquisa, fora entregue e lido pelos participantes e após a concordância desses, deu-se a entrega do formulário com as subescalas do estudo. O tempo de aplicação dos questionários foi de 30 minutos, em média.

Análise de dados

Os dados desse estudo foram analisados com o auxílio do software estatístico R (R Development Core Team, 2010). Foram realizadas, inicialmente, estatísticas frequenciais e descritivas com todos os itens e variáveis. Na sequência, foram utilizados procedimentos analíticos multivariados para levantamento das evidências de validade e precisão das medidas psicológicas, além de cálculo de índices de confiabilidade alfa de Cronbach.

Resultados

A tabela 1 apresenta os dados descritivos, das variáveis do estudo, organizados por sexo.

Tabela 1. Dados descritivos do estudo e diferenças por sexo.

Variáveis do Estudo Média

homens

Média mulheres

F Sig.

Regulação Emocional

Reavaliação cognitiva de medo 3,66 3,34 30,74 0,00

Controle da tristeza e raiva 2,82 2,54 13,60 0,00

Supressão expressiva de amor e felicidade

2,13 1,94 8,94 0,00

Reavaliação cognitiva de amor e felicidade

3,11 3,03 1,15 0,28

Supressão expressiva de medo e tristeza 3,03 2,64 26,60 0,00 Qualidade do Relacionamento Compromisso 6,52 6,41 2,17 0,14 Intimidade 6,55 6,46 1,34 0,25 Amor 6,53 6,54 0,00 0,98 Relacionamento Sexual 5,88 5,64 3,74 0,05 Comunicação 6,12 6,02 1,36 0,25

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Como primeiro aspecto, dos resultados do estudo, percebe-se que muitas das dimensões individuais de regulação emocional possuem variação por sexo. Destancando, por exemplo, regulação emocional por Reavaliação cognitiva de medo e Supressão expressiva de medo e tristeza, tendo, os participantes do sexo masculino, maiores características dessas estratégias. Tal diferença leva à necessidade de compreender como de que maneira a interação das mesmas influencia a qualidade do relacionamento romântico, objetivo seguinte do estudo.

Para comprender como aspectos de regulação emocional predizem aspectos multidimensionais da qualidade do relacionamento, procedimentos de regressão múltipla (método Enter) foram realizados, tomando as variáveis de qualidade como variáveis causadas (qualidade do relacionamento sexual, comunicação e amor) e os cinco subconstrutos de regulação emocional individual, em relações amorosas, como variáveis independentes ou causadoras. As análises realizadas por sexo são apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2. Preditores da Qualidade do Relacionamento por Sexo. Qualidade da Comunicação

Homens Mulheres

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Reavaliação cognitiva de medo

13%

0,32 0,00

14%

0,21 0,00

Controle da tristeza e raiva 0,03 0,67 -0,17 0,03

Supressão expressiva de amor e felicidade -0,13 0,07 -0,08 0,33 Reavaliação cognitiva de amor e felicidade -0,10 0,17 0,02 0,84 Supressão expressiva de medo e tristeza -0,10 0,15 -0,17 0,03

Qualidade do Relacionamento Sexual

Homens Mulheres

R2 B Sig R2 B Sig

Reavaliação cognitiva de medo

3,0%

0,04 0,64

5,5%

0,10 0,20

Controle da tristeza e raiva 0,03 0,70 -0,12 0,15

Supressão expressiva de amor e felicidade -0,17 0,03 0,00 1,00 Reavaliação cognitiva de amor e felicidade 0,06 0,47 -0,05 0,55 Supressão expressiva de medo e tristeza 0,02 0,83 -0,14 0,09

Qualidade do Amor

Homens Mulheres

R2 B Sig R2 B Sig

Reavaliação cognitiva de medo

8,4%

0,23 0,00

11%

0,17 0,02

Controle da tristeza e raiva 0,08 0,28 -0,03 0,73

Supressão expressiva de amor e felicidade -0,15 0,05 -0,20 0,01 Reavaliação cognitiva de amor e felicidade -0,03 0,72 0,03 0,68 Supressão expressiva de medo e tristeza -0,09 0,23 -0,12 0,13 Para dimensão de Qualidade da Comunicação na relação amorosa, no grupo de homens, o conjunto de preditores de regulação emocional foi: Reavaliação cognitiva de medo e; negativamente, Reavaliação cognitiva de amor e felicidade. Para o grupo de mulheres que os preditores significativos foram: Reavaliação cognitiva de medo e; negativamente, Controle da tristeza e raiva, além de Supressão expressiva de medo e tristeza.

Para predição da Qualidade do Relacionamento Sexual, o único preditor significativo do modelo foi Supressão expressiva de amor e felicidade (negativamente) para o grupo de participantes homens. Não havendo preditores de regulação emocional no grupo de mulheres. Quanto à Qualidade do Amor, no grupo de homens, os preditores foram: Reavaliação cognitiva de medo e; Supressão expressiva de amor e felicidade, de maneira negativa. Para o grupo de mulheres, repetiram-se os mesmos preditores, sendo que Supressão expressiva de amor e felicidade foi a variável mais importante do grupo,

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diferente dos homens, onde Reavaliação cognitiva de medo havia sido o preditor de maior preditividade.

Discussão

Os dados do estudo demonstram uma relação preditiva de aspectos de regulação emocional para facetas de qualidade do relacionamento. Numa análise global, percebeu-se que as estratégias de regulação de Reavaliação cognitiva de medo, Controle da tristeza e raiva, Supressão expressiva de medo e tristeza e; Supressão expressiva de amor e felicidade predizem, de alguma forma, um dos aspectos de qualidade do relacionamento avaliado. A estratégia de regulação de Reavaliação cognitiva de amor e felicidade não se mostrou preditora em nenhum dos grupos.

Processos de regulação de emoções são comportamentos, habilidades e estratégias que servem para modular, inibir ou estimular a experiência e a expressão emocional (Macedo, Lídia Suzana Rocha de, & Sperb, Tania Mara, 2013). Interessante notar, neste aspecto, o papel das variáveis de regulação para aspectos da qualidade da comunicação e do amor, sendo empregadas duas ou três estratégias diferentes para modular tais processos, não sendo o mesmo caso da qualidade do relacionamento sexual.

A Regulação Emocional é um importante fator no que tange à promoção de saúde e bem estar, tanto individual, como interpessoal (Kiecolt- Glasser & Newton, 2001; Gross & Thompson, 2007). Compreende-se a qualidade das relações amorosas como uma forma de saúde e satisfação com a vida (De Andrade, Garcia & Cano, 2009). As estratégias de regulação positivas favorecem a manutenção de níveis favoráveis de qualidade do relacionamento amoroso, por exemplo, a estratégia de Reavaliação cognitiva de medo. Outras estratégias demonstram-se negativamente associadas à qualidade, sendo o caso de

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Supressão expressiva de amor e felicidade, Supressão expressiva de medo e tristeza e Reavaliação cognitiva de amor e felicidade, não significativa em nenhum modelo.

As estratégias de regulação emocional são essenciais, tanto na prevenção de comportamentos desadaptativos e de níveis prejudiciais de emoções positivas e negativas, como também, na abertura e flexibilidade emocional (Kokkonen & Pulkkinen, 1999). Evidências de pesquisas científicas mostram que os relacionamentos interpessoais, os relacionamentos românticos e o apoio social desempenham um papel importante nos benefícios à saúde e também proporcionam redução do estresse psicológico e experiências emocionais mais positivas (Esch & Stefano, 2005).

Para estudos futuros, é interessante explorar o papel da estratégia de regulação por Controle da tristeza e raiva, diante da variação de sua polaridade por sexo do respondente encontrada neste estudo, sendo a mesma preditora positiva para os homens e negativa para as mulheres. Modelos de análise diádica podem colaborar no entendimento diferencial dessa questão, bem como, explicitar mecanismos mais detalhados da qualidade do relacionamento e a interação de aspectos de regulação emocional individual.

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