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O papel da Motricidade Humana na Promoção da Saúde, Resiliência da Saúde, Resiliência e Coesão Familiar

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Julho de 2019

O papel da Motricidade Humana na Promoção da Saúde,

Resiliência e Coesão Familiar

Susana Sofia Martins Garradas

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Tese de Doutoramento em Ecologia Humana

Susana Sofia Martins Garradas

Dissertação de Doutoramento em Ecologia Humana

Tese Orientada pela Professora Doutora Iva Pires e

Coorientada pela Professora Doutora Vanessa Cunha

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Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Ecologia Humana.

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Dedicatória

Dedico este trabalho, ao bem maior da sociedade, às famílias.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço…

A todos os que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho. Às minhas filhas, por terem, desde o início, apoiado esta minha decisão e por se terem mantido firmes em todas as etapas desta realização. Ao Gonçalo, por ter apostado na exequibilidade deste trilho.

Um agradecimento especial…

À Professora Doutora Iva Pires, pela confiança no potencial do projeto e pelo desafio de superação do aperfeiçoamento e da maturidade inteletual. À Professora Doutora Vanessa Cunha, pelo ânimo e pela expansão da minha ponderação sobre a sociologia da família. Ao Professor Doutor Manuel Sérgio pela inspiração… “Quando me movimento transporto comigo aquilo que sou”.

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O PAPEL DA MOTRICIDADE HUMANA NA

PROMOÇÃO DA SAÚDE, RESILIÊNCIA E COESÃO FAMILIAR

Susana Sofia Martins Garradas

RESUMO

Diversos fatores socioeconómicos dão origem a uma diminuição da atividade física nos países ocidentais. Estima-se que 50% da população da União Europeia (UE) tenha excesso de peso devido a uma dieta não saudável e sedentarismo, que faz disparar a ocorrência de doenças crónicas (cardiovasculares, músculo esqueléticas, psicológicas, diabetes tipo 2, cancro, etc.) e consequente ameaça para a sustentabilidade dos sistemas de saúde.

Os estilos de vida atuais têm repercussões a nível da saúde e também refletem alterações no modelo de vivência familiar. As famílias têm que lidar com a escassez de tempo, a competitividade feroz no trabalho, o stresse diário e os perigos em que os elementos mais jovens do agregado familiar incorrem (consumo substâncias ilícitas, distúrbios alimentares, depressão, suicídio e isolamento social).

Motricidade Humana é o conceito adotado por permitir interpretar este estudo numa reflexão do seu potencial para promover estilos de vida mais sustentáveis.

Este estudo tem como objetivo principal o de identificar possíveis diferenças entre os membros do agregado doméstico familiar com filhos em idade escolar que praticam e os que não praticam atividade física, relativamente à saúde, ao rendimento escolar e à, “flexibilidade”, “comunicação” e “coesão” familiar.

E também identificar e comparar os resultados em termos de saúde, rendimento escolar e “flexibilidade”, “comunicação” e “coesão” dos agregados domésticos que na rotina familiar optam por despender o tempo livre familiar dedicado a diferentes atividades de lazer, incluindo a prática de atividade física.

Foram utilizados o modelo de evolução do potencial humano através da prática de atividade física desenvolvido por Bailey et al. (2013) e a Escala de Avaliação da Coesão e Flexibilidade Familiar (FACES IV) (2011) adaptada à população portuguesa (2015). Segundo Bailey, a prática de atividade física contribui para o desenvolvimento de seis formas de capital (físico, emocional, individual, social, intelectual e financeiro). A FACES IV, permite avaliar três dimensões da dinâmica familiar: a “flexibilidade”, a “comunicação” e a “coesão”.

A recolha de dados foi através do preenchimento on-line de um questionário sociodemográfico aplicado ao agregado doméstico (caracterização socioeconómica, nível de escolaridade, da atividade física e do rendimento escolar) e da Escala de Avaliação da Coesão e Flexibilidade Familiar (FACES IV), versão adaptada à população portuguesa.

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O estudo foi divulgado nas unidades de saúde dos Agrupamentos dos Centros de Saúde (ACES) de Almada-Seixal e de Oeiras – Lisboa Ocidental, no âmbito das consultas programadas pelo médico de família (consulta de saúde infantil e vacinação), onde foi entregue pelo enfermeiro um flyer/folheto informativo que apela à participação através do preenchimento on-line ou em papel do questionário.

Concluímos que a prática de atividade física tem uma influência positiva no sucesso escolar das crianças e dos adolescentes. Os novos contributos para o conhecimento originados pelo trabalho são alusivos à relação da atividade física com a família. As famílias que referem passar tempo em atividades ao ar livre em família apontam menos problemas de saúde e indicadores de “flexibilidade” e de “satisfação” superiores. PALAVRAS-CHAVE: Motricidade Humana, Atividade Física, Saúde, Desempenho Escolar, Famílias com crianças/adolescentes, Modelo de Capital Humano, FACES IV

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THE ROLE OF HUMAN MOTRICITY IN PROMOTING HEALTH, RESILIENCE AND FAMILY COHESION

Susana Sofia Martins Garradas

ABSTRACT

Several social and economic factors give rise to a decrease in physical activity in Western countries. It is estimated that 50% of the population of the European Union (EU) is overweight due to an unhealthy diet and sedentary lifestyle, which triggers the occurrence of chronic diseases (cardiovascular, skeletal muscle, psychological, type 2 diabetes, cancer etc.) and a consequent threat to the sustainability of health systems. Current lifestyles have repercussions on health and also reflect changes in the model of family life. Families have to cope with lack of time, fierce competitiveness at work, daily stress, and the dangers faced by younger members of the household (illicit drug use, eating disorders, depression, suicide, and social isolation).

Human Motricity is the concept adopted to allow interpreting this research in a reflection of its potential to promote more sustainable lifestyles.

The main objective of this research is to identify possible differences between members of the family household with children of school age who practice and those who do not practicephysical activity in terms of health, school performance and family "flexibility", "communication", and "cohesion".

It also identifies and compares the results in terms of health, school performance and "flexibility", "communication" and "cohesion" of households that routinely choose to spend family free time on different leisure activities, including physical activity.

The human potential evolution model was used through the physical activity practice developed by Bailey et al. (2013) and the Flexibility, Communication and Cohesion Scale (FACES IV) (2011) adapted to the Portuguese population (2015). According to Bailey, the practice of physical activity contributes to the development of six forms of capital (physical, emotional, individual, social, intellectual, and financial). FACES IV allows us to evaluate three levels of family dynamics: "flexibility", "communication", and "cohesion". Data collection was carried out by completing a sociodemographic questionnaire applied to the household (socioeconomic characterization, level of schooling, physical activity and school performance) and the Cohesion, Adaptability and Family Communication Scale (FACES IV), version adapted to the Portuguese population. The study was published in the health units of the Healthcare Centre Units (ACES) of Almada-Seixal and Oeiras-Western Lisbon, as part of the family doctor's scheduled consultations (child health consultation and vaccination), where the nurse delivered a flyer/information leaflet calling for participation by completing the questionnaire on-line or on paper.

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We concluded that the positive influence of the practice of physical activity was confirmed on the success of school children and teenagers. The new contributions to the knowledge generated by the study are allusive to the relationship of physical activity with the family. Families who claim to spend time in open-air activities with their families show fewer health problems and higher levels of "flexibility" and "satisfaction".

KEYWORDS: Human Motricity, Physical Activity, Health, School Performance, Families with Children/Adolescents, Human Capital Model, FACES IV

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ... 1

PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO... 7

CAPÍTULO 1 – Dimensões Socioculturais da Motricidade Humana ... 7

1.1. Motricidade Humana – Enquadramento Geral ... 7

1.2. Ecologia Humana ... 13

1.3. Atividade Física, Exercício Fisico e Desporto ... 16

CAPÍTULO 2 – O Papel da Atividade Física na Promoção da Saúde... 21

2.1. Atividade Física na Sociedade Contemporânea ... 21

2.2. Benefícios da Atividade Física e de Estilos de Vida Saudáveis... 23

2.2.1. Atividade Física e Saúde Física e Mental ... 24

2.2.2. Atividade Física em contato com a Natureza ... 30

2.2.3. Atividade Física e Comportamento Social ... 31

2.2.4. Atividade Física e Rendimento Escolar ... 34

2.2.5. Modelo Holístico de Evolução do Capital Humano – Bailey ... 37

2.2.6. Atividade Física nas Agendas Internacionais de promoção da AF e da sua ligação com a saúde ... 40

CAPÍTULO 3 – Dinâmicas da Motricidade Humana na Família Contemporânea ... 51

3.1. Comportamento Sedentário e determinantes da inatividade física ... 51

3.2. Benefícios da Atividade Física nas famílias ... 55

3.3. Famílias Contemporâneas e formas de interação: a Coesão Familiar ... 59

3.4. Escala de Avaliação da Coesão e Flexibilidade Familiar ... 63

CAPÍTULO 4 – Motricidade Humana em Portugal: Enquadramento Político e Familiar 71 4.1. Políticas Públicas Nacionais de Promoção da Atividade Física ... 71

4.2. Atividade Física nas Escolas como Atividade Curricular e Extra-Curricular... 73

4.3. Comportamento Sedentário e determinantes da inatividade física ... 79

4.4. Dinâmicas da Família Portuguesa ... 81

PARTE II – ESTUDO EMPÍRICO ... 87

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5.1. Problemática ... 87

5.1.1. Objetivos da Investigação ... 88

5.1.2. Modelo de Análise ... 89

5.1.3. Hipóteses ... 92

5.2. Metodologia ... 96

5.2.1. Procedimentos de Seleção da População Alvo ... 96

5.2.2. Localização Geográfica do Estudo ... 102

5.2.3. Elaboração da Amostra ... 109

5.2.4. Instrumento de Recolha de Dados: o inquérito sobre práticas de atividade física das famílias ... 111

CAPÍTULO 6 – Apresentação dos Resultados ... 117

6.1. Caracterização dos Agregados Familiares e dos seus Elementos ... 117

6.1.1. Caracterização Sociodemográfica ... 118

6.1.2. Existência de Espaços Recreativos ... 122

6.1.3. Sinalização de Problemas de Saúde ... 123

6.1.4. Atividade Física: práticas e opiniões ... 125

6.2. Relação entre a Atividade Física e as Variáveis Independentes ... 132

6.2.1. Atividade Física e o Desempenho Escolar ... 132

6.2.2. Atividade Física segundo o Sexo... 133

6.2.3. Atividade Física segundo a Situação na Profissão ... 134

6.2.4. Atividade Física segundo o Nível de Escolaridade ... 135

6.2.5. Atividade Física e existência de Espaços Recreativos e Infraestruturas Desportivas ... 138

6.2.6. Atividades ao Ar Livre e Desportivas e relação com a Saúde ... 140

6.3. Escala de Avaliação da Coesão e Flexibilidade Familiar ... 142

6.3.1. Dimensões da Escala: Resultados do teste de coerência interna de Alfa de Cronbach ... 142

6.3.2. Prática de Atividade Física em Família segundo as Dimensões da Escala ……….. 147

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6.3.3. Distribuição das Famílias nas Diferentes Dimensões de cada Subescala

……….. 155

CAPÍTULO 7 – Discussão dos Resultados ... 159

7.1. Características Sociodemográficas dos Agregados Familiares e das Áreas de Residência ... 159

7.2. Práticas e Perceções da Atividade Física ... 163

7.3. O Impacto da Atividade Física na Saúde, no Desempenho Escolar e na Coesão Familiar ... 168

7.3.1. Influencia da Atividade Física na Saúde nos Agregados Familiares ... 168

7.3.2. Influencia da Atividade Física no Desempenho Escolar das Crianças, Adolescentes e Jovens dos Agregados Familiares ... 171

7.3.3. Influencia da Atividade Física na Escala de Avaliação da Coesão e Flexibilidade Familiar ... 172

CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 175

BIBLIOGRAFIA ... 181

ANEXOS ... 193

Anexo 1 – Guia Prático de Motricidade Humana em Família ... 195

Anexo 2 – Questionário e Escala de Flexibilidade, Comunicação e Coesão Familiar ... 215

Anexo 3 – Autorização Inês Silva - Utilização FACES IV Adaptada à População Portuguesa ... 233

Anexo 4 – Declaração ACES Almada-Seixal da Aceitação do Estudo ... 235

Anexo 5 - ARSLVT - Parecer Favorável Almada-Seixal ... 237

Anexo 6 – Declaração ACES Lisboa Ocidental e Oeiras da Aceitação do Estudo .. 241

Anexo 7 - ARSLVT Parecer Favorável Lisboa Ocidental e Oeiras ... 243

Anexo 8 - Declaração Compromisso Susana Garradas de Entrega Relatório ACES ... 247

Anexo 9 - Certificado de Participação na Recolha de Dados do Inquérito Práticas de Atividade Física das Famílias ... 249

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Representação da Motricidade Humana, Atividade Física, Exercício Físico e Desporto ... 19 Figura 2. Modelo de Capital Humano e benefícios da atividade física ... 40 Figura 3. Pontuações do Modelo Circumplexo da Escala FACES IV ... 65 Figura 4. Representação esquemática do Modelo Circumplexo – Relação entre a flexibilidade e a coesão ... 66 Figura 5. Representação do Modelo de Análise ... 95 Figura 6. Folheto de divulgação do inquérito sobre práticas de atividade física das famílias ... 113 Figura 7. Folheto de divulgação do inquérito na Unidade de Saúde Familiar Servir Saúde da Quinta do Brasileiro (ACES Almada-Seixal) ... 114 Figura 8. Folheto de divulgação do inquérito na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Barcarena (ACES Lisboa Ocidental e Oeiras) ... 114 Figura 9. Representação da distribuição das famílias nas diferentes dimensões de cada subescala ... 173

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. A comparação dos principais informações do “Eurobarometer Sport and Physical Activity” 2014 vs. 2018 ... 47 Tabela 2. Rácio de Coesão, Flexibilidade e Total (Silva, 2015, p. 13) ... 69 Tabela 3. Avaliação da viabilidade de operacionalização do estudo: Câmaras Municipais de Almada e Setúbal, Escolas e Unidades de Saúde (US). ... 99 Tabela 4. Caracterização sociodemográfica da população residente nos Concelhos de Almada, Seixal, Lisboa e Oeiras ... 103 Tabela 5. Relação de parentesco da pessoa que respondeu ao questionário por relação à criança/jovem em idade escolar ... 117 Tabela 6. Agregados familiares, segundo a área de residência ... 118 Tabela 7. Tipologia dos agregados familiares ... 119 Tabela 8. Número de crianças/adolescentes e jovens ... 119 Tabela 9. Frequência (total e relativa) de crianças/adolescentes e jovens segundo o sexo

... 119 Tabela 10. Dados biométricos dos elementos dos agregados familiares (valores médios)

... 119 Tabela 11. Condição perante a atividade económica dos adultos ... 120 Tabela 12. Situação na atividade profissional ... 121 Tabela 13. Nível de escolaridade dos adultos ... 121 Tabela 14. Nível de escolaridade das crianças e dos adolescentes frequentado em 2018/2019 ... 121 Tabela 15. Existência de espaços recreativos ... 122 Tabela 16. Tipo de espaço recreativo ... 122 Tabela 17. Existência de infraestruturas municipais desportivas ... 122 Tabela 18. Tipo de infraestrutura municipal desportiva ... 122 Tabela 19. Atividades de tempo livre em família ... 123 Tabela 20. Doenças conhecidas nos adultos ... 124 Tabela 21. Doenças conhecidas nos adultos, segundo a tipologia dos agregados familiares ... 124 Tabela 22. Doenças conhecidas nas crianças e nos adolescentes ... 125 Tabela 23. Doenças conhecidas nas crianças e adolescentes, segundo a tipologia dos agregados familiares ... 125 Tabela 24. Prática de exercício físico nos adultos e nas crianças/adolescentes ... 126 Tabela 25. Frequência semanal de prática de exercício físico nos adultos e nas crianças/adolescentes ... 126

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Tabela 26. Prática de exercício físico, segundo a modalidade (individualmente ou com companhia) nos adultos e nas crianças/adolescentes ... 127 Tabela 27. Razões para a não prática de atividade física nos adultos e nas crianças/adolescentes ... 127 Tabela 28. Tipo de modalidade que praticam os elementos do agregado familiar ... 128 Tabela 29. Quem escolhe a modalidade que praticam as crianças e os adolescentes 128 Tabela 30. Opinião sobre a importância da prática de atividade física em família: medidas descritivas ... 129 Tabela 31. Disponibilidade e frequência semanal para a prática de atividade física em família ... 129 Tabela 32. Preferência para a prática de atividade física em família ... 129 Tabela 33. Desempenho escolar das crianças e adolescentes ... 130 Tabela 34. Perceção sobre o impacto da atividade física das crianças e adolescentes na sua relação com a escola... 130 Tabela 35. Perceção sobre os efeitos da prática de atividade física das crianças e adolescentes em vários domínios ... 130 Tabela 36. Opinião acerca das sucessivas trocas de modalidade por parte das crianças e adolescentes que praticam algum desporto ... 131 Tabela 37. Prática de atividade física por parte das crianças e adolescentes, segundo a tipologia dos agregados familiares ... 131 Tabela 38. Razões para a não prática de atividade física por parte das crianças e adolescentes ... 131 Tabela 39. Frequência de realização de atividade física segundo a tipologia dos agregados familiares, no caso das crianças e adolescentes ... 132 Tabela 40. Resultados da análise de variância entre a quantidade de atividade física e a tipologia dos agregados familiares, no caso das crianças e adolescentes ... 132 Tabela 41. Desempenho escolar “bom” e “excelente” de crianças e adolescentes, tendo em conta a prática de AF ... 133 Tabela 42. Prática de atividade física dos adultos, segundo o sexo ... 133 Tabela 43. Número de jovens (maiores de idade) que praticam atividade física, segundoo sexo ... 133 Tabela 44. Número de crianças e adolescentes que praticam atividade física, segundo o sexo ... 134 Tabela 45. Frequência semanal (nº médio de vezes por semana) da prática de atividade física, segundo o sexo ... 134

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Tabela 46. Elementos adultos que praticam exercício físico, segundo a condição perante atividade económica ... 135 Tabela 47. Frequência semanal da prática de atividade física nos elementos adultos, segundo a condição perante a atividade económica: Medidas descritivas ... 135 Tabela 48. Adultos que praticam/não praticam atividade física, segundo o nível de escolaridade ... 136 Tabela 49. Jovens (maiores de idade) que praticam/não praticam atividade física, segundo o nível de escolaridade ... 136 Tabela 50. Crianças e adolescentes que praticam/não praticam atividade física, segundo o nível de escolaridade ... 136 Tabela 51. Frequência semanal da prática de atividade física nos adultos, segundo o nível de escolaridade ... 137 Tabela 52. Resultados da Análise de Variância (ANOVA) entre a frequência semanal de atividade física e o nível de escolaridade, no caso dos adultos ... 137 Tabela 53. Frequência semanal da prática de atividade física dos jovens, segundo o nível de escolaridade: Medidas descritivas ... 137 Tabela 54. Frequência semanal da prática de atividade física nas crianças e nos adolescentes: Medidas descritivas ... 137 Tabela 55. Resultados da Análise de Variância (ANOVA) entre a frequência semanal de atividade física e o nível de escolaridade, no caso das crianças e dos adolescentes ... 138 Tabela 56. Teste a posteriori (Teste de Tukeya,b) aplicado à variável nível de escolaridade

... 138 Tabela 57. Adultos que praticam/não praticam atividade física, segundo a existência de espaços recreativos e a prática de atividade física regular ... 138 Tabela 58. Adultos que praticam/não praticam atividade física, segundo a existência de infraestrururas municipais desportivas e a prática de atividade física regular .. 139 Tabela 59. Jovens que praticam/não praticam atividade física, segundo a existência de espaços recreativos e a prática de atividade física regular ... 139 Tabela 60. Jovens que praticam/não praticam atividade física, segundo a existência de infraestrururas municipais desportivas e a prática de atividade física regular .. 139 Tabela 61. Crianças e adolescentes que praticam/não praticam atividade física, segundo a existência de espaços recreativos e a prática de atividade física regular ... 139 Tabela 62. Crianças e adolescentes que praticam/não praticam atividade física, segundo a existência de infraestrururas municipais desportivas e a prática de atividade física regular ... 140

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Tabela 63. Relação entre a prática de atividades ao ar livre com a família e a ocorrência de problemas de saúde, nos adultos ... 140 Tabela 64. Relação entre a realização de atividades desportivas em família e a ocorrência de problemas de saúde, nos adultos ... 140 Tabela 65. Relação entre a prática de atividades ao ar livre em família e a ocorrência de problemas de saúde, nos jovens (maiores de idade) ... 141 Tabela 66. Relação entre a realização de atividades desportivas em família e a ocorrência de problemas de saúde, nos jovens (maiores de idade) ... 141 Tabela 67. Relação entre a prática de atividades ao ar livre em família e a ocorrência de problemas de saúde, nas crianças e adolescentes ... 141 Tabela 68. Relação entre a realização de atividades desportivas em família e a ocorrência de problemas de saúde, nas crianças e adolescentes ... 141 Tabela 69. Análise de consistência interna aos itens da dimensão “Coesão” (α=0,764)

... 143 Tabela 70. Análise de consistência interna aos itens da dimensão “Flexibilidade” (α=0,633) ... 143 Tabela 71. Análise de consistência interna aos itens da dimensão “Emaranhada” (α=0,368) ... 144 Tabela 72. Análise de consistência interna aos itens da dimensão “Rígida” (α=0,679)

... 144 Tabela 73. Resultados obtidos da análise de consistência interna aos itens da dimensão “Caótica” (α=0,758) ... 145 Tabela 74. Análise de consistência interna aos itens da dimensão “Comunicação” (α=0,885) ... 145 Tabela 75. Análise de consistência interna aos itens da dimensão “Satisfação” (α=0,928)

... 146 Tabela 76. Correlações entre as dimensões da Escala. ... 147 Tabela 77. Medidas descritivas dos índices calculados para cada dimensão ... 147 Tabela 78. Dimensões da Escala em função da prática de atividades ao ar livre em família medidas descritivas... 148 Tabela 79. Dimensões da Escala em função da prática de atividades desportivas em família: medidas descritivas ... 148 Tabela 80. Resultados do Teste T, considerando as dimensões da Escala em função da prática de atividades ao ar livre em família ... 148 Tabela 81. Resultados do Teste T, considerando as dimensões da Escala em função da prática de atividades desportivas em família... 149

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Tabela 82. Correlação de Spearman entre o número de elementos dos agregados a praticar atividade física e as dimensões da Escala ... 149 Tabela 83. Correlação de Pearson entre a opinião acerca do nível de importância da prática de atividade física para a melhoria da cooperação familiar e as dimensões da Escala ... 150 Tabela 84. Dimensões da Escala, segundo a perceção acerca dos efeitos da prática de exercício físico para a cooperação nas tarefas domésticas: medidas descritivas ... 150 Tabela 85. Análise de Variância entre a perceção acerca dos efeitos da prática de exercício físico para a cooperação nas tarefas domésticas e as dimensões da Escala ... 151 Tabela 86. Teste a posteriori para a dimensão “Caótica” ... 151 Tabela 87. Teste a posteriori para a dimensão “Satisfação” ... 151 Tabela 88. Dimensões da Escala, segundo a perceção acerca dos efeitos da prática de exercício físico para a capacidade de adaptação: medidas descritivas ... 152 Tabela 89. Análise de Variância entre a perceção acerca dos efeitos da prática de exercício físico para a capacidade de adaptação e as dimensões da Escala ... 152 Tabela 90. IMC das crianças e dos adolescentes, segundo a perceção acerca dos efeitos da prática de exercício físico para a melhoria da composição corporal: medidas descritivas ... 153 Tabela 91. Resultados da Análise de Variância entre a perceção acerca dos efeitos da prática de exercício físico para a melhoria da composição corporal e o IMC das crianças e adolescentes dos agregados ... 153 Tabela 92. Frequência semanal da atividade física de crianças e adolescentes, segundo a perceção acerca dos efeitos da prática de exercício físico para a melhoria da composição corporal: medidas descritivas ... 153 Tabela 93. Análise de Variância entre a perceção acerca dos efeitos da prática de exercício físico para a melhoria da composição corporal e a frequência semanal de atividade física de crianças e adolescentes... 153 Tabela 94. Dimensões da Escala em função da perceção acerca dos efeitos da prática de exercício físico para a promoção de mais disciplina: medidas descritivas ... 154 Tabela 95. Análise de Variância entre a perceção acerca dos efeitos da prática de exercício físico para a promoção de mais disciplina e as dimensões da Escala .. 154 Tabela 96. Dimensões da Escala em função da perceção acerca dos efeitos da prática de exercício físico para a capacidade de lidar com a frustração: medidas descritivas ... 154

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Tabela 97. Análise de Variância entre a perceção acerca dos efeitos da prática de exercício físico para a capacidade de lidar com a frustração e as dimensões da Escala ... 155 Tabela 98. Distribuição das famílias por níveis de “Coesão” ... 155 Tabela 99. Distribuição das famílias por níveis de “Flexibilidade” ... 156 Tabela 100. Distribuição das famílias por níveis de “Desmembrada” ... 156 Tabela 101. Distribuição das famílias por níveis de ”Emaranhada” ... 156 Tabela 102. Distribuição das famílias por níveis de “Rígida” ... 156 Tabela 103. Distribuição das famílias por níveis de “Caótica” ... 156 Tabela 104. Distribuição das famílias por níveis de “Comunicação”... 156 Tabela 105. Distribuição das famílias por níveis de “Satisfação” ... 157

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LISTA DE ABREVIATURAS

ACES - Agrupamento de Centros de Saúde ACSM - American College of Sports Medicine AEA - Agência Europeia do Ambiente

AEC - Atividades de enriquecimento curricular AF – Atividade Física

AML – Área Metropolitana de Lisboa

CDC - Centro de Controle e Prevenção de Doenças CM - Câmara Municipal

CMM – Ciência da Motricidade Humana COSI - Childhood Obesity Surveillance Initiative DE – Desporto Escolar

DGE - Direção Geral da Educação DGS - Direção Geral de Saúde DNTs - Doenças não transmissíveis EDF - Educação Física

EE - Encarregado de Educação EEs - Encarregados de Educação EF – Exercício Físico

EFs – Exercícios Físicos EU - European Union

FACES IV - Escala de Avaliação da Coesão e Flexibilidade Familiar FEM - Forum Económico Mundial

INE – Instituto Nacional de Estatística

INSEF - Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico ISPAH - International Society For Physical Activity And Health MH - Motricidade Humana

MHICU - Unidade de Terapia Intensiva de Saúde Mental MIME - Monitorização de Inquéritos em Meio Escolar NEE – Necessidades Educativas Especiais

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OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico ODS - Objectivos de Desenvolvimento Sustentável

OMS – Organização Mundial de Saúde ONU - Organização das Nações Unidas PA – Physical Activity

PNPAF – Plano Nacional de Promoção da Atividade Física RA – Rendimento Académico

SNS – Sistema Nacional de Saúde

TIC – Tecnologias da Informação e da Comunicação

UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura US – Unidades de Saúde

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INTRODUÇÃO

A minha formação académica em Motricidade Humana (MH), a experiência profissional em atividades de grupo e a minha vivência familiar impeliram-me a pôr em prática os meus conhecimentos técnicos na multidimensionalidade de ser mãe nos dias de hoje.

Satisfeita com algumas conquistas, fui testando e partilhando algumas soluções que resolviam pequenas questões do meu quotidiano. Os resultados percebidos deram-me confiança para redideram-mensionar esta descoberta pessoal.

O curso de doutoramento em Ecologia Humana foi a incubadora de uma vontade de aprofundar o conhecimento sobre o papel da práticas de Atividade Física (AF) na vida das famílias contemporâneas e em particular no desempenho escolar das crianças.

A Ecologia Humana (EH) assume uma perspetiva pluridisciplinar que procura interpretar os comportamentos da biosfera e da sociosfera. Conflui esta perspetiva com a da MH, ciência social e humana, que estuda a complexidade humana e propõe através, de Manuel Sérgio, um modelo ecológico do ser biológico, pensante e em ação (Sérgio, 1994).

Da interseção e investigação das duas áreas do conhecimento foram construídos alicerces que projetaram a tese de doutoramento: O papel da Motricidade Humana na Promoção da Saúde, Resiliência e Coesão Familiar.

No âmbito da pesquisa realizada sobressaíram tendências relacionadas com a dinâmica das famílias contemporâneas que balizaram a abrangência deste estudo e fazem parte dos pressupostos desta investigação. Essas sugestões assentam na evidência em como os estilos de vida atuais:

- Revelam comportamentos mais sedentários dando origem a doenças crónicas que diminuem o bem-estar individual e ameaçam a sustentabilidade dos sistemas de assistência à saúde (Almeida & Pereira, 2018; Meneguci et al., 2015; Wijndaele et al., 2014; Wilmot et al., 2012);

- Refletem alterações no paradigma da vivência familiar (Aboim, 2013; Arias & Punyanunt-Carter, 2017; Cunha, 2007; Hakime & Oliveira, 2009; Marinho, 2011;

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Pedroso, Casaleiro, & Branco, 2011; Wall & Delgado, 2014; Wall, Leitão, & Ramos, 2010a).

Os determinantes de inatividade física estão relacionados com as mudanças sociais e ambientais, incluindo a tecnologia, a globalização e a urbanização, que têm vindo a alterar a forma como as pessoas – adultos e crianças – vivem, trabalham, viajam e se divertem, contribuindo para o aumento dos comportamentos sedentários (International Society For Physical Activity And Health [ISPAH], 2016; Teixeira, 2017). A sociedade, e os decisores políticos em particular, são, assim, responsáveis por contrariar esta tendência e criar condições que facilitem o acesso à vida ativa através de programas e políticas públicas que reforcem viver ativamente (Andersen, Mota, & Di Pietro, 2016; Beaglehole et al., 2011; James, Khare, & Nu, 2015; Kahlmeier et al., 2015; Pollack et al., 2014; Organização Mundial de Saúde [OMS], 2005, 2018a).

Tendo em conta os benefícios da AF em prol da saúde, o estudo dos seus determinantes em diversas populações tornou-se um tópico de investigação nas duas últimas décadas (Lapa, 2015). Na opinião de Crocker, Mack, e Wilson (2014), evidencia-se uma nova perspetiva no foco dos estudos para melhor compreender os mecanismos que facilitam a participação na AF, o incremento do bem-estar e os estilos de vida saudável. É neste âmbito que se inscreve a presente investigação, que procura compreender se a motricidade, através da sua intencionalidade operante, poderá contribuir para uma mudança em prol da melhoria da saúde, da coesão familiar e do rendimento escolar dos menores através da adoção do comportamento fisicamente ativo na ocupação do tempo familiar.

O carácter inovador deste estudo deriva do encontro entre as ciências da Motricidade e da Ecologia Humana que permitem ir além do físico ou do biológico e avançam para uma compreensão dos fenómenos em interação com o todo. Neste estudo tal reflete-se na procura de fundamentos para a reciprocidade entre as dimensões socioculturais e a prática de AF que, quando realizada com intencionalidade, é denominada MH - a ciência que estuda o ser humano em movimento intencional que visa a transcendência.

A revisão de literatura realizada foi contextualizada a partir de informações sobre AF, termo universal utilizado nos relatórios públicos oficiais, dado o teor das

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informações estar relacionado com uma preocupação primordial da promoção da saúde física, intrinsecamente associada ao bem-estar mental e social, e à definição de estratégias para a adoção do comportamento fisicamente ativo.

A interpretação dos conceitos revistos, a partir do conhecimento dos modelos ecológicos, nomeadamente do modelo ecológico para o comportamento saudável Sallis, Owen, & Fisher, 2008), conduzem a uma compreensão global de diversos níveis de influência intra e inter pessoal, que induzem a uma possível interferência do contexto sociocultural para a prática de AF e vice-versa. Deste entendimento da revisão de literatura realizada sobre a AF na sociedade contemporânea surge a pertinência da adoção da expressão MH que é o conceito utilizado neste estudo tendo em conta a visão socioecológica que constitui o propósito desta investigação.

O modelo teórico adotado é o proposto por Bailey et al. (2013), que conceptualiza um modelo holístico de capital humano como veículo de evolução do potencial humano (ao nível da resiliência, do bem-estar, da qualidade de vida e da vantagem competitiva). Segundo este modelo, a prática de AF contribui para o desenvolvimento de seis formas de capital - físico, emocional, individual, social, intelectual e financeiro.

Esta tese tem como objetivo lato analisar os comportamentos das famílias face à realização de atividade física (comportamentos fisicamente mais ativos ou mais sedentários) e verificar a existência de eventuais diferenças no âmbito do aproveitamento escolar dos menores e da saúde e da coesão familiar. Pretende-se testar a pertinência da AF realizada em família e em função dela, a promoção da MH ajustada à dimensão das necessidades e dos constrangimentos das famílias atuais, tendo em conta os contributos para o sucesso escolar, a melhoria da saúde e a coesão familiar. Esta vertente poderá ao mesmo tempo dar resposta à inexistência de programas de AF estruturados para a família, em ginásios, coletividades, clubes, onde a oferta existente se baseia numa participação mais individual.

Este estudo pretende contribuir com dados quantitativos que possam ajudar os decisores a projetar políticas públicas que, por um lado, permitam viabilizar a prática de AF como uma opção mais simples, mais imediata, mais fácil e mais acessível e que, por outro lado, possam fundamentar essa atividade com um propósito de melhoria da

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performance relacional entre os vários membros da família e ao mesmo tempo otimizar o rendimento escolar dos menores.

Passando à estrutura da tese, esta organiza-se em torno de duas partes, uma teórica e outra empírica, a primeira composta por quatro capítulos e a segunda por três capítulos.

Na Parte I é detalhado o enquadramento teórico, composto pelo Capítulo 1 onde são abordadas as dimensões socioculturais da Motricidade Humana e a sua confluência com a Ecologia Humana, ambas com o proposito de humanização dos comportamentos do Homem, na dinâmica das interações dos seres humanos entre si e com os ambientes em que se inserem. Neste capítulo é ainda dado relevo aos conceitos que introduzem este estudo: a Atividade Física, o Exercício Físico e o Desporto. O Capítulo 2 aprofunda a prática da Atividade Física na sociedade contemporânea, nomeadamente na Europa e aborda as medidas que têm vindo a ser desenvolvidas para diminuir a prevalância do comportamento sedentário bem como os benefícios da atividade física regular que contribuem para a melhoria saúde física, mental, do desempenho escolar e também as vantagens ao nível da socialização. O Capítulo 3 concretiza como é que as medidas de promoção da AF, influenciadas pelo Modelo Ecológico do Capital Humano se poderão refletir na família contemporânea, nomeadamente no que fiz respeito ao funcionamento familiar pela avaliação realizada através da Escala da Coesão e

Flexibilidade Familiar (FACES IV). O Capítulo 4 é o último da primeira parte, é centrado

na realidade portuguesa, mais precisamente nas políticas públicas de promoção da atividade física e como estas se refletem na escola. Retrata ainda a família contemporânea portuguesa e os impedimentos e motivações para a prática de atividade física.

Na Parte II é desenvolvida a parte empírica, composta pelo Capítulo 5, onde são formulados os principais pontos de referência teóricos desta investigação, a pergunta de partida, os conceitos fundamentais e as ideias que conduzirão a análise e também especificados os procedimentos de seleção da população alvo, da localização geográfica do estudo e da escolha do instrumento de recolha de dados. O Capítulo 6, reporta os dados recolhidos através do questionário e da FACES IV, nomeadamente a caracterização sociodemográfica dos agregados familiares e da sua prática de atividade

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física relacionada com a saúde, o desempenho escolar e a coesão e a flexibilidade familiar. O Capítulo 7, por sua vez, compara os resultados obtidos com as expectativas iniciais e relaciona a informação com a revisão de literatura e os objetivos desta investigação, no que se refere às características sociodemográficas dos agregados familiares e das áreas de residência e ao impacto da atividade física na saúde, no desempenho escolar e na coesão familiar.

No final, serão ainda proferidas as conclusões e as considerações finais e ainda apresentado, em anexo à tese, um Guia de Motricidade Humana em Família (Anexo 1) elaborado em função dos resultados deste estudo, com o intuito de contribuir para a aplicação prática do conhecimento teórico aqui demonstrado.

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PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

CAPÍTULO 1 – Dimensões Socioculturais da Motricidade Humana

1.1. Motricidade Humana – Enquadramento Geral

A Motricidade Humana (MH), enquanto ciência operante do corpo, propõe uma visão mais holística tendo em conta o ser humano como um todo, tendo surgido na década de 1980, num período de crítica face à Educação Física (EDF). Esta contestação representou um marco na história da EDF na Europa e no Brasil, uma vez que foi neste período que o seu sentido ontológico e metafísico começou a ser discutido no propósito do desenvolvimento da consciência do Homem como um todo, do caráter intrínseco das palavras (brincar, jogar, competir, das “novas” formas de pensamento e acção) e da cultura e axiologia (Cunha, 2013a). A pespetiva de que não há pensamento, conhecimento ou ação sem intencionalidade teve grande influência teórica nos países latino- americanos em várias linhas de investigação sobre a dimensão humana na prática corporal (Puttini et al., 2016).

Nessa altura assistiu-se a uma viragem do foco da área, até então fortemente vinculada com a formação do físico. Consequentemente, vários livros, nomeadamente “A Educação Física Cuida do Corpo e da Mente” (Medina, 1983), “Metodologia do Ensino da Educação Física” (Soares et al., 1992), “Educação Física: ensino e mudanças” (Kunz, 1991) sugeriam, numa perspetiva de abordar a EDF de forma mais crítica e reflexiva, passando esta também a incluir aspetos das ciências sociais e humanas (Rodrigues, Zoboli, & Luis, 2018).

No decorrer desta crise, Manuel Sérgio Vieira e Cunha, filósofo e professor, português, defende também a substituição do conceito anátomo-fisiológico para o bio-psico-sócio-filosófico que valorizava o prazer, o desenvolvimento integral e o aspeto educacional, criticando, desta forma, ao conceito mais redutor da EDF. Assim nasceu a teoria da MH, publicada na sua obra “Para Uma Epistemologia da Motricidade Humana” em 1987 (Sérgio, 1987).

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Segundo Tojal (2010), a MH não representa apenas uma simples alteração de nome mas apresenta uma nova ciência que estuda o movimento humano intencional, espontâneo, livre e desinteressado, que visa a transcendência e que se exprime em todas as etapas da vida humana. Essa intencionalidade aplicada no desporto, na dança, na ergonomia, nas lutas, na reabilitação, no ioga, revela total pertinência de raiz científica sobre vários aspectos da motricidade do humano.

Numa evolução em relação à EDF, a MH fundamenta-se epistemologicamente no conceito proposto pela fenomenologia da perceção, de Merleau-Ponty (1996), em que o corpo assume a centralidade da teoria.

A ciência da MH proposta por Manuel Sérgio, provocou uma viragem na teoria e na prática da AF e do desporto a nível nacional e internacional. Em 1989, o Instituto Superior de Educação Física (ISEF) passou a denominar-se Faculdade de Motricidade Humana. Em fevereiro de 1990, Manuel Sérgio foi distinguido pelo Governo Brasileiro, com a medalha de mérito desportivo (Tojal, 2010).

Manuel Sérgio em duas publicações de 1999, propôs uma definição da motricidade sendo esta a base das relações entre o ser humano e o mundo: “Sentido e Ação” e “Um Corte Epistemológico: da educação física à motricidade humana” (Sérgio, 1999; Sérgio et al., 1999). O autor considera o corpo atuante em interação, num movimento intencional, com o mundo, em busca da transcendência pela corporeidade, expressão e presença. Esta nova visão, originou um corte epistemológico, ou uma revolução científica, que acentua a passagem do físico ou fisiológico, que predominava na EDF, para a complexidade humana no movimento intencional da transcendência (ou superação). O foco deixou de estar na eficiência e utilidade da ação humana para o trabalho e para o desporto competitivo (explorada como relação de consumo corpo-objeto), e passou a estar centrado na motricidade como expressão da corporeidade, forma de desenvolvimento humano do ser-em-movimento, numa perspetiva sociocultural e ambiental (VanDerworp & Ryan, 2016).

O objeto de estudo da MH é o desenvolvimento humano a partir da motricidade, pelo estudo do corpo e das suas manifestações na relação dos processos biológicos com os valores socioculturais e a natureza (Sérgio, 1999). Para Manuel Sérgio, a MH vai além do que a linguagem nos permite. A MH é uma expressão da corporeidade que nos

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conduz a uma reflexão entre as potencialidades biológicas e as possibilidades culturais do ser humano. O ser em movimento é uma condição da existência humana: “Movo-me, logo existo” (Sérgio et al., 1999, p. 15). O ser em movimento procura a superação pela técnica, não das práticas corporais mecânicas desprovidas de sentido e intencionalidade, mas da conexão com os contextos corpo-alma-natureza-sociedade, constituindo-se assim a MH como a personalização e humanização de todo o movimento (Sérgio et al., 1999).

Segundo o autor “quando me movimento transporto comigo não só aquilo que eu sou, mas também a sociedade e a cultura onde nasci e onde estou” (Sérgio, 1999, p. 11). Esta definição transformou-se no paradigma científico por que se rege atualmente a Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa. Daqui se infere que a Ciência da Motricidade Humana (CMH) é uma nova ciência hermenêutico-humana e que utiliza a metodologia específica das Ciências Humanas: “E porque a transcendência emerge da consciência dos limites da minha finitude, também na visão hermenêutica do corpo a transcendência é um horizonte que se busca e não um dado que se possui.” (Sérgio, 1994, p. 35). O propósito do ser-em-movimento, aberto ao mundo e procurando realização é o desenvolvimento pleno da condição humana, em direção à superação ou transcendência, explorando as características da corporeidade e das experiências vividas e interiorizadas pelo ser humano como agente e fator de cultura (Oliveira, 2014).

A MH é o paradigma que fundamenta o trabalho científico da Sociedade Portuguesa de Motricidade Humana (SPMH), criada em 14 de Janeiro de 1999, e da Sociedade Internacional de Motricidade Humana (SIMH). Também a Sociedade de Pesquisa Qualitativa em MH (SPQMH), sediada em São Paulo, tem desenvolvido investigações em temáticas relacionadas com: o lazer e suas implicações com as alterações urbanísticas; as políticas públicas e as novas relações do trabalho perante a globalização; as conceções e propostas curriculares para os cursos de formação profissional em EDF (ensino superior); os estágios curriculares e extracurriculares e o ensino reflexivo (envolvimento crítico dos alunos nas aprendizagens, redimensiona conceitos e ajuda o aluno a tomar consciência de si mesmo, dos outros e da sociedade); o processo ensino e aprendizagem na educação física e as suas influências socio-político-económicas nos ambientes escolares (educação básica e ensino superior) e não

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escolares (academias, clubes, e projetos sociais envolvendo educação para a cidadania); bem como sobre o processo de criação e suas aplicações nas expressões rítmicas que envolvem o movimento humano no contexto lúdico e artístico.

No livro “Motrisofia – Homenagem a Manuel Sérgio”, (publicado em 2007), José Mourinho, ex-futebolista e treinador português nomeado Treinador Português do Século pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) em 2015, refere a importância das ideias de Manuel Sérgio, na sua carreira de treinador (2007, pp. 119-120). Segundo Manuel Sérgio, a “preparação física” no desporto de competição efetuada por si só não tem sentido, uma vez que o treino se deve submeter a um modelo de jogo, onde são trabalhadas várias dimensões do ser humano, sendo que o indivíduo é o dom da natureza e a pessoa é o resultado de um esforço intencional (de Sousa, 2007)

No seu livro “As Lições do Professor”, Manuel Sérgio fala na sociedade atual como uma sociedade aprendente, ou seja, estabelecendo ligação entre a vida e a aprendizagem (2013), acrescentando também que “Após a era industrial, começou a nascer a sociedade do conhecimento, o que significa que os próprios treinadores deverão converter-se em trabalhadores do conhecimento” (Sérgio, 2013, p. 84).

O termo AF continua a ser o utilizado nas agendas das políticas públicas nacionais e internacionais, no entanto é previsível que as mudanças de conceitos e paradigmas introduzidas pela CMH se possam refletir em novos comportamentos, dinámicas e políticas.

No quotidiano, as possibilidades corporais contemporâneas estão reduzidas a uma ação cuja finalidade e sentido é a de manutenção das condições da sua sobrevivência. Através da MH, o ser humano pode transgredir essa condição e pela linguagem do corpo todo, na sua condição integral corpo-alma-desejo-natureza- sociedade, e encontrar um sentido mais amplo do que o simples fato de fazer, experimentando um novo processo educativo de compreender e sentir a essência da motricidade por via das suas vivências pessoais conscientes (Oliveira, 2014).

Da reflexão sobre natureza-corpo-sociedade (crise ambiental contemporânea e a conceção do corpo no mundo) surgiu uma perspetiva ecológica e sociológica da motricidade humana, a ecomotricidade (Rodrigues, 2015). Ecomotricidade acredita na

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possibilidade de desenvolvimento de um trabalho de educação ambiental, através de práticas corporais realizadas com intencionalidade, por processos educativos baseados na interação do ser humano versus ambiente, ou seja, apoia-se na sinergia entre a MH, a educação ambiental e a pedagogia dialógica (Rodrigues & Junior, 2009).

Citando Bondía (2002, p. 21) “Nunca se passaram tantas coisas, mas a experiência é cada vez mais rara”, inferindo-se daí que a falta de tempo, o excesso de informações, opiniões e de trabalho, são os principais fatores de supressão da experiência que necessita de um momento de interrupção. O ser humano é caracterizado pela sua historicidade, fruto da sua vivência e experiências (ser que é memória, cultura, relação logo ser social).

Da mesma forma que a ecomotricidade (natureza-ser-movimento) integra os objetivos da MH (ser-movimento), faz sentido que a MH possa integrar o propósito da Ecologia Humana (EH) (ser-natureza-sociedade) que se entende hoje como uma nova disciplina e um novo nível de pensamento. A EH procura introduzir uma nova dimensão na conceptualização da Ecologia e conciliar os comportamentos da biosfera1 (ser-natureza) com os da sociosfera2 (ser-sociedade) (Carvalho, 2007).

Pelo seu contributo para a CMH, em 21 de junho de 2007, Manuel Sérgio foi galardoado pelo Governo Português com a Honra ao Mérito Desportivo, durante uma sessão solene presidida pelo Secretário de Estado da Juventude e do Desporto. No mesmo dia, a Presidente da Câmara Municipal de Almada anunciou a atribuição a Manuel Sérgio da Medalha de Ouro desta cidade, que recebeu, em cerimónia pública, no dia 10 de julho do mesmo ano. No dia 14 de setembro de 2007, a Assembleia Legislativa de São Paulo, por proposta do deputado Simão Pedro, líder parlamentar do

1 A Biosfera é o conjunto de todos os ecossistemas da Terra. Na biosfera, o ar, a água, o solo, a luz são

fatores diretamente relacionados à vida, são interdependentes, a modificação de um deles provoca alteração nos outros. Os avanços da ocupação humana sobre os mais diversos ecossistemas causam impacto sobre o equilíbrio ecológico. Os seres vivos e o ambiente estabelecem uma interação dinâmica. O grande desafio das sociedades modernas é conciliar o desenvolvimento e a carência cada vez maior de recursos naturais com o equilíbrio da biosfera.

2 A sociosfera corresponde a um sistema artificial de instituições desenvolvido pelo ser humano, para gerir

as relações da comunidade e as relações com os outros sistemas, principalmente a biosfera. Este sistema que evoluiu ao longo de séculos de história da humanidade é a soma de instituições sociopolíticas, socioeconómicas, socioculturais e da sociedade.

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Partido dos Trabalhadores, homenageou-o, pela criação da Ciência da Motricidade Humana (Assembleia da República [AR], 2016) .

Em 21 de março de 2017, Manuel Sérgio foi feito Comendador da Ordem da Instrução Pública, distinção que lhe foi entregue em 5 de dezembro de 2017 em cerimónia presidida pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa (Predidência da República Portuguesa, s.d.).

No processo de otimização da qualidade de vida, o impacto positivo das atividades físicas sobre o lado biológico humano é uma realidade percebida, mas reconhece-se um número cada vez maior de fatores sociais envolvidos. A CMH enriquece-se com novas teses, que permitem investigações interdisciplinares e transdisciplinares (textos epistemológicos de análise da produção de conhecimento, textos epistemológicos sobre a conceção de corpo e da saúde; possibilidades metodológicas no ensino das práticas corporais nas escolas e na formação inicial nas universidades; textos que versam sobre as práticas corporais – capoeira, ecomotricidade e circo) sob a perspetiva da CMH. Contudo, Rodrigues et al. (2018) reforçam que são necessárias mais pesquisas que ampliem este conhecimento e que possam fundamentar as contribuições que a CMH pode oferecer à área da EDF.

Neste sentido a Universidade Católica Portuguesa, com o apoio da Secretaria de Estado do Desporto e da Juventude, criou no presente ano, 2019, a "Cátedra Manuel Sérgio" que terá cinco linhas de investigação:

- Da epistemologia à ontologia e a CMH como uma nova ciência hermenêutico-humana (Habermas) e como pretexto para um novo conhecimento do ser humano.

- O cartesianismo, o positivismo, o cientismo, no treino desportivo. Pensando com Edgar Morin o treino desportivo.

- A vida e o desporto, como movimento intencional da transcendência, rumo ao Absoluto.

- O desporto, uma "práxis" sapiencial e filosófica e, portanto, mais do que científica. Não há educação sem desporto.

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A Universidade Católica salienta que a escolha "do Prof. Doutor Manuel Sérgio para patrono da cátedra explica-se pelo facto de ter sido ele, em língua portuguesa, o autor do mais rigoroso e sistemático estudo que algum dia se fez sobre filosofia e epistemologia, como dois saberes indispensáveis ao conhecimento da motricidade humana em geral e do desporto em particular" (Ensino Magazine, s.d.).

1.2. Ecologia Humana

O termo Ökologie data de 1866 , e foi atribuído ao biólogo e filósofo alemão Ernst Haeckel. A ecologia (do latim oekologie) tinha como objetivo descrever a teia de relações complexas que ligam os seres vivos e o ambiente que os rodeia. Posteriormente, surgiu a biogeografia atenta ao estudo da distribuição geográfica dos indivíduos. Mais tarde, a preocupação com os equilíbrios naturais e a adaptação dos seres vivos às condições da sua existência fez surgir o conceito de Economia da Natureza (Nazareth, 1993).

No início do século XX, dá-se a fusão das ideias dos ecólogos da natureza e dos cientistas sociais, e a partir dessa altura a Ecologia Humana (EH) começou a adquirir autonomia científica (Pires & Craveiro, 2010). Forbes, 1922, foi uma inspiração para a humanização da ecologia, bem como a “Escola de Chicago” incubadora de estudos relacionados com o comportamento social e/ou cultural (Pires & Craveiro, 2010) .

Na Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1972, a EH foi definida como o estudo do Homem na sua circunstância natureza-sociedade (Carvalho, 2007).

A EH estuda as relações entre o seres humanos, influenciadas pelas possibilidades e limitações dos recursos do meio. Robert Ezra Park foi um dos quatro grandes teóricos da EH, tendo publicado em 1952 a obra “Human Communities: the City and Human Ecology”, na qual denomina essas relações de interdependência não planeada de “cooperação competitiva”. Roderick Duncan Mckenzie, no seu o livro “On Human Ecology” , defende que a sociedade é constituída por duas ordens e acrescenta à ordem biótica (reação de adaptação) de Park, a ordem da comunicação e do concenso entre os seres humanos, que denomina como ordem cultural. Os outros dois teóricos, que sucedem a primeira fase denominada clássica, por terem reecuperado alguns dos conceitos da perspetiva de Park e McKenzie, pertencem a uma segunda chamada fase

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de análise neo-ortodoxa. Alfred Quinn baseia o seu conhecimento na permissa de que as relações espaciais e temporais dos seres humanos são condicionadas pelos fatores de seleção e adaptação, como representa na sua obra “Human Ecology” de 1950. Por sua vez, Amos Henry Hawley defende uma perspetiva teórica económica, onde é a organização das atividades de subsistência que dá origem a uma determinada distribuição espacial, ideias apresentadas na sua obra “Human Ecology: A Theory of Community Structure” também de 1950. Os quatro autores são unânimes em afirmar que os fenómenos ecológicos são fatores que definem as possibilidades da existência e dos limites da evolução social e psicológica (Brandão, 2018). As limitações e as possibilidades dos recursos do meio chamaram a atenção de outros autores, nomeadamente, Dunn e Brown (1944), que estudaram a relação com este contexto.

A Ecologia da Performance Humana foi desenvolvida em 1994, por membros ligados à terapia ocupacional da Universidade do Kansas, com o objetivo de dar resposta à complexidade do contexto. A adoção desta proposta não presume a existência de debilidades, tal como o autor refere, um edifício complexo deverá ter sinalização para conduzir os seus visitantes não porque terão necessidades especiais mas para o tornar facilmente acessível para todos. Esta proposta deixa uma questão para investigações futuras que se relaciona com que intervenções poderão ser a melhor escolha para desenvolver determinados aspetos da performance (Dunn & Brown, 1994).

A EH considera o Homem como um sistema de órgãos e funções, dotado de instintos e inteligência, possuidor de um património genético e cultural, inserido num meio formado por elementos bióticos, abióticos e sociais. Este recebe informações das alterações ocorridas no sistema ambiente e descodifica-as consoante o seu património: genético, imunoquímico, intelectual, cultural e afetivo. A sua resposta a estes estímulos depende também das alterações que possam ocorrer no “sistema Homem” e consequente reação: vascular, imunitária, comportamental. Poderá depender também, de possíveis alterações no sistema ambiente, por intervenções no meio envolvente: agricultura, urbanização, política, clima, entre outras (Carvalho, 2007).

Para Carvalho, citando Nazareth (2004), o grande objetivo da EH é: “(…) conhecer a forma como as populações humanas concebem, usam e afetam o ambiente, bem como o tipo de respostas existentes às mudanças ocorridas no ambiente biológico,

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social e cultural” (Carvalho, 2007, p. 132). Trata-se da humanização dos comportamentos do Homem na dinâmica das interações dos seres humanos entre si e com os ambientes em que se inserem e da sua volubilidade civilizacional, promovendo a compreensão dos vínculos culturais e instrumentais que conectam a espécie humana (Carvalho, 2007; Pires & Craveiro, 2010, 2011).

As duas últimas décadas tiveram um crescente interesse na aplicação dos modelos ecológicos na investigação e educação para o comportamento saudável, dada a necessidade de alterar comportamentos de forma reduzir a prevalência de doenças crónicas. O principal conceito de um modelo ecológico incide em que o comportamento tem vários níveis de influência: intrapessoal (biológico e psicológico), interpessoal (social, cultural), organizacional, comunitário, do ambiente físico e político. Esta compreensão explica a interação dos vários determinantes e pressupõe quais as mudanças em cada nível de influência que facilitam a adoção do comportamento saudável (Sallis et al., 2008).

Entende-se assim que tanto a EH como a MH são ciências de base humana, abertas à transversalidade e à complexidade do Homem em interação com o mundo que o rodeia. Ambas enfrentam o desafio de integrar o conhecimento interdisciplinar das ciências naturais e das ciências sociais na emergência da passagem do bio, eco e fisio - lógico para a pluridisciplinaridade do Homem corpo-alma-natureza-sociedade, visando a transcendência, desenvolvendo-se e criando sentido. Ambas, ultrapassando barreiras epistemológicas, com propósito pluridisciplinar (pensar global), e que, quando operacionalizadas pelo exercício das diferentes atividades profissionais, poderão viabilizar inovação no conhecimento para a resolução de problemas (agir local) (Bowman, 2012; Carvalho, 2007; Miller et al., 2008; Pires & Craveiro, 2011).

Poderá a MH, no âmbito da sua intervenção e apoiada pela EH, a partir do entendimento da ciência nas suas diversas vertentes (bio, eco, fisio e sociológica) contribuir para uma consciencialização ética coletiva ao passo do desenvolvimento social e tecnológico, nomeadamente, através de propostas que possam ajudar na superação dos desafios quotidianos que a sociedade contemporânea experimenta no plano da promoção da saúde, coesão familiar e rendimento escolar?

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A escolha de determinada terminologia, nomeadamente, neste estudo a designação MH, reflete para além de uma história e cultura, diferentes motivações para a experiência, significados e perceções (Rodrigues, 2015; Rodrigues & Junior, 2009). A MH é o conceito utilizado neste estudo dado o seu caráter social, contudo o termo universal utilizado nas comunicações públicas oficiais é AF.

Segundo Knapp (2016), a EH tem como ambição apresentar orientações para o comportamento, através da sugestão de modelos que possam promover adaptações em prol de um futuro mais sustentável.

1.3. Atividade Física, Exercício Fisico e Desporto

A designação AF é consensual e universalmente abrangente e é adotada por todos os países e instituições governamentais internacionais. Todas as formas de movimento humano são potencialmente benéficas para a saúde e consequentemente necessárias para o desenvolvimento social e económico. A AF traduz esse critério e é também adotada como uma meta para que os países atinjam os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável 2030 3 (Ribeiro, Silva, & Gomes, 2016; OMS, 2018a).

A definição técnica de AF, segundo o Centro de Investigação em AF, Saúde e Lazer da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (2006), é: “qualquer actividade efetuada pelo músculo-esquelético e que resulta num gasto de energia superior à quantidade mínima de energia necessária para manter as funções vitais do organismo em repouso (metabolismo basal)”. Esta ampla definição, significa que todos os tipos de AF são importantes, inclusive o caminhar ou andar de bicicleta como meio de transporte, o dançar, os jogos tradicionais, a jardinagem e os trabalhos domésticos, bem como a prática desportiva ou de exercício físico (Advisory Committee, 2018; Westerterp, 2013).

Por outro lado, exercício físico (EF) e desporto são vistos como tipos particulares de AF: o desporto como envolvendo normalmente, alguma forma de competição, e o EF sendo feito para melhorar a aptidão física, a performence e a saúde.

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O EF é uma forma de AF que pressupõe planeamento, estruturação e repetição de movimentos (Westerterp, 2013). Existem exercícos físicos (EFs) com diferentes objetivos, nomeadamente, o treino da atividade aeróbia, o fortalecimento muscular, o fortalecimento ósseo (que consiste na aplicação de uma força sobre os ossos que promove o seu crescimento e regeneração), o equilíbrio (controlo postural), a flexibilidade e outros, que normalmente combinam o treino de fortalecimento muscular, de equilíbrio, a atividade aeróbica de intensidade leve e a flexibilidade muitas vezes designadas pelo seu efeito de relaxamento corporal por atividades “mente-corpo” (Advisory Committee, 2018). A frequência e intensidade de cada tipo de exercício são importantes para determinar o alcance dos objetivos planeados (Advisory Committee, 2018; OMS, 2018a).

O desporto é um instrumento educativo, formativo e existencial. Espelha as diferenças e particularidades humanas, sendo a necessidade de vencer uma das suas variáveis mais distintivas (Cunha, 2013a). A principal característica que o diferencia é a existência de provas desportivas que podem ter uma participação individual (natação, atletismo, etc.) ou coletiva (basquetebol, futebol, etc). Em Portugal, o desporto divide-se em dois eixos: o desporto escolar e o desporto federado (Direção-Geral da Educação, 2017a). As câmaras municipais assumem um papel essencial no desenvolvimento sócio-desportivo. A sua proximidade com os cidadãos, permite-lhes conhecer quer as suas preferências bem como as suas necessidades, detendo as competências e os meios possíveis para as satisfazer. As políticas desportivas devem assim incluir a intervenção das autarquias, pois, só dessa forma, poderá ocorrer um verdadeiro desenvolvimento desportivo. Na Europa, várias cidades de países mais desenvolvidos utilizam o desporto como um meio de revitalização económica. Sheffield é uma cidade modelo que reflete esses impactos do desporto na economia, quer ao nível da saúde com a diminuição das despesas de saúde, quer ao nível social (considerando que a prática de AF e desporto pode conter o envolvimento noutro tipo de atividades desviantes) com a redução das taxas de: desemprego, crime e vandalismo (Teixeira & Ribeiro, 2014).

A AF é o conceito mais abrangente, uma vez que inclui toda a actividade desenvolvida ao longo do dia, contribuindo para a melhoria da saúde independente do

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propósito com que é realizada (Lima & Luiz, 2015; Ribeiro et al., 2016; OMS, 2018a) . A AF é concensualmente dividida em quatro domínios:

 AF ocupacional, realizada enquanto a pessoa está trabalhar (reposição de produtos nas prateleiras de uma loja, entrega de encomendas num escritório, preparar ou servir comida no restaurante, carregar ferramentas, etc. são exemplos de atividade física ocupacional).

 AF de transporte é realizada para ir de um lugar para outro. Deslocações feitas a pé ou de bicicleta para o trabalho, para a escola ou até centros de transporte,etc.

 AF doméstica é desenvolvida no interior ou no exterior da casa. Inclui tarefas domésticas tais como cozinhar, limpar, reparar em casa, ou jardinagem.

 AF de lazer é realizada no tempo livre , as caminhadas são exemplos de atividades físicas.

O transporte ativo para o trabalho ou para a escola (a pé ou de bicicleta) é, atualmente, reconhecido como uma importante medida para a promoção de AF (Advisory Committee, 2018; OMS, 2018a).

No contexto da saúde pública, a área da AF tem evoluido acentuadamente nos últimos 10 anos e perspetiva continuar a desenvolver-se num ritmo acelerado. Uma extensa base científica existente (Barreto et al., 2016; Ding et al., 2016; Giroux et al., 2018; Kohl et al., 2012; Loureiro et al., 2013; Schiphorst, Murray et al., 2017) e os avanços tecnológicos têm vindo a aumentar o conhecimento sobre as relações entre AF e uma ampla variedade de resultados de saúde e qualidade de vida. A adoção e manutenção de estilos de vida ativos tem sido cada vez mais reconhecida pelos estudiosos como um pré-requisito para o envelhecimento saudável para a saúde e bem-estar em todas as idades (Andersen et al., 2016; Gotova, 2015; Morgan et al., 2014). Para aprofundar o conhecimento no campo da promoção da AF é necessário ter em conta que os contextos ambientais, socioculturais e comunitários afetam os padrões de AF a curto e longo prazo. Para reverter as tendências atuais de inatividade é necessária uma resposta coletiva e coordenada por parte de todos os intervenientes relevantes nos diversos contextos em que as pessoas vivem, trabalham e brincam, para garantir um

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futuro mais ativo, nomeadamente a acessibilidade a pistas pedonais que permitam uma deslocação segura para o trabalho ou escola, a existência de postos de trabalho que permitam estar em pé, a acessibilidade a parques com equipamentos desportivos, entre outros (Advisory Committee, 2018; OMS, 2018a).

Todas as formas de movimento são AF pois produzem alterações fisiológicas no organismo; já o EF é pensado para melhorar a aptidão física, a performance e a saúde; e a MH por sua vez apresenta uma proposta de movimento corpóreo mais preocupada com as dimensões sociais (Figura 1).

Figura 1. Representação da Motricidade Humana, Atividade Física, Exercício Físico e Desporto

O capítulo seguinte irá aprofundar a prática de AF na sociedade contemporânea, nomeadamente na Europa, e abordará as medidas que têm vindo a ser desenvolvidas para diminuir a prevalência do comportamento sedentário, de uma forma assertiva, dado que este é uma consequência do progresso tecnológico e dos estilos de vida atuais. Irão apresentar-se mais em pormenor os benefícios da prática da AF regular que contribuem para a promoção da saúde e que podem ajudar na recuperação de determinadas patologias. Além das alterações fisiológicas que decorrem da prática da AF e que contribuem para a melhoria da saúde física, mental e do rendimento escolar, existem outras vantagens ao nível da socialização, que serão igualmente referidas.

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Figura 1. Representação da Motricidade Humana, Atividade Física, Exercício Físico e Desporto
Figura 4. Representação esquemática do Modelo Circumplexo – Relação entre a flexibilidade e  a coesão
Tabela  3.  Avaliação  da  viabilidade  de  operacionalização  do  estudo:  Câmaras  Municipais  de  Almada e Setúbal, Escolas e Unidades de Saúde (US)
Figura  7.  Folheto de  divulgação do inquérito  na  Unidade de Saúde Familiar  Servir Saúde da Quinta  do Brasileiro (ACES Almada-Seixal)
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Referências

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