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PERFIL SOCIOECONÔMICO E CULTURAL DOS NIPO-BRASILEIROS DE ÁLVARES MACHADO RESULTADOS PARCIAIS

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8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Perfil socioeconômico e cultural dos nipo-brasileiros de Álvares Machado – Resultados parciais, José Vitor Frizarin dos Santos, Luan Santos de Oliveira, Vilma Mayumi

PERFIL SOCIOECONÔMICO E CULTURAL DOS NIPO-BRASILEIROS DE

ÁLVARES MACHADO – RESULTADOS PARCIAIS

José Vitor Frizarin dos Santos, Luan Santos de Oliveira, Vilma Mayumi Tachibana, Campus de

Presidente Prudente, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Estatística,

jose_vitorsantos@hotmail.com, luan.oliveira95@hotmail.com, vilma@fct.unesp.br, Bolsa Proex

BAAE II.

Eixo: Direitos, Responsabilidades e Expressões para Exercício da Cidadania.

Resumo

Os primeiros imigrantes japoneses chegaram à região do Oeste Paulista por volta de 1918 quando esta ainda não era colonizada. Vários destes imigrantes se estabeleceram no pequeno município de Álvares Machado, se integrando à sociedade local, participando diretamente da economia e introduzindo sua cultura ao município.

O começo da imigração foi um período difícil, pois os japoneses se depararam com muitos conflitos. A língua, os costumes e até mesmo preconceito tornaram-se barreiras para à integração dos nipônicos na região.

Como será o perfil socioeconômico e cultural da população japonesa de Álvares Machado e seus descendentes ao longo desses anos? O levantamento de informações sobre parte desta população possibilitou verificar a caracterização do perfil socioeconômico e cultural dos nipo-brasileiros que residem nesse município.

Palavras Chave: imigração japonesa, perfil socioeconômico e cultural

Abstract:

The first Japanese immigrants arrived in the West of São Paulo by 1918, when it was still not colonized. Several of these immigrants settled in the small town of Álvares Machado, integrating into the local society by participating directly in the economy and introducing its culture to the city. The beginning of the immigration was a difficult period, because the Japanese were faced by many conflicts. The language, the mores and even racial prejudice have become issues to the integration of the Japanese in the region.

How the socioeconomic and cultural profile of the Japanese population of Álvares Machado behaved over the years? The survey information of the sample of this population enabled us to verify the characterization of the socioeconomic and cultural profile of the Japanese people that live in the county.

Keywords: Japanese immigration, socioeconomic and

cultural profile

Introdução

A imigração japonesa no Brasil começou no início do século XX, como um acordo entre os governos do Brasil e do Japão. Os primeiros japoneses chagaram ao Brasil no dia 18 de junho de 1908. Nesta data, o navio Kasato Maru aportou no Porto de Santos com as primeiras 165 famílias, que vieram trabalhar nos cafezais das fazendas paulistas.

Atualmente, o Brasil tem a maior população japonesa fora do Japão. São cerca de 1,5 milhões de pessoas, das quais, aproximadamente 1 milhão vivem no estado de São Paulo.

Desde o fim do século XIX, o Japão atravessava uma crise demográfica com o fim do feudalismo e o início da mecanização da agricultura. A população do campo passou a migrar para as cidades, para fugir da pobreza e as oportunidades de emprego tornaram-se cada vez mais raras, formando uma massa de trabalhadores rurais miseráveis.

O Brasil, por sua vez, apresentava falta de mão de obra na zona rural. Em 1902, o governo da Itália proibiu a imigração subsidiada de italianos para São Paulo (a maior corrente imigratória para o Brasil era de italianos), deixando as fazendas de café, principal produto exportado pelo Brasil na época, sem o número necessário de trabalhadores. O

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governo brasileiro precisava encontrar uma nova fonte de mão de obra.

Nesse período, os japoneses foram proibidos de imigrar para os Estados Unidos, em razão da Primeira Guerra Mundial, e não eram bem recebidos na Austrália e Canadá. O Brasil tornou-se, então, um dos poucos países do mundo a aceitar imigrantes do Japão.

Um município responsável por acolher parte destes imigrantes foi Álvares Machado, município localizado no oeste paulista fundada em 1917, que possui hoje uma população de aproximadamente 23 mil pessoas.

A cidade possui uma entidade filantrópica denominada Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Álvares Machado (ACEAM), além de manter um cemitério japonês tombado pelo CONDEPHAAT do Estado de São Paulo. O cemitério japonês é considerado um patrimônio cultural pelo estado e mantido pela ACEAM.

Um levantamento de informações está sendo realizado através de aplicação de questionários aos cidadãos nipo-brasileiros que residem em Álvares Machado. Esse levantamento faz parte do projeto de extensão denominado “Perfil sociodemográfico dos nipo-brasileiros de Álvares Machado”, e até o momento foram realizadas entrevistas em 108 domicílios para um total de 298 moradores.

Objetivos

Com os resultados do levantamento de dados sobre os nipo-brasileiros de Álvares Machado, obtidos até julho de 2015, este trabalho tem como objetivos, apresentar informações sobre:

- o perfil socioeconômico dos nipo-brasileiros de Álvares Machado (informações sobre a escolaridade e formação);

- os diferentes meios de preservação da cultura japonesa pela população nipo-brasileira de Álvares Machado (participação em atividades realizadas, tipicamente japoneses ou não).

Material e Métodos

No período de setembro a dezembro de 2013 e de abril a julho de 2015 foram aplicados questionários em 108 domicílios de moradores nipo-brasileiros de Álvares Machado, que resultaram em informações sobre 298 pessoas. O questionário

aplicado é composto por duas partes com informações sobre: Característica do Domicílio (itens de posse e número de moradores, entre outras) e Características dos Moradores (idade, estado civil, escolaridade, profissão, entre outras), com informação de todas as pessoas que residiam no domicílio. Esses dados foram armazenados em uma planilha Excel.

Com essas informações fornecidas pelos entrevistados, foram escolhidas para realização das análises as variáveis sobre escolaridade, formação, posse de itens e participação nos eventos tradicionais da cultura japonesa que ocorrem no município.

Com o intuito de classificar as famílias de acordo com a classe econômica foi utilizado o Critério de Classificação Econômica Brasil, desenvolvido pela ABEP (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa). Foi usada a classificação dada em 2013 - CCB 2013, pois o questionário foi elaborado baseado nos critérios apresentados em 2013.

Figura 1. Sistema de pontuação e classificação ABEP. Fonte: ABEP (2013)

Realizou-se uma análise estatística descritiva dos dados das informações obtidas dos questionários, em que a síntese dos resultados foi armazenada em tabelas e gráficos.

Foi utilizado o software Minitab para a análise exploratória dos dados e apresentação dos resultados. Foi usado também o programa Excel.

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8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Perfil socioeconômico e cultural dos nipo-brasileiros de Álvares

Resultados e Discussão

Foram entrevistadas 108 residências. Através do critério de classificação socioeconômica desenvolvida pela ABEP, foi possível analisar o perfil da população nipo-brasileira de Álvares Machado, que apresentou uma média de 26,88 pontos no critério, que a classifica na classe B2 (Tabela 1). O desvio padrão da pontuação equivale a 6,78 pontos. A pontuação máxima foi de 42 pontos (classe A1), enquanto a mínima, 11 pontos (classe D).

Tabela 1. Estatística descritiva da pontuação das famílias nipo-brasileiras de Álvares Machado, segundo a classificação socioeconômica da ABEP

O gráfico apresentado na Figura 2 e a Tabela 2 mostram que a maioria das famílias está classificada na classe B, sendo 31,48% dos moradores em B2 e 29,63% em B1, representando aproximadamente 61% dos moradores nipo-brasileiros.

As classes A2, C1 e C2 equivalem a 12,96%, 12,96% e 11,11% respectivamente. Apenas uma residência foi classificada na classe A1 e uma foi classificada na classe D. Não havia nenhuma residência na classe E (7 pontos ou menos).

Figura 2. Número de residências por classe socioeconômica

Classe

socioeconômica Absoluto Número de famílias Relativo

A1 1 0,93 A2 14 12,96 B1 32 29,63 B2 34 31,48 C1 14 12,96 C2 12 11,11 D 1 0,93 E 0 0,00 Total 108 100,00

Tabela2. Distribuição de frequência das famílias por classes socioeconômicas.

Na Figura 3 observa-se que o grau de escolaridade predominante entre os nipo-brasileiros de Álvares Machado foi ensino superior completo respondido por 28,1% dos entrevistados, vindo em seguida ensino médio completo (18,9%) e fundamental 1 completo (antigo primário completo ou ginasial incompleto ou atual fundamental incompleto, mas se estudou pelo menos até 5º ano) respondido por 17,2% dos entrevistados.

Figura 3. Porcentagem de entrevistados por grau de escolaridade

Média Desvio Mínimo Máximo

26,88 6,78 11,00 42,00 D C2 C1 B2 B1 A2 A1 35 30 25 20 15 10 5 0 Classificação-Critério Brasil F re qu ên ci a ab so lu ta

Classificação socioeconômica dos nipo-brasileiros de Álvares Machado

Ensino médio completo Ensino médio incompleto Fundamental 1 completo Fundamental 1 incompleto Fundamental 2 completo Fundamental 2 incompleto Pós-Graduação Superior completo Superior incompleto Categoria 8,4% 18,9% 8,1% 7,0%

Escolaridade da população nipo-brasileira de Álvares Machado

28,1%

17,2%

2,1% 3,2%

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A Figura 4 apresenta a escolaridade em três classes, agrupando as categorias: Ensino Fundamental (incompleto e completo), Médio (incompleto e completo) e Superior (incompleto, completo e pós-graduação). Observa-se porcentagens semelhantes entre os nipo-brasileiros com ensino superior e fundamental, com um número um pouco inferior daqueles com ensino médio.

Figura 4. Escolaridade dos nipo-brasileiros de Álvares Machado

Nesta pesquisa, as pessoas mais idosas são os próprios imigrantes ou filhos destes, que pelas condições financeiras e da época, tiveram pouca oportunidade de seguir os estudos além do primário. Para confirmar essa situação, construiu-se uma tabela cruzando as variáveis Escolaridade e Idade. Essa última variável foi categorizada em faixas etárias. Na Escolaridade, as classes Fundamental 1 completo e Fundamental 1 completo foram agrupados em Fundamental I, assim como as duas classes de Fundamental 2 completo e incompleto em Fundamental II. Os resultados estão apresentados na Tabela 3. Sobre a escolaridade por faixa etária, as maiores porcentagens estão destacadas na tabela. Os nipo-brasileiros que possuem idade entre 21 e 60 anos estão em maior frequência na opção superior completo. Em relação aos entrevistados com faixa etária entre 61 e 100 anos nota-se que a maioria das pessoas estudou apenas até o fundamental I.

Escola- ridade Faixa Etária 1-20 21-40 41-60 61-80 81-100 Funda- mental I 6 (15,38) 0 (0,00) 0 (0,00) 45 (49,45) 21 (87,75) Funda- mental II 1 (2,56) 1 (1,89) 2 (2,42) 1 (1,1) 2 (8,33) Médio Incomp. 8 (20,51) 1 (1,89) 6 (8,45) 8 (8,79) 0 (0,00) Médio Completo 6 (15,38) 14 (26,42) 18 (25,35) 13 (14,29) 1 (4,17) Superior Incomp. 3 (7,69) 13 (24,53) 3 (4,23) 0 (0,00) 0 (0,00) Superior Completo 0 (0,00) 22 (41,51) 36 (50,70) 19 (20,88) 0 (0,00) Pós- Grad. 0 (0,00) 1 (1,89) 5 (7,04) 3 (3,3) 0 (0,00) Total 39 (100,0) 53 (100,00) 71 (100,00) 91 (100,00) 24 (100,00) Sem in- formação 5 0 2 3 2

Tabela 3. Distribuição da escolaridade dos japoneses por faixa etária

A promoção das festas caracterizadas pelas tradições japonesas é uma marca do município de Álvares Machado.

Os eventos “Shokonsai” e “NipponFest” são promovidos anualmente pela ACEAM e atraem um grande número de pessoas, inclusive não descendentes do povo nipônico. A “Nippon Fest” é uma festa com música e comidas típicas do Japão realizada na sede da ACEAM, localizada no centro da cidade de Álvares Machado. “Shokonsai”, cerimônia religiosa e festival de músicas, danças e comidas típicas japonesas, realizada anualmente na antiga escola e Cemitério Japonês que fica na área rural há 4 km da cidade. Também perguntou-se aos nipo-brasileiros a sua participação em FACAM, festa de 3 a 4 dias organizada anualmente pela prefeitura municipal, com danças, músicas e comidas de várias entidades do município.

A Tabela 4 mostra que todas essas festas são bastante frequentadas pelos nipo-brasileiros, pelo menos 3 em cada 4 pessoas. Dos entrevistados 74,50% dos nipo-brasileiros participam do Nippon Fest, 78,86% participam do “Shokonsai”. Embora ela ocorra longe da cidade e os participantes têm que se locomover com condução própria, a porcentagem de participantes do “Shokonsai” é Funda-mental 35% Médio 27% Superior 38%

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8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Perfil socioeconômico e cultural dos nipo-brasileiros de Álvares muito próxima dos que participam da FACAM

(80,20%).

Festa Sim Não Total

Shokonsai 235 (78,86%) 63 (21,14%) 298 NipponFest 222 (74,50%) 76 (25,50%) 298

FACAM 239 (80,20%) 59 (19,80%) 298

Tabela 4. Proporção de entrevistados que participam das festas promovidas em Álvares Machado.

Conclusões

Esta pesquisa teve como finalidade obter e estudar informações sobre a estrutura atual da colônia japonesa em Álvares Machado para conhecer o perfil socioeconômico e cultural dessa população no município.

Os resultados obtidos através do levantamento e análise dos dados mostraram que após o período imigratório, a população nipo-brasileira de Álvares Machado apresentou constante desenvolvimento. Atualmente, as famílias de japonesas se apresentam em uma classe social estável e grande parte dos entrevistados possui ensino superior completo.

Outra consideração importante é o fato de que a grande maioria dos entrevistados ainda luta pela preservação da sua tradição, participando e organizando festas e eventos consistidos em

atividades típicas da cultura japonesa. Ato este que enaltece o motivo da estabilidade apresentada hoje: a luta dos primeiros japoneses que chegaram ao oeste paulista para trabalhar nas lavouras de café.

Agradecimentos

A Pro-Reitoria de Extensão Universitária pelo apoio financeiro, a comunidade nipo-brasileira de Álvares Machado pela participação na pesquisa, aos alunos Lucas Primo Luz, Luís Fernando Jorge e Gabriel Yoshiaki Goto pelas entrevistas domiciliares realizadas em 2013.

____________________

ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa – CCB 2013.

Critério de Classificação Econômica Brasil. Disponível em http://abep.org/criterio-brasil. Acesso em 10.ago.2015 ASSUNÇÃO, R. M. Estatística Espacial com Aplicações em

Epidemiologia, Economia e Sociologia. Disponível em:

<http://www.est.ufmg.br/leste/publicacoes.htm#2001>. Acesso em: 21 dez. 2004.

BAILEY, T. C., GATRELL, A. C. Interactive Spatial Data Analysis. Essex: Longman Scientific and Technical, 1995. 413p.

SUZUKI, J. P. Álvares Machado, uma saga japonesa. Presidente Prudente: Impress, 2008.

TAKENAKA, E. M. M. Raízes de um povo: a colônia japonesa de

Álvares Machado – SP. 2003. Dissertação (mestrado). Universidade

Referências

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