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Pagamentos Antecipados no Parcelamento da Lei n /2009

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Academic year: 2021

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Fere o princípio da proporcionalidade o pagamento da mesma prestação básica,

acrescidas dos encargos leais, de uma modalidade de Parcelamento da Lei n. 11.941/09,

quando há demora injustificada na alocação de pagamento antecipado advinda da

conversão em renda do valor bloqueado judicialmente no sistema Bacen-Jud.

Érika Gadêlha Muniz

AAA/CE -

emuniz@albino.com.br

A Medida Provisória n. 449/2008 convertida na Lei 11.941/2009 trouxe o Parcelamento Especial em até 180 meses dos créditos tributários vencidos até 30 de novembro de 2008 administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e os débitos para com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.

Independentemente da situação do crédito tributário, constituído ou não, com exigibilidade suspensa ou não, inscrito ou não em dívida ativa, ajuizados ou não, anteriormente parcelados ou não, ele poderia ser pago ou parcelado nos termos da Lei 11.941/2009.

Ocorre que muitos aderentes ao Parcelamento da Lei n. 11941/2009 tinham créditos tributários inscritos e executados, inclusive que tinham sido bloqueados pelo Sistema Bacen-Jud.

Alguns destes bloqueios “on-line” foram revogados pelos Tribunais Regionais Federais, quando do julgamento de mérito do Agravo de Instrumento, sob o argumento de que deveria prevalecer o princípio do meio menos gravoso com o exaurimento de vias extrajudiciais na busca de bens penhorados.

Todavia, o Superior Tribunal de Justiça em novembro de 2010, através do julgamento do Recurso Especial Repetitivo n.º 1.112.943/MA (Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe de 23/11/2010), processado nos moldes do art. 543-C do CPC, firmou entendimento no sentido de que "após o advento da Lei n.º 11.382/2006, o Juiz, ao decidir acerca da realização da penhora on line, não pode mais exigir a prova, por parte do credor, de exaurimento de vias extrajudiciais na busca de bens a serem penhorados".

Desta forma, pelo rito do art. 543 do CPC, os Tribunais Regionais Federais revisaram seus julgados e determinaram a penhora on-line, independentemente do crédito tributário estas ou não no Parcelamento da Lei 11.941/09.

Assim existem duas situações: a) créditos tributários parcelados e em que foram mantidos o bloqueio on-line em todas as instâncias; b) créditos tributários parcelados e que após novembro de 2010 tiveram a determinação de bloqueio on-line através do juízo de retratação nos Tribunais Regionais Federais.

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Para os créditos tributários parcelados e que foram mantidos o bloqueio on-line em todas as instâncias, o procedimento que parecia o mais simples, isto é, depósito judicial, conversão em renda, antecipação de parcelas e liquidação das CDA´s, para os retirar da modalidade parcelada está sendo uma verdadeira via dolorosa, porque o “Sistema” não permite.

O que fazer quando o Sistema Informatizado do Parcelamento da Lei 11.941/09, não permite a retirada de créditos tributários face ao pagamento específico em uma modalidade?

É razoável que o contribuinte continue pagando prestação maior que a devida, quando já sofreu uma “antecipação oficiosa” quitando Certidões em Dívida Ativas da União de uma determinada modalidade, porque o Sistema de Parcelamento não permite a retirada de referidas CDA´s e o seu recálculo automático?

A razoabilidade remete ao princípio da proporcionalidade no tripé necessidade, adequação, proporcionalidade em sentido estrito; assim, verifica-se que apesar de ser necessário e adequado o contribuinte continuar pagando a prestação do Parcelamento, enquanto não há o recálculo, tanto para não incidir em regra de exclusão1, quanto para amortizar sua dívida, configura-se desproporcional exigir o mesmo quantum de prestação, quando débitos já quitados dentro de uma modalidade que ainda constam no Sistema, não deveriam constar.

Acrescente-se ainda que a revisão e o cálculo de valores, após consolidação, é um direito subjetivo garantido por lei, nos termos do art. 10 da Lei 11.941/09, in verbis:

Art. 10. Os depósitos existentes vinculados aos débitos a serem pagos ou parcelados nos termos desta Lei serão automaticamente convertidos em renda da União, após aplicação das reduções para pagamento a vista ou parcelamento. (Redação dada pela Lei nº 12.024, de 2009) (Vide Lei nº 12.865, de 2013)

Parágrafo único. Na hipótese em que o valor depositado exceda o valor do débito após a consolidação de que trata esta Lei, o saldo remanescente será levantado pelo sujeito passivo.

Por sua vez a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 6, de 22 de julho de 2009 - DOU de 23.7.2009 dispôs regras claras quanto ao cálculo da prestação tanto antes quanto depois da consolidação, nos termos do art. 9º2 e art. 3º.

1 Art. 21. Implicará rescisão do parcelamento e remessa do débito para inscrição em DAU ou prosseguimento da execução, conforme o caso, a falta de pagamento:

I - de 3 (três) prestações, consecutivas ou não, desde que vencidas em prazo superior a 30 (trinta) dias; ou II - de, pelo menos, 1 (uma) prestação, estando pagas todas as demais.

2 Art. 9º Para apuração do valor das prestações relativas aos parcelamentos previstos neste Capítulo, será observado o disposto neste artigo.

§ 1º Em relação aos débitos objeto dos parcelamentos referidos no art. 4º que estejam ativos no mês anterior ao da publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008 , e sejam:

I - provenientes do Programa Refis, a prestação mínima será o equivalente a 85% (oitenta e cinco por cento) da média das prestações devidas entre os meses de dezembro de 2007 a novembro de 2008; e

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Ressalta-se que antecipação de prestação é um direito previsto pela pelo art. 7º3 da Lei nº11.941/2009 e regrado pelo art. 17 da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 6/2009, que determina que o montante seja equivalente, no mínimo, ao valor de 12 (doze) prestações, o que implicará redução proporcional da quantidade de prestações vincendas, com amortização das últimas.

Mister se faz que após o cálculo da antecipação das prestações, no caso de conversão em renda advinda de bloqueio on-line, onde se resulta o valor da dívida, haja a computação das prestações pagas, nos termos do art. 9º, §5º da mencionada Portaria.

Ocorre que se o Sistema de Parcelamento da Lei n. 11.941/09 não está compatível para o recebimento de dados de quitação de determinadas Certidões de Dívida Ativa, mantendo-se outras CDA´s dentro da mesma modalidade e computando os valores pagos desde a adesão, necessário se faz a designação de um servidor para o cálculo de forma manual descrito na legislação pertinente, após provocação do contribuinte, de forma que este possa emitir o DARF para ser pago.

Inclusive esta é a orientação prevista em “Perguntas e Respostas” no sítio eletrônico da Receita Federal4, abaixo transcrito:

22.2 Pagamento com os benefícios do pagamento à vista - art. 17 da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 6, de 22 de julho de 2009. II - provenientes dos demais parcelamentos, a prestação mínima será o equivalente a 85% (oitenta e cinco por cento) do valor da prestação devida no mês de novembro de 2008.

§ 2º No caso de débitos já parcelados no programa Refis, cuja exclusão do programa tenha ocorrido no período compreendido entre os meses de dezembro de 2007 a novembro de 2008, a prestação mínima será o equivalente a 85% (oitenta e cinco por cento) da média das prestações devidas no Programa nesse período.

§ 3º No caso de débitos provenientes de mais de um parcelamento, a prestação mínima será equivalente ao somatório das prestações mínimas definidas nos §§ 1º e 2º.

§ 4º Os casos que não se enquadrem nas hipóteses previstas nos §§ 1º e 2º deverão observar a prestação mínima estipulada no art. 3º.

§ 5º Após a consolidação, computadas as prestações pagas, o valor das prestações será obtido mediante divisão do montante do débito consolidado pelo número de prestações restantes, observada as prestações mínimas previstas nos §§ 1º a 4º.

3 Art. 7o A opção pelo pagamento a vista ou pelos parcelamentos de débitos de que trata esta Lei deverá

ser efetivada até o último dia útil do 6o (sexto) mês subsequente ao da publicação desta Lei. (Vide Lei nº 12.865, de 2013) (Vide Lei nº 12.865, de 2013) (Vide Lei nº 12.996, de 2014)

§ 1o As pessoas que se mantiverem ativas no parcelamento de que trata o art. 1o desta Lei poderão amortizar seu saldo devedor com as reduções de que trata o inciso I do § 3o do art. 1o desta Lei, mediante a antecipação no pagamento de parcelas.

§ 2o O montante de cada amortização de que trata o § 1o deste artigo deverá ser equivalente, no mínimo, ao valor de 12 (doze) parcelas.

§ 3o A amortização de que trata o § 1o deste artigo implicará redução proporcional da quantidade de parcelas vincendas.

4http://www.receita.fazenda.gov.br/PessoaFisicaeJuridica/ParcelamentoLei11941/PerguntasRespostas/Pgt oComBeneficiarios.htm#22.2 Pagamento com os benefícios

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22.2.1. Como emitir DARF para pagamento com os benefícios do pagamento à vista - art. 17 da portaria Conjunta PGFN/RFB nº 6, de 22 de julho de 2009?

R: A consolidação do parcelamento deve ser efetivada até a data limite estabelecida no cronograma disponível na página da Receita, no seguinte

endereço:www.receita.fazenda.gov.br/PessoaFisicaeJuridica/Parcelam entoLei11941/OrientacoesPortConjPGFNRFB022011.htm , observando que antecipações não pagas devem ser quitadas em até 3 dias úteis antes da consolidação. Após a consolidação, de posse do demonstrativo , o contribuinte deve dirigir-se à Unidade da RFB para que a o respectivo DARF de pagamento possa ser emitido.

Observa-se que, a resposta do item 22.2, leva-se como marco imprescindível a consolidação, para que o contribuinte de posse do demonstrativo de débitos consolidados, se dirija à Unidade da RFB para que a o respectivo DARF de pagamento possa ser emitido.

Oportuno ressaltar que não raro acontecerá que o demonstrativo de débito consolidado não será suficiente nos casos da não automatização de alocação de pagamento antecipado e computação de prestações pagas.

Principalmente nestes casos, há a necessidade que a Unidade da RFB apresente os valores do demonstrativo do débito, mesmo que importe em nova consolidação.

As demais respostas em relação à liquidação do saldo devedor, mediante ao pagamento antecipado são com base nas possibilidades ofertadas pelo “Sistema”, consoante colação:

22.4. Como liquidar o saldo devedor do Parcelamento pela Lei nº 11.941/2009.

22.4.1. Como faço para liquidar o saldo devedor do meu parcelamento pela Lei nº 11.941/2009?

R: Se todas as antecipações estiverem pagas, o contribuinte deve informar o número de parcelas pretendido, na menor quantidade permitida pelo sistema, emitir os respectivos Darfs e efetuar o pagamento.

22.4.2. Posso liquidar o saldo devedor e simultaneamente aproveitar os benefícios do pagamento à vista - art. 17 da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 6, de 22 de julho de 2009?

R: Se todas as antecipações estiverem pagas, o contribuinte deve informar o número de parcelas pretendido, na maior quantidade permitida pelo sistema. Se essa quantidade for maior que 12, emitir o Darf com vencimento no mês corrente, efetuar o pagamento dessa parcela e dirigir-se, nesse mesmo mês, de posse do Recibo de Consolidação, à Unidade da RFB para que seja emitido o Darf de

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antecipação com os benefícios do pagamento à vista que liquidará o saldo do parcelamento.

Quanto ao débito inscrito em dívida ativa, depreende-se que os mesmos procedimentos da Receita Federal devem ser adotados na Procuradoria da Fazenda Nacional; diversificando o titular da competência, nos termos do art. 20, I, a e b da Portaria Conjunta PGFN/RFB 6/2009, in

verbis:

Art. 20. Relativamente aos pagamentos e parcelamentos de que trata esta Portaria, compete ao titular da unidade da PGFN ou da RFB do domicílio tributário do sujeito passivo, conforme o órgão responsável pela administração do débito, entre outros atos:

I - apreciar: (Redação dada pela Portaria PGFN/RFB nº 15, de 1º de setembro de 2010)

a) pedidos de inclusão, exclusão ou retificação de débitos referente à consolidação do parcelamento; (Redação dada pela Portaria PGFN/RFB nº 15, de 1º de setembro de 2010 )

b) requerimentos de retificação ou de regularização de modalidades; (Redação dada pela Portaria PGFN/RFB nº 15, de 1º de setembro de 2010 )

Ainda sobre o direito do reconhecimento da redução pela antecipação de prestações, o art. 215 da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 2, de 3 de fevereiro de 2011, DOU de 4.2.2011, disciplina que terá por base o valor da prestação apurada para a modalidade de parcelamento analisada e será analisado mensalmente em relação aos pagamentos efetuados, denotando-se a necessidade de computação das parcelas pagas.

Quanto à situação dos créditos tributários parcelados e que após novembro de 2010 tiveram a determinação de bloqueio on-line através do juízo de retratação nos Tribunais Regionais Federais, necessário se faz a comunicação imediata da situação dos créditos tributários e o pedido de reconsideração de bloqueio, tendo em vista a incompatibilidade de efetividade de cumprimento da decisão de bloqueio de valores com a exigibilidade suspensa do crédito tributário.

5 Art. 21. O reconhecimento do direito às reduções de que trata o art. 17 da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 6, de 2009, terá por base o valor da prestação apurada para a modalidade de parcelamento analisada, ainda que decorrente da revisão da consolidação de que trata o art. 17 desta Portaria, devendo ser observado o seguinte:

I - será analisado mensalmente em relação aos pagamentos efetuados, em cada mês, a partir da data original de conclusão da prestação das informações necessárias à consolidação em cada modalidade de parcelamento, inclusive quanto aos arrecadados em data anterior à revisão da consolidação; e

II - somente será considerado em relação ao valor total arrecadado, em cada mês, que exceder ao valor de 12 (doze) prestações, deduzido do valor arrecadado o correspondente ao somatório das prestações devedoras até o mês de arrecadação analisada e da prestação devida com vencimento no referido mês.

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