• Nenhum resultado encontrado

PDC+20 Breve histórico da cultura de permanência - 20 anos de Brasil

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PDC+20 Breve histórico da cultura de permanência - 20 anos de Brasil"

Copied!
10
0
0

Texto

(1)
(2)
(3)

PDC+20

Breve histórico da cultura de permanência - 20 anos de Brasil

Este ano de 2012 é marco histórico da Permacultura no Brasil. Em 1992, ano da saliente Eco92, o criador desse conceito que virou ciência, Bill Mollison, ministrou no Rio Grande do Sul o primeiro Permaculture Design Curse, PDC, do país.

Desde então, ela vem se desenvolvendo tanto de maneira orgânica como institucional com a fundação de institutos e ecovilas em vários biomas brasileiros, como o pampa, o cerrado, a mata atlântica, o semi-árido e a floresta amazônica, ou seja, do extremo sul começou a se expandir alcançando até o norte e nordeste do país, apesar de ainda existirem estados em que nunca foi realizado um PDC ou vivência nesse sentido.

Nesse desenvolvimento histórico ganhou espaço nas universidades com os núcleos de estudos e trabalho, como os grupos de agroecologia, chegando a se inserir em cadeiras eletivas, além de cursos de extensão.

Não foi apenas no meio acadêmico que a Permacultura ganhou espaço e especificidade científica, mas principalmente na prática, em campo, no terceiro setor, seja com as ONG´s ambientais e movimentos sociais (especialmente os ligados a terra), como de maneira autônoma e autodidata.

Dentro deste panorama, a Escola que se sobressaiu é a de linhagem mais social, muito difundida por David Holmgren no mundo. No Brasil, as vésperas da grande Conferência da ONU carinhosamente chamada Rio+20, o permacultor e

(4)

bioconstrutor Marcos Ninguém, apoiado por Clairton Jappa, idealizou o projeto com o intuito de ser um grande feito social, ambiental e comemorativo dos 20 anos de lutas, amadurecimentos e realizações da Permacultura Brasileira.

Não apenas por edição comemorativa, mas cumprindo sua missão em essência formativa, foi então realizado do dia 24 até 31 de maio o Curso Internacional de Design em Permacultura, o PDC +20– com apoios inéditos, o que possibilitou que essa formação fosse gratuita, contando assim com a presença de renomados representantes de diferentes entidades já constituídas e comprometidas com o efetivo desenvolvimento sustentável em todo o território nacional, bem como representantes civis de mais de 40 cidades em estados brasileiros, formando assim uma grande turma aberta à comunidade local e seu entorno.

Tamanho feito só foi possível graças às parcerias estabelecidas; como o apoio da Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul, o subsídio das prefeituras de Rodeio Bonito e Pinhal, também sedes do evento, e o patrocínio de várias cooperativas como a CRELUZ (de energia elétrica), Coogamai (dos garimpeiros da região), Sicredi (cooperativa de crédito), entre outras participações como a Universidade Regional Integrada – URI.

Na Região foi divulgado como I Curso Internacional de Planejamento Sustentável justamente para facilitar a inclusão da comunidade local e do poder público, já que a permacultura ainda não é um tema recorrente na sociedade em geral.

(5)

Ministrado pelos Permacultores Marcos Ninguém (Casa dos Hólons e Instituto CRIS – SP) e Leandro Sparrenberger (Insituto e Ecovila Arca Verde – RS), pelo bioconstrutor Robert Harris Zuum (Ebiobambu – RJ) e pelo Arquiteto Sustentável Marcelo Todescan (Instituto CRIS e Todescan e Siciliano Arquitetura).

O PDC+20 contou ainda com teleconferências do co-criador do conceito da Permacultura David Holmgren (Melliodora - Hepburn Permaculture Gardens – Austrália), da co-criadora do Programa de Educação para a Sustentabilidade Gaia Education May East (Findhorn – Escócia) e do criador do movimento Transition Towns – Cidades em Transição, Rob Ropkins (Totnes – Inglaterra).

(6)

Dentro de sua extensa programação foi ainda realizada, no dia 28/05/12, uma assembleia participativa do Conselho de Assentamento Sustentável das Américas (CASA) na qual estiveram presentes os seguintes representantes: Leandro Sparrenberg, Lívio Cardoso e Marcos Ninguém. Debateu-se nessa reunião aberta aos participantes do curso e a comunidade local os possíveis planos de ações frente à realidade insustentável ecológica, econômica e social do cenário brasileiro.

Constatou-se que a Permacultura é imprescindível para promover uma mudança efetiva não apenas em nosso modo de compreender, mas principalmente, em nosso modo de fazer (existir) no mundo, já que os pilares que a sustentam: inovação tecnológica limpa e renovável; produção segura e benéfica de alimentos, construções civis de baixo carbono, fortalecimento humano e comunitário, são os caminhos que já têm sido percorridos por muitos visionários e que são agora reunidos em uma só ciência de aplicação prática que é a Permacultura.

Para tanto, é essencial o fortalecimento das redes já existentes, e principalmente a interconexão efetiva entre elas, constituindo uma grande teia, bem como o fomento de discussões em encontros regionais de base; para que assim, cada voz representativa possa se juntar formando um só coro.

Esse coro, por sua vez, deve ser registrado e organizado de maneira pragmática, até atingir seu objetivo maior: a implementação de políticas públicas condizentes com as necessidades humanas e naturais.

Antes de atingir, porém, esse alvo, um caminho de amadurecimento e unificação precisa ser percorrido, e isso, por si só, já garante a mudança social necessária para uma verdadeira revolução cultural, que é a base da qual o poder público será o mero reflexo do povo que, por fim, será representado.

(7)

Algumas sugestões práticas foram apresentadas:

1. Implementação dos conceitos da permacultura nas escolas públicas; 2. Reconhecimento do permacultor enquanto profissional regulamentado; 3. A formação de um conselho permanente capacitado a pleitear as

devidas inclusões perante os órgãos governamentais;

4. A criação de um encontro anual ou bianual reunindo as grandes redes e demais interessados.

Essa lista, não está fechada e não é definitiva. Estará sendo continuamente construída.

As instituições que estiveram presentes e que assinam esse documento são:

• Instituto Arca Verde • Casa dos Hólons • Instituto Çarakura • Sítio Amoreza

• Sítio Francisco de Assis • Rastro Selvagem

(8)

http://www.futurescenarios.org

Perguntas realizadas a David Holmgren

durante a vídeo conferência no PDC+20 sobre “Cenários Futuros”

Primeira Pergunta

Qual cenário você acha que tem maior probabilidade de ocorrer?

Tecnologias Verdes e Tecnologias Marrons são cenários mais prováveis do que o Bote Salva Vidas e os Guardiões da Terra, pelo menos enquanto estágios de declínio energético que, com o passar do tempo e após sucessivas crises, acabam levado ao Bote Salva Vidas e/ou Guardiões da Terra. Eu vejo países diferentes como apresentando maiores chances de experimentar cenários particulares, especialmente conforme a globalização enfraquece suas forças unificadoras (por exemplo, estados-nação e a maioria das economias de mercado).

Austrália, como uma superpotência energética emergente, deveria ser capaz de evitar os cenários mais severos (pelo menos pelos próximos 40 anos), mas sua vulnerabilidade às mudanças climáticas tornam o cenário de Tecnologias Marrons mais provável do que o Tecnologias Verdes. Por outro lado, países densamente povoados como o Japão podem ser candidatos a Guardiões da Terra. Países desérticos superpovoados que foram muito ricos com base no petróleo (como a Arábia Saudita) podem ser candidatos ao Botes Salva Vidas se o declínio de sua produção de petróleo se tornar vertiginoso. Mas o objetivo do planejamento baseado em cenários é desenvolver estratégias flexíveis que possam ser aplicadas e adaptadas a todos os cenários. Finalmente, o conceito de cenários simultâneos provavelmente é a forma mais útil de compreender os cenários. Portanto, o estado-nação pode não desaparecer (domínio das Tecnologias Marrons), mas provavelmente será bem menos importante na vida das pessoas do que o espaço doméstico (domínio do Bote Salva Vidas) e a comunidade local (domínio dos Guardiões da Terra).

(9)

Segunda Pergunta

Qual é a situação particular do Brasil nos futuros de declínio energético? O Brasil é uma das superpotências energéticas emergentes. Ele é um dos poucos produtores de petróleo que ainda está expandindo suas prospecções. Seus recursos agrícolas, florestais e hídricos serão de cada vez maior importância nos futuros de declínio energético. O Brasil, juntamente com a Nova Zelândia, são os únicos países que possuem uma pegada ecológica menor do que sua base de recursos, então, em princípio, o Brasil poderia sustentar a sua população (e até mesmo algum crescimento limitado) enquanto a situação em muitos países (tanto ricos quanto pobres) parece ruim a longo prazo.

A natureza relativamente menos afluente e regulamentada do Brasil se comparado com países superdesenvolvidos também é uma vantagem ao permitir respostas flexíveis e de baixo para cima para o declínio energético. Ironicamente, um dos riscos do Brasil, assim como para a Austrália, é que sua riqueza mantida pelos recursos naturais permitirá um crescimento disfuncional do consumo da classe média e projetos e desenvolvimentos infraestruturais arrogantes promovidos por governos que irão criar dívidas sociais, ecológicas e econômicas para as futuras gerações. Outra ameaça é a riqueza natural do Brasil ser comprada por corporações (a maioria de países superpovoados e superdesenvolvidos) pretendendo abastecer seus mercados domésticos ao invés das comunidades locais.

Os ativistas da permacultura devem tirar vantagem dos benefícios da crescente riqueza (financiamento, patrocínio, publicidade e consumo de educação e serviços pela classe média), mas não perder o foco em trabalhos de base, visando a autonomia, que funcionem sem apoio de cima para baixo. Uma dependência demasiada de financiamentos e modismos (mesmo os ambientais) é uma ameaça em uma economia crescente. Por outro lado, não tirar vantagem de uma riqueza existente para financiar projetos de pesquisa e desenvolvimento seria perder uma oportunidade única deste momento histórico, que irá desaparecer assim que a contração econômica iniciar.

A Permacultura pode contribuir para a conservação e maior distribuição da maior riqueza do Brasil (a biodiversidade) como uma contribuição para a construção de novos sistemas ecológicos híbridos localmente e pelo mundo.

Uma esperança em particular é que a permacultura e ativismos relacionados no Timor Leste desenvolvam conexões com o Brasil para ajudar a balancear a enorme influência da Austrália no desenvolvimento do Timor. Como duas nações tropicais com extensivos recursos naturais e sendo ambas ex-colônias de Portugal, o Timor Leste e o Brasil têm muito em comum, mas o Timor Leste é mais como um “irmão caçula” necessitando de ajuda para se libertar das influências corporativas globalistas que acompanham a ajuda australiana.

Com sorte estes pensamentos apressados serão de alguma utilidade para suas discussões.

David Holmgren

(10)

Referências

Documentos relacionados

O Estágio Profissional “é a componente curricular da formação profissional de professores cuja finalidade explícita é iniciar os alunos no mundo da

parameters as total pressure, temperature of the evaporator and bubble pump, total flow rate and also mass fraction concerning the present components on the mixture used to

a) incrementar a produção de pesquisas que subsidiem a consolidação de uma Geomorfologia Escolar, através de estudos sobre os diferentes conceitos vinculados ao relevo na

volver competências indispensáveis ao exercício profissional da Medicina, nomeadamente, colheita da história clínica e exame físico detalhado, identificação dos

Assim, propusemos que o processo criado pelo PPC é um processo de natureza iterativa e que esta iteração veiculada pelo PPC, contrariamente ao que é proposto em Cunha (2006)

Esta pesquisa teve como objetivo avaliar as características de madeira do híbrido Euca/ytpus grandis x Euca/ytpus urophylla e da celulose entre o primeiro ano até o sétimo ano

São considerados custos e despesas ambientais, o valor dos insumos, mão- de-obra, amortização de equipamentos e instalações necessários ao processo de preservação, proteção

Pretendo, a partir de agora, me focar detalhadamente nas Investigações Filosóficas e realizar uma leitura pormenorizada das §§65-88, com o fim de apresentar e