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MARIANA CUNHA DE AGUIAR

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Academic year: 2021

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UFRN - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CCSA - CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DCC - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS MONOGRAFIA

ORIENTADOR PROF. MS. DIOGO HENRIQUE SILVA DE LIMA

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA E EFEITO FORMULAÇÃO: ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA CLASSIFICAÇÃO E EVIDENCIAÇÃO DOS JUROS E DIVIDENDOS RECEBIDOS E JUROS PAGOS NA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO

DE CAIXA SOBRE O PROCESSO DECISÓRIO

MARIANA CUNHA DE AGUIAR

NATAL/RN JULHO 2012

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2 MARIANA CUNHA DE AGUIAR

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA E EFEITO FORMULAÇÃO: ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA CLASSIFICAÇÃO E EVIDENCIAÇÃO DOS JUROS E DIVIDENDOS RECEBIDOS E JUROS PAGOS NA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO

DE CAIXA SOBRE O PROCESSO DECISÓRIO

Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.

Orientador: Prof. Ms. Diogo Henrique Silva de Lima

NATAL/RN JULHO 2012

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3 FOLHA DE APROVAÇÃO

MARIANA CUNHA DE AGUIAR

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA E EFEITO FORMULAÇÃO: ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA CLASSIFICAÇÃO E EVIDENCIAÇÃO DOS JUROS E DIVIDENDOS RECEBIDOS E JUROS PAGOS NA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO

DE CAIXA SOBRE O PROCESSO DECISÓRIO

Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.

Aprovado em:

________________________________________________

Prof. Msc. Diogo Henrique Silva de Lima Orientador

________________________________________________ Profª. Msc. Joana Darc Medeiros Martins

Membro

________________________________________________ Profª. Msc. Adriana Isabel Backes Steppan

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Dedico à minha família essa conquista, a qual foi a grande responsável pela minha trajetória de sucessos até aqui. Em especial aos meus pais, Nazareno Junior e Joyce, que sempre foram meus maiores incentivadores. Ensinaram-me os verdadeiros valores da vida e nunca me deixaram faltar nada. Por tanto amor e dedicação, essa vitória também é de vocês!

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5 AGRADECIMENTOS

A Deus

Que é minha força, meu escudo, que olha por mim e ilumina o meu caminho. Obrigada Senhor!

Ao Meu Orientador Professor e Mestre Diogo Henrique Silva de Lima

Agradeço pelo conhecimento partilhado e pelo tempo investido na minha formação, colaboração valiosa para esta conquista. Obrigada Mestre!

Aos Meus Colegas

Momentos únicos vivenciamos juntos, agradeço a todos que fizeram parte da minha história e levarei sempre em meu coração, em especial, a minha amiga Olívia que sempre esteve comigo, entramos e saímos juntas dessa e a nossa amizade é para sempre.

A Minha Avó Norma, que nos deixou há poucos dias...

Estou bem pertinho de ser contadora, assim como você foi, sei que está orgulhosa da minha conquista, mas maior orgulho tenho de ser sua neta.

A Meu Namorado Cássio Henrique

Pelo apoio e compreensão nos momentos dedicados a este trabalho. Sempre com palavras incentivadoras e torcendo pelo meu sucesso. Obrigada!

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"Para realizar grandes conquistas, devemos não apenas agir, mas também sonhar; não apenas planejar, mas também acreditar". (Anatole France)

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7 RESUMO

Este trabalho tem como principal objetivo verificar se a forma como os demonstrativos do fluxo de caixa são apresentados pode ou não influenciar as decisões dos usuários de informações financeiras, tendo como base as respostas de 94 discentes e 14 docentes do curso de Ciências Contábeis e administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Foi realizado um experimento, apresentado sob a forma de questionário, estruturado com três perguntas simples e objetivas. O questionário é composto pela apresentação exclusiva da Demonstração do Fluxo de Caixa de duas empresas em dois trimestres, com base nas quais os respondentes devem efetuar a análise para responder os três questionamentos. O objetivo da primeira pergunta foi verificar se as diferentes possibilidades de classificações dos itens: recebimento de juros e dividendos e pagamento de juros, registrados na DFC, influencia, de forma significante, a percepção dos indivíduos quanto à avaliação do desempenho da empresa. A segunda pergunta buscou analisar se essa mesma variação de critério de classificação para elaboração na DFC modifica a avaliação dos interessados sobre o risco de cada organização. E, por fim, a terceira pergunta procura verificar se o critério adotado na elaboração da DFC para segregação das operações realizadas no caixa ou equivalente de caixa altera a percepção e, consequente, decisão dos participantes quanto a decisão de investimento. Os resultados do estudo evidenciam que os participantes da pesquisa foram influenciados pela forma como as demonstrações do fluxo de caixa foram apresentadas no momento de avaliar o desempenho das empresas e na decisão final do investimento. A pesquisa só não confirmou a influencia do critério da classificação dos itens com classificações alternativas na DFC sobre a avaliação do risco das entidades. De maneira geral, os participantes tiveram suas escolhas influenciadas pelo critério de classificação das operações, comprovando a ocorrência do efeito formulação. Isto significa que os gestores da informação, podem utilizar dessa possibilidade de classificação alternativa para conduzir os usuários para uma percepção de desempenho melhor do que na realidade a entidade possui.

Palavras-Chave: Efeito Formulação; Demonstração do Fluxo de Caixa;

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8 LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Estatística Descritiva – Análise Geral da Decisão de Investimento ... 35 Gráfico 2- Estatística Descritiva – Análise do Desempenho Estratificada por Tipo ... 36 Gráfico 3 – Estatística Descritiva - Análise da Decisão de Investimento Estratificada por Tipo ... 38 Gráfico 4 - Estatística Descritiva – Análise da Decisão de Investimento Estratificada por Gênero ... 41 Gráfico 5 - Estatística Descritiva – Análise da Decisão de Investimento Estratificada pela Idade... 44

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9 LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Perfil dos Respondentes ... 30

Tabela 2: Perfil dos Respondentes – Faixa Etária e Gênero ... 31

Tabela 3: Estatística Descritiva – Análise Geral do Desempenho ... 31

Tabela 4:Nível de Significância – Análise Geral do Desempenho... 32

Tabela 5: Estatística Descritiva – Análise Geral do Risco ... 33

Tabela 6: Nível de Significância – Análise Geral do Risco ... 33

Tabela 7: Teste Qui-Quadrado – Análise Geral da Decisão de Investimento ... 35

Tabela 8: Nível de Significância – Análise Estratificada do Desempenho ... 37

Tabela 9: Estatística Descritiva – Análise do Risco Estratificada por Tipo ... 37

Tabela 10: Nível de Significância – Análise do Risco Estratificada por Tipo ... 38

Tabela 11: Teste Qui-Quadrado – Análise da Decisão de Investimento Estratificada por Tipo ... 39

Tabela 12: Estatística Descritiva–Análise do Desempenho Estratificada por Gênero 40 Tabela 13: Nível de Significância - Análise do Desempenho Estratificada por Gênero40 Tabela 14:Estatística Descritiva – Análise do Risco Estratificada por Gênero ... 40

Tabela 15: Nível de Significância – Análise do Risco Estratificada por Gênero ... 41

Tabela 16: Teste Qui-Quadrado – Análise da Decisão de Investimento Estratificada por Gênero ... 42

Tabela 17: Estatística Descritiva - Análise do Desempenho Estratificada pela Idade42 Tabela 18: Nível de Significância - Análise do Desempenho Estratificada pela Idade43 Tabela 19: Estatística Descritiva - Análise do Risco Estratificada pela Idade ... 43

Tabela 20: Nível de Significância - Análise do Risco Estratificada pela Idade ... 44

Tabela 21: Teste Qui-Quadrado - Análise da Decisão de Investimento Estratificada pela Idade... 45

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10 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 12 1.1 JUSTIFICATIVA E PROBLEMÁTICA ... 12 1.2 OBJETIVOS ... 14 1.2.1 Objetivos Gerais ... 14 1.2.2 Objetivos Específicos ... 14 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ... 14 2. REFERENCIAL TEÓRICO ... 16 2.1 FINANÇAS COMPORTAMENTAIS ... 16 2.2 EFEITO FORMULAÇÃO ... 18 2.3 DEMONSTRAÇÃO FINANCEIRAS ... 19

2.4 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA ... 19

2.4.1 Classificação das movimentações de caixa e equivalentes de caixa ... 22

2.4.2 Classificação dos juros e dividendos recebidos e pagos ... 23

3. METODOLOGIA DA PESQUISA ... 27

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 30

4.1 PERFIL DOS RESPONDENTES ... 30

4.2 ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA FORMA DE EVIDENCIAÇÃO DE ITENS POLÊMICOS DA DFC SOBRE AVALIAÇÕES DE DESEMPENHO E RISCO - ANÁLISE GERAL ... 31

4.3 ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA FORMA DE EVIDENCIAÇÃO DE ITENS POLÊMICOS DA DFC SOBRE AVALIAÇÕES DE DESEMPENHO E RISCO - ANÁLISE ESTRATIFICADA ... 36

4.3.1Tipo do Respondente ... 36

4.3.2Gênero ... 39

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 46

REFERÊNCIAS ... 48

APÊNDICES ... 50

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12 1. INTRODUÇÃO

A demonstração de fluxo de caixa (DFC) vem se tornando cada vez mais essencial para analisar a situação financeira de uma empresa. Os resultados da análise da movimentação de entrada e saída do caixa trazem resultados relevantes que pode representar, principalmente para empresas novas ou em fase de expansão, a diferença entre seu sucesso e fracasso.

Com a promulgação da Lei 11.638/07, que alterou alguns dispositivos da Lei das Sociedades por Ações, ficou reforçada a importância de elaborar a DFC. A lei trouxe nova redação à antiga demonstração das origens e aplicações de recursos (DOAR) passando a exigir a DFC dentre o rol das demonstrações exigidas ao fim de cada exercício social. Também foi reeditado o parágrafo 6º deste mesmo artigo, que prevê uma exceção a sua exigibilidade, sendo dispensável para as empresas de capital fechado que, na data do balanço, apresentem patrimônio líquido inferior à R$ 2.000.000,00.

No artigo 188 da Lei 6.404/76 é definido o que a DFC deve conter. É previsto que nela estejam indicadas as alterações ocorridas durante o exercício no saldo de caixa e equivalentes de caixa e que estas sejam segregadas em 3 (três) fluxos: das operações, dos financiamentos e dos investimentos.

Para estabelecer regras de como as entidades devem elaborar e divulgar a DFC, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) emitiu o Pronunciamento Técnico CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa, aprovado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Banco Central e Conselho Monetário Nacional. (IUDÍCIBUS, 2010)

No entanto, essas normas não são suficientes para responder todas as dúvidas quanto à elaboração da DFC. As normas internacionais apenas sugerem a classificação de algumas operações, como o recebimento e pagamento de juros e dividendos, no qual há certa liberdade quanto as suas classificações, devendo haver o julgamento, por parte do contador, definindo se eles serão apresentados no grupo de atividade operacional ou de atividade de investimento.

As normas internacionais de contabilidade preocupam-se mais em dar a filosofia, ou seja, os princípios básicos que devem ser seguidos pelo raciocínio

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contábil. O uso de princípios, ao invés de regras, obriga a realização de maior julgamento e maior análise, proporcionando informações contábeis com maior qualidade e utilidade (FIPECAFI, 2010).

Além de adotar os princípios fundamentais da contabilidade como ponto norteador, o profissional deve conhecer muito bem a operação a ser realizada e as circunstancias que a cercam, a fim de aplicar a correta essência sobre a forma. É mister, ainda, observar os efeitos que essa escolha pode causar na análise das informações apresentadas.

1.1 Justificativa e Problemática

Para o Financial Accounting Standard Board – FASB, o objetivo das divulgações financeiras é fornecer informação útil para aqueles que tomam decisões econômicas a respeito de empresas e sobre investimentos e empréstimos empresariais. Para atender esse objetivo as informações devem atender às necessidades daqueles a quem a informação é destinada (FIPECAFI, 2010).

Os usuários da informação contábil estão cada vez mais interessados na capacidade de geração de caixa das empresas (BRAGA, MARQUES, 2001). Foi a partir dessa necessidade de informações sobre a vida financeira da empresa, possível através do conhecimento das movimentações de caixa e equivalentes de caixa, que levou ao nascimento da obrigatoriedade da DFC.

A DFC visa oferecer, aos usuários, informações sobre a capacidade da entidade gerar caixa, detalhadas na forma de pagamentos e recebimentos ocorridos em determinado período. Informações essas, necessárias para sustentar as decisões econômicas e financeiras tomadas pelos usuários (IUDÍCIBUS, 2010).

No entanto, o Pronunciamento Técnico CPC 03 (R2), permitiu que os fluxos de caixa relativos a juros e dividendos pudessem ser divulgados de diferentes maneiras. E também permitiu que a escolha desse critério fosse gerenciada pelo usuário da informação contábil. Porém, caso a entidade não divulgue adequadamente essas informações o usuário pode ser penalizado.

Nesse contexto, os gestores da informação podem empreender ações na direção de diminuir a percepção de risco da empresa e/ou aumentar a avaliação do

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desempenho, tornando a entidade mais atrativa (KOONCE, McANALLY, MERCER, 2005 apud LIMA, 2007).

Quanto a esse comportamento, o efeito formulação defende que a forma como a situação é colocada ou estruturada pode levar a decisões divergentes. Desta forma, se a classificação de itens alternativos na DFC for capaz de impactar a avaliação dos indivíduos sobre a posição financeira da empresa, então, seria possível afirmar que tal discussão está associada ao efeito formulação. Já que a maneira como a situação é estruturada seria capaz de alterar significativamente a escolha dos indivíduos.

Assim, esta pesquisa se propõe a responder ao seguinte questionamento: as

diferentes alternativas de classificação de alguns itens da DFC podem (ou não) influenciar a percepção e as, conseqüentes, decisões dos usuários de informações financeiras?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Verificar se o critério adotado para classificação e consequente evidenciação dos juros pagos e recebidos e dos recebimentos de dividendos na Demonstração do Fluxo de Caixa pode ou não influenciar as decisões dos usuários de informações contábeis.

1.2.2 Objetivo Específico

Estudar a estrutura da Demonstração do Fluxo de Caixa, demonstrando a sua utilidade e importância no processo decisório e evidenciando os itens que podem ser classificados de forma alternativa.

Verificar se o critério adotado na elaboração da DFC para segregação das operações realizadas no caixa ou equivalente de caixa influencia a percepção do tomador de decisão sobre o desempenho organizacional;

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Analisar se a mudança nas classificações atribuídas para operações de caixa e equivalentes de caixa registradas na DFC alteram a avaliação dos seus usuários quanto ao risco oferecido pela empresa;

Investigar se as diferentes classificações adotadas para algumas operações registradas na DFC são capazes de influenciar a percepção do usuário da informação e, consequente, decisão de investimento desses indivíduos.

1.4 Estrutura do Trabalho

O presente estudo está estruturado em cinco capítulos. O primeiro capítulo apresenta os aspectos introdutórios, abordando a justificativa para sua consecução, o problema de pesquisa, bem como os objetivos a serem alcançados.

O capítulo 2 traz a revisão da literatura, destacando pontos-chaves como as Finanças Comportamentais, o efeito formulação, a Contabilidade Comportamental, a demonstração do fluxo de caixa, assim como a relação entre o efeito formulação e a elaboração da DFC.

No capítulo 3 é descrita a metodologia da pesquisa, evidenciando detalhadamente os procedimentos aplicados ao estudo, desde a elaboração e aplicação do questionário, seleção da amostra, coleta de dados até as análises estatísticas utilizadas para testar as hipóteses de pesquisa.

O Capítulo 4 aborda a análise dos resultados da pesquisa. Finalmente, o capítulo 5 apresenta as considerações finais, assim como as recomendações para futuras pesquisas.

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16 2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 FINANÇAS COMPORTAMENTAIS

Na busca pela compreensão do comportamento do investidor no processo de tomada de decisão, Kahneman e Tversky publicaram, no final da década de 70, trabalhos sobre as atitudes dos investidores no mercado financeiro em diversas situações em que haviam benefícios e riscos envolvidos nessa decisão (HALFELD, TORRES, 2001).

O Estudo levou ao surgimento das finanças comportamentais (Behavioral Finance) no meio acadêmico. Porém, ao longo da década de 80, obteve um desenvolvimento muito pequeno. Somente no final dessa década, com o desgaste do modelo moderno de finanças, é que o estudo das finanças comportamentais foi fortalecido, ganhou adeptos e pôde consolidar alguns outros conceitos como a autoconfiança excessiva, os exageros quanto ao otimismo e ao pessimismo e a sobre-reação às novidades do mercado (HALFELD, TORRES, 2001).

As finanças comportamentais são um ramo do estudo de finanças que tem como objetivo a revisão e o aperfeiçoamento do modelo econômico-financeiro atual, buscando incorporar os aspectos psicológicos dos indivíduos no processo de avaliação e precificação de ativos financeiros (KIMURA, 2003).

As Finanças Comportamentais defendem que os agentes não são totalmente racionais, mas decidem influenciados por emoções e erros cognitivos (LIMA, 2007), fazendo com que um usuário da informação entenda um mesmo problema de formas diferentes dependendo da maneira como seja analisado.

Neste mesmo sentido Kimura (2003) afirma que:

As finanças comportamentais consideram que os investidores podem agir de maneira não-racional impactando consistentemente o comportamento do mercado. Assim, os defensores das finanças comportamentais advogam a possibilidade de ganhos extraordinários decorrentes de distorções previsíveis nos preços dos ativos financeiros.

A teoria que fundamenta as finanças comportamentais é a Teoria de Prospecto (Prospect Theory) na qual, segundo KIMURA (2003), as probabilidades são

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substituídas por pesos de decisão e os valores são atribuídos aos ganhos e às perdas ao invés de serem relacionados aos resultados finais.

Essa Teoria foi desenvolvida por Kahneman e Tversky a fim de descrever as preferências das pessoas em condições de risco, já que para estes estudiosos, as teorias normativas falhavam na representação do comportamento decisório humano porque, simplesmente, as pessoas não seguem padrões requeridos ou enunciados como racional (LIMA, 2007).

Assim, a Teoria do Prospecto permite identificar comportamentos diferentes diante das perdas e dos ganhos, como por exemplo, “a disposição do indivíduo em aumentar sua exposição a riscos visando recuperar perdas passadas e a tendência do investidor em reverter posições prematuramente para realizar lucros” (KIMURA, 2003). Ou seja, a teoria do prospecto analisa como as pessoas realmente agem no processo de tomada de decisão sem levar em consideração as imposições arbitrárias e irreais do que seria racional pela teoria econômica (LIMA, 2007).

Diferente das outras teorias, a Teoria do Prospecto é uma teoria descritiva que não procura dizer a forma como os indivíduos “devem decidir”, mas buscam observar as suas atitudes no processo de escolha sob condições de risco. Desta forma, a Teoria descreve três tipos de efeitos percebidos no processo de tomada de decisão dos indivíduos: efeito certeza (certainty effect), efeito reflexão e efeito isolamento (isolation effect).

O efeito certeza é o fenômeno descrito pela tendência dos indivíduos atribuírem maior peso às possibilidades que têm maior probabilidade de acontecer (ALDRIGHI, MILANEZ, 2005). “No domínio dos ganhos, o efeito certeza contribui para a preferência por um ganho certo a um ganho maior, mas que é meramente provável” (LIMA, 2007).

O segundo efeito percebido por Kahneman e Tversky é o efeito reflexão ou aversão à perda, já que quando os prospectos mudam apenas de sinal, há uma inversão de preferências. O viés psicológico de valorização excessiva da certeza traduz-se em maior aversão ao risco no domínio dos prospectos positivos e em maior propensão ao risco no domínio das expectativas de perdas, desta forma, “os indivíduos preferem uma perda com probabilidade de ocorrência inferior a 100% a uma perda certa ainda que menor” (ALDRIGHI, MILANEZ, 2005).

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Por fim, o efeito isolamento evidencia a tendência dos indivíduos tentarem simplificar o processo de decisão através da desconsideração de grande parte dos aspectos comuns de cada uma das opções de escolha disponível, levando em consideração para análise os aspectos que as distinguem (ALDRIGHI, MILANEZ, 2005). Este é o processo conhecido como operação de cancelamento.

O efeito isolamento tem como importante consequência o efeito formulação (formulation effect) ou Framing Dependence que se refere à forma como um problema é colocado ao tomador de decisão. Conclui Lima (2007) que “a maneira como uma situação é estruturada é capaz de alterar significativamente a escolha dos indivíduos”.

2.2 EFEITO FORMULAÇÃO

O Efeito Formulação (Formulation Effect) ou Framing Dependence é uma conseqüência do efeito isolamento. Ele se refere à forma como um problema é colocado ao tomador de decisão, buscando perceber se a maneira como um resultado é apresentado possui ou não importância para a decisão final do investidor (LIMA, 2007).

Esse efeito é observado diante de uma situação que pode ser colocada ou estruturada de diferentes maneiras podendo provocar preferências discrepantes no momento da escolha. Kahneman e Tversky (1984 apud LIMA, 2007) chamam atenção para o processo de controlar a formulação dos resultados. O processo decisório pode ser influenciado sem a distorção ou supressão de informações, mas simplesmente pela alteração da forma de apresentação (ou contextualização) dos resultados.

Estes mesmos estudiosos afirmam que o Efeito Formulação “pode ocorrer fortuitamente, sem a consciência do seu impacto na decisão final, mas também pode ser explorado deliberadamente para manipular a relativa atratividade de uma opção” (KAHNEMAN, TVERSKY, 1984 apud LIMA, 2007). Evidenciam, ainda, que, como era de se esperar, as tentativas de influência da decisão final do investidor, utilizando-se o framing, são comuns no mercado de capitais.

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19 2.3 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

As demonstrações financeiras representam a estrutura da situação financeira e do desempenho financeiro de uma entidade. Sua principal finalidade é fornecer informações sobre a posição financeira, o desempenho financeiro e o fluxo de caixa de uma entidade que sejam úteis a uma ampla gama de usuários quando da tomada de decisão no campo do investimento (IUDÍCIBUS, 2010).

A IAS 1 exige que um conjunto completo de demonstrações financeiras sejam apresentadas anualmente. Para ser considerada como completa, conforme exigência do IAS, a demonstração financeira deverá compreender: a demonstração da posição financeira, a demonstração do resultado abrangente, a demonstração das mutações no patrimônio líquido, a demonstração do fluxo de caixa, as notas, abordando um resumo das políticas contábeis importantes e outras informações explicativas, e nos casos de ajustes reconhecidos retrospectivamente, deverá apresentar uma coluna adicional com os saldos de abertura da demonstração da posição financeira.

Os usuários das demonstrações financeiras de uma empresa qualquer estão interessados em como essa empresa gera e usa os recursos e os seus equivalentes de caixa durante determinado período. Neste sentido observa-se que o fluxo de caixa atente a esta expectativa do usuário, pois o IAS 1 descreve que as informações apresentadas na DFC fornecem ao usuário uma base para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalente de caixa, bem como expõe as necessidades da entidade de utilizar esse fluxo de caixa (FIPECAFI, 2010).

2.4 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

As empresas estão sempre em busca da otimização de suas atividades e os investidores em busca das empresas com melhor desempenho. No sentido de alcançar seus objetivos, as empresas precisam gerenciar e demonstrar seus recursos financeiros com a maior eficiência e eficácia possível. Já os investidores devem filtrar as informações disponíveis para obter o maior retorno do investimento.

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Enquanto que a demonstração de resultado e os balanços são baseados em métodos de contabilidade de competência, o que significa que as receitas e as despesas são reconhecidas quando são incorridas, mesmo que nenhum dinheiro tenha sido trocado, a demonstração do fluxo de caixa reconhece apenas as transações nas quais o dinheiro muda de mãos. (BODIE, KANE, MARCUS, 2000).

Portanto, a Demonstração do fluxo de caixa é uma demonstração dinâmica, que oferece informações úteis no processo de tomada de decisão, representando a previsão, o controle e o registro de entradas e saídas financeiras no caixa e equivalentes de caixa durante um determinado período, contendo informações sobre a vida financeira da empresa.

As informações apresentadas na DFC, principalmente quando analisadas com as demais demonstrações financeiras, são úteis para a compreensão sobre a capacidade da empresa de gerar fluxos de caixa futuros, a capacidade da empresa de honrar seus compromissos, pagar dividendos e retornar empréstimos obtidos, avaliar a liquidez, solvência e flexibilidade financeira, assim como avaliar a taxa de conversão de lucro em caixa e os efeitos das transações de investimento e financiamento sobre a posição financeira da empresa (MACEDO et al., 2011). A DFC também facilita aos usuários desenvolver modelos para determinar e comparar o valor presente dos fluxos de caixa futuros de diferentes empresas (IUDÍCIBUS, 2010).

Apesar dos benefícios advindos da utilização da DFC, a sua divulgação não era obrigatória até o ano de 2008, quando passou a ser obrigatória por força da Lei 11.638/07. Antes disso, poucas eram as empresas que se preocupavam com o fluxo de caixa. Porém desde antes sua exigibilidade mediante lei, Matarazzo (1995) tratava a DFC como uma das demonstrações financeiras mais úteis. Ele ressalta o uso imprescindível da DFC, pelo fato de que, quase sempre, os problemas de insolvência ou iliquidez ocorrem por falta de uma adequada administração do fluxo de caixa. “Muitas empresas vão à falência por não saberem administrar seu fluxo de caixa” (MATARAZZO, 1995, p. 370 apud QUINTANA, SERAFIN, AURIN, 2003).

A obrigatoriedade da publicação da DFC está seguindo uma tendência internacional que foi iniciada no Canadá em 1985. Também é adotada nos Estados

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Unidos desde 1987, na Inglaterra desde 1991 e em outros países, assim como no Brasil, vindo a subsistir a DOAR (QUINTANA, SERAFIN, AURIN, 2003).

Essa foi uma das importantes mudanças que ocorreram na área da contabilidade no Brasil, trazidas, principalmente, pela lei 11.638/07. Essa lei foi criada em função do novo ambiente financeiro globalizado o qual necessita de comparabilidade entre o desempenho das companhias globalizadas. Por isso, visam modernizar a legislação, eliminando barreiras regulatórias existentes e tratando de alinhar as normas e práticas contábeis brasileiras às internacionais (FIPECAFI, 2010).

A DFC passou a ser obrigatória para as companhias abertas, companhias de grande porte, e sociedades anônimas de capital fechado com patrimônio líquido superior a R$ 2.000.000,00. É permitida a elaboração da DFC tanto pelo método direto como pelo método indireto. O método indireto parte do lucro líquido do exercício para chegar à conciliação com o caixa gerado pelas operações. E o método direto destaca as movimentações financeiras explicitando as entradas e saídas de recursos (IUDÍCIBUS, 2010).

Entretanto, a legislação pertinente não regulava a forma de elaboração da DFC, vindo, posteriormente, a ser divulgado o Pronunciamento Técnico 03 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) cujo objetivo é auxiliar a forma como deverá ser elaborada e apresentada a demonstração em análise.

Para fins da elaboração da DFC, o conceito de caixa é ampliado, contemplando, além de numerário em espécie e depósitos bancários, as aplicações financeiras de curto prazo de alta liquidez e de insignificante risco de mudança de valor, o foi denominado de equivalente de caixa (MACEDO et al., 2011).

Sua primeira exigência é a de que a demonstração deverá ter suas movimentações de caixa classificadas por grupo de atividade, existindo três tipos: as atividades operacionais, as atividades de investimento e as atividades de financiamento (ASSAF NETO, 2010). Assim previne o CPC 03 que “a entidade deve apresentar seus fluxos de caixa advindos das atividades operacionais, de investimento e de financiamento da forma que seja mais apropriada aos seus negócios”.

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O segundo requisito é evidenciar, em Notas Explicativas, as transações de investimento e financiamento que afetam a posição patrimonial da empresa, mas não impactam diretamente os fluxos de caixa do período (Debêntures Conversíveis, Aquisição Financiada de Imobilizado). E por último, é exigida a reconciliação do resultado líquido com o caixa líquido gerado ou consumido.

2.4.1 Classificação das movimentações de caixa e equivalentes de caixa

Os fluxos financeiros operacionais descrevem basicamente as principais atividades geradoras de receita da entidade (CPC 03), aquelas que também são apresentadas na demonstração do resultado (ASSAF NETO, 2010). Esse grupo é responsável por gerar fluxo de caixa suficiente para pagar os empréstimos, manter a capacidade operacional da empresa, pagar dividendos e fazer novos investimentos sem recorrer a fontes externas (FIPECAFI, 2010).

Os fluxos financeiros de investimento são geralmente determinados por variações nos ativos não circulantes (ASSAF NETO, 2010). A esse respeito, o CPC 03 (ponto 16) restringe que só são passíveis de classificação, como atividade de investimento, os desembolsos que resultem em ativo reconhecido nas demonstrações contábeis. Sua utilidade é a representação da extensão dos dispêndios realizados comparado aos recursos destinados a gerar rendimentos e fluxos de caixa futuro. (FIPECAFI, 2010).

Os fluxos financeiros de financiamentos referem-se basicamente às operações com credores e investidores, indicando a exigência de fluxos futuros de caixa (CPC 03). Na interpretação de Iudícibus (2010), essa classificação dos fluxos evidencia a capacidade que a empresa tem, oriunda de recursos externos, para financiar as necessidades de recursos das atividades operacionais e de investimento.

Apesar das normas que regem a classificação das operações de caixa de uma empresa, para efeito de elaboração da DFC, principalmente o CPC 03, trazerem um rol de atividades que devem ser apresentadas em cada grupo, existem operações das quais não se tem um consenso sobre a melhor forma de classificá-las, como ocorre com os juros e dividendos pagos e recebidos.

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De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 03 (R2), os fluxos de caixa relativos a juros e dividendos podem ser divulgados de diferentes maneiras, e os requisitos de divulgação desse Pronunciamento fazem com que essas escolhas possam ser gerenciadas pelo usuário da informação contábil. Porém, caso a entidade não divulgue adequadamente essas informações, o usuário pode ser penalizado (GOES, SALOTTI, 2011).

Assim, pode-se entender que o CPC 03 fornece apenas subsídios norteadores para que as empresas façam o correto julgamento dos juros e dividendos conforme suas atividades. O pronunciamento explica os conceitos de cada grupo e apresenta as justificativas para suas possíveis classificações tanto como operacionais, como de investimentos e também de financiamentos.

No entanto, fica evidente a preferência do CPC pela classificação dos juros, recebidos e pagos, e os dividendos e juros sobre o capital próprio recebidos como atividades operacionais, e os dividendos e juros sobre o capital próprio pagos como atividades de financiamento. No entanto, deixa a opção para classificá-lo de forma diferente da sugerida, neste caso, sendo obrigado evidenciar a alternativa diferente em nota explicativa.

2.4.2 Classificação dos juros e dividendos recebidos e pagos

Um dos problemas observados por Macedo et al. (2011) em seu estudo sobre a DFC consiste na classificação das entradas e saídas de caixa, segundo a natureza da transação que, por vezes, pode acarretar ambiguidades, a exemplo dos fluxos de caixa referentes a juros, dividendos e juros sobre o capital próprio.

Nas instituições financeiras, os juros pagos e os juros e dividendos recebidos são, geralmente, classificados como fluxos de caixa operacionais já que estão diretamente relacionados com a atividade principal da empresa (FIPECAFI, 2010).

Porém, nas demais empresas, como já comentado, não existe um consenso quanto a sua classificação já que o CPC 03 não exige uma classificação específica para os juros e dividendos pagos e recebidos. Eles devem ser classificados de maneira consistente de período a período como atividade operacional, de investimento ou de financiamento (GOES, SALOTTI, 2011).

(24)

24

Para a classificação dos juros pagos é facultada, pelo IASB (International Accounting Standards Board), a opção entre o fluxo de caixa de atividades operacionais ou de financiamento. Isto ocorre pelo fato de o IASB não ver consenso nas práticas mundiais a esse respeito (IUDÍCIBUS, 2010). Os juros pagos podem ser classificados como atividade operacional porque entram na determinação do resultado líquido. Alternativamente, podem ser classificados como financiamento, quando compuser o custo de obtenção de recursos financeiros (FIPECAFI, 2010). Aqui no Brasil, o Pronunciamento Técnico CPC 03 apenas incentiva que os juros pagos sejam considerados como atividade operacional.

A esse respeito, na visão de Macedo et al. (2011), a recomendação do CPC 03 parece pouco coerente, pois os juros pagos estão relacionados a estrutura e ao custo de capital da empresa. Portanto, deveriam ser classificados no grupo de financiamento e não no grupo das atividades operacionais.

Crítica parecida faz Braga e Marques (2001), ao afirmar que a classificação de juros como atividades operacionais “não se coaduna com a literatura de finanças, uma vez que se referem a decisões de financiamento (juros e encargos de linhas de crédito)”, explicando que “ainda que os empréstimos sejam utilizados para compra de mercadorias para revenda, houve uma decisão de financiamento que irá acarretar desembolsos futuros do principal e encargos: as saídas de caixa decorrentes daquela decisão”.

A respeito dos juros recebidos, a recomendação do CPC e IASB é igualmente criticável ao encorajar classificá-los no grupo das atividades operacionais. Isso porque, para uma empresa não financeira, emprestar dinheiro não faz parte de sua atividade fim, mas a concessão de empréstimos, nesses casos, são atividades secundárias. “Logo, esses juros, que representam a remuneração do capital investido, deveriam de fato ser classificados no grupo das atividades de investimento” (MACEDO et. al, 2011).

Assim como os juros, os dividendos e juros sobre capital próprio recebidos correspondem à remuneração do capital investido, por isso, alguns autores entendem que deveriam integrar o grupo das atividades de investimento, como facultado pelo IASB. Mas o CPC 03 dá preferência pela classificação dessas atividades como operacionais porque entram na determinação do resultado líquido.

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25

Nesse mesmo sentido dispõe a FASB (The Financial Accounting Standards Board), obrigando a serem classificados como operacionais todos os itens que transitam pela demonstração do resultado.

Braga e Marques (2001) exemplificam as hipóteses de recebimento de dividendos e suas respectivas classificações:

Receber periodicamente dividendos de controladas decorre de uma decisão de investimento, a aquisição de participação acionária nessas empresas; já receber dividendos como forma de negócio (sociedade de participações) envolve uma decisão operacional. De qualquer modo, as duas visões de classificação podem ser articuladas a partir de um conjunto adicional de informações.

Já em relação aos dividendos pagos, o CPC 03 sugere a classificá-los como atividade de financiamento. Isso porque são custos da obtenção de recursos financeiros. Por outro lado, eles podem ser classificados como componentes do fluxo de caixa das atividades operacionais, visando ajudar os usuários a determinar a capacidade de uma empresa de pagar dividendos a partir dos fluxos de caixa operacionais.

É mister ressaltar que essas alternativas permitidas pelo CPC 03, e também pela IAS 7, tem sido alvo de criticas por parte da comunidade acadêmica da área contábil. Isso porque, além de tecnicamente incoerentes, possibilitam comportamentos oportunistas. Ou seja, além de prejudicarem a comparabilidade entre empresas, possibilitam o gerenciamento dos fluxos de caixa pelos responsáveis pela elaboração e publicação das demonstrações contábeis. Nesse contexto, tais tratamentos prejudicam a relevância da informação contábil para fins de tomada de decisão econômica (MACEDO et al, 2011).

A escolha de padrões contábeis e princípios para justificá-los é tanto uma questão de opção política quanto uma escolha técnica (HENDRIKSEN, VAN BREDA, 1999) que pode influenciar profundamente o entendimento do usuário da demonstração a respeito da situação financeira da empresa. Por tanto é necessário que a escolha de uma alternativa diferente da recomendada pelas normas do Brasil, as quais estão resumidas no Pronunciamento Técnico CPC 03, devem ser evidenciadas em notas explicativas.

(26)

26 2.4.3 Possibilidades da relação existente entre o efeito formulação e as

diferentes classificações de determinados itens da DFC

A complexidade na elaboração de teorias sobre a divulgação de informações financeiras e o fato de que a contabilidade produz efeitos econômicos para seus usuários faz com que, no momento em que um novo padrão contábil é adotado, alguns ganhem e outros percam (HENDRIKSEN, VAN BREDA, 1999).

Para que as empresas possam obter o real benefício de uma demonstração financeira, esta deverá informar de forma clara e objetiva a posição patrimonial e os resultados de suas operações, e também sobre as práticas contábeis adotadas e as políticas de apresentação escolhida. (FIPECAFI, 2010). Pois a forma como um resultado é apresentado tem grande importância para a decisão final. Uma situação pode ser colocada ou estruturada de diferentes maneiras e provocar preferências discrepantes entre uma ou outra (KAHNEMAN, TVERSKY, 1984 apud LIMA, 2007).

Esse é o comportamento descrito pelo efeito formulação, que entende que a forma como as demonstrações contábeis são apresentadas é capaz de impactar na decisão final do investidor.

Existe a possibilidade de associação entre o efeito formulação e a DFC no momento em que o CPC 03, permitiu que os fluxos de caixa relativos ao recebimento e pagamento de juros e dividendos pudessem ser divulgados de diferentes maneiras. A decisão por classificar o recebimento de juros como atividade de investimento pode gerar um saldo negativo nas atividades operacionais. Se isso ocorrer, provavelmente, irá conduzir a percepção de baixo desempenho da entidade. Por existir outra alternativa, mesmo que na sua essência seja preferível classificá-lo como atividade de investimento, é possível que esta empresa classifique esses juros como atividade operacional para melhorar a percepção do seu desempenho.

Normalmente, as pessoas levam mais em consideração as informações apresentadas nas demonstrações do que as provenientes do desenvolvimento lógico dos demonstrativos. Isto significa que o procedimento empírico que leve a decisões corretas é melhor do que um procedimento contábil conceitualmente correto que possa levar a uma decisão ou comportamento inadequado (IUDÍCIBUS, 2000).

(27)

27 3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Com base na discussão apresentada no referencial teórico sobre o efeito formulação e estudo da Demonstração do Fluxo de Caixa e suas relações com decisões de investimento, esse trabalho tem como principal objetivo verificar se a avaliação do desempenho e risco de empresas pode ser influenciada pelo critério de classificação das operações adotado por cada organização na divulgação da DFC.

A fim de verificar a possibilidade do objetivo proposto buscou-se analisar a decisão de indivíduos diante da apresentação exclusiva da DFC. O problema hipotético foi apresentado na forma de questionário. O uso deste método tem o pressuposto de que as pessoas sabem como decidiriam em contextos reais de escolhas, não tendo razões para distingui-las de suas preferências reais. Se as pessoas são capazes de predizer suas escolhas, os problemas hipotéticos fornecem evidências sobre seu comportamento (KAHNEMAN, TVERSKY, 1979 apud LIMA, 2007).

O questionário foi estruturado com questões simples e objetivas de forma que seu total preenchimento durou, em média, 10 minutos. As questões envolvem um experimento sobre o efeito formulação no contexto de informações financeiras. As instruções para o preenchimento do questionário enfatizavam que não era necessário identificação e, principalmente, que não existia uma resposta “certa”, já que o estudo não tem como finalidade avaliar o conhecimento dos respondentes, mas de obter as preferências individuais nos contextos decisórios apresentados.

Aos participantes da pesquisa foi solicitado que avaliassem o desempenho e o risco de duas empresas: Delta e Omega. Para a avaliação foi disponibilizado apenas as Demonstrações do Fluxo de caixa das duas empresas em dois trimestres. Deve-se enfatizar que as demonstrações apreDeve-sentadas para as duas entidades são basicamente as mesmas, isto é, a DFC da empresa Delta é praticamente igual a da empresa Omega. Para não ficar óbvio que as demonstrações são idênticas, os valores apresentados para a empresa Delta são 0,5% menores do que os evidenciados para Omega. O que muda entre as duas empresas é o critério de classificação e apresentação de dois itens específicos da DFC: Recebimento de Juros e Dividendos e Pagamento de Juros. Na empresa Delta, esses itens são

(28)

28

classificados na atividade operacional da organização. Já na Omega, o recebimento de juros e dividendos foi classificado como entradas das atividades de investimento e o pagamento de juros como saída de caixa das atividades de financiamento. As classificações divergentes conduzem a subtotais diferentes nas atividades operacionais, de investimento e de financiamento, mas há praticamente o mesmo total do fluxo de caixa gerado nos períodos.

Esta pesquisa teve como base as respostas de estudantes universitários do curso de Ciências Contábeis e administração e professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Foram escolhidos os estudantes de contabilidade que já houvessem cursado a disciplina de análise das demonstrações contábeis. Para os de administração, a exigência da pesquisa era a de que esses alunos já tivessem estudado a disciplina de contabilidade aplicada a administração. E os professores foram escolhidos, pela técnica de acessibilidade, dentro do quadro de professores dos cursos já citados. A escolha dessa população-alvo se deu, além da disponibilidade, pela estreita relação desses indivíduos com conhecimentos contábeis fundamentais para analisar a questão apresentada.

Buscou-se aplicar o maior número de questionários possíveis. Todavia, o fato de toda a aplicação dos questionário ter sido realizada in locu e em período próximo ao fim do semestre, momento em que muitas turmas já haviam finalizado suas atividades acadêmicas, o tempo disponível para aplicação dos questionários tornou-se uma limitação do estudo. Participaram da pesquisa 108 respondentes, que é uma amostra próxima das observadas em importantes trabalhos sobre o estudo do comportamento decisório humano que utilizaram o método de escolhas hipotéticos, tais como Kahneman e Tversky (1979), que contou com a participação de 100 respondentes; Kahneman e Tversky (1984), com 200 respondentes; e aqui no Brasil, Kimura, Basso e Krauter (2006), com 189 participantes.

Os dados coletados foram categorizados, em tipo, curso, gênero e idade, a fim de verificar se esses grupos apresentam resultados divergentes daqueles encontrados na análise geral. Em um segundo momento, foram realizados os testes estatísticos com a utilização do software SPSS Statistic 17.0. Para tanto, determinou-se a média dos valores atribuídos às duas empresas nos quesitos 1 e 2, utilizando o teste t para amostras emparelhadas. E, para o questionamento 3, a

(29)

29

análise estatística foi realizada pelo teste Qui-Quadrado (X2) de Pearson. Também foi necessário comparar essas médias e verificar se elas são estatisticamente diferentes (ou não). O nível de significância adotado nas análises foi de 5%.

Por fim, realizou-se uma análise estratificada dos questionamentos a fim de verificar quais fatores influenciavam o padrão de resposta. A observação dessa análise focou na diferença de comportamento, primeiramente, entres os docentes e discentes. Seguida da diferenciação de respostas baseadas no gênero feminino e masculino. E a última análise, verificou se a idade seria um aspecto significante para efeito de alterar o padrão de resposta.

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30 4 ANALISE DOS RESULTADOS

Esta seção está dividida em três partes. A primeira descreve o perfil dos respondentes. A segunda traz as análises da influência da forma de classificações alternativas de itens da DFC, e consequente evidenciação, sobre a avaliação do desempenho e do risco, além da verificação da decisão de investimento dos participantes da pesquisa. A última parte destaca os aspectos mais relevantes identificados capazes de modificar o padrão de respostas.

É importante destacar que o questionário analisa empresas semelhantes, mas que adotam critérios de classificação de itens da DFC diferente. Na empresa Delta, tanto o recebimento de juros e dividendos, quanto o pagamento de juros são classificados na atividade operacional da organização. Já na Omega, o recebimento de juros e dividendos foi classificado como entradas das atividades de investimento e o pagamento de juros, como saída de caixa das atividades de financiamento.

4.1 Perfil dos Respondentes

O experimento foi realizado com 108 participantes, cujo perfil pode ser visualizado na Tabela 1.

Tabela 1: Perfil dos Respondentes

Tipo Curso Frequência %

Discente

Administração 23 24,5

Contábeis 71 75,5

Total 94 100,0

Docente Contábeis 14 100,0

Do total de respondentes 21% são discentes do curso de Administração. A maior parte, correspondendo a 66%, é discente do curso de Ciências Contábeis e apenas 13% são docentes do curso de Ciências Contábeis. Complementando a caracterização dos sujeitos da pesquisa, a tabela 2 evidencia a classificação quanto a faixa etária e o gênero.

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31 Tabela 2: Perfil dos Respondentes – Faixa Etária e Gênero

Faixa Etária Gênero Total

Feminino % Masculino % Missing Freqüência %

18 a 21 anos 22 20% 16 15% - 38 35% 22 a 25 anos 13 12% 18 17% - 31 29% 26 a 29 anos 9 8% 5 5% - 14 13% A partir de 30 anos 8 7% 8 7% - 16 15% Missing 3 3% 6 9 8% Total 52 48% 50 46% 6 (6%) 108 100%

A tabela mostra que 64% dos participantes estão entre os 18 e 25 anos. Desse percentual, 50% são do gênero feminino e 50% do gênero masculino. Três homens não responderam sobre a idade e seis não mencionaram nem gênero nem idade.

4.2 Análise da influência da forma de evidenciação de itens alternativos da DFC sobre avaliações de desempenho e risco - Análise Geral

A primeira pergunta do questionário pedia para que os participantes avaliassem o desempenho das duas empresas com base, exclusivamente, na Demonstração do Fluxo de Caixa de dois trimestres. Para tanto, deveriam considerar a escala em que 0 corresponde a um péssimo desempenho e 10 a um excelente desempenho. A média atribuída pelos respondentes é demonstrada na tabela a seguir:

Tabela 3: Estatística Descritiva – Análise Geral do Desempenho Empresa Média Amostra

Total Padrão Desvio

Delta 7,05 108 1,665

Omega 5,69 108 2,182

A Empresa Delta obteve média de desempenho superior a da Empresa Omega, representando que os participantes na sua maioria atribuíram nota maior para a empresa Delta. Mesmo havendo diferença numérica entre as médias de desempenho das empresas, é necessário calcular o nível de significância, considerando o nível de significância de 5%:

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32 Tabela 4: Nível de significância – Análise Geral do Desempenho

Diferenças Emparelhadas t Nível de significância Média Desvio Padrão Média do Erro Padrão 95% Intervalo de Confiança da diferença Abaixo Acima Delta Omega 1,361 2,523 ,243 ,880 1,842 5,607 ,000

A tabela 4 evidencia um nível de significância do teste t igual a 0. Sendo 0 inferior a 0,05 (5%), conclui-se que as médias atribuídas às empresas Delta e Omega possuem diferenças estatísticas relevantes, pois quanto menor for o nível de significância, é possível afirmar que existe diferença estatística entre as notas médias. Essa análise estatística permite inferir que a mudança do critério para classificação, na DFC, dos itens: juros pagos, juros recebidos e dividendos recebidos, influenciaram a percepção dos respondentes quanto à avaliação do desempenho das empresas envolvidas na pesquisa.

Uma hipótese para esse comportamento é o fato de que tal diferença provoca na empresa Omega um saldo negativo nas suas atividades operacionais e nas atividades de financiamento. No momento em que os recebimentos de juros e dividendos deixaram de serem classificados como entrada de caixa de atividade operacional e passaram a compor a entrada do grupo de atividades de investimento, o grupo de atividades operacionais passou a demonstrar um caixa consumido nos dois trimestres. O mesmo aconteceu com o caixa das atividades de financiamento, que de gerado, passou a ser consumido nos dois trimestres devido à reclassificação dos juros pagos de saída de atividade operacional para atividade de financiamento.

Diante dessa nova realidade, e tendo conhecimento de que a atividade operacional é atividade essencial da empresa, os respondentes tenderam por considerar o desempenho da empresa Omega pior e o da empresa Delta melhor. Assim, a forma como o recebimento de juros e dividendos e o pagamento de juros foram classificados e evidenciados influenciou a percepção dos participantes e a consequente decisão quanto ao desempenho da empresa.

No segundo questionamento, o que pretende-se analisar é a influência da escolha do critério de classificação dos itens da DFC, em discussão, sobre a percepção dos respondentes quanto ao risco. Neste quesito, a escala adotada

(33)

33

considera 0 como o risco baixíssimo e 10 o risco altíssimo. O Gráfico a seguir mostra a média encontrada pela análise das respostas coletadas.

Tabela 5: Estatística Descritiva – Análise Geral do Risco Empresa Média Amostra Desvio

Padrão

Média do erro padrão

Delta 5,51 108 2,155 ,207

Omega 6,07 108 2,441 ,235

A tabela revela que os participantes avaliaram o risco da empresa Omega maior do que o da empresa Delta. Porém, é interessante observar se a diferença das médias atribuídas para o risco das empresas possui diferença estatisticamente relevante. Como destaca Field (2000 apud LIMA, 2007), pequenas diferenças nas frequências podem resultar associações estatísticas significativas entre as variáveis. Assim, além da análise dos percentuais dentro de cada questionário, é preciso realizar uma análise da média e desvio padrão da questão 2, da mesma forma que analisou-se as respostas da questão 1.

Tabela 6: Nível de Significância – Análise Geral do Risco

Diferenças Emparelhadas t Significância Nível de Média Desvio Padrão Média do Erro Padrão 95% Intervalo de Confiança da diferença Abaixo Acima Delta Omega -,565 3,154 ,304 -1,166 ,037 -1,861 ,066

A média da diferença das notas obtidas sobre o risco das empresas Delta e Omega é muito pequena, apresentando uma variação de apenas 0,56. Calculado o nível de significância, percebe-se que só existe diferença estatística quando considerado o nível de significância de 10%. Como o nível de significância adotado para realização da análise estatística desse trabalho foi de 5%, pode ser afirmado que a forma como a demonstração do fluxo de caixa foi apresentada não influenciou a percepção dos respondentes quanto ao risco da empresa Delta e Omega.

Diante desse resultado pode-se inferir que as diferentes classificações dadas ao recebimento de juros e dividendos e pagamento de juros, não foram suficientes

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34

para modificar, significativamente, o julgamento dos participantes quanto ao risco. Mesmo a empresa Omega apresentando caixa operacional negativo e a empresa Delta saldo positivo nas suas atividades operacionais, as pessoas atribuíram nota de risco próxima ou similar para as duas empresas.

Provavelmente esse comportamento se deu em decorrência do total das demonstrações de fluxo de caixa de cada empresa ser praticamente o mesmo. A diferença da variação líquida nas disponibilidades é de apenas R$ 85,00, correspondendo aos 0,5% que foram reduzidos nos valores apresentados na empresa Omega para definir os valores da empresa Delta.

A comprovação de que o critério adotado para classificar os itens polêmicos da DFC não influenciou a percepção dos usuários da informação financeira quanto ao risco pode ser uma justificativa para o Comitê de Pronunciamentos Contábeis deixar essa lacuna na regulamentação de uma demonstração tão importante no processo decisório. No entanto, seria interessante a ampliação da quantidade de participantes do estudo para chegar a uma conclusão mais contundente, já que o tamanho da amostra influencia na determinação do nível de significância.

A terceira e última pergunta busca comprovar se as diferentes classificações adotadas para o recebimento de juros e dividendos e pagamento de juros na DFC são capazes de influenciar a percepção do usuário da informação e, consequente, decisão desses indivíduos no processo decisório. Ou seja, verificar a ocorrência do efeito formulação na situação criada no questionário.

Dos 108 respondentes, 65 (60%) escolheram a empresa Delta para investir. 32 participantes (30%) optaram por investir na empresa Omega. E os últimos 11 (10%) foram indiferentes quanto a investir na empresa Delta ou Omega. Como nos mostra o gráfico 1:

(35)

35 Gráfico 1: Estatística Descritiva – Análise Geral da Decisão de Investimento

O gráfico comprova o resultado inferido na questão 1, a qual observa a avaliação do desempenho. Como a média de desempenho da empresa Delta foi superior a da empresa Omega, era de se esperar que as pessoas utilizassem o mesmo raciocínio que as levaram a julgar o desempenho de Delta melhor, e assim, optassem por investir na empresa Delta.

Para analisar as respostas da questão 3 utilizou-se o teste Qui-Quadrado. Esse teste tem o objetivo de avaliar a significância das diferenças estatísticas. O resultado da aplicação desse teste no modelo desenvolvido é demonstrado na Tabela 7:

Tabela 7: Teste Qui-Quadrado – Análise Geral da Decisão de Investimento

Q3

Qui-Quadrado 41,167a

DF 2

Nível de Significância ,000

O valor da estatística Qui-Quadrado calculado foi de 41,167 e seu nível de significância foi 0,000. Nesse caso, a frequência esperada para todos os itens foi inferior a 5. Caso não houvesse diferença estatística significativa entre as decisões de investimento pela empresa Delta ou pela empresa Omega, o nível de significância do teste qui-quadrado seria alto, o que resultaria num X2 baixo, o que não ocorre nessa situação.

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36

Esse resultado significativo (ρ = 0,000) indica que existe uma associação entre critério de classificação utilizado para os itens pagamento e recebimento de juros e dividendos e a decisão de investimento. Ou seja, existe diferença significativa no padrão de respostas. Esses resultados confirmam que o critério de classificação utilizado (divergentes entre as empresas) influenciou significativamente as escolhas dos respondentes.

4.3 Análise da influência da forma de evidenciação de itens polêmicos da DFC sobre avaliações de desempenho e risco - Análise Estratificada

4.3.1 Tipo do Respondente

Buscando verificar se possíveis diferenças do tipo de respondente poderiam se contrapor ao resultado geral, foi feita uma análise estratificada por tipo, avaliando individualmente as respostas dos docentes e discentes e comparando as respostas dadas pelos discentes do Curso de Administração com os que cursam Ciências Contábeis. O Gráfico 2 apresenta a estatística descritiva para avaliação do desempenho das empresas, separando-as por tipo:

Gráfico 2: Estatística Descritiva – Análise do Desempenho Estratificada por Tipo

Os três tipos de respondentes julgaram existir diferença entre o desempenho da empresa Delta e da empresa Omega. Nos três grupos a empresa Delta foi a

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37

melhor avaliada quanto ao desempenho. Os alunos do curso de Ciências Contábeis foram os que atribuíram melhor desempenho para empresa Delta, determinando uma média de 7,38. A tabela 8 traz o teste para amostras emparelhadas:

Tabela 8: Nível de Significância – Análise Estratificada do Desempenho

Tipo Empresa Diferenças Emparelhadas t Nível de Significância Média Desvio Padrão Média do Erro Padrão 95% Intervalo de Confiança da diferença Abaixo Acima Discente de Administração Delta – Omega ,565 2,591 ,540 -,555 1,685 1,046 ,307 Discente de Contábeis Delta – Omega 1,620 2,452 ,291 1,039 2,200 5,567 ,000 Docente de Contábeis Delta – Omega 1,357 2,678 ,716 -,189 2,903 1,896 ,080

Percebe-se que apenas para os discentes do curso de Ciências Contábeis o nível de significância é inferior a 5%. Isso significa que a forma como a DFC foi elaborada para cada empresa não influenciou a percepção dos alunos de Administração e dos professores do curso de Ciências Contábeis quanto à avaliação do desempenho dessas empresas.

Ainda procurando perceber os efeitos que a variação do tipo de participantes pode causar no padrão de respostas, avaliamos as respostas da pergunta 2 do questionário, tendo seu resultado demonstrado na Tabela 9:

Tabela 9: Estatística Descritiva – Análise do Risco Estratificada por Tipo Tipo Curso Empresa Média Amostra Desvio

Padrão Média do Erro Padrão Discente Administração Delta 5,57 23 1,996 ,416 Omega 5,70 23 2,566 ,535 Contábeis Delta 5,54 71 2,137 ,254 Omega 6,38 71 2,369 ,281 Docente Contábeis Delta 5,29 14 2,614 ,699 Omega 5,14 14 2,445 ,653

Sobre o aspecto do risco, a diferença de média atribuída para as empresas são muito próximas e o cálculo do nível de significância revela que, mais uma vez, a

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38

diferença das médias só foi estatisticamente relevante para os discentes de Ciências Contábeis. Conforme apresentado na tabela 10:

Tabela 10: Nível de Significância – Análise do Risco Estratificada por Tipo

Curso Empresa Diferenças Emparelhadas t Nível de Significância Média Desvio Padrao Média do Erro Padrão 95% Intervalo de Confiança da diferença Abaixo Acima Discente de Administração Delta - Omega -,130 2,817 ,587 -1,349 1,088 -,222 ,826 Discente de Contábeis Delta - Omega -,845 3,143 ,373 -1,589 -,101 -2,266 ,027 Docente de Contábeis Delta - Omega ,143 3,739 ,999 -2,016 2,302 ,143 ,889

O nível de significância atribuído aos discentes do curso de Administração e aos professores de Ciências Contábeis são superiores aos 5% de significância admitida neste trabalho. Pode-se considerar a hipótese de que se a amostra analisada desses tipos de respondentes fosse ampliada, seria possível encontrar relevância estatística na diferença das médias da avaliação do risco.

O outro ponto estudado foi a verificação da influencia do tipo dos participantes na decisão de investimento, conforme resume o Gráfico 3:

Gráfico 3: Estatística Descritiva – Análise da Decisão de Investimento Estratificada por Tipo

Os Discentes de Administração optaram mais por investir na empresa Omega, correspondendo a 47,8% destes. Já os discentes e os docentes do curso de

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39

Contábeis decidiram, em sua maioria, investir na empresa Delta, representando 64,8% dos Discentes de Contábeis e 64,3% dos Docentes. No entanto é preciso complementar a análise com a informação do nível de significância, apresentada na tabela 11:

Tabela 11: Teste Qui-Quadrado – Análise da Decisão de Investimento Estratificada por Tipo

Tipo Valor Nível de

Significância Discente Pearson Qui-Quadrado 3,741a ,154 Razão de Verossimilhança 3,627 ,163 Associação de Linearidade 1,901 ,168 Amostras Válidas 94 Docente Pearson Qui-Quadrado Amostras Válidas 14

O fato de não ter chegado a nenhum nível de significância inferior a 5%, permite concluir que não teve diferença entre Discente e Docente no padrão de resposta da decisão de investimento.

4.3.2 Gênero

Outra inferência feita nesse estudo foi a possibilidade de que o gênero dos respondentes poderia influenciar os resultados. Os dados obtidos referentes a avaliação do desempenho foram resumidos na Tabela 12:

Tabela 12: Estatística Descritiva – Análise do Desempenho Estratificado por Gênero Gênero Empresa Média Amostra Desvio

Padrão Média do Erro Padrão Feminino Delta 7,27 52 1,374 ,190 Omega 5,94 52 2,118 ,294 Masculino Delta 6,88 50 1,965 ,278 Omega 5,32 50 2,290 ,324

Percebe-se que tanto os indivíduos do gênero Feminino quanto do Masculino atribuíram média de desempenho mais alta para a empresa Delta. No entanto, é preciso conhecer a relevância dessa diferença das médias de desempenho.

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40 Tabela 13: Nível de Significância – Análise do Desempenho Estratificada por Gênero

Gênero Empresa Diferenças Emparelhadas t Nível de Significância Média Desvio Padrão Média do Erro Padrão 95% Intervalo de Confiança da diferença Abaixo Acima Feminino Delta - Omega 1,327 2,647 ,367 ,590 2,064 3,614 ,001 Masculino Delta - Omega 1,560 2,484 ,351 ,854 2,266 4,441 ,000

A tabela 13 evidencia o nível de significância das diferenças emparelhadas estratificadas pelo gênero. Observando o nível de significância de 5%, é possível afirmar que tanto o gênero feminino quanto para o masculino foram influenciados pela forma como as demonstrações do fluxo de caixa foram apresentadas.

A mesma análise foi realizada sobre a avaliação do risco, tendo sua estatística descritiva demonstrada na tabela 14 a seguir:

Tabela 14: Estatística Descritiva – Análise do Risco Estratificado por Gênero Gênero Empresa Média Amostra Desvio

Padrão Média do Erro Padrão Feminino Delta 5,73 52 1,962 ,272 Omega 6,13 52 2,450 ,340 Masculino Delta 5,24 50 2,387 ,338 Omega 6,10 50 2,460 ,348

Mesmo havendo diferença entre as médias de risco para empresa Delta e Omega, a média da diferença emparelhada é muito baixa. Portanto, é importante investigar se há diferença significativa, como irá comprovar a demonstração do nível de significância da tabela 15:

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