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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ BIANCA DOS SANTOS

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BIANCA DOS SANTOS

A PROPORCIONALIDADE DA PENA EM RELAÇÃO AOS CRIMES

CONTRA A PREVIDÊNCIA SOCIAL

Biguaçu

2008/2

(2)

BIANCA DOS SANTOS

A PROPORCIONALIDADE DA PENA EM RELAÇÃO AOS CRIMES

CONTRA A PREVIDÊNCIA SOCIAL

Monografia apresentada à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial a obtenção do grau em Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. ESp. Márcio Roberto Paulo.

Biguaçu

2008/2

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BIANCA DOS SANTOS

A PROPORCIONALIDADE DA PENA EM RELAÇÃO AOS CRIMES

CONTRA A PREVIDÊNCIA SOCIAL

Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de bacharel e aprovada pelo Curso de Direito, da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas.

Área de Concentração: Direito Público

Biguaçu, 14 de novembro de 2008.

Prof. ESp. Márcio Roberto Paulo UNIVALI – Campus de Biguaçu

Orientador

Prof. MSc. Dirajaia Esse Pruner UNIVALI – Campus de Biguaçu

Membro

Prof. ESp. Diego Nunes UFSC

(4)

Agradeço ao meu amado marido, amigo e eterno amor João Carlos Müller pelo apoio, carinho e dedicação sempre me acompanhando nesta jornada e entendendo minha ausência ao seu lado nas noites em que fiquei estudando e escrevendo esse trabalho.

Aos meus Pais, Airton dos Santos e Maria Catarina Rocha, pelos ensinamentos e pelo começo deste sonho que hoje se torna realidade.

A amiga Sônia Lofi pelo carinho e pelo incentivo de todos os dias.

Ao amigo Sérgio Alexandre de Oliveira pela ajuda de sempre.

A meu enteado Matias Probst Muller pelo acompanhamento nesses últimos meses.

Aos todos os outros amigos, que estiveram juntos na diversão e ansiosos, como eu, para a finalização deste.

E a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram de alguma forma para o enriquecimento de meus conhecimentos e experiências nestes últimos 05 anos.

(5)

“O mundo está nas mãos daqueles que tem coragem de sonhar e correr o risco de viver seus sonhos”. (Autor Desconhecido)

(6)

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Biguaçu, 14 de novembro de 2008.

Bianca dos Santos Graduanda

(7)

RESUMO

A Seguridade Social brasileira é um sistema de proteção social dividido em três institutos: a saúde, a assistência social e a previdência social. O sistema previdenciário brasileiro é moldado através do sistema de contribuições decorrentes dos pagamentos feitos pela sociedade com a finalidade de assegurar proteção no campo social. A relação obrigacional de prestação previdenciária para o custeio é regida por leis que estabelecem direitos e obrigações onde o Estado é o sujeito ativo e fiscalizador, enquanto que o cidadão ou a empresa é o sujeito passivo. Para assegurar o cumprimento da relação de custeio e garantir o funcionamento do sistema foram tipificadas condutas consideradas ilícitas para evitar a sonegação e o desvio das contribuições, tutelando a subsistência financeira das ações destinadas a assegurar os direitos dos membros da sociedade em relação à assistência social, a saúde e a previdência social. Os crimes previdenciários têm como conseqüência a lesividade de toda a sociedade, comprometendo os benefícios proporcionados pela seguridade social. Esses crimes são tipificados no Código Penal com suas respectivas penas e a punibilidade prescrita para essa espécie de criminalidade também proporcionam diversas formas de acordos que podem ser realizados para a sua extinção.

Palavra-chave: seguridade social, previdência social, crimes previdenciários, lesividade, punibilidade.

(8)

ABSTRACT

The Brazilian Social security is a system of social protection divided in three institutes: the health, the social assistance and the social welfare. The brazilian welfare system is shaped through the contribuitions system resulting from payments made by society to the effect of assuring protection in the social field. The compulsory relation of welfare installments to the estimate of costs is directed trough laws that establish rights and obligations in which the State is the active agent and subject to fiscal control, whereas a citizen or enterprise is the passive subject. To assure the execution of cost relation and guarantee the system functioning were typified procedures considered illicit to avoid the tax evasion along with the embezzlement of contribuitions, protecting the financial subsistence from actions consigned to insure the rights of societies individual in respect to the health and both social assistance and welfare system. The welfare crimes have as a consequence the hurtfulness of an entire society, compromising the benefits proportioned by social security. These crimes are typified on the Penal Code with its respective penalties and the punishability appointed to the this kind of criminality also provides several sorts of agreement which may be consummated to its extinguishment.

(9)

ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que a Autora considera estratégicas à compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.

Seguridade Social:

Conjunto de ações que através da iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade tem o objetivo de garantir a saúde, a assistência social e a previdência social.1

Previdência Social:

Organização do Estado com o objetivo de prover as necessidades da população, através de um seguro obrigatório custeado pelo Estado, pelos segurados e pelas empresas.2

Benefícios:

Prestações conferidas de forma pecuniária pela previdência social aos segurados ou a seus dependentes com a finalidade de atender as suas necessidades.3

Crimes Previdenciários:

Condutas descritas como ilícitas que quando praticadas constituem crime contra a previdência social, incorrendo em penas fixadas.4

1CORREA, Wilson Leite. Seguridade e previdência social na constituição de 1988.

Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id+1431> Acesso em: 02 out 2008.

2OLIVEIRA, Moacyr Velloso Cardoso de. Previdência Social. Rio de Janeiro: Freitas

Bastos, 1987. p. 10.

3ROSA, Marcelo Iranley Pinto de Luna. Benefícios Previdenciários. Disponível em: <

http://www.soartigos.com/articles/354/1/Beneficios-Previdenciarios/Page1.html> Acesso em 01 out 2008.

4ANDRADE FILHO, Edmar Oliveira. Direito penal tributário: crimes contra a ordem tributária e contra a previdência social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 62.

(10)

Punibilidade:

Possibilidade jurídica do Estado de aplicar a sanção penal ao autor da conduta definida como ilícita.5

Impunibilidade:

Condições existentes que impedem o Estado de exercer a pretensão punitiva.6

5DOTTI, René Ariel. Teoria Geral da Punibilidade. Disponível em:

<http://www.cjf.jus.br/revista/numero7/artigo4.htm> Acesso em: 02 out 2008.

6GOMES, Márcia Pelissari. O sistema repressivo estatal: a punibilidade como

demonstração da soberania. Disponível em:

(11)

SUMÁRIO

Resumo...VI Abstract...VII Rol de Categorias...VIII INTRODUÇÃO...13 1 SEGURIDADE SOCIAL...15

1.1 BREVE HISTÓRICO DA SEGURIDADE SOCIAL...15

1.1.1 Conceito de Seguridade Social...16

1.1.2 Princípios da Seguridade Social...19

1.2 HISTÓRICO DA SAÚDE...21

1.2.1 Conceito de Saúde...22

1.2.2 Princípios da Saúde...24

1.3 HISTÓRICO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL...25

1.3.1 Conceito da Assistência Social...26

1.3.2 Princípios da Assistência Social...27

1.4 HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL...28

1.4.1 Conceito da Previdência Social...31

1.4.2 Princípios da Previdência Social...33

2 BENEFÍCIOS, SEGURADOS E CUSTEIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL...35

2.1 BENEFÍCIOS...35

2.1.1 Auxílio-doença...35

2.1.2 Auxílio-acidente...37

2.1.3 Auxílio reclusão...39

2.1.4 Aposentadoria por invalidez...40

2.1.5 Aposentadoria por idade...41

2.1.6 Aposentadoria por tempo de contribuição...42

2.1.7 Aposentadoria especial...44

(12)

2.1.9 Salário-família...46

2.1.10 Pensão por morte...47

2.2 SEGURADOS...48 2.2.1 Segurados obrigatórios...48 2.2.1.1 Empregado...49 2.2.1.2 Empregado doméstico...49 2.2.1.3 Contribuinte individual...49 2.2.1.4 Trabalhador avulso...50 2.2.2 Segurado especial...51 2.2.3 Segurados facultativos...51

2.3 FONTES DE CUSTEIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL...52

2.3.1 Salário-de-contribuição...52

2.3.2 Contribuição pelo contribuinte individual e facultativo...53

2.3.3 Contribuição pelo empregador doméstico...54

2.3.4 Contribuição pelas empresas...54

2.3.5 Contribuição do produtor rural e do pescador...56

2.3.6 Contribuição de clubes de futebol...56

2.3.7 Contribuição sobre receita de concursos de prognósticos...56

2.3.8 Responsabilidade solidária...57

2.3.9 Isenção de contribuição...57

3 CRIMES CONTRA A PREVIDÊNCIA SOCIAL...59

3.1 HISTÓRICO DOS CRIMES PREVIDENCIÁRIOS...59

3.1.1 Conceito de crimes contra a Previdência Social...61

3.2 TIPIFICAÇÕES...62

3.2.1 Apropriação indébita previdenciária...62

3.2.2 Inserção de dados falsos no sistema informatizado da previdência...64

3.2.3 Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informação...65

3.2.4 Sonegação de contribuição previdenciária...66

3.2.5 Falsificação de documentos públicos...67

3.2.6 Estelionato previdenciário...69

3.3 LESIVIDADE...70

3.4 PUNIBILIDADE...71

3.4.1 Penas tributárias...71

(13)

3.4.3 Exclusão da ilicitude...73

3.4.4 Correção do inadimplemento...74

3.4.5 Garantias constitucionais...75

3.4.6 REFIS...77

3.4.7 Sustação do crédito previdenciário...78

3.4.8 Princípio da insignificância...78

3.4.9 Perdão judicial...79

3.4.10 Parcelamento de débito...79

3.4.11 Continuidade delitiva...80

3.4.12 Decadência e prescrição...80

3.5 ALTA LESIVIDADE E BAIXA PUNIBILIDADE...81

CONCLUSÕES...83

(14)

INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objeto o estudo sobre a estrutura da Seguridade Social, mais especificamente, uma de suas divisões, a Previdência Social.

Aborda como seu objetivo principal os crimes contra a Previdência Social e as punibilidades previstas para as condutas definidas como ilícitas, demonstrando sua alta lesividade a sociedade resultante das condutas que interferem no seu custeio.

O capítulo 1 trata do histórico, dos conceitos e dos princípios da seguridade social e de suas divisões (a saúde, a assistência social e a previdência social), demonstrando a forma que se interam formando um vasto sistema garantidor da proteção social a toda à sociedade.

O capítulo 2 especifica os vários benefícios concedidos pela previdência social, as divisões dos segurados do sistema como obrigatórios, especiais e facultativos e o ponto primordial que se constitui das formas de custeio para a entrada de recursos que financiam todo o sistema previdenciário.

O capítulo 3 conceitua os crimes previdenciários especificando suas tipificações contidas na norma penal e as penas previstas com o objetivo de punição ao bem tutelado, abordando a questão da punibilidade aplicada e sua desproporção a lesividade que causa a sociedade.

O presente Trabalho de Pesquisa se encerra com as considerações finais, nas quais são apresentados os pontos conclusivos, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos sobre os crimes contra a Previdência Social.

Na presente monografia foram levantados os seguintes problemas: a) Qual a importância da previdência social para a sociedade?

(15)

b) a punibilidade prevista contra os crimes previdenciários é suficiente para a inibição das condutas ilícitas?

c) a pena prevista é proporcional a lesividade causada ao sistema de previdência social?

Quanto a metodologia empregada, registra-se que foi utilizado o método indutivo, onde se pesquisa as partes de um fenômeno e coleciona-se de modo a ter uma conclusão geral.

Nas diversas fases da pesquisa, foram acionadas as técnicas do Referente, da categoria, do conceito operacional e da pesquisa bibliográfica.

(16)

1 SEGURIDADE SOCIAL

A Seguridade Social como direito garantido constitucionalmente no Brasil (artigo 6º) constitui um direito social primordial a dignidade da pessoa humana. Integram a Seguridade Social: a Saúde, a Assistência Social e a Previdência Social. Para entender essa integração é necessária a explicação de seus históricos, conceitos e princípios.

1.1 BREVE HISTÓRICO DA SEGURIDADE SOCIAL

Segurança é um termo que em conjunto com a liberdade formam a base de sustento para a felicidade humana. O homem ao integrar-se na sociedade se abstém de uma parcela de sua liberdade em troca da segurança que deseja. A sociedade ao exigir esta parcela de renúncia em relação a sua liberdade terá de compensá-lo da perda que sofre com a atribuição da segurança.7

A Seguridade Social tem sua origem a partir do instante que a vontade de poupar e a caridade deixam de ser preocupações isoladas e passam a ser consideradas por grupos de indivíduos que se reúnem em busca de uma proteção mútua contra elementos agressivos da natureza ou de outros grupos.8

O homem, desde a mais remota época, sobrevive através do fruto de seu trabalho e sempre se preocupou com o futuro e com a possibilidade de ficar incapacitado para o seu trabalho. Como conseqüência disso, ficaria sem o produto do trabalho, portanto sem recursos para se manter.9

7COIMBRA, Feijó. Direito previdenciário brasileiro. 11. ed. revist. aument. Rio de Janeiro: Edições

Trabalhistas, 2001. p. 44.

8SOUZA, Lilian Castro de. Direito Previdenciário. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 01.

9GONÇALVES, Odonel Urbano. Manual de direito previdenciário. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2005. p.

(17)

Podemos dizer que o Direito da Seguridade Social é um direito constituído através de lutas, não resultante da bondade do Estado, mas sim, da necessidade iminente e da pressão exercida sobre este pelas classes de trabalhadores.10

A evolução histórica da seguridade social no mundo se deu primeiramente em 1601, na Inglaterra com o Poor Relief Act (Lei dos Pobres), que instituiu auxílios e socorros públicos aos necessitados. O primeiro ordenamento legal foi editado, em 1883, na Alemanha, por Otto Von Bismarck, com a instituição do auxílio-doença. Já a primeira Constituição a incluir em seu corpo foi a do México, em 1917, seguida pela Constituição Alemã de Weimar, em 1919. Mas, o ponto principal da evolução histórica mundial da seguridade social é o Plano Beveridge, instaurado em 1942, na Inglaterra; dispondo da estrutura da seguridade social moderna: o financiamento das três partes da seguridade social (saúde, previdência social e assistência social), a partir da participação universal de todas as categorias de trabalhadores com a cobrança compulsória de contribuições.11

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, datada de 1948, estabeleceu entre outros direitos fundamentais da pessoa humana, a proteção ambiental.12

1.1.1 Conceito de Seguridade Social

De acordo com o crescimento da população houve a necessidade da criação de um sistema de proteção social para suprir os direitos e garantias fundamentais dos indivíduos integrantes da sociedade. O Estado democrático visando assegurar um nível de vida digno a seus cidadãos criou um regime de solidariedade e igualdade para atender aqueles que necessitam de uma ajuda social entendendo esses benefícios a toda coletividade.13

10VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p.

23.

11KERTZMAN, Ivan. Direito Previdenciário. São Paulo: Barros, Fischer & Associados, 2005. p. 20. 12MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. 24. ed. 2. reimp. São Paulo: Atlas, 2007. p.

05.

13JUNIOR, Aécio Pereira. Evolução histórica da previdência social e os direitos fundamentais.

(18)

Conforme Marcelo Leonardo Tavares14:

A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a segurar os direitos relativos à saúde, à previdência social e à assistência social. Portanto, o direito da seguridade destina-se a garantir, precipuamente, o mínimo de condição social necessária a uma vida digna, atendendo ao fundamento da Republica contido no art. 1°, III, da CRFB/88.

De acordo com o artigo 1°, inciso III, da CRFB/8815 o Estado democrático de

direito tem como um de seus fundamentos a dignidade da pessoa humana, constituindo assim um direito princípio fundamental ao cidadão. Já a seguridade social é garantida através do artigo 6° da CRFB/88, integrando assim a lista de direitos sociais, o qual expressa como direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção a maternidade e à infância, a assistência aos desamparados.16

A CRFB/88 impôs à coletividade uma nova redistribuição de rendas destinadas ao custeio das prestações. As medidas de seguridade social, não asseguram o pleno emprego, mas consagram o seguro-desemprego, de modo que a integração ao mercado de trabalho, encontra-se desenhada na assistência social. A assistência médica foi colocada ao alcance da população carente e o amparo à família está presente pela proteção à maternidade, a ajuda para manutenção dos dependentes do segurado de baixa renda, a pensão aos dependentes quando falecido ou recluso o trabalhador e pela assistência social ampla sob vários aspectos à família dos trabalhadores.17

A competência para legislar sobre a seguridade social è privativa da União conforme determina o artigo 22, inciso XXIII, da CRFB/88; podendo lei

14TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 8.ed. rev. amp. e atual. Até a Emenda

Constitucional 47/2005. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2006. p. 1.

15Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05/10/1988, a partir de agora será

denominada CRFB/88.

16TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. p. 1. 17COIMBRA, Feijó. Direito previdenciário brasileiro. p. 45-46.

(19)

complementar autorizar os Estados a legislar sobre assuntos específicos da seguridade social, de acordo com o § único do artigo 22, da CRFB/88.18

A seguridade tem como sua principal Lei a n° 8.212, de 24 de julho de 1991, a qual trata de todo o custeio do sistema, compreendendo um conjunto integrado de ações de iniciativa do poder público e toda a sociedade.19

O sistema da seguridade social tem como seus objetivos principais o atendimento e a universalidade de cobertura, cuja finalidade é o bem-estar e a justiça social, visando suprir as necessidades sociais e garantindo a dignidade da pessoa humana. Tanto as prestações de saúde e as de assistência social são estendidas a toda a coletividade, independentes de prestações antecedentes por parte do beneficiário, sendo que não há a exigência de custeio, somente a existência da situação da necessidade. Esses objetivos abrangem as três áreas de sua atuação (saúde, assistência social e previdência social) gerando aplicabilidade mediata (conforme a necessidade), indireta (abrangendo todos que necessitem, não somente aqueles que contribuem) e não integral (no caso da previdência atingem somente seus contribuintes).20

De acordo com Daniel Pulino21:

A separação das áreas que compõem o sistema de seguridade social, entre previdência, saúde e assistência é evidente, tem como marco diferenciador principal justamente o espectro de abrangência das camadas de proteção, pois enquanto a saúde e a assistência social estão focadas para o atendimento do que se convencionou chamar de mínimos sociais, a previdência social busca assegurar níveis economicamente mais elevados de subsistência, limitados, porém, a certo valor.

Já a Previdência Social está vinculada a um regime prévio de custeio, como consta no artigo 195, caput, da CRFB/88, estabelecendo que a seguridade social

18SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito previdenciário avançado. 8.ed. atual. Até a

Emenda Constitucional n. 47/05. Belo Horizonte: Mandamentos, 2005. p. 70.

19VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. p. 27. 20TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. p. 2.

21PULINO, Daniel. A aposentadoria por invalidez no direito positivo brasileiro. São Paulo: LTR,

(20)

será financiada, mediante recursos provenientes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e das contribuições sociais.22

1.1.2 Princípios da Seguridade Social

O artigo 194, § único da CRFB/88, dispõe os objetivos e os princípios que constituem a organização da Seguridade Social:

I – universalidade da cobertura e do atendimento;

II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV – irredutibilidade do valor dos benefícios;

V – equidade na forma de participação no custeio; VI – diversidade da base de financiamento;

VII – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgão colegiados.

A universalidade da cobertura e do atendimento significa que o atendimento é voltado para todas as pessoas, assim como cobre qualquer tipo de evento. Este princípio comporta exceções, pois o regime previdenciário é contributivo, significando que só terão acesso aos benefícios previdenciários aqueles que contribuírem com o sistema.23

A uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais estão amparadas no artigo 7° da CRFB/88 que dispõe que não há diferenças entre trabalhadores urbanos ou rurais. O Brasil possuía distintos regimes de previdência social voltados aos trabalhadores do setor privado, um destinado aos trabalhadores rurais, com menor proteção social e outro aos trabalhadores urbanos.

22JUNIOR, Aécio Pereira. Evolução histórica da previdência social e os direitos fundamentais. 23VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. p. 27.

(21)

Buscando acabar com a desigualdade de tratamento, o legislador uniformizou a equivalência de benefícios e serviços. 24

A seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços é um princípio específico da seguridade social e da previdência social. A seletividade consiste na escolha de um plano básico compatível com a força econômica do sistema em harmonia com as necessidades dos protegidos. Já a distributividade diz respeito a prestação dos benefícios, pois existem que recebem todos os benefícios e outros que recebem menos.25

A irredutibilidade do valor dos benefícios significa que o poder aquisitivo dos benefícios não pode ser reduzido. É uma segurança jurídica contida na CRFB/88 em benefício do segurado diante da inflação.26

A equidade na forma de participação do custeio garante que as pessoas que estiverem na mesma situação deverão contribuir da mesma forma, ou seja, os que ganham mais darão maior contribuição e os que ganham menos darão uma menor contribuição. O Decreto n° 3.048/99, em seu artigo 198 estabelece que a contribuição do segurado empregado, doméstico e do trabalhador avulso seguirá um conjunto de alíquotas, que vai aumentando a medida que a remuneração do trabalhador também aumenta.27

A diversidade da base de financiamento evidencia-se nas contribuições a cargo do empregador, da empresa, da entidade a ela equiparada, do trabalhador, dos demais segurados da previdência social, do administrador de concursos de prognósticos e de recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.28

24EDUARDO, Ítalo Romano; EDUARDO, Jeane Tavares Aragão; TEIXEIRA, Amauri Santos. Curso de direito previdenciário, teoria, jurisprudência e mais de 900 questões. 3. ed. Rio de Janeiro:

Elsevier, 2006. p. 20.

25GONÇALVES, Odonel Urbano. Manual de direito previdenciário. p. 12. 26MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. p. 55.

27EDUARDO, Ítalo Romano; EDUARDO, Jeane Tavares Aragão; TEIXEIRA, Amauri Santos. Curso de direito previdenciário, teoria, jurisprudência e mais de 900 questões. p.20-21.

(22)

O caráter democrático e descentralizado da administração é expresso no sentido de que havendo um fórum, conselho ou órgão em que estejam em discussão direitos, todos deverão ter representantes para melhor garantir seus direitos. Cabe à sociedade civil organizada participar da gestão da Seguridade Social, indicando os representantes dos trabalhadores, dos empregadores e dos aposentados.29

Esses objetivos constituidores dos princípios da Seguridade Social, oriundos da CRFB/88, norteiam a legislação e organizam o sistema previdenciário conferindo direitos e obrigações relativos a seguridade social. Esses princípios constitucionais serviram de referência ao legislador tanto na Lei n° 8.212/91 que trata da organização da seguridade social e o respectivo plano de custeio, quanto na Lei nº 8.213/91 que trata dos planos de benefícios da previdência social.30

1.2 HISTÓRICO DA SAÚDE

Antes da CRFB/88, o Decreto n° 94.657/87, criou os sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde nos Estados (SUDS), com o objetivo de descentralizar as ações destinadas à saúde. No âmbito federal havia o INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), extinto pela Lei n° 8.689/93. Suas funções, competências e atividades foram absorvidas pelo SUS (Sistema único de Saúde).31

O atual texto constitucional colocou os serviços médicos ao alcance de todo cidadão necessitado, como direito inerente a este e não mais como caridade ou beneficência. Ponto de importância é o que determina a elaboração de regras disciplinando o transplante de órgãos e a pesquisa, vedando, contudo, a comercialização.32

29EDUARDO, Ítalo Romano; EDUARDO, Jeane Tavares Aragão; TEIXEIRA, Amauri Santos. Curso de direito previdenciário, teoria, jurisprudência e mais de 900 questões. p. 22.

30GONÇALVES, Odonel Urbano. Manual de direito previdenciário. p. 11. 31SOUZA, Lilian Castro de. Direito Previdenciário. p. 24.

(23)

1.2.1 Conceito de saúde

O artigo 2° da Lei n° 8.212/91 dispõe que a saúde é garantida através do Estado, como um dever inerente a este, mediante diretrizes sociais e econômicas que visam o acesso igualitário a seus serviços e a ações para a redução dos riscos de doença. A saúde é disponibilizada pelo poder público que pode conveniar-se com entes privados por meio de contratos ou convênios, participando estes, de forma complementar e remunerando-os por este serviço, que mesmo assim continua a ser gratuito para os pacientes.33

A saúde é garantida mediante políticas sociais e econômicas que visam à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação. O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade.O direito da saúde é um direito fundamental do ser humano, sendo um direito público subjetivo, que pode ser exigido do Estado, que tem, por contrapartida, o dever de prestá-lo.34

O legislador no artigo 198 da CRFB/88 criou o Sistema Único de Saúde (SUS) que se constitui de um sistema integrado e hierarquizado de serviços públicos sanitários regionais. Esse Sistema Único de Saúde é financiado através de recursos oriundos do orçamento da seguridade social, da União Federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Além destes, também dão suporte a esse sistema: ajudas, doações, contribuições, taxas, etc. Essas receitas são creditadas em contas especiais e movimentadas nas esferas em que foram arrecadadas. Portanto, é o Estado que tem o dever de prover condições indispensáveis ao exercício do direito da saúde, oferecendo proteção a pessoa sem qualquer tipo de discriminação, pois é um direito fundamental de todo ser humano.35

33SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito previdenciário avançado. p. 73. 34MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. p. 502.

(24)

Assim explica André Luiz Menezes Azevedo Sette36:

Hoje, as ações e serviços de saúde não são de responsabilidade do INSS, mas do Ministério da Saúde, por meio do Sistema Único de Saúde – SUS. Verifica-se, portanto, que a saúde é um dos segmentos da seguridade social (como a assistência social e a previdência social), tendo, inclusive, organização distinta.

Está incluído ainda no campo de atuação do SUS:37 a) a execução de ações de vigilância sanitária;

b) a execução de ações de vigilância epidemiológica; c) a execução de ações de saúde para o trabalhador;

d) a assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica.

Compreende-se por vigilância sanitária o conjunto de ações com o objetivo de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços que se relacionem direta ou indiretamente com a saúde. A vigilância epidemiológica é um conjunto de ações que proporcionem o conhecimento, a detecção ou a prevenção de qualquer mudança nos fatos determinantes e condicionamentos da saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar medidas de prevenção e controle de doenças ou agravos. Na proteção da saúde do trabalhador, além das ações de vigilância epidemiológica e sanitária, abrange também, a recuperação e a reabilitação da saúde daqueles submetidos a riscos e agravos advindos do meio do trabalho.38

O Sistema Único de Saúde tem como principais características:39 a) a universalidade; b) a gratuidade; c) a participação comunitária; d) a descentralização; e) o atendimento integral.

36SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito previdenciário avançado. p. 71. 37MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. p. 507.

38SOUZA, Lilian Castro de. Direito Previdenciário. p. 24-25. 39TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. p. 14.

(25)

1.2.2 Princípios da Saúde

Obedecerão os seguintes princípios e diretrizes as atividades da saúde consideradas de relevância pública:40

a) acesso universal e igualitário;

b) provimento das ações e serviços através de rede regionalizada e hierarquizada, integrados em sistema único;

c) descentralização com direção única em cada esfera de governo; d) atendimento integral com propriedade para as atividades preventivas;

e) participação da comunidade na gestão, fiscalização e acompanhamento das ações e serviços da saúde;

f) participação da iniciativa privada na assistência à saúde, obedecidos os preceitos constitucionais

O artigo 7° da Lei 8.080/90 acrescenta à Saúde estes outros princípios:41 a) integralidade de assistência entendida como um conjunto articulado e contínuo das ações e dos serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema;

b) preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral;

c) igualdade de assistência a saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie;

d) direito a informação, às pessoas assistidas, sobre a sua saúde;

e) divulgação de informação quanto ao potencial dos serviços de saúde e sua utilização pelo usuário;

f) utilização da epidemiologia para o estabelecimento de propriedades, a alocação de recursos e a orientação programática;

g) participação da comunidade;

40VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. p. 29. 41MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. p. 503.

(26)

h) descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo, com ênfase na descentralização dos serviços para os municípios, regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde;

i) integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico;

j) conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população;

k) capacidade de resolução dos serviços em todo os níveis de assistência;

l) organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos

1.3 HISTÓRICO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Anteriormente a legislação que versava sobre assistência social era estudada em conjunto com a previdência social e muitos autores entendiam que a assistência social era uma das divisões do Direito do Trabalho. A Legião Brasileira de Assistência (LBA) estava disposta no artigo 9° da Lei n° 6.439/77 e competia a esta prestar assistência social a população em carência através de programas de desenvolvimento social e de atendimento às pessoas. Mas, somente a Lei n° 8.742/93 tratou da organização da Assistência Social.42

Ainda não protegida pelas prestações da previdência social, procurou-se através do campo assistencial ampliar a faixa protetora do necessitado, sendo que o seu limite para a concessão é a carência de recursos verificada nos interessados em recebê-la.43

42MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. p. 481. 43COIMBRA, Feijó. Direito previdenciário brasileiro. p. 58.

(27)

1.3.1 Conceito da Assistência Social

A assistência social se firma no preceito de que cada pessoa possui o direito de ter condições mínimas para a sobrevivência, de forma humana. Portanto, sua função é destinada às pessoas que necessitam de ajuda para a própria manutenção.44

Para J. Franklin Alves Felipe45:

Ao lado do seguro social previdenciário, o Estado presta também assistência social em certas circunstâncias (velhice, doença, maternidade, infância, etc.), em caráter normalmente geral e de forma voluntária, posto que não retribui, nesses casos, contribuições recebidas.

As prestações relativas a assistência social são de forma permanente ou provisória, variando de acordo com a necessidade daquele que a pleiteia e independe de contribuições para a seguridade social. Este instituto está regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) – Lei n° 8.742/93.46

Os benefícios da assistência social estão divididos em dois: 47

a) os de prestação continuada – que consistem no pagamento de um salário mínimo mensal ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais e à pessoa portadora de deficiência incapaz para o trabalho, que comprovem que por si próprios ou por suas famílias não têm meios para prover a subsistência e também conhecido como amparo assistencial ao idoso e ao deficiente, não sendo acumulável com qualquer outro benefício concedido pela seguridade social; esses benefícios de prestação continuada são pagos pela União Federal;

b) os eventuais – que consistem na prestação em dinheiro paga em razão da natalidade, também conhecido como auxílio-natalidade e devido às famílias que tenham renda mensal, por pessoa, inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo e em

44SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito previdenciário avançado. p. 74.

45FELIPE, J. Franklin Alves. Previdência social na prática. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1994. p.

15.

46TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. p. 15.

(28)

razão de morte conhecido como auxílio-funeral, devido também, às famílias que tenham renda inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo, por pessoa, esses benefícios eventuais são de competência dos municípios e aqueles recebidos, com essa finalidade específica, dos Estados.

1.3.2 Princípios da Assistência Social

A assistência social para sua organização obedecerá os seguintes princípios:48

a) descentralização político-administrativa;

b) participação da população na formulação e controle das ações em todos os níveis.

Os objetivos da assistência social estão dispostos no artigo 203 da CRFB/88 e são estes: 49

a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e a velhice; b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes;

c) a promoção da integração ao mercado de trabalho;

d) a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;

e) a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.

48FERREIRA, Rosni; FERREIRA, Deyse. Guia prático da assistência social: comentários e normas sobre o decreto n. 3.048/99. 3. ed. atual. São Paulo: LTr, 1999. p. 20.

(29)

1.4 HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

No Brasil as primeiras manifestações previdenciárias surgiram através das casas de misericórdia (1543) e montepios que eram instituições que através do pagamento de cotas, cada membro por morte tinha o direito de deixar pensão para pagamento a alguém de sua escolha. Funcionavam através do mutualismo, ou seja, uns grupos de pessoas associadas contribuíam formando assim um fundo de reserva para a cobertura dos eventuais infortúnios.50

No período do Império, em 1888, foi criada através da Lei n° 3.397/88, a Caixa de Socorros destinada aos trabalhadores de cada uma das estradas de ferro do Estado. Em 1889, surgiu o montepio para os funcionários dos correios e o fundo especial de pensões para os trabalhadores da Imprensa Régia.51

A primeira Constituição a descrever a aposentadoria foi a de 1891 que a instituía somente para os funcionários públicos nos casos de invalidez.52

A base da previdência social teve início com a promulgação da Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo n° 4.682, de 24/01/1923), que em seu artigo 1°, criou em todo o país, as Caixas de Aposentadoria e Pensões. Inicialmente para os trabalhadores de empresas ferroviárias que trabalhassem na mesma empresa por mais de seis meses. Como benefícios previa: aposentadoria ordinária com 30 (trinta) anos de serviço e 50 (cinqüenta) anos de idade, pensão por morte, assistência médica e medicamentos com preços reduzidos. Esses benefícios foram estendidos aos funcionários portuários, de serviços telegráficos, de água, de energia, entre outras, atingindo 180 (cento e oitenta) caixas de aposentadorias e pensões, que foram unificadas na Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários e Empregados em Serviços Públicos.53

50EDUARDO, Ítalo Romano; EDUARDO, Jeane Tavares Aragão; TEIXEIRA, Amauri Santos. Curso de direito previdenciário, teoria, jurisprudência e mais de 900 questões. p. 7.

51SOUZA, Lilian Castro de. Direito Previdenciário. p. 4. 52TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. p. 42.

53MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de direito previdenciário, tomo II: previdência social. 2. ed.

(30)

Já, a Constituição do ano de 1934, instituiu um sistema previdenciário que assegurava entre outros benefícios, a velhice, a invalidez, o direito de descanso remunerado a gestante, a morte, o acidente de trabalho e implantava a forma de custeio tríplice, formada pelos empregadores, trabalhadores e o ente público.54

A Constituição do ano de 1946, substituiu a expressão “seguro social” por “previdência social”, avançando assim na organização do sistema, determinando a obrigatoriedade do empregador de instituir seguro contra acidentes de trabalho. Em 1960 foi promulgada a Lei n° 3.807, conhecida como LOPS (Lei Orgânica da Previdência Social), unificando a legislação existente sobre previdência social, sendo o primeiro texto legal a dispor sobre regras de benefícios, serviços e custeio. Nesse mesmo ano foi instituído o Ministério do Trabalho e Previdência Social.55

A Lei n° 3.807/60 (Lei Orgânica da Previdência Social), padronizou o sistema da previdência social promovendo a uniformização dos vários sistemas previdenciários existentes e acrescentou os benefícios do natalidade, auxílio-funeral e auxílio-reclusão.56

Em 1966, o Decreto n° 72 criou o INPS (Instituto Nacional de Previdência Social), unificando as instituições previdenciárias, incluindo os IAPs (Institutos Públicos de Aposentadorias e Pensões, criados na década de 30). Ao mesmo tempo modernizou o sistema jurisdicional da previdência social, constituindo Juntas de Recursos da Previdência Social e o Conselho de Recursos da Previdência Social.Para a integração do trabalhador rural com a previdência foi instituído o sistema de amparo do PRORURAL.57

No ano de 1977, foi criado o SINPAS (Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social) composto pelos seguintes entes:58

a) INPS (Instituto Nacional de Previdência Social);

54SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito previdenciário avançado. p. 47. 55VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. p. 26. 56SOUZA, Lilian Castro de. Direito Previdenciário. p. 06.

57COIMBRA, Feijó. Direito previdenciário brasileiro. p. 36.

(31)

b) IAPAS (Instituto de Administração Financeira da Previdência Social); c) INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social); d) LBA (Legião Brasileira de Assistência);

e) FUNABEM (Fundação Nacional do Bem Estar do Menor);

f) CEME (órgão de fornecimento de medicamentos do Ministério da Saúde); g) DATAPREV (Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social).

A atual Constituição (CRFB/88), trouxe em seu texto legal um capítulo destinado somente a seguridade social (Capítulo II, do Título VIII), visualizando assim o seguro social com mais amplitude instituindo as bases da seguridade social com a inclusão da saúde e da assistência social.59

A Emenda Constitucional n° 20 de 15/12/1998 (Reforma da Previdência Social), trouxe significativas mudanças ao Sistema Previdenciário Brasileiro, entre as quais podemos ressaltar:60

a) determinou que fosse devido somente ao trabalhador de baixa renda, o benefício do salário-família;

b) proibiu qualquer trabalho para os menores de 16 (dezesseis) anos, exceto na condição de aprendiz;

c) estabeleceu para os servidores públicos, novas regras para a concessão de benefícios previdenciários;

d) criou diretrizes para o regime de previdência privada, tendo caráter complementar e organizado de forma autônoma, em relação ao Regime Geral de Previdência Social;

e) estabeleceu que para a organização da Previdência Social serão observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro.

Atualmente nosso sistema previdenciário rege-se, entre outras leis, pela Lei n° 8.212/91 que dispõe sobre a organização da Seguridade Social e institui os planos de custeio, a Lei n° 8.213/91, que dispõe sobre os planos de benefícios da

59GONÇALVES, Odonel Urbano. Manual de direito previdenciário. p. 06.

60EDUARDO, Ítalo Romano; EDUARDO, Jeane Tavares Aragão; TEIXEIRA, Amauri Santos. Curso de direito previdenciário, teoria, jurisprudência e mais de 900 questões. p. 11.

(32)

Previdência Social e pelo Decreto Lei n° 3.048/99, que aprova o regulamento da Previdência Social.61

1.4.1 Conceito da Previdência Social

A previdência social é a principal exteriorização da seguridade social e é conceituada como um seguro de espécie coletivo, compulsório, público que mediante contribuições anteriores, cobre certos riscos previstos em lei. Entende-se por coletivo porque abrange toda uma população; compulsório, pois todos aqueles que exercem atividades com remuneração são obrigados à filiação; público, devido ao seu desenvolvimento e organização se darem através do Estado e mediante contribuição pelo motivo de que todos os filiados são obrigados a contribuir com o sistema previdenciário.62

Sérgio Pinto Martins63 assim conceitua:

Em verdade, a previdência social é eficiente meio de que se serve o Estado moderno na redistribuição da riqueza nacional, tendo em mira o bem-estar do indivíduo e da coletividade, prestado por intermédio das aposentadorias, como forma de reciclagem da mão-de-obra e oferta de novos empregos.

No dizer de Moacyr Velloso Cardoso de Oliveira64:

A organização criada pelo Estado, destinada a prover as necessidades vitais de todos os que exercem atividade remunerada e de seus dependentes e, em alguns casos, de toda a população, nos eventos previsíveis de suas vidas, por meio de um sistema de seguro obrigatório, de cuja administração e custeio participam em maior ou menor escala, o próprio Estado, os segurados e as empresas.

61PAESE, Renato Kliemann; FORTES, Gisele Borges. Aniversário da previdência social no Brasil.

Os aposentados e trabalhadores têm alguma coisa pra comemorar? Disponível em: <http://paeseferreira.com.br/docs/aniversario_previdencia.doc> Acesso em: 25 fev 2008.

62SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito previdenciário avançado. p. 94. 63MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. p. 120.

64OLIVEIRA, Moacyr Velloso Cardoso de. Previdência Social. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1987.

(33)

Assim, o artigo 1° da Lei n° 8.213/91 expressa como objetivo principal da Previdência Social:

Assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente.

De acordo com a Convenção da OIT (Organização Internacional do Trabalho) n° 102 é:

A proteção que a sociedade proporciona a seus membros, mediante uma série de medidas públicas contra as privações econômicas e sociais que, de outra forma, deriva do desaparecimento ou em forte redução de sua subsistência como conseqüência de enfermidade, maternidade, acidente de trabalho ou enfermidade profissional, desemprego, invalidez, velhice e também a proteção em forma de assistência médica e ajuda às famílias com filhos.

A previdência social é definida como uma forte arma para o cumprimento do princípio constitucional garantidor da dignidade da pessoa humana, reduzindo a pobreza e posteriormente as desigualdades sociais, garantindo as oportunidades e a cidadania.65

Economicamente, a previdência social se equipara a uma enorme poupança coletiva, em que um grande número de pessoas não mais produtivas na sociedade, sobrevivem devido as reservas obrigatórias de contribuição angariadas anteriormente por toda a coletividade.66

Suas principais características estão divididas quanto:67

a) ao objeto – quando se verifica um determinado evento, há a obrigação de garantir uma determinada prestação;

b) ao campo de aplicação – pessoas definidas que exerceram ou exercem atividade remunerada;

c) aos recursos – responsabilidade do segurado, do empregador e do Estado para as contribuições prévias.

65TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. p. 28.

66MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de direito previdenciário, tomo II: previdência social. p. 96. 67SOUZA, Lilian Castro de. Direito Previdenciário. p. 27.

(34)

O ramo do direito público que trata da previdência social é o direito previdenciário, disciplinando a relação entre o Estado e o indivíduo (beneficiário), reconhecendo os direitos que tem sua natureza previdenciária reconhecida pela Constituição e pela lei que a disciplina. Por sua função social, há regras próprias para a aplicação da legislação previdenciária, cuidando assim da concessão de benefícios indispensáveis à preservação da vida, devido a seus recursos serem produtos dos esforços de seus segurados.68

1.4.2 Princípios da Previdência Social

A previdência social obedece os seguintes princípios e diretrizes dispostos no artigo 3°, § único, da Lei n° 8.212 e no artigo 2° da Lei n° 8.213:69

a) universalidade de participação nos planos previdenciários, mediante contribuição (qualquer pessoa poderá participar dos benefícios da previdência social, mediante contribuição na forma dos planos previdenciários desde que contribua);

b) o valor da renda mensal dos benefícios, substitutos do salário-de-contribuição ou de rendimento do trabalho do segurado, não inferior ao do salário mínimo;

c) o cálculo dos benefícios, considerando-se os salários-de-contribuição, corrigidos monetariamente;

d) preservação do valor real dos benefícios;

e) previdência complementar facultativa, custeada por contribuição adicional;

f) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

g) seletividade e distributividade na prestação dos benefícios;

h) irredutibilidade do valor dos benefícios de forma a preservar-lhes o poder de aquisitivo;

68FELIPE, J. Franklin Alves. Previdência social na prática forense. p. 8.

(35)

i) caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos colegiados;

j) a solidariedade, os ativos contribuem para financiar os benefícios dos inativos. A solidariedade social, até um certo valor dever ser obrigatória, pois, do contrário, não se pode falar na manutenção do sistema de previdência social. A baixa renda do trabalhador o impediria de contribuir se o sistema fosse voluntário, pois iria usar todo o numerário para honrar os seus compromissos;

k) a contrapartida é um princípio da previdência social, pois não há benefício sem custeio. Deve haver o custeio para o pagamento do benefício. Não pode haver contribuição sem benefício, nem benefício, sem contribuição. A contrapartida visa observar o equilíbrio econômico – financeiro do sistema. O custeio implica o pagamento do benefício. Se já recebo o benefício, não tem sentido falar em custear o próprio benefício.

Visando atender os objetivos da Previdência Social foram instituídos os seguintes benefícios:70

a) auxílio-doença; b) auxílio-acidente; c) auxílo-reclusão;

d) aposentadoria por invalidez; e) aposentadoria por idade; f) aposentadoria por contribuição; g) aposentadoria especial;

h) salário-maternidade; i) salário-família;

j) pensão por morte.

No próximo capítulo tratar-se-á dos benefícios, dos segurados e das formas de custeio da Previdência Social.

(36)

2. BENEFÍCIOS, SEGURADOS E CUSTEIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Para a concessão dos benefícios destinados aos segurados da Previdência Social é necessário o seu custeio com as contribuições dos diversos setores da sociedade. Explicar-se-á a seguir os tipos de benefícios concedidos, os tipos de segurados e as formas de custeio da previdência social.

2.1 BENEFÍCIOS

As prestações conferidas pelo regime Geral da Previdência Social são conferidas na forma de benefícios e serviços. Prestação significa gênero, do qual são espécies os serviços e os benefícios. Portanto, são benefícios, os valores pagos em dinheiro ao segurado e dependentes, enquanto, que os serviços são bens imateriais a disposição dos segurados, quando estes precisarem, como o serviço social e a assistência médica.71

2.1.1 Auxílio-Doença

Benefício concedido quando o segurado encontra-se em incapacidade temporária, propenso a recuperação e que necessite afastar-se de sua atividade por mais de quinze dias.72

Cristiane Miziara Mussi73 explica esse sentido:

71MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. p. 298. 72TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. p. 124.

73MUSSI, Cristiane Miziara. Auxílio-doença: as inovações trazidas pelo Decreto n° 5.545/2005 e

as distorções referentes ao benefício. Disponível em:

(37)

Em se tratando de auxílio-doença, o risco social protegido é o risco da incapacidade laborativa temporária (incapacidade total ou parcial). Se não houvesse a proteção a este risco, o trabalhador ficaria à margem da sociedade, sem qualquer amparo. Pensando nisso, a previdência social ampara o trabalhador, garantindo, ao mesmo, proteção diante do risco social. No caso em questão, a necessidade de amparo surge a partir de uma incapacidade laborativa temporária. É considerado o primeiro benefício a ser instituído, podendo ser comum (doenças ou enfermidades) ou decorrer de acidentes de trabalhos ou não e está disposto no artigo 201, alínea i, da CRFB/88.74

Incumbe à empresa o pagamento do salário ao segurado empregado durante os primeiros 15 (quinze) dias consecutivos de afastamento da atividade por motivo de doença. Cabendo também a esta o exame médico e o abono de faltas através de serviço médico próprio ou por convênio dos primeiros 15 (quinze) dias de afastamento. Caso aconteça de o empregado, afastar-se de seu trabalho por motivo de doença durante um período menor do que 15 (quinze) dias e voltar a afastar-se novamente dentro do período de 60 (sessenta) dias, terá direito ao auxilio-doença a partir do dia que completar o período de 15 (quinze) dias iniciado anteriormente. O benefício só é devido ao segurado que afastar-se de seu trabalho por um período superior a 15 (quinze) dias consecutivos. Quando a incapacidade ultrapassar esse período o segurado será encaminhado para a perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Portanto, quanto ao segurado empregado, a empresa pagará os 15 (quinze) primeiro dias de afastamento e a previdência pagará o benefício a partir do 16º (décimo sexto) dia de afastamento. Pra todos os outros segurados, o benefício será pago da data de início da incapacidade.75

A incapacidade somente poderá ser comprovada por médico pertencente ao SUS (Sistema Único de Saúde). Nos casos comuns exige o período de carência de doze meses. Corresponde a 91% do salário-benefício a renda mensal concedida, não podendo ultrapassar o salário contribuição e nem ser inferior ao salário mínimo.

74MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de direito previdenciário, tomo II: previdência social. p. 695. 75EDUARDO, Ítalo Romano; EDUARDO, Jeane Tavares Aragão; TEIXEIRA, Amauri Santos. Curso de direito previdenciário, teoria, jurisprudência e mais de 900 questões. p. 347-348.

(38)

Se o beneficiário exercer mais de uma atividade será feito o cálculo proporcional ao período de 12 (doze) contribuições (corresponde ao período de carência).76

O beneficiário fica submetido ao processo de recuperação e tratamento médico sendo fiscalizado pela perícia médica, a qual deve comparecer periodicamente e esta avaliará seu estado de saúde e concluirá pela não recuperação para qualquer atividade (aposentará o segurado por invalidez), recuperado sem redução de sua capacidade laborativa (cessa o auxílio-doença), recuperação das lesões e resultando seqüelas (concessão de auxílio acidente) ou continuação do processo de recuperação, continuando assim o auxílio-doença.77

2.1.2 Auxílio-acidente

O auxílio-acidente é o benefício concedido ao segurado sendo de caráter vitalício resultante de algum acidente de trabalho ou acontecimento que resulte em seqüelas que diminuam sua capacidade laborativa.78

É um benefício destinado ao trabalhador que tem sua capacidade laboral reduzida. Não ocorre a incapacidade total, que daria direito então a outro benefício, a aposentadoria por invalidez. A recuperação da capacidade para o trabalho é parcial, sendo proveniente de acidente de qualquer natureza, gerando uma incapacidade relativa como seqüela do acidente sofrido. Antes da Lei n° 9.032/95, o auxílio-acidente era somente para acidentes de trabalho, após abrange os acidentes de qualquer natureza.79

De acordo com o artigo 86 da Lei n° 8.213 o acidente pode ser de qualquer natureza, portanto tem que ser interpretado na condição mais favorável ao

76MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de direito previdenciário, tomo II: previdência social. p. 697. 77TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. p. 125-126.

78MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de direito previdenciário, tomo II: previdência social. p. 763. 79GONÇALES, Odonel Urbano. Manual de direito previdenciário, Acidentes do trabalho. p. 24.

(39)

empregado. Isto deixa evidenciado que tanto faz se o segurado se acidenta no trabalho ou fora dele, nos dois casos, terá direito ao auxílio-acidente.80

O artigo 23 da Lei n° 8.213/91 estabelece que:

Considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro.

Não há carência para o recebimento deste benefício que começa a ser concedido ao dia seguinte da cessação do auxílio-doença. Corresponde a 50% (cinqüenta por cento) do salário recebido com o auxílio-doença.81

Conforme Hertz Jacinto Costa:82

Qualquer grau de incapacidade parcial e permanente enseja o ressarcimento acidentário de 50% do salário-benefício porquanto a letra da lei não estabelece distinções de graus. O pressuposto constante da lei é que após a consolidação das lesões decorrentes de acidentes de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.

É vedada sua cumulação com qualquer espécie de aposentadoria. Mas, o recebimento de salário ou concessão de outro benefício previdenciário, não prejudicará a continuidade do seu recebimento. Não é também permitido seu recebimento acumulado. Se durante o gozo de um auxílio-acidente tiver direito a um novo auxílio-acidente, decorrente de outro acidente, será comparada as rendas dos dois benefícios e será mantido o mais vantajoso ao beneficiário.83

São beneficiários os avulsos, empregados e segurados especiais conforme determinado no artigo 18, § 1°, da Lei n° 8.213/91.

80MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. p. 427. 81TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. p. 133.

82COSTA, Hertz Jacinto. Previdência social: estudos sobre o auxílio-acidente. Disponível em:

<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3971> Acesso em: 24 mar 2008.

83EDUARDO, Ítalo Romano; EDUARDO, Jeane Tavares Aragão; TEIXEIRA, Amauri Santos. Curso de direito previdenciário, teoria, jurisprudência e mais de 900 questões. p. 369-370.

(40)

2.1.3 Auxílio-reclusão

O auxílio-reclusão é o benefício devido aos dependentes do segurado preso, desde que este não receba auxílio-doença, aposentadoria, abono de permanência ou remuneração de empresa. Para o seu requerimento é necessária a certidão de recolhimento a para a sua manutenção, a apresentação de atestado trimestralmente de que o segurado continua preso, expedido pela autoridade competente.84

Não há carência para o seu recebimento e sua renda mensal será de cem por cento do valor do salário-benefício, ou seja, da aposentadoria por invalidez a que teria direito.85

A cassação do benefício se dará pelo óbito do segurado ou beneficiário, pela extinção da cota individual, pelo recebimento de aposentadoria pelo segurado, pela soltura do segurado, pelo fato de o dependente inválido tiver cessada a sua incapacidade e pela emancipação do dependente ou se este completar vinte um anos de idade, salvo se for inválido. Os casos de suspensão do benefício são:86

a) pelo recebimento de auxílio-doença pelo segurado; b) pela fuga do segurado;

c) pela falta de apresentação do atestado trimestral;

d) se o segurado deixar a prisão por livramento condicional ou progressão para o regime aberto.

84SOMARIVA, Maria Salute; DEMO, Roberto Luis Luchi. Benefícios previdenciários e seus regimes jurídicos. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8599>. Acesso em:

25 mar 2008.

85TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. p. 187.

86SOMARIVA, Maria Salute; DEMO, Roberto Luis Luchi. Benefícios previdenciários e seus regimes jurídicos.

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2.1.4 Aposentadoria por invalidez

Benefício concedido ao segurado considerado incapaz para a sua capacidade laborativa e impossibilitado de recuperação pra o exercício da atividade que exercia e que lhe garantia sua subsistência, pago enquanto decorrer essa situação.87

É uma prestação continuada, classificada em comum ou acidentária, paga aos segurados obrigatórios, facultativos e ao trabalhador rural mesmo que não tenha contribuído.88

Na classificação de Daniel Pulino89, com relação à invalidez:

[...] três tipos de benefícios previdenciários diferentes, que se destinam a proteger a invalidez: um relativo à aposentadoria por invalidez em sentido próprio, outro referente ao benefício por grande invalidez, e, finalmente aquele destinado a proteger a situação de necessidade social sentida pelo aposentado que, após recuperar a capacidade, encontrará, em certos casos, dificuldades em reintroduzir-se no mercado de trabalho (que denominaremos de benefício por recuperação da capacidade de trabalho).

A renda mensal do benefício é de cem por cento do salário-benefício e poderá ser acrescido de vinte e cinco por cento se o aposentado necessitar de outra pessoa para lhe assistir permanentemente em relação a doenças previstas no anexo 1 do Regulamento da Previdência Social. Esse benefício cessa com a morte do segurado e não é incorporado à pensão por morte.90

Dependerá da verificação da condição de incapacidade, a concessão da aposentadoria por invalidez. Será realizado exame médico-pericial a cargo da previdência social, podendo o segurado estar acompanhado de médico de sua confiança, ás suas expensas. No momento da perícia médica, a conclusão do médico deve ser favorável à existência de incapacidade total e definitiva para o

87IBRAHIM, Fábio Zambitte. Resumo de Direito Previdenciário. 6. ed. Rio de Janeiro: Impetus,

2006. p. 163.

88COSTA, Valéria de Fátima Izar Domingues da. A aposentadoria por invalidez. 89PULINO, Daniel. A aposentadoria por invalidez no direito positivo brasileiro. p. 35. 90TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. p. 134-135.

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trabalho, mas, nada impede que em momento futuro, o segurado volte a ter aptidão para o trabalho, circunstância esta, que fará com que o benefício seja cancelado, daí diga-se que este, é concedido sob condição resolutiva.91

O segurado ao lhe ser concedido este benefício não poderá exercer qualquer outra atividade remunerada, pois o evento determinante do benefício é sua incapacidade. Se exercer incorrerá sobre ele a cassação de sua aposentadoria por invalidez.92

2.1.5 Aposentadoria por idade

Benefício concedido com o objetivo de garantir a manutenção do segurado com idade avançada sendo um repouso pelos seus longos anos de cooperação com a previdência e com a sociedade.93

Tem como beneficiários o homem com 65 (sessenta e cinco) anos de idade e a mulher com 60 (sessenta) anos de idade, reduzindo em 05 (cinco anos) para os trabalhadores rurais e para aqueles que exercem atividades de economia familiar, incluindo o pescador artesanal, o produtor rural e o garimpeiro. A carência exigida para a concessão desse benefício é de 180 (cento e oitenta) contribuições mensais, carência esta sendo exigida para os segurados que se filiaram ao Regime Geral de Previdência Social após 24/07/1991, para os demais há uma regra de transição disposta no artigo 142 da Lei n° 8.213/91.94

91VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. p. 245. 92IBRAHIM, Fábio Zambitte. Resumo de Direito Previdenciário. p. 164. 93SOUZA, Lilian Castro de. Direito Previdenciário. p. 27.

Referências

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