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Academic year: 2021

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O cachorro

Autor(es):

Turguêniev, Ivan

Publicado por:

Crescente Branco: Associação Cultural e Recreativa

URL

persistente:

URI:http://hdl.handle.net/10316.2/35057

Accessed :

14-Jun-2021 17:56:56

(2)
(3)

IVAN TURGUÊNIEV escritor russo

O CACHORRO

Nós dois no quarto: meu cachorro e eu. Lá fora, a tempestade uiva, desenfreada,

assustadora.

O cachorro está sentado à minha frente – e me olha direto nos olhos.

Eu também olho para os olhos dele.

Parece que quer me dizer alguma coisa. É mudo, sem fala, nem entende a si mesmo – mas

eu o entendo.

Entendo que neste instante, nele e em mim, vive o mesmo sentimento e entre nós não

existe a menor diferença. Somos idênticos; em cada um, arde e brilha a mesma chama,

pequena e trêmula.

A morte virá voando, vai abanar sobre essa chama suas asas frias e largas...

(¿P

Depois, quem poderá distinguir que chama ardeu em cada um de nós?

Não! Não são um animal e um homem que se olham...

São dois pares de olhos idênticos, concentrados um no outro.

E em cada par de olhos, no animal e no homem, a mesma vida assustada tenta se agarrar

no outro.

(Do livro Senilia. Poemas em prosa [Senilia. Stikhatvoriénia v prosie])

tradução do russo de Rubens Figueiredo Brasil

(4)

PRIMA DELL’ALFABETO prima dell’alfabeto

scoprii l’intera lettera... la segreta, il mistero del messaggio amoroso. l’inconosciuto corpo della scritta parola

per il tempo indefeso assediai la fortezza della pagina, il là, il telaio sospeso...

prima della verità riconobbi la lettera

poi diventò alfabeto e l’alfabeto tempo

(de5RQGDGHL&RQYHUVL

DOPO

vidi l’alba dopo la battaglia sopra un sasso bruno

il chiarore snudava la valle ¿QGHQWURODFDVDEUXFLDWD né il singhiozzo del corpo sapeva se ancora nell’agone era...

il luccicore smarriva ogni via la presa del mondo di sé...

tutto era un’ondata sola tutto era dolore

(de5RQGDGHL&RQYHUVL)

È L’ERA MELMOSA è l’era melmosa della memoria

è l’era della ressa impietosa

è l’era del sangue ¿QRDJOLRFFKL che non mi tocchi il suo sguardo bianco!

La sua orribile mano Non mi tocchi!

(de7ULQLWjGHOO¶HVRGR)

MA I POPOLI ma i popoli rinfrancati verso quel nuovo evo avrebbero intero lo sguardo?

o da patimenti insanati o da fortezze vampanti un altro azzardo guerriero?

(de7ULQLWjGHOO¶HVRGR)

JOSÉ MANUEL DE VASCONCELOS WUDG

(5)

POEMAS DE

EUGENIO DE SIGNORIBUS

poeta italiano

ANTES DO ALFABETO

antes do alfabeto

descobri a inteira letra...

a secreta, o mistério

da mensagem amorosa,

o desconhecido corpo

da palavra escrita

para o tempo indefeso

assediei a fortaleza

da página, o ali

a moldura suspensa...

antes da verdade

reconheci a letra

que se tornou alfabeto

e o alfabeto tempo

DEPOIS

vi a manhã depois da batalha

em cima de uma pedra escura

a claridade desnudava o vale

mesmo dentro da casa queimada

nem o soluço do corpo sabia

se no lugar da peleja havia ainda...

a luz desvanecia todos os caminhos

a captura do mundo, de si mesmo...

tudo era um só vagalhão

tudo era dor

A ERA LODOSA

é a era lodosa

da memória

é a era da aglomeração

impiedosa

é a era do sangue

até aos olhos...

que não me toque

o seu olhar branco!

não me toque!

sua horrível mão!

MAS OS POVOS

mas os povos revigorados

para essa nova época

teriam inteiro o olhar?

ou de feridas não curadas

ou da fortidão febril

um outro risco guerreiro?

(6)

LA DONNA CHINA la donna china al torrente immerge il viso nell’acqua che non bagna

viso che vede distorto da una rete che stagna nell’occhio dolente...

cerca anche lì la sua colpa che forse non ha ma sente nel sé sottovivente

che venga a galla, almeno, che possa riconoscerla e darsi cosi un conforto

di penitente

(de7ULQLWjGHOO¶HVRGR)

ciascuno nella propria carne sente la prova che ha

e in quell’agone incontra il sé umiliato o estraneo

e cerca un tessuto vivente e spinge il sangue comune

malgrado il grido impotente che nel fondo si svela...

e lì possiamo sentire che sotto la spessa tela

c’è la speranza offerente nel turbato alfabeto

un suono occultato una sillaba ignota

(7)

A MULHER DEBRUÇADA

A mulher debruçada na torrente

mergulha na água o rosto

que não banha

rosto que lhe aparece torto

por uma rede que estagna

no olho dolente...

procura ali também a sua culpa

que talvez não tenha mas que sente

no seu eu subvivente

que venha à tona, ao menos,

que possa reconhecê-la

e ter assim um conforto

de penitente

cada um na sua carne

sente a prova que tem

e nesse combate encontra

o ego humilhado ou estranho

e busca um tecido vivente

e empurra o sangue comum

mau grado o grito impotente

que no fundo se revela...

e aí podemos sentir

que sob a espessura da tela

está a esperança oferente

no perturbado alfabeto

um sono ocultado

uma sílaba ignota

(8)

JOSÉ MANUEL DE VASCONCELOS WUDG

de LA TRISTESSE DU FIGUIER

Dis-moi,

&RPPHQWSDUOHUGHODWULVWHVVHG¶XQ¿JXLHU" Comment en parler avec justesse,

Sans jamais éveiller le moindre des soupçons Ou le moindre regret,

Sans réveiller l’oiseau

Ou le fruit qui mûrit encore au-dedans?

Comment en parler

Et que les choses ainsi dites soient exactement Ce qu’elles sont dans la réalité?

Ne serait pas plus sage que le poète se taise Et qu’il s’asseye dans l’ombre de l’arbre,

Ou mieux encore

Dans l’ombre de sa propre ombre?

«Le mystère des choses où est-il donc?» Fernando Pessoa

De quelque côté que je regarde, Il y a toujours une maison éclairée.

Et toutes sont grandes ouvertes,

Comme si elles attendaient quelque chose de moi,

Comme si moi, le pauvre,

Je pouvais encore quelque chose pour chacune [d’elles.

Mais que peut faire un homme simple Comme je le suis aujourd’hui sous la pluie,

Un homme comme tant d’autres,

Qui ne peut que regarder désespérément le doute Et la beauté terrible des choses?

(9)

POEMAS DE

YVES NAMUR

poeta belga

Diz-me,

&RPRIDODUGDWULVWH]DGHXPD¿JXHLUD" Como falar disso com justeza,

Sem nunca despertar a menor suspeita Ou a mais pequena mágoa,

Sem despertar o pássaro

Ou o fruto que dentro dela ainda amadurece? Como falar disso

Sendo as coisas assim ditas o que exactamente São na realidade?

Não seria mais sensato que o poeta se calasse E se sentasse à sombra da árvore,

Ou melhor ainda,

À sombra da sua própria sombra?

©2PLVWpULRGDVFRXVDVRQGHHVWiHOH"ª

Fernando Pessoa

De onde quer que eu olhe, Há sempre uma casa iluminada. E todas abertas de par em par,

Como se esperassem qualquer coisa de mim, Como se eu, o pobre,

Pudesse ainda qualquer coisa para cada uma [delas. Mas que pode fazer um homem simples Como eu hoje sou debaixo da chuva, Um homem como tantos outros,

Que não pode senão olhar desesperadamente [a dúvida E a beleza terrível das coisas?

(10)

Si être au milieu de nulle part,

C’est être entre deux morceaux de pomme ou de poire, Si c’est marcher dans de la poussière d’or, dans de l’encre de Chine

Ou sur une montagne de silence,

Si c’est ouvrir des portes déjà ouvertes, Si c’est manger dans la main d’une rose

Ou respirer du tabac qu’on ne fabrique plus ici depuis des lustres,

Si c’est ça être au milieu de nulle part,

Alors oui,

Je veux bien être perdu au beau milieu de nulle part.

      3RXU,VUDsO(OLUD]

Sur l’appui de fenêtre,

Un doigt passe lentement dans la poussière.

Et c’est un peu comme une blessure ancienne Qui s’ouvre à nouveau,

Comme un coeur déplié,

Comme un voile ou le ciel du dehors qui se déchire En deux parties égales.

Mais pour peu que tu y prennes attention,

C’est une parole de poète qu’il te será donné de voir Là-dedans,

Oui,

$SSUHQGVjYRLUOHVFKRVHVDEVHQWHV,

(11)

Se estar ao meio de lugar nenhum,

É estar entre dois pedaços de maçã ou de pêra, Se é caminhar na poeira dourada, na tinta da China

Ou numa montanha de silêncio, Se é abrir portas já abertas, Se é comer na mão de uma rosa

Ou respirar tabaco que já não se fabrica aqui há lustres,

Se é isso estar no meio de lugar nenhum, Então sim,

Quero estar perdido no meio mesmo de lugar nenhum.

      3DUD,VUDsO(OLUD]

No peitoril da janela,

Um dedo passa lentamente sobre o pó E é um pouco como uma ferida antiga Que se abre de novo,

Como um coração desdobrado,

Como um véu ou o céu exterior que se rasga Em duas partes iguais.

Mas por pouco que prestes atenção a isso, É uma palavra de poeta o que te será dado ver Lá dentro,

Sim,

$SUHQGHDYHUDVFRLVDVDXVHQWHV

(12)

Je veux désormais

Rester dans l’attente de la poussière,

De la même manière qu’on attend un petit miracle, Un visiteur improbable ou tout simplement de la pluie,

J’attends la poussière.

Mon poème, je te le dis, pourrait bien commencer de la sorte, Car parfois on ne sait pas vraiment pourquoi on écrit ça ou ça

Mais on l’écrit malgré tout,

Malgré le merle,

Malgré la pluie qui tombe maintenant dans la maison, Malgré moi et malgré les hommes qui ne comprendront jamais rien

Aux attentes insensées des poètes.

Ah! mon amie,

C’est toi aussi qui écrivais

J’habite un jour dont je ne suis pas maître.*

Moi aussi il m’arrive de penser

Que je ne suis décidément maître de rien:

Pas plus maître de mes mains

Que du temps qui passe dans cette maison de misère,

Pas plus maître de mon destin

Que de cette eau qui coule sous les ponts Et dans mes histoires sans queue ni tête,

Pas plus maître de moi

Que de ce poème où je n’ai décidément pas rendez-vous, Ni avec l’amour ni avec la rime.

      $YHF-HDQ&ODXGH3LURWWH

(13)

Agora quero

Ficar à espera da poeira,

Do mesmo modo que se espera um pequeno milagre, Um visitante improvável ou simplesmente a chuva, Eu espero a poeira.

O meu poema, garanto-te, poderia bem começar assim, Mas escreve-se, apesar de tudo,

Apesar do melro,

Apesar da chuva que agora cai na casa,

Apesar de mim e apesar dos homens que não compreenderão [nunca nada Das insensatas previsões dos poetas.

Ah! minha amiga,

Foste também tu que escreveste

habito um dia de que não sou dono.

Também a mim me acontece pensar Que não sou decididamente dono de nada: Sou tão dono das minhas mãos

Como do tempo que passa nesta casa de miséria, Sou tão dono do meu destino

Como desta água que corre sob as pontes E nas minhas histórias sem pés nem cabeça, Sou tão dono de mim

Como deste poema em que decididamente não marquei encontro, Nem com o amor nem com a rima.

(Com Jean-Claude Pirotte)

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